Peruzzi
Entre 1300 e 1345, as casas mercantis e bancárias mais poderosas de Florença eram os Bardi, os Peruzzi e os Acciaiuoli. Em 1336, os Peruzzi — os segundos maiores entre esses “pilares da Cristandade” — tinham 15 filiais na Europa Ocidental, no Norte da África e no Levante. Os registros contábeis dos Peruzzi situam-se entre a escrituração de partida simples e a de partida dobrada. Incluíam vários diários mantidos de forma independente e mal integrados. Cada lançamento no livro-razão era referenciado, mas os dois lados de cada conta ainda não eram colocados lado a lado. Em vez disso, os débitos eram lançados na parte da frente do livro e os créditos na parte de trás. Embora fossem usadas contas de receitas e despesas, nenhuma verificação aritmética de igualdade era tentada, e os lucros eram determinados não pelo fechamento do livro, mas pelo inventário dos ativos e a dedução desses em relação ao total de passivos e capital.
— Michael Chatfield para The History of Accounting
Existiram muitos Peruzzi, mas a firma com o nome, gerenciada por meia dúzia de membros da família, é que merece nossa atenção. A dimensão dos negócios, com base em Florença, permite estimar que era o segundo maior banco da Europa, com quinze filiais, do Oriente Médio até Londres, todas capitalizadas com mais de 100 mil florins de ouro e operadas por aproximadamente 100 agentes comerciais.
A origem do capital dos Peruzzi era o setor têxtil: lã inglesa, transformada em tecido de alta qualidade em Bruges, era comprada por agentes dos Peruzzi e distribuída às luxuosas cortes de Paris, Avignon ou enviada de volta a Londres. As conexões dos Peruzzi exigia agentes e instrumentos de crédito, o que expandiu os negócios e estabeleceu uma rede internacional. E a casa Peruzzi estava no início do desenvolvimento das partidas dobradas.
No início do século XIV, a principal atividade dos Peruzzi havia se deslocado para o comércio atacadista de mercadorias em larga escala para a atividade bancária, área pela qual são mais lembrados: papas, nobres, burgueses, cidades e abadias recorriam a empréstimos concedidos pelos Peruzzi. No entanto, grandes clientes também implicavam grandes riscos. Em 1343, o consórcio Peruzzi entrou em colapso e foi à falência em 1345, junto com seus parceiros de capital de risco, os Bardi. Já comentamos isso aqui.
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