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31 maio 2020

Yesterday

O filme Yesterday, de 2019, é bem interessante. Narra um músico que se descobre em um mundo que não conhece a música dos Beatles. O filme fez uma boa bilheteria, obtendo 153 milhões de dólares. Sendo um filme com um custo de produção reduzido, estimou-se um lucro de 45 milhões.

Mas as informações do estúdio indicam que o filme teve um prejuízo de 88 milhões. E neste caso, o estúdio carrega nas despesas e subestima as receitas, conforme informa o site Deadline.

(Este site lembra um caso similar, do filme Harry Potter e a Ordem de Fênix, que teve uma bilheteria de 942 milhões e gerou um prejuízo de 167 milhões).

A partir dos números divulgados, o site Deadline faz as seguintes contas:

Prejuízo Líquido apurado = 87,7 milhões
Despesa de distribuição a mais = 22,89 milhões
Crédito fiscal não reconhecido = 15,3 milhões
Receita de vídeo futura = 8 milhões
Receita de Televisão ainda não reconhecida = 68 milhões
Novo Resultado = 26,49 milhões 

Bem diferente do mundo contábil da Universal

30 maio 2020

Menos pesquisas

O gráfico mostra que o número de pesquisas com mulheres que foram submetidas diminuiu com a pandemia. Culpa da jornada de trabalho em casa?

Custo e SpaceX

A SpaceX é um caso muito interessante como é possível, através da análise dos processos e do estudo profundo do know how reduzir os custos de um produto ou empresa. Enquanto um voo de um ônibus espacial custou 1,6 bilhão de US$, a SpaceX deve sair por US$ 55 milhões. Isto é bem abaixo do que atualmente a Nasa paga aos russos para mandar um tripulante ao espaço: US$85 milhões.

Sobre isto, novamente recomendamos a leitura desta postagem.

Boas informações

A pandemia tem ensinado (ou deveria estar ensinando) o valor da boa informação.John Kay resume isto da seguinte forma:

The value of models in these areas is as a means of organising thought, not of making predictions. And quantitative models are only as good as the information that is fed into them. The greatest scandal of this epidemic is the delay in undertaking widespread testing. Even though the random testing now being undertaken sounds wasteful it would have yielded invaluable data if it had commenced much earlier. The cost of obtaining good economic and epidemiological information is trivial relative to the costs of bad policy made in its absence.

É o velho adágio: "lixo entra, lixo sai". Ou, conforme Dilbert:
Até hoje não sabemos, no Brasil (e talvez na Inglaterra de Kay) qual o resultado de uma testagem aleatória. Desde março o biológo Fernando Reinach chama a atenção para necessidade de testar, testar e testar. 

Rir é o melhor remédio

Matemática como uma criança // Matemática como adulto

29 maio 2020

Danske: EY não teve culpa


Em 2018, o Danske Bank reconheceu que sua filial da Estônia estava lavando dinheiro de criminosos. O banco dinamarquês chegou a ganhar um prêmio internacional de corrupção. A empresa de auditoria responsável foi acusada de falhar na sua função e o banco convidado a sair da Estônia.

A Reuters informa que o promotor da Dinamarca considerou que a EY não falhou no seu trabalho e que não haveria uma suspeita de que algum crime foi cometido pela Big Four. Mas isto não livra o Danske.

Kylie Jenner e algumas mentiras e verdades da sua fortuna

Já comentamos - até demais - sobre a caçula das Kardashians, Kylie Jenner. No final do ano passado, a empresa Coty comprou sua marca de beleza. A revista Forbes declarou Jenner uma bilionária. Agora, a mesma Forbes refaz seus números e diz que Jenner não é bilionária. O texto está reproduzido a seguir é vale a pena a leitura. Mostra como um contador ajudou Jenner enganar a Forbes sobre seu faturamento, indica como as receitas estimadas estavam superestimadas, como ela tentou forçar a entrada no clube dos bilionários (e a razão para isto), entre outros aspectos.

Por dentro da rede de mentiras de Kylie Jenner e por que ela não é mais uma bilionária
Madeline Berg - 29 de maio de 2020 Listas, Principal

Depois de mais de uma década de fama, as Kardashian-Jenners tendem a induzir reviravoltas e suspiros entre os consumidores cansados ​​da mídia. Mas, quando se trata de sua riqueza, até os críticos da primeira-família dos reality shows ficam intrigados; a máquina Kardashian-Jenner –e o dinheiro que ela gera– foram objeto de artigos, podcasts e até livros. Mas ninguém se importa mais com o assunto do que a própria família, que passou anos lutando com a Forbes por posições mais altas em nossas listas anuais de riqueza e celebridades.
Então, quando a caçula do clã, Kylie Jenner, vendeu 51% da Kylie Cosmetics para a gigante de beleza Coty, em um acordo avaliado em US$ 1,2 bilhão em janeiro, foi um momento decisivo. Uma das maiores vendas de celebridades de todos os tempos, a transação parecia confirmar o que Kylie vinha dizendo o tempo todo e o que a Forbes havia declarado em março de 2019: que Kylie Jenner era, de fato, uma bilionária –pelo menos antes do coronavírus.

“Kylie é um ícone dos dias de hoje, com um incrível senso do consumidor de beleza”, disse Peter Harf, presidente da Coty, ao anunciar a aquisição em novembro.

Mas nas letras miúdas do acordo, surgiu uma verdade menos lisonjeira. Os registros divulgados pela Coty, de capital aberto, nos últimos seis meses revelam um dos segredos mais bem guardados da família: os negócios de Kylie são significativamente menores e menos lucrativos do que os Kardashian-Jenners passaram anos fazendo a indústria de cosméticos e os meios de comunicação, incluindo a Forbes, acreditar.
 É claro que mentiras brancas, omissões e invenções são esperadas da família que aperfeiçoou –e depois monetizou– o conceito de “ser famoso por ser famoso”. Mas, semelhante à obsessão de décadas de Donald Trump com seu patrimônio líquido, as distâncias incomuns que os Jenners estavam dispostos a percorrer –incluindo convidar a Forbes para suas mansões e escritórios da CPA e até criar declarações de impostos que provavelmente foram falsificadas– revelam apenas como alguns dos ultra-ricos estão desesperados para parecer ainda mais ricos.

“É justo dizer que tudo o que a família Kardashian-Jenner faz é superdimensionado”, diz Stephanie Wissink, analista de ações que cobre produtos de consumo na Jefferies. “Para permanecer em alta, precisa parecer maior do que é.”

Com base nessas novas informações –mais o impacto da Covid-19 na indústria de beleza e nos gastos dos consumidores–, a Forbes agora avalia que Kylie Jenner, mesmo depois de embolsar cerca de US$ 340 milhões após impostos da venda, não é bilionária.

Construção

Como em outros empreendimentos dos Kardashian, os negócios de Kylie começaram como uma forma de lucrar com um pequeno escândalo. Caçula da família, ela passou mais de um ano negando as especulações de tabloides de que estava usando injeções de preenchimento labial antes de finalmente confessar que fazia isso, em maio de 2015. Longe de ficar envergonhada por ter sido pega em uma mentira, ela –e sua mãe astuta, Kris– aproveitou o fato como uma oportunidade de marketing.

Com US$ 250 mil de seus ganhos como modelo, patrocínios e aparições em “Keeping Up With The Kardashians”, Kylie lançou seu primeiro lote de 15 mil kits labiais, com delineador e batom, em novembro de 2015. Graças ao marketing inteligente do Instagram, os kits de US$ 29 se esgotaram em menos de um minuto. “Antes mesmo de atualizar a página, tudo estava esgotado”, disse ela mais tarde à Forbes.

Até o final de 2016, Kylie tinha dezenas de novos produtos e a reputação de uma nova concorrente na indústria de cosméticos. Alguns meses depois que sua irmã Kim Kardashian West conseguiu ser capa da Forbes, em julho de 2016, os publicitários de Kylie começaram uma campanha para “conseguir uma capa da Forbes para Kylie”. A receita foi de US$ 400 milhões nos primeiros 18 meses da empresa, disseram eles, com uma devolução pessoal de US$ 250 milhões para Kylie. Pressionados para mostrar provas, eles abriram seus livros. Durante as reuniões no palácio de Kris Jenner, em Hidden Hills, na Califórnia, e no escritório do contador da família nas proximidades, a Forbes recebeu declarações fiscais detalhando US$ 307 milhões em 2016 em faturamento e receitas pessoais de mais de US$ 110 milhões para Kylie naquele ano. Teria sido suficiente para colocá-la no número dois da lista Celebrity 100, atrás de Taylor Swift, o contador foi rápido em apontar. Mas os documentos, apesar de parecerem autênticos e com a assinatura de Kylie Jenner, não eram exatamente convincentes já que a história que eles contaram, da marca de comércio eletrônico Kylie Cosmetics crescendo do nada para US$ 300 milhões em vendas em um único ano, era difícil de acreditar.

Depois de conversar com um punhado de analistas e especialistas do setor que também consideraram as reivindicações de Jenners implausíveis, estabelecemos uma estimativa mais razoável para a nossa lista Celebrity 100 de 2017: US$ 41 milhões em ganhos totais para Kylie, o que a colocou no número 59. Kris havia ficado “tão frustrada”, rebateu o relações-públicas dos Jenners. “Nós fizemos tanto”.
Dois meses depois, apareceu uma reportagem na “WWD”, uma publicação comercial conhecida como “a bíblia da moda”, usando os números exatos que os Jenners haviam tentado passar à Forbes. “Tem havido especulações sobre o tamanho de seus negócios, com estimativas entre US$ 50 milhões e US$ 300 milhões”, diz a história. “Bem, aqui estão as más notícias para os players de beleza mais estabelecidos: Jenner superou os números altos com facilidade. Na verdade, a Kylie Cosmetics faturou US$ 420 milhões em vendas no varejo –em apenas 18 meses– revelou Kris Jenner.” Foi a primeira vez que os Jenners divulgaram publicamente o tamanho do negócio, a história se vangloriava –“e eles forneceram à ‘WWD’ documentação.”

Esse número altíssimo de receita –repetido em todos os lugares, de “People” à CNBC e “Fortune”– se estabeleceu. No verão de 2018, quando a Forbes decidiu calcular o patrimônio líquido de Kylie para a lista das mulheres mais ricas, a opinião do setor sobre os negócios de Kylie havia mudado. Os faturamentos eram “totalmente possíveis”, disse uma analista, acrescentando que ela mesma ouvira números semelhantes. Outra receita sugerida foi de cerca de US$ 350 milhões. As estimativas continuaram subindo. O faturamento foi de US$ 400 milhões, de acordo com uma nota de pesquisa da Piper Jaffray, em 2018. Um relatório da Oppenheimer projetou que as vendas atingiriam US$ 700 milhões até 2020.

Os Jenners nos ofereceram seu próprio número: as receitas de 2017 aumentaram 7%, disseram eles, para US$ 330 milhões. “Nenhum outro influenciador chegou ao volume ou teve os fãs devotos e a consistência que Kylie teve nos últimos dois anos e meio”, disse à Forbes um executivo da plataforma de comércio eletrônico Shopify, que gerencia a loja online de Kylie. Com base em seu rápido sucesso –certificado por fontes do setor mais as declarações fiscais de 2016– Kylie apareceu na capa da revista Forbes em julho de 2018, ocupando o 27º lugar em nossa lista das mulheres mais ricas e self-made. Aos 20 anos, ela valia US$ 900 milhões, estimamos, e logo se tornaria a pessoa bilionária mais jovem de todos os tempos.

“Obrigada por este artigo e pelo reconhecimento”, Kylie postou no Instagram. Kim Kardashian West tuitou seus parabéns duas vezes. “Estou tão orgulhosa”, escreveu Kris Jenner, finalmente satisfeita.

No mês seguinte, Kylie comemorou seu aniversário de 21 anos na boate Delilah, em West Hollywood, em uma festa temática da Barbie, com uma pista de baile rosa, apresentações de Travis Scott e Dave Chappelle –e garçons em camisetas pretas com a capa de Kylie na Forbes impressa nelas, o rosto dela ao lado das palavras “as mulheres bilionárias da América”. No início do ano seguinte, ela ultrapassou oficialmente o limite de dez dígitos.

Bilionária?

Quaisquer dúvidas de que Kylie não era bilionária foram aparentemente apagadas em novembro de 2019, quando a Coty anunciou que estava comprando 51% da Kylie Cosmetics por US$ 600 milhões, avaliando efetivamente o negócio em cerca de US$ 1,2 bilhão. O acordo deu à Coty, patinante empresa de 116 anos, uma marca moderna e experiente em mídia social para ajudar a mudar seu balanço. Isso deu a Kylie uma grande chance de expansão, além de um cofre cheio de dinheiro e uma prova aparentemente clara de seu status bilionário.

Em uma ligação com analistas de ações, o diretor financeiro da Coty proclamou o acordo como “uma equação financeira atraente” que ajudaria a “tornar a Coty um player de beleza moderno, crescente e rentável”. Os analistas ficaram imediatamente céticos. Parecia que Coty estava pagando demais por uma marca de celebridade que poderia ser apenas uma moda passageira, cobrou um deles. Outro perguntou como a Coty poderia ter certeza de que Kylie permaneceria comprometida em promover o negócio nos próximos anos.

Depois, havia os dados financeiros de Kylie. Receitas ao longo de um período de 12 meses anterior ao acordo: US$ 177 milhões de acordo com a apresentação da Coty –muito abaixo das estimativas publicadas na época. Mais problemático, a Coty disse que as vendas aumentaram 40% em relação a 2018, o que significa que os negócios geraram apenas US$ 125 milhões naquele ano, nem perto dos US$ 360 milhões que os Jenners levaram a Forbes a acreditar. A linha de cuidados com a pele de Kylie, lançada em maio de 2019, faturou US$ 100 milhões em seu primeiro mês e meio, disseram os representantes de Kylie. Os registros mostram que a linha estava realmente “no caminho certo” para terminar o ano com apenas US$ 25 milhões em vendas.

“Acho que todo mundo ficou surpreso”, diz Wissink, analista da Jefferies, que estava na chamada. “O ponto negativo desse anúncio foi que o negócio era muito menor do que todo mundo esperava.”

Na verdade, é tão menor que praticamente não há como os números que os Jenners estavam vendendo nos anos anteriores serem verdadeiros. Se a Kylie Cosmetics faturou US$ 125 milhões em vendas em 2018, como poderia ter faturado US$ 307 milhões em 2016 (como a suposta declaração de imposto de renda da empresa) ou US$ 330 milhões em 2017?

Uma explicação: os negócios de Kylie diminuíram silenciosamente mais da metade em um único ano. Nesse caso, a Coty pagou por uma marca de “alto crescimento”, que na verdade é um negócio muito menor do que era há alguns anos atrás. (A Coty não respondeu a nenhuma pergunta sobre a Kylie Cosmetics para esta matéria.) Dados da empresa de comércio eletrônico Rakuten, que rastreia um número selecionado de receitas, sugerem que houve um declínio de 62% nas vendas online da Kylie entre 2016 e 2018.
Ainda assim, praticamente todos os especialistas do setor consultados pela Forbes acham que o negócio não poderia ter entrado em colapso tão rapidamente. “Parece improvável que tanta receita tenha evaporado da noite para o dia”, diz Omar Saad, analista da Evercore. “Parece não haver nenhuma evidência de que a empresa tenha derrocado”, acrescenta o veterano de cosméticos Jeffrey Ten, que liderou empresas como Note Cosmetics, Nyx e Calvin Klein Beauty. “Se sim, por que a Coty compraria?”

Mais provável: o negócio nunca foi tão grande assim, e os Jenners mentem sobre isso desde 2016 –incluindo ter seu contador redigindo declarações fiscais com números falsos– para ajudar a calcular as estimativas da Forbes sobre os ganhos e o patrimônio líquido de Kylie. Embora não possamos provar que esses documentos sejam falsos (embora seja provável), está claro que o clã de Kylie está mentindo.

Há também a questão do lucro. A Forbes estava estimando que seus negócios, que têm poucas despesas operacionais, apresentavam margens líquidas de 44%. Mas os registros de Coty indicam que os lucros de Kylie provavelmente são mais baixos do que imaginávamos, já que sua margem Ebitda –que afeta algumas, mas não todas, suas despesas– é de apenas 25%.

Durante anos, os Jenners insistiram em que todos esses lucros iam diretamente para Kylie porque ela era dona do negócio. Mas o contrato de compra da Coty lista especificamente o “KMJ 2018 Irrevocable Trust”, fundo controlado por Kristen M. Jenner, como proprietária de uma participação nos lucros da Kylie Cosmetics. Após a venda, o documento diz que a o fundo obteria um capital ou propriedade da empresa. Os Jenners disseram inicialmente à Forbes que a empresa confia no dinheiro que Kylie Jenner ganhou antes de completar 18 anos e que Kylie é sua beneficiária. Mas o fundo parece ter sido criado bem depois que Kylie completou 18 anos, e os Jenners se recusaram a oferecer qualquer prova para apoiar suas reivindicações. Dada a falta de clareza –e a história das mentiras–, estamos sendo precavidos e assumindo que o fundo pertence a Kris Jenner. Isso significa que Kylie Jenner é dona de 44,1% da Kylie Cosmetics, em vez de 49%.
“É preciso lembrar que eles estão no ramo de entretenimento”, diz Ten. “Tudo no entretenimento precisa ser exagerado para chamar a atenção.”

Conclusão

Levando em conta todas essas novas informações e considerando a pandemia, a Forbes recalculou o patrimônio líquido de Kylie e concluiu que ela não é bilionária. Uma contabilidade mais realista de sua fortuna pessoal estima pouco menos de US$ 900 milhões, apesar das manchetes em torno do acordo da Coty que pareciam confirmar seu status de bilionária. Mais de um terço disso são os estimados US$ 340 milhões em dinheiro pós-imposto que ela teria embolsado ao vender a maioria de sua empresa. O restante é composto de ganhos revisados ​​com base no tamanho menor de sua companhia e em uma estimativa mais conservadora de sua lucratividade, mais o valor de sua participação restante na Kylie Cosmetics –que não é apenas menor do que a Jenners nos levou a acreditar, mas também vale menos agora do que era quando o acordo foi anunciado em novembro, dados os efeitos econômicos do coronavírus.

O preço das ações da Coty caiu mais de 60% desde que o negócio foi fechado, e até concorrentes de melhor desempenho como Ulta Beauty e Estee Lauder ainda estão com um dígito. Acrescente isso ao fato de que Wall Street tende a pensar que Coty pagou demais, e não há maneira de calcular realisticamente o patrimônio líquido de Kylie acima de um bilhão –apesar de seu enorme ganho.

Como sempre, pedimos aos Jenners informações em cima dos nossos números. Mas, pressionada por respostas sobre as muitas discrepâncias, a família normalmente faladora fez algo fora do normal: eles pararam de responder às nossas perguntas.

Rir é o melhor remédio


28 maio 2020

Leasing e alteração da IFRS 16

O Iasb resolveu modificar a norma sobre leasing. A pandemia fez com que alguns contratos de arrendamento fossem alterados. Em muitos casos, o arrendador liberou o arrendatário de pagamentos. Em muitas situações, esta redução na entrada do caixa ocorreu por pressão da sociedade, do governo ou por um estudo da empresa sobre os problemas de continuidade do arrendatário. 

Esta atitude poderia ter consequências contábeis à luz da IFRS 16. Há um mês, o Iasb fez uma minuta de proposta de emenda determinando uma flexibilização na contabilização dos contratos de arrendamento em razão da pandemia. O tempo para comentários foi reduzido, dado a urgência do assunto. No dia 15 de maio os comentários foram encerrados.

Inicialmente a principal alteração irá ocorrer para os contratos que originalmente encerrariam em 2020. Mas na nova versão, o Iasb estendeu o prazo para junho de 2021, o que inclui os contratos com mais de 12 meses. 

Aqui o link para página da Fundação. 




A pandemia do COVID-19 levou alguns arrendadores a prestar socorro aos arrendatários, diferindo ou liberando-os de valores que, de outra forma, seriam pagáveis. Em alguns casos, isso ocorre por meio de negociação entre as partes, mas pode ser uma conseqüência de um governo encorajar ou exigir que o alívio seja prestado. Tal alívio está ocorrendo em muitas jurisdições nas quais as entidades que aplicam as IFRSs operam.

Quando houver uma alteração nos pagamentos de arrendamento mercantil, as conseqüências contábeis dependerão de que essa mudança atenda à definição de modificação do arrendamento mercantil, que a IFRS 16 Locações define como “uma mudança no escopo de um arrendamento mercantil, ou a contraprestação de um arrendamento mercantil, que não fazia parte dos termos e condições originais do arrendamento mercantil (por exemplo, adicionando ou rescindindo o direito de usar um ou mais ativos subjacentes ou estendendo ou reduzindo o prazo contratual do arrendamento mercantil) ”.

Em 24 de abril de 2020 , o Conselho publicou um rascunho de exposição com uma proposta de emenda destinada a fornecer alívio prático aos arrendatários na contabilização de concessões de aluguel decorrentes de uma pandemia do COVID-19. Dada a urgência do assunto, o rascunho da exposição foi publicado com um período de comentários de 14 dias. Em 15 de maio de 2020 , a Diretoria considerou o feedback recebido e decidiu finalizar a alteração com algumas alterações.


Avião é seguro?

As companhias aéreas estão com grandes problemas. Mesmo após a reabertura, ninguém vai querer voar (...)

Mas os voos das companhias aéreas são perigosos? Enquanto eu lia a literatura que se espalhava, não vi nenhum caso de voo de uma companhia aérea sendo acusado de espalhar o vírus. Isso é notável. De janeiro a março, pessoas estavam voando por todo o mundo. As pessoas estavam voando de Wuhan para todo o mundo. Mas enquanto assistimos a eventos espalhando o vírus em restaurantes, bares, navios de cruzeiro, porta-aviões, asilos, prisões, festas na praia, carnaval, coral e muito mais, não vi nenhum em um voo de avião. Mesmo que as pessoas fiquem presas por horas em locais fechados. Pode-se especular o porquê. Na verdade, os aviões têm sistemas de ventilação muito bons e filtros HEPA de nível hospitalar. Exceto pelo ocasional companheiro de conversa com vídeos de gatos, as pessoas geralmente ficam completamente em silêncio. E falar alto parece ser uma grande parte da disseminação do vírus.

Realmente é um bom ponto de vista. Mas uma festa ou um asilo é possível rastrear sua origem, pois as pessoas são conhecidas. Um cruzeiro ou uma prisão faz com que as pessoas fiquem no local um tempo suficiente para manifestação do vírus. Uma pessoa viajando hoje, que pegou a doença, somente duas semanas depois terá a manifestação dos sintomas.

Carrefour e o alvará de funcionamento

A cidade de São Paulo abriu um processo administrativo contra a unidade de atacarejo do Carrefour Brasil por um suposto esquema de corrupção, segundo uma publicação no Diário Oficial da cidade de hoje (28), em um processo que pode levar a uma multa de até 20% do faturamento bruto do grupo em 2019. O caso está relacionado a uma denúncia do Ministério Público do Estado de São Paulo, que revelou pagamentos somando cerca de R$ 1,5 milhão a fiscais da prefeitura para operar a sede administrativa do Atacadão e uma loja contígua da bandeira em São Paulo sem alvará de funcionamento. (Fonte: Aqui)

No passado, o grupo WalMart também esteve envolvido, nos Estados Unidos, em situação parecida. O dinheiro era para conseguir a autorização para abrir lojas de maneira mais rápida. O foco era o México e os Estados Unidos, mas chegou a ser comentado de dinheiro envolvendo a abertura de loja em Brasília. 

Empregos no setor contábil e o "novo" Caged

Ontem o governo federal disponibilizou os dados de abril de emprego formal no país, segundo o Novo Caged. O leitor do blog deve lembrar que todo mês fazíamos uma análise do setor contábil, indicando a evolução ou não do emprego, da remuneração, dos admitidos e demitidos. Era uma análise bastante rica.

Desde janeiro, o governo federal descontinuou o acesso a base do Caged, conforme destacamos aqui. A ideia era juntar todas as informações fornecidas ao governo em uma única base de dados, a partir do eSocial. Entretanto, o resultado disto é que não podemos mais obter (e tratar) as informações disponibilizadas por três motivos. Em primeiro lugar, a migração não foi completa, deixando de lado algumas entidades. Destaco, em especial, as informações do próprio governo; é irônico, pois o governo cria a necessidade de fornecer as informações, mas ele mesmo ainda não está obrigado a fazê-lo. Este problema é grave pois a área pública é grande contratante e o aspecto comparativo seria um problema. Provavelmente os resultados ficariam enviesados. Em segundo lugar, o acesso, que era feito através do banco de dados, não está mais disponível. Ou seja, temos que contentar com as tabelas prontas feitas pelo Ministério da Economia e ponto final. Os dados que usamos no blog eram retirados de um tabela que o próprio blog informava o que desejava. Finalmente, ocorreu uma mudança na classificação usava, segundo a informação do próprio governo. Os dados que coletávamos eram provenientes da Classificação Brasileira de Ocupações. Isto permitia a segregação que fazíamos. Isto mudou.

Por tudo isto, resta esperar os desdobramentos futuros. Enquanto isto, ficamos sem entender o que se passa no mercado de trabalho da área contábil.

27 maio 2020

Rir é o melhor remédio


Pesquisa científica sobre o Covid-19

No domingo encerrou o prazo para submissão de um breve artigo para o Congresso da USP de 2020. O prazo para submissão dos artigos regulares já tinha terminado, mas a organização do congresso resolveu abrir um prazo adicional para submissão, desde que o tema fosse Covid-19 e, naturalmente, a contabilidade.

Creio que diversos pesquisadores submeteram suas pesquisas. E o pequeno círculo com quem conversei, parece que vários deles reclamaram do número de caracteres, reduzido demais para a pesquisa que estava sendo feita.

O interesse pela pesquisa sobre o Covid é comum a toda ciência. Nós postamos aqui que o NBER está publicando muita pesquisa sobre o assunto, um mês depois do Covid ser considerado uma pandemia. E note que esta entidade preocupa com a pesquisa econômica.

Um texto do Nada es Grátis mostra que o efeito contágio do Covid na pesquisa. Usando dados do Scholar, mais de 50 mil artigos sobre o tema foram publicados este ano. Uma base mais restrita, o Web of Science, tem 12 mil artigos. O volume de artigos cresce 21,7% por semana. Ou, a cada 25 dias, o número de artigos é multiplicado por dois.

Boa parte dos artigos possuem como procedência os países que são produtores de ciência nos dias atuais. Mas há um claro destaque para os países que sofreram "na pele" o efeito da doença. No caso dos artigos do Web of Science, a ordem procedência é: Estados Unidos, China, Inglaterra, Itália, Índia, Canadá, Alemanha, Austrália, Irã e Suíça.

Apesar do tema ser tipicamente de saúde, muitas áreas estão pesquisado sobre o assunto. Depois da tecnologia e ciências da vida, as ciências sociais possuem o maior número de pesquisas publicadas. Certamente há controvérsias se ainda é possível publicar boas pesquisas sobre o tema: a amostra certamente é enviesada e os dados ficam defasados rapidamente são duas das dificuldades. Mesmo assim é impressionante saber que 2 mil artigos já foram depositados no SSRN e já temos um periódico sobre o Covid e a Economia.

Este esforço traz dois problemas. O primeiro é a dificuldade de separar os avanços de uma pesquisa das demais. Ninguém consegue ler tanto artigo sobre o tema. E provavelmente muitos deles podem ser "esquecidos", quando representam um avanço, em detrimento de outros, que não seriam pesquisas sérias. Uso de inteligência artificial pode ajudar aqui, mas não resolve o problema.

O segundo aspecto é o custo de oportunidade. O foco da ciência agora é o Covid. Outras frentes de pesquisas relevantes, com malária e câncer, perderam seu status. O Nada es Grátis mostra que o número de publicações no Web of Science sobre malária diminuiu 36%, embora o número de mortos anuais desta doença seja de 405 mil (versus 300 mil do Covid. Ok, esta comparação é inadequada, mas destaca o argumento que não é possível deixar de lado a pesquisa sobre malária). A pesquisa sobre câncer caiu 21%.

Apetite ao risco

O COSO publicou orientações sobre o "apetite ao risco" e como este assunto deve ser considerado no processo de tomada de decisão. Segundo o COSO, o apetite ao risco não é separado de outras atividades da organização, sendo diferente de tolerância ao risco. Este conceito pode ser aplicado a qualquer tipo de entidade, em especial o setor financeiro (bancos, por exemplo).

O documento pode ser encontrado aqui (via aqui)

Caso de Sucesso: Mongólia

Vários países tiveram respostas sólidas à pandemia do Covid-19: Taiwan, Coreia do Sul, Nova Zelândia e Hong Kong. Mas Indi Samarajiva acha que deveríamos prestar muito mais atenção à Mongólia , um país de 3,17 milhões de pessoas onde ninguém morreu e nenhum caso transmitido localmente foi relatado.Vamos ler isso de novo: 3,17 milhões de pessoas, 0 casos locais, 0 mortes. Como eles fizeram isso? Eles viram o que estava acontecendo em Wuhan, coordenaram com a OMS, e agiram rápida e decisivamente em janeiro.


Imagine que você poderia voltar no tempo para 23 de janeiro com os resultados das corridas de cavalos e, não sei, o novo iPhone. As pessoas acreditam em você. A China acabou de fechar a província de Hubei, o maior cordão sanitário da história da humanidade. O que você gritaria para seus líderes? O que você diria para eles fazerem?

Você diria a eles que isso é sério e que está chegando com certeza. Você diria a eles para restringir as fronteiras agora, para se distanciar socialmente agora e para preparar suprimentos médicos, também agora. Você diria a eles para reagir agora mesmo, em janeiro. Isso é 20/20 em retrospectiva.

Foi exatamente o que a Mongólia fez, e eles não têm uma máquina do tempo. Eles apenas viram o que estava acontecendo em Hubei, coordenaram com a China e a OMS e juntaram suas coisas rapidamente. Esse é o segredo deles. Eles simplesmente não foram burros.

Quando você vai ao Coronavirus Data Explorer da World In Data e clica em "Mongólia" para adicionar seus dados ao gráfico, nada acontece porque eles têm zero casos relatados e zero mortes . Eles analisaram o paradoxo da preparação - a idéia de que "quando a melhor maneira de salvar vidas é prevenir uma doença em vez de tratá-la, o sucesso costuma parecer uma reação exagerada" - e disse "inscreva-se para a reação exagerada!"

Em fevereiro, a Mongólia estava se preparando furiosamente - adquirindo máscaras faciais, kits de teste e EPI, examinando hospitais, mercados de alimentos e limpando a cidade. Ainda não há casos relatados. Ainda não há perda de prontidão. Ninguém ficou dizendo "não é real!" ou "queime as torres 5G!"

O país também suspendeu as comemorações do Ano Novo, que são um grande negócio na Ásia. Eles implantaram centenas de pessoas e restringiram as viagens interurbanas para garantir, embora o público parecesse apoiar amplamente a mudança.

Mais uma vez - e continuarei dizendo isso até março - ainda não havia CASOS. Se você quer saber como a Mongólia acabou sem casos locais, é porque eles reagiram quando não havia casos locais. E eles continuaram agindo.

Por exemplo, quando ouviram falar de um caso do outro lado da fronteira (ou seja, não na Mongólia), South Gobi declarou uma emergência e colocou todos em máscaras. O centro também fechou as exportações de carvão - um enorme golpe econômico, que eles tomaram proativamente.

Como você pode ver, a cada passo eles estão reagindo como outros países só fazem quando é tarde demais. Parecia uma reação exagerada, mas, na verdade, a Mongólia estava sempre no tempo certo.
Preciso dizer a verdade: fiquei muito chateado ao ler isso. Como chorar e furioso. Os Estados Unidos poderiam ter feito isso. A Itália poderia ter feito isso. O Brasil poderia ter feito isso. A Suécia poderia ter feito isso. A Inglaterra poderia ter feito isso. A Espanha poderia ter feito isso. A Mongólia ouviu os especialistas, agiu rapidamente e manteve seu pessoal seguro. Grande parte do resto do mundo, especialmente o mundo ocidental - os chamados países do primeiro mundo - falharam em agir com rapidez suficiente e centenas de milhares de pessoas morreram desnecessariamente e inúmeras outras ficaram com problemas crônicos de saúde, de sofrimento e caos econômico.

Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio

Algumas coisas estranhas com o Covid-19


 As duas próximas é para um contador


26 maio 2020

Finais das séries


Época de pandemia, a escolha de uma série pode ser difícil. Uma opção é escolher uma série cujo final não seja decepcionante. Aqui uma lista de 100 séries, pela qualidade do seu final. As piores são:

1. House of Cards
2. Two and a Half Man
3. Game of Thrones
4. Dexter
5. True Blood
6. Pretty Little Liars
7. How I Met your Mother
8. The Brandy Runch
9. Baywatch
10. The Good Wife

Entre as melhores Breaking Bad, Chernobyl e The Office. 

Importância da Vacina

(...) está se tornando mais claro que uma recuperação total da pior queda desde a década de 1930 será impossível até que uma vacina ou tratamento seja encontrado para o coronavírus.

Os consumidores permanecerão no limite e as empresas serão retidas à medida que as verificações de temperatura e as regras de distanciamento permanecer nos locais de trabalho, restaurantes, escolas, aeroportos, estádios esportivos e muito mais.

A China - a primeira grande economia consumida pelo vírus e a primeira a emergir do outro lado - conseguiu reviver a produção, mas não a demanda. (...)

Carmen Reinhart, professora da Universidade de Harvard, que é a nova economista-chefe do Banco Mundial, teve uma mensagem semelhante. "Não teremos algo semelhante à normalização total, a menos que (a) tenhamos uma vacina e (b) - e isso é muito importante - se a vacina estiver acessível à população global em geral", disse ela ao Harvard Gazette.


Bloomberg, via aqui

25 maio 2020

Efeito do Covid

É estranho este caso. Fiquei na dúvida se é uma boa ou uma má notícia:

As mortes por acidentes de automóvel e ferimentos fatais são a maior fonte de órgãos para transplante, respondendo por 33% das doações, de acordo com a United Network for Organ Sharing, que gerencia o sistema de transplante de órgãos do país [EUA].

Mas desde que o coronavírus forçou os californianos a entrar em casa, esses acidentes diminuíram. As colisões no trânsito e as mortes no estado caíram pela metade nas primeiras três semanas de restrições, de acordo com um estudo da Universidade da Califórnia, em Davis. As mortes por afogamento caíram 80% na Califórnia, de acordo com dados compilados pela organização sem fins lucrativos Stop Drowning Now .

De 8 de março a 11 de abril, o número de doadores de órgãos que morreram em colisões de trânsito caiu 23% em todo o país em comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto os doadores que morreram em outros tipos de acidentes caíram 21%, segundo dados da UNOS .

Hertz e Fraude contábil

A tradicional empresa de aluguel de automóveis, a Hertz, entrou em bancarrota. Uma reportagem da Bloomberg (traduzida para o portugues pelo Jornal Econômico) mostra que parte do problema foi uma manipulação contábil:

Depois de lidar com a crise financeira global, a Hetz começou a perseguir a demorada e dispendiosa aquisição da Dollar Thrifty Automotive Group. Tentou comprar a empresa em 2010 por 1,2 mil milhões de dólares e acabou dois anos depois por pagar 2,6 mil milhões de dólares, após ter entrado numa guerra de ofertas com a rival Avis.

O negócios aumentou a quota de mercado da Hertz, que assim conseguiu continuar forte no segmento das viagens de negócios, com um reforço considerável na área do turismo. Mas a aquisição também fez aumentar a dívida da empresa, que já era substancial depois de ter sido comprada pelos private equity. No final de 2012 a dívida total era de 20,8 mil milhões de dólares.

A aquisição da Dollar Thrifty

Os problemas aumentaram devido à integração das duas companhias, de acordo com Maryann Keller, consultor da indústria automóvel que estava na administração da Dollar Thrifty quando a empresa foi comprada.

As empresas tinham sistemas informáticos que não comunicavam entre si. Frissora perdeu alguns gestores talentosos depois de ter alterado a sede das companhias de New Jersey e Oklahoma para a Flórida.

A Hertz pretendia juntar os slots das empresas nos aeroportos para poupar dinheiro, mas não tinha autorização para tal em muitos locais. A empresa também descobriu que a Dollar Thrifty deixou os pneus dos seus automóveis ficarem mais finos do que era permitido pela Hertz e muitos tiveram de ser substituidos, com um custo de 30 milhões de dólares. Nenhum dos problemas foi detetado durante a due diligence.

Era suporto a fusão gerar uma poupança de custos de 100 milhões de dólares no primeiro ano. Mas acabou por representar um custo extra de 70 milhões de dólares.

Problemas contabilísticos

Com os custos relacionados com a aquisição a pressionarem os resulados, Frissora encontrou outras formas de manter os lucros em alta.

Para travar a depreciação do valor dos veículos, a maior fonte de custos para as empresas de rent a car, Frissora tentou manter os automóveis em atividade durante mais tempo. Alguns até 50 mil milhas, o que se situa bem acima da norma da indústria de 30 mil milhas. Os carros mais antigos eram colocados nas frotas das marcas mais baratas: Dollar, Thrifty e Firefly.

Uma vez que a depreciação dos automóvel é mais elevada no primeiro ano, aumentar a sua vida útil diminui o valor que a empresa tem de mostrar na contabilidade. Mas nem todos os carros mais antigos saíram da frota da Hertz, pelo que a empresa começou a perder clientes descontentes.

De acordo com a Securities and Exchange Commission, a empresa cometeu fraude. O regulador do mercado norte-americano revelou que entre fevereiro de 2012 e março de 2014 a Hertz relatou resultados errados devido a erros contabilísticos. Vários investidores, incluindo Carl Icahn, pediram a demissão de Frissora em setembro de 2014 e no ano seguinte a empresa republicou resultados de anos anteriores.

A Hertz chegou a acordo com a SEC após pagar 16 milhões de euros e Frissora não foi acusado. Uma porta-voz do antigo CEO diz que o gestor conseguiu melhorias operacionais durante os oito anos que esteve à frente da companhia. A republicação de resultados em 2015 não teve qualquer efeito na atual situação financeira da companhia e Frissora não teve qualquer envolvimento em condutas contabilísticas impróprias, acrescentou a porta-voz.

Ainda assim, a Hertz acusou Frissora e três outros gestores no ano passado, visando receber de volta 70 milhões de dólares pagos em bónus devido ao seu envolvimento no escândalo contabilístico. O antigo CEO e os outros três gestores também avançaram contra a Hertz em tribunal, exigindo que fosse a empresa a pagar os custos da disputa legal.

A Hertz avançou com outro caso este mês, num tribunal de New Jersey, alegando que Frissora e o diretor geral Jeffrey Zimmerman apropriaram-se de 56 milhões de dólares em incentivos e devido ao envolvimento nos erros contabilisticos que inflacionaram os lucros da empresa em 200 milhões de dólares e levaram aos despedimento dos gestores.(...)

Primeira coisa que vou fazer

Propaganda do Activo Bank, de Portugal:









Rir é o melhor remédio

Luca Pacioli apareceu em sonho para Hans Hoogervorst, o presidente do Iasb. E diz "tenho dois conselhos para você: revogue a IFRS do reconhecimento de receita e pinte o cabelo de amarelo". 

Hans pergunta: Por que amarelo?

Luca responde: Eu sabia que não iria se opor ao primeiro conselho.

24 maio 2020

Padronização: o caso ISO - 3

 
Qual o interesse em estudar o caso da ISO? A padronização e suas diversas formas (convergência, harmonização, endosso) interessa para entender o que estamos vivendo na contabilidade nos últimos anos. Se você leu as postagens anteriores sobre a ISO (aqui e aqui) pode ter percebido algumas semelhanças entre a ISO e a Fundação IFRS, nos aspectos positivos e negativos. 



Ambas são entidades do terceiro setor, independente dos governos. Mas para que um norma seja legitimada é necessário que os governos (e suas entidades nacionais) reconheçam a expertise da entidade. O ISO é mais antigo e suas normas são reconhecidas assim que publicadas em quase todo mundo. A Fundação IFRS é mais recente e não possui a mesma força na aceitação das suas normas.

Ambas necessitam de recursos para tocar suas atividades. Para isto, aceitam o apoio de empresas que possuem um interesse claro na norma que está sendo produzida. O que significa que nem sempre há uma isenção adequada. Ambas são eurocêntricas, já que a sede está na Europa e esta possui uma grande representatividade no processo decisório.

Veja que o processo de produção de uma norma é aproximadamente igual. Mas as normas da ISO são constantemente revistas, o que não ocorre necessariamente com a Fundação IFRS (nota: isto é um elogio para a Fundação).

Para quem não ficou convencido, note que a ISO já andou ciscando em normas contábeis. Leia aqui e aqui

Padronização: o caso ISO - 2

Natasha Frost tem um artigo muito interessante sobre a ISO para o Atlas Obscura (Finding the Unexpected Wonder in More Than 22,000 International Standards). Frost mostra que a entidade tem um papel importante no mundo moderno, tornando-o menos caótico. A ISO é responsável pela padronização de parafusos (ISO 4026), brocas (2306), cervejas (67.160.10), cigarros (126), botas de esqui (5355), esquis (8364)

Se no passado as ferrovias tinha bitolas distintas, isto provocava um grande problema, atrasando o transporte de pessoas e mercadorias. Quando o transporte era de longa distância, as pessoas e coisas eram retiradas do trem e colocadas em outro, com bitola diferente. Só no final do século XIX é que algumas empresas começaram a adotar um padrão uniforme. No início do século XX, a Grã-Bretanha funda seu primeiro comitê de padrões de engenharia. Logo depois, no final da I Guerra, a Alemanha e Estados Unidos fazem o mesmo.

Na criação da ISO o caso mais relevante de padronização não foi feito: o sistema de medida métrico não é padronizado no mundo.

A expansão da ISO trouxe grande ganhos e muitos questionamentos. Mesmo quando um padrão é peculiar, como a norma 3103, que trata da preparação do chá para fins de testes sensoriais, chegou a ganhar o Ignobel de 1999. Mas em experimentos científicos, onde as pessoas devam tomar chá, é importante garantir que todos bebam o mesmo preparado. Outro padrão interessante (e importante) na realidade é um conjunto de padrões: preservativos possuem uma norma exigente e complexa. Segundo Frost esta norma é muito importante, pois o produto precisa ser confiável. Neste caso, uma norma como esta pode ter a participação da Organização Mundial de Saúde, de entidades relacionadas com o planejamento familiar, de prevenção do HIV, dos consumidores, entre outros.

Talvez o padrão mais importante e que trouxe mais impacto seja a ISO 6346. Esta ISO definiu os padrões para o contêiner de transporte de carga. Até 1956, as mercadorias eram transportadas em recipientes sem um padrão claro. A ISO permitiu que o preço do transporte caísse, reduzindo o tempo de manipulação das cargas. O mundo não seria o mesmo sem esta ISO.

Entre os questionamentos, talvez o mais sensível seja o fato de que a participação dos países mais pobres ainda é reduzida. Em 2004 a Europa respondeu por metade dos padrões da ISO, embora tenha 6% da população mundial. O fato da sede estar localizada em Genebra certamente ajuda muito. Outra crítica à entidade é o fato de que ela não conseguiu convencer alguns países a adotar o mesmo sistema métrico. Ainda escutamos "pés", "milhas" e outras expressões típicas de um sistema que deveria ter sido padronizado há tempos.

Padronização: o caso ISO - 1

A International Organization for Standardization (ISO) é uma entidade internacional com representantes de vários países do mundo. Com sede em Genebra, na Suíça, a ISO tem um papel muito importante no processo de padronização mundial.

A entidade foi fundada em 1947, muito embora suas origens são anteriores à II Guerra Mundial. A ISO usa o inglês de Oxford, o francês e o russo como línguas oficiais. Mas é independente dos governos. É a maior entidade no desenvolvimento de padrões internacionais, com papel importante no comércio mundial. Já produziu mais de 22 mil padrões, em diversas áreas, de segurança alimentar a produtos e tecnologias específicas.

O uso dos padrões ajuda na criação de produtos e serviços seguros, confiáveis ​​e de boa qualidade. Os padrões ajudam as empresas a aumentar a produtividade, minimizando erros e desperdícios. Ao permitir que produtos de diferentes mercados sejam comparados diretamente, eles facilitam as empresas a entrar em novos mercados e auxiliam no desenvolvimento do comércio global de maneira justa. Os padrões também servem para proteger os consumidores e os usuários finais de produtos e serviços, garantindo que os produtos certificados estejam em conformidade com os padrões mínimos estabelecidos internacionalmente.

O trabalho na ISO é voluntário, feito por autoridades reconhecidas no assunto, com representação de diferentes países. Há mais de 250 comitês técnicos para desenvolver padrões ISO. A entidade é composta por 164 países membros. A maioria possui direito de voto. Mas existem países que são membros correspondentes, pois não possuem uma entidade nacional de padrões. Este é o caso do Paraguai e da Bolívia. E existem os membros assinantes, que são economias pequenas.

O financiamento da entidade é feito pela venda de normas (os documentos são protegidos por direitos autorais) e contribuições de outras entidades. O processo de produção de um padrão pode ter sete etapas: proposta preliminar, nova proposta de item de trabalho, rascunho do trabalho, projeto do comitê, rascunho do inquérito, rascunho final e padrão internacional, que será publicado.

Uma crítica que a entidade sofre é o fato de que os padrões estão disponíveis para venda. Além disto, algumas normas estão sob forte influencia de algumas entidades/empresas. Isto ocorreu com a pradronização do Office Open XML, onde a Microsoft exerceu um lobby forte. Outro problema é o fato de que os países mais pobres estão subrepresentados na entidade.

Fonte: Wikipedia

Rir é o melhor remédio

Mais e igualdade

23 maio 2020

Marcas das Nações 2

Outros índices também podem ser usados para medir a "força" da marca de uma nação. O verbete Nation Brading cita alguns deles, como o Anholt-GfK Nation Brands Index, o Futurebrand e o Digital Country Brand Index. Este último mede cinco fatores e o Brasil estavam em 14o, sendo sua pior avaliação no fator Talento.