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Mostrando postagens com marcador parecer de auditoria. Mostrar todas as postagens
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23 dezembro 2016

Planeta

Planeta Corporación, la matriz del grupo Planeta, cerró el ejercicio 2015 con unas pérdidas de 25,8 millones de euros, según las cuentas individuales depositadas en el Registro Mercantil. Sin embargo, el auditor advierte en su informe de que la sociedad registró con cargo a reservas un deterioro bruto de 35,7 millones por su inversión en Jaipur Investment SL que en realidad “debería haber sido registrado” en la cuenta de pérdidas y ganancias, lo cual hubiera aumentado los números rojos registrados.

La matriz de Planeta recibió un toque del auditor en sus cuentas del ejercicio 2015, en este caso KPMG. Fuentes del grupo recalcaron que Planeta Corporación es la sociedad holding, tenedora de acciones y de los servicios corporativos y que no son las cuentas consolidadas del mismo. Esas cuentas aún no están disponibles en el Registro Mercantil. Ese año el grupo salió de números rojos y ganó 15,6 millones de euros, mientras que la facturación creció el 8%, hasta los 2.364 millones.

Sin embargo, en las cuentas de la matriz, consta que en 2015 el grupo vio cómo su inversión financiera en la sociedad Jaipur Investment SL —a través de la cual vehicula sus participaciones en Banco Sabadell— se deterioraba por un importe de 35,7 millones de euros.

La sociedad —editora de La Razón y propietaria de Antena 3 y La Sexta— explica que ese valor se estimó “en base a la diferencia” que se puso de manifiesto el 31 de diciembre de 2015 entre “el valor recuperable y el valor contable” de la inversión realizada. Ese deterioro se llevó al epígrafe “otras reservas” del balance por un importe de 26,8 millones, correspondiente al valor neto de la pérdida, es decir, una vez descontado el efecto impositivo.

Salvedades

El auditor, en su informe sobre las cuentas, difiere de esa actuación y hace constar una salvedad. KPMG constata que esa dotación se ha llevado al epígrafe “reservas” del balance por 26,8 millones, pero advierte de que debería haberse llevado a la cuenta de pérdidas y ganancias.

“Debido a que dicho deterioro se ha puesto de manifiesto en el ejercicio 2015, el mismo debería haber sido registrado con cargo al epígrafe Pérdidas netas por deterioro de la cuenta de pérdidas y ganancias del ejercicio 2015 adjunta, en lugar de con cargo al epígrafe reservas”.

Planeta Corporación cerró 2015 con unas pérdidas de 25,8 millones, lo cual supone más que triplicar los números rojos del año anterior, cuando fueron de 7,8 millones. El grupo presidido por José Creuheras tiene a través de Jaipur Investments y Hemisferio —la sociedad patrimonial— una participación del 2,6% de Banco Sabadell, según consta en la última comunicación a la Comisión del Mercado de Valores.

El País

10 junho 2016

Novo Parecer

Companhia aberta teme exposição maior com novo parecer do auditor (1)

Os relatórios de auditoria (2) dos balanços (3) das companhias de capital aberto vão ter em breve um novo formato. A novidade passa a valer já para as demonstrações contábeis anuais de 2016. Aumento das despesas com auditoria e maior exposição pública estão entre as preocupações das empresas (4) com a mudança.

Conhecidas como “big four”, as quatros maiores empresas de auditoria do mundo, PwC, Deloitte, EY e KPMG, são unânimes em apontar a principal inovação do novo parecer: a introdução dos chamados “principais tópicos de auditoria”. Os assuntos considerados mais importantes pelo auditor, antes discutidos apenas com as empresas, agora serão públicos.


“A adoção dos principais tópicos de auditoria pretende criar uma aproximação entre o auditor e os interessados nas demonstrações financeiras. Nessa seção, vai ser reportado tudo que o auditor julga relevante, geralmente assuntos mais complexos, não usuais, ou que o auditor passou um grande tempo analisando”, diz Silvio Takahashi, sócio de auditoria da EY.


A definição dos assuntos será customizada por empresa. Podem entrar nesses tópicos, por exemplo, uma aquisição ou provisão para perdas. “Isso é sensível, porque o auditor pode se deparar com dados confidenciais de clientes (5), que eles não querem ver divulgados (6)”, diz o sócio da EY. Por conta disso, vai ser necessário cuidado do auditor e muita conversa com os comitês de auditoria.


Outra preocupação é como será a recepção do novo conteúdo. “As pessoas podem interpretar o principal assunto de auditoria como um problema, e não é isso necessariamente”, diz Charles Krieck, sócio da KPMG. Ele explica que, se num tópico, o auditor chegar à conclusão de que os controles não foram certos, isso será alvo, como hoje, de ressalva.


As companhias de capital aberto criticam a mudança. “É um padrão imposto pela Europa (7) que simplesmente temos que aceitar, como o [padrão contábil] IFRS, que veio como um rolo compressor (8) sobre nós”, afirma o vice-presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), Alfried Plöger. “Você gostaria que seus defeitos fossem colocados em praça pública? (9) Não gostaria (10)”, diz.


Segundo Plöger, a negociação entre empresas e auditorias quanto ao conteúdo final do relatório será agora muito mais cuidadosa. Além de mais horas de dedicação dos auditores, o novo padrão exigirá o envolvimento de executivos mais seniores, segundo o sócio da KPMG Rogério Andrade, elevando custos.


As firmas de auditoria podem ter dificuldade para repassar esses custos (11), pois em 2017 acontece o rodízio obrigatório (12), exigido a cada cinco anos, quando as empresas pressionam por redução de gastos. “É uma pressão adicional para as companhias esse ano, tratar desse assunto com o auditor atual, desenvolver o novo formato de divulgação, e começar a contratar o novo auditor”, diz Vagner Alves, sócio líder de auditoria da Deloitte(13) .


Além da introdução dos principais assuntos de auditoria, outra novidade é a mudança na ordem do relatório, com a opinião do auditor passando a ser a primeira seção do documento. A descrição da responsabilidade da administração e do auditor será agora mais detalhada.


O novo relatório também deverá apresentar sempre uma declaração do auditor sobre a capacidade de continuidade operacional da empresa. Atualmente, a auditoria somente se posiciona quanto à capacidade da companhia de se manter operando no caso de empresas em dificuldades no mercado, com alto endividamento e sem crédito, por exemplo. Agora, a comunicação quanto a isso será contínua.


Apesar da resistência da entidade que representa as companhias brasileiras (14), a experiência de países como Inglaterra e Holanda, que se anteciparam à obrigatoriedade da mudança, mostra boa aceitação das empresas, relata o sócio da PwC Valdir Coscodai, que atuou de 2009 a 2015 como representante da América Latina no Iaasb, organismo que edita as normas internacionais de auditoria.


Como preparação para a mudança, a PwC tem realizado reuniões com outras unidades da empresa no mundo para troca de experiências. A firma de auditoria começou treinamentos internos em 2015 para introduzir a novidade à sua equipe, além de estar realizando projetos pilotos junto a clientes, com a adaptação do relatório do ano passado ao novo formato. EY, KPMG e Deloitte adotam processo de preparação parecidos.


Apesar dos projetos pilotos, o vice-presidente da Abrasca se diz preocupado com a falta de conhecimento da administração das empresas sobre a mudança, ainda mais porque ela passa a valer já para o balanço de 2016. “Este é um tema que está fora do radar, restrito ainda a um público especializado”, diz Plöger.


(1) Um título tão amplo poderia sugerir ao leitor que o jornal se baseou numa pesquisa com as empresas abertas. Infelizmente não. O título surgiu de uma declaração do vice-presidente da Abrasca. Mas ele falava pela instituição?
(2) Fazer um texto jornalístico é difícil. Um dos pontos é descobrir palavras iguais para evitar a repetição. Se no título tem “parecer do auditor”, na primeira linha aparece “relatórios de auditoria”, no plural, indicando existir mais de um.
(3) O relatório (ou parecer) é das demonstrações contábeis e não somente do balanço.
(4) Novamente parece que foi fruto de uma investigação. A questão da despesa vem do depoimento de um sócio da KPMG; da exposição, do vice-presidente da Abrasca.
(5) Isto faz parte do trabalho do auditor.
(6) Não significa que a informação será divulgada. O auditor irá falar em termos genéricos.
(7) Faz parte do pacote da convergência aceitar as regras impostas pela “Europa”. Não seria pelo Iasb?
(8) Acusa as normas de ser rolo compressor. Posso até entender a revolta, mas esta foi a regra dada pela lei.
(9) É isto mesmo? Eu li direito? A Abrasca está defendendo “esconder” os defeitos? Se existir um problema na empresa – como falhas no controle interno ou desvios – este defeito não deve ser colocado em praça pública.
(10) Respondeu que os defeitos não devem ser evidenciados.
(11) Dificil de acreditar. É um oligopólio.
(12) Existe realmente esta relação entre o rodízio, o aumento dos custos e a relação empresa e auditor?
(13) Será isto tão relevante assim?
(14) Aqui fica claro que a Abrasca é contrária a modificação.

Publicado no Valor. Pode ser obtido aqui

23 fevereiro 2016

PwC tem vitória parcial no caso Petrobras

Segundo o jornal O Estado de S Paulo, a empresa de auditoria PwC, que auditava as demonstrações da Petrobras, obteve uma vitória e uma derrota na corte dos EUA que está julgando a ação contra a empresa. Segundo o juiz Jed Rakoff a empresa de auditoria não sabia do esquema de corrupção e agiu rápido quando tomou conhecimento.

"A PwC ao invés de ignorar sinais de fraude tomou medidas apropriadas ao saber das evidências de irregularidades diretamente ligadas à Petrobrás", afirma Rakoff em sua decisão. O juiz cita que a Price recusou a assinar o balanço da Petrobrás do terceiro trimestre de 2014, agindo "assim que foi confrontada com indicações de fraude".

Já os advogados dos fundos afirmaram nas acusações contra a firma de auditoria que a Price fez vista grossa ao esquema de corrupção e que até "um auditor júnior" teria visto a "bandeira vermelha" na Petrobrás. Para os fundos, a PwC "sabia ou, no mínimo, foi imprudente em não saber" que os ativos da Petrobrás foram altamente inflados e a "empresa estava podre até o seu núcleo", argumento que o juiz não concorda.


Segundo informa o Estado, o juiz considera que a PwC não sabia da corrupção. Esta foi a vitória da PwC.

A derrota da PwC ocorreu num pedido da empresa de auditoria que seu relatório são opiniões e não fatos.


Rakoff não concorda com os argumentos da PwC e avalia que opiniões de firmas de auditorias são, sim, fatos. "Uma estimativa baseada em fatos é diferente de uma opinião subjetiva", escreve o juiz, ressaltando que as análises dos auditores são feitas com base em números e demonstrações financeiras. Para o juiz, uma inferência possível é concluir que as opiniões da Price foram baseadas em evidências que eram falsas ou não verdadeiras.

19 março 2015

Parecer de auditoria

A questão do parecer do auditor é sempre um polêmico assunto. Em agosto de 2014 o FASB soltou um documento discutido o going concern nas demonstrações financeiras na tentativa de melhorar a qualidade desta opinião. Afinal, uma pesquisa da Bloomberg entre os pareceres emitidos no período de 1996 a 2002 descobriu que mais da metade das empresas com falência (673 no total) não tiveram a dúvida da continuidade. O trabalho da Deloitte na Vodafone merece uma citação aqui por expandir os horizontes de um parecer de auditoria. Será este o futuro desta informação?

05 janeiro 2014

Resistência na mudança do Relatório de Auditoria

O PCAOB é uma entidade criada após o escândalo da Enron para melhorar a qualidade da indústria da auditoria nos Estados Unidos. Desde sua criação, o PCAOB faz um trabalho de fiscalização e normatização. Recentemente a entidade tentou discutir, sem sucesso, a questão do rodízio das empresas de auditoria.

O PCAOB propôs também uma discussão sobre os relatórios de auditoria, a primeira mudança substancial desde a década de 40. A filosofia é aumentar o número de informações existentes nestes relatórios. A proposta da entidade enfrenta oposição dos comitês de auditoria, das empresas de auditoria e, surpreendente, dos preparadores das demonstrações contábeis.

Segundo o Journal of Accountancy, os preparadores das demonstrações contábeis estão considerando a proposta do PCAOB uma ameaça à sua responsabilidade. O parecer da auditoria deve ser sucinto e informações adicionais deveriam ser produzidas e divulgadas pelos preparadores. A opinião destes preparadores conta, em muitos casos, com o respaldo da própria empresa. O receito é que os auditores sejam a fonte original de informação sobre a empresa, que possa existir sobreposição de informação e inconsistência dos relatórios entre as empresas, dificultando a análise comparativa.

23 outubro 2013

Parecer do Auditor na Taurus

A firma de auditoria Ernst & Young (EY) deu uma "conclusão adversa" aos números, apresentados na terça-feira, com dois meses de atraso. Na prática, isso quer dizer que há "distorções relevantes e generalizadas", de acordo com definição do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon).

O problema aconteceu por conta da alteração nos termos do acordo da venda da Taurus Máquinas-Ferramenta, fechada em junho de 2012, para a Renill Participações, do grupo SüdMetal. Na época, o valor da operação foi acertado em R$ 115,3 milhões. Em agosto deste ano, contudo, o comprador exigiu a repactuação do contrato, o que fez com que o valor caísse pela metade, para R$ 57,2 milhões.

Isso fez com que a companhia desse uma baixa contábil de R$ 57,8 milhões no balanço do segundo trimestre, já divulgado com bastante atraso por conta dos ajustes necessários. Os auditores, no entanto, afirmam que a revisão já deveria ter sido feita um ano antes. "Os eventos que levaram a redução do valor original da venda se encontravam substancialmente presentes em 30 de junho de 2012 e a referida perda deveria ter sido reconhecida naquela data", disseram em seu parecer.

Com isso, a EY decidiu não avalizar as demonstrações de resultados - que indicam o lucro ou prejuízo -, os fluxos de caixa e as mutações do patrimônio líquido. E foi além. Deu uma ressalva ao balanço patrimonial, afirmando que a Taurus não constituiu provisões suficientes para possíveis perdas relativas aos R$ 54,4 milhões que ainda tem a receber da SüdMetal. A ressalva, menos grave que a conclusão adversa, indica desvios pontuais e não generalizados em relação às normas contábeis.

Ontem, em teleconferência, o presidente da Forjas Taurus, Dennis Gonçalves, deu poucos detalhes sobre a origem da discordância com os auditores externos. "Com as normas contábeis internacionais, houve uma mudança filosófica, que privilegia a essência sobre a forma, razão pela qual nosso balanço foi emitido com parecer adverso", informou.

Segundo informações constantes no balanço, a principal mudança no acordo com a SüdMetal envolve uma parcela do montante da aquisição que seria recebido na forma de serviços e que foi abandonada. "Não era do nosso interesse a cláusula de fornecimento de peças", disse Gonçalves, para quem a revisão se mostrou "a melhor alternativa para a companhia".

A conclusão adversa do auditor é rara em balanços de companhias abertas, especialmente nas listadas em níveis de governança - a Forjas Taurus, está no Nível 2 da BM&FBovespa. O mais usual é que as empresas republiquem os balanços anteriores, de forma garantir um parecer "limpo" por parte dos auditores.

Sem entrar no caso específico da Forjas Taurus, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou que os pareceres do auditor são uma importante ferramenta em seu método de "supervisão baseada em risco". A autarquia disse que pode exigir a republicação dos balanços, "podendo também ocorrer a apuração de responsabilidades, conforme as características do caso". Procurada, a Forjas Taurus não retornou o pedido de entrevista.

Com as baixas contábeis, a companhia encerrou o segundo trimestre com prejuízo de R$ 101,3 milhões, revertendo o lucro de R$ 9,5 milhões de um ano antes. Questionado por investidores, Gonçalves disse que, diante do resultado da primeira metade do ano, "não poderia fazer menção a lucro em 2013". A empresa terá ainda que negociar o estouro das cláusulas de endividamento com debenturistas.


Auditor dá opinião adversa sobre balanço da Taurus - Por Natalia Viri (via aqui). Dica de Alexandre Alcantara

15 agosto 2013

Relatório do Auditor

Diante dos diferentes casos onde as empresas de auditoria falharam em indicar problemas com as empresas auditadas, os reguladores voltaram sua atenção para o relatório de auditoria (ou parecer de auditoria, como queiram). Há anos o texto não sofre grandes alterações, mas isto poderá mudar.

O PCAOB, entidade que regula a auditoria nos Estados Unidos, depois de vários relatórios apontando deficiências nos trabalhos realizados pelas auditorias, resolveu tentar melhorar a qualidade deste texto. Segundo Michael Rapoport, do Wall Street Journal (New Rules Expected for Annual Audit Reports, 12 de agosto de 2013) ainda não está claro o que o PCAOB pretende. E está esperando que os próprios auditores digam o que podem fazer para melhorar o relatório. Uma das possibilidades é que o texto indique se a contabilidade da empresa é agressiva ou não.

Entretanto o WSJ indica que o problema pode estar no modelo de negócios: as empresas contratam e pagam seus auditores, o que faz com que exista certo ceticismo sobre a relação entre empregador e empregado.

Apesar da iniciativa do PCAOB é possível perceber que a mudança ainda levará certo tempo: existirá um período para comentários públicos e mais discussão.

(Fonte do Cartoon aqui)

08 agosto 2013

Qualidade na auditoria

Anthony Catanach, de Grumpy Old Accountants, discute a proposta de um novo relatório de auditoria (ou parecer de auditoria, como queiram). Para o autor, a proposta é uma distração para problemas mais estruturais. Além disto, um relatório expandido, como parece ser o objetivo final, poderá diluir a responsabilidade.

Um relatório recente, citado por Catanach, informa que as grandes empresas de auditoria, denominadas de Big Four ou Big Four Accounting (BFA) obtiveram 12,3 bilhões de dólares na atividade de auditar 6.308 empresas durante do ano de 2012. Isto significa um valor médio cobrado de quase 2 milhões de dólares. A tabela a seguir mostra empresas que tiveram problemas durante a crise de 2007, a empresa de auditoria e o valor obtido com os serviços:






Frase

Sobre a proposta de mudar o relatório de auditoria:

A questão não é o relatório de auditoria ... é a auditoria!

Anthony Catanach - Grumpy Old Accountants. Cartoon adaptado daqui

05 junho 2013

Novo Parecer


O novo parecer de auditoria, que está em gestação, deve ser um divisor de águas não apenas para os profissionais de contabilidade mas também para o mercado de capitais como um todo, na visão de Warren Allen, presidente da Federação Internacional de Contadores (Ifac, na sigla em inglês).

Além da já tradicional opinião sobre a posição financeira refletida no balanço, que pode ser emitida com ou sem ressalva, no novo relatório o auditor provavelmente deverá externar sua avaliação sobre ao menos mais três pontos: os controles internos da entidade, a manutenção da empresa em continuidade e os julgamentos contábeis com impacto relevante no balanço e como eles foram discutidos com a administração.

As informações foram reveladas por Allen, em entrevista exclusiva ao Valor. Embora não dê uma data específica para aplicação do novo modelo, o executivo garante que as mudanças devem ocorrer "no curto prazo".

O trabalho de revisão do parecer está sendo conduzido pelo Comitê Internacional de Normas de Auditoria e Asseguração (Iaasb, na sigla em inglês), um dos órgãos de autorregulação criados pela Ifac.

Segundo Allen, ele é uma resposta da profissão a uma demanda que surgiu com a crise financeira. "Já foi feita a audiência pública, que recebeu número recorde de manifestações, e agora esses comentários estão sendo processados", afirmou ele, que veio ao Brasil manter contato com entidades locais como o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), conselhos regionais e o Instituto Brasileiro de Auditores Independentes (Ibracon).

Tendo em conta os pontos em discussão sobre o novo parecer, Allen diz que é possível adiantar que o relatório será mais longo que o atual, normalmente de um página. "Dependendo com quem você fala, se diz que ele vai ficar com duas ou três páginas", afirmou, lembrando que também se pretende reduzir parágrafos-padrão que aparecem "copiados e colados" atualmente.

Um dos pontos de atenção nesse processo de revisão do parecer, destaca o presidente da Ifac, tem a ver com o dever de sigilo. "O auditor não pode comentar uma informação que não tenha sido divulgada anteriormente pela empresa", afirma.

Entre os pontos de destaque, especialmente em um ambiente de normas contábeis baseadas em princípios, como o IFRS, o presidente da Ifac entende que está o relato do auditor sobre como chegou a uma opinião sobre julgamentos feitos pela administração da empresa no processo de elaboração do balanço, como ocorre com o uso de valor justo para avaliação de instrumentos financeiros, com avaliação de ativos biológicos e também em testes de perda do valor recuperável.

"Seria útil o auditor explicar como ele chegou a uma opinião sobre esses casos, saber que áreas consultou. E até mesmo que ele dê uma ideia de relevância. De como seria a mensuração se a administração tivesse usado outra abordagem", afirmou.

Allen admite que algumas empresas podem não gostar de ver expostas algumas informações sobre os julgamentos contábeis realizados por elas, mas argumenta que os comentários que o auditor vier a fazer estarão ligados a seu próprio trabalho.

Na visão do presidente da Ifac, o novo parecer deve ajudar a reduzir um antigo problema ligado à profissão de auditoria, que é o descasamento de expectativas entre o que o profissional do setor entende que assegura ao fazer seu trabalho e o que o público espera desse serviço. "Vai diminuir um pouco esse vão", diz.

O tema foi novamente levantado em recente entrevista do presidente global da PwC, Dennis Nally, que disse ao Valor que gostaria de ver uma resposta definitiva aos questionamentos sobre a função da auditoria a cada vez que existe uma quebra de empresa ou a descoberta de uma fraude.

Allen, que nasceu na Nova Zelândia e fez carreira na Ernst & Young, diz que concorda com Nally a respeito da necessidade de os auditores se comunicarem melhor sobre o seu trabalho, mas lembra que o tema de descasamento de expectativas não é novo. "Essa discussão existe desde que eu entrei na profissão, e acabo de completar 40 anos no ramo."

Na visão dele, um motivo para esse descasamento persistir por tanto tempo tem a ver com a mudança da expectativa do público ao longo dos anos. "A cada vez que há um problema as pessoas se perguntam: será que o auditor não deveria ter cuidado daquilo também? Ou olhado para esse ponto em particular? E isso passa a ser incorporado à expectativa, ampliando o vão."

Embora o novo parecer de auditoria possa ajudar a reduzir o descasamento no curto prazo, diz Allen, bastará haver uma nova crise para ele se expandir novamente.

Enquanto isso, o presidente da Ifac se mostra menos confiante que seus pares sobre a possibilidade de reguladores da União Europeia e Estados Unidos voltarem atrás completamente em relação às propostas que aumentam a regulação sobre a profissão de auditoria. "Uma coisa que está clara é que haverá mudança. E a maior delas deve ter a ver com rodízio de firmas", disse.

Outra mudança prevista, esta com apoio da Ifac, será a proibição de que contratos de empréstimos ou emissões tenham cláusulas exigindo que a empresa seja auditada por uma das quatro grandes mercado - PwC, Deloitte, Ernst & Young e KPMG.

Bancos vão exigir contas públicas mais claras

Grandes bancos internacionais serão atores relevantes no processo de sofisticação das práticas contábeis usadas no setor público, diz Warren Allen, presidente da Federação Internacional de Contadores (Ifac, na sigla em inglês).

Segundo ele, isso vai ocorrer porque a crise da dívida soberana europeia acabou com o conceito de aplicação de livre de risco. "Não há mais diferença entre emprestar para um governo ou para uma Coca-Cola ou Caterpillar. E os credores querem informação regular sobre a performance dos tomadores de recursos", afirmou Allen.

Ou seja, assim como a contabilidade empresarial se desenvolveu ao longo de séculos em parte pela exigência de credores e investidores (de fora da empresa) por informações adequadas sobre a situação econômico-financeira das companhias, o mesmo tenderia a ocorrer agora com os governos.

Para ele, a crise da dívida soberana mostrou o "estado horroroso" da gestão financeira de algumas entidades do setor público. "Países importantes não registravam nem mensuravam seus ativos, passivos e contingências corretamente. Como contador, não me surpreende que eles tenham tido problemas financeiros", disse Allen.

Num exemplo elementar, o executivo lembra que ainda poucos países adotam o regime de competência para fazer seus lançamentos contábeis de receita e despesa, enquanto todas as grandes companhias do mundo usam esse sistema - em vez do regime de caixa.


Novo parecer de auditoria será um divisor de águas - Por Fernando Torres - Valor Econômico - 31 de maio de 2013, via Alexandre Alcantara

O que podemos comentar sobre o assunto? O parecer de auditoria é a síntese da relação entre a empresa e seu auditor. Se esta relação não for alterada, a forma do parecer não será, em hipótese nenhuma, "um divisor de águas". O texto comenta, por exemplo, a diferença entre a expectativa criada pelo parecer e o que o auditor realmente faz. O entrevistado informa que esta diferença irá reduzir "um pouco". Ou seja, a mudança não será suficiente para alterar a percepção do público sobre a qualidade do trabalho do auditor.

Da mesma forma, acreditar que os bancos poderão transformar a contabilidade pública é realmente estranho e mostra que Allen é muito inocente com respeito a este assunto.

Finalmente, a fotografia é de Jack Palace, que ficou conhecido por apresentar o programa Acredite Se Quiser.

27 dezembro 2011

Cruzeiro do Sul

Apesar de nunca ter deixado de remunerar os investidores desde 2007, quando abriu o capital, o banco deparou-se neste ano com algo inusitado. O lucro divulgado pelo banco foi contestado pelo seu auditor independente, a KPMG. Logo em seguida, a agência de classificação de risco Moody's rebaixou a nota do banco.


(...)O problema apontado pela KPMG em seu relatório sobre as demonstrações financeiras é que a administração do banco "revisou a metodologia" de cálculo da provisão para crédito de liquidação duvidosa (a reserva para cobrir os calotes, em língua corrente) e descobriu que ela deveria ser R$ 197 milhões maior. O banco reconheceu o "erro", mas adiou para o quarto trimestre o registro contábil, que resultaria num prejuízo.


Entre os dois pagamentos, o banco publicou outra demonstração financeira, desta vez usando as normas internacionais de contabilidade, conhecidas como IFRS, na sigla em inglês (uma liberalidade da companhia, e ponto para sua governança, já que não é obrigada pelo Banco Central). Desta vez, o resultado foi um prejuízo de R$ 36,3 milhões nos nove meses, sem ressalva do auditor. (...)

Cruzeiro do Sul paga dividendo sobre lucro contestado pela KPMG - Nelson Niero e Carolina Mandl - Valor Econômico, 19 de Dezembro de 2011 (imagem: aqui)

05 outubro 2011

Citibank


Um artigo publicado no Wall Street Journal (Faxina do Citi fica mais complicada , 5 de outubro de 2011) discute os problemas financeiros do Citigroup. A questão são os créditos imobiliários, considerados de baixa qualidade. O termo crédito foi usado aqui como sinônimo de "ativo".

Tendo por base o custo histórico, maneira tradicional de mensuração dos ativos pela contabilidade, o valor dos "créditos" estariam superior ao valor de mercado. Como o valor contábil é muito superior ao valor de mercado, o "conservadorismo" (atualmente, prudência) recomendaria o uso de um valor menor em termos do balanço do Citi. Entretanto, a redução do ativo deve estar acompanhada pela redução do patrimônio líquido.

O texto prossegue com:

Mesmo encolhida, a Citi Holdings, que é separada do Citigroup, ainda seria o sétimo maior banco dos EUA em ativos, segundo a firma de pesquisa SNL Financial.


A analista Betsy Graseck, do Morgan Stanley, calcula que pode demorar até 2017 para liquidar inteiramente a Citi Holdings. Embora esse prazo seja dois anos antes do que ela previa inicialmente, significa que alguns dos ativos problemáticos do Citigroup continuarão no banco por anos.

É interessante notar que o Citi separou os ativos ruins numa holding. Assim, pela entidade, a contabilidade deve ser separada do banco. Caso os problemas da holding sejam graves, isto pode afetar a própria continuidade da instituição. Isto reduziria o valor do ativo e mereceria, no extremo, um alerta no parecer de auditoria.

20 setembro 2011

Auditores


Os auditores deveriam revelar mais sobre as empresas cuja contabilidade elas analisam e chamar mais atenção para os riscos financeiros. A recomendação foi feita na quinta-feira por grupos de investidores à principal agência reguladora do setor nos Estados Unidos.


A opinião de auditoria padrão, de três parágrafos, anexada aos balanços financeiros, permanece basicamente inalterada há décadas e deveria ser reformada, disseram os investidores.


"A moral da história é que os investidores querem mais informações dos auditores externos", disse Ann Yerger, diretora-executiva do Conselho de Investidores Institucionais (CII) em uma mesa-redonda realizada em Washington.


As auditorias de companhias de capital aberto às vezes consomem milhares de horas e podem custar mais de US$ 100 milhões, mas o máximo que os investidores no geral veem são uns poucos parágrafos em linguajar padrão, disse ela.


O Conselho de Supervisão de Contabilidade de Companhias Abertas (PCAOB), o principal orgão regulador dos auditores nos EUA, está considerando mudanças nos relatórios, como acrescentar um "relatório do auditor" (uma espécie de contraparte do "relatório da administração") com detalhes sobre como a auditoria foi feita e o que acharam das políticas contábeis da empresa.


"Os investidores querem um pouco mais de nuance sobre o que os auditores estão vendo", como os julgamentos feitos pela administração na proposta de números financeiros ou uma discussão sobre transações incomuns, disse Yerger. Os auditores já fornecem algumas informações aos comitês de auditoria das companhias, de modo que não deverá haver um aumento significativo nos custos, disse ela.


Os auditores "não se opõem de maneira nenhuma a uma mudança significativa" nos pareceres, disse Robert Kueppers, vice-presidente da Deloitte. No entanto, a administração e não os auditores é que deve fornecer informações sobre a companhia, disse. "Se nos tornarmos a fonte original de divulgação sobre o emissor, isso no fundo mudaria a nossa função."


Os atuais pareceres de auditoria dizem aos investidores se as demonstrações financeiras representam com fidelidade a condição financeira de uma companhia e se ela segue os princípios contábeis amplamente aceitos.


Em uma pesquisa apresentada em uma reunião de um grupo de consultoria a investidores do PCAOB, realizada neste ano, quase uma em cada cinco pessoas que participaram disse que o parecer padrão não tem utilidade.


Lynn Turner, ex-contador-chefe da Securities and Exchange Commission (SEC), disse que os auditores tinham uma percepção sobre os riscos representados por companhias que quebraram, como AIG, Lehman Brothers e Adelphia, que poderia ter ajudado a evitar perdas maiores aos investidores. "É por isso que as pessoas estão pedindo essa informação", disse Turner. "Os auditores tinham conhecimento de informações significativas que eram muito importantes."


Alguns participantes da mesa-redonda disseram que os auditores deveriam simplesmente compartilhar informações obtidas nas auditorias, como incertezas sobre impostos, reservas para perdas com empréstimos ou julgamentos que os administradores fazem sobre o valor justo dos ativos.


Entretanto, Gary Kabureck, diretor de contabilidade da Xerox , afirmou que esses comentários do auditor "não serão gratuitos nem baratos". Elaborar relatórios externos desse tipo "tende a exigir muito tempo", disse ele.


O PCAOB está recebendo comentários sobre a questão até o fim do mês. A proposta deve ser anunciada no começo de 2012.

Investidores pedem mais informações nos EUA - Por Dena Aubin | Reuters, de Nova York - Publicado no Valor Econômico - 20 set 2011

06 setembro 2011

Sem o auditor


A seguir, uma situação interessante de uma empresa que pensou em publicar suas demonstrações sem o parecer do auditor.

A Trisul não conseguiu o aval dos conselheiros fiscais para colocar em prática sua ideia de divulgar uma versão não auditada do balanço do segundo trimestre, documento que já acumula atraso de 21 dias. Com isso, a administração da incorporadora imobiliária vai deliberar de novo sobre o tema.


Devido a um processo de revisão no orçamento de obras, as demonstrações contábeis trimestrais da Trisul não foram apresentadas dentro do prazo - até o dia 15 de agosto - estipulado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).


A própria empresa assume que não conseguiu entregar o demonstrativo em tempo hábil para que a auditoria independente, a Ernst & Young Terco, fizesse o seu trabalho. (...)


Pressionado pelos investidores, o conselho de administração da Trisul aprovou a apresentação do balanço trimestral mesmo sem a checagem da auditoria. Os números ficariam disponíveis ao mercado tão logo fosse concedido o aval do conselho fiscal. No entanto, isso não aconteceu. Em reunião realizada na semana passada, os conselheiros "lavaram as mãos" e se abstiveram de deliberar sobre o tema, defendendo que isso cabia à administração da empresa.

Fonte: Valor Econômico - Trisul vai reavaliar publicação de balanço não auditado - Marina Falcão

02 agosto 2011

Parecer do auditor


Os  Estados Unidos estão discutindo mudanças nos relatórios dos auditores. Entre as alterações, destaca-se:

a) Uma narrativa onde o auditor pode discutir questões relevantes, como riscos identificados. A idéia é facilitar o parecer do auditor. Este texto denomina-se Auditor’s discussion and analysis (AD&A).

b) Destaque maior para os parágrafos de ênfase, onde os assuntos mais significativos são tratados.

c) Maior responsabilidade sobre informações fora das demonstrações contábeis, incluindo o Relatório de Administração e outras informações.

d) Esclarecimento sobre a responsabilidade do auditor, esclarecendo linguagem e conceitos.

23 junho 2010

Auditoria 1

Ao mesmo tempo em que as empresas brasileiras terão que adotar as normas internacionais de contabilidade, os auditores que atuam no Brasil também serão obrigados a seguir as regras globais da profissão, a partir dos balanços referentes ao exercício completo de 2010. Uma das principais mudanças será o fim da divisão de opinião, quando o auditor de uma holding diz que se baseou no parecer de outro auditor para atestar os números das subsidiárias, que às vezes usam outro prestador de serviço.

Pela norma nova, o auditor da empresa "mãe" será responsável também pelo balanço das controladas, seja fazendo a auditoria diretamente, ou checando o trabalho feito por outra firma.

Isso pode dificultar uma prática que foi comum quando houve o rodízio de firmas entre as companhias abertas, em que se trocava apenas a auditoria da holding aberta, e se mantinha a prestadora de serviço antiga nas subsidiárias.

Ao dividir a opinião com outro profissional, o auditor se livrava também da responsabilidade sobre aquelas informações [1]. "Hoje não há mais essa possibilidade. O auditor tem que assumir a responsabilidade para si", afirma Gilberto Munhoz, sócio da área de auditoria da KPMG no Brasil.

Nesse processo, o auditor da controladora terá que checar os trabalhos feitos pela outra firma, para se certificar de que aqueles números são confiáveis. "O auditor precisa saber o que o outro está fazendo, se há necessidade de extensão dos trabalhos e se os procedimentos usados por ele são os mesmos que ele adotaria", acrescenta o sócio da KPMG.

Em certa medida isso já era feito, mas quando havia algum tipo de problema ou irregularidade, o auditor podia usar esse argumento em sua defesa, o que não será mais permitido.

Uma opção para evitar o retrabalho é concentrar a auditoria de todo o grupo em apenas uma empresa, o que alguns acreditam que pode favorecer as maiores do setor. "Existe essa possibilidade, de se concentrar ainda mais o mercado nas quatro grandes, mas ainda é difícil de avaliar o que vai ocorrer", diz Ernesto Gelbcke, sócio da Directa, referindo-se ao grupo formado por PricewaterhouseCoopers, Deloitte, Ernst & Young e KPMG.

Já para Raul Corrêa da Silva, sócio e presidente da Crowe Horwath RCS, a mudança das normas de auditoria não deve representar perda de serviço para as empresas médias do setor. "Acho que isso não vai representar perdas ou ganhos efetivos", diz ele, que ressalta que já era comum a revisão dos trabalhos de outros auditores.

Algo que deve facilitar essa supervisão é outra exigência das normas internacionais de auditoria, que pede um nível de documentação maior sobre os trabalhos realizados. "O Brasil está começando a regulamentar mais o trabalho do auditor, pedindo para ele documentar de forma mais organizada", afirma Daniel Maranhão, sócio de auditoria da Terco Grant Thornton, que diz que esse nível de formalização não será uma novidade para sua firma [2] e para as outras de maior porte, por conta de regras internas que já exigiam essa documentação.

Segundo Gelbcke, as firmas menores costumavam compensar a falta de formalização de todos os processos com um nível maior de supervisão dos trabalhos por auditores mais experientes. "Nós entendemos que é mais relevante ter a participação de sócios e gerentes fazendo o serviço do que um volume maior de trabalho executado por pessoas menos qualificadas", afirma [2]. Mesmo fazendo essa ponderação, o sócio da Directa diz que já preparou sua empresa para as novas normas, até por conta da parceria com a PKF International [2].

Em evento recente do setor, Wanderley Olivetti, sócio da Deloitte, comentou que a documentação do trabalho pode ser fundamental em um momento de fiscalização do órgão regulador, para que o auditor justifique por que determinada decisão foi tomada, tendo em conta o cenário e as informações conhecidas naquele momento do passado.

Para Maranhão, a adoção das novas normas de auditoria não deve representar em si um aumento de horas trabalhadas [3] e consequentemente de custos para os clientes. O que pode resultar em mais horas de serviço, segundo ele, é que essa transição será feita em conjunto com a adoção das normas normas de contabilidade, que seguem o padrão IFRS. "Como será a primeira adoção, teremos mais trabalho de auditoria por conta da mudança de prática contábil", diz.

Ainda em relação às novas normas de auditoria, a mudança mais visível para os investidores será no parecer do auditor, a começar pela troca do próprio nome, que passará a ser "relatório de auditoria". Na opinião da presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), Ana María Elorrieta, um benefício do novo modelo, que será dividido em subtítulos, é que ele deve deixar mais claro qual é a responsabilidade da administração da empresa que elabora o balanço e qual o papel do auditor. "Esse é um passo muito importante", diz ela, que é sócia da PricewaterhouseCoopers.

A maior preocupação dos auditores é tentar afastar a imagem de que sua assinatura no pé dos balanços é uma garantia de sucesso ou de qualidade da companhia. "A auditoria não é um certificado de seguro", diz Cláudio Longo, sócio aposentado da Ernst & Young, que participa do grupo de trabalho que tratou da implementação das novas normas.

Ele explica também que o serviço de auditoria das demonstrações financeiras anuais será considerado uma "asseguração razoável" sobre os números do balanço. "O termo razoável pode ter uma conotação pejorativa no Brasil, mas é para ficar claro que não é absoluta", afirma Longo. Já a revisão feita nos balanços trimestrais será chamada de "asseguração limitada", para que fique claro que o alcance do trabalho é menor.

Outra mudança de nomenclatura é a troca do "parecer sem (ou com) ressalva" por "opinião sem (ou com) modificação".


Auditoria em Revisão - Profissional terá que assumir responsabilidade sobre números de subsidiárias checados por outras firmas. Parecer terá novo modelo e muda de nome - Fernando Torres - Valor Econômico - 22/06/2010

[1] Velha máxima da administração: delega-se a competência, mas não a responsabilidade
[2] Cada um dos entrevistados fazendo propaganda própria
[3] Isto contradiz a reportagem.

18 março 2010

Confusão

Auditoria independente aponta "fragilidade nos controles internos" , "retenções técnicas sem identificação de documentos", "prática administrativa que impossibilita análise do INSS e liberação de escrituras", "tributos federais sujeitos a questionamentos" e outros problemas nas demonstrações contábeis da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), alvo de investigação da promotoria criminal.

A perícia [1], contratada pela própria Bancoop em cumprimento a acordo com o Ministério Público, abrangeu o balanço patrimonial da cooperativa, relatórios de sobras e perdas, mutações do patrimônio líquido e fluxos de caixa referentes aos exercícios de 2005, 2006, 2007 e 2008.

Para o advogado Valter Picazio Jr., que defende 18 entidades de cooperados supostamente lesados por fraudes, a auditoria "é uma confissão da prática de ocorrências graves de gestão, temeridades administrativas".

"As contas relativas a todos esses exercícios foram aprovadas", rechaça Pedro Dallari, advogado da Bancoop. "Na medida em que uma empresa de auditoria examina o balanço e dá a sua aprovação [2] é porque não constatou irregularidades, mesmo que possa fazer alguma recomendação ou ressalva [3]".

Os técnicos consideraram a relevância dos saldos, o volume de transações e o sistema contábil e de controles internos. Avaliaram práticas e estimativas mais representativas adotadas pela administração da Bancoop. "Nossa responsabilidade é a de expressar uma opinião sobre estas demonstrações contábeis", assinala a Terco Grant Thornton, que cuidou da auditoria.

A análise das operações de 2008 destaca que "a realização dos valores a receber é incerta e dependerá do sucesso do desfecho das negociações e ações de cobrança em andamento". [4]

O documento informa que a cooperativa realizou operações comerciais com terceiros envolvendo a prestação de serviços de construção civil - é citada a Empresa Municipal de Urbanização (Emurb). "Entretanto, a atividade desenvolvida para estes terceiros não está abrangida no objeto social previsto no estatuto da cooperativa, em virtude da possibilidade da ocorrência de perdas ou por eventuais impostos incidentes", diz o relatório.

Valter Picazio Jr. avalia a auditoria como "documento incontroverso, que aponta inúmeras ilegalidades".

"Se há irregularidades na gestão a empresa de auditoria não emite parecer favorável", retruca Pedro Dallari, da Bancoop. "Uma auditoria aprova ou rejeita as contas [5]. Todos os exercícios da Bancoop foram aprovados. As contas, desde 2005, foram aprovadas duas vezes a cada ano, pela empresa de auditoria e, depois, pela assembleia geral dos cooperados."

Dallari ressalta a "absoluta transparência" da cúpula da Bancoop. "Os relatórios de auditoria são encadernados e encaminhados aos cooperados. São informações públicas. O fato de os cooperados terem acesso a esses dados de auditoria e poderem fazer críticas mostra a lisura e a transparência da cooperativa."

Fausto Macedo - O Estadao de S.Paulo - Perícia vê ''problemas contábeis'' na Bancoop


 

[1] Primeira confusão. O correto, pelo que parece, é "a auditoria"

[2] Empresa de auditoria não dá aprovação.

[3] Se tem recomendação ou ressalva, não existe aprovação.

[4] É. Parece que ao contrário do que afirmou o advogado do Bancoop, não existiu "aprovação" e sim um "parecer"

[5] Parece que o advogado apresentou um novo papel para auditoria: aprovar e rejeitar contas.

Após ler este texto, você saberia dizer qual o papel da empresa de auditoria?

10 janeiro 2010

Parecer de Auditoria 2

No Brasil, assinatura em parecer é obrigatória
Fernando Torres, de São Paulo - Valor Econômico - 30/12/2009

Os auditores independentes que atuam no Brasil precisam assinar os pareceres que emitem sobre os balanços das companhias abertas pelo menos desde outubro de 1978, quando a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) editou a Instrução nº 04.

No mercado local, a última polêmica que contrapôs auditores e CVM foi causada pelo rodízio de auditorias a cada cinco anos, criado pela instrução nº 308, de 1999. Posteriormente, a autarquia adiou de 2009 para 2012 a implementação da segunda rodada de troca das firmas, citando as mudanças contábeis como motivo. Há a expectativa, no entanto, de que se mantenha apenas o rodízio das equipes de auditoria, e não necessariamente da empresa.

O adiamento dessa discussão não significa, contudo, que a vida dos auditores continua a mesma. Para 2010, eles devem se adaptar a 38 novos normativos aprovados no fim de novembro pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), que tiveram como base regras emitidas pela Federação Internacional dos Auditores (Ifac, na sigla em inglês). As normas explicam como os auditores devem fazer e evidenciar seu trabalho, e são mais rigorosas que as atuais. "Algumas são as mesmas, mas teve uma série de coisas que foi alterada, tornando as normas mais exigentes do que foram no passado", afirma Artemio Bertholini, sócio da Directa Auditores.

Outra exigência para a categoria será a realização de um mínimo de horas de curso sobre as normas internacionais de contabilidade, conforme determinação da CVM prevista na deliberação nº 570. Conforme a tabela do CFC, todo auditor registrado na CVM terá que fazer o mínimo de 10 pontos para o ano-base 2009, 15 pontos para 2010 e 12 pontos em 2011. A ideia inicial era ter 20 pontos para cada ano, mas posteriormente a CVM flexibilizou a medida.

Também como novidade para 2010, os auditores terão que emitir relatório de avaliação da qualidade e adequação do sistema de controles internos de instituições financeiras. A obrigação vem com a circular 3.467 do Banco Central.

Parecer de Auditoria

Contabilidade: Setor evoca até terrorismo contra a possibilidade de ter que assinar o parecer de balanços.

Auditores dos EUA querem manter anonimato
Por Jonathan Weil, Bloomberg, de Nova York
Valor Econômico - 30/12/2009

Se as pessoas que auditam as companhias americanas forem obrigadas a assinar seus pareceres, os terroristas sairão vitoriosos.

Esse é um dos argumentos do setor, agora que a principal agência reguladora da atividade está considerando exigir que sócios em firmas de auditoria assinem quando emitirem uma opinião sobre os balanços das empresas abertas.

Essa proposta do Conselho de Supervisão de Contabilidade das Companhias Abertas (PCAOB) já deveria ter sido implementada há muito tempo. Para que seja relevante, porém, o PCAOB precisa também sobreviver a um desafio mais existencial.

Há duas semanas, a Suprema Corte ouviu os argumentos de uma ação que busca extinguir a agência semigovernamental, com base em que o processo de nomeação de membros seria inconstitucional. Uma decisão contra o conselho, criado em 2002 pela lei Sarbanes-Oxley, poderá caracterizar uma oportunidade perdida para produzir a necessária transparência num sistema envolto em sigilo.

Pela maneira como são atualmente feitos os pareceres de auditoria nos EUA, apenas o nome da firma de contabilidade aparece na linha de assinatura. Não há com saber quais sócios estão encarregados de quais companhias.

Considere a dose de histeria em uma carta enviada ao conselho em 11 de setembro por Paul Rohan, diretor de controle de qualidade na UHY, que audita 73 companhias.

"Um sócio identificado publicamente pela exigência de assinar um parecer de auditoria poderia se transformar em alvo de terroristas nacionais ou internacionais", escreveu Rohan. Os riscos poderiam incluir "assassinato ou sequestro do sócio e de sua família".

Seus comentários foram feitos em resposta a uma indagação do conselho, em julho, consultando sobre se uma exceção seria necessária para evitar que a revelação de informações "possa criar uma ameaça iminente e importante" à segurança pessoal. Disse-me Rohan: "Há muitas pessoas por aí que agiriam violenta e gratuitamente. Isso [a identificação] seria uma maneira de proporcionar alvos a pessoas ressentidas".

Argumentos absurdos como esse evidenciam como a lei Sarbanes-Oxley estava certa em destituir a profissão contábil de sua autonomia para estabelecer padrões de auditoria em companhias de capital aberto. Até mesmo grandes firmas recorreram a diferentes gradações de disseminação de medo.

A Deloitte & Touche disse que a divulgação de nomes dos sócios "poderia resultar em consideráveis preocupações com segurança e privacidade". Para a Grant Thornton, os melhores sócios poderiam se recusar a assumir papéis de liderança em "auditorias problemáticas devido a riscos de maior responsabilidade legal ou riscos pessoais de segurança associados a determinados clientes".

Epa, será que eles acham que os executivos e conselheiros das companhias que auditam deveriam permanecer anônimos também?

Nos termos da proposta do conselho, o sócio com a responsabilidade final pela auditoria de uma companhia teria de assinar o parecer. Assim, seria possível a pessoas de fora checar o histórico da pessoa. Se as demonstrações financeiras posteriormente se revelassem incorretas - ou pior, fraudulentas - o nome do sócio já seria conhecido publicamente.

Embora essa exigência seja padrão na Europa [e no Brasil (veja nesta página)] , as firmas de auditagem não a desejam nos EUA. Elas alegam que essa divulgação não proporcionaria informações úteis a investidores e poderia resultar em maior vulnerabilidade para sócios durante ações judiciais.

A KPMG afirmou que a divulgação "poderia acarretar estresse adicional, bem como preocupações com a segurança do sócio envolvido". Exemplo: "A cobertura na mídia sobre problemas financeiros em uma companhia poderia citar nominalmente a firma e o sócio". Deus proíba que alguém como eu cometa tal desatino.

A proposta do conselho traz à mente um ex-sócio da Arthur Andersen em Phoenix, de nome Jay Ozer, que acabou por perder suas licenças estaduais e foi impedido de atuar como contador credenciado perante a Comissão de Valores Mobiliários americana (SEC).

Ozer foi o principal sócio na auditoria de três clientes da Andersen envolvidos em fraude. Um delas, durante a década de 80, era a Lincoln Savings & Loan, cujo presidente, Charles Keating, foi mandado para a cadeia.

Outra foi a Fundação Batista do Arizona, um esquema Ponzi na década de 90 que custou mais de US$ 500 milhões a investidores.

Em 2004, Ozer pagou uma multa de US$ 50 mil para arquivar acusações de fraude apresentadas pela SEC envolvendo seu trabalho de auditoria para a Styling Technology, fabricante de produtos de beleza que faliu em 2000.

Os investidores pelo menos teriam tido uma chance de rastrear Ozer se ele tivesse alguma vez assinado seu nome publicamente.

Há mais coisas em jogo do que essa proposta, evidentemente. Se o conselho for considerado inconstitucional, toda a legislação Sarbanes-Oxley poderia ser invalidada, incluindo a exigência de relatórios de auditoria separados sobre os controles internos da companhias.

22 setembro 2009

Aumenta as ressalvas


O gráfico mostra a percentagem de balanços auditados nos EUA com ressalvas de "going concern" (continuidade). O número mais elevado no início do milênio é consequência dos escândalos contábeis. O número de empresas é significativamente elevado (mais de 15 mil).

Fonte: Aqui