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29 fevereiro 2016

Links

Neurociência como profissão

Ganhou uma camisa autografada do Messi depois de aparecer na fotografia com um saco plástico pintado pelo irmão

Deficit das universidades federais supera 400 milhões

Citibank é investigado na corrupção da Fifa

Missão

Lucy Kellaway (Meu Trabalho não é mudar o mundo, e nem é o seu, Valor Econômico, 29/2/2016, para assinantes) discorre sobre as grandes missões de uma empresa. Entre o exemplos, uma empresa de contabilidade:

Ainda assim, a companhia que mais vem perseguindo um propósito maior é a KPMG. Ela pagou uma agência de propaganda para criar cartazes que perguntam: "O que você faz na KPMG?", juntamente com respostas que incluem "Nós lutamos pela democracia" e "Eu combato o terrorismo". A única resposta que ninguém parece ter dado é "Eu examino a contabilidade de empresas e sistemas de controle financeiro". 

(Foto: Aqui)

Adiamento

A Gerdau adiou a divulgação do balanço de 2015 para 15 de março, antes previsto para amanhã, dia 1º. "A postergação é importante para que a companhia analise os autos que envolveram a Gerdau, na recente fase da Operação Zelotes", afirma o vice-presidente executivo e Diretor de Relações com Investidores, Harley Lorentz Scardoelli, em fato relevante divulga há instantes.

Fonte: Estadão

Falência

Este artigo realiza uma revisão abrangente dos principais estudos publicados no Brasil e no mundo abordando os indicadores financeiros, amostra, métodos e eficiência preditiva dos modelos de previsão de falências a partir de 1930 até 2015. O levantamento selecionou, no total, 227 artigos sobre a temática, sendo 48 artigos nacionais e 179 internacionais. Após a seleção, esses trabalhos foram agrupados em cinco fases de acordo com suas características metodológicas e de escolha de indicadores financeiros. Dessa forma, este trabalho contribui com a organização dos principais modelos e indicadores de previsão de falências utilizados na literatura desde 1930. Sugere-se, para pesquisas futuras, que os autores foquem na utilização de modelos já existentes, e não no desenvolvimento de novos modelos, bem como na utilização de mais indicadores não contábeis aos seus modelos.

Para ler o artigo, clique aqui. Muito bom levantamento bibliográfico. Além disto, o estudo faz um levantamento dos índices mais usados; o detestável lucro líquido sobre ativo foi o mais usado.

Dívida pública continua subindo

Com o descontrole das contas públicas, o governo Dilma provocou uma explosão da dívida. Um dos indicadores usados para medir a saúde fiscal de um país, o endividamento bruto escalou desde o início do primeiro mandato e chegou a 66,2% do PIB no final do ano passado. Em dezembro de 2010, antes de Dilma, a taxa estava em 51,8%, alta de 14,4 pontos percentuais no período.

Apenas em 2015, a dívida bruta subiu 9 pontos. Com o agravante de que o Brasil paga uma das maiores taxas de juros do planeta. A conta paga pelos contribuintes ficou mais salgada. No ano, os juros nominais acumularam R$ 501,8 bi.




Fonte aqui


Em poucos meses a dívida vai bater em 80% em relação ao PIB.

Rir é o melhor remédio


28 fevereiro 2016

Fraude na fusão JBS e Bertin

A operação que uniu os dois maiores frigoríficos do País, o Bertin e o JBS, dono da marca Friboi, está sendo questionada pela Receita Federal. Para o Fisco, a estrutura societária do negócio, que ajudou a criar a maior empresa de proteína animal do mundo, em 2009, foi “fraudulenta”.

O caso está destrinchado em um procedimento fiscal feito em uma das empresas do grupo Bertin, que foi autuado em 3 bilhões de reais, em impostos e multas.

Apesar de a Receita se preocupar em cobrar tributos, ela aponta outras irregularidades. Houve a transferência, a “preço vil”, de participações para um investidor desconhecido. Os acionistas minoritários também foram prejudicados.

Fundo. As irregularidades, avalia a Receita, foram possíveis graças a uma estratégia particular. Apesar de sempre se falar em fusão, o JBS comprou o Bertin, diz a Receita. A aquisição ocorreu com uma troca de ações, sendo que os Bertin entregaram as suas para a holding da JBS – mas de maneira indireta. No negócio, o Bertin foi representado por um fundo de investimento, o FIP Bertin.

Ao ser criado, o patrimônio do fundo tinha ações do Bertin e era controlado pela família Bertin, que detinha 100\% das cotas. O Fisco apurou que, cinco dias antes do negócio, um novo cotista entrou no fundo: a Blessed, empresa de Delaware, um paraíso fiscal nos Estados Unidos, cujos sócios estão em Porto Rico e nas Ilhas Caymann.

A Blessed ficou com 67\% das cotas, que valiam cerca de 3 bilhões de reais, por 10 mil dólares. Ou seja: na largada, os Bertin aceitaram ser minoritários em seu próprio fundo por uma “bagatela”, diz o Fisco. Menos de um ano depois, houve nova cessão de cotas, por 17 mil reais. A Blessed hoje tem 86\% do fundo, e ainda faz parte do grupo JBS com o nome de Pinheiros.

O gestor até 2012 era o Citibank, que por ter participado “bovinamente” das operações, diz o Fisco, é solidário na multa. O Citi entrou na Justiça para tentar reverter as transferências das cotas e aliená-las, no caso de ter de assumir a multa. Procurado, não se manifestou.

Berkshire Hathaway

A Berkshire Hathaway informou o retorno anual desde 1965:

A empresa de investimento do bilionário Buffett teve um retorno médio de 20% ao ano. O ano passado não foi muito bom para a empresa: -12,5% contra quase 1% da SP500

GAAP e Pro forma

Estes é um daqueles gráficos (via aqui) que dizem muito. De cor escura, o lucro por ação segundo as normas de contabilidade geralmente aceitas. Em 2015 temos uma redução no LPA em relação dos dois anos anteriores. Da cor mais clara, o lucro por ação segundo a informação considerada pela gestão como mais adequada, que recebe o nome de pro forma.

História da Contabilidade: O papel da contabilidade pública segundo o Ministro da Fazenda

A história da contabilidade pública no Brasil é bastante rica e merece, por si só, um longo debate. De certa forma podemos dizer que a contabilidade pública é o reflexo da forma como os políticos e o povo enxerga o bem público. Se existe um zelo pelo bem público certamente a contabilidade pública será valorizada e respeitada. Isto é válido para a história como um todo, conforme demonstra Jacob Soll no livro The Reckoning (1).

Depois de várias postagens históricas sobre este assunto podemos concluir que a contabilidade pública no Brasil adotou, tardiamente, o método das partidas dobradas de maneira corriqueira e sistemática somente no século XX (2). Isto é espantoso e demonstra que de uma maneira geral a contabilidade pública reflete a falta de zelo com o bem público no nosso país.

Nas pesquisas realizadas tenho encontrado muitas normatizações. Mas a sensação geral é que existiu, na história brasileira, um grande descasamento entre a lei e a prática contábil na área pública. O exemplo mais claro disto foi citado anteriormente: a adoção das partidas dobradas. Embora a maioria das citações insiste em destacar a norma de 1808, com a chegada da família real no Brasil, que obrigava a adoção das partidas dobradas, no início do século XX isto ainda não era uma realidade. Isto enfatiza a necessidade de estudarmos a contabilidade pública não sob a ótica das normas, mas da prática existente.

Como consequência, tenho sido cético nas minhas pesquisas quando encontrou uma norma ou um discurso sobre este assunto. Minha preferência tem sido na contabilidade das entidades privadas, justamente aquelas onde a documentação é menor.

Mas tive a grata surpresa de encontrar um discurso, proferido pelo Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Fazenda e publicado no O Brasil (3). Depois de expor a mazelas da situação contábil da administração, o ministro afirma:
A contabilidade é indispensável para as finanças públicas. Simples e tão atual.

(1) Voltaremos a falar sobre esta obra num futuro breve.
(2) Já mostramos como isto ocorre em postagens anteriores.
(3) O Brasil, 17 de janeiro de 1859, vol. Xii, n. 1563, p. 2. Provavelmente trata-se de Joaquim José Rodrigues Torres ou Visconde de Itaboraí. É interessante notar que Torres formou-se em matemática em Portugal; naquela época, a relação entre contabilidade e a matemática era muito próxima.

Rir é o melhor remédio


27 fevereiro 2016

Fato da semana

Fato da Semana: Prejuízo da Vale

Data: 25 de Fevereiro de 2016

Fonte: Vale

Precedentes:
1997 - A empresa Vale do Rio Doce é privatizada durante o governo do FHC. Nos anos seguintes a empresa teve uma forte expansão, adquirindo empresas e conquistando mercados.
2002 a 2013 - A Vale cresce, adquirindo empresas, como Inco, e conquistando mercados.
2015 - A redução da atividade econômica na China ajuda a derrubar o preço do minério. Ao mesmo tempo, uma subsidiária da empresa é responsável pelo maior desastre ambiental do Brasil.

Notícia boa para contabilidade? Apesar do elevado prejuízo, nós somos otimistas. A empresa divulgou um resultado que reflete sua realidade (ao contrário do controverso resultado da Petrobrás do ano passado). A contabilidade fez a sua parte em mostrar o que estava ocorrendo na empresa. Outro aspecto é que a empresa ainda é viável.

Desdobramentos - A situação ainda será difícil para a empresa em 2016. A empresa poderá desfazer de alguns negócios para enfrentar os desafios futuros.



Capitalização da Petrobrás seria a solução

Jorge Simino escreve um texto para o Valor onde defende a capitalização em dinheiro da Petrobrás:

Os argumentos a favor são óbvios: tira a empresa de uma situação absolutamente sufocante; reduz a percepção de risco da empresa (o CDS de dez anos da Petrobrás é negociado a quase 1.100 pontos-base); deve reduzir também a percepção de risco país, dado que o Tesouro Nacional tem (direta ou indiretamente) 60% do capital votante da empresa; permite que a empresa não pressione seus fornecedores além do limite razoável ...

(Cartoon: Korean Times)

Dívida entre emergentes

A tabela, publicado no Valor Econômico, mostra a evolução da dívida bruta de cinco países em relação ao tamanho da economia. A exceção da Índia, todos demais apresentaram um índice de endividamento abaixo de 50%. E a Índia já fez o ajuste, o que não ocorreu com o Brasil.

Links

Diferença de salário em Hollywood prejudica as mulheres

O risco de conectar em redes abertas sem proteção

Produtos que não deram certo (vídeo em português)

Robôs agregam funções ao WhatsApp

Está difícil ler os balanços dos bancos (para assinantes) 

CBF terá que evidenciar suas contas

Chances de ser um milionário nos EUA depende da raça

Aplicativos de paquera

Uma consequência interessante do uso maior de aplicativos de paquera é

É possível que os aplicativos de paquera fortaleçam a tendência ao “acasalamento dirigido”, em que as pessoas optam por ter relacionamentos amorosos com indivíduos de renda e qualificação similares às suas. Estima-se que a tendência seja responsável por cerca de 18% do aumento na desigualdade de renda observado nos EUA entre 1960 e 2005. Estudo recente realizado na Coreia do Sul mostra que a paquera algorítmica estimula a formação de casais com mesmo nível de escolaridade.


(Cartoon: aqui)

Desemprego

Como temos feito regularmente, este blog acompanha os dados de desemprego formal do TEM (Ministério do Trabalho e Emprego), mais especificamente de Contadores e Auditores (Classificação do Código Brasileiro de Ocupação). Desde janeiro de 2016 o número de desligados supera o número de admitidos. Isto significa um aumento nos desempregados do setor. Se em dezembro a redução dos postos de trabalho foi de 1.016, um recorde negativo no setor, em janeiro isto diminuiu substancialmente: o número de admitidos foi somente 44 postos menor que o número de demitidos. O gráfico mostra a evolução no quadro de emprego do setor:

Boa notícia? Infelizmente não. Janeiro é um mês tipicamente de contratação. Nos anos anteriores o número deste mês era sempre positivo, conforme o gráfico a seguir. No ano passado, por exemplo, o único mês positivo em termos de mercado de trabalho foi exatamente janeiro.

O gráfico a seguir é mais alarmante. Mostra a evolução acumulada do emprego/desemprego de contadores e auditores. Iniciando em 2014, o número tornou-se negativo em abril de 2014 e não para de cair. São quase sete mil vagas no setor que foram reduzidas.

Rir é o melhor remédio

Serão estes os 43 gifs mais engraçados de todos os tempos?

26 fevereiro 2016

Casino

O grupo francês Casino, que atua no Brasil no mercado de varejo, descobriu que funcionários desviavam mercadorias dos centros de distribuição. A estimativa é um prejuízo de R$177 milhões. A figura a seguir mostra que o desvio tinha como consequência uma estimativa a maior da receita. Além disto, a mercadoria com defeito era revendida, a um preço menor.

Privatização nos estados

Segundo informação do Valor Econômico (Estados poderão ter ganho imediato com venda de estatais para União, Leandra Peres e Assis Moreira, 25 de fevereiro de 2016), a União está estudando uma proposta de privatização das empresas dos estados. O processo ocorrerá da seguinte forma:
Na primeira etapa, o Estado repassa para União o controle ou a participação acionária na empresa. O valor é estimado na avaliação do mercado. Este valor será usado para abater a dívida do Estado com a União. Após a venda das ações, o valor a maior ou a menor é acertado na diferença.

Alguns aspectos relevantes desta operação precisam ser levados em consideração. Uma hipótese básica do modelo em estudo é que a União teria condições de fazer a privatização de maneira mais rápida e eficiente. Em outras palavras, o governo federal teria maior possibilidade de fazer a privatização. Obviamente que as considerações políticas sobre o tema ficam sob a responsabilidade do governo federal.

Sobre a operação de privatização é importante considerar o valor do dinheiro no tempo. Como provavelmente as fases não ocorreram simultaneamente, o processo deverá prever a “atualização” da avaliação. Por exemplo, admita que um Estado repasse a empresa ABC por $1 milhão; dez meses depois é feita a privatização, num valor de R$1,1 milhão. Em razão do valor do dinheiro no tempo, é necessário trazer o valor de R$1 milhão para a data da venda efetiva (ou do pagamento).

Como os momentos de tempo são distintos, o governador que fizer a transferência poderá ter fortes incentivos para tomar a decisão de passar a empresa para a União ou não. Se estiver em término de mandato e concorrendo a reeleição, esta decisão poderá tirar mais votos; é um fator importante para não tomar a decisão. Isto é um fato que o governo deve considerar: aumentar os incentivos políticos para uma decisão positiva.

Finalmente, ao assumir a empresa a União tem um compromisso de efetuar a venda. E se isto não ocorrer? O ônus aqui será do governo federal, que deverá explicar qual a razão de ter feito uma promessa de privatização e não ter levado adiante.

Em linhas gerais: aparentemente o plano proposto pelo Tesouro tem mais contras que prós.

Concentração de Informação

O Valor Econômico de hoje traz 264 páginas. A grande maioria de demonstrações contábeis. Obviamente que a grande concentração de informação produz mudança na forma como o usuário recebe a demonstração. Existe um ramo de estudo especialmente dedicado a isto denominado Economia da Atenção (por sinal, muito importante nos dias de hoje, em razão do grande número de informações/dados/imagens que recebemos). Recentemente Almeida e Silva divulgaram uma pesquisa sobre o tema na contabilidade:

A amostra é composta pela coleta diária no período de 10 anos (2003-2012) das ITR’s, IAN’s e DFP’s das empresas brasileiras e ITR’s e DFP’s das empresas chilenas no decênio. Após essa robusta coleta, foram coletadas as séries temporais dos índices pontos e volumes da Bolsa de Valores de São Paulo (Brasil) e da Bolsa de Comércio de Santiago (Chile) no decênio considerado. Para analisar os dados utilizou-se a estatística descritiva, o teste de Levene e o teste de médias. Os achados da pesquisa revelam que há uma concentração da evidenciação contábil, em determinadas datas, tanto no Brasil quanto no Chile. Os resultados evidenciam também que a concentração da evidenciação contábil brasileira tende a não impactar o retorno, o volume de negociação e a volatilidade do mercado do Brasil. No entanto, quando se analisa o impacto da concentração da evidenciação contábil no Chile, nos dias de grande divulgação, constata-se que este fenômeno tende a impactar a volatilidade desse mercado.

Rir é o melhor remédio

Publicado no Estado de 25 fev 2016

25 fevereiro 2016

Pior prejuízo da história

Notícia do Estadão

O prejuízo da Vale em 2015, de R$ 44,2 bilhões, é o maior prejuízo já registrado por uma empresa de capital aberto desde 1986, segundo levantamento da consultoria Economatica, que só tem dados a partir daquele ano. Os dados foram ajustados pela inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) até dezembro de 2015.

Reação do Mercado

O mercado reagiu a duas importantes notícias de duas grandes empresas brasileiras. A Gerdau está sendo investigada pela Polícia Federal por sonegação de impostos (primeiro gráfico) e a Vale anunciou um prejuízo elevado (segundo gráfico). O resultado foi uma queda, segundo Valor Data, de -5,31% e -4,53%

Prejuízo de 12 bilhões na Vale

A Vale acaba de divulgar seu resultado de 2015. Destaque para o prejuízo de 12,1 bilhões, sendo que 7,5 bilhões são originários de variações monetárias e cambiais, 8,9 bilhões de impairment. Como o lucro bruto caiu de 12,5 bilhões, em 2014, para 5,1 bilhões, em 2015, os efeitos das variações e do impairment foram decisivos para o prejuízo da empresa. O resultado só não foi pior em razão do crédito do imposto diferido, de 5,5 bilhões.

Em 2014 a receita da empresa foi de 38,2 bilhões; no ano de 2015 uma queda 32%, em especial a venda de minérios de ferro, o principal negócio da empresa. A empresa vendeu menos para China (3,5 bilhões) e no mercado interno (2,2 bilhões). Mas a principal explicação da redução da receita foi o recuo no preço do minério: queda de 41% no preço de referência.

Apesar do prejuízo, o fluxo das atividades operacionais foi positivo: 4,5 bilhões (versus 13 bilhões em 2014). A diferença entre o prejuízo e o FCO é explicada pelo fato de que os efeitos do impairment não entram no FCO.

P.S. (valores em US$)

Rir é o melhor remédio

New Yorker (adaptado daqui)

24 fevereiro 2016

Não concordou com a opinião sobre a continuidade

Segundo o Business Time a empresa Ceres Inc. resolveu trocar de auditor em razão do segundo ano que a KPMG faz uma observação sobre a continuidade da empresa no parecer. A KPMG afirmava num parágrafo que os prejuízos recorrentes e o nível de caixa suficientes até janeiro de 2016 colocavam em dúvida a continuidade. A empresa diz que não concorda com a opinião da KPMG e por isto a troca.

A Ceres atua em biotecnologia e tem sede na Califórnia. Fundada em 1996, tem uma subsidiária no Brasil, a Ceres Sementes.

Uma empresa chamada UEPS

Uma empresa chamada UEPS despertou a atenção dos analistas recentemente por um motivo insólito: a qualificação do seu dirigente (CEO em inglês). É bem verdade que a empresa também tem algumas práticas questionáveis, incluindo declarações de dirigentes que são divergentes das constantes das demonstrações contábeis.

O Senhor Belamant, CEO da UEPS, tem a titulação informada pela empresa de PhD em tecnologia de informação e gestão. Especificamente, na Burkes University.

Mas uma pesquisa do ValueWalk indica algo interessante: aparentemente a Burkes nunca existiu na Inglaterra, mas parece existir uma universidade com este nome das ilhas Turcas e Caicos, com cursos on-line.

Moody's tira grau de investimento do Brasil

Saiu no G1:

A agência de classificação de risco Moody's rebaixou a nota do Brasil e tirou o grau de investimento – selo de bom pagador – do país nesta quarta-feira (24), como já era esperado. A nota do país passou de Baa3, o último nível dentro do grau de investimento, para Ba2, que é a categoria de especulação. A agência também colocou o Brasil em perspectiva negativa, indicando que pode sofrer novo rebaixamento.

Em nota, a Moody's afirma que o corte da nota foi influenciado pela maior deterioração das métricas de crédito do Brasil, em um ambiente de baixo crescimento, com expectativa de que a dívida do governo ultrapasse 80% do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos três anos. A agência também aponta a "dinâmica política desafiadora" vai continuar a complicar os esforços de consolidação fiscal e atrasar as reformas estruturais.

"A perspectiva negativa reflete a visão de que os riscos são de uma consolidação e uma recuperação ainda mais lentas, ou de que surjam mais choques, o que cria incertezas em relação à magnitude da deterioração do perfil de crédito do Brasil".

Entre as três grandes agência internacionais, apenas a Moody's mantinha o Brasil com grau de investimento. No dia 9 de dezembro, entretanto, a agência colocou a nota do país em revisão para possível rebaixamento, indicando que ela poderia ser reduzida em breve.

A primeira a tirar o selo de bom pagador do Brasil foi a Standard and Poor's (S&P), em setembro do ano passado. Em dezembro, foi a vez da Fitch, que ao mesmo tempo colocou a nota do país em perspectiva negativa, indicando que ela pode voltar a ser rebaixada.

Como principal motivo para a retirada do grau de investimento do país, as agências apontam a deterioração das contas públicas, o aumento do endividamento público e a preocupação com a retomada do crescimento da economia.

No mercado financeiro, a nota de um país funciona como um "certificado de segurança" que as agências de classificação dão a países que elas consideram com baixo risco de calotes a investidores.

Leia mais: Aqui

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

23 fevereiro 2016

Links

Com deve ser a aparência do homem ideal? Depende do país. (foto)

(E Aqui a mulher ideal)

Conferência sobre fabricação de dados em pesquisa

Venezuela precisa do petróleo em US$200 para equilibrar o orçamento

Tecnologia primitiva: vivendo como homem da idade da pedra (vídeo)

Projeto de uma máquina de passar roupa 

PwC tem vitória parcial no caso Petrobras

Segundo o jornal O Estado de S Paulo, a empresa de auditoria PwC, que auditava as demonstrações da Petrobras, obteve uma vitória e uma derrota na corte dos EUA que está julgando a ação contra a empresa. Segundo o juiz Jed Rakoff a empresa de auditoria não sabia do esquema de corrupção e agiu rápido quando tomou conhecimento.

"A PwC ao invés de ignorar sinais de fraude tomou medidas apropriadas ao saber das evidências de irregularidades diretamente ligadas à Petrobrás", afirma Rakoff em sua decisão. O juiz cita que a Price recusou a assinar o balanço da Petrobrás do terceiro trimestre de 2014, agindo "assim que foi confrontada com indicações de fraude".

Já os advogados dos fundos afirmaram nas acusações contra a firma de auditoria que a Price fez vista grossa ao esquema de corrupção e que até "um auditor júnior" teria visto a "bandeira vermelha" na Petrobrás. Para os fundos, a PwC "sabia ou, no mínimo, foi imprudente em não saber" que os ativos da Petrobrás foram altamente inflados e a "empresa estava podre até o seu núcleo", argumento que o juiz não concorda.


Segundo informa o Estado, o juiz considera que a PwC não sabia da corrupção. Esta foi a vitória da PwC.

A derrota da PwC ocorreu num pedido da empresa de auditoria que seu relatório são opiniões e não fatos.


Rakoff não concorda com os argumentos da PwC e avalia que opiniões de firmas de auditorias são, sim, fatos. "Uma estimativa baseada em fatos é diferente de uma opinião subjetiva", escreve o juiz, ressaltando que as análises dos auditores são feitas com base em números e demonstrações financeiras. Para o juiz, uma inferência possível é concluir que as opiniões da Price foram baseadas em evidências que eram falsas ou não verdadeiras.

Contabilidade em Igrejas

Andrea Freire fez uma dissertação muito interessante sobre a contabilidade na igreja católica, sob orientação da professora Renata Câmara.

Este estudo aborda a temática relacionada ao Terceiro Setor, tendo como objetivo principal analisar se as prestações de contas apresentadas pelas paróquias da Arquidiocese de Natal/RN estão estruturadas de acordo com a Interpretação Técnica Geral – ITG 2000 (R1) – Escrituração contábil – e segundo a nomenclatura utilizada pela matriz Diocesana, buscando dar destaque à base que alicerça o tema de potencial relevância no contexto acadêmico, organizacional e social, a escrituração contábil, especificadamente, das entidades sem fins lucrativos. (...) Foi utilizado o site da Arquidiocese de Natal/RN e realizou-se visita in loco ao departamento de contabilidade da Cúria Metropolitana para obter as informações das organizações religiosas que nortearam os resultados deste estudo. Os dados coletados dos 174 demonstrativos de prestação de contas, sendo 87 do mês de janeiro de 2013 e 87 do mês de janeiro de 2014, foram tabulados utilizando o software Excel. Os resultados apontam que a forma como a escrituração foi realizada no período analisado demonstra que os responsáveis pela escrituração auxiliar não seguem as exigências estabelecidas na ITG 2000 (R1) – escrituração contábil –, os registros foram lançados sem atender à maioria dos critérios e procedimentos estabelecidos para a escrituração contábil. Quanto à análise da uniformidade da nomenclatura utilizada, pode-se afirmar que as paróquias da Arquidiocese de Natal fazem uso de alguns nomes comuns para as contas representativas de origem de recursos, entretanto a nomenclatura adotada para registrar as despesas apresentou-se muito diferente da constante no plano de contas da matriz.

Via Varejo

O gráfico (via Valor Data) mostra a queda no preço da Via Varejo após o comunicado da CVM no dia 17 determinando que a Via Varejo refaça e republique as demonstrações contábeis de 2013 e 2014, assim como os dados trimestrais.

A notícia apareceu na imprensa somente ontem. Na página principal da CVM nada é comentado. E na página da empresa (RI) também nenhum comentário:

Mercado Fechado da Economia

Recebi por e-mail o artigo de Frederico Fubini de um leitor do blog. O texto é do início do ano, mas ainda vale a leitura. Fubini fala da inércia entre os autores mais lidos da área de economia:

comparei os "rankings" de Dezembro de 2006 e de Setembro de 2015 para perceber se o índice RePEc tinha evoluído de acordo com a realidade económica.

Isso não aconteceu. Apesar das profundas – e, em grande medida, imprevistas – dificuldades económicas e financeiras da década decorrida, a influência intelectual de quem sustentava as teorias mais afectadas pela crise manteve-se intacta.

Após uma sucessão de estoiros de bolhas de crédito representando vários biliões de dólares, seria de nos questionarmos sobre o que sucederia à visão de Robert Lucas de que as expectativas racionais permitem que "agentes" calculem na perfeição a forma de maximizar a utilidade económica. Também poderíamos reconsiderar a hipótese dos mercados eficientes, de Eugene Fama, segundo a qual os preços dos activos financeiros reflectem sempre toda a informação disponível sobre os fundamentais económicos.

Mas parece que os economistas não se questionam sobre estes assuntos. Com efeito, tanto Lucas como Fama subiram nos "rankings" do RePEc no período que analisei, do 30.º para o 9.º lugar e da 23.ª para a 17.ª posição, respectivamente. E a persistência dos que estão no topo é impressionante, de uma forma geral. De entre os 10 primeiros economistas da lista, em Setembro de 2015, seis deles já lá constavam em Dezembro de 2006 e havia dois que ocupavam as 11.ª e 13.ª posições

A mobilidade nos "rankings" do RePEc continua a ser ténue mesmo ampliando a amostra. A título de exemplo, dos economistas no top 100 em Setembro de 2015, apenas 14 não figuravam no top 5% dos economistas em 2006 (leque muito mais largo) e somente dois tinham avançado mais de 200 lugares ao longo da década anterior. Entre os economistas recentemente classificados entre as 101.ª e 200.ª posições, apenas 24 não constavam do top 5% em 2006 e apenas 10 tinham subido mais de 200 lugares. A taxa de renovação entre os 200 economistas mais influentes foi de apenas 25% - e apenas de 16% no top 100 - durante uma década em que o poder explicativo da teoria económica predominante se viu seriamente afectado.

O aspecto mais impressionante está na diferença entre o ritmo de mudança no "ranking" dos economistas e da própria economia. As barreiras à entrada no clube das 10 pessoas mais ricas do planeta ou nas 10 empresas mais valiosas do mundo parecem ser muito menores do que as barreiras à entrada na lista dos 10 principais economistas. Segundo a Forbes, apenas dois dos 10 indivíduos mais ricos do mundo em 2015 (Bill Gates e Warren Buffett) estavam no top 10 em 2006. E apenas três empresas – ExxonMobil, General Electric e Microsoft – constavam do top 10, em termos de capitalização de mercado, tanto em 2006 como em 2015.

Em contrapartida, no "ranking" dos economistas, os critérios tais como o sexo ou a origem geográfica confirmam uma inércia generalizada. Apenas quatro mulheres figuravam no top 200 do "ranking" do RePEc em Setembro de 2015, em comparação com três em Dezembro de 2006, e duas estavam incluídas em ambas as listas. Da mesma forma, os países emergentes – que representam mais de 90% da população mundial, 75% do crescimento do PIB global na última década e quase 50% do rendimento total em dólares correntes – estavam presentes em apenas 11 posições do top 200 dos economistas em Setembro de 2015, contra 10 em Dezembro de 2006. E 10 desses 11 – três iranianos, quatro indianos, dois turcos e um chinês – vivem e trabalham nos Estados Unidos ou no Reino Unido desde os seus tempos de estudante.

Os restantes economistas do top 200 do "ranking" do RePEc são geralmente homens, caucasianos, e com 60 anos ou mais – uma idade superior em quase três décadas à idade em que um cientista ou economista tende a ser mais inovador, de acordo com um estudo do economista Benjamin Jones. Nenhum indivíduo negro (norte-americano ou de outra nacionalidade) consta do top 200.

Será de surpreender que, mesmo após uma Grande Recessão que lançou sérias dúvidas sobre as teorias do mercado racional tão dominantes há uma década, as melhores posições nos "rankings" da investigação económica se mantenham praticamente inalteradas? Afinal de contas, muitos destes académicos deram contributos enormes – e duradouros – para a nossa forma de entender como funcionam os mercados e as sociedades. E as ideias tendem a avançar e a retroceder lentamente, como os glaciares – e não rapidamente, como os exércitos.

Rir é o melhor remédio


22 fevereiro 2016

BTG Pactual

Em janeiro, o banco BTG Pactual divulgou os números das demonstrações contábeis, sem o parecer de auditoria. Os números eram incompletos e não contemplavam toda a situação da entidade. O blog considerou o assunto o fato da semana em razão do inusitado.

O Valor Econômico informa que os números divulgados há um mês foram confirmados nas demonstrações colocadas no endereço da CVM. Mas que o relatório de auditoria ainda não constava do endereço.

Links

Tempo para fazer a previsão e índice de acerto

Futuro do emprego e impacto sobre a contabilidade (notícia ruim: contabilidade deve sofrer muito com a tecnologia)

Vídeo de Taiwan ridiculariza as Olimpíadas do Rio

Efeitos visuais de Deadpool (antes e depois) 

25 anos do CCA na Universidade de Brasília

Se você fez parte do curso de Ciências Contábeis da Universidade de Brasília, ou se quer dar uma espiada nesses 25 anos do departamento de Ciências Contábeis, entre no grupo do Facebook. Ele está sendo organizado pelo Neander Nazário e pela professora Fernanda Fernandes.

Compartilhe a foto do seu trote, da sua colação ou de um momento legal com a sua turma, os professores ou servidores. A intenção é fazer um mural na FACE e colocar no site do departamento para compartilhar a história do curso.

Parabéns a todos que fazem parte desta história.

Em tempo:
Não é 25 anos do curso, mas do departamento, o CCA. O curso antes pertencia ao departamento de administração.

Usiminas e Queima de Caixa

Ao retratar os problemas da Usiminas, o Valor Econômico tentou resumir em gráfico seus problemas. Um deles seria a "queima de caixa":
O gráfico mostra em vermelho a receita líquida, que não corresponde ao caixa. Mostra também o Ebitda, que alguns acreditam que seja a geração de caixa. Mas os dados mostram que somente num período, o último, o Ebitda foi negativo. Ou seja, não ocorreu "queima de caixa no período". E também o resultado líquido, que também não é caixa. Para mostrar a queima de caixa, o jornal deveria tomar ou o saldo de caixa e equivalentes ou o fluxo de caixa das atividades operacionais ou o índice de "queima de caixa".

Bancos da Índia

O Financial Times  levanta os efeitos da contabilidade dos bancos da Índia. Naquele país asiático, uma parcela expressiva do sistema financeira é apoiada pelo Estado. E estas instituições fizeram, no passado, uma série de empréstimos ruins que não foram adequadamente reconhecidos pela contabilidade.

PCAOB na espera

A definição sobre o futuro do PCAOB ficará em aguardo. Recentemente comentamos dos problemas políticos relacionados com este órgão dos EUA, que foi criado após o escândalo da Enron (O texto da postagem era "Leitura Obrigatória"). Há um certo "boicote" ao trabalho do atual presidente.

A presidente da SEC, responsável pela nomeação do chefe responsável pela fiscalização das empresas de auditoria nos Estados Unidos, Mary Jo White, estava postergando a decisão. E parece que existe a intenção de só decidir sobre o PCAOB quando o governo dos EUA também completar os quadros da SEC. E isto também depende do congresso dos EUA. Até lá, braços cruzados.

Rombo na Previdência dos estados

O peso dos gastos com aposentadoria dos servidores nas contas públicas e a crise fiscal dos estados impõem a necessidade de incluir na reforma da Previdência — prometida pelo governo federal — os chamados regimes próprios (União, estados de municípios). Essa é a conclusão de um estudo inédito do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), prestes a ser publicado, que faz um diagnóstico sobre a sustentabilidade desses regimes no longo prazo. De acordo com o levantamento, o déficit atuarial (necessidade de financiamento para pagar todos os benefícios presentes e futuros) dos estados alcançou R$ 2,4 trilhões em 2014 — o equivalente a 43,9% do Produto Interno Bruto (PIB) e um custo per capita (por servidor ou pensionista) de  543 mil reais. Somando a União, o rombo pula para 3,6 trilhões de reais ou 65,8% do PIB.

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Alphabet: A nova maior empresa do mundo

Por Alex Hern em 09/02/2016 na edição 889
Texto publicado originalmente no The Guardian, sob o titulo How Alphabet became the biggest company in the corld 2/2/2016. Tradução de Jo Amado


O Vale do Silício – e Wall Street – têm um novo rei. Alphabet, a empresa até agora conhecida como Google, parece pronta para se tornar a maior empresa de capital aberto do mundo na próxima terça-feira graças a um aumento no preço de suas ações, além de ter conseguido resultados excepcionalmente bons e de uma decisão sobre como ganha e gasta seu dinheiro. Menos de um ano depois de ter deixado para trás Berkshire Hathaway, Exxon Mobil e Microsoft em seu rumo ao topo, o valor da empresa superou o da Apple.

Somente nos últimos seis meses, desde que a empresa Google passou por uma reestruturação para se tornar a Alphabet, seu capital aumentou em 200 bilhões de dólares, quase duplicando seu valor total. Isso é surpreendente porque, durante esse período, os produtos da Alphabet continuaram sendo praticamente os mesmos que sempre foram. Não houve sucesso súbito e inesperado algum, nenhuma vitória importante nos campos legal, político ou comercial. A empresa simplesmente arrecada, com firmeza e continuamente, bilhões de dólares por ano.

Em termos comerciais, quando dizemos Alphabet queremos dizer Google. A antiga empresa ainda é responsável pela grande maioria das receitas da Alphabet e quase todos os seus negócios (o que inclui o mecanismo de busca, os mapas, o YouTube, a publicidade e o Android) ainda são comandados pela Google e seu novo executivo Sundar Pichai. O restante da Alphabet pode representar as apostas nas indústrias do futuro, mas por enquanto é a Goggle que paga as contas.

E não é apenas a velha Google que paga as contas na nova Alphabet – são também as partes mais velhas da velha Google. As receitas da Google por segmento chegaram a 74,5 bilhões de dólares em 2015, gerando um lucro de 23,4 bilhões de dólares. Embora conte com uma rede de publicidade lucrativa e popular que distribui anúncios em outros sites, a maior parte de sua receita publicitária ainda vem de seus próprios websites: 13,037 bilhões de dólares, para ser preciso.

Palavras-chave mais caras podem custar 50 dólares por clique
Isso mostra como são fortes os alicerces da empresa que Larry Page e Sergey Brin construíram. O mecanismo de busca ainda é a joia da coroa da Google – ainda é o que faz melhor e é uma imensa máquina de fazer dinheiro. Isso se deve, principalmente, a dois motivos. Um deles, muito discutido e o outro, raramente percebido, mas ambos têm raízes nos primórdios da Google. O primeiro é o PageRank, a invenção que deflagrou a empresa como um todo. Com seu surgimento na época em que Larry Page e Sergey Brin ainda estavam em Stanford, ele substituiu os índices de busca obsoletos que então existiam por uma habilidosa abordagem na forma de um algoritmo.

Ao invés de investigar manualmente os antecedentes na internet, como faziam os primeiros mecanismos de busca, ou simplesmente classificar as páginas de acordo com o número de vezes que aparecem os resultados da busca, como fez a geração seguinte, o PageRank interpreta um link a uma página como um voto. Quanto mais links tiver uma página, mais respeitável ela é. E o algoritmo é recorrente: um link de uma página que já tenha uma porção de links é mais valioso que um link de uma página desconhecida.

Isso significou que, ao ser iniciada, a experiência do mecanismo de busca da Google era astronomicamente superior à de qualquer concorrente – e compensava financeiramente. A empresa foi criada em agosto de 1998 e com um mês já tinha 10 mil buscas por dia; com seis meses, tinha 500 mil buscas por dia; três anos depois, tinha 150 milhões. Segundo os dados mais recentes, recebe atualmente cerca de 3,5 bilhões de buscas por dia.

Mas a outra faceta do sucesso da Google veio de algo que só foi compreendido quando já tinha alcançado a supremacia: não existe lugar algum que tenha mais valor para anunciar do que numa página de resultados de busca. Por definição, se você está buscando algo, você está interessado em descobrir sobre o assunto. Isso torna você mais valioso para os anunciantes do que quase qualquer outro olhar. Sim, os anunciantes querem conquistar pessoas que nunca se interessaram por seus produtos, mas, mais ainda do que isso, querem gerar vendas. Se você faz uma busca por “férias”, ou “laptops”, ou “aumento do pênis”, ou “falsos amigos do Facebook” – e a Google não opina –, então você demonstra que provavelmente você está a ponto de abrir sua carteira e pagar.

Portanto, os anunciantes estão dispostos a entregar enormes somas de dinheiro para aparecerem na página dos resultados de busca: as palavras-chave mais caras, nas buscas de coisas como advogados e seguros de saúde, podem custar até 50 dólares por clique.

A aquisição mais importante veio de mansinho
[...] O futuro da publicidade está em duas áreas diferentes: os dispositivos móveis e o vídeo. E, com duas aquisições feitas em pouco mais de um ano, a Google explicou como iria tratar dessas tendências.

Uma delas veio em outubro de 2006, quando a Google comprou o YouTube por 1,65 bilhão de dólares. Criado em fevereiro de 2005 por Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Kari, o site já se tinha consolidado como o principal destino para vídeos online quando foi comprado. Na época, o conteúdo do YouTube era visitado 100 milhões de vezes por dia. Atualmente, é de bilhões por dia.

Na época da aquisição, o YouTube não tinha um modelo de receita (Hurley, um dos fundadores, disse que a empresa estava explorando “uma porção de opções”; tanto ele quanto Chen acabaram saindo da Google pouco depois da compra e Kari já havia saído da empresa pouco após sua criação). Mas a Google tinha: publicidade. Tanto os anúncios que antecederam os vídeos com barra de rolagem quanto os anúncios pop up existem no site até hoje, assim como um nível de assinaturas para quem queira assistir aos vídeos sem anúncios e exclusivamente o conteúdo.

Compensou. Analistas da indústria publicitária avaliam que a receita de anúncios do YouTube cresceu 40,6% no ano passado, chegando a 4,28 bilhões de dólares no mundo inteiro. Na opinião de Martín Utreras, analista de e-marketing, “como a Google continua a diversificar suas ofertas de publicidade, imaginamos que o YouTube vá desempenhar um papel cada vez mais importante nos lucros da Alphabet”.

Mas a aquisição mais importante veio de mansinho, pouco mais de um ano antes da Google ter gasto bilhões com o YouTube. Em agosto de 2005, a Google gastou 500 milhões de dólares para comprar o Android, um sistema de operações móvel desenvolvido por ex-funcionários da Apple, da Microsoft e da Philips, liderados por Andy Rubin. O Android vinha sendo desenvolvido desde 2003, mas seu primeiro protótipo só foi revelado em novembro de 2007, dois anos depois de sua aquisição pela Google. Atualmente, o vínculo desse sistema com a Google é tão forte que é difícil imaginar que existisse anteriormente.

Quem tem o futuro garantido?
Comparado ao YouTube, o Android poderia ser considerado um investimento de baixo desempenho. Ao longo de sua existência, a plataforma só produziu 31 bilhões de dólares em receita – de publicidade em dispositivos móveis e ao aceitar uma redução em apps e aplicativos de mídia. Mas isso decorre da estratégia da Google de oferecer o sistema operacional gratuitamente, ao invés de tentar obter lucros através da venda de fones de ouvido (como faz a Apple), ou de uma taxa de licença pelo software (como faz a Microsoft, numa estratégia que a condenou à irrelevância em tempos da era dos dispositivos móveis). Talvez não produza dinheiro, mas contribuiu com dividendos para a Google de outra maneira: atualmente existem 1,8 bilhões de telefones Android pelo mundo afora, quatro vezes mais do que iPhones. Numa escolha aleatória, é muito provável que qualquer smartphone esteja funcionando com o software da Google.

Na primeira década deste século, a Google estava comprando empresas para se preparar para as batalhas da década seguinte. Essa é uma estratégia que continua até hoje. Em janeiro de 2014, a Google comprou a DeepMind, uma empresa britânica de inteligência artificial recém-criada, por 400 milhões de libras esterlinas. A empresa foi fundada pelo ex-prodígio de xadrez e neurocientista Demis Hassabis, que construiu sua carreira produzindo jogos com desenvolvedores Bullfrog na década de 90 e cujo objetivo é nada mais nada menos do que desenvolver computadores que pensem como humanos.

O tipo de tecnologia que a DeepMind constrói já está funcionando nos serviços da Google, desde uma busca por imagem que consegue reconhecer o conteúdo de uma fotografia até uma tecnologia de reconhecimento de voz que consegue entender o significado de uma frase, e não apenas as palavras-chave, mas os produtos da linha de frente da aquisição ainda se afastam bastante no sentido do extremo oposto, da mera pesquisa. Em janeiro de 2016, a DeepMind ganhou as manchetes com o primeiro computador que era capaz de vencer um jogador profissional no tradicional jogo asiático Go, uma façanha que se buscava realizar há dez anos.

A DeepMind ainda está sendo orientada pela Google em relação à estrutura da Alphabet, mas outros setores da empresa têm liberdade para voar sozinhos. Um exemplo é o Nest de Tony Fadell, uma empresa famosa por ter inventado um termostato inteligente e um alarme de fumaça. Criada por Fadell, que ficou famoso por sua contribuição para o desenvolvimento do iPod, na Apple, a empresa vem desenvolvendo uma reputação por projetos de hardware que a própria Google ainda não tem. Também adota um distanciamento em relação aos aspectos de invasão de privacidade de sua empresa-irmã: para muita gente, a ideia de convidar a Google para sua casa ainda parece desagradável.

Embora a Alphabet esteja em ascensão, há um outro fator em jogo que contribui para o fato de ela ser a maior empresa do mundo: a trajetória descendente da Apple. Enquanto a Alphabet aumentou seu capital de mercado em 200 bilhões de dólares [R$ 870 milhões], a Apple perdeu o equivalente em função dos temores do fato de iPhone, iPad e o MacIntosh estarem tropeçando no mercado simultaneamente (e o Apple Watch, a quarta principal linha de produção da empresa, aparentemente ainda é uma força menor em termos de receita).

Para que a Alphabet suplante a Apple, portanto, isso não depende apenas do que fizerem Sergey Brin, Larry Page e Eric Schmidt; também depende uma contínua fragilidade no Vale do Silício. A Apple ainda ganha muito mais dinheiro que a Alphabet, assim como é mais lucrativa. Mas o consenso em relação a quem tem o futuro garantido mudou de direção – pelo menos, por enquanto.

N.R. O PROJOR tem uma parceria com a Google no projeto Grande Pequena Imprensa.

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Alex Hern é repórter de tecnologia do Guardian

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

21 fevereiro 2016

Instagrams de Contabilidade

Além do Instagram do Contabilidade Financeira, há diversas contas relacionadas a contabilidade. Colocamos algumas abaixo.... você indicaria mais alguma?
(Não incluímos contas vinculadas a escritórios ou outros fins comerciais)

- Ensinando Contabilidade: Instagram do Túlio Rocha ligado a conta no YouTube com o propósito de ensinar contabilidade:
Uma foto publicada por Ensinando Contabilidade (@ensinandocontabilidade) em


- Contabilidade Tributária: De um analista tributário para troca de informações

- Amo Contabilidade: é uma conta irmã da nossa, mas que também dá algumas dicas de estudos, além das queridas piadas de contador


- Suficiência Contábil: Ajuda e auxilia (e faz companhia) para quem está estudando para o Exame de Suficiência


Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui