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30 setembro 2019

Balanços em Jornais

O Ministério da Economia e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) fixaram em 14 de outubro deste ano a data para que as publicações obrigatórias de empresas de capital aberto e fechado previstas na Lei das S.A, como balanços, passem a ser divulgadas apenas na internet e não mais em jornais diários de grande circulação, como determinou o presidente Jair Bolsonaro por meio da Medida Provisória 892, editada em agosto. (Fonte: Aqui)

O texto passa a impressão de que não será permitida a publicação em jornais de grande circulação. Isto é opcional para cada empresa, conforme o sumário executivo.

Gamificação

A gamificação é o uso de jogos para "cativar" as pessoas, por meio de desafios e bonificações. Esta é uma técnica antiga, mas que nos dias atuais tornou-se presente em diversas áreas, como ensino e trabalho.

Usa-se jogos para incentivar a aprendizagem de um estudante. Se ele passa de uma lição no Duolingo, ganha "lingotes". Mensagens de estímulo aparecem quando erra e felicitações quando acerta. O site informa quantos pontos você fez e as pessoas que mais fizeram pontos na semana ou mês. É um grande incentivo para você buscar aprender uma língua.

A gamificação está também nas relações trabalhistas. Recentemente, Sarah Mason escreveu um artigo para o Logic sobre isto. O texto não é acadêmico, mas traz algumas contribuições interessantes. Sarah é motorista de aplicativo e encontrou neste trabalho uma forma de sobrevivência. O aplicativo estabelece metas, parabeniza se você tiver boas notas, estabelece suas rotas e determina alguns bônus. Isto tudo é feito através do algoritmo da empresa. Para Mason, se existe algo real e quantificado, pode ser "gamificado".

Ela se pergunta qual a razão de buscar trabalhar muito para ter boas notas? Não recebe mais por isto. A gamificação manipula os seus sentimentos, induzindo a buscar notas mais altas. Segundo ela, nos dias atuais, entre o capital e o trabalho, há um algoritmo. Outra observação interessante é que um motorista de aplicativo, nos Estados Unidos, recebe um valor abaixo do salário mínimo da região. Mais ainda, o próprio Uber considera que o McDonald´s é seu grande "inimigo" na busca de trabalhadores. São reflexões interessantes e relevantes para os dias atuais.

Rir é o melhor remédio


29 setembro 2019

Mais informação para usuário é igual a melhor política pública?

O que fazer quando um serviço público não tem uma qualidade desejada? Diversas abordagens já foram tentadas, como auditoria, estabelecimento de meta de desempenho, entre outras. Uma das abordagens que tem sido defendida é dar condições ao usuário para que ele possa analisar o serviço que está sendo prestado. E uma forma de fazer isto é entregar informações ao usuário. Se o usuário conhecer melhor o serviço que está sendo prestado ele pode ser um crítico de sua qualidade. Assim, muitas políticas públicas tentaram "educar" o usuário, melhorando seu conhecimento sobre o tema da política pública.

Mas será que isto funciona? Se isto não funcionar, talvez a educação do usuário não seja uma estratégia interessante e estamos gastando dinheiro com esta abordagem. Veja que esta questão pode ajudar na discussão sobre "educação financeira" e outras tentativas de dar conhecimento as pessoas. A questão é como pesquisar isto. 

Uma pesquisa conseguiu isto para um público bem específico: os médicos. Usando dados de médicos que trabalham na área militar, três pesquisadores compararam os médicos como pacientes contra outros pacientes. Como os médicos conhecem (ou deveriam conhecer) sobre saúde, era esperado que o atendimento deste profissionais fosse diferente dos demais pacientes. Isto seria uma confirmação que ter informação pode ajudar na qualidade da política pública de saúde. 

Os pesquisadores compararam o médicos que atuam na área militar e perceberam que a diferença no atendimento é muito pequena. Não suficiente para fazer diferença dos demais pacientes. Assim, talvez fornecer informação para o usuário seja perda de tempo e gasto de dinheiro; isto não resolveria o problema da qualidade da política de saúde. 

Leia mais em Frakes, M, Gruber, J & JenaAnupam (2019).Is Great Information Good Enough? Evidencie from Physicians as patients(No. w26038). National Bureau of Economic Research. 

28 setembro 2019

Convergência no Setor Público

Segundo a contagem do CFC, são 21 NBC TSP convergidas, além duas outras sem nenhuma relação. Parece muito. Mas o quadro abaixo mostra que o número de normas do IFAC é maior: 37 segundo um resumo recente publicado pelo próprio IFAC. "Faltariam" 16 normas.
A primeira coluna mostra a NBC. A segunda coluna, o ano de publicação. O nome da norma está na terceira coluna. A numeração correspondente, para a norma do IFAC está a seguir. A relação da norma do IFAC com a norma do IASB está logo a seguir. Esta relação foi retirada do documento do IFAC. E na última coluna, a especificidade da norma.
Outra forma de ver a tabela está a seguir:
Com respeito a especificidade, a legenda é a seguinte: **** = trata-se de norma específica do setor público, sem nenhuma relação com norma do IASB; *** = é uma norma predominantemente específica do setor público; ** = norma com acréscimos relacionados com o setor público; * = norma do Iasb com poucos acréscimos específicos do setor público.

O quadro a seguir tem somente as normas que já foram convergidas:

E agora as normas que faltam a convergência no Brasil:

27 setembro 2019

Emprego no Setor Contábil em Agosto

Em mais uma rodada de divulgação do número de empregos formais no Brasil, os resultados continuam mostrando que a economia está em recuperação, mas o setor contábil não. Eis um gráfico com a série histórica:
Iniciando em 2014, o gráfico mostra que a crise reduziu o número de empregos na economia (linha vermelha) e no setor contábil (linha azul). Os números foram ajustados para fins de comparação. A partir de um determinado período, a economia começa um processo de recuperação. Mas o setor contábil continuou em crise de empresa. Veja que a linha azul se descola da linha vermelha.

Agosto teve seguiu esta tendência. Enquanto que o número de vagas do setor formal aumentou (+121 mil vagas), no setor contábil o número de demissões foi maior (572). Na contabilidade, o mês de agosto é ruim: desde 2014, em nenhum mês de agosto o saldo foi positivo.

Algumas das estatísticas estão a seguir:
Próximo mês: setembro é muito melhor que agosto. Em 2018, o número de vagas aumentou, assim como em setembro de 2014. Assim, o resultado pode ser positivo.

Porta giratória na regulação contábil

A seguir um texto crítico, de Eleanor Eagan, sobre o fato de funcionários de agências reguladoras serem contratados por empresas de auditoria.

Em maio, Wesley Bricker, contador-chefe da Comissão de Valores Mobiliários (SEC), anunciou que estava deixando o cargo. No início do mês passado, soubemos onde ele havia ido: PricewaterhouseCoopers (PwC), uma das auditorias "Big Four", como vice-presidente e líder de garantia para os EUA e o México. Com esse movimento, Bricker completou sua quarta volta pela porta giratória entre a PwC e a SEC. Embora aparentemente notável, sua trajetória de carreira é emblemática das linhas quase inexistentes entre reguladores e aqueles que eles são encarregados de regular. Como esse exemplo deixa claro, agências como a SEC, para que trabalhem para o bem público, não serão apenas uma questão de escolher bons funcionários, mas também de mudar a cultura e as expectativas do pessoal em todos os escalões dessas entidades.

Para entender por que a decisão da Bricker nos preocupa, é preciso investigar brevemente o mundo das auditorias corporativas. Embora a maioria das pessoas associe a SEC à aplicação de informações privilegiadas, a Comissão também desempenha um papel importante para garantir que as empresas sejam honestas sobre sua situação financeira, ajudando a evitar fracassos no estilo da Enron.

Então, como isso se desenrola? As empresas de capital aberto devem passar por uma auditoria externa de suas finanças e controles internos a cada ano. Essas auditorias são realizadas por empresas privadas supostamente independentes, geralmente uma das “Big Four” (PwC, KPMG, Deloitte ou Ernst  Young). As auditorias dos auditores são, por sua vez, auditadas periodicamente pelo Conselho de Supervisão Contábil de Empresa Pública (PCAOB) , uma empresa sem fins lucrativos que se reporta à SEC.

O problema está na suposta independência dos auditores privados. Os auditores são pagos por seus clientes - as empresas que eles investigam - por seu trabalho. Portanto, eles dependem de relacionamentos positivos com aqueles que estão auditando para criar clientes recorrentes. Destacar os erros de uma empresa com muita freqüência pode levar a outros caminhos e é por isso que os auditores geralmente corrigem, em vez de reportar , os erros de uma empresa.

O PCAOB e a SEC devem impedir que os auditores se comportem dessa maneira. No entanto, como muitas pessoas já trabalharam (e parece que provavelmente trabalharão novamente) para os quatro grandes auditores em questão, sua capacidade de agir como uma salvaguarda robusta contra abusos desenfreados gera ceticismo.

Isso nos leva de volta ao funcionário em questão, Wesley Bricker. Como contador-chefe , Bricker tinha um grande poder para influenciar os padrões contábeis e determinar o escopo e a severidade da aplicação. Dada sua vasta experiência trabalhando para uma das entidades que ele foi encarregado de regular, no entanto, é difícil acreditar que ele tenha se dedicado totalmente a esse trabalho.

Mesmo se ele tivesse, no entanto, sua decisão de retornar à PwC justifica uma preocupação por si só. Em seu tempo como contador-chefe, Bricker, sem dúvida, adquiriu um conhecimento íntimo dos pontos fortes e fracos da SEC. Ele está, atualmente, em uma posição sem dúvida melhor do que qualquer pessoa no mundo para ajudar os auditores a evitar um escrutínio regulatório. Talvez por isso, a PwC esteja tão feliz por tê-lo de volta.

A integridade das auditorias financeiras pode parecer um assunto sem graça, mas tem implicações importantes para os trabalhadores. O colapso da Enron tirou milhares de pessoas do emprego e destruiu suas economias de aposentadoria. Os auditores das "Grandes Quatro" negligenciaram grande parte da fraude que ajudou a travar a economia em 2007.

Idealmente, poderíamos confiar que os reguladores de todo o sistema estavam trabalhando firmemente para avançar e defender o interesse público. Como a trajetória de carreira de Bricker demonstra, no entanto, essa confiança pode ser irracional.

Fonte: SEC Chief Accountant's Trip(s) through the Revolving Door are Emblematic of a Broader Problem, Eleanor Eagan, Center for Economic and Policy Research (CEPR)

26 setembro 2019

Escondendo dinheiro do fisco e do cônjuge

Alguns milionários canadenses criaram, no final do século passado, um esquema para reduzir a tributação e, ao mesmo tempo, esconder seu dinheiro do cônjuge. O esquema incluía transferência de dinheiro para um paraíso fiscal (Ilhas de Man) e doação para entidades do terceiro setor, como museus.

O esquema vazou e as autoridades fiscais do Canadá determinaram que os documentos relacionados com a investigação fossem “preservados”. Isto ocorreu em outubro de 2012. Um mês depois, as empresas de fachada criadas na Ilha de Man aprovaram uma resolução onde os documentos seriam destruídos.

Desde então, o governo do Canadá tenta reconstituir a contabilidade destas empresas. Mesmo solicitando a documentação, alguns dos envolvidos alegaram segredo da relação entre advogado e cliente.

A história foi contada pelo GoingConcern por Adrienne Gonzalez. Um detalhe importante: o esquema de evasão de impostos e ocultação de riqueza do cônjuge foi criado e mantido por uma empresa de auditoria: a KPMG do Canadá. Isto inclui as empresas de fachadas, criadas pela KPMG.

Benefícios do xadrez

The study compares the standardized test performance of “chess kids” versus their peers. The comparison of score gains to non-chess peers (same grade and same academic percentile) attempts to eliminate the chicken-and-egg issue that often muddles this topic, that is, does chess make kids smarter or do smart kids simply prefer chess. The data indeed confirm that chess players are generally of higher academic standing (chess kids are smart), but more importantly it statistically shows that learning chess increases a student’s academic performance (chess makes them smarter). The evaluation then digs deeper, by comparing kids who have learned perhaps a little chess (coming to chess club only) versus those that are more serious and play in U.S. Chess Federation (USCF)-rated tournaments. A variety of comparisons are made which show that the benefits of chess are strongly tied to “learning” the game; the more you learn, the more you benefit. Kids who come only to chess club receive a small (5%-10%) benefit in Math, whereas kids who play in rated tournaments gain substantially in Math (30%-50%) and significantly in Reading (10%-20%). The benefits also continue to grow as kids play more tournaments and/or increase their USCF chess rating.

The Effect of Chess on Standardized Test Score Gains
David Poston & Kathryn Vandenkieboom
SAGE Open, August 2019
via aqui

Rir é o melhor remédio


25 setembro 2019

Valor de um jogador de futebol

É difícil apurar o valor contabilístico dos jogadores da formação e até é possível que não tenham valor nenhum ou então apenas um valor residual. A probabilidade de João Félix ter valido contabilisticamente para o Benfica menos de dois milhões de euros é, por isso, muito forte.

O ativo da Sport Lisboa e Benfica – SAD com maior valor de mercado será, por ventura, o plantel da equipa principal de futebol. Bastará pensar, por exemplo, na venda de João Félix [foto] que, em julho, trocou Lisboa pela capital espanhola para jogar no Atlético de Madrid, a troco de 126 milhões de euros.

Apesar desta transferência milionária, a SAD benfiquista avaliou, no balanço, o plantel do ano passado em 80,246 milhões de euros, segundo o relatório e contas relativo ao exercício da época desportiva de 2018-2019, divulgado esta quarta-feira em comunicado na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, tal como se pode ver logo na terceira página do documento, na rubrica “Ativos intangíveis – jogadores de futebol”.

Naturalmente, qualquer adepto de futebol poderá questionar-se sobre este valor. Mas a contabilidade explica.

Como são avaliados contabilisticamente os jogadores de futebol?

De acordo com a Norma Contabilística e de Relato Financeiro 6 (NCRF 6) é considerado como um ativo intangível aquele que é “não monetário identificável sem substância física”. Isto é, não é o jogador físico que é o ativo, mas antes o seu passe.

Além disso, a NCRF 6 exige que os ativos intangíveis reunam três características. Têm de ser identificáveis, isto é, passíveis de identificação de forma a serem diferenciáveis de qualquer outro ativo, sob pena de não se poderem exercer sobre eles direitos de propriedade (os passes dos jogadores são da propriedade da Benfica SAD).

Devem ainda existir e ter proteção legal, e gerar benefícios económicos futuros, como por exemplo, créditos obtidos através de uma futura venda.

Uma vez reunidos estas características, os ativos intangíveis devem ser reconhecidos e mensurados no balanço da empresa. No caso da SAD do Benfica – e de qualquer outra sociedade desportiva que compre e venda passes de jogadores – o departamento de contabilidade deve registar o valor do passe do jogador.

No caso de aquisição de um ativo intangível, leia-se, no caso de compra de um jogador de futebol, é este o valor a reconhecer no balanço. Assim, por exemplo, quando o SL Benfica oficializou a compra do avançado Raúl de Tomás por 20 milhões de euros, deve reconhecê-lo com esse montante. A isto se chama de reconhecimento inicial.

Mas, regra geral, o ativo intangível terá de ser amortizado de forma a registar as perdas dos benefícios económicos que lhe estão associados. Salvo exceções previstas na NCRF 6, a amortização do passe dos jogadores de futebol segue o método da linha reta. Este método consiste em dividir o custo de aquisição deduzido do valor residual pelo número de períodos correspondente à sua vida útil.

Por exemplo, em julho a SAD do Benfica comprou o passe de Raúl de Tomás por 20 milhões de euros, que se comprometeu por cinco épocas, até 2024. Ao longo da duração do contrato, contabilisticamente, o passe do jogador vai sendo reduzido em quatro milhões de euros (20 milhões / 5 anos) todos os anos. Na segunda época, valerá 16 milhões, na terceira valerá 12 milhões, e assim por diante.

Os jogadores oriundos da formação têm, no entanto, um tratamento contabilístico dos jogadores comprados, porque são ativos gerados internamente pelo clube.

Regra geral, o valor dos jogadores da formação que são reconhecidos como ativos intangíveis deverá ser igual ao respectivo custo de produção, ou seja, o montante de todas as despesas incorridas desde a data em que é reconhecido no balanço, algo que é subjetivo.

É difícil apurar o valor contabilístico dos jogadores da formação e até é possível que não tenham valor nenhum ou então apenas um valor residual. A probabilidade de João Félix ter valido contabilisticamente para o Benfica menos de dois milhões de euros é, por isso, muito forte.


Fonte: Antônio Vasconcelos Moreira, Jornal Econômico

24 setembro 2019

Rir é o melhor remédio

Segredo do sucesso

Ig Nobel

Final do ano é tempo do Ig Nobel. Os vencedores já foram anunciados. Eis a lista de 2019, com destaque para o prêmio de economia:

Medicine: Silvano Gallus, for collecting evidence that pizza might protect against illness and death, if the pizza is made and eaten in Italy.
Medical Education: Karen Pryor and Theresa McKeon, for using a simple animal-training technique— called “clicker training” —to train surgeons to perform orthopedic surgery.
Biology: Ling-Jun Kong, Herbert Crepaz, Agnieszka Górecka, Aleksandra Urbanek, Rainer Dumke, and Tomasz Paterek, for discovering that dead magnetized cockroaches behave differently than living magnetized cockroaches.
Anatomy: Roger Mieusset and Bourras Bengoudifa, for measuring scrotal temperature asymmetry in naked and clothed postmen in France.
Chemistry: Shigeru Watanabe, Mineko Ohnishi, Kaori Imai, Eiji Kawano, and Seiji Igarashi, for estimating the total saliva volume produced per day by a typical five-year-old child.
Engineering: Iman Farahbakhsh, for inventing a diaper-changing machine for use on human infants.
Economics: Habip Gedik, Timothy A. Voss, and Andreas Voss, for testing which country’s paper money is best at transmitting dangerous bacteria.
Peace: Ghada A. bin Saif, Alexandru Papoiu, Liliana Banari, Francis McGlone, Shawn G. Kwatra, Yiong-Huak Chan, and Gil Yosipovitch, for trying to measure the pleasurability of scratching an itch.
Psychology: Fritz Strack, for discovering that holding a pen in one’s mouth makes one smile, which makes one happier — and for then discovering that it does not.
Physics: Patricia Yang, Alexander Lee, Miles Chan, Alynn Martin, Ashley Edwards, Scott Carver, and David Hu, for studying how, and why, wombats make cube-shaped poo.

23 setembro 2019

Normas, normas e normas

A partir de amanhã e até quinta, o IASB terá uma reunião em Londres para discutir 15 (quinze) tópicos. Eis os assuntos que serão tratados:

Contratos onerosos
Classificação de passivo em corrente e não corrente
Combinação de negócio com controle comum
Atividades reguladas
Relatório da Administração
Iniciativa de evidenciação
Demonstrações financeiras primárias
Revisão e melhoria nos padrões de PME
Atividades extrativas
Instrumentos financeiras com características de PL

entre outros itens. A Deloitte fez um resumo aqui

O Brasil não vai crescer 3% ao ano

Para Marcos Lisboa, sem bônus demográfico e com produtividade estagnada, única saída para o país é acelerar a agenda de reformas.

Marcos Lisboa: para o presidente do Insper, economia brasileira não vai mais repetir números superiores a 3% no PIB (YouTube/Reprodução)


As reformas estruturantes do país estão andando devagar — daí a lentidão na recuperação econômica —, e a única medida que o governo pode tomar para que o PIB cresça de forma mais expressiva é acelerar essa agenda. Ainda assim, a economia brasileira não vai mais repetir números superiores a 3%, pois a população não cresce mais como antes, segundo o economista Marcos Lisboa, presidente do Insper.

“Tudo indica que o Brasil não vai voltar a crescer 3% de forma sustentável. O que aprendemos no passado é que, se a gente consegue sinalizar que o Brasil está enfrentando com rigor a questão fiscal, isso dará maior segurança sobre o futuro da economia”, diz ele, que foi secretário de política econômica entre 2003 e 2005.


Com mais velocidade nas reformas, sairemos da estagnação?

Tem de fazer muita reforma. Primeiro: o Brasil vai crescer menos daqui para frente. O Brasil tinha uma população que crescia 4% ao ano. Agora, cresce menos de 1%. Se você quer crescer 3%, a produtividade tem de crescer 2%. A produtividade do Brasil não cresce isso há 40 anos. Uma série de intervenções pioraram a produtividade. A incerteza sobre os investimentos aumentou. Você começa o projeto e não sabe quais serão suas obrigações.

Olha o fracasso das concessões dos aeroportos no governo Dilma. A área de infraestrutura não consegue investir hoje no Brasil. Segundo: desde o segundo governo Lula, você voltou a fechar a economia. Terceiro: em vez de fazer reforma da Previdência lá atrás, o Brasil começou a inventar maneiras de aumentar a arrecadação para fechar as contas.

Em vez de se fazer reformas para corrigir problemas estruturais e de aceitar as regras da competição – que é melhor ter acesso a máquinas mais eficientes do exterior, porque isso ajuda a produtividade interna -, fomos pelo caminho oportunista. O problema foi ficando maior e o ambiente de negócios, pior.

Mas aumentar a velocidade das reformas é suficiente para o Brasil crescer mais?

A sociedade não quer fazer reforma. A culpa é nossa. Como não fizemos a reforma da Previdência dos Estados agora? A parte tributária: o setor privado resiste, porque grupos isolados têm receio de pagar mais. Abertura comercial: setores de bens de capital resistem.

Se há necessidade de reformas, mas a sociedade resiste, o PIB poderá crescer mais de 1%?

Não vou fazer previsão. Se o País quiser um crescimento de 3% sustentável, tem de fazer reformas, o que implica perdas para alguns grupos. O Brasil hoje é o resultado de uma sociedade que acha normal a distribuição de benefícios: política de proteção regional, barreiras comerciais, incentivos tributários… A boa notícia é: não tem problema novo. Todos esses problemas já existiam antes, alguns há 20 anos, como o da Previdência.

Quanto mais demora, pior a situação fiscal. A conversa de abertura comercial começou, mas não andou. Tem muitas medidas que estão na mão do secretário de Comércio Exterior (Marcos Troyjo) que poderiam estar sendo tomadas, como redução de restrições não tarifárias.

A agenda micro está parada?

Isso podia estar andando. A grande degradação do País é (nas áreas) tributária, de comércio exterior e de previsibilidade para investimento em infraestrutura. A da infraestrutura está andando mais. O ministro Tarcísio de Freitas está fazendo um trabalho de normalizar o processo. Se acertar, vai ser um salto para o País.

Mas as concessões devem demorar para impulsionar o PIB, não?

Nada é rápido. Esse tipo de agenda de reforma para crescimento demora muitos anos. A Inglaterra fez a reforma rápido, com (a primeira-ministra Margaret) Thatcher. Foram três anos de sofrimento, mas depois o crescimento foi rápido. Austrália e Nova Zelândia preferiram fazer essa agenda lentamente para não criar muita dor no caminho. Mas tiveram seis, oito anos de crescimento medíocre.

Para aliviar essa situação no curto prazo, não se deve adotar alguma medida?

Deve-se acelerar a agenda de reformas.

Mas as reformas não vão ter impacto já. Enquanto isso, há 13 milhões de desempregados…

Não sei o que fazer nesse caso. Estamos atrapalhando a redução do desemprego ao demorar para fazer o ajuste. Consigo imaginar várias medidas de estímulo no curto prazo, mas que vão piorar a economia no médio prazo.

Liberação do FGTS prejudica no curto prazo?

Está batendo um pouco de ansiedade porque o diagnóstico estava otimista. Tudo indica que o Brasil não vai voltar a crescer 3% de forma sustentável nos próximos anos. O que aprendemos no passado é que, se a gente consegue sinalizar que o Brasil está enfrentando com rigor a questão fiscal, reduzindo gastos obrigatórios e enfrentando a situação dos Estados, isso dá maior segurança sobre o futuro da economia. Isso auxilia a retomada da produção e do emprego.

Fonte: aqui

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22 setembro 2019

Tatuagem e Valor presente

O assunto não é novo, mas pode ser curioso para o leitor do blog. Pessoas com tatuagens são discriminadas no mercado de trabalho. Além disto, são mais impulsivas. Eis um resumo do Managerial Economics:

The NPV theorem (Net Present Value) says that an investment earns more than the opportunity cost of capital required to fund it if, and only if, the discounted stream of profit is positive. It follows that individuals with higher discount rates will make fewer investments (in education, health, or reputation) than those with lower discount rates.

For many jobs, employers may prefer individuals with lower discount rates as they would invest more in becoming better employees in the hope of earning future promotion. As a consequence, a signal, even a noisy one, about an individual's discount rate might be valuable to certain employers.

In fact, tattoos may signal high discount rates:

We show that, according to numerous measures, those with tattoos, especially visible ones, are more short-sighted and impulsive than the non-tattooed.

And this has a predictable consequence:

Survey and experimental evidence documents discrimination against tattooed individuals in the labor market and in commercial transactions

Leia mais em Tatuagem e classe média, direitos autorais na tatuagem, desconto hiperbólico, entre outros

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21 setembro 2019

Gerenciamento de receita garantido

Qual a razão de mostrar a identidade ao embarcar em um avião? Entre as várias possíveis respostas, uma interessante (via aqui): evitar criar um mercado secundário de passagens aéreas.

Ao solicitar o documento, as empresas garantem que quem está viajando é a pessoa que comprou a passagem. Isto garante a sobrevivência do gerenciamento de receita - e o lucro obtido - pelas empresas: passagens ficam mais caras quando a data da viagem é mais perto. O governo termina por trabalhar para as empresas, com a justificativa de "segurança". Por este raciocínio, um terrorista teria mais incentivo em cometer um crime se pudesse viajar com outro nome.

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20 setembro 2019

Fracasso do Value Investing

Resumo:



The business press claims that the long-standing and highly popular value investing strategy— investing in low-valued stocks and selling short high-valued equities—lost its edge since 2007. The reasons for this putative sudden demise of value investing elude investors and academics, making it a challenge to assess the likelihood of the return of value investing to its days of glory. Based on extensive data analysis we show that the strategy has, in fact, been unprofitable for almost 30 years, barring a brief resurrection following dotcom bust. We identify two major reasons for the demise of value: (1) accounting deficiencies causing systematic misidentification of value, and particularly of glamour (growth) stocks, and (2) fundamental economic developments which slowed down significantly the reshuffling of value and glamour stocks which drove the erstwhile gains from the value strategy. We end up by speculating on the likelihood of the resurgence of value investing, which seems low.


Lev, Baruch Itamar and Srivastava, Anup, Explaining the Demise of Value Investing (August 25, 2019). 

Scholar está concentrando as citações

A criação do Scholar, do Google, está fazendo com que exista uma "concentração" nas citações. Via aqui

Amazon investe em furgões elétricos para reduzir a emissão de carbono

Quando a 3ª empresa mais valiosa do planeta, pertença do homem mais rico do mundo, vai às compras, seja qual for o tipo de artigo de que necessita, a dimensão da aquisição é susceptível de impressionar. Este é o caso da Amazon e de Jeff Bezos, o seu fundador e CEO, que decidiu apostar no ambiente, adquirindo furgões 100% eléctricos para a entrega de encomendas. Mas uns que nunca foram produzidos e de que ninguém tinha, até agora, ouvido falar.

A Rivian é, no mínimo, uma empresa prometedora, sendo encarada por muitos como a nova Tesla. Os fundadores desta startup norte-americana começaram por surpreender ao conceber e desenvolver um SUV e uma pick-up eléctricos, sobre a mesma plataforma. Sobretudo porque a bateria é enorme, a potência também, tal como o espaço interior e a performance. Mas atenção, pois nem tudo é grande, uma vez que o preço é tão baixo que desesperou os concorrentes a gasolina e fez aparecer uns cabelos brancos à própria Tesla. [...]

O que ninguém sabia era que a Rivian tinha entre os seus projectos o objectivo de produzir um furgão eléctrico, uma vez que o criativo fabricante nunca a ele se tinha referido. A informação veio da Amazon, empresa que em Fevereiro investiu 700 milhões na Rivian, na mesma altura em que a Ford apostou 850 milhões (500 milhões diretos e 350 através da COX) no futuro do fabricante de veículos eléctricos. Mas Jeff Bezos não brinca em serviço e ao necessitar de uma frota de veículos eléctricos com grande capacidade de carga para as distribuições da Amazon, decidiu que o melhor era desafiar a Rivian a produzi-las. E depois de desenvolver uma pick-up e um SUV, um furgão seria a coisa mais simples do mundo.

Recentemente, Bezos anunciou medidas para zerar a emissão de carbono da companhia em 2040, dez anos antes do que previsto pelo Acordo de Paris. O corte é uma meta desafiadora para a Amazon, que entrega 10 bilhões de itens por ano e emite muito carbono de transporte. A atitude do chefe e o acordo de Paris, para o grupo de funcionários, ainda não é o “suficiente para o mundo”.

Já os colaboradores da Microsoft anunciaram na última quarta-feira (18), que iriam aderir às manifestações desta sexta e pedem o “fim do uso dos combustíveis fósseis”. [...]

A Amazon estima que os novos furgões eléctricos permitam poupar 4 milhões de toneladas de carbono até 2030, com a empresa a comprometer-se ainda de então já recorrer a 100% de energia renovável, e atingir os 80% já em 2024. No processo, ofereceu à Rivian um contrato no valor de 4 mil milhões de dólares.


Fonte: Aqui

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19 setembro 2019

Morte dos jornais?

O DCI, um jornal de negócios, anunciou que irá descontinuar sua circulação no dia 23. Este jornal era um "concorrente" da Gazeta Mercantil. Posteriormente, com a crise na Gazeta (e o fechamento) e o aparecimento do Valor Econômico, o DCI perdeu muito a sua influência.

Recentemente, o governo anunciou o fim da obrigatoriedade de publicação de balanço. Seria o fim do Valor Econômico, segundo nosso presidente. Talvez não.

Uma pesquisa, feita na França, mostrou que queda de receita pode fazer com que alguns veículos sejam mais eficientes. Na década de 70, a propaganda era proibida na televisão francesa. Os jornais obtinham as verbas de publicidade. Com o fim da restrição, alguns jornais tornaram-se mais eficientes. E outros desapareceram. Veja o vídeo explicativo no link.

Doações falsas

O bilionário Jeffrey Epstein estava preso, quando cometeu suicídio na sua cela. Mas suas maldades ainda estão sendo reveladas. O Wall Street Journal (via aqui) mostrou que sua fundação, chamada Gratitude America, fundada em 2012, foi utilizada provavelmente para gerar benefícios fiscais com doações suspeitas. Mais de 1,8 milhão em doações, feitas entre 2016 e 2017, não chegaram ao destino final.

As transações financeiras tiveram a participação ... do Deutsche Bank (aqui ou aqui). Epstein era um cliente especial da instituição. Uma das doações, para uma entidade do terceiro setor das Ilhas Virgens, onde Epstein tinha duas ilhas, tinha por objetivo resolver uma multa do governo. O cheque, de 160 mil dólares, não foi recebido pela entidade. Outro pagamento, de 15 mil dólares, para a entidade de Elton John, também não chegou ao destino. (cartoon aqui)

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Fonte: aqui

18 setembro 2019

Rei morto, rei posto

Eis um gráfico interessante:
A linha pontilhada é quando um cientista estrela morre. A produção dos colaboradores, em vermelho, cai. Mas a produção de outros cientistas aumenta com a morte. Ou seja, isto faz renascer a pesquisa para outras pessoas e outras idéias.

Fonte: Aqui, via aqui

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... eu não tenho dúvidas quanto a isso!

17 setembro 2019

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Trabalhando com amigos

Um experimento realizado em uma fábrica de processamento de peixes do Vietnã mostrou que trabalhar com amigos pode afetar a produtividade. Veja o gráfico:
Em azul, na parte de cima, a produtividade quando o trabalho não era realizado com um amigo. A linha pontilhada mostra o ajuste do modelo. Embaixo, de vermelho, a produtividade quando o trabalhador estava com um amigo. A produtividade cai de 8 quilos por hora para 6 quilos. 

Os resultados podem ser altamente sensíveis ao tipo de trabalho - trabalho que requer o compartilhamento de informações pode se beneficiar de mais socialização, por exemplo -, mas eles mostram que os arranjos sociais são uma consideração importante para as empresas.

Queimando calorias jogando xadrez

Uma pessoa que vê alguém jogando xadrez poderia pensar que isto não seria uma atividade física. Muitos não consideram o xadrez um esporte exatamente por isto. Mas alguns estudos estão mostrando que jogar xadrez pode queimar até 6 mil calorias por um dia inteiro jogando, três vezes o que uma pessoa comum consome. A seguir (via Boing Boing)

In 2004, winner Rustam Kasimdzhanov walked away from the six-game world championship having lost 17 pounds. In October 2018, Polar, a U.S.-based company that tracks heart rates, monitored chess players during a tournament and found that 21-year-old Russian grandmaster Mikhail Antipov had burned 560 calories in two hours of sitting and playing chess -- or roughly what Roger Federer would burn in an hour of singles tennis.

Robert Sapolsky, who studies stress in primates at Stanford University, says a chess player can burn up to 6,000 calories a day while playing in a tournament, three times what an average person consumes in a day. Based on breathing rates (which triple during competition), blood pressure (which elevates) and muscle contractions before, during and after major tournaments, Sapolsky suggests that grandmasters' stress responses to chess are on par with what elite athletes experience.

"Grandmasters sustain elevated blood pressure for hours in the range found in competitive marathon runners," Sapolsky says.

It all combines to produce an average weight loss of 2 pounds a day, or about 10-12 pounds over the course of a 10-day tournament in which each grandmaster might play five or six times. The effect can be off-putting to the players themselves, even if it's expected. Caruana, whose base weight is 135 pounds, drops to 120 to 125 pounds. "Sometimes I've weighed myself after tournaments and I've seen the scale drop below 120," he says, "and that's when I get mildly scared."

16 setembro 2019

Frase

Talvez o mecanismo de previsão mais bem-sucedido da era do Big Data, pelo menos em termos financeiros, seja o algoritmo de recomendação da Amazon: é uma gigantesca máquina estatística que vale uma quantia enorme para a empresa e está errado na maioria das vezes.

Hannah Fry, autora de "A Matemática do Amor", no New Yorker, via aqui

PCAOB

Continua a saga KPMG + PCAOB (leia um resumo aqui). David Middendorf, ex-sócio da KPMG, foi condenado a um ano e um dia de prisão. Se tiver bom comportamento, ele deverá ficar 10 meses na prisão. A promotoria pedia 3 anos de prisão. O juiz disse que o crime dele era de alguém que não tinha benefício para si, mas para seu empregador. Ele era responsável pela qualidade das auditorias da KPMG.


São cinco os executivos da KPMG envolvidos. Cynthia Holder, ex-líder de inspeções do PCAOB e que depois foi trabalhar na KPMG, recebeu uma pena de oito meses de prisão e deve começar a cumprir a pena em 15 de outubro. Além dos dois, Thomas Whittle, Brian Sweet e David Britt (será julgado em 21 de outubro). Os dois primeiros testemunharam contra Middendorf.

No PCAOB, Jeffery Wada, foi condenado. A KPMG deverá pagar uma multa de 50 milhões de dólares.

O múltiplo da Aramco

Há dias, o governo saudita nomeou Yasir Al Rumayyan como presidente do conselho da Aramco, a empresa estatal de petróleo, para tentar acelerar o processo de oferta pública de ação. Formado em Contabilidade, na Universidade Rei Faisal, tem MBA por Harvard. O projeto é colocar 1% das ações na bolsa até o final de 2019 e mais 1% em 2020. Baseado em uma avaliação da empresa de 2 trilhões de dólares, este percentual de 1% corresponde a 20 bilhões de dólares de captação. Os recursos seriam usados pelo reino para diversificar a economia.

A abertura de capital seria em Riad e talvez Tóquio. Recentemente, a empresa conseguiu colocar 12 bilhões de dólares de um título internacional de dívida. Mas permanece a dúvida sobre o valor de 2 trilhões. Há um certo consenso que a estimativa é muito elevada. Parte deste valor é baseada no preço do petróleo.

O ataque de drones que prejudicaram a produção de petróleo pode aumentar o preço do petróleo. Isto poderia provocar um aumento no valor da empresa. Poderia, se fosse usado somente o múltiplo. As incertezas podem levar a mais questionamento sobre o valor estimado pelo governo saudita de 2 trilhões. Isto significa uma menor produção de petróleo. Além disto, aumenta o risco da geração de receitas futuras.

A principal métrica para a avaliação da empresa é o preço do petróleo . Embora o aumento de 20% do recurso após os ataques possa parecer positivo para os resultados da Aramco, existe uma preocupação considerável de que os riscos geopolíticos crescentes superem esse impacto.
"O mais natural é que os prêmios de risco subam, o que reduziria a avaliação", disse uma autoridade ao WSJ. "Na avaliação atual, a Aramco não conta para ataques sérios como esses."

O aumento no risco pode resultar em um desconto adicional de 300 bilhões de dólares, reduzindo o valor da empresa para algo em torno de US$1,2 trilhão. Bem abaixo da estimativa de 2 trilhões.

13 setembro 2019

Afinal, qual a função de um Congresso (Científico)?

Nos dias atuais, onde há uma grande facilidade de comunicação à distância, podemos questionar o papel do congresso científico. Ir à um Congresso apresentar um trabalho significa um grande volume de gasto para as universidades; para o apresentador, um consumo substancial de tempo, que começa na tentativa de obtenção de recursos e termina com a baixa contribuição recebida. No Brasil, em termos práticos, Congresso Científico não tem uma retribuição associada para os pesquisadores em termos de aumento salarial ou melhoria na nota de um programa de pós-graduação.

Mesmo com estes problemas, os pesquisadores continuam submetendo trabalhos e viajando para os congressos. Alguns deles realmente aproveitam os congressos para fazer turismo; tanto é assim que os "melhores" congressos estão localizados em praias e outras cidades que podem atrair a atenção dos potenciais congressistas. 

Uma pesquisa recente, realizada na área de economia, mostrou que o congresso pode ser uma importante fonte de atrair a atenção para artigos científicos. A pesquisa foi realizada entre 2006 a 2012 e comparou os artigos apresentados em congressos de prestígio da área de economia e medidas de sucesso do texto. Os artigos que passaram por um congresso obtiveram mais atenção, depois de publicado. 

Eis o resumo:
This paper aims to quantify the contribution of conferences to publication success of more than 4,000 papers presented at three leading economics conferences over the 2006-2012 period. The results show a positive link between conference presentation and the publishing probability in high-quality journals. Participating in major conferences is also associated with improved metrics for other measures of academic success such as the number of citations or abstract views. We document that, while the results are broadly similar across fields, annual meetings of the American Economic Association are particularly valuable in these dimensions.

12 setembro 2019

IA, Capital Humano e Inovação

Uma pesquisa mostrou como a fuga de profissionais das universidades pode afetar a inovação. Entre 2004 a 2018, muitos professores na área de tecnologia saíram das universidades. E isto reduziu a criação de starups por parte dos alunos.

Human capital is essential to AI-driven innovation. The scarcity of the human capital needed for AI RD created an unprecedented brain drain of AI professors from North American universities into the industry between 2004 and 2018. We provide a causal evidence that AI faculty departures from universities reduced the creation of startups by students who then graduated from these universities. On the intensive margin, these departures also reduce the early-stage funding graduates’ startups receive. The disruption in the knowledge transfer from professors to students emerges as the main channel for the negative effect of the human capital reallocation for innovation.

11 setembro 2019

Cão ou Cãozinho

O PCAOB é uma entidade criada para fiscalizar as empresas de auditoria. Entretanto, apesar do grande número de "falhas" que foram constatadas na fiscalização (gráfico), raramente as empresas são punidas.



Um relatório divulgado pelo Project on Government Oversight (POGO) mostra este histórico. Em 16 anos, o PCAOB apresentou somente 18 processos contra as maiores empresas. O valor das multas foi de 6,5 milhões de dólares. O POGO calculou que se o PCAOB cobrasse as multas máximas o valor seria de 1,6 bilhão.

Dos 31,1% casos com problemas, somente 6,6% renderam alguma punição. A KPMG, líder em erro, não foi multada uma única vez. Em 2017, esta empresa tinha um índice de baixa qualidade de 50%. Ou seja, para cada 2 clientes, em um o trabalho foi inadequado.

"Temos um cão de guarda que se parece cada vez mais com um cãozinho.", diz John Coffee, da Columbia Law School

Leia mais aqui

10 setembro 2019

Nobel ou Ignóbil?

Recentemente, o economista ambiental Martin Weitzman cometeu suicídio. Uma possível explicação foi o fato dele não receber o Nobel por suas pesquisas; e ver Nordhaus vencer o prêmio, em 2018.

I was surprised and upset to hear that Marty Weitzman, a Harvard environmental-economist of 77 years, killed himself recently. Weitzman brought, in my opinion, the right perspective to the costs and benefits of acting on climate change, and it was his work that motivated me to start the Life plus 2 meters project. I initially assumed he killed himself in despair over climate chaos, it seems that he was upset to not win the Nobel. (A third possibility is that the award of the Nobel to Nordhaus, who deserves zero respect for his highly flawed model and its recommendation to leave action to future generations,* convinced Weitzman that his work would not get the attention it deserves, thus sealing the miserable fate of our civilization.)

Basicamente, Nordhaus sugere que os efeitos das mudanças climáticas devem ser descontadas por uma taxa de mercado. Em termos práticos, Nordhaus defende que o problema do clima seja um problema da geração futura.

When comparing these two environmental economists, I would have preferred that Weitzman get the Nobel and Nordhaus get the Ignobel prize, which is “devoted to people who’s research makes people laugh and then think.” Nordhaus’s work is worth thinking about (and laughing at once that’s done), but it’s instead taken seriously, which explains (partially) why the world has taken no substantial steps to slow CC.

Faleceu James Schnurr

O ex-contador da SEC, James Schnurr, faleceu ontem. Proveniente de uma Big Four, a Deloitte, assim como muitos daqueles que o antecederam, Schnurr assumiu o cargo em 2014. Durante sua curta gestão, Schnurr enterrou de vez a possibilidade de convergência com as normas do Iasb e fez pressão contra o trabalho do PCAOB.

Em 2016, Schnurr caiu da bike perto de sua casa e ficou quadriplégico. Em maio deste ano ganhou uma ação judicial contra o condado em Palm Beach, no valor de 41 milhões de dólares.