28 fevereiro 2015
Fato da Semana: Nota da Petrobras (Semana 9 de 2015)
Fato da Semana: A agência de classificação de risco de crédito Moody´s reduziu a nota da empresa Petrobras. Isto significa dizer que a empresa terá mais dificuldade de captar recursos, confirmando a percepção de que será necessário muito esforço para sair da atual situação. Este fato afetou o preço da ação da empresa, além de ter incentivado a discussão sobre a demonstração contábil do terceiro trimestre, que ainda não teve a assinatura do auditor. Também permanecem em aberto a questão do valor da propina e a baixa contábil decorrente.
Qual a relevância disto? É bem verdade que as agências de classificação de crédito são lentas e cometem muitos enganos. Também existe a acusação que a Moody´s não analisou adequadamente a situação da Petrobras, uma empresa com uma perspectiva na área operacional no mínimo regular. Talvez a Moody´s tivesse que esperar a apresentação das demonstrações contábeis.
Por outro lado, o mercado já sinalizava que a situação da Petrobras era ruim. O controlador permaneceu impassível durante muito tempo e quando agiu a alteração da direção não foi suficiente para reestabelecer à confiança. Além disto, deverá haver uma amortização, sendo que a direção anterior sinalizou um valor de 88 bilhões de reais e atual disse que este valor é excessivo e incorreto. Em suma, a situação da empresa é ruim e somente agora a Moody´s notou isto.
Qualquer que seja a opinião, a notícia da redução da nota trouxe uma série de questionamentos sobre a passividade da direção da empresa e as difíceis alternativas existentes.
Para a contabilidade é importante dizer que geralmente a nota das agências de ratings está vinculada a índices conhecidos, como endividamento. A situação da Petrobras é boa ou ruim? A resposta esta na demonstração contábil, mesmo que não tenha a assinatura do auditor.
Positivo ou Negativo – Negativo para a Petrobras, para outras empresas brasileiras que estão sofrendo a desconfiança de outros investidores e para o país, principal controlador da empresa.
Desdobramentos – Temos três grandes agências de ratings. Uma delas rebaixou a Petrobras. A questão é saber se as outras também seguirão na nesta direção. Arrisco a dizer que sim, já que as opções da Petrobras não são fáceis e a administração não parece preparada para enfrentar.
Qual a relevância disto? É bem verdade que as agências de classificação de crédito são lentas e cometem muitos enganos. Também existe a acusação que a Moody´s não analisou adequadamente a situação da Petrobras, uma empresa com uma perspectiva na área operacional no mínimo regular. Talvez a Moody´s tivesse que esperar a apresentação das demonstrações contábeis.
Por outro lado, o mercado já sinalizava que a situação da Petrobras era ruim. O controlador permaneceu impassível durante muito tempo e quando agiu a alteração da direção não foi suficiente para reestabelecer à confiança. Além disto, deverá haver uma amortização, sendo que a direção anterior sinalizou um valor de 88 bilhões de reais e atual disse que este valor é excessivo e incorreto. Em suma, a situação da empresa é ruim e somente agora a Moody´s notou isto.
Qualquer que seja a opinião, a notícia da redução da nota trouxe uma série de questionamentos sobre a passividade da direção da empresa e as difíceis alternativas existentes.
Para a contabilidade é importante dizer que geralmente a nota das agências de ratings está vinculada a índices conhecidos, como endividamento. A situação da Petrobras é boa ou ruim? A resposta esta na demonstração contábil, mesmo que não tenha a assinatura do auditor.
Positivo ou Negativo – Negativo para a Petrobras, para outras empresas brasileiras que estão sofrendo a desconfiança de outros investidores e para o país, principal controlador da empresa.
Desdobramentos – Temos três grandes agências de ratings. Uma delas rebaixou a Petrobras. A questão é saber se as outras também seguirão na nesta direção. Arrisco a dizer que sim, já que as opções da Petrobras não são fáceis e a administração não parece preparada para enfrentar.
O que vem pela frente para as economias da América Latina?
O que vem pela frente para as economias da América Latina?Ilan GoldfajnItau Macroeconomia
Seis anos se passaram desde a última crise financeira global. O pior ficou para trás, mas a normalidade ainda não foi restaurada. Os EUA tem conseguido sustentar taxas robustas de crescimento e criar empregos, mas a expansão de salários e a inflação ainda estão baixas e dúvidas em relação a uma estagnação secular persistem. A Zona do Euro evitou um colapso, mas está apresentando dificuldades para sustentar níveis moderados de crescimento. O Japão renovou esforços para combater a deflação, com resultados mistos até agora. O juro básico segue próximo de zero nos EUA. A expansão monetária ainda está sendo implementada na Europa e no Japão.
A China se recuperou rapidamente da crise financeira global, com forte estímulo do governo, em sua maioria medidas parafiscais. Mas as políticas de estímulo criaram distorções: as taxas de investimento, já acima do desejado, aumentaram ainda mais. A capacidade ociosa se acumulou em diversos setores. Hoje a China cresce bem menos e a desaceleração é estrutural, na medida em que as autoridades buscam reequilibrar o crescimento: menos investimento, mais consumo e, talvez, menos danos ao meio ambiente. Em suma, crescimento econômico menor, porém mais equilibrado.
O banco central americano está removendo gradualmente o estímulo monetário implementado durante a crise. À medida em que os juros sobem nos EUA, os títulos de mercados emergentes ficam menos atraentes. A liquidez vai ficar mais cara e os países latino-americanos enfrentarão condições financeiras externas mais apertadas.
Um novo quadro global desponta no horizonte: os EUA estão prestes a iniciar um ciclo de aperto monetário e o crescimento chinês continuará se desacelerando. O que isso significa para a América Latina? Em alguns aspectos, isso significa um ambiente mais desafiador e arriscado para o crescimento adiante.
Os fundamentos vão distinguir os países
O investimento na região é parcialmente financiado pela poupança externa, como mostram os déficits em conta corrente moderados, porém generalizados. Até agora, investidores em busca de rendimentos mais elevados têm estado dispostos a financiar economias emergentes, mas na medida em que os retornos dos títulos americanos subam, isso pode mudar. A disponibilidade de poupança externa vai diminuir. Para manter os níveis atuais de investimento, a poupança interna precisará aumentar.
Os preços das commodities deixarão de jogar a favor dos investimentos nos países latino-americanos. Na última década, os termos de troca na América Latina melhoraram à medida que a urbanização na China impulsionou a demanda por commodities. Termos de troca mais robustos ajudaram a impulsionar o investimento nesta região de baixa poupança. Com o arrefecimento dos investimentos na China, os preços das commodities serão mais baixos do que no passado. A região enfrentará termos de troca menos benignos adiante.
Assim, as condições globais para o investimento serão mais difíceis. Para continuar crescendo, as economias latino-americanas precisarão ganhar produtividade. Chile, Colômbia e Peru se destacam devido ao bom ambiente institucional, à abertura ao comércio internacional e reformas. O processo de reformas e a recuperação dos EUA podem elevar as taxas de crescimento no México. Já a Argentina precisará corrigir políticas micro e macroeconômicas para alcançar taxas de crescimento maiores e controlar a inflação.
No Brasil, há desafios pela frente. A inflação está próxima do teto da meta e os déficits fiscais em termos nominais estão elevados. Além dos desequilíbrios macroeconômicos, persistem os problemas estruturais, como falta de infraestrutura adequada e excesso de burocracia. Restaurar a confiança e implantar reformas é necessário para o País voltar a crescer a taxas altas.
Ambiente mais arriscado para a América Latina
A princípio, a normalização da política monetária nas economias desenvolvidas será suave. Porém, na prática, problemas podem ocorrer — e geralmente são imprevisíveis. A história ensina que longos períodos de política monetária frouxa são frequentemente seguidos por volatilidade financeira e econômica.
Algumas commodities essenciais sofreram recentemente acentuadas quedas de preços, como petróleo, minério de ferro e soja. Os preços mais baixos e voláteis das commodities são uma tendência? Ainda é cedo para tirar conclusões, mas esta certamente é uma possibilidade. A oferta reagiu, com grande defasagem, aos preços elevados praticados nos últimos anos. E agora a China cresce mais lentamente do que no passado.
Independentemente dos fundamentos ou das políticas macroeconômicas domésticas, existe uma tendência comum entre os exportadores de commodities da região: a regra é a desaceleração do crescimento. Isso se aplica à Argentina, Brasil, Chile, Peru e Venezuela. Evidentemente, os fundamentos fazem a diferença: Chile, Colômbia e Peru crescem mais rapidamente do que os outros países. A Argentina enfrenta uma recessão dura e o Brasil está no meio do caminho. O México pertence a outra categoria, por não ser um exportador de commodities e sim um exportador de manufaturados para os EUA.
O ambiente global tornou-se mais arriscado. Os países latino-americanos estão preparados para repentinas fugas de capital? E para preços de commodities mais baixos e possivelmente mais voláteis? A resposta a ambas as perguntas é: mais preparados agora do que no passado. Por quê?
Diversos países da região aproveitaram os anos de ambiente global favorável para aprimorar os fundamentos domésticos. As posições externas ficaram bem mais resistentes. A dívida pública foi reduzida e sua composição se tornou bem mais saudável. Regimes de metas de inflação foram implantados com sucesso, permitindo que as taxas de câmbio absorvam choques vindos de fora. A melhora dos fundamentos macroeconômicos criou espaço para enfrentamento do ambiente externo mais difícil com políticas anticíclicas. Chile, Colômbia, México e Peru se encaixam nessa categoria.
A dívida de curto prazo hoje representa uma parcela pequena das obrigações externas. A maior parte das obrigações é denominada em moeda local, uma vez que investimentos diretos e em carteira representam a maioria dos influxos estrangeiros nos países da América Latina. Além disso, os bancos centrais acumularam reservas internacionais durante o período de bonança, de forma que muitos governos agora são credores líquidos em dólar. As taxas de câmbio retomaram seu papel de garantir o equilíbrio do balanço de pagamentos.
A dívida pública como percentual do PIB recuou significativamente e seu perfil também melhorou: os prazos da dívida se alongaram e a parcela de dívidas denominadas em dólares diminuiu substancialmente. Em alguns países, houve progresso no arcabouço de política fiscal. Os governos começaram a implantar regras fiscais anticíclicas em vez de buscar um nível específico de saldo orçamentário.
Os anos de liquidez global também permitiram aumento da taxa de investimento naqueles países que usaram as condições positivas a seu favor. Nesse contexto, destacam-se Colômbia e Peru, que aumentaram de forma significativa suas taxas de investimento, para níveis maiores do que os observados em seus pares. Ao mesmo tempo, os níveis de investimento na Argentina aumentaram, mas continuam relativamente baixos, enquanto no Brasil a taxa de investimento permaneceu praticamente estável.
A política monetária ganhou mais credibilidade. Os bancos centrais evoluíram de regimes de câmbio fixo para regimes de metas de inflação. As expectativas de inflação são ancoradas na meta de inflação e não na taxa de câmbio. Assim, o repasse da variação cambial à inflação diminuiu bastante. Esses ganhos de credibilidade permitem o uso de política monetária anticíclica.
No entanto, alguns países da região estão em posição pior. Nos anos de bonança, as políticas fiscais e monetárias foram extremamente expansivas e, juntamente com regimes de câmbio fixo, levaram a grandes desequilíbrios internos e externos. Argentina e Venezuela estão nessa categoria.
Ilan Goldfajn
Felipe Salles
Pesquisa macroeconômica - Itaú
Ilan Goldfajn - Economista-Chefe
Seis anos se passaram desde a última crise financeira global. O pior ficou para trás, mas a normalidade ainda não foi restaurada. Os EUA tem conseguido sustentar taxas robustas de crescimento e criar empregos, mas a expansão de salários e a inflação ainda estão baixas e dúvidas em relação a uma estagnação secular persistem. A Zona do Euro evitou um colapso, mas está apresentando dificuldades para sustentar níveis moderados de crescimento. O Japão renovou esforços para combater a deflação, com resultados mistos até agora. O juro básico segue próximo de zero nos EUA. A expansão monetária ainda está sendo implementada na Europa e no Japão.
A China se recuperou rapidamente da crise financeira global, com forte estímulo do governo, em sua maioria medidas parafiscais. Mas as políticas de estímulo criaram distorções: as taxas de investimento, já acima do desejado, aumentaram ainda mais. A capacidade ociosa se acumulou em diversos setores. Hoje a China cresce bem menos e a desaceleração é estrutural, na medida em que as autoridades buscam reequilibrar o crescimento: menos investimento, mais consumo e, talvez, menos danos ao meio ambiente. Em suma, crescimento econômico menor, porém mais equilibrado.
O banco central americano está removendo gradualmente o estímulo monetário implementado durante a crise. À medida em que os juros sobem nos EUA, os títulos de mercados emergentes ficam menos atraentes. A liquidez vai ficar mais cara e os países latino-americanos enfrentarão condições financeiras externas mais apertadas.
Um novo quadro global desponta no horizonte: os EUA estão prestes a iniciar um ciclo de aperto monetário e o crescimento chinês continuará se desacelerando. O que isso significa para a América Latina? Em alguns aspectos, isso significa um ambiente mais desafiador e arriscado para o crescimento adiante.
Os fundamentos vão distinguir os países
O investimento na região é parcialmente financiado pela poupança externa, como mostram os déficits em conta corrente moderados, porém generalizados. Até agora, investidores em busca de rendimentos mais elevados têm estado dispostos a financiar economias emergentes, mas na medida em que os retornos dos títulos americanos subam, isso pode mudar. A disponibilidade de poupança externa vai diminuir. Para manter os níveis atuais de investimento, a poupança interna precisará aumentar.
Os preços das commodities deixarão de jogar a favor dos investimentos nos países latino-americanos. Na última década, os termos de troca na América Latina melhoraram à medida que a urbanização na China impulsionou a demanda por commodities. Termos de troca mais robustos ajudaram a impulsionar o investimento nesta região de baixa poupança. Com o arrefecimento dos investimentos na China, os preços das commodities serão mais baixos do que no passado. A região enfrentará termos de troca menos benignos adiante.
Assim, as condições globais para o investimento serão mais difíceis. Para continuar crescendo, as economias latino-americanas precisarão ganhar produtividade. Chile, Colômbia e Peru se destacam devido ao bom ambiente institucional, à abertura ao comércio internacional e reformas. O processo de reformas e a recuperação dos EUA podem elevar as taxas de crescimento no México. Já a Argentina precisará corrigir políticas micro e macroeconômicas para alcançar taxas de crescimento maiores e controlar a inflação.
No Brasil, há desafios pela frente. A inflação está próxima do teto da meta e os déficits fiscais em termos nominais estão elevados. Além dos desequilíbrios macroeconômicos, persistem os problemas estruturais, como falta de infraestrutura adequada e excesso de burocracia. Restaurar a confiança e implantar reformas é necessário para o País voltar a crescer a taxas altas.
Ambiente mais arriscado para a América Latina
A princípio, a normalização da política monetária nas economias desenvolvidas será suave. Porém, na prática, problemas podem ocorrer — e geralmente são imprevisíveis. A história ensina que longos períodos de política monetária frouxa são frequentemente seguidos por volatilidade financeira e econômica.
Algumas commodities essenciais sofreram recentemente acentuadas quedas de preços, como petróleo, minério de ferro e soja. Os preços mais baixos e voláteis das commodities são uma tendência? Ainda é cedo para tirar conclusões, mas esta certamente é uma possibilidade. A oferta reagiu, com grande defasagem, aos preços elevados praticados nos últimos anos. E agora a China cresce mais lentamente do que no passado.
Independentemente dos fundamentos ou das políticas macroeconômicas domésticas, existe uma tendência comum entre os exportadores de commodities da região: a regra é a desaceleração do crescimento. Isso se aplica à Argentina, Brasil, Chile, Peru e Venezuela. Evidentemente, os fundamentos fazem a diferença: Chile, Colômbia e Peru crescem mais rapidamente do que os outros países. A Argentina enfrenta uma recessão dura e o Brasil está no meio do caminho. O México pertence a outra categoria, por não ser um exportador de commodities e sim um exportador de manufaturados para os EUA.
O ambiente global tornou-se mais arriscado. Os países latino-americanos estão preparados para repentinas fugas de capital? E para preços de commodities mais baixos e possivelmente mais voláteis? A resposta a ambas as perguntas é: mais preparados agora do que no passado. Por quê?
Diversos países da região aproveitaram os anos de ambiente global favorável para aprimorar os fundamentos domésticos. As posições externas ficaram bem mais resistentes. A dívida pública foi reduzida e sua composição se tornou bem mais saudável. Regimes de metas de inflação foram implantados com sucesso, permitindo que as taxas de câmbio absorvam choques vindos de fora. A melhora dos fundamentos macroeconômicos criou espaço para enfrentamento do ambiente externo mais difícil com políticas anticíclicas. Chile, Colômbia, México e Peru se encaixam nessa categoria.
A dívida de curto prazo hoje representa uma parcela pequena das obrigações externas. A maior parte das obrigações é denominada em moeda local, uma vez que investimentos diretos e em carteira representam a maioria dos influxos estrangeiros nos países da América Latina. Além disso, os bancos centrais acumularam reservas internacionais durante o período de bonança, de forma que muitos governos agora são credores líquidos em dólar. As taxas de câmbio retomaram seu papel de garantir o equilíbrio do balanço de pagamentos.
A dívida pública como percentual do PIB recuou significativamente e seu perfil também melhorou: os prazos da dívida se alongaram e a parcela de dívidas denominadas em dólares diminuiu substancialmente. Em alguns países, houve progresso no arcabouço de política fiscal. Os governos começaram a implantar regras fiscais anticíclicas em vez de buscar um nível específico de saldo orçamentário.
Os anos de liquidez global também permitiram aumento da taxa de investimento naqueles países que usaram as condições positivas a seu favor. Nesse contexto, destacam-se Colômbia e Peru, que aumentaram de forma significativa suas taxas de investimento, para níveis maiores do que os observados em seus pares. Ao mesmo tempo, os níveis de investimento na Argentina aumentaram, mas continuam relativamente baixos, enquanto no Brasil a taxa de investimento permaneceu praticamente estável.
A política monetária ganhou mais credibilidade. Os bancos centrais evoluíram de regimes de câmbio fixo para regimes de metas de inflação. As expectativas de inflação são ancoradas na meta de inflação e não na taxa de câmbio. Assim, o repasse da variação cambial à inflação diminuiu bastante. Esses ganhos de credibilidade permitem o uso de política monetária anticíclica.
No entanto, alguns países da região estão em posição pior. Nos anos de bonança, as políticas fiscais e monetárias foram extremamente expansivas e, juntamente com regimes de câmbio fixo, levaram a grandes desequilíbrios internos e externos. Argentina e Venezuela estão nessa categoria.
Ilan Goldfajn
Felipe Salles
Pesquisa macroeconômica - Itaú
Ilan Goldfajn - Economista-Chefe
27 fevereiro 2015
Som da Sexta - Noura Mint Seymali
Noura Mint Seymali, cantora africana da Mauritânia, é autora de um dos melhores discos de rock do ano passado:
Noura Mint Seymali is one of Mauritania's young celebrities, a griot from a celebrated musical family, who started out as a backing vocalist for her celebrated stepmother, Dimi Mint Abba, and has now developed an exuberant, full-tilt style of her own. She accompanies herself on the ardine, the nine-stringed harp traditionally played only by women, but the songs are dominated by the furious, stuttering electric guitar work of her husband Jeiche Ould Chighaly, who is also an exponent of the traditional, guitar-like tidinet. This is an album of gutsy, declamatory playing and singing, from the slow and then exuberant traditional love song El Barm to the powerful, chanting Tikifite, a Dimi Mint Abba favourite. Impressive – but a little more variety in the arrangements would have been welcome.
Noura Mint Seymali is one of Mauritania's young celebrities, a griot from a celebrated musical family, who started out as a backing vocalist for her celebrated stepmother, Dimi Mint Abba, and has now developed an exuberant, full-tilt style of her own. She accompanies herself on the ardine, the nine-stringed harp traditionally played only by women, but the songs are dominated by the furious, stuttering electric guitar work of her husband Jeiche Ould Chighaly, who is also an exponent of the traditional, guitar-like tidinet. This is an album of gutsy, declamatory playing and singing, from the slow and then exuberant traditional love song El Barm to the powerful, chanting Tikifite, a Dimi Mint Abba favourite. Impressive – but a little more variety in the arrangements would have been welcome.
Por que o Brasil cresce tão pouco em relação a outros emergentes?
Edmar Bacha - Phd em Yale- Folha de São Paulo
Podemos reparar que quase tudo em nossas casas é feito no Brasil: material de construção, móveis, eletrodomésticos, roupas, comida.
O raro produto importado é comprado a preços surreais. Isso nos parece natural. O espanto ocorre quando viajamos ao exterior e nos deparamos, nas lojas dos EUA e da Europa, com a grande quantidade de produtos fabricados em outros países e com a ausência quase completa de produtos made in Brazil.
Como me disse minha neta Luiza, de nove anos, em sua primeira viagem a Nova York: "Vovô, aqui tudo é bom e barato. Por que não é assim também no Brasil?".
Dedico a ela este texto, na expectativa de que o possa ler daqui a alguns anos com a mesma perplexidade com que os jovens hoje em dia nos escutam contar como era a hiperinflação antes do Real.
Robert Solow, Prêmio Nobel de Economia, é seguramente um dos economistas mais admirados do mundo. Em entrevista recente, disse não acreditar na estagnação da economia mundial.
E explicou: "A chave são economias como a Rússia, a Índia, a China, o Brasil. Nelas, as indústrias ainda têm que se modernizar para chegar ao nível de avanço tecnológico em que a Europa e a América do Norte já estão. Temos que esperar que essa convergência ocorra. Se não ocorrer, será provavelmente por razões políticas, e não por razões econômicas. Deixando a política de lado, sobre a qual é difícil dizer qualquer coisa inteligente, há ainda muito espaço para essa modernização".
Infelizmente, no Brasil não podemos deixar a política de lado, pois são inúmeros os impedimentos que ela coloca para a modernização. Eles incluem absurdos como a nomeação para ministro da Ciência e Tecnologia do ex-deputado Aldo Rebelo, que apresentou projeto de lei para proibir a adoção de novas tecnologias no setor público. Passam pela bizarrice da tomada de três pontos. E atingem o trágico com os escândalos em série na Petrobras, que revelam o extraordinário poder corruptor de uma política industrial baseada no monopólio estatal, na reserva de mercado e no conteúdo nacional.
São exemplos extremos de políticas de isolamento do país ao comércio internacional, que também se expressam na ausência de acordos comerciais com os países desenvolvidos, na atração das multinacionais para explorar o mercado interno, mas não para exportar a partir do Brasil, na paralisante burocracia portuária e alfandegária, nas altas tarifas aos importados, nas exageradas margens de preferência para as compras governamentais de produtos locais, nas políticas de adensamento produtivo (nome novo para a velha substituição de importações).
Disso tende a resultar uma taxa de câmbio supervalorizada que dificulta ainda mais as exportações e reduz a competitividade dos produtores brasileiros. Paradoxalmente, essa supervalorização fornece justificativa para o próprio protecionismo que está na raiz do câmbio valorizado.
Quando expressa sua confiança em que os emergentes atingirão o nível de renda per capita dos países hoje desenvolvidos, Robert Solow nos fala dos benefícios da interconexão entre as economias.
Da maior importância para o crescimento da produtividade nesses países são o acesso a novas tecnologias, produtos e insumos, as economias de escala que se obtêm num mercado ampliado e as reduções de custo que resultam da maior concorrência entre as empresas.
Não se trata apenas de teoria. Os países que conseguiram entrar para o Primeiro Mundo após a Segunda Guerra Mundial o fizeram com uma forte integração comercial com os países mais ricos.
Foi esse o caso de Israel e dos tigres asiáticos (Coreia do Sul, Cingapura, Hong Kong e Taiwan), cuja integração se baseou na exportação de produtos industriais.
Foi esse o caso da periferia da Europa (Portugal, Espanha, Grécia e Irlanda), com exportações predominantemente de serviços. Foi esse também o caso da Austrália, da Nova Zelândia e da Noruega, cujas exportações são principalmente de produtos primários.
Não se conclua que o comércio internacional só beneficia países pequenos. Há também o exemplo da China, que renasceu a partir da década de 1980 com a decisão de Deng Xiaoping de abandonar o isolacionismo maoista e abrir o país para o comércio e o investimento estrangeiro.
Em contraste, o Brasil se mantém como uma das economias mais fechadas ao comércio internacional. Somos o último da fila, com a menor participação do comércio exterior no PIB entre os 179 países para os quais o Banco Mundial tem dados.
Não é porque sejamos um país grande. Os seis países maiores (EUA, China, Alemanha, Japão, França e Reino Unido) são também os seis maiores exportadores. O Brasil é apenas o 22º maior exportador. Temos 3,3% do PIB mundial, mas nossas exportações representam apenas 1,3% do total mundial.
Caso exemplar é a indústria automobilística brasileira. Protegida há seis décadas, mal exporta para nossos vizinhos. Em contraste, fábricas mexicanas, que produzem duas vezes mais por trabalhador, exportam para o lucrativo mercado americano e participam ativamente das cadeias globais de valor.
Com esse isolamento comercial, não é de estranhar que, além de baixa, a produtividade cresça pouco. Nos últimos 33 anos, a produtividade do trabalho no Brasil cresceu um minúsculo 0,3% ao ano, nos condenando a permanecer como um país de renda média. Enquanto isso, os demais emergentes vão nos ultrapassando, um a um.
Em entrevista recente, Ricardo Paes de Barros, ex-subsecretário da Secretaria de Assuntos Estratégicos, diz: "São mais de 500 políticas voltadas a elevar a produtividade...Então, não é falta de política, é preciso analisar melhor por qual motivo essas políticas não estão tendo o impacto que gostaríamos que elas tivessem".
A razão parece clara diante do que expus. As empresas no Brasil não têm motivos para aumentar a produtividade. Por um lado, são forçadas a comprar localmente insumos caros e obsoletos. Por outro, vendem seus produtos quase que só dentro do país, em mercados protegidos e com diminuta concorrência. Por isso o Brasil cresce tão pouco em relação a outros emergentes.
Podemos reparar que quase tudo em nossas casas é feito no Brasil: material de construção, móveis, eletrodomésticos, roupas, comida.
O raro produto importado é comprado a preços surreais. Isso nos parece natural. O espanto ocorre quando viajamos ao exterior e nos deparamos, nas lojas dos EUA e da Europa, com a grande quantidade de produtos fabricados em outros países e com a ausência quase completa de produtos made in Brazil.
Como me disse minha neta Luiza, de nove anos, em sua primeira viagem a Nova York: "Vovô, aqui tudo é bom e barato. Por que não é assim também no Brasil?".
Dedico a ela este texto, na expectativa de que o possa ler daqui a alguns anos com a mesma perplexidade com que os jovens hoje em dia nos escutam contar como era a hiperinflação antes do Real.
Robert Solow, Prêmio Nobel de Economia, é seguramente um dos economistas mais admirados do mundo. Em entrevista recente, disse não acreditar na estagnação da economia mundial.
E explicou: "A chave são economias como a Rússia, a Índia, a China, o Brasil. Nelas, as indústrias ainda têm que se modernizar para chegar ao nível de avanço tecnológico em que a Europa e a América do Norte já estão. Temos que esperar que essa convergência ocorra. Se não ocorrer, será provavelmente por razões políticas, e não por razões econômicas. Deixando a política de lado, sobre a qual é difícil dizer qualquer coisa inteligente, há ainda muito espaço para essa modernização".
Infelizmente, no Brasil não podemos deixar a política de lado, pois são inúmeros os impedimentos que ela coloca para a modernização. Eles incluem absurdos como a nomeação para ministro da Ciência e Tecnologia do ex-deputado Aldo Rebelo, que apresentou projeto de lei para proibir a adoção de novas tecnologias no setor público. Passam pela bizarrice da tomada de três pontos. E atingem o trágico com os escândalos em série na Petrobras, que revelam o extraordinário poder corruptor de uma política industrial baseada no monopólio estatal, na reserva de mercado e no conteúdo nacional.
São exemplos extremos de políticas de isolamento do país ao comércio internacional, que também se expressam na ausência de acordos comerciais com os países desenvolvidos, na atração das multinacionais para explorar o mercado interno, mas não para exportar a partir do Brasil, na paralisante burocracia portuária e alfandegária, nas altas tarifas aos importados, nas exageradas margens de preferência para as compras governamentais de produtos locais, nas políticas de adensamento produtivo (nome novo para a velha substituição de importações).
Disso tende a resultar uma taxa de câmbio supervalorizada que dificulta ainda mais as exportações e reduz a competitividade dos produtores brasileiros. Paradoxalmente, essa supervalorização fornece justificativa para o próprio protecionismo que está na raiz do câmbio valorizado.
Quando expressa sua confiança em que os emergentes atingirão o nível de renda per capita dos países hoje desenvolvidos, Robert Solow nos fala dos benefícios da interconexão entre as economias.
Da maior importância para o crescimento da produtividade nesses países são o acesso a novas tecnologias, produtos e insumos, as economias de escala que se obtêm num mercado ampliado e as reduções de custo que resultam da maior concorrência entre as empresas.
Não se trata apenas de teoria. Os países que conseguiram entrar para o Primeiro Mundo após a Segunda Guerra Mundial o fizeram com uma forte integração comercial com os países mais ricos.
Foi esse o caso de Israel e dos tigres asiáticos (Coreia do Sul, Cingapura, Hong Kong e Taiwan), cuja integração se baseou na exportação de produtos industriais.
Foi esse o caso da periferia da Europa (Portugal, Espanha, Grécia e Irlanda), com exportações predominantemente de serviços. Foi esse também o caso da Austrália, da Nova Zelândia e da Noruega, cujas exportações são principalmente de produtos primários.
Não se conclua que o comércio internacional só beneficia países pequenos. Há também o exemplo da China, que renasceu a partir da década de 1980 com a decisão de Deng Xiaoping de abandonar o isolacionismo maoista e abrir o país para o comércio e o investimento estrangeiro.
Em contraste, o Brasil se mantém como uma das economias mais fechadas ao comércio internacional. Somos o último da fila, com a menor participação do comércio exterior no PIB entre os 179 países para os quais o Banco Mundial tem dados.
Não é porque sejamos um país grande. Os seis países maiores (EUA, China, Alemanha, Japão, França e Reino Unido) são também os seis maiores exportadores. O Brasil é apenas o 22º maior exportador. Temos 3,3% do PIB mundial, mas nossas exportações representam apenas 1,3% do total mundial.
Caso exemplar é a indústria automobilística brasileira. Protegida há seis décadas, mal exporta para nossos vizinhos. Em contraste, fábricas mexicanas, que produzem duas vezes mais por trabalhador, exportam para o lucrativo mercado americano e participam ativamente das cadeias globais de valor.
Com esse isolamento comercial, não é de estranhar que, além de baixa, a produtividade cresça pouco. Nos últimos 33 anos, a produtividade do trabalho no Brasil cresceu um minúsculo 0,3% ao ano, nos condenando a permanecer como um país de renda média. Enquanto isso, os demais emergentes vão nos ultrapassando, um a um.
Em entrevista recente, Ricardo Paes de Barros, ex-subsecretário da Secretaria de Assuntos Estratégicos, diz: "São mais de 500 políticas voltadas a elevar a produtividade...Então, não é falta de política, é preciso analisar melhor por qual motivo essas políticas não estão tendo o impacto que gostaríamos que elas tivessem".
A razão parece clara diante do que expus. As empresas no Brasil não têm motivos para aumentar a produtividade. Por um lado, são forçadas a comprar localmente insumos caros e obsoletos. Por outro, vendem seus produtos quase que só dentro do país, em mercados protegidos e com diminuta concorrência. Por isso o Brasil cresce tão pouco em relação a outros emergentes.
Efeito secundário (e importante) da nova nota da Petrobras
A empresa Petrobras teve sua nota reduzida em dois níveis pela agência Moody´s. Uma implicação direta é que a empresa terá que captar recursos num nível de juros acima daquele que está acostumada. Taxa de juros maiores é sinal de aumento na despesa financeira, com reflexo de médio e longo prazo no resultado da empresa. Ou seja, os efeitos da situação da empresa estenderão em enormes prestações mensais.
Assim como o ativo deve ser avaliado parcialmente pelo valor justo a partir do teste de impairment, o mesmo também ocorre com o passivo. Segundo dados da empresa, no famigerado terceiro balanço trimestral de 2014 publicado em janeiro deste ano, a taxa de juros média da empresa é de 4,90% ao ano. Isto é resultado da ponderação entre a grande quantidade de fontes de financiamento que a empresa possui, cada um nas mais diversas condições, incluindo diferentes formas de cálculo da taxa, moeda do empréstimo, garantias etc. Ou seja, esta média do custo dos recursos de terceiros é um cálculo bastante simples dos juros que a empresa praticava até setembro de 2014. A mesma informação informava que em média o prazo dos empréstimos era de 6,26 anos. Com efeito, a maior parte do empréstimo irá vencer após 2019, nas condições existentes então.
Quando isto acontece, o valor dos passivos muda, mais especificamente, diminui. Esta redução irá afetar o resultado da Petrobras com o sinal positivo. (Para aqueles que duvidam, consulte o capítulo de Passivo do livro de Teoria da Contabilidade, co-autoria com Jorge Katsumi)
Mas qual o efeito disto? Obviamente que um cálculo preciso deve ser feito com cada empréstimo. Aqui iremos dar uma noção deste efeito. Vamos partir da suposição do empréstimo com taxa de 4,90% e prazo médio de 6,26 anos. No final de setembro a empresa tinha 332 bilhões de reais em financiamentos, de curto e longo prazo.
Para determinar o efeito do rebaixamento é necessário estimar o efeito sobre a taxa de juros. Como a empresa foi rebaixada dois níveis, consideramos que isto significa dois pontos percentuais na taxa de juros (segundo aqui). Como a perspectiva é de baixa, este valor pode estar subestimado.
Usando 332 bilhões como valor presente, o prazo de 6,26 anos e taxa de 4,90% o valor futuro é de 447 bilhões. Basta colocar numa planilha eletrônica a função “Valor Futuro”. Depois disto, trazemos a valor presente os 447 bilhões usando a taxa de 6,90% (a taxa original mais dois por cento). Usando uma função de “valor presente” de uma planilha temos um valor 295 bilhões. A diferença entre este valor e os 332 bilhões. Ou seja, o rebaixamento poderá gerar um resultado positivo de 37 bilhões de reais.
Este valor tem alguns problemas:
Simplificação – adotamos um cálculo geral, usando uma taxa média e prazo médio. O ideal seria fazer um cálculo por cada tipo de empréstimo.
Efeito na taxa de juros – A nova nota da empresa irá provocar efeitos sobre a taxa de juros. Consideramos um efeito de dois pontos percentuais. Observe que o governo considerou a nova nota um equivoco. Aceitando os argumentos do governo podemos dizer que este aumento na taxa de juros seria exagerado. Além disto, o governo pode usar seus recursos para substituir estes empréstimos, reduzindo este efeito. Mas por outro lado, se a situação da empresa continuar deteriorando o valor usado pode estar a menor.
Prazo médio – a crise recente pode encurtar o tempo médio de empréstimo já que diante do maior risco é possível que os financiadores sejam mais cautelosos. Isto tende a aumentar o valor calculado aqui.
Garantias – alguns empréstimos estão associados a garantias. Isto afeta o custo do empréstimo, que tende a ser menor. Entretanto, algumas destas garantias podem estar envolvidas nos problemas de corrupção.
Mudanças nas taxas cambiais – desde setembro de 2014 até os dias de hoje ocorreu mudanças nas taxas de câmbio. O custo médio fornecido pela empresa foi obtido com as taxas cambiais de meses atrás. A desvalorização do real pode afetar o custo do financiamento.
Assim como o ativo deve ser avaliado parcialmente pelo valor justo a partir do teste de impairment, o mesmo também ocorre com o passivo. Segundo dados da empresa, no famigerado terceiro balanço trimestral de 2014 publicado em janeiro deste ano, a taxa de juros média da empresa é de 4,90% ao ano. Isto é resultado da ponderação entre a grande quantidade de fontes de financiamento que a empresa possui, cada um nas mais diversas condições, incluindo diferentes formas de cálculo da taxa, moeda do empréstimo, garantias etc. Ou seja, esta média do custo dos recursos de terceiros é um cálculo bastante simples dos juros que a empresa praticava até setembro de 2014. A mesma informação informava que em média o prazo dos empréstimos era de 6,26 anos. Com efeito, a maior parte do empréstimo irá vencer após 2019, nas condições existentes então.
Quando isto acontece, o valor dos passivos muda, mais especificamente, diminui. Esta redução irá afetar o resultado da Petrobras com o sinal positivo. (Para aqueles que duvidam, consulte o capítulo de Passivo do livro de Teoria da Contabilidade, co-autoria com Jorge Katsumi)
Mas qual o efeito disto? Obviamente que um cálculo preciso deve ser feito com cada empréstimo. Aqui iremos dar uma noção deste efeito. Vamos partir da suposição do empréstimo com taxa de 4,90% e prazo médio de 6,26 anos. No final de setembro a empresa tinha 332 bilhões de reais em financiamentos, de curto e longo prazo.
Para determinar o efeito do rebaixamento é necessário estimar o efeito sobre a taxa de juros. Como a empresa foi rebaixada dois níveis, consideramos que isto significa dois pontos percentuais na taxa de juros (segundo aqui). Como a perspectiva é de baixa, este valor pode estar subestimado.
Usando 332 bilhões como valor presente, o prazo de 6,26 anos e taxa de 4,90% o valor futuro é de 447 bilhões. Basta colocar numa planilha eletrônica a função “Valor Futuro”. Depois disto, trazemos a valor presente os 447 bilhões usando a taxa de 6,90% (a taxa original mais dois por cento). Usando uma função de “valor presente” de uma planilha temos um valor 295 bilhões. A diferença entre este valor e os 332 bilhões. Ou seja, o rebaixamento poderá gerar um resultado positivo de 37 bilhões de reais.
Este valor tem alguns problemas:
Simplificação – adotamos um cálculo geral, usando uma taxa média e prazo médio. O ideal seria fazer um cálculo por cada tipo de empréstimo.
Efeito na taxa de juros – A nova nota da empresa irá provocar efeitos sobre a taxa de juros. Consideramos um efeito de dois pontos percentuais. Observe que o governo considerou a nova nota um equivoco. Aceitando os argumentos do governo podemos dizer que este aumento na taxa de juros seria exagerado. Além disto, o governo pode usar seus recursos para substituir estes empréstimos, reduzindo este efeito. Mas por outro lado, se a situação da empresa continuar deteriorando o valor usado pode estar a menor.
Prazo médio – a crise recente pode encurtar o tempo médio de empréstimo já que diante do maior risco é possível que os financiadores sejam mais cautelosos. Isto tende a aumentar o valor calculado aqui.
Garantias – alguns empréstimos estão associados a garantias. Isto afeta o custo do empréstimo, que tende a ser menor. Entretanto, algumas destas garantias podem estar envolvidas nos problemas de corrupção.
Mudanças nas taxas cambiais – desde setembro de 2014 até os dias de hoje ocorreu mudanças nas taxas de câmbio. O custo médio fornecido pela empresa foi obtido com as taxas cambiais de meses atrás. A desvalorização do real pode afetar o custo do financiamento.
26 fevereiro 2015
Entrevista com Sérgio Lazzarini
Estatal exige controles robustos, e privatizar também oferece riscos
eficientes, negociadas em bolsa e cumprirem objetivos sociais. O caminho
é criar regras que as protejam contra mudanças de rumo que tendem a
surgir em cada governo, bem como blindá-las contra a corrupção. PhD em
administração, o pesquisador Sergio Lazzarini, do Insper, estudou por
mais de dez anos a atuação do Estado nas empresas do Brasil e em outros
países do mundo. Ele propõe a criação de uma lei específica para
detalhar como deve ser, por exemplo, o estatuto das estatais para
proteger os acionistas contra a intervenção do governo. Defende, ainda,
regras mais claras para a indicação de conselheiros e executivos e o
reforço das agências reguladoras de cada setor.
Em relação à Petrobras, alvo dos crimes de corrupção investigados na Operação Lava-Jato, Lazzarini cita, entre outras falhas que levaram ao quadro atual, a tendência monopolista que se fortaleceu na empresa desde a descoberta do pré-sal. Como exemplos internacionais que deveriam inspirar a gestão da petrolífera, Lazzarini cita a Statoil, da Noruega, como referência em eficiência e governança corporativa. "Enquanto na Petrobras dos dez conselheiros três são independentes, na Statoil três indicados e sete são independentes. O presidente é menos indicado em função de ciclo político", diz.
Na visão do especialista, o governo Dilma interrompeu a trajetória que a Petrobras seguia, de reformas para dar mais transparência e governança à companhia.
Crítico da política de "campeões nacionais" do BNDES, Lazzarini é cético sobre perspectivas de mudanças no banco de fomento no curto prazo. "Não está claro se o Luciano Coutinho tem real convicção de que o papel do BNDES deve ser muito diferente do que foi até agora", diz Lazzarini, que também vê a escolha de Aldemir Bendine para o comando da Petrobras como um sinal não tão positivo do que deveria ser o início de um tempo de mudanças para a estatal. "Tem que colocar ali uma pessoa que seja tipo um Levy para a gestão, com outra perspectiva", diz.
No livro "Reinventando o Capitalismo de Estado", lançado no Brasil esta semana e escrito em parceria com Aldo Musacchio, professor associado da International Business School da Brandeis University, Lazzarini explica que há muito mais modelos de negócios entre o privado e o estatal do que sugerem os debates polarizados. "A privatização também tem muitos riscos. Há corrupção e problemas dos dois lados". A seguir, trechos da entrevista.
Valor: No Brasil o debate sobre privatizações é bem polarizado: quem critica a atuação do Estado geralmente defende que se privatize o máximo possível. Você concorda?
Lazzarini: Não. O que concluímos é que você pode ter estatais boas e bem geridas. Existem momentos em que nem há ambiente político para privatizar - em uma população que não é muito afeita a isso, como é o caso do Brasil-, a melhor saída é você buscar uma melhora das estatais. No livro, coletamos dados de 800 empresas negociadas em bolsa, estatais e privadas, tentando compará-las, as similares, de mesmo setor. Em geral você não vê diferenças muito grandes entre elas. Tem estatais ruins e estatais muito boas. A coisa começa a ficar mais arriscada, nas estatais, quando o governo aumenta a tentação de intervir, que geralmente vem quando há um ciclo eleitoral, por exemplo. Algo do tipo ´ó, não vamos aumentar muito o preço de tarifas porque vai pegar mal´. A privatização também tem muitos riscos. Há corrupção e problemas dos dois lados.
Valor: No livro o sr. usa modelos associados ao Leviatã para explicar a atuação de governos nas empresas. O que predominou no Brasil?
Lazzarini: Quando o pessoal fala em estatal versus empresa privada estão vendo essa dicotomia que é muito simplista, há várias coisas entre esses dois. Então nós criamos um novo modelo que foi surgindo depois dessas privatizações e reformas que foram ocorrendo, que a gente chama de Leviatã investidor majoritário. Estou falando de uma grande empresa, listada em bolsa, que o governo controla, mas você tem investidores privados participando, como a Petrobras, e outras estatais chinesas. Chamamos de Leviatã majoritário porque ele controla, mas como uma empresa estabelecida, que pode ter outros objetivos, mas visa lucros. E temos o Leviatã minoritário: em vez do Estado sair totalmente das empresas ele preserva uns pezinhos, umas participações aqui e ali. No Brasil foi um pêndulo assim: nós privatizamos, havia grandes estatais, nós migramos para o privado, o governo preservou algumas majoritárias e o BNDES se disseminou em empresas, e fundos de pensão. E isso foi durante FHC e Lula 1, um pouco de Lula 2. Mas aí, no final de Lula 2 e começo de Dilma 1, volta para o ´modelão´ das grandes estatais majoritárias tentando intervir na economia. A Dilma chega lá e fala que não vai aumentar o preço da gasolina, que bancos vão baixar juros, e no setor elétrico toda aquela renegociação.
Valor: A grande diferença é o modelo de governança?
Lazzarini: Sem dúvida. A Pemex (do México) é quase um departamento de Estado, estatal típica. A Petrobras estaria em um nível intermediário e a Statoil (da Noruega), seria o "benchmark" das estatais nesse setor petrolífero. Enquanto na Petrobras dos dez conselheiros três são independentes, na Statoil é o contrário: sete são independentes. O presidente é menos indicado em função de ciclo político. Se fosse ver há dez anos, a própria Petrobras estava em uma trajetória de melhoria da sua governança, com listagem de ações na Bolsa de Nova York, o que em tese te compromete a buscar padrões melhores de governança. O problema é que essas ações não são suficientes para bloquear a tentação do governo de intervir. Além de falar em melhorar governança, precisa criar uma condição de entorno mais robusta para proteger as estatais de intervenções discricionárias. Se o governo não tiver voz nas estatais, porque ela precisa ser estatal? Não tem importância ela ter visão social, mas precisa ter regra clara, bem definida, e estável. Não pode ficar à mercê de um governante que vem e muda as regras do jogo. Não tem importância falar: a Petrobras vai seguir uma banda de preços da gasolina, essa banda está muito clara, todo mundo entendeu, que nem meta de inflação. Governança é importante, mas não basta.
Valor: O que falta?
Lazzarini: Criar um ambiente institucional robusto. Vale aqui no Brasil uma lei mais clara sobre a atuação das estatais, sobre a indicação de conselheiros e executivos, por exemplo. Reforçar as agências reguladoras de novo. Temos evidências no mundo que se você tem uma agência reguladora forte no setor é muito difícil o governo ir lá e enfiar o dedo. Se temos uma agência reguladora forte no Brasil comparando o preço de petróleo e derivados, por exemplo, não dá para o governo controlar. A agência não deixa, porque é um preço do setor como um todo. Na Noruega, na Statoil tem uma agência muito forte, a NPD (Norwegian Petroleum Directorate). Outra medida seria ter aspectos de proteção dos minoritários mais rígidos, com limites à intervenção que possam prejudicar os minoritários. Ou seja, uma Comissão de Valores Mobiliários (CVM) mais ativa. A CVM já está com alguns direcionamentos bem interessantes, por exemplo: ocorreu uma multa à Petros por ter votado de forma alinhada ao acionista controlador.
Valor: No atual ambiente, está mais complicado ser empresa de economia mista no Brasil?
Lazzarini: Sem dúvida. Isso é muito ruim porque justamente uma das vantagens das empresas de economia mista é que você tem o setor privado ajudando a capitalizar quando entra na empresa. A perda de reputação que foi gerada com tudo isso foi muito, muito relevante. Não é fácil ter empresas dessa ordem porque vai existir um conflito inerente entre o controlador, que está perseguindo objetivos além de lucro, e minoritários, que querem lucro. Não significa que isso não possa ser resolvido. A forma como os países resolvem é como eu estava dizendo: agências reguladoras, mandato claro.
Valor: Quais os bons exemplos?
Lazzarini: A Noruega, os países nórdicos. No Chile, embora haja poucas empresas estatais, tem a Codelco. Em Cingapura, a Singapore Airlines, que é do Estado, mas referência no setor aéreo.
Valor: Tais medidas seriam suficientes para blindar as estatais contra a corrupção?
Lazzarini: Tem mais uma série de coisas. O código eleitoral brasileiro já estabelece que nenhuma empresa que é concessionária de serviços públicos pode fazer doações de campanha. Há o entendimento de que, por exemplo, se um determinado ´grupão´ brasileiro tem uma subsidiária que é uma concessão pública, o ´grupão´ pode doar. O que é um absurdo. Em vez de proibir o financiamento privado de campanha eu faria o seguinte: empresa que tem contrato relevante com estatal, não é só concessionária, não pode fazer doação de campanha e isso valeria para o grupo inteiro. Se determinado grupo tem contratos com a Petrobras, esse grupo e nem nenhuma das suas subsidiárias controladas pode fazer doação de campanha.
Valor: E como se recupera a reputação da Petrobras?
Lazzarini: Houve um dano quase irrecuperável. Antes de mais nada, acerta o balanço direitinho, audita, urgente, essa é a prioridade zero. Depois vai acertando a gestão. Já se colocou o [Aldemir] Bendine. O Bendine até fez coisas interessantes no Banco do Brasil, mas ele é do governo, né?
Valor: É sinal de que o governo não entendeu a extensão do dano?
Lazzarini: Acho que entendem, mas têm um pouco de limite, dado o modelo mental deles. Porque o modelo mental da Dilma e equipe é que a estatal é um instrumento de governo, e não do Estado.
Valor: É o caso de fechar capital?
Lazzarini: Pois é. Me parece que esse pessoal não vê os "tradeoffs", o que isso implica. Querer colocar a estatal ´embaixo do braço´ significa que eu prejudico o modelo da estatal negociada em bolsa, sem dúvida. Então não tenho certeza se entendem muito isso. Mas ainda há tempo da montagem do conselho [de administração da Petrobras], vamos ver. Não creio que vá haver mudança radical, como botar muita gente independente. Mas talvez haja espaço para uma sinalização aqui e ali.
Valor: Há perspectiva de mudança neste sentido neste governo?
Lazzarini: Previsibilidade não é muito fácil neste caso. Os sinais são confusos, são trocados. Não sei dizer. Pode ser muito possível lá para frente, à medida que a economia tome um choque negativo por causa das reformas, que se busque outros tipos de intervenções na empresa. Na linha de emprego, ou investimento. O Bendine já afirmou que vai reduzir investimento, mas na hora do "vamos ver", em um momento problemático para o investimento, veremos o que realmente será feito. No âmbito macroeconômico acho que o pessoal até "engole" um Levy. Mas no micro é realmente difícil desapegar. A ideologia é muito forte, de ter a máquina em prol do Estado.
Valor: O mesmo serve para o BNDES? O sr é um crítico da política de "campeões nacionais" e dos repasses do Tesouro ao banco...
Lazzarini: Acho que mais por necessidade do que por convicção. Porque, na cabeça da Dilma, de várias pessoas do governo, a história é a seguinte: o BNDES cresceu? Cresceu. Deveria ter crescido mais ainda. Por que o investimento brasileiro não reagiu? Ué, se o BNDES não tivesse crescido o investimento estaria ainda pior. E essa ideia continua. Agora o BNDES chegou no limite, porque não dá mais para suportar esse nível de desembolso com tanta transferência do Tesouro, com a dívida bruta subindo, isso já afeta o risco de rating soberano - e isso a Dilma observa.
Valor: O que o sr. achou da manutenção de Luciano Coutinho?
Lazzarini: Coutinho é muito respeitado e profundo conhecedor dos mais diversos setores do país. Foi, entretanto, o principal arquiteto de políticas equivocadas do passado, como a dos "campeões nacionais". Não está claro se ele tem real convicção de que o papel do BNDES deve ser bem diferente do que foi até agora.
Valor: O sr. abre o livro falando da JBS. Foi um caso bem ou mal sucedido?
Lazzarini: Isso é o BNDES que deveria mostrar, ou abrir os dados para que alguém faça essa conta direitinho. Um tempo atrás tentei fazer a conta de exatamente quanto entrou e saiu em cada um desses campeões nacionais e é um inferno: entra capital acionário, depois entra debênture, depois se renegociam ações e não se sabe o preço da renegociação. Então, ao que tudo indica, não temos evidências de que deveria ter sido investido tanto em uma única empresa.
Valor: O problema é a impossibilidade de comparar o custo de aplicação do dinheiro do Tesouro?
Lazzarini: Sem dúvida. Eu dei R$ 8 bilhões para a JBS e no que isso resultou? Tudo isso foi mais no ímpeto do próprio Luciano Coutinho de querer criar grandes multinacionais, empresas globais. Está muito na cabeça dele que o processo de desenvolvimento vem da criação de grandes empresas quando provavelmente é o contrário: você cria condições para o país ser competitivo e aí as empresas começam a se desenvolver.
Valor: O sr. vê na história recente do Brasil algum exemplo de boa prática de capitalismo de Estado?
Lazzarini: Pesquisamos o BNDES de 95 a 2002, e vimos que naquele momento, em que o Brasil estava em uma crise importante associada a emergentes, o BNDES até fez diferença melhorando o desempenho de determinadas empresas em que ele investiu. Mesmo assim, você teve algumas condições muito particulares, por exemplo: nossos estudos indicam que você dá recursos para uma subsidiária de um grande grupo e uma outra não está indo bem, o que o grupo faz: pega recursos aqui e passa para lá. Como vimos no caso do Eike Batista, da Portugal Telecom. Quando eu apoio uma empresa individual, que tem incentivos para ser competitiva, como a Embraer, por exemplo, aí a coisa vai.
Valor: Há outros exemplos além da Embraer?
Lazzarini: A Aracruz, por exemplo, que mais para a frente teve um problema de derivativo. Em termos das grandes estatais, eu acho que durante o processo de privatização e depois quando nós estávamos reformando as estatais, a Petrobras estava melhorando.
Valor: Em 2009, a Petrobras parecia um case de sucesso.
Lazzarini: Sim, tinha bons índices de governança, o México queria copiar. Mas o duro, de novo, é que volta a tentação do governo. Até as estatais estaduais, que em geral eram mais blindadinhas, veja o que aconteceu em São Paulo. Na crise hídrica, a presidente da Sabesp avisando que ia dar problema e o governo postergando, por quê? Por causa do ciclo eleitoral.
Valor: Como reforçar as agências reguladoras?
Lazzarini: Já existe o marco e está estabelecido que elas precisam ter nomeações técnicas, referendadas pelo Senado. É seguir esse modelo. Tem que ser o técnico, aquele cara brigão, que não arreda pé. O duro é que o modelo do governo atual não é de agência reguladora. É pró-forma, para regular o ´varejinho´, mas o grande atacadão é meu.
Valor: Há críticas à CVM, mas não predomina a visão de que o governo a controla...
Lazzarini: É, mas tem alguns problemas. Estava conversando com o conselheiro minoritário da Petrobras, e ele estava me dizendo o seguinte. Se o minoritário quer usar a CVM para abrir um processo contra a Petrobras, ele vai usar a Advocacia-Geral da União, que não é totalmente independente. Você conseguiria fazer um grande processo contra uma grande estatal no Brasil? Você conseguiria fazer um processo antitruste forte? E tem outra condição muito forte que é a condição competitiva. A estatal precisa estar em uma condição de competição, não pode ser uma "monopolistazona". O governo sabe que se mexer em uma empresa que está enfrentando competidores vai detonar a empresa com grande prejuízo. Se a empresa é monopolista, o governo tem renda, tem pré-sal, pode fazer tudo que é bandalheira que ninguém vai perceber, porque tem uma pilha de recursos disponíveis. É muito importante garantir mais competição no setor. O que aconteceu com a Petrobras? Passou a monopolizar toda a parte de extração.
Valor: Qual o efeito da crise na Petrobras para a imagem do país?
Lazzarini: Muito ruim. No exterior todo mundo sabe da Petrobras, sempre perguntam o que está acontecendo. A Petrobras é uma empresa muito relevante, pode continuar sendo estatal. É uma pena que haja essa mentalidade incorreta de que o petróleo é nosso e a Petrobras tem que fazer tudo. Tem que deixar a Petrobras em áreas que ela é relevante: essas pesquisas modernas para descobrir novos campos, outros tipos de combustíveis. E não ficar em todo leilão a Petrobras tem que ir com 30%. É um contrassenso. As pessoas não entendem que, nesse caso, competição é melhor. Quanto mais houver empresas, mais vão querer aceitar dar mais petróleo para o Estado. Ficamos com mais petróleo se houver mais empresas.
Valor: Como as empresas vão se financiar, num ano em que o BNDES deve encolher e elas precisariam mais do mercado?
Lazzarini: As empresas vão ter dificuldade de financiamento por problemas que o governo criou. Se houver piora das condições macroeconômicas, é porque o governo não fez um bom trabalho. Não adianta então agora pegar esse banco para remendar o problema que o próprio governo criou. É preciso uma agenda de reformas, como o Levy está propondo, e tem que ter uma agenda planejada, gradual, de redução desse gigantismo do BNDES, jogando para áreas que realmente importam.
Fonte: aqui
Em relação à Petrobras, alvo dos crimes de corrupção investigados na Operação Lava-Jato, Lazzarini cita, entre outras falhas que levaram ao quadro atual, a tendência monopolista que se fortaleceu na empresa desde a descoberta do pré-sal. Como exemplos internacionais que deveriam inspirar a gestão da petrolífera, Lazzarini cita a Statoil, da Noruega, como referência em eficiência e governança corporativa. "Enquanto na Petrobras dos dez conselheiros três são independentes, na Statoil três indicados e sete são independentes. O presidente é menos indicado em função de ciclo político", diz.
Na visão do especialista, o governo Dilma interrompeu a trajetória que a Petrobras seguia, de reformas para dar mais transparência e governança à companhia.
Crítico da política de "campeões nacionais" do BNDES, Lazzarini é cético sobre perspectivas de mudanças no banco de fomento no curto prazo. "Não está claro se o Luciano Coutinho tem real convicção de que o papel do BNDES deve ser muito diferente do que foi até agora", diz Lazzarini, que também vê a escolha de Aldemir Bendine para o comando da Petrobras como um sinal não tão positivo do que deveria ser o início de um tempo de mudanças para a estatal. "Tem que colocar ali uma pessoa que seja tipo um Levy para a gestão, com outra perspectiva", diz.
No livro "Reinventando o Capitalismo de Estado", lançado no Brasil esta semana e escrito em parceria com Aldo Musacchio, professor associado da International Business School da Brandeis University, Lazzarini explica que há muito mais modelos de negócios entre o privado e o estatal do que sugerem os debates polarizados. "A privatização também tem muitos riscos. Há corrupção e problemas dos dois lados". A seguir, trechos da entrevista.
Valor: No Brasil o debate sobre privatizações é bem polarizado: quem critica a atuação do Estado geralmente defende que se privatize o máximo possível. Você concorda?
Lazzarini: Não. O que concluímos é que você pode ter estatais boas e bem geridas. Existem momentos em que nem há ambiente político para privatizar - em uma população que não é muito afeita a isso, como é o caso do Brasil-, a melhor saída é você buscar uma melhora das estatais. No livro, coletamos dados de 800 empresas negociadas em bolsa, estatais e privadas, tentando compará-las, as similares, de mesmo setor. Em geral você não vê diferenças muito grandes entre elas. Tem estatais ruins e estatais muito boas. A coisa começa a ficar mais arriscada, nas estatais, quando o governo aumenta a tentação de intervir, que geralmente vem quando há um ciclo eleitoral, por exemplo. Algo do tipo ´ó, não vamos aumentar muito o preço de tarifas porque vai pegar mal´. A privatização também tem muitos riscos. Há corrupção e problemas dos dois lados.
Valor: No livro o sr. usa modelos associados ao Leviatã para explicar a atuação de governos nas empresas. O que predominou no Brasil?
Lazzarini: Quando o pessoal fala em estatal versus empresa privada estão vendo essa dicotomia que é muito simplista, há várias coisas entre esses dois. Então nós criamos um novo modelo que foi surgindo depois dessas privatizações e reformas que foram ocorrendo, que a gente chama de Leviatã investidor majoritário. Estou falando de uma grande empresa, listada em bolsa, que o governo controla, mas você tem investidores privados participando, como a Petrobras, e outras estatais chinesas. Chamamos de Leviatã majoritário porque ele controla, mas como uma empresa estabelecida, que pode ter outros objetivos, mas visa lucros. E temos o Leviatã minoritário: em vez do Estado sair totalmente das empresas ele preserva uns pezinhos, umas participações aqui e ali. No Brasil foi um pêndulo assim: nós privatizamos, havia grandes estatais, nós migramos para o privado, o governo preservou algumas majoritárias e o BNDES se disseminou em empresas, e fundos de pensão. E isso foi durante FHC e Lula 1, um pouco de Lula 2. Mas aí, no final de Lula 2 e começo de Dilma 1, volta para o ´modelão´ das grandes estatais majoritárias tentando intervir na economia. A Dilma chega lá e fala que não vai aumentar o preço da gasolina, que bancos vão baixar juros, e no setor elétrico toda aquela renegociação.
Valor: A grande diferença é o modelo de governança?
Lazzarini: Sem dúvida. A Pemex (do México) é quase um departamento de Estado, estatal típica. A Petrobras estaria em um nível intermediário e a Statoil (da Noruega), seria o "benchmark" das estatais nesse setor petrolífero. Enquanto na Petrobras dos dez conselheiros três são independentes, na Statoil é o contrário: sete são independentes. O presidente é menos indicado em função de ciclo político. Se fosse ver há dez anos, a própria Petrobras estava em uma trajetória de melhoria da sua governança, com listagem de ações na Bolsa de Nova York, o que em tese te compromete a buscar padrões melhores de governança. O problema é que essas ações não são suficientes para bloquear a tentação do governo de intervir. Além de falar em melhorar governança, precisa criar uma condição de entorno mais robusta para proteger as estatais de intervenções discricionárias. Se o governo não tiver voz nas estatais, porque ela precisa ser estatal? Não tem importância ela ter visão social, mas precisa ter regra clara, bem definida, e estável. Não pode ficar à mercê de um governante que vem e muda as regras do jogo. Não tem importância falar: a Petrobras vai seguir uma banda de preços da gasolina, essa banda está muito clara, todo mundo entendeu, que nem meta de inflação. Governança é importante, mas não basta.
Valor: O que falta?
Lazzarini: Criar um ambiente institucional robusto. Vale aqui no Brasil uma lei mais clara sobre a atuação das estatais, sobre a indicação de conselheiros e executivos, por exemplo. Reforçar as agências reguladoras de novo. Temos evidências no mundo que se você tem uma agência reguladora forte no setor é muito difícil o governo ir lá e enfiar o dedo. Se temos uma agência reguladora forte no Brasil comparando o preço de petróleo e derivados, por exemplo, não dá para o governo controlar. A agência não deixa, porque é um preço do setor como um todo. Na Noruega, na Statoil tem uma agência muito forte, a NPD (Norwegian Petroleum Directorate). Outra medida seria ter aspectos de proteção dos minoritários mais rígidos, com limites à intervenção que possam prejudicar os minoritários. Ou seja, uma Comissão de Valores Mobiliários (CVM) mais ativa. A CVM já está com alguns direcionamentos bem interessantes, por exemplo: ocorreu uma multa à Petros por ter votado de forma alinhada ao acionista controlador.
Valor: No atual ambiente, está mais complicado ser empresa de economia mista no Brasil?
Lazzarini: Sem dúvida. Isso é muito ruim porque justamente uma das vantagens das empresas de economia mista é que você tem o setor privado ajudando a capitalizar quando entra na empresa. A perda de reputação que foi gerada com tudo isso foi muito, muito relevante. Não é fácil ter empresas dessa ordem porque vai existir um conflito inerente entre o controlador, que está perseguindo objetivos além de lucro, e minoritários, que querem lucro. Não significa que isso não possa ser resolvido. A forma como os países resolvem é como eu estava dizendo: agências reguladoras, mandato claro.
Valor: Quais os bons exemplos?
Lazzarini: A Noruega, os países nórdicos. No Chile, embora haja poucas empresas estatais, tem a Codelco. Em Cingapura, a Singapore Airlines, que é do Estado, mas referência no setor aéreo.
Valor: Tais medidas seriam suficientes para blindar as estatais contra a corrupção?
Lazzarini: Tem mais uma série de coisas. O código eleitoral brasileiro já estabelece que nenhuma empresa que é concessionária de serviços públicos pode fazer doações de campanha. Há o entendimento de que, por exemplo, se um determinado ´grupão´ brasileiro tem uma subsidiária que é uma concessão pública, o ´grupão´ pode doar. O que é um absurdo. Em vez de proibir o financiamento privado de campanha eu faria o seguinte: empresa que tem contrato relevante com estatal, não é só concessionária, não pode fazer doação de campanha e isso valeria para o grupo inteiro. Se determinado grupo tem contratos com a Petrobras, esse grupo e nem nenhuma das suas subsidiárias controladas pode fazer doação de campanha.
Valor: E como se recupera a reputação da Petrobras?
Lazzarini: Houve um dano quase irrecuperável. Antes de mais nada, acerta o balanço direitinho, audita, urgente, essa é a prioridade zero. Depois vai acertando a gestão. Já se colocou o [Aldemir] Bendine. O Bendine até fez coisas interessantes no Banco do Brasil, mas ele é do governo, né?
Valor: É sinal de que o governo não entendeu a extensão do dano?
Lazzarini: Acho que entendem, mas têm um pouco de limite, dado o modelo mental deles. Porque o modelo mental da Dilma e equipe é que a estatal é um instrumento de governo, e não do Estado.
Valor: É o caso de fechar capital?
Lazzarini: Pois é. Me parece que esse pessoal não vê os "tradeoffs", o que isso implica. Querer colocar a estatal ´embaixo do braço´ significa que eu prejudico o modelo da estatal negociada em bolsa, sem dúvida. Então não tenho certeza se entendem muito isso. Mas ainda há tempo da montagem do conselho [de administração da Petrobras], vamos ver. Não creio que vá haver mudança radical, como botar muita gente independente. Mas talvez haja espaço para uma sinalização aqui e ali.
Valor: Há perspectiva de mudança neste sentido neste governo?
Lazzarini: Previsibilidade não é muito fácil neste caso. Os sinais são confusos, são trocados. Não sei dizer. Pode ser muito possível lá para frente, à medida que a economia tome um choque negativo por causa das reformas, que se busque outros tipos de intervenções na empresa. Na linha de emprego, ou investimento. O Bendine já afirmou que vai reduzir investimento, mas na hora do "vamos ver", em um momento problemático para o investimento, veremos o que realmente será feito. No âmbito macroeconômico acho que o pessoal até "engole" um Levy. Mas no micro é realmente difícil desapegar. A ideologia é muito forte, de ter a máquina em prol do Estado.
Valor: O mesmo serve para o BNDES? O sr é um crítico da política de "campeões nacionais" e dos repasses do Tesouro ao banco...
Lazzarini: Acho que mais por necessidade do que por convicção. Porque, na cabeça da Dilma, de várias pessoas do governo, a história é a seguinte: o BNDES cresceu? Cresceu. Deveria ter crescido mais ainda. Por que o investimento brasileiro não reagiu? Ué, se o BNDES não tivesse crescido o investimento estaria ainda pior. E essa ideia continua. Agora o BNDES chegou no limite, porque não dá mais para suportar esse nível de desembolso com tanta transferência do Tesouro, com a dívida bruta subindo, isso já afeta o risco de rating soberano - e isso a Dilma observa.
Valor: O que o sr. achou da manutenção de Luciano Coutinho?
Lazzarini: Coutinho é muito respeitado e profundo conhecedor dos mais diversos setores do país. Foi, entretanto, o principal arquiteto de políticas equivocadas do passado, como a dos "campeões nacionais". Não está claro se ele tem real convicção de que o papel do BNDES deve ser bem diferente do que foi até agora.
Valor: O sr. abre o livro falando da JBS. Foi um caso bem ou mal sucedido?
Lazzarini: Isso é o BNDES que deveria mostrar, ou abrir os dados para que alguém faça essa conta direitinho. Um tempo atrás tentei fazer a conta de exatamente quanto entrou e saiu em cada um desses campeões nacionais e é um inferno: entra capital acionário, depois entra debênture, depois se renegociam ações e não se sabe o preço da renegociação. Então, ao que tudo indica, não temos evidências de que deveria ter sido investido tanto em uma única empresa.
Valor: O problema é a impossibilidade de comparar o custo de aplicação do dinheiro do Tesouro?
Lazzarini: Sem dúvida. Eu dei R$ 8 bilhões para a JBS e no que isso resultou? Tudo isso foi mais no ímpeto do próprio Luciano Coutinho de querer criar grandes multinacionais, empresas globais. Está muito na cabeça dele que o processo de desenvolvimento vem da criação de grandes empresas quando provavelmente é o contrário: você cria condições para o país ser competitivo e aí as empresas começam a se desenvolver.
Valor: O sr. vê na história recente do Brasil algum exemplo de boa prática de capitalismo de Estado?
Lazzarini: Pesquisamos o BNDES de 95 a 2002, e vimos que naquele momento, em que o Brasil estava em uma crise importante associada a emergentes, o BNDES até fez diferença melhorando o desempenho de determinadas empresas em que ele investiu. Mesmo assim, você teve algumas condições muito particulares, por exemplo: nossos estudos indicam que você dá recursos para uma subsidiária de um grande grupo e uma outra não está indo bem, o que o grupo faz: pega recursos aqui e passa para lá. Como vimos no caso do Eike Batista, da Portugal Telecom. Quando eu apoio uma empresa individual, que tem incentivos para ser competitiva, como a Embraer, por exemplo, aí a coisa vai.
Valor: Há outros exemplos além da Embraer?
Lazzarini: A Aracruz, por exemplo, que mais para a frente teve um problema de derivativo. Em termos das grandes estatais, eu acho que durante o processo de privatização e depois quando nós estávamos reformando as estatais, a Petrobras estava melhorando.
Valor: Em 2009, a Petrobras parecia um case de sucesso.
Lazzarini: Sim, tinha bons índices de governança, o México queria copiar. Mas o duro, de novo, é que volta a tentação do governo. Até as estatais estaduais, que em geral eram mais blindadinhas, veja o que aconteceu em São Paulo. Na crise hídrica, a presidente da Sabesp avisando que ia dar problema e o governo postergando, por quê? Por causa do ciclo eleitoral.
Valor: Como reforçar as agências reguladoras?
Lazzarini: Já existe o marco e está estabelecido que elas precisam ter nomeações técnicas, referendadas pelo Senado. É seguir esse modelo. Tem que ser o técnico, aquele cara brigão, que não arreda pé. O duro é que o modelo do governo atual não é de agência reguladora. É pró-forma, para regular o ´varejinho´, mas o grande atacadão é meu.
Valor: Há críticas à CVM, mas não predomina a visão de que o governo a controla...
Lazzarini: É, mas tem alguns problemas. Estava conversando com o conselheiro minoritário da Petrobras, e ele estava me dizendo o seguinte. Se o minoritário quer usar a CVM para abrir um processo contra a Petrobras, ele vai usar a Advocacia-Geral da União, que não é totalmente independente. Você conseguiria fazer um grande processo contra uma grande estatal no Brasil? Você conseguiria fazer um processo antitruste forte? E tem outra condição muito forte que é a condição competitiva. A estatal precisa estar em uma condição de competição, não pode ser uma "monopolistazona". O governo sabe que se mexer em uma empresa que está enfrentando competidores vai detonar a empresa com grande prejuízo. Se a empresa é monopolista, o governo tem renda, tem pré-sal, pode fazer tudo que é bandalheira que ninguém vai perceber, porque tem uma pilha de recursos disponíveis. É muito importante garantir mais competição no setor. O que aconteceu com a Petrobras? Passou a monopolizar toda a parte de extração.
Valor: Qual o efeito da crise na Petrobras para a imagem do país?
Lazzarini: Muito ruim. No exterior todo mundo sabe da Petrobras, sempre perguntam o que está acontecendo. A Petrobras é uma empresa muito relevante, pode continuar sendo estatal. É uma pena que haja essa mentalidade incorreta de que o petróleo é nosso e a Petrobras tem que fazer tudo. Tem que deixar a Petrobras em áreas que ela é relevante: essas pesquisas modernas para descobrir novos campos, outros tipos de combustíveis. E não ficar em todo leilão a Petrobras tem que ir com 30%. É um contrassenso. As pessoas não entendem que, nesse caso, competição é melhor. Quanto mais houver empresas, mais vão querer aceitar dar mais petróleo para o Estado. Ficamos com mais petróleo se houver mais empresas.
Valor: Como as empresas vão se financiar, num ano em que o BNDES deve encolher e elas precisariam mais do mercado?
Lazzarini: As empresas vão ter dificuldade de financiamento por problemas que o governo criou. Se houver piora das condições macroeconômicas, é porque o governo não fez um bom trabalho. Não adianta então agora pegar esse banco para remendar o problema que o próprio governo criou. É preciso uma agenda de reformas, como o Levy está propondo, e tem que ter uma agenda planejada, gradual, de redução desse gigantismo do BNDES, jogando para áreas que realmente importam.
Fonte: aqui
Concursos públicos
O colega Matias-Pereira participou de um programa na TV Futura. Gostei muito do seu comentário sobre concursos públicos:
Sobre os concursos públicos, como são realizados hoje, o Sr. sugere alguma alteração?
A forma de recrutamento, por meio dos concursos públicos no Brasil, está ultrapassada. Os candidatos passam por um processo de preparação para os concursos que os treinam para compreender as especificidades das provas, e por um processo de decorar a matéria. Esse processo é massacrante e inútil nas atividades do candidato aprovado. Entendo que devemos utilizar no processo de seleção, especialmente para as carreiras de maior relevo, bancas (modelo de seleção de concursos de professores das universidades federais, por exemplo), onde se buscará mensurar as capacidades específicas do candidato para aquela tarefa.
Sobre os concursos públicos, como são realizados hoje, o Sr. sugere alguma alteração?
A forma de recrutamento, por meio dos concursos públicos no Brasil, está ultrapassada. Os candidatos passam por um processo de preparação para os concursos que os treinam para compreender as especificidades das provas, e por um processo de decorar a matéria. Esse processo é massacrante e inútil nas atividades do candidato aprovado. Entendo que devemos utilizar no processo de seleção, especialmente para as carreiras de maior relevo, bancas (modelo de seleção de concursos de professores das universidades federais, por exemplo), onde se buscará mensurar as capacidades específicas do candidato para aquela tarefa.
25 fevereiro 2015
Links
Moody's rebaixa a nota da Petrobras
A agência de classificação de risco Moody's rebaixou na noite desta
terça-feira a nota da Petrobras para grau especulativo. Isso significa
que as ações da empresa não são mais consideradas um investimento seguro
para investidores. O rebaixamento ocorre após investigações da Polícia
Federal apontarem um esquema bilionário de desvio de dinheiro por meio
de contratos da estatal, no âmbito da Operação Lava Jato. Em decorrência
da descoberta dos desvios, a empresa tem dificuldades em
contabilizá-los em seu balanço e, até agora, não conseguiu concluir a
divulgação de seus resultados financeiros do ano passado. A nota da
dívida da Petrobras foi rebaixada em dois degraus para Ba2, ante Baa3. A
Moody's manteve a classificação da estatal em revisão para novo
rebaixamento.
Segundo a Moody's, o rebaixamento reflete a crescente preocupação com as investigações da Operação Lava Jato e as pressões sobre a capacidade da estatal de honrar suas dívidas. A agência aponta que a atual situação financeira da Petrobras, cujo endividamento [ops, é dívida, caro jornalista] ultrapassa 300 bilhões de reais, pode levar ao calote de alguns de seus credores. Por isso a empresa não deve permanecer no rol de companhias com grau de investimento, diz a agência. "O rebaixamento também reflete a expectativa da Moody's de que a empresa será obrigada a fazer reduções significativas na estrutura de sua dívida nos próximo ano", afirma a nota emitida pela Moody's
[..]
A Moody's afirmou, em nota, que tem acompanhado as informações de que a Petrobras deve divulgar seu balanço auditado pela consultoria PriceWaterhouseCoopers no final de maio. Contudo, afirma que não há indícios suficientes de que a data se cumprirá. "A Moody's entende que a empresa está direcionando seus esforços para trabalhar com auditores e divulgar os balanços assim que possível, e que também está agindo para melhorar sua liquidez. Contudo, a Moody's não enxerga, ainda, nenhum sinal confiável de que os balanços estarão disponíveis em nenhuma data próxima", afirma a nota.
Fonte: aqui
Segundo a Moody's, o rebaixamento reflete a crescente preocupação com as investigações da Operação Lava Jato e as pressões sobre a capacidade da estatal de honrar suas dívidas. A agência aponta que a atual situação financeira da Petrobras, cujo endividamento [ops, é dívida, caro jornalista] ultrapassa 300 bilhões de reais, pode levar ao calote de alguns de seus credores. Por isso a empresa não deve permanecer no rol de companhias com grau de investimento, diz a agência. "O rebaixamento também reflete a expectativa da Moody's de que a empresa será obrigada a fazer reduções significativas na estrutura de sua dívida nos próximo ano", afirma a nota emitida pela Moody's
[..]
A Moody's afirmou, em nota, que tem acompanhado as informações de que a Petrobras deve divulgar seu balanço auditado pela consultoria PriceWaterhouseCoopers no final de maio. Contudo, afirma que não há indícios suficientes de que a data se cumprirá. "A Moody's entende que a empresa está direcionando seus esforços para trabalhar com auditores e divulgar os balanços assim que possível, e que também está agindo para melhorar sua liquidez. Contudo, a Moody's não enxerga, ainda, nenhum sinal confiável de que os balanços estarão disponíveis em nenhuma data próxima", afirma a nota.
Fonte: aqui
Dez mitos da avaliação
Segundo Damodaran estes são os dez mitos da avaliação:
Mito 1 - Se você tem a taxa de desconto e o fluxo de caixa, você obtem o fluxo de caixa descontado (FCD);
Mito 2 - O FCD é um exercício de modelagem e processamento de números, sem espaço para criatividade e fatores qualitativos
Mito 3 - Não é possível usar o FCD quando existe muita incerteza. Sendo assim, o FCD é inútil para mercados emergentes ou durante crises, por exemplo
Mito 4 - O parâmetro mais relevante é a taxa de desconto e se você não acredita na Teoria Moderna de Carteiras você não pode usá-lo
Mito 5 - Há algo de errado se a maior parte do seu valor é proveniente do valor residual
Mito 6 - O FCD exige muitas suposições e por isto pode ser manipulado para chegar a qualquer valor
Mito 7 - O FCD não pode ser usado para mensurar marca ou outro intangível
Mito 8 - O FCD apresenta uma estimativa conservadora
Mito 9 - Se o FCD muda ao longo do tempo deve ter algo errado
Mito 10 - É um exercício acadêmico, inútil aos investidores e outras pessoas do mundo real
Acrescento:
Mito 11 - Avaliação é FCD
Mito 1 - Se você tem a taxa de desconto e o fluxo de caixa, você obtem o fluxo de caixa descontado (FCD);
Mito 2 - O FCD é um exercício de modelagem e processamento de números, sem espaço para criatividade e fatores qualitativos
Mito 3 - Não é possível usar o FCD quando existe muita incerteza. Sendo assim, o FCD é inútil para mercados emergentes ou durante crises, por exemplo
Mito 4 - O parâmetro mais relevante é a taxa de desconto e se você não acredita na Teoria Moderna de Carteiras você não pode usá-lo
Mito 5 - Há algo de errado se a maior parte do seu valor é proveniente do valor residual
Mito 6 - O FCD exige muitas suposições e por isto pode ser manipulado para chegar a qualquer valor
Mito 7 - O FCD não pode ser usado para mensurar marca ou outro intangível
Mito 8 - O FCD apresenta uma estimativa conservadora
Mito 9 - Se o FCD muda ao longo do tempo deve ter algo errado
Mito 10 - É um exercício acadêmico, inútil aos investidores e outras pessoas do mundo real
Acrescento:
Mito 11 - Avaliação é FCD
24 fevereiro 2015
Dez mitos da avaliação
Segundo Damodaran estes são os dez mitos da avaliação:
Mito 1 - Se você tem a taxa de desconto e o fluxo de caixa, você obtem o fluxo de caixa descontado (FCD);
Mito 2 - O FCD é um exercício de modelagem e processamento de números, sem espaço para criatividade e fatores qualitativos
Mito 3 - Não é possível usar o FCD quando existe muita incerteza. Sendo assim, o FCD é inútil para mercados emergentes ou durante crises, por exemplo
Mito 4 - O parâmetro mais relevante é a taxa de desconto e se você não acredita na Teoria Moderna de Carteiras você não pode usá-lo
Mito 5 - Há algo de errado se a maior parte do seu valor é proveniente do valor residual
Mito 6 - O FCD exige muitas suposições e por isto pode ser manipulado para chegar a qualquer valor
Mito 7 - O FCD não pode ser usado para mensurar marca ou outro intangível
Mito 8 - O FCD apresenta uma estimativa conservadora
Mito 9 - Se o FCD muda ao longo do tempo deve ter algo errado
Mito 10 - É um exercício acadêmico, inútil aos investidores e outras pessoas do mundo real
Acrescento:
Mito 11 - Avaliação é FCD
Mito 1 - Se você tem a taxa de desconto e o fluxo de caixa, você obtem o fluxo de caixa descontado (FCD);
Mito 2 - O FCD é um exercício de modelagem e processamento de números, sem espaço para criatividade e fatores qualitativos
Mito 3 - Não é possível usar o FCD quando existe muita incerteza. Sendo assim, o FCD é inútil para mercados emergentes ou durante crises, por exemplo
Mito 4 - O parâmetro mais relevante é a taxa de desconto e se você não acredita na Teoria Moderna de Carteiras você não pode usá-lo
Mito 5 - Há algo de errado se a maior parte do seu valor é proveniente do valor residual
Mito 6 - O FCD exige muitas suposições e por isto pode ser manipulado para chegar a qualquer valor
Mito 7 - O FCD não pode ser usado para mensurar marca ou outro intangível
Mito 8 - O FCD apresenta uma estimativa conservadora
Mito 9 - Se o FCD muda ao longo do tempo deve ter algo errado
Mito 10 - É um exercício acadêmico, inútil aos investidores e outras pessoas do mundo real
Acrescento:
Mito 11 - Avaliação é FCD
Cifra de César
Em criptografia, a Cifra de César, também conhecida como cifra de troca, código de César ou troca de César, é uma das mais simples e conhecidas técnicas de criptografia. É um tipo de cifra de substituição na qual cada letra do texto é substituída por outra, que se apresenta no alfabeto abaixo dela um número fixo de vezes. Por exemplo, com uma troca de três posições, A seria substituído por D, B se tornaria E, e assim por diante. O nome do método é em homenagem a Júlio César, que o usou para se comunicar com os seus generais.
O processo de criptografia de uma cifra de César é frequentemente incorporado como parte de esquemas mais complexos, como a cifra de Vigenère, e continua tendo aplicações modernas, como no sistema ROT13. Como todas ascifras de substituição monoalfabéticas, a cifra de César é facilmente decifrada e na prática não oferece essencialmente nenhuma segurança na comunicação.
A criptografia também pode ser representada usando aritmética modular, primeiro transformando as letras em números, de acordo com o esquema: A = 0, B = 1,… , Z = 25. A criptografia de uma letra por uma troca fixa n pode ser descrita matematicamente como
A descriptografia é feita de modo similar,
(Há diferentes definições para a operação módulo. Acima, o resultado está no intervalo 0...25. Ou seja, se x+n ou x-n não estiverem no intervalo 0...25, deve-se subtrair ou adicionar 26.)
O substituto permanece o mesmo por toda a mensagem, então a cifra é classificada como um tipo de substituição monoalfabética, ao invés de substituição polialfabética.
Mais: Aqui
O processo de criptografia de uma cifra de César é frequentemente incorporado como parte de esquemas mais complexos, como a cifra de Vigenère, e continua tendo aplicações modernas, como no sistema ROT13. Como todas ascifras de substituição monoalfabéticas, a cifra de César é facilmente decifrada e na prática não oferece essencialmente nenhuma segurança na comunicação.
A criptografia também pode ser representada usando aritmética modular, primeiro transformando as letras em números, de acordo com o esquema: A = 0, B = 1,… , Z = 25. A criptografia de uma letra por uma troca fixa n pode ser descrita matematicamente como
A descriptografia é feita de modo similar,
(Há diferentes definições para a operação módulo. Acima, o resultado está no intervalo 0...25. Ou seja, se x+n ou x-n não estiverem no intervalo 0...25, deve-se subtrair ou adicionar 26.)
O substituto permanece o mesmo por toda a mensagem, então a cifra é classificada como um tipo de substituição monoalfabética, ao invés de substituição polialfabética.
Mais: Aqui
Febeacon
O texto a seguir é um daqueles... Como foi publicado num jornal conceituado, de autoria do editor-executivo do mesmo jornal, os problemas são mais sérios. É um texto altamente recomendado para apresentar em sala de aula, brincar de "descubra os erros" e outras coisas.
Demorei a postar pois estava precisando de um tempo e criar coragem. Vamos lá. Chama-se "O maior desafio de Bendine na Petrobras" e foi publicado no dia 18 de fevereiro de 2015 (peguei o texto aqui). Em itálico o texto original:
O primeiro e maior desafio da nova diretoria da Petrobras é apresentar um balanço auditado e crível do resultado do terceiro trimestre de 2014. Não vai ser nada fácil e a principal razão está no volume de baixas de ativos promovido pela diretoria anterior (1) - R$ 88,6 bilhões. Esse seria o total de ativos superavaliados, que sofreram baixa contábil naquele (2) balanço.
O autor do texto acredita que a empresa efetuou baixas (o prof. Lauro Brito detesta este nome) de 88 bilhões. Isto não aconteceu. O que a diretoria fez foi colocar em nota explicativa este valor, mas deixou claro que NÃO iria fazer a amortização. Se você tem dúvida da frase do autor, a segunda parte do parágrafo é clara.
Muito provavelmente, a ex-presidente Graça Foster e seus diretores decidiram ser ultraconservadores (3), na confecção do balanço, por uma razão muito simples: eles quiseram dizer à sociedade brasileira, acionista majoritária da estatal, que nada têm a ver com a roubalheira que se fez por lá nos últimos anos (4). Possivelmente, sabiam que a decisão tornaria insustentável sua permanência na empresa (5).
Bom, todo argumento do parágrafo termina com as observações anteriores.A diretoria não foi ultraconservadora (item 3), pelo contrário. Como eles não amortizaram, eles foram ultra agressivos. E por este motivo eles não quiseram dizer que não estão ligados pela roubalheira (item 4). Pelo contrário. Seguindo o mesmo raciocínio do autor, eles informaram para sociedade que estão comprometidos com a roubalheira, já que não reconheceram contabilmente este evento. E por este motivo, a decisão tentou mantê-los na empresa e não como esta no texto no item 5. O erro deles foi divulgar a nota explicativa. Não imaginavam os efeitos.
Diante daquele que já é considerado o maior escândalo de corrupção da história do país, Graça e outros diretores radicalizaram nas estimativas (6)(7) do que supostamente decorreu de malfeitorias, ineficiências (ou mesmo de ineficiências decorrentes de delitos) e de questões como a queda brusca do preço do petróleo e a valorização do dólar. O problema é que, na opinião de especialistas (8), eles exageraram e o fizeram lançando mão de metodologias erradas (9), em que pese o fato de terem recorrido à ajuda da firma de auditoria Deloitte e do banco BNP Paribas.
A primeira frase foi marcada por dois motivos. Graça e outros diretores não fizeram as estimativas. Eles somente contrataram as empresas para a tarefa. Assim a estimativa não tem esta fonte. Ademais, e como já comentamos, Graça e outros diretores não radicalizaram. Eles informaram o número e que não iria usá-lo. O item (8) é um velho problema do Valor: o uso de fontes sem citação. Parece que o editor-executivo usou uma fonte furada, pois os problemas do texto são absurdamente absurdos. E para finalizar, a questão não é a metodologia. O método está correto, mas pode ser questionado os parâmetros.
Na semana passada, uma multinacional do ramo de auditoria (10) assegurou de forma categórica ao novo presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, que a metodologia usada pela ex-diretoria nos testes de imparidade (ou "impairment"), para calcular os ativos que teriam perdido valor nos últimos anos, está "errada" (11). Os testes de imparidade são aplicados para avaliar se o valor de um ativo é inferior ao seu valor escriturado ou contábil.
Novamente o jornal lança mão de fontes não identificadas. E afirmar que a metodologia usada no teste de imparidade está errada é muito forte. Uma leitura sobre este assunto informa que são dois métodos somente: valor em uso e valor de troca. Como pode estar errada a metodologia? Novamente, os parâmetros é outra coisa.
Bendine tem um desafio gigantesco pela frente: com a nova diretoria, terá que aplicar novamente (12) os testes de imparidade, chegar a números realistas e críveis (13), ter o balanço auditado pela PricewaterhouseCoopers (PwC) e convencer a sociedade de que os ativos que sofreram baixa contábil (14), avaliados agora num valor bem inferior aos R$ 88,6 bilhões (15), não serão reduzidos por motivação política, mas por razões técnicas (16).
É muita coisa para um só parágrafo. Não será aplicado novamente (item 12), pois não foi feito o teste. Ao usar o termo "realista e crível" o autor está indicando que 88 bilhões não são realistas e crível. Com base em que? Na quantidade de verba que a Petrobras coloca no jornal? Logo a seguir afirma novamente que os ativos sofreram baixa, quando isto não é verdade (item 14). O item (15) é mais sutil (se é que isto seja possível): a empresa contratada comparou a diferença entre o valor contábil e o valor recuperável e esta diferença foi de 88 bilhões. O texto informa que os ativos foram avaliados a 88 bilhões. E o item 16 informa que ocorreu motivação política. Aqui o editor-executivo não sabia o que falava e concluiu de forma errada: ocorreu motivação política em não usar o valor de 88 bilhões.
A tarefa também não é um passeio no parque porque as investigações sobre os desvios na Petrobras ainda estão em curso - ao anunciar os números, Graça Foster afirmou que o número das baixas ainda poderia crescer (17). Corre-se contra o relógio porque, se o balanço auditado não for publicado até o fim de junho, credores poderão reivindicar a aceleração do prazo de vencimento de dívidas, no total de US$ 56,7 bilhões, montante que supera com folga o que a estatal dispõe em caixa.(18)
Na realidade não tinha ocorrido. Finalmente o item final (18) não considera que a empresa poderá ter variação no caixa entre fevereiro e junho. Tudo leva a crer que irá aumentar, já que houve uma recomposição nos preços internos.
Os testes de imparidade são feitos regularmente em projetos de investimento - a Petrobras, como se sabe, possuía até pouco tempo atrás o maior plano de negócios do planeta. Com esses testes, feitos com alguma regularidade, as empresas verificam se uma unidade geradora de caixa atende às premissas estabelecidas no momento do investimento. "A partir daí, projeto as receitas (19) de acordo com a realidade daquele momento e trago a valor presente essa projeção e comparo com o investimento", explicou uma fonte (20).
Para que perder tempo comentando este texto? O teste que a fonte faz é a partir da receita! Não do caixa. E novamente não dá "nome aos bois".
Pelos padrões mais modernos de contabilidade (21), aplicados os testes de imparidade, os ativos que se valorizam não são contabilizados no balanço (22). Já os ativos que perdem valor, com uma margem expressiva que fuja muito da premissa original do projeto, obrigatoriamente (23) sofrem baixa contábil. "A partir do momento em que você dá baixa, mesmo que a realidade mude dali para frente, você não consegue valorizar o ativo de novo", disse a mesma fonte (24).
Este parágrafo promete: começa com padrões mais modernos de contabilidade e pelo que lemos até aqui ... Logo depois afirma que os ativos que se valorizam não estão no balanço. É isto mesmo que eu li no item (22)? A obrigatoriedade de amortização só ocorre se também o valor de troca for menor. E novamente percebam que ele não cita as fontes.
Em tese, o teste de imparidade deve ser feito para unidades geradoras de caixa. Os testes aplicados recentemente na Petrobras consideraram equipamentos (ativos) isoladamente (24). Por exemplo: avaliou-se um filtro utilizado numa refinaria em vez da própria refinaria, a unidade geradora de caixa. "Um filtro não gera caixa" (25), diz um técnico (26).
Sobre o item (24) não é isto que está nas informações que a empresa divulgou. A informação é que não foi considerada a sinergia entre as UGC, o que é bem diferente da frase. O filtro pode gerar caixa se tiver valor de troca, ao contrário do que afirmou o técnico.
Outro equívoco cometido no cálculo dos ativos foi ter ignorado possíveis sinergias existentes entre as diferentes unidades geradoras de caixa da Petrobras. A estatal está presente em várias etapas da cadeia produtiva do petróleo e em variados negócios. Nos cálculos que encontraram R$ 88,6 bilhões em ativos superavaliados, avaliaram-se ativos isoladamente, sem levar isso em consideração.
Tipicamente Febeacon.
Demorei a postar pois estava precisando de um tempo e criar coragem. Vamos lá. Chama-se "O maior desafio de Bendine na Petrobras" e foi publicado no dia 18 de fevereiro de 2015 (peguei o texto aqui). Em itálico o texto original:
O primeiro e maior desafio da nova diretoria da Petrobras é apresentar um balanço auditado e crível do resultado do terceiro trimestre de 2014. Não vai ser nada fácil e a principal razão está no volume de baixas de ativos promovido pela diretoria anterior (1) - R$ 88,6 bilhões. Esse seria o total de ativos superavaliados, que sofreram baixa contábil naquele (2) balanço.
O autor do texto acredita que a empresa efetuou baixas (o prof. Lauro Brito detesta este nome) de 88 bilhões. Isto não aconteceu. O que a diretoria fez foi colocar em nota explicativa este valor, mas deixou claro que NÃO iria fazer a amortização. Se você tem dúvida da frase do autor, a segunda parte do parágrafo é clara.
Muito provavelmente, a ex-presidente Graça Foster e seus diretores decidiram ser ultraconservadores (3), na confecção do balanço, por uma razão muito simples: eles quiseram dizer à sociedade brasileira, acionista majoritária da estatal, que nada têm a ver com a roubalheira que se fez por lá nos últimos anos (4). Possivelmente, sabiam que a decisão tornaria insustentável sua permanência na empresa (5).
Bom, todo argumento do parágrafo termina com as observações anteriores.A diretoria não foi ultraconservadora (item 3), pelo contrário. Como eles não amortizaram, eles foram ultra agressivos. E por este motivo eles não quiseram dizer que não estão ligados pela roubalheira (item 4). Pelo contrário. Seguindo o mesmo raciocínio do autor, eles informaram para sociedade que estão comprometidos com a roubalheira, já que não reconheceram contabilmente este evento. E por este motivo, a decisão tentou mantê-los na empresa e não como esta no texto no item 5. O erro deles foi divulgar a nota explicativa. Não imaginavam os efeitos.
Diante daquele que já é considerado o maior escândalo de corrupção da história do país, Graça e outros diretores radicalizaram nas estimativas (6)(7) do que supostamente decorreu de malfeitorias, ineficiências (ou mesmo de ineficiências decorrentes de delitos) e de questões como a queda brusca do preço do petróleo e a valorização do dólar. O problema é que, na opinião de especialistas (8), eles exageraram e o fizeram lançando mão de metodologias erradas (9), em que pese o fato de terem recorrido à ajuda da firma de auditoria Deloitte e do banco BNP Paribas.
A primeira frase foi marcada por dois motivos. Graça e outros diretores não fizeram as estimativas. Eles somente contrataram as empresas para a tarefa. Assim a estimativa não tem esta fonte. Ademais, e como já comentamos, Graça e outros diretores não radicalizaram. Eles informaram o número e que não iria usá-lo. O item (8) é um velho problema do Valor: o uso de fontes sem citação. Parece que o editor-executivo usou uma fonte furada, pois os problemas do texto são absurdamente absurdos. E para finalizar, a questão não é a metodologia. O método está correto, mas pode ser questionado os parâmetros.
Na semana passada, uma multinacional do ramo de auditoria (10) assegurou de forma categórica ao novo presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, que a metodologia usada pela ex-diretoria nos testes de imparidade (ou "impairment"), para calcular os ativos que teriam perdido valor nos últimos anos, está "errada" (11). Os testes de imparidade são aplicados para avaliar se o valor de um ativo é inferior ao seu valor escriturado ou contábil.
Novamente o jornal lança mão de fontes não identificadas. E afirmar que a metodologia usada no teste de imparidade está errada é muito forte. Uma leitura sobre este assunto informa que são dois métodos somente: valor em uso e valor de troca. Como pode estar errada a metodologia? Novamente, os parâmetros é outra coisa.
Bendine tem um desafio gigantesco pela frente: com a nova diretoria, terá que aplicar novamente (12) os testes de imparidade, chegar a números realistas e críveis (13), ter o balanço auditado pela PricewaterhouseCoopers (PwC) e convencer a sociedade de que os ativos que sofreram baixa contábil (14), avaliados agora num valor bem inferior aos R$ 88,6 bilhões (15), não serão reduzidos por motivação política, mas por razões técnicas (16).
É muita coisa para um só parágrafo. Não será aplicado novamente (item 12), pois não foi feito o teste. Ao usar o termo "realista e crível" o autor está indicando que 88 bilhões não são realistas e crível. Com base em que? Na quantidade de verba que a Petrobras coloca no jornal? Logo a seguir afirma novamente que os ativos sofreram baixa, quando isto não é verdade (item 14). O item (15) é mais sutil (se é que isto seja possível): a empresa contratada comparou a diferença entre o valor contábil e o valor recuperável e esta diferença foi de 88 bilhões. O texto informa que os ativos foram avaliados a 88 bilhões. E o item 16 informa que ocorreu motivação política. Aqui o editor-executivo não sabia o que falava e concluiu de forma errada: ocorreu motivação política em não usar o valor de 88 bilhões.
A tarefa também não é um passeio no parque porque as investigações sobre os desvios na Petrobras ainda estão em curso - ao anunciar os números, Graça Foster afirmou que o número das baixas ainda poderia crescer (17). Corre-se contra o relógio porque, se o balanço auditado não for publicado até o fim de junho, credores poderão reivindicar a aceleração do prazo de vencimento de dívidas, no total de US$ 56,7 bilhões, montante que supera com folga o que a estatal dispõe em caixa.(18)
Na realidade não tinha ocorrido. Finalmente o item final (18) não considera que a empresa poderá ter variação no caixa entre fevereiro e junho. Tudo leva a crer que irá aumentar, já que houve uma recomposição nos preços internos.
Os testes de imparidade são feitos regularmente em projetos de investimento - a Petrobras, como se sabe, possuía até pouco tempo atrás o maior plano de negócios do planeta. Com esses testes, feitos com alguma regularidade, as empresas verificam se uma unidade geradora de caixa atende às premissas estabelecidas no momento do investimento. "A partir daí, projeto as receitas (19) de acordo com a realidade daquele momento e trago a valor presente essa projeção e comparo com o investimento", explicou uma fonte (20).
Para que perder tempo comentando este texto? O teste que a fonte faz é a partir da receita! Não do caixa. E novamente não dá "nome aos bois".
Pelos padrões mais modernos de contabilidade (21), aplicados os testes de imparidade, os ativos que se valorizam não são contabilizados no balanço (22). Já os ativos que perdem valor, com uma margem expressiva que fuja muito da premissa original do projeto, obrigatoriamente (23) sofrem baixa contábil. "A partir do momento em que você dá baixa, mesmo que a realidade mude dali para frente, você não consegue valorizar o ativo de novo", disse a mesma fonte (24).
Este parágrafo promete: começa com padrões mais modernos de contabilidade e pelo que lemos até aqui ... Logo depois afirma que os ativos que se valorizam não estão no balanço. É isto mesmo que eu li no item (22)? A obrigatoriedade de amortização só ocorre se também o valor de troca for menor. E novamente percebam que ele não cita as fontes.
Em tese, o teste de imparidade deve ser feito para unidades geradoras de caixa. Os testes aplicados recentemente na Petrobras consideraram equipamentos (ativos) isoladamente (24). Por exemplo: avaliou-se um filtro utilizado numa refinaria em vez da própria refinaria, a unidade geradora de caixa. "Um filtro não gera caixa" (25), diz um técnico (26).
Sobre o item (24) não é isto que está nas informações que a empresa divulgou. A informação é que não foi considerada a sinergia entre as UGC, o que é bem diferente da frase. O filtro pode gerar caixa se tiver valor de troca, ao contrário do que afirmou o técnico.
Outro equívoco cometido no cálculo dos ativos foi ter ignorado possíveis sinergias existentes entre as diferentes unidades geradoras de caixa da Petrobras. A estatal está presente em várias etapas da cadeia produtiva do petróleo e em variados negócios. Nos cálculos que encontraram R$ 88,6 bilhões em ativos superavaliados, avaliaram-se ativos isoladamente, sem levar isso em consideração.
Tipicamente Febeacon.
Sobre a dificuldade de mensurar o valor da corrupção
A questão contábil referente à Petrobras chamou a atenção para a mensuração do valor da corrupção. Se formos analisar com cuidado a situação a conclusão é que dificilmente conseguiremos fazer uma mensuração correta da corrupção. E existem quatro boas razões para isto.
A primeira é que o caso da Petrobras mostra uma situação onde é muito difícil separar o que corrupção da má gestão, do excesso de otimismo ou da falha de planejamento. Quando uma pessoa tira um dinheiro da caixa registradora de uma empresa, medir esta falha de controle é razoavelmente simples. Basta proceder a uma contagem entre o saldo que deveria ter no caixa e comparar com o existente. Quando um cliente leva um produto sem pagar num supermercado também podemos mensurar isto, agora com um grau de precisão um pouco menor. O caso da Petrobras não está restrito a corrupção somente. Muito provavelmente existiram decisões ruins, decorrente da forma como a empresa foi gerenciada nos últimos anos. Além disto, sabemos que os executivos são geralmente otimistas por natureza e a decisão de fazer uma refinaria pode ter surgido pelo excesso de otimismo, mas não pela propina paga aos executivos. E obras estão sempre sujeitas a este excesso de otimismo, mesmo numa empresa com bons controles internos ou numa cultura onde a corrupção não é bem aceita. Quando a empresa divulgou uma diferença de 88 bilhões entre o valor contábil e o valor justo, talvez a maior parte deste valor seja em virtude das falhas de gestão.
O segundo aspecto é que o método ideal não está disponível para o caso da Petrobras. Uma forma de investigar o valor da propina é ter acesso a contabilidade do corruptor. Se esta contabilidade tiver sido feita dentro das características de qualidade da informação deveria constar o valor pago para os funcionários. Mas atualmente só quem sabe, parcialmente desta informação são alguns funcionários públicos. E mesmo assim, a investigação que está sendo realizada só está contemplando uma pequena parcela das empresas que faziam negócios com a Petrobras. Assim, a soma dos valores que as empreiteiras pagaram aos diretores da empresa não pode ser obtida e se pudesse – a empresa solicitou esta informação – talvez não corresponda ao valor que deveria corresponder a corrupção.
O terceiro fator é que não sabemos a extensão do pagamento da propina. Isto inclui não somente as empresas – fornecedores e compradores - que atuavam nas relações comerciais com a Petrobras como também o período de tempo. E mesmo que se consiga delimitar no tempo, muito provavelmente deverá incluir anos de gestão, o que dificulta ainda mais a mensuração. Tudo leva a crer que parte do problema também possui raízes em outros países. A obtenção deste tipo de informação em outro país também será difícil e provavelmente incompleta.
Finalmente, e em decorrência dos itens anteriores, a mensuração obtida do valor da corrupção deverá ser sempre uma opinião. Assim como um parecer de avaliação, a opinião pode ser aceita ou não pelo investidor ou auditores ou autoridades. A opinião pode ser contestada, não somente seus métodos como também os parâmetros utilizados.
A conclusão que chegamos é que não teremos o valor da corrupção nas últimas gestões da empresa. E qualquer número será um chute. E chute por chute, ainda prefiro aquele que postei anteriormente http://www.contabilidade-financeira.com/2014/11/qual-o-tamanho-do-rombo-da-petrobras.html neste blog.
A primeira é que o caso da Petrobras mostra uma situação onde é muito difícil separar o que corrupção da má gestão, do excesso de otimismo ou da falha de planejamento. Quando uma pessoa tira um dinheiro da caixa registradora de uma empresa, medir esta falha de controle é razoavelmente simples. Basta proceder a uma contagem entre o saldo que deveria ter no caixa e comparar com o existente. Quando um cliente leva um produto sem pagar num supermercado também podemos mensurar isto, agora com um grau de precisão um pouco menor. O caso da Petrobras não está restrito a corrupção somente. Muito provavelmente existiram decisões ruins, decorrente da forma como a empresa foi gerenciada nos últimos anos. Além disto, sabemos que os executivos são geralmente otimistas por natureza e a decisão de fazer uma refinaria pode ter surgido pelo excesso de otimismo, mas não pela propina paga aos executivos. E obras estão sempre sujeitas a este excesso de otimismo, mesmo numa empresa com bons controles internos ou numa cultura onde a corrupção não é bem aceita. Quando a empresa divulgou uma diferença de 88 bilhões entre o valor contábil e o valor justo, talvez a maior parte deste valor seja em virtude das falhas de gestão.
O segundo aspecto é que o método ideal não está disponível para o caso da Petrobras. Uma forma de investigar o valor da propina é ter acesso a contabilidade do corruptor. Se esta contabilidade tiver sido feita dentro das características de qualidade da informação deveria constar o valor pago para os funcionários. Mas atualmente só quem sabe, parcialmente desta informação são alguns funcionários públicos. E mesmo assim, a investigação que está sendo realizada só está contemplando uma pequena parcela das empresas que faziam negócios com a Petrobras. Assim, a soma dos valores que as empreiteiras pagaram aos diretores da empresa não pode ser obtida e se pudesse – a empresa solicitou esta informação – talvez não corresponda ao valor que deveria corresponder a corrupção.
O terceiro fator é que não sabemos a extensão do pagamento da propina. Isto inclui não somente as empresas – fornecedores e compradores - que atuavam nas relações comerciais com a Petrobras como também o período de tempo. E mesmo que se consiga delimitar no tempo, muito provavelmente deverá incluir anos de gestão, o que dificulta ainda mais a mensuração. Tudo leva a crer que parte do problema também possui raízes em outros países. A obtenção deste tipo de informação em outro país também será difícil e provavelmente incompleta.
Finalmente, e em decorrência dos itens anteriores, a mensuração obtida do valor da corrupção deverá ser sempre uma opinião. Assim como um parecer de avaliação, a opinião pode ser aceita ou não pelo investidor ou auditores ou autoridades. A opinião pode ser contestada, não somente seus métodos como também os parâmetros utilizados.
A conclusão que chegamos é que não teremos o valor da corrupção nas últimas gestões da empresa. E qualquer número será um chute. E chute por chute, ainda prefiro aquele que postei anteriormente http://www.contabilidade-financeira.com/2014/11/qual-o-tamanho-do-rombo-da-petrobras.html neste blog.
23 fevereiro 2015
Finanças Pessoais Regra da Idade
É muito comum a seguinte pergunta: onde devo investir meus recursos? Como temos diversos livros estrangeiros publicados, uma das respostas preferidas tem sido o mercado de ações. Afinal, no longo prazo, este mercado geralmente apresenta um retorno melhor que os outros tipos de investimento, além de permitir uma fácil diversificação.
Entretanto o mercado de ações possui muito risco. Por este motivo, alocar recursos em ações pode ser ruim para quem não pode assumir risco. Outro fator é que as pessoas tendem a gostar mais ou menos de risco conforme algumas características pessoais, como o gênero e a idade. Iremos hoje falar da idade.
Quando somos jovens, perder dinheiro em ações não representa um grande problema já que podemos recuperar com o passar do tempo. Mas na medida em que avançamos no tempo não é razoável jogar dinheiro fora já que teremos pouco tempo para conseguir o dinheiro de volta. Assim, podemos dizer que o mercado de ações é mais indicado para as pessoas mais jovens.
Uma maneira fácil de colocar um limite no investimento em ações, para evitar riscos desnecessários, é a regra da idade. Esta regra diz o seguinte: o seu investimento em ação não pode ultrapassar, em termos percentuais, a cem menos a idade. Se você tem vinte anos, temos que cem menos vinte é igual a oitenta. Neste caso o limite para investir em ação é oitenta por cento dos seus recursos. Já se fosse possui setenta anos, este limite é de trinta por cento ou cem menos setenta.
Quando aplicamos a regra da idade estabelecemos que com o tempo os recursos investidos em ações irão reduzir, ajustando o risco deste tipo de investimento as necessidades de recursos ao longo do tempo. Quando já estamos velhinhos precisamos de uma fonte de recurso mais estável, sem muita variação. Esta regra faz com que exista uma alocação das fontes de maior risco para fontes de menor risco.
Entretanto o mercado de ações possui muito risco. Por este motivo, alocar recursos em ações pode ser ruim para quem não pode assumir risco. Outro fator é que as pessoas tendem a gostar mais ou menos de risco conforme algumas características pessoais, como o gênero e a idade. Iremos hoje falar da idade.
Quando somos jovens, perder dinheiro em ações não representa um grande problema já que podemos recuperar com o passar do tempo. Mas na medida em que avançamos no tempo não é razoável jogar dinheiro fora já que teremos pouco tempo para conseguir o dinheiro de volta. Assim, podemos dizer que o mercado de ações é mais indicado para as pessoas mais jovens.
Uma maneira fácil de colocar um limite no investimento em ações, para evitar riscos desnecessários, é a regra da idade. Esta regra diz o seguinte: o seu investimento em ação não pode ultrapassar, em termos percentuais, a cem menos a idade. Se você tem vinte anos, temos que cem menos vinte é igual a oitenta. Neste caso o limite para investir em ação é oitenta por cento dos seus recursos. Já se fosse possui setenta anos, este limite é de trinta por cento ou cem menos setenta.
Quando aplicamos a regra da idade estabelecemos que com o tempo os recursos investidos em ações irão reduzir, ajustando o risco deste tipo de investimento as necessidades de recursos ao longo do tempo. Quando já estamos velhinhos precisamos de uma fonte de recurso mais estável, sem muita variação. Esta regra faz com que exista uma alocação das fontes de maior risco para fontes de menor risco.
22 fevereiro 2015
KPMG
As the stereotype goes, accountants are a species of professional often seen as spiritless human calculators—and not as indispensable visionaries. “‘Taxes must be boring.’ I get that all the time,” says Kirt Bocox, senior tax manager at KPMG, one of the firm’s many employees who dispute—indeed refute—that pre-conception. “People get the stereotype of accountants completely wrong. It’s actually exciting and fun.”
Bocox is not the only impassioned one. To hear Bruce Pfau, vice chairman of human resources and communications, tell it, the company, based in Amstelveen, the Netherlands, gushes with enthusiasm. So he devised a plan to harness that energy: Instead of dictating what employees should consider their motivating force, the company asked each to think up his or her own and frame it on a poster. HR provided a template on the organization’s internal website, KPMG Today.
“I’ve always believed that culture is the most important dimension of any CEO’s responsibility to an organization,” says John Veihmeyer, global chairman and CEO of KPMG in the U.S., who kicked off the program in June with a video in which he stood on the Top of the Rock in New York City to announce a goal: the “10,000 stories challenge.” If the company received that many posters by Thanksgiving, everyone would earn two extra days of paid vacation.
Fonte: Fortune ("100 Best Companies to Work For 2014 rank: No. 80") via aqui
Bocox is not the only impassioned one. To hear Bruce Pfau, vice chairman of human resources and communications, tell it, the company, based in Amstelveen, the Netherlands, gushes with enthusiasm. So he devised a plan to harness that energy: Instead of dictating what employees should consider their motivating force, the company asked each to think up his or her own and frame it on a poster. HR provided a template on the organization’s internal website, KPMG Today.
“I’ve always believed that culture is the most important dimension of any CEO’s responsibility to an organization,” says John Veihmeyer, global chairman and CEO of KPMG in the U.S., who kicked off the program in June with a video in which he stood on the Top of the Rock in New York City to announce a goal: the “10,000 stories challenge.” If the company received that many posters by Thanksgiving, everyone would earn two extra days of paid vacation.
Fonte: Fortune ("100 Best Companies to Work For 2014 rank: No. 80") via aqui
21 fevereiro 2015
Fato da Semana: Recuo na norma de Reconhecimento da Receita? (Semana 8 de 2015)
Fato da Semana: Parece a história do gato que subiu no telhado. Inicialmente anunciou-se que as duas entidades reguladoras estavam fazendo uma lista de questões mais polêmicas da norma de reconhecimento da receita. Depois, um membro do Iasb comentou sobre uma possível postergação para o início da norma. Será que teremos uma nova norma?
Qual a relevância disto? A norma de reconhecimento da receita foi uma proposta conjunta do Iasb, regulador com sede em Londres, e o Fasb, que regula as normas contábeis dos Estados Unidos. Seria um exemplo que é possível obter uma convergência no longo prazo entre as duas principais entidades reguladoras mundiais da área contábil.
Um dos objetivos da norma era simplificar o processo de reconhecimento da receita. Entretanto, parece que esta finalidade não foi obtida.
Para o Brasil, que adota as normas do Iasb com alterações, a indecisão e questionamentos poderão tornar-se realidade brevemente.
Positivo ou Negativo – Negativo. Anos de discussão com profissionais de altíssimo nível e boa estrutura de apoio não foram suficientes para produzir uma norma simples, como proposto.
Desdobramentos – Parece que a norma será adiada. Isto também poderá ter efeitos para nossas empresas. E lança um descredito no processo de convergência.
Outro fato: a PwC foi considerada uma das melhores marcas mundiais pela Brand Finance.
Qual a relevância disto? A norma de reconhecimento da receita foi uma proposta conjunta do Iasb, regulador com sede em Londres, e o Fasb, que regula as normas contábeis dos Estados Unidos. Seria um exemplo que é possível obter uma convergência no longo prazo entre as duas principais entidades reguladoras mundiais da área contábil.
Um dos objetivos da norma era simplificar o processo de reconhecimento da receita. Entretanto, parece que esta finalidade não foi obtida.
Para o Brasil, que adota as normas do Iasb com alterações, a indecisão e questionamentos poderão tornar-se realidade brevemente.
Positivo ou Negativo – Negativo. Anos de discussão com profissionais de altíssimo nível e boa estrutura de apoio não foram suficientes para produzir uma norma simples, como proposto.
Desdobramentos – Parece que a norma será adiada. Isto também poderá ter efeitos para nossas empresas. E lança um descredito no processo de convergência.
Outro fato: a PwC foi considerada uma das melhores marcas mundiais pela Brand Finance.
20 fevereiro 2015
Defesa de Tese
Segunda-feira, dia 23 de fevereiro, as 9 horas, ocorrerá a defesa da tese “ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE CAPACIDADE COGNITIVA E A OCORRÊNCIA DOS VIESES COGNITIVOS DA REPRESENTATIVIDADE NO JULGAMENTO”, da discente Edzana Roberta Ferreira da Cunha Vieira Lucena.
A defesa ocorrerá na UFRN, Natal.
A comissão examinadora será composta por:
Prof. Dr. César Augusto Tibúrcio Silva - Presidente
Prof. Dr. José Dionísio Gomes da Silva
Prof. Drª. Aneide Oliveira Araujo
Prof. Dr. Adriano Leal Bruni
Prof. Dr. Antonio Benedito Silva Oliveira
Prof. Dr. Adilson de Lima Tavares
Local: Sala A1 do setor de aulas 5
A defesa ocorrerá na UFRN, Natal.
A comissão examinadora será composta por:
Prof. Dr. César Augusto Tibúrcio Silva - Presidente
Prof. Dr. José Dionísio Gomes da Silva
Prof. Drª. Aneide Oliveira Araujo
Prof. Dr. Adriano Leal Bruni
Prof. Dr. Antonio Benedito Silva Oliveira
Prof. Dr. Adilson de Lima Tavares
Local: Sala A1 do setor de aulas 5
A desigualdade na América Latina tem origens coloniais? Não!
Latin American Inequality: Colonial Origins, Commodity Booms, or a Missed 20th CenturyLeveling?
Jeffrey G. Williamson
NBER Working Paper No. 20915
January 2015
JEL No. D3,N16,N36,O15
ABSTRACT
Most analysts of the modern Latin American economy have held the pessimistic belief in historical
persistence -- they believe that Latin America has always had very high levels of inequality, and that
it’s the Iberian colonists’ fault. Thus, modern analysts see today a more unequal Latin America compared
with Asia and most rich post-industrial nations and assume that this must always have been true. Indeed,
some have argued that high inequality appeared very early in the post-conquest Americas, and that
this fact supported rent-seeking and anti-growth institutions which help explain the disappointing growth
performance we observe there even today. The recent leveling of inequality in the region since the
1990s seems to have done little to erode that pessimism. It is important, therefore, to stress that this
alleged persistence is based on an historical literature which has made little or no effort to be comparative,
and it matters. Compared with the rest of the world, inequality was not high in the century following
1492, and it was not even high in the post-independence decades just prior Latin America’s belle époque
and start with industrialization. It only became high during the commodity boom 1870-1913, by the
end of which it had joined the rich country unequal club that included the US and the UK. Latin America
only became relatively high between 1913 and the 1970s when it missed the Great Egalitarian Leveling
which took place almost everywhere else. That Latin American inequality has its roots in its colonial
past is a myth.
Jeffrey G. Williamson
350 South Hamilton Street #1002
Madison, WI 53703
and Harvard University and CEPR
and also NBER
jwilliam@fas.harvard.edu
Jeffrey G. Williamson
NBER Working Paper No. 20915
January 2015
JEL No. D3,N16,N36,O15
ABSTRACT
Most analysts of the modern Latin American economy have held the pessimistic belief in historical
persistence -- they believe that Latin America has always had very high levels of inequality, and that
it’s the Iberian colonists’ fault. Thus, modern analysts see today a more unequal Latin America compared
with Asia and most rich post-industrial nations and assume that this must always have been true. Indeed,
some have argued that high inequality appeared very early in the post-conquest Americas, and that
this fact supported rent-seeking and anti-growth institutions which help explain the disappointing growth
performance we observe there even today. The recent leveling of inequality in the region since the
1990s seems to have done little to erode that pessimism. It is important, therefore, to stress that this
alleged persistence is based on an historical literature which has made little or no effort to be comparative,
and it matters. Compared with the rest of the world, inequality was not high in the century following
1492, and it was not even high in the post-independence decades just prior Latin America’s belle époque
and start with industrialization. It only became high during the commodity boom 1870-1913, by the
end of which it had joined the rich country unequal club that included the US and the UK. Latin America
only became relatively high between 1913 and the 1970s when it missed the Great Egalitarian Leveling
which took place almost everywhere else. That Latin American inequality has its roots in its colonial
past is a myth.
Jeffrey G. Williamson
350 South Hamilton Street #1002
Madison, WI 53703
and Harvard University and CEPR
and also NBER
jwilliam@fas.harvard.edu
Atraso na norma da receita
Ontem informamos que a norma do reconhecimento da receita deverá sofrer atraso na sua implementação nos Estados Unidos. Agora, segundo a CFO um membro do Iasb, Patrick Finnegan, afirmou que o atraso é inevitável. Desde que a norma foi aprovada, algumas empresas solicitaram mais tempo para sua implementação.
A decisão quarta de tentar esclarecer alguns pontos é um indício que o atraso será inevitável.
A decisão quarta de tentar esclarecer alguns pontos é um indício que o atraso será inevitável.
A Marca PwC
Segundo a empresa de consultoria Brand Finance, a PwC ficou em segundo lugar num ranking das marcas consideradas mais poderosas do mundo, num grupo seleto de 12 empresas que receberam a nota máxima, AAA+. A PwC teve companhia da Lego, Red Bull, Unilever, McKinsey, Burberry, Rolex, L'Oreal, Coca Cola, Ferrari, Nike e Disney.
As outras quatro grandes empresas de auditoria também tiveram boas notas: Deloitte com AAA e EY e KPMG com AAA-. Segundo a Brand Finance, as grandes empresas de contabilidade possuem marcas fortes.
Quanto utiliza o critério do valor, a PwC está em 59o. de um total de 500 empresas, com um valor de 17 bilhões de dólares.
É bom lembrar que a PwC é a empresa responsável pela auditoria do balanço da Petrobras.
As outras quatro grandes empresas de auditoria também tiveram boas notas: Deloitte com AAA e EY e KPMG com AAA-. Segundo a Brand Finance, as grandes empresas de contabilidade possuem marcas fortes.
Quanto utiliza o critério do valor, a PwC está em 59o. de um total de 500 empresas, com um valor de 17 bilhões de dólares.
É bom lembrar que a PwC é a empresa responsável pela auditoria do balanço da Petrobras.
19 fevereiro 2015
Rir é o melhor remédio
Relembrando uma postagem antiga, num momento de pouco tempo. Mas rir é o melhor remédio.
Reconhecimento da receita
Segundo o Compliance Week, os dois principais reguladores estão planejando reabrir a norma comum sobre reconhecimento da receita para alguns aspectos específicos referente a implementação. O grupo de transição possui 40 questões que os preparadores da informação contábil tiveram nos últimos meses. A regra deveria entrar em vigor em 2017, mas em decorrência da comparabilidade, que exigiria três anos de histórico, as empresas já estão tentando utilizá-las. Isto significa que não está fora de questão a possibilidade de postergar o início da vigência.
Grécia e Regime de Caixa
O resolução da crise grega passa pela reforma da contabilidade pública, afirmou Jacob Soll, professor da University of Southern California. Segundo Soll, um estado moderno passa por um moderno sistema contábil, o que não é o caso da Grécia. Lá não existiria uma cultura contábil, que inclui transparência e utilização das normas internacionais de contabilidade pública (IPSAS). Isto significa usar o caixa como base contábil, o que "essencialmente significa nada".
18 fevereiro 2015
Resenha: Dinheiro Feliz
No universo literário há um bocado de livros de finanças pessoais. A maioria é muito ruim e não podem ser recomendados, pois são mais livros de autoajuda, sem nenhuma base científica. Este não é o caso de Dinheiro Feliz por três razões. Em primeiro lugar, esta pequena obra de duzentas páginas está focada na despesa pessoal. É uma boa premissa, já que a maioria das pessoas não consegue aumentar substancialmente sua receita. Em segundo lugar, as afirmações feitas no livro estão sustentadas por diversas pesquisas acadêmicas, citadas no final. Finalmente, o livro foi escrito por dois pesquisadores de instituições conhecidas, Elizabeth Dunn e Michael Norton.
Da mesma forma que nos livros tradicionais de autoajuda, a obra baseia-se em poucos princípios, repetidos a exaustão. Neste caso são cinco os princípios, para o qual os autores escrevem capítulo específico. A premissa do livro é mostrar para as pessoas como gastar o dinheiro para que você seja mais feliz.
O primeiro princípio é “Compre Experiências”. Embora as pesquisas indiquem que a maioria das pessoas sonhe com a casa própria, este tipo de compra não gera felicidade. O melhor e comprar experiências que podem trazer um prazer maior. É o caso de uma viagem especial ou para um local distante. O segundo princípio é “faça disso uma diversão”. Em lugar de negar radicalmente uma experiência, como deixar de tomar café, faça com que o copo de cappuccino seja um acontecimento especial, em lugar de ser uma rotina diária. A seguir, “compre tempo”. Em lugar de perder duas horas no trânsito, pense em usar o dinheiro para morar mais perto do trabalho. O quarto princípio é “pague agora, consuma depois”. Ao inverter o princípio geral da nossa sociedade – de consumir agora e pagar depois – as pessoas podem adquirir mais felicidade e gastar menos. O maior prazer das férias ocorre antes, quando sonhamos com o sossego da fazenda. O último princípio é “invista em outros”.
Quando estava relendo este livro, eu lembrava as diversas situações onde os princípios do livro se aplicaram na vida pessoal. A obra é muito prática e os princípios são poucos, mas suficientes para que as pessoas possam ter uma relação melhor com o dinheiro.
Vale a pena? Se tivesse que indicar um livro de finanças pessoais, esta seria a obra que indicaria. Então, a resposta é sim.
DUNN, Elizabeth; NORTON, Michael. Dinheiro Feliz. São Paulo: JSN, 2014.
Se decidir comprar o livro, sugerimos escolher um de nossos parceiros. O blog é afiliado aos seguintes programas:
Amazon Brasil
Americanas
Submarino
ShopTime
SouBarato.com.br-
Evidenciação: Livro adquirido com recursos particulares, sem ligações com os escritores ou a editora.
Da mesma forma que nos livros tradicionais de autoajuda, a obra baseia-se em poucos princípios, repetidos a exaustão. Neste caso são cinco os princípios, para o qual os autores escrevem capítulo específico. A premissa do livro é mostrar para as pessoas como gastar o dinheiro para que você seja mais feliz.
O primeiro princípio é “Compre Experiências”. Embora as pesquisas indiquem que a maioria das pessoas sonhe com a casa própria, este tipo de compra não gera felicidade. O melhor e comprar experiências que podem trazer um prazer maior. É o caso de uma viagem especial ou para um local distante. O segundo princípio é “faça disso uma diversão”. Em lugar de negar radicalmente uma experiência, como deixar de tomar café, faça com que o copo de cappuccino seja um acontecimento especial, em lugar de ser uma rotina diária. A seguir, “compre tempo”. Em lugar de perder duas horas no trânsito, pense em usar o dinheiro para morar mais perto do trabalho. O quarto princípio é “pague agora, consuma depois”. Ao inverter o princípio geral da nossa sociedade – de consumir agora e pagar depois – as pessoas podem adquirir mais felicidade e gastar menos. O maior prazer das férias ocorre antes, quando sonhamos com o sossego da fazenda. O último princípio é “invista em outros”.
Quando estava relendo este livro, eu lembrava as diversas situações onde os princípios do livro se aplicaram na vida pessoal. A obra é muito prática e os princípios são poucos, mas suficientes para que as pessoas possam ter uma relação melhor com o dinheiro.
Vale a pena? Se tivesse que indicar um livro de finanças pessoais, esta seria a obra que indicaria. Então, a resposta é sim.
DUNN, Elizabeth; NORTON, Michael. Dinheiro Feliz. São Paulo: JSN, 2014.
Se decidir comprar o livro, sugerimos escolher um de nossos parceiros. O blog é afiliado aos seguintes programas:
Amazon Brasil
Americanas
Submarino
ShopTime
SouBarato.com.br-
Evidenciação: Livro adquirido com recursos particulares, sem ligações com os escritores ou a editora.
17 fevereiro 2015
História da Contabilidade Caixa de Soccorros de D. Pedro V
Já mostramos em postagem anterior que talvez a primeira evidenciação contábil no Brasil ocorreu numa entidade do terceiro setor: o Theatro de S João. No final do século XIX outra entidade do terceiro setor destacou-se pela qualidade, para época, da divulgação das suas contas. Trata-se da Caixa de Soccorros de D. Pedro V.
Fundada em 1863 por portugueses e seus descendentes que residiam no Brasil, esta associação recebe a denominação de Real e Benemérita Sociedade Portuguesa Caixa de Socorros D. Pedro V em razão de um decreto de 1897 e de outro, assinado pelo rei D. Carlos de Portugal, em 1902 http://associacoescariocas.ica-atom.org/vJ86;isaar . O mais impressionante é que esta entidade ainda existe nos dias atuais, estando situada na Rua Marechal Floriano 185.
Em termos contábeis nos interessa o seu Relatório e Contas impresso no Rio de Janeiro, na tipografia do Jornal do Commercio, referente ao ano de 1896. Um exemplar ainda existe na Biblioteca Nacional de Portugal para consulta. Com 82 páginas, o relato inclui não somente uma prestação de contas razoavelmente pormenorizada como também um histórico da entidade. Consta do impresso, por exemplo, o histórico das receitas e de despesas desde sua fundação até o ano da publicação do relatório. Ou seja, 32 anos.
Deste extenso relatório selecionei dois pequenos trechos para o leitor. O primeiro ocorre na página 58, num determinado trecho do parecer do conselho fiscal que estava examinando as contas da entidade. Comentando sobre o patrimônio da entidade, o parecer afirma que o valor do imóvel tem um valor muito maior do que aquele registrado no balanço da empresa, em razão da valorização do patrimônio:
O segundo trecho é outro texto onde se mostra o panorama geral da entidade. Na página 70 do documento comenta-se que a entidade conseguiu obter matrículas gratuitas numa escola durante anos por parte de um conselheiro. E que estas matrículas, pelo valor da tabela do estabelecimento, apresentava um valor substancial:
Fundada em 1863 por portugueses e seus descendentes que residiam no Brasil, esta associação recebe a denominação de Real e Benemérita Sociedade Portuguesa Caixa de Socorros D. Pedro V em razão de um decreto de 1897 e de outro, assinado pelo rei D. Carlos de Portugal, em 1902 http://associacoescariocas.ica-atom.org/vJ86;isaar . O mais impressionante é que esta entidade ainda existe nos dias atuais, estando situada na Rua Marechal Floriano 185.
Em termos contábeis nos interessa o seu Relatório e Contas impresso no Rio de Janeiro, na tipografia do Jornal do Commercio, referente ao ano de 1896. Um exemplar ainda existe na Biblioteca Nacional de Portugal para consulta. Com 82 páginas, o relato inclui não somente uma prestação de contas razoavelmente pormenorizada como também um histórico da entidade. Consta do impresso, por exemplo, o histórico das receitas e de despesas desde sua fundação até o ano da publicação do relatório. Ou seja, 32 anos.
Deste extenso relatório selecionei dois pequenos trechos para o leitor. O primeiro ocorre na página 58, num determinado trecho do parecer do conselho fiscal que estava examinando as contas da entidade. Comentando sobre o patrimônio da entidade, o parecer afirma que o valor do imóvel tem um valor muito maior do que aquele registrado no balanço da empresa, em razão da valorização do patrimônio:
O segundo trecho é outro texto onde se mostra o panorama geral da entidade. Na página 70 do documento comenta-se que a entidade conseguiu obter matrículas gratuitas numa escola durante anos por parte de um conselheiro. E que estas matrículas, pelo valor da tabela do estabelecimento, apresentava um valor substancial:
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