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30 novembro 2020

Reduzindo a zero a pegada de carbono do Brasil


Em um momento que se discute a questão ambiental, um artigo de opinião de David Fickling para Bloomberg destaca a posição brasileira. A tese central é que o Brasil estaria em uma posição excelente, entre as grandes economias, para ter uma "pegada de carbono" zero. Se isto fosse a vontade do governo. 

A possibilidade do Brasil zerar suas emissões "seria muito mais fácil do que a maioria". Para isto, o país conta com uma geração de energia principalmente de origem hidrelétrica: 64% da nossa energia é proveniente de barragens.  Energia eólica, solar e nuclear respondem por 21% do total. Os combustíveis fósseis são responsáveis por 15%. Esta matriz energética foi construída há muitos anos. 

O artigo é longo, mas vale uma leitura. Onde o país pode melhorar? Fickling lembra que nossas exportações agrícolas possuem problemas ambientais, mas que podem ser corrigidos com uma melhoria na produtividade. 

A carne bovina brasileira é uma das mais intensivas em carbono do planeta. Cada quilo de gado brasileiro criado em terras recém desmatadas adiciona até 726 quilos (1.600 libras) de emissões de carbono equivalente para a atmosfera, de acordo com um estudo de 2011 . Em partes mais estabelecidas do país, ele requer apenas cerca de 22 quilos de CO2, e fazendas em outros países exigem metade disso, com alguns números chegando a 3 quilos .

Ou seja, se o país corrigir a baixa produtividade da pecuária, isto pode reduzir o desmatamento e a emissão do metano proveniente do gado. 

Contabilidade - uma forma de "incentivar" o problema ambiental seria com o aumento da produtividade da pecuária. Nós temos algumas grandes empresas processadoras de proteína (como gostam de serem chamadas) na bolsa de valores. Obrigar a relatar as emissões de carbono pode ser um caminho para esta melhoria. 

Imagem: aqui



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Sarcasmo

29 novembro 2020

Licença Social para Funcionar


Um texto sobre a Shell traz um termo bem interessante:

“Licença social para funcionar” é uma das forças vitais das marcas. Supostamente [o termo foi] cunhado pelo CEO canadense de mineração James Cooney em 1997 após um desastre; o conceito é basicamente o quanto o público está disposto a abraçar (ou pelo menos tolerar) como uma indústria opera.

A gigante do petróleo [Shell] decidiu pesquisar seus 551.000 seguidores no Twitter sobre o que eles estavam dispostos a fazer para reduzir a poluição do carbono como parte de um estranho debate de energia. A estrutura da pesquisa girou em torno de escolhas pessoais, o que há muito é uma tática de desvio da indústria do petróleo para evitar o escrutínio de seu modelo operacional. (Curiosidade: a pegada de carbono pessoal foi uma ideia popularizada pela BP)

No caso da Shell, sua pesquisa fez florescer milhares de reações iradas. (...) este foi um sinal claro do desaparecimento da licença social da indústria do petróleo.

Aqui estão alguns fatos sobre a Shell. Os próprios cientistas da empresa alertaram sobre seu papel em impulsionar a crise climática que data pelo menos dos anos 1980 , e ainda assim ela avançou a todo vapor desempenhando esse papel. Suas ações desde 1988 são responsáveis ​​por 2% de todas as emissões globais. É a segunda maior fonte de emissões de propriedade de investidores no mundo naquela época, atrás apenas da Exxon. A Shell também é o sétimo maior contribuinte para a acidificação dos oceanos  desde 1880 . Esta é uma empresa que nunca mereceu a licença social para operar, mas à medida que os impactos da crise climática se tornam mais claros, ela se torna ainda mais restrita.

No seguimento de sua enquete condenada, a Shell tuitou: “Mudar o sistema de energia exige que todos façam sua parte. ... De nossa parte, dissemos na semana passada que a Shell remodelará seu portfólio de ativos e produtos para atender às necessidades de energia mais limpa de seus clientes nas próximas décadas ”.

Como você deve ter adivinhado, um relatório publicado no início deste ano pela Oil Change International descobriu que a Shell, juntamente com todas as grandes empresas de petróleo que propuseram um plano climático, está falhando. No caso da Shell, seus esforços foram considerados “grosseiramente insuficientes” em oito das 10 categorias incluídas na análise. (Era simplesmente “insuficiente” nas outras duas categorias.) As únicas empresas que estão fazendo menos são a Chevron e a Exxon.

28 novembro 2020

Rir é o melhor remédio

 




Rejeição de artigos


Em geral um periódico de boa qualidade tem uma taxa de rejeição de 90% ou mais. Um periódico de boa qualidade este número é menor, algo em torno de 75%. Assim, ter um artigo rejeitado é algo comum. Há histórias de pesquisas fundamentais que foram recusadas pelos periódicos; a teoria das opções é um exemplo.  

Alguns periódicos apresentam esta informação para ajudar o autor na escolha da submissão. Existem sites que também divulgam isto. Há aqui um problema: o que seria rejeição de um artigo? Quando um autor submete um artigo fora das normas do periódico, o texto pode ser devolvido para correções. Este caso entraria na estatística de rejeição? Alguns periódicos consideram que sim, outros só passam a contar a partir da análise do texto. 

Alguns estudos mostraram que a taxa de rejeição estaria em torno de 60% (vide aqui as referências). Mas que artigos submetidos por países como China, Índia e Brasil o nível de aceitação é menor. Por exemplo, artigos de países desenvolvidos tem uma taxa de rejeição média de 50%; já países com piores desempenho - que inclui o Brasil - a taxa de rejeição estaria entre 73% a 81%

Os periódicos abertos possuem uma taxa de rejeição menor. Mas estes periódicos são mais recentes e geralmente estão em áreas onde a aceitação é geralmente maior. 


27 novembro 2020

Resposta do Fasb à crise


Estamos deixando de olhar o que está ocorrendo com o Fasb. Desde 2010, quando o Brasil adotou as normas internacionais do Iasb, passamos a acompanhar de perto o que se passa na Fundação IFRS. (Acho que este blog é uma resistência: entendemos que o Fasb produz normas melhores que o Iasb e estas normas ainda são relevantes para algumas empresas brasileiras). 

Como o Fasb reagiu diante da crise de saúde mundial? Basicamente postergou a adoção de normas que já estavam aprovadas e divulgadas. Algumas destas normas foram elaboradas em conjunto com o Iasb; enquanto o Iasb correu para implantar, o Fasb foi mais lento (menos eficiente?) e em alguns casos não adotou a mesma norma do Iasb (caso do leasing). A primeira atitude do Fasb foi então postergar, ainda mais, a adoção destas normas. Eis um trecho do Accounting Today sobre a questão do Seguros: 

[O Fasb] está adiando a data de vigência de seu padrão de contabilidade de seguro de longa duração por um ano e tornando mais fácil sua adoção antecipada.

No mês passado, os membros do conselho votaram para adiar o padrão em resposta à pandemia de coronavírus. (...) O FASB tem adiado vários de seus padrões este ano em resposta à pandemia COVID-19, incluindo arrendamentos e perdas de crédito, bem como reconhecimento de receita para empresas de franquia. Em julho, propôs atrasar o padrão de seguro após a votação em junho para emitir a proposta

Enquanto isto, o Fasb continuou com a modificação da sua estrutura conceitual (com algumas alterações bem interessantes) (breve iremos postar sobre isto)

(Em tempo, o IPSASB também adiou as datas efetivas de normas para o setor público)

Frase



“Uncertainty is the engine of science, and a sign of knowledgeable humility.” 

(Incerteza é o motor da ciência e um sinal de humildade bem informada) David Spiegelhalter. (The Guardian via e-mail da Nature)

26 novembro 2020

Tesla

A empresa Tesla tem gerado um debate muito interessante. Os interessados em contabilidade deveriam acompanhar mais de perto este debate pelo menos por dois motivos. Primeiro, os números contábeis da empresa são ruins (inclui até acusação de manipulação/fraude contábil), não gerando lucro nem caixa com as atividades operacionais. Mesmo assim, a empresa tem um valor de mercado absurdamente elevado. Segundo, há uma discussão sobre o custo dos produtos fabricados pela empresa, em relação aos seus concorrentes. A seguir, alguns trechos de um artigo publicado por Wolf Richer:

Tesla é um fenômeno sobrenatural, liderada por um cara que anda sobre a água e não está fabricando e vendendo automóveis em uma indústria estagnada ou em declínio, mas está criando milagres com rodas em um universo sem limites. Portanto, entendo perfeitamente que é um sacrilégio mencionar Tesla ao mesmo tempo que a Ford e a General Motors. Mas aqui vamos nós, com sacrilégio e tudo, lado a lado, apenas os números, Tesla, Ford e GM.

A GM informou esta manhã que as receitas globais para o terceiro trimestre ficaram estáveis ​​em US $ 35,5 bilhões, em fortes ganhos de vendas por unidade na China e queda nas vendas por unidade nos EUA, mas com uma mudança para veículos mais caros nos EUA. A GM anunciou anteriormente que as entregas do terceiro trimestre na China, por meio de sua joint ventures, aumentaram 12%, para 771.400 veículos (outras montadoras também relataram grandes ganhos, ano a ano, no terceiro trimestre na China). Nos EUA, as entregas da GM no terceiro trimestre caíram 10% ano a ano, para 665.000 veículos, mais uma vez vendendo mais veículos na China do que nos EUA.

A comparação: Tesla, Ford e GM.

As receitas globais da GM e da Ford foram mais de quatro vezes as receitas globais da Tesla:


O lucro líquido atribuível aos acionistas ordinários no terceiro trimestre da GM foi 13 vezes o da Tesla; e o lucro líquido da Ford foi 42% maior do que o da Tesla:


O lucro por ação no terceiro trimestre da GM foi mais de 10 vezes o da Tesla. O LPA da Ford era menos da metade do Tesla:


Mas a capitalização de mercado da Tesla (preço das ações vezes o número de ações em circulação), apesar de ser uma empresa muito menor, é atualmente 13 vezes a capitalização de mercado da Ford e quase 8 vezes a capitalização de mercado da GM. E é quase 5 vezes sua capitalização de mercado combinada:


O que essa comparação de capitalização de mercado mostra não é que a Ford e a GM estão de alguma forma subvalorizadas por um fator de 100 ou qualquer outra coisa, mas que o preço das ações da Tesla está ridiculamente fora de proporção.

A Tesla tornou carros elétricos (EV) legais e forçou os fabricantes de automóveis antigos a levar os EVs a sério. E agora, depois de anos perdendo tempo, todos estão levando os EVs a sério.

(...) E esses fabricantes de automóveis antigos estão agora investindo muitos bilhões de dólares cada um para projetar e construir EVs. Eles moveram seus cérebros mais brilhantes para o segmento. Alguns desses EVs já estão no mercado, outros estão chegando no mercado.

A competição que a Tesla enfrenta está crescendo e se tornará enorme. Antes era apenas Tesla sozinha, e se você quisesse um EV, teria que ser um Tesla. Agora são todos, em todo o espectro, de carros compactos a picapes.

Nesse aspecto, Musk realizou um milagre: ele criou uma indústria inteira e forçou os gigantes a tirar suas bundas preguiçosas e se mexer. Ele os abalou. E agora eles estão se movendo.

(...) A Tesla agora está enfrentando todos os gigantes que despertou - além de todos os recém-chegados que agora estão lutando na China - o maior mercado de automóveis e EV do mundo - e em outros lugares.

Fabricar EVs é mais barato e simples do que fabricar veículos ICE (veículo de combustão interna) - com a bateria sendo a exceção. O trem de força ICE, os sistemas de combustível, os sistemas de refrigeração, os sistemas de lubrificação, os sistemas de exaustão, a transmissão, o controle de emissões e os sistemas de gerenciamento do motor, etc. são altamente complexos. E tudo isso é jogado fora e substituído por motores elétricos, uma bateria e os sistemas que os controlam e os gerenciam. Grande parte da frenagem é feita por motores elétricos, que geram eletricidade no processo que carrega a bateria, reduzindo não apenas o consumo de eletricidade, mas também a manutenção do freio. A bateria é o ponto crucial, mas essa tecnologia está avançando a passos largos e está sendo comoditizada.

A Tesla está perdendo seu status de pioneira e se tornando apenas mais um competidor em uma indústria dominada por gigantes. A Tesla criou uma marca fabulosa (“Tesla”) e, para pessoas que gostam de comprar marcas fabulosas, isso é uma atração. Mas para outros compradores de carros e caminhões, não é uma atração. O que eles querem é um veículo bem feito, confiável e versátil, apoiado por um serviço competente e de fácil acesso e disponibilidade de peças - que os gigantes vêm aprimorando há décadas.

Voltaremos breve ao assunto

25 novembro 2020

Capa do livro de Teoria da Contabilidade

 

A quarta edição já tem uma capa. Um desenho bem moderno e bonito. Saiu a capa preta das edições anteriores e entra este novo desenho.

Lembrando que a 4a edição traz profundas mudanças na estrutura e capítulos. Espero que todos gostem

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24 novembro 2020

Treinamento do IPSAS


Um conjunto de textos para treinamento sobre as normas internacionais do setor público. São dez módulos em arquivo PDF com a seguinte estrutura:

1 - Introdução

2 - Ativo

3 - Passivo

4 - Receitas

5 - Despesas

6 - Instrumentos Financeiros

7 - Consolidação e Combinação

8 - Apresentação

9 - Primeira adoção do regime de competência

10 - Outros pronunciamentos

Abertura de capital da Corpel


A notícia não despertaria interesse se o Grupo Cortel não operasse cemitérios, crematórios e funerárias. O Grupo pediu aval para realizar uma oferta inicial de ações (IPO). Eles atuam em quatro estados do Brasil e possuem "10 cemitérios em seu portfólio, também atuando em diversos outros “produtos e serviços atrelados ao luto”, segundo o prospecto preliminar da operação.". 

Nos nove primeiros meses de 2020, o grupo teve receita líquida de R$ 75,9 milhões, ante R$ 55,4 milhões no mesmo período do ano anterior. O lucro líquido foi R$ 21,5 milhões, em comparação com R$ 9,1 milhões de reais na mesma etapa de 2019. 

A empresa planeja expandir suas operações com a aquisição de ativos “em regiões com baixo atendimento profissional de cemitérios e serviços funerários”, mas que possuam população acima de 500 mil habitantes e com PIB per capita acima da média do país. 

(...) Segundo a companhia, se por um lado a epidemia de Covid-19 tem limitado “o tempo do cerimonial fúnebre” para duas horas, podendo “afetar os serviços de maior valor agregado durante este período de isolamento social”, por outro “alguns empreendimentos, já apresentam aumento de demanda e consequentemente aumento em suas receitas”, afirmou a Cortel no prospecto. 

“A expectativa da companhia é que haja um aumento de demanda nos próximos meses em virtude das mortes por Covid-19”, acrescentou a companhia.

Unicórnio

 Unicórnio são empresas novas, com elevado valor. O gráfico mostra os unicórnios mais valiosos em 2020, com a presença de uma empresa brasileira:



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23 novembro 2020

Contabilidade da Cannabis


A contabilidade pode ser aplicada a qualquer negócio: empresa comercial, uma indústria, o governo, um bordel, aos negócios particulares e em negócios esdrúxulos. Daniel Hood escreve um artigo sobre a dificuldade de ser contador de uma empresa de cannabis nos Estados Unidos. Já discutimos isto aqui, com o caso do Canadá.

A contabilidade para empresa de cannabis é um nicho de mercado interessante. Nos Estados Unidos, alguns estados liberaram a produção e comercialização - sob determinadas restrições - do produto. Durante a pandemia, tudo leva a crer que cresceu o consumo do produto. O consumo do produto parece que resistiu à recessão, embora o abastecimento do mercado ilegal parece ter se aproveitado mais. 

Entretanto, há alguns problemas. Hood lembra que o setor possui um grande problema no acesso aos canais bancários normais: as instituições financeiras estão sob regulamentação do governo federal, que ainda não "legalizou" o negócio. Assim, as transações são basicamente em moeda corrente. E isto traz alguns problemas: roubo, extravio, dificuldade de pagamento de folha e a própria contabilidade. 

Consultoria profissional sobre como administrar um negócio somente em dinheiro é, portanto, crítico para as empresas de cannabis

E auditoria. E uma legislação confusa, onde a ausência de leis federais cria uma série de problemas para as empresas. Em alguns estados, as leis são de responsabilidade dos municípios. E cada localidade tem suas regras. Os softwares específicos possuem bugs e não existe pessoal especializado. 

Pesquisa sobre Covid

 Toda madrugada de segunda, o NBER posta as pesquisas semanais. Algo em torno de 30 pesquisas de excelente nível estão disponibilizadas, antes de serem publicadas nos principais periódicos do mundo. Nesta segunda, chama à atenção (pelo título e resumo) as seguintes pesquisas:

The Value of a Cure: An Asset Pricing Perspective - Viral V. Acharya, Timothy Johnson, Suresh Sundaresan & Steven Zheng procuram determinar o valor da cura de uma vacina para combater o Covid. Usando o preço das ações e as notícias do avanço do estágio de vacinas, os autores fizeram um modelo para precificar os ativos e estimar os ganhos para a economia. Além do valor da cura, a vacina poderia resolver a incerteza decorrente da doença. 

Why Is All COVID-19 News Bad News? Bruce Sacerdote, Ranjan Sehgal & Molly Cook analisam se as notícias sobre o Covid-19, desde janeiro de 2020, são negativas ou positivas. Nos Estados Unidos, 91% das notícias são negativas, versus 54% de fontes fora dos EUA e 65% dos periódicos científicos. A negatividade da imprensa não reage com a mudança de novos casos ou tendências políticas. Parte do resultado é explicada pela preferência dos leitores dos EUA, que preferem notícias negativas: histórias de casos crescentes superam as histórias de casos decrescentes por um fator de 5,5. 

Revenge of the Experts: Will Covid-19 Renew or Diminish Public Trust in Science? - Barry Eichengreen, Cevat Giray Aksoy & Orkun Saka verificaram se epidemias anteriores afetaram a confiança na ciência e nos cientistas. Usando a “hipótese dos anos impressionáveis”, de que as atitudes são formadas de maneira duradoura durante as idades de 18 a 25, os pesquisadores descobriram que isto reduz a confiança nos cientistas e nos benefícios do seu trabalho. E isto é maior nas pessoas com pouco treinamento prévios em ciências. Isto pode afetar, por exemplo, a confiança nas vacinas.

Imagem: aqui

22 novembro 2020

Contabilidade e desenvolvimento econômico


 Os contadores podem dar uma contribuição significativa para a economia nos níveis local, nacional e global, de acordo com um novo relatório da Federação Internacional de Contadores.

Para o relatório , o IFAC se associou ao Center for Economics and Business Research (Cebr), uma consultoria econômica. Em cada medida revisada, a pesquisa encontrou um maior número de contadores correlacionados a um melhor desempenho econômico. Além disso, os contadores que são membros das organizações contábeis profissionais membros da IFAC se correlacionam com um desempenho ainda mais forte nos indicadores econômicos.

Fonte: aqui. Imagem daqui

Aqui no Brasil temos a pesquisa "Onde estão os profissionais contábeis no Brasil" mostrou que quanto maior o IDH, maior a presença de contadores. (vide aqui também)

21 novembro 2020

Estado da Califórnia multa a KPMG


Ainda com respeito ao escândalo da KPMG, que tentou melhorar a qualidade das suas auditorias através da "contratação" de funcionários do PCAOB, o estado da Califórnia multou a empresa de auditoria. 

O motivo foi o fato do estado ter licenciado CPAs. O procurador-geral do estado aplicaram uma multa disciplinar contra a empresa. Durante a investigação da SEC, a KPMG admitiu que muitos dos seus CPA trapacearam no exame de educação continuada interno, colando respostas e manipulando a pontuação do exame. 

Segundo o procurador-geral:

“As auditorias de empresas públicas são particularmente importantes porque fornecem supervisão das empresas nas quais os americanos dependem para investir seu dinheiro suado em pensões e outros fundos de aposentadoria. Quando empresas como a KPMG optam por trapacear em vez de melhorar as práticas da empresa, isso prejudica todo o sistema. Eles serão responsabilizados. ”

Além da multa, a KPMG será obrigada a dar educação continuada em ética. (Imagem aqui)

Trabalho em extinção


Regularmente aparece alguém fazendo previsões sobre as profissões em risco de serem extintas. Agora, mais uma lista da GlassDoor (?), publicada na Epoca Negócios: 

Já sabemos que a pandemia afetou profundamente a forma que o mercado de trabalho está organizado. Mas, para algumas profissões, esses impactos podem ser ainda mais devastadores. É isso que mostra o relatório Workplace Trends 2021, publicado pela consultoria GlassDoor. 

A empresa, especializada em recrutamento e seleção, analisou as informações disponibilizadas por empresas em milhões de vagas de emprego publicadas em sua plataforma. Com base nesses dados, foi possível identificar três tendências que irão tomar conta do mercado nos próximos anos. Além disso, a consultoria também elencou as 20 profissões que mais foram impactadas pela crise sanitária. 

Os escritórios nunca mais serão os mesmos 

A primeira tendência identificada pela Glassdoor foi a mudança na estrutura de trabalho nos escritórios tradicionais. A pandemia deu força ao movimento de transição das infraestruturas físicas para o home office. Durante o periodo, 4 em cada 10 trabalhadores norte-americanos desempenharam suas atividades remotamente. Ao mesmo tempo que isso traz vantagens, também pode apresentar problemas para as operações das empresas. 

De acordo com a consultoria, equipes que funcionem em sistemas híbridos, onde alguns funcionários ainda trabalham presencialmente, apresentam melhores resultados. 

Apesar do corte de custos e maior flexibilidade, o home office tende a minar a espontaneidade e produtividades de algumas equipes. Entre os principais motivos para isso está a dificuldade que o modelo apresenta na hora da criação de vínculos profissionais, essenciais para a criação de uma sinergia entre os colaboradores. 

A expectativa é que, em 2021, o mercado experimente uma onda de inovação em modelos híbridos de trabalho. Com as empresas testando cada vez mais modelos para encontrar aquele que melhor atende suas necessidades. A diversidade irá ganhar cada vez mais importância Os colaboradores querem mais do que apenas promessas de mais diversidade dentro das empresas. Eles querem ação. 

Movimentos como o Black Lives Matter lançaram uma nova luz à questões relativas a desigualdade racial em 2020, e os negócios estão sendo cada vez mais pressionados a apresentarem resultados tangíveis. Essa é uma tendência que tende a ganhar força com o decorrer da retomada econômica nas principais economias do mundo. 

Mais do que demandas internas, o grande público também está mais atento à essas questões. Relatórios de resultados que indiquem uma evolução no assunto, com a adoção de políticas corporativas e incentivos, tendem a ser bem vistos pela comunidade. 

A forma que encaramos nossos salários irá mudar 

Com a popularização do home office, novas oportunidades são apresentadas para os profissionais. Uma delas é a de se mudar para outra cidade enquanto mantém o mesmo emprego. 

Isso é especialmente atrativo para trabalhadores do setor de tecnologia, que agora encaram a possibilidade de fugir dos metros quadrados caros dos grandes polos de inovação, como São Francisco e Nova York. 

Isso cria um movimento de mudança no que diz respeito ao valor das remunerações. A possibilidade de economizar mais também abre espaço para que os salários abaixem, mas o movimento contrário também pode acontecer. Conforme o mercado fica cada vez mais competitivo, a remuneração pode ser um fator decisório para que as empresas consigam reter talentos. 

O relatório também chama a atenção para as confraternizações e eventos. Apesar deles terem sido suspensos durante a pandemia, a expectativa dos colaboradores é que retornem com o fim da crise sanitária. 

Até mesmo as melhores culturas corporativas precisarão se adaptar 

Com o trabalho menos centralizado nos escritórios, as culturas corporativas precisarão mudar para conseguir estimular e engajar pessoas. 

Tudo deve começar no design de suas sedes. As empresas precisam pensar em como os colaboradores vão se relacionar com esses ambientes, garantindo que sejam locais de conforto e produtividade. 

Aqueles que trabalham remotamente também podem sentir dificuldade em criar vínculos com a empresa. É normal que a sensação de que está trabalhando “separado de sua equipe” apareça. De acordo com a Glassdoor, empresas que querem prosperar em 2021 precisam encarar os sentimentos de seus colaboradores como business intelligence. 

Alguns setores não se recuperarão 

O choque econômico que a pandemia trouxe será sentido por muito tempo. Muitos empregos que foram perdidos não retornarão tão cedo. O relatório da GlassDoor mostra impactos devastadores, principalmente em trabalho que não exigem muita capacitação do profissionais, aqueles do setor de educação, funções administrativas e de vendas. De acordo com a consultoria, essas são áreas que não devem se recuperar tão cedo. E, mesmo após a recuperação econômica, ainda irão ser mercados menores do que eram antes da pandemia. 

Confira os 20 empregos mais afetados. 1. Audiologista 2. Coordenador de eventos 3. Demonstrador de produtos 4. Oculista 5. Chefe de cozinha 6. Executivo assistente 7. Consultora de beleza 8. Vallet 9. Estilista 10. Coach 11. Embaixador de marca 12. Tosador de animais 13. Fisioterapeuta 14. Estagiário 15. Professor 16. Gerente de Recursos Humanos 17. Analista de Contas a Pagar 18. Recepcionista 19. Instrutor 20. Gerente de Vendas 21. Contador 22. Executivo de contas

Imagem: aqui

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Fonte: Aqui

20 novembro 2020

A Língua da Economia

Blair Fix faz uma interessante análise das palavras usadas na economia. Ele usa alguns dos livros que são adotados no ensino da disciplina e compara com os outros livros publicados (inclusive literatura). Por exemplo:


A palavra preço aparece 13.900 vezes (em um milhão de palavras) nos livros de economia; mas só aparece 296 vezes (também em um milhão) nos demais livros. Ou seja, a frequência relativa é de 46,9 ou 13900/296. Isto indica que palavra é muito utilizada nos livros de economia. Parece óbvio, pois trata-se do jargão da disciplina. Já a palavra ciência ocorre menos na economia do que nos demais livros. Aqui Fix observa que isto talvez seja um reflexo do fato da economia ser uma pseudo-ciência. 

Observe que a última coluna da tabela é mais importante, pois relaciona o uso de um termo na economia com os demais livros. "Murder" (assassino) parece não interessante muito a economia quanto as demais obras. "Ditchdigger" (escavador de valas) é um termo muito pouco usado nos livros, mas ainda assim aparece mais nos livros de economia. As palavras mais usadas, de forma relativa, nos livros de economia, são:

Mas Fix considera que é importante analisar as palavras que não foram usadas ou foram usadas em uma quantidade menor que os demais livros. Veja o resultado a seguir:

Muitas palavras estão ligadas a religião (gospel, judeu, Deus, etc). Eis sua análise:

Os livros de economia, no entanto, são um tipo muito particular de escrita secular. Eles estão promovendo uma ideologia secular . E isso torna a subutilização de palavras religiosas dos economistas mais interessante. Enquadrado dessa forma, podemos pensar na Figura 4 como mostrando duas ideologias contrastantes. A ideologia secular da economia exclui amplamente a linguagem usada pelas ideologias religiosas. Fascinante.

Mas um resultado que Fix não esperava é o termo "anti". Em lugar de dizer "João é anti-democrático", os economistas constroem a frase como "João tem preferência pela não democracia".  Ou seja,

Os livros de economia estão vendendo uma ideologia que legitima o status quo. E a melhor maneira de fazer isso é silenciar qualquer conversa de oposição. Elimine 'anti' do seu vocabulário.

Contabilidade? - Alguém por favor use o método de Fix e faça um trabalho parecido para a contabilidade. 

A turma da Mônica ensina finanças pessoais


Esta semana foi publicado o livro da turma da Mônica intitulado "Como Cuidar do Seu Dinheiro", escrito por Maurício de Souza em parceria com Thiago Nigro.

Segundo o Folha Go:

O livro começa mostrando uma curta história em quadrinhos nos quais são mostradas possibilidades do uso do dinheiro.

Nas páginas seguintes, sempre com ilustrações intuitivas criadas por Maurício de Sousa, Thiago usa uma linguagem simples para abordar o assunto de finanças com o público mais jovem com quem já trabalhou.

Ele visa explicar que o dinheiro não deve ser só gasto para comprar brinquedos, roupas e comidas, mas também para realizar sonhos. Por exemplo, o de fazer uma viagem para algum lugar desejado ou até mesmo cursar uma faculdade no futuro.

A ideia central é de incentivar que os jovens leitores reflitam sobre assuntos relacionados ao uso do dinheiro de maneira consciente, deixando de lado ideias consumistas. Explicando, ainda, de forma simples, o perigo dos juros, inflação e das compras por impulso.

19 novembro 2020

Rir é o melhor remédio

 

Travesseiro com a bandeira da França = 15,99 Euros

Travesseiro com a bandeira da Holanda = 9,99 Euros

Fonte: aqui

Ranking do Cálculo de Custos no Governo Federal

 No X Encontro de Gestão de Custos, a STN inovou e premiou as instituições que mais se destacaram na apuração de custos no governo federal. O resultado foi o seguinte:


(Figura da apresentação no encontro). Nas universidades, as premiadas trocaram seus contadores nos últimos anos. A minha universidade, que tinha um sistema de custos, referência na área e que propiciou diversos estudos e pesquisas, descontinuou seu sistema. Pena, pois demonstra uma visão estreita da gestão. 

Estamos perdendo nossa memória?

 


Você já deve ter se perguntado a razão de não guardarmos mais os números dos telefones. Eis trechos de um artigo que pergunta: Estamos perdendo nossa capacidade de lembrar? Eis trechos de um artigo que diz que isto é bom. 

Outro dia tive uma pequena crise, fiquei preocupada porque estava começando a ter problemas de memória. Algo devia estar errado! Comecei a notar (cada vez mais!) Minha incapacidade de lembrar coisas triviais; por exemplo, os pontos de ação de uma chamada do Zoom ou uma citação de um livro que li alguns meses atrás. Certamente isso não pode ser normal?

Antes de ligar para o consultório médico, fiz o que qualquer hipocondríaco decente faria e comecei a pesquisar no Google. Depois de clicar em algumas páginas, comecei a me sentir um pouco melhor. Foi normal. A memória de curto prazo (ou de trabalho) é ineficiente e, a menos que eu revisite o que estou tentando lembrar algumas vezes, provavelmente vou esquecê-lo. E não, não é um efeito colateral de fazer trinta anos. Ufa.

É um “recurso, não um bug” de como nossos sistemas de memória são projetados.

(...) Nós 'não conseguimos lembrar' das coisas porque há um limite para o que podemos manter em nossa memória de trabalho. Os pesquisadores costumavam pensar que ele poderia conter cerca de sete itens ou blocos, mas agora é amplamente aceito que a memória de trabalho armazena apenas cerca de quatro blocos de informação.

(...) De qualquer forma, há uma queda acentuada no que você lembra. A 'curva do esquecimento', como é chamada, é mais acentuada durante as primeiras vinte e quatro horas depois que você aprende algo. Exatamente o quanto você esquece, em termos percentuais, varia, mas a menos que você revise o material, grande parte dele escorrega pelo ralo. O que você lembra depois do primeiro dia tem uma boa chance de ainda ser retido depois dos trinta.

Repetição espaçada

Para melhorar a retenção, a repetição espaçada é normalmente usada. Essa técnica envolve repetir o que você está tentando reter, garantindo o espaçamento da repetição. Repetir uma nova palavra do vocabulário ou uma técnica de resolução de problemas, por exemplo, durante vários dias.

A boa notícia é que nossa memória de longo prazo tem espaço para bilhões de itens. Na verdade, pode haver tantos itens que eles podem enterrar uns aos outros. Pode ser difícil para você encontrar as informações de que precisa, a menos que pratique e repita pelo menos algumas vezes. Isso permite que as conexões sinóticas no cérebro se formem e se fortaleçam em uma estrutura duradoura.

A memória de longo prazo é importante porque é onde você armazena conceitos e técnicas fundamentais que geralmente estão envolvidos em tudo o que você está aprendendo.

Ter bases sólidas em sua memória de longo prazo também torna a memória de trabalho mais eficiente e capaz de conectar pontos de campos mais amplos e abstratos. Ele dá ao nosso pensamento 'riqueza' e 'acesso associativo'.

(...) Pesquisas mostram que a internet funciona como uma espécie de memória externalizada. “Quando as pessoas esperam ter acesso futuro às informações, elas têm taxas mais baixas de recall das próprias informações”, como afirma um estudo .

Se você sabe que 'sabe' algo e sabe como recuperá-lo (obrigado, Google), isso desempenha praticamente a mesma função de ter um cérebro repleto de memórias de longo prazo. E os novos aplicativos de 'pensamento em rede' nos permitem fazer conexões interessantes entre esses vários bits de conhecimento armazenado da mesma forma que uma memória bem estocada faz.

(...) Então, eu não diria que estamos perdendo nossa capacidade de lembrar, como coloquei no início deste post. Acho que as pessoas (eu incluído) simplesmente não trabalham o suficiente para mover as coisas de nossa memória de trabalho para nossa memória de longo prazo.

Nossa menor dependência da memória de recordação e nossa capacidade de atenção cada vez menor podem não ser o desastre que eu temia a princípio.

Acho que a internet e os aplicativos focados no pensamento em rede nos ajudam. Eles agem como um segundo cérebro. E acho que isso nos torna mais eficientes.

Rir é o melhor remédio

 

Fonte: Aqui

18 novembro 2020

Evolução no Exame CPA



Os Estados Unidos estão repensando o exame do CPA. O NASBA e o AICPA estão estudando uma proposta - CPA Evolution Initiative - em que o candidato não somente deve provar as competências essenciais comuns (contabilidade, auditoria, impostos e tecnologia) mas também escolher uma disciplina para demonstrar seu conhecimento específico. 

NASBA e AICPA acreditam que este modelo revisado reflete melhor as realidades da profissão e ajudará a "preparar o futuro" para o CPA.

A proposta deve ser implementada em janeiro de 2024. (Imagem aqui). 

IFRS Advisory Council


 Os membros do Advisory Council, para atuar entre 1 janeiro de 2021 e 31 de dezembro de 2023, foram indicados. Esta unidade da Fundação IFRS é responsável pela direção estratégica e plano de trabalho da entidade. Eis a composição: 

Kristian Koktvedgaard - BusinessEurope 

Sibel Ulusoy Tokgöz - Capital Markets Board of Turkey 

Thorsten Sellhorn - European Accounting Association (EAA) 

 Javier de Frutos - European Federation of Financial Analysts Societies (EFFAS) 

 Saskia Slomp - European Financial Reporting Advisory Group (EFRAG) 

 Ken Warren - External Reporting (XRB), New Zealand 

Ron Edmonds - Financial Executives International (FEI) 

 Ian Burger - International Corporate Governance Network 

 Antonio Quesada - International Organization of Securities Commissions (IOSCO) 

 Marie Seiller - International Organization of Securities Commissions (IOSCO) 

 Alan Trotter - Investment Company Institute 

 Henry Daubeney - Pricewaterhouse Coopers 

 Barbara McGowan - World Bank 

 Eduardo Flores 

 Tania Wimberley 

O Brasil está representado na figura de Eduardo Flores.

17 novembro 2020

Orgulho de Pagar impostos



No The Conversation o exemplo dos gregos da antiguidade, que tinha orgulho de pagar seus impostos. 

Então, qual era o raciocínio por trás desse orgulho cívico e pagador de impostos? Os antigos atenienses não estavam apenas abrindo suas carteiras para promover o bem comum. Eles esperavam obter um alto retorno na estima pública com os investimentos em sua comunidade que seus impostos representavam .

Esse capital social era tão valioso porque a cultura ateniense tinha o dever cívico em alta conta. Se um ateniense rico acumulava sua riqueza, ele era ridicularizado e rotulado de "homem ganancioso" que "pede emprestado aos hóspedes que ficam em sua casa" e "quando vende vinho a um amigo, ele o vende aguado!"

Imagem aqui

Taylor Swift

Em 2019 o empresário americano Scooter Braun adquiriu a gravadora Big Machine por cerca de US$ 300 milhões. Nessa operação foram incluídos os masters, direitos sobre as gravações de diversos artistas enquanto na gravadora, inclusive os seis primeiros álbuns da cantora Taylor Swift. A cantora então se envolveu em uma longa disputa com o empresário para adquirir os direitos sobre a própria obra.

Agora, segundo a revista Variety, Braun não é mais o titular dos masters da cantora, já que os revendeu a um fundo de investimento misterioso por mais de US$ 300 milhões. Ele recuperou todo o investimento feito na Big Machine com apenas a venda dos masters da Taylor.



VI CCG

 




Rir é o melhor remédio

 


16 novembro 2020

Os Delatores da Petrobras foram punidos; os demais foram absolvidos


A CVM julgou os gestores da Petrobras, os auditores responsáveis pelo relatório de auditoria no período de 2007 a 2014 e os membros dos Conselhos. O resultado final foi horrível, o pior possível. Poucas pessoas foram punidas. Mas nada melhor do que as palavras de um dos diretores da CVM para o resultado final. Elas dizem tudo (grifo do blog):  

Ao encerrar a sessão, o Diretor Henrique machado [sic] consignou que, a par do elevado debate jurídico, travado na forma dos minuciosos votos proferidos pelos membros deste Colegiado, a declaração do resultado deste julgamento impõe uma reflexão sobre as razões de fato e de direito que culminaram na condenação exclusiva dos membros da diretoria da Petrobras que colaboraram com as investigações em sede criminal. Em seu entendimento, tratar-se-ia de um sinal de inadequação de estruturas jurídicas e administrativas.

Mas não foi somente isto. Estamos em 2020 e julgando algo que ocorreu há anos. A CVM adota o processo eletrônico e por várias vezes ocorreu o pedido de vistas. Isto não faz muito sentido (conheço um pouco de processo eletrônico para afirmar isto). Passar a responsabilidade para algo vago, como "inadequação de estruturas jurídicas e administrativas" é cômodo. A CVM poderia ter feito diferença neste processo. Não fez. 

Foto:aqui

Valor de um asteroide


Existem diversos exemplos em que a mensuração tem sido utilizada para monetizar itens estranhos. Uma reportagem da CNN, sobre um asteroide, destaque ele vale mais do que toda a economia da Terra. Este asteroide, muito distante do sol, chama-se 16 Psyche e não é muito grande. O corpo celeste deve ser constituído de ferro e níquel. O link chega a estimar o valor do asteroide em 10.000 quatrilhões. 

Sobre essa estimativa impressionante de que Psyche pode valer $ 10.000 quatrilhões, Elkins-Tanton [cientista que estuda o corpo celeste] diz que assume a responsabilidade por chegar a esse número durante as entrevistas quando a missão da NASA foi anunciada pela primeira vez em 2017. Enquanto a conversa sobre a mineração de asteroides para obter recursos está se desenvolvendo aqui na Terra, Psyche não é o alvo pelo qual devemos nos esforçar, de acordo com Elkins-Tanton. "Não podemos trazer Psique de volta à Terra. Não temos absolutamente nenhuma tecnologia para fazer isso", disse Elkins-Tanton. Mesmo se fosse possível trazer de volta os metais de Psyche sem destruir a Terra, isso provavelmente causaria o colapso dos mercados, disse Elkins-Tanton. "Existem todos os tipos de problemas com isso, mas ainda é divertido pensar sobre quanto valeria um pedaço de metal do tamanho de Massachusetts." 

Provavelmente a cientista fez uma conta simples: quantidade de minério vezes o preço atual no mercado de commodities. Mas como o texto encarrega de destacar que a presença desta quantidade de minério faria desabar o preço no mercado e que seria hoje impossível "explorar o minério". 

Eis um problema do uso do valor de mercado para mensuração. 

Perdido por cem, perdido por mil


Uma boa lembrança ao analisar as demonstrações deste ano:

Este é o ano do “perdido por cem, perdido por mil”. É um ano muito mau para muitos negócios. É um ano em que maus resultados estão imediatamente justificados. É um ano em que os gestores nem têm que dar muitas explicações. Já todos sabem que é mau. O mercado já sabe que vai ser mau. Tão mau, que apresentar prejuízos de 100 ou de 1000 pouco importa, pois é de qualquer forma um ano perdido.

Nestes anos, qual poderá ser a tentação dos gestores? Se o ano está perdido e está, se já vamos apresentar tão maus resultados, então porque não apresentar piores ainda?

E porquê esta motivação dos gestores? Porque, quanto piores forem os resultados este ano, maior é a probabilidade de para o ano a empresa conseguir mostrar melhores resultados, indiciando ao mercado recuperação e crescimento. Tal faz-se à custa de “limpezas” no ativo e/ou pressão no passivo.

Em terminologia anglo-saxónica a expressão usada é “big bath accounting”. Em português tenho adotado “perdido por cem, perdido por mil”.

As limpezas num determinado ano no ativo, feitas, principalmente, à custa de imparidades, traduzem-se em resultados superiores em anos futuros. Constituir imparidades sobre ativos fixos tangíveis, ativos intangíveis ou investimentos financeiros implica, nesse ano, reconhecer gastos. Se forem excessivas, para o ano reverte-se, dando lugar ao reconhecimento de rendimentos e, simultaneamente, uma ilusão de recuperação.

Se forem imparidades excessivas no goodwill, cuja reversão é proibida, no ano seguinte tem-se menores amortizações (quando a empresa usa SNC) ou, pelo menos, é menor a probabilidade de reconhecer imparidade adicional (caso a empresa utilize normas internacionais de contabilidade). Sendo amortizações excessivas, para o ano amortiza-se menos. Sendo imparidades excessivas sobre créditos, ou mesmo incobráveis, para o ano recebe-se os créditos e realiza-se rendimento. Abates excessivos de imobilizado, para o ano são menos amortizações.

Na verdade, qualquer diminuição ou desreconhecimento de ativos num determinado ano, origina ou diretamente rendimento no futuro (via anulação ou reversão) ou, pelo menos, menores gastos. De qualquer das vias, com maior ou menor efeito, traduz-se em maiores resultados do que aquele que se apresentaria na ausência dessa prática.

Também o reforço do passivo é suscetível de “big bath accounting”, usando-se, principalmente, a rubrica de provisões. Provisões excessivas num ano originam gastos nesse ano, é certo, mas rendimentos no ano em que são revertidas. E por aqui se vê que 2020 é um ano para se estar muito atento às contas. É um ano em que a leitura do balanço tem que ser acompanhada de perto da análise do anexo e da interpretação cuidada de tendências e rácios. É um ano em que não dispensa (nunca se deveria dispensar…) a leitura atenta da certificação legal das contas.

A compreensão integral das contas de 2020, e principalmente das estimativas que lhe são intrínsecas, permite avaliar a quota-parte dos resultados de 2021 que traduzirão efetivamente recuperação e crescimento.

Frase


De um artigo que conta a história da fraude empresa de jogos Sierra:

Há um segredo de negócios que Ken Williams diz ter aprendido com Bill Gates. Pergunte a um executivo ou candidato a contratação pelo seu handicap no golfe e, se eles derem uma resposta, ignore essa pessoa. Executivos sérios não jogam golfe.

Imagem aqui

15 novembro 2020

Uma empresa malvada


Uma empresa talvez não precise ser boazinha. Mas ser a representação do mal talvez não seja o adequado. A tinta de impressora é um dos líquidos mais caros do mundo. Sabendo disto, as empresas que fazem impressoras querem aprisionar seu cliente, no pior sentido da palavra. Um texto bem interessante (dica de Claudio Santana, grato) trata da HP. Eis alguns trechos selecionados: 

Não surpreende, portanto, que a HP use de meios maquiavélicos para amarrar seus consumidores à companhia, desde impedir o uso de cartuchos de terceiros (prática que todas as fabricantes tentaram implementar) a planos de consumo supostamente vantajosos. 

(...) Hoje em dia, boa parte das impressoras para usuários finais funcionam online, permitindo ao usuário enviar documentos para impressão a distância, enquanto a fabricante pode despachar atualizações do firmware via OTA. 

E é aqui que reside o problema. Assim como a Lexmark, Epson e outras empresas, a HP odeia clientes "espertinhos" que usam cartuchos de tinta de terceiros, ou que recondicionam os antigos. É interessante para a companhia que os clientes continuem comprando novos cartuchos, mesmo quando você sabe que há tinta e a impressora diz que não, ou você quer imprimir um documento em preto apenas e ela diz "pouca tinta magenta, não posso imprimir". 

(...) Em março de 2016, a HP liberou uma controversa atualização para suas impressoras conectadas, que ao atualizar o firmware, instalava um contador programado para ativar um recurso em setembro do mesmo ano. O recurso fez com que os equipamentos rejeitassem cartuchos de terceiros, apenas os dela própria passaram a ser aceitos. A atualização foi calculada minuciosamente para coincidir com o período de volta às aulas, onde pais e estudantes deram de cara com a limitação ao comprar novos suprimentos e materiais escolares. 

Oficialmente a HP se refere ao update como uma "atualização de segurança", mas só se for para proteger a empresa dos seus consumidores. A "bomba-relógio" foi sob todos os aspectos um malware, programado para permanecer assintomático por meses, até ser ativado no momento oportuno. 

Claro que a marmotagem pegou muito mal. A HP entrou em modo full-caveat emptor, dizendo que nunca prometeu ao consumidor que suas impressoras iriam funcionar sempre com cartuchos que não fossem fabricados por ela mesma, e que a "medida de segurança" foi tomada para evitar que "cartuchos maliciosos", que pudessem comprometer os equipamentos, pudessem ser instalados. 

Como nada disso colou, a HP acabou liberando uma atualização que removeu o update malvado, apenas para fazer tudo de novo em 2017, 2018, 2019 e 2020, sempre sincronizando o disparo do malware com a volta às aulas. 

Rir é o melhor remédio

 


14 novembro 2020

Entendo o caso da auditoria de empresas Chinesas


Uma das “brigas” na contabilidade atual é a questão da fiscalização dos trabalhos de auditoria de empresas chinesas com ações negociadas em uma bolsa de valores dos Estados Unidos. 

Tudo começou com a crise da empresa Enron, em 2001. Para evitar uma nova crise, que abalou a confiança do mercado no trabalho de auditoria nos Estados Unidos, o legislativo, sob o comando de Sarbanes e Oxley, fizeram uma reforma. Esta nova regra, conhecida como lei Sarbanes-Oxley ou lei Sarbox, criou o PCAOB, que faria a supervisão independente das empresas de auditoria, com inspeções rotineiras. Pela lei, todas empresas listadas em uma bolsa nos Estados Unidos deveria ser auditada por uma empresa registrada no PCAOB.  

Algumas empresas chinesas, ou com sede em paraísos fiscais mas com capital chinês na sua origem, poderiam ser inspecionadas. O governo chinês negou que inspetores do PCAOB cumprissem a lei. A China argumentava que a contabilidade de empresas chinesas seria “segredo de estado”. Além disto, o governo forçou que as grandes empresas de auditoria cedessem o controle das filiais chinesas para os chineses. Finalmente, no início de 2020, formalizou-se a proibição de cooperação com reguladores estrangeiros.  

Tudo isto faz com que a qualidade das demonstrações contábeis de empresas chinesas seja questionável. Não se sabe como os auditores trabalham na China. Isto atinge, inclusive, empresas multinacionais, que possuem negócios no país asiático. O laço entre os controladores das empresas com o poder na China torna tudo mais complicado; muitas empresas são instrumentos do governo chinês, conforme diversas denúncias. 

O pouco que se sabe é que a qualidade das demonstrações das empresas é ruim. O caso recente do café Luckin mostrou uma empresa que enganou facilmente seu auditor (ok, isto não é exclusividade dos chineses e Wirecard está aí para provar). E uma inspeção feita em uma auditoria realizada pela Marcum LLP também mostrou isto. Além disto, a atitude do governo chinês, que impõe uma regra tão rígida para todas as empresas, é um indicativo deste ponto.  

Leia mais aqui , incluindo o caso da Marcum

Cartoon via aqui

Golpe do namoro on-line

Saiu no The New York Times uma manchete me chamou a atenção por ter relação com um livro que estou lendo atualmente, que fala sobre golpes. O título traduzido da postagem é algo como “como me envolvi em um golpe romântico mundial”.

A história resumida é a seguinte: o Michael, que escreve o texto, recebeu mensagens no Instagram o alertando que a sua foto estava sendo utilizada em um golpe. As mulheres explicaram que conheceram online a pessoa alegando ser ele, se apaixonaram e o golpista eventualmente solicitou dinheiro.

Com isso, o Michael percebeu que as fotos dele estavam circulando em vários lugares, em diferentes tipos de perfis: um corretor de bolsa de Chicago, um policial florestal de Oregon, um passeador de cães que se chamava Larry. Ele não tinha controle sobre isso.

Uma das pessoas que o contatou repassou um número de WhatsApp e o Michael entrou em contato com o golpista. Conversa vai, conversa vem, ele convenceu o golpista que ele era o verdadeiro Michael. O golpista então explicou que com a pandemia perdeu o emprego e precisava sustentar a família. Essa foi uma forma que ele encontrou de tentar conseguir dinheiro, mas segundo ele, não deu certo. A parte que me surpreendeu na história? O golpista é brasileiro. E pra piorar a história, tentou convencer o Michael com a conversa triste dele e também pediu dinheiro! O Michael se dispôs a doar US$ 25 pra ele, que ele achou pouco.

Segundo o FBI essa é uma das formas mais comuns de fraude online. Está cada dia mais fácil pedir dinheiro para estranhos e esta semana mesmo recebi uma mensagem de alguém bem aleatório no WhatsApp me solicitando uma transferência bancária. (Aqui vale ressaltar que a principal dica para que o seu whatsapp não seja clonado é a verificação em duas etapas.)

É triste quando vemos brasileiros fazendo parte de histórias como essa.