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14 dezembro 2023

Fraude e AI: auditoria

Nada contra, mas talvez fosse importante disfarçar melhor a propaganda. 

A EY implementou inteligência artificial (IA) em seus processos de auditoria [1], levando à detecção de atividades fraudulentas [2]. Das primeiras 10 empresas avaliadas por esse novo sistema, atividades suspeitas foram identificadas em duas, as quais foram posteriormente confirmadas como fraudes pelos clientes.

Kath Barrow, sócia-diretora de garantia da EY no Reino Unido e Irlanda, comentou sobre a eficácia do sistema [3], indicando que esses resultados iniciais demonstram sua utilidade potencial na auditoria.

Embora a EY tenha se recusado a revelar os detalhes de seu software [4] ou a natureza das fraudes descobertas, Barrow disse que os resultados sugeriam que a tecnologia tinha "potencial" para a auditoria.

A EY começou a experimentar com IA em auditoria em 2018 [5].

Naoto Ichihara, um sócio de garantia da Ernst & Young ShinNihon LLC no escritório de Tóquio, sempre teve paixão por programação. Sua expertise no desenvolvimento de modelos e sistemas para auditoria o levou a explorar a aplicação de aprendizado de máquina na análise de dados contábeis.

A extensa pesquisa de Naoto em artigos acadêmicos existentes [6] e algoritmos despertou sua percepção de que havia uma maneira melhor de detectar anomalias por meio de aprendizado de máquina.

Impulsionado por sua visão, Naoto codificou uma solução de IA que podia identificar entradas anômalas em grandes bancos de dados. Essa tecnologia se tornou pioneira no campo da auditoria e foi posteriormente patenteada [7].

Reconhecendo a necessidade de colaboração, Naoto formou uma equipe de auditores e desenvolvedores para testar e aprimorar o método de detecção da solução, que foi posteriormente chamada de EY Helix GL Anomaly Detector ou Helix GLAD [8].

continue lendo aqui

[1] Não deixa de ser uma ferramenta de marketing. 

[2] As empresas de auditoria gostam de afirmar que isso não é tarefa delas. Parece contraditório, exceto se olharmos sob a ótica de estratégia de marketing. 

[3] Falta um rigor aqui, não? Uma pessoa da própria empresa que está vendendo a solução confirma que funciona. 

[4] Se quiser saber, compre. 

[5] Aqui destaca que a empresa já está no ramo há tempos. 

[6] Pesquisei ele no Google Acadêmico, que é uma base democrática de artigos. Posso estar enganado, mas não achei nenhum artigo na área. 

[7] Se quiser usar, pague

[8] A solução paga

21 agosto 2023

Ransomware durante a auditoria

O Banco Popular, que atua em Porto Rico, mandou a seguinte correspondência para seus clientes: 

Escrevemos para informar que um dos nossos fornecedores, PricewaterhouseCoopers (PwC), foi vítima de uma violação de cibersegurança que incluiu certas informações pessoais dos nossos clientes. A violação envolveu a comprometimento de um software, o MOVEit, usado pela PwC para transferir arquivos para um pequeno número de seus clientes, incluindo o Banco Popular de Porto Rico (Popular).


Como uma corporação pública que negocia no mercado de ações, o Popular é obrigado a utilizar os serviços de uma empresa de auditoria e contabilidade, como a PwC. A tarefa de auditar o Popular requer, devido à sua natureza, que o Popular compartilhe informações dos clientes para que a PwC possa realizar certas validações independentes necessárias para que o Popular emita demonstrações financeiras.

Ao tomar conhecimento do incidente, a PwC imediatamente lançou uma investigação e cessou o uso do software afetado. Como resultado desta investigação, foi determinado em 24 de julho de 2023, que certos arquivos comprometidos no incidente incluíam informações pessoais dos nossos clientes. As informações pessoais comprometidas incluem o seu nome, número de Seguro Social, número de empréstimo hipotecário terminando em [número], e campos relacionados a hipotecas.

Parece que a PwC não foi a única a usar o software com um ransomware (é um tipo de ataque cibernético no qual os hackers infectam um sistema e exigem um pagamento para restaurar o acesso aos dados ou sistemas afetados). No caso do Banco Popular, foram 82 mil clientes que podem ter sido infectados. Mas tudo leva a crer que Deloitte e EY – mas não a KPMG – também tiveram este problema. O Banco Popular deu detalhes do caso, o que já não ocorreu com o Bank of America, auditado pela EY, por exemplo. 

Foto: Muha Ajjan e Unsplash+

04 abril 2023

Wirecard: EY punida

Fonte da imagem: Aqui

Em 2020 comentamos aqui no blog sobre como a EY sabia da fraude da Wirecard. Como desdobramento, agora a empresa foi multada em 500 mil euros e proibida de assinar novos contratos na Alemanha por dois anos. Adicionalmente, cinco auditores, cujos nomes não foram revelados, receberam multas variando entre 20 mil e 300 mil euros.

Em “A saga da Wirecard continua”, explicamos: A empresa Wirecard entrou em colapso em 2020 e a história guarda alguns segredos ainda não revelados. Questiona-se sobre o papel de um "espião" entre os executivos da empresa, a incompetência da entidade responsável pela fiscalização do mercado de capitais do país e o lugar da contabilidade neste drama. O escândalo só foi revelado depois de uma série de reportagens do Financial Times. Logo no início, o regulador tentou frear a investigação do jornal. Mas uma investigação realizada por outra empresa de auditoria revelou uma diferença na conta caixa da empresa de quase 2 bilhões de euros.

A empresa EY era responsável pela auditoria da Wirecard e não viu a ausência de 2 bilhões.

21 fevereiro 2023

Papel da auditoria no setor público

Audits are a common mechanism used by governments to monitor public spending. In this paper, we discuss the effectiveness of auditing with theory and empirics. In our model, the value of audits depends on both the underlying presence of abuse and the government’s ability to observe it and enforce punishments,making auditing most effective in middling state-capacity environments. Consistent with this theory, we survey all the existing credibly causal studies and show that government audits seem to have positive effects mostly in middle-state-capacity environments like Brazil. We present new empirical evidence from American city governments, a high-capacity and low-impropriety environment. Using a previously unexplored threshold in federal audit rules and a dynamic regression discontinuity framework, we estimate the effects of these audits on American city finance and find no marginal effect of audits.

Apesar do trabalho não usar dados do Brasil, é interessante a modelagem do valor da auditoria. A relação entre o valor da auditoria e a capacidade do Estado encontra-se na figura abaixo:




15 janeiro 2023

Americanas

Domingo, 15 de janeiro. O grande fato da semana na área contábil brasileira, talvez o grande fato no ano, é a questão da empresa Americanas. Após minhas diversas leituras sobre o assunto, decido fazer esta postagem tratando dos principais atores do caso. 

Recapitulando, logo após assumir o cargo de principal executivo da empresa de varejo Americanas, Sérgio Rial, em conjunto com o executivo de finanças da empresa, Andre Covre, disse que a empresa estava com algumas “inconsistências contábeis”, no valor estimado de 20 bilhões de reais. A notícia pegou muitos de surpresa e, logo após o comunicado, Rial e Covre deixaram a empresa. Este seria um breve resumo da situação. Vamos olhar agora os principais personagens da história.

Sérgio Rial (e Andre Covre) – este talvez seja o personagem mais interessante do enredo. Vindo do Santander, onde comandou a importante instituição financeira durante anos, Rial foi contratado para  melhorar a empresa. Por sua rede de contatos e ter origem bancária, é possível que Rial já conhecesse o problema da empresa, antes de 2023. Em alguns textos, Rial aparece como alguém que “descobriu” as inconsistências com alguns dias no cargo. Mas eu desconfio seriamente se realmente foi uma descoberta ou se Rial talvez só tenha percebido a dimensão do problema quando assumiu o cargo. Durante a conferência, na qual a notícia chegou ao público, Rial usou a terminologia “inconsistência”, mas comentou que era “não material”. Mas um valor de R$20 bilhões de inconsistência, mesmo em uma empresa do porte das Americanas, é certamente material. 

Após o anúncio, Rial deixou a empresa e foi trabalhar na 3G. Isto é muito estranho para quem está olhando o que ocorreu nos últimos dias. Afinal, a 3G é a principal acionista da empresa e Rial foi o “responsável” por uma grande perda. 

3G – A 3G Capital possui participações na Inbev e também na Kraft, que fez uma despesa com goodwill, em razão do teste de impairment, no valor de 15 bilhões de dólares, que resultou em uma investigação da SEC e multa do regulador. Há alguns meses a 3G, grande controladora das Americanas, fez uma mudança societária, na qual sua participação foi reduzida. Logo após o anúncio sobre as "inconsistências", a 3G divulgou um reforço de capital, que irá elevar sua participação acionária. Se a 3G perdeu com a queda das ações, o reforço de capital pode ser feito em um momento propício. Mas, novamente: qual a razão de contratar Rial para a 3G? 

Governança Corporativa da empresa – Rial assumiu o posto no lugar de Miguel Gutierrez, que foi funcionário da empresa, e seu principal executivo, durante anos. A cultura da empresa era caracterizada por uma boa remuneração para seus principais funcionários em renda variável, especialmente ações da própria entidade. Uma característica de gestão da 3G é observar o comportamento dos seus funcionários através de metas e uma forte pressão para atingir os objetivos determinados. Isto cria um ambiente propício para um esforço enorme da gestão, mas também induz a todo tipo de manipulação. Se existia inconsistência contábil, onde estava o Conselho Fiscal da empresa ou os gestores anteriores? Certamente o problema começou bem antes de 2022 e cabe investigar de que forma a cultura organizacional da empresa teve seu papel de destaque. 

Reguladores – Logo após as primeiras notícias, a Comissão de Valores Mobiliários e o Conselho Federal de Contabilidade vieram a público para responder ao assunto. A CVM já instalou processos e esperamos que isto resulte em punição, inclusive pecuniária. O CFC, sempre avesso à polêmica, saiu com um comunicado usando o termo “inconsistência”, indicando que comprou o enredo da empresa. Mas não sabemos se haverá um processo instaurado. Esperamos que o CFC não seja omisso. 


Auditor – Deixe este para o final, pois a atuação da PwC tem sido criticada de várias formas. A empresa, até esta data, não tem nenhum comunicado sobre o assunto na sua página oficial, o que é uma frustração. Logo após o anúncio, algumas pessoas fizeram um prognóstico apressado sobre a sobrevivência da empresa. O caso não irá ameaçar esta Big Four. Afinal, a PwC auditava a Petrobras e todos sabemos como aquilo deveria ser o fim do poço para uma empresa auditoria e nada ocorreu. Talvez pague um pequena multa, em relação ao seu faturamento, para o regulador e tenha seus auditores suspensos da função. Mas algo mais? Não creio. Neste momento, seria importante discutir o modelo de auditoria que adotamos no mundo capitalista. Mas isto não irá ocorrer, sendo realista. 

18 dezembro 2022

Auditoria e a lavagem verde

Falando noContabilização da sustentabilidade (A4S) Summit, Jane Diplock AO, diretora da Singapore Exchange Regulatory Company, disse aos espectadores que "auditoria rigorosa" com "garantia razoável e garantia não limitada" é vital para combinar uma lavagem verde. 

"Se os dados não corresponderem a realidade, eles devem ser revelados no relatório de auditoria a investidores e outras partes interessadas", acrescentou. 



Jean-Paul Servais, presidente da Organização Internacional das Comissões de Valores Mobiliários (IOSCO), enfatizou que a auditoria de alta qualidade ajudará a mitigar a lavagem verde que ameaça "erodificar" a confiança no investimento sustentável. 

A auditoria pode ser empregada para "proteger os mercados financeiros", acrescentou Servais. 

(...) Servais delineou os planos da IOSCO de endossar os padrões globais de linha de base do International Sustainability Standards Board (ISSB) para divulgação de sustentabilidade. 

O ISSB foi criado pela International Financial Reporting Standards Foundation (IFRS) na COP26 para fornecer uma linha de base global de divulgações de sustentabilidade para atender às necessidades do mercado de capitais. 

O ISSB emitirá seus padrões para divulgação climática e requisitos gerais no início de 2023 com a Servais esperando que os padrões globais de divulgação e auditoria estejam prontos para uso pelas empresas até o final de 2024. 

Servais diz que a IOSCO e seu Grupo de Monitoramento trabalharão ao lado do ISSB para continuar o desenvolvimento de padrões globais de sustentabilidade e "aproveitar o momento". (...)

Fonte: aqui. foto: Markus Spiske

17 dezembro 2022

Auditoria de criptomoedas em crise

Logo depois dos problemas com a FTX, a Mazars, uma empresa de contabilidade, que também faz auditoria, retirou o serviço de provas de reservas. Uma empresa de auditoria tem como ativo sua reputação. A pergunta relevante: será que Mazars não estava segura do serviço que prestava? Eis a reportagem:

A corretora de criptomoedas Binance, a maior do setor, teve a auditoria de suas provas de reserva (proof-of-reserves, em inglês) removidas do site da Mazars alguns dias após a empresa realizar a comprovação de liquidez.

O site oficial da Mazars mostra que a companhia descontinuou totalmente o Mazars Veritas, uma seção dedicada a auditorias de exchanges. A plataforma foi desenvolvida para trazer “confiança e transparência ao setor de ativos digitais”, usando a ferramenta Silver Sixpence Merkle Tree Generating para complementar os relatórios PoR.

Em 16 de dezembro, a Bloomberg também relatou que a Mazars interrompeu a prestação de serviços PoR para empresas de criptomoedas. Algumas outras empresas de auditoria, como a Armanino, responsável pela auditoria da FTX, também pararam de trabalhar com exchanges como a OKX e a Gate.io.

A Mazars ficou mais conhecida por ser a firma de contabilidade que presta serviços para a empresa do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump. A companhia de auditoria foi nomeada como a auditora oficial da prova de reservas da Binance no final de novembro.

Várias corretoras de criptomoedas rivais, incluindo a KuCoin e a Crypto.com, seguiram o exemplo da Binance e contrataram a Mazars para auditar suas provas de reservas.

O CEO da Binance, Changpeng Zhao, reagiu rapidamente à notícia pelo Twitter, repostando a publicação de um usuário: “Fazer uma declaração sobre porque uma empresa de auditoria decidiu parar de trabalhar com criptomoedas? Pergunte a eles".

CZ, como o CEO é conhecido, também usou o Twitter para sugerir que as redes blockchain são transparentes por padrão, afirmando que “blockchains são registros públicos e permanentes. É um livro-razão auditável".

A Mazars havia confirmado em 7 de dezembro que a Binance possuía 575.742 bitcoins em suas reservas, no valor de cerca de US$ 9,7 bilhões. Entretanto, o relatório também foi removido do site da auditora.

Alguns especialistas em finanças viram imediatamente algumas bandeiras vermelhas no relatório auditado da Binance. Um ex-membro do Conselho de Normas de Contabilidade Financeira dos EUA argumentou que o relatório divulgado carecia de dados sobre a qualidade dos controles internos da empresa e sobre a forma que os sistemas da corretora de criptomoedas liquidam ativos para cobrir empréstimos de margem.

Em nota à EXAME, a Binance disse que "a Mazars informou que fará uma pausa temporária em seu trabalho com todos os seus clientes cripto em âmbito global, entre eles Crypto.com, KuCoin, e Binance. Infelizmente, isto significa que não poderemos trabalhar com a Mazars por enquanto".

"Nossos usuários querem saber que seus fundos estão seguros e que nosso negócio é financeiramente robusto. Sobre esse aspecto, a estrutura de capital da Binance é livre de dívidas e, na última semana, a Binance passou por um teste de estresse que dá à comunidade conforto extraordinário de que seus fundos estão seguros. Apesar do grande número de saques entre 12 e 14 de dezembro, somando US$ 6 bilhões em saques líquidos nesses três dias, fomos capazes de executá-los sem problemas", observou a corretora de criptoativos.

A empresa disse ainda que está empanhada em ser "ainda mais transparente", e está " analisando a melhor forma de fornecer essas informações nos próximos meses". "Foi a falha da FTX em garantir que os ativos da exchange fossem maiores do que seus passivos com clientes que causou sua falência. Então, é natural as pessoas quererem se certificar de várias maneiras de que isso não acontecerá novamente".

28 novembro 2022

FTX e a auditoria

O AccountingWeb traz um texto relacionando o colapso da FTX com a auditoria. Mas como lembra Philip Fisher, o autor do texto, nenhuma das Big Four estava envolvida no problema. O que talvez seja algo estranho em razão dos últimos escândalos contábeis de grande porte, com a excesso de Madoff. 

Entre os problemas contábeis encontrados na empresa FTX destaca-se a questão da entidade. Parece que o executivo maior da empresa tratava o dinheiro da FTX como seu, usando o dinheiro para comprar imóveis na Bahamas e nas apostas em criptomoedas da Alameda Research. 


A responsabilidade pela auditoria era da Armanino e Prager Metis. Não é um nome conhecido no mercado. Mas assim como o auditor de Madoff era desconhecido, a presença desta empresa pode ter facilitado a fraude. Afinal um empresa com ativos de bilhões de dólares poderia ser auditada por alguém sem reputação? Mas seria isto mesmo? Veja o que diz o texto:

Armanino é uma das 25 maiores empresas independentes de consultoria em contabilidade e negócios nos Estados Unidos, com 21 escritórios geralmente pequenos em todo o país, mas principalmente na Califórnia.

Eis o que diz a empresa:

Com Armanino pode-se pensar estrategicamente e fornecer informações sólidas que levem a uma ação positiva. Abordamos não apenas seus problemas de conformidade, mas também seus desafios comerciais subjacentes.

Já a Prager Metis “é uma empresa internacional de consultoria e contabilidade com mais de 100 parceiros e diretores, mais de 600 membros da equipe e 24 escritórios em todo o mundo”. 

Não eram tão pequenos assim os auditores da FTX. 

(É interessante notar que no verbete da FTX na Wikipedia a palavra "audit" não era citada até o dia de hoje)

11 novembro 2022

Auditorias de empresas chinesas com ações negociadas na bolsa

Segunda a Bloomberg (via aqui), as autoridades na área de auditoria nos Estados Unidos concluíram a primeira fase da inspeção de empresas chinesas com ações negociadas no mercado acionário americano. Funcionários do PCAOB estiveram em Hong Kong, cumprindo um cronograma previsto entre os dois países. Mas ainda não é possível afirmar se existe ou não aprovação da contabilidade das empresas, já que este é um estágio inicial do trabalho do PCAOB.

O trabalho começou em setembro e logo no início as autoridades chinesas solicitaram a ocultação de nomes, endereços e salários, informou a Bloomberg. Mas os funcionários que estavam fazendo a inspeção de auditoria tiveram acesso aos documentos.

O trabalho do PCAOB é previsto na legislação dos EUA desde 2002, mas a China e Hong Kong negavam o acesso às informações. Uma nova lei, de 2020, forçou um compromisso das autoridades chinesas, já que existia o risco de deslistagem das empresas asiáticas da bolsa.

13 agosto 2022

Auditoria força a saída da NYSE de estatais chinesas

Um desdobramento esperado do impasse sobre a auditoria de empresas chinesas com ações negociadas na Bolsa dos Estados Unidos: quatro estatais anunciaram que irão sair da bolsa. 

A saída da bolsa de Nova York não significa o fechamento de capital, mas o cancelamento das negociações no mercado dos Estados Unidos. Outras empresas, como Alibaba e Baidu, estão esperando o desdobramento. 

Washington têm exigido há tempos acesso completo aos registros contábeis de empresas chinesas listadas nos EUA, mas Pequim proíbe a inspeção estrangeira de documentos de auditoria por empresas de contabilidade locais, citando preocupações de segurança nacional.

11 agosto 2022

Auditoria pós pandemia

O Conselho de Relatórios Financeiros (FRC) anunciou recentemente planos revisar a governança corporativa no Reino Unido e, além disso, publicar orientações para auditores - o primeiro do gênero no Reino Unido - para ajudar a melhorar a maneira como eles exercem julgamento profissional. (...)

As auditorias que foram manchetes recentemente no Reino Unido são de contas registradas antes da pandemia ocorrer no início de 2020, supostamente quando todos os freios e contrapesos necessários estavam em vigor e práticas de trabalho firmemente estabelecidas. Consultas como essas, e revisitando padrões em intervalos regulares em geral, proporciona uma oportunidade de aprender com as experiências passadas e melhorar a orientação para o futuro, particularmente se eles não tivessem orientação ou fossem inadequados para lidar com situações que não estavam previstas quando os padrões foram elaborados ou atualizados pela última vez, que em alguns casos pode ser um tempo considerável atrás.

Pressões pandêmicas

(...) As práticas de trabalho mudaram e, com isso, controles, freios e contrapesos foram alterados, substituídos ou rasgados por equipes e funcionários de gerenciamento de clientes de auditores, geralmente em um espaço de tempo incrivelmente curto, aumentando o risco de erros e potencialmente fraudes, intencionais ou não. Olhando para trás, durante a Grande Crise Financeira (CG) de 2007/8, houve um aumento significativo na gerência intermediária cometendo fraudes, enquanto lutavam para manter seus padrões de vida na medida que os bônus caíam e os empregos eram perdidos.

Isso levanta a questão importante de saber se as expectativas existentes dos auditores e reguladores são razoáveis nessas situações extremas e existe uma lacuna crescente entre as expectativas elevadas sobre a qualidade da auditoria, principalmente quando estão envolvidas entidades de interesse público (PIEs) e seus revisores oficiais de contas? Talvez haja um novo nível de incerteza que deva ser refletido em contas que atualmente não estão alinhadas com as orientações, ceticismo e expectativas das partes interessadas. Ou eles precisam ser lembrados de que a gerência e os auditores não têm bolas de cristal e, simplesmente, porque uma empresa falha não significa necessariamente que alguém foi negligente ou não foi cético?

Qualquer que seja o resultado das revisões no ISA600 e ISA 570 (revisado) e o impacto de novas orientações, o setor de auditoria se encontra em uma posição muito diferente daquela em que entrou na pandemia e as mudanças necessárias estão no horizonte.

Fonte: aqui

12 junho 2022

Ainda a novela Carillion

Fundada em 1999 e com um crescimento substancial nos anos seguintes, graças as aquisições realizadas, a Carrillion foi liquidada em 2018. A empresa talvez detenha o título de maior liquidação comercial do Reino Unido. Na época da queda era a segunda maior empresa de construção local, com presença na bolsa de valores, mais de 40 mil funcionários e vários contratos com o governo.

Os sinais que a empresa tinha problemas sérios começaram a surgir em 2015, quando o passivo da empresa estava um pouco acima de 2 bilhões de libras esterlinas, conforme registrado no balanço. A realidade, em 2018, mostrava um passivo de 7 bilhões.

Um dos motivos para o fracasso da empresa, cujo nome foi inspirado no instrumento musical, foi aceitar projetos que não eram lucrativos, onde o valor obtido era inferior ao custo da mão de obra. Mas não faltou o uso de instrumentos questionáveis, com o factoring reverso.

E para uma empresa que cresceu usando aquisições, algumas delas eram questionáveis e a expectativa de resultado não foi obtida. E neste ambiente a contabilidade da empresa prestou o serviço de divulgar um quadro incompleto do que estava ocorrendo na Carillion. Uma das aquisições, da Eaga, teve um ágio de 329 milhões de libras; mesmo diante das evidências que o ágio era irreal, os gestores da empresa, com apoio da auditoria, mantiveram o ativo, não reconhecendo a despesa de impairment. Afinal, se o reconhecimento da decisão ruim de adquirir a Eaga aparecesse, parte da remuneração dos gestores estaria comprometida.

No caso da Carillion é possível ver claramente que os profissionais contábeis da empresa não apresentaram uma conduta adequada. Mas há questionamentos também para os auditores. Após o fracasso da empresa, um deputado chegou a dizer para Peter Meehan (foto), da KPMG e responsável pela auditoria: "Eu não contrataria você para fazer uma auditoria do conteúdo da minha geladeira".

O trabalho da Big Four foi tão ruim que a empresa deve receber uma das maiores multas de todos os tempos da entidade responsável pela fiscalização da auditoria no Reino Unido. A multa deveria ser de 20 milhões de libras. Em reais, 122 milhões no câmbio de hoje. Mas a KPMG deve levar uma multa de 14,4 milhões, um valor menor devido à cooperação e admissão de culpa. O valor da multa, que corresponde a 10 vezes o valor obtido pela auditoria de 2016, mas menos de 1% da receita da empresa.

Os auditores já foram condenados por má conduta na criação de documentos falsos. O contador da KPMG, o mesmo Peter Meehan que não deve sequer auditar uma geladeira, deve ser multado em 400 mil libras ou 2,5 milhões de reais, além de uma proibição de não trabalhar na área por um período de 15 anos. Mas está lutando para reduzir a multa para 250 mil e somente 10 anos de suspensão. Outros profissionais da equipe também devem pagar multa.

Mas é importante notar que os problemas da KPMG podem extrapolar a penalidade do regulador. Há uma ação judicial de terceirizados contra a auditoria no valor de 1,3 bilhão; a empresa pode ser processada pelo governo no valor dos dividendos e remuneração pagos pela Carillion.

Fonte: informações da internet e Accounting web

06 abril 2022

China recua e problema da auditoria pode ser resolvido


Os reguladores dos Estados Unidos ameaçaram excluir as empresas chinesas de negociar ações caso a auditoria não esteja de acordo com as regras que inclui uma maior fiscalização do trabalho por parte do PCAOB. Eis uma notícia que pode alterar este cenário:

A China vai emendar as suas leis de sigilo de auditoria, visando impedir que cerca de 270 empresas chinesas sejam excluídas do mercado de capitais dos Estados Unidos, numa concessão significativa à pressão exercida por Washington.

A Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC, na sigla em inglês), que regula os mercados financeiros do país, disse este fim de semana que vai mudar as leis de confidencialidade que impedem as empresas chinesas listadas no exterior de fornecer informações financeiras confidenciais a reguladores estrangeiros.

Isto vai facilitar a “cooperação regulatória transfronteiriça, incluindo inspeções conjuntas (…) para proteger os investidores globais”, segundo a CSRC.

O país asiático proibia reguladores estrangeiros de inspecionar a contabilidade das empresas locais, citando preocupações com a segurança nacional.

A CSRC disse que as regras existentes, que foram atualizadas pela última vez em 2009, estão desatualizadas.

A decisão visa impedir que empresas chinesas cotadas na Bolsa de Nova Iorque sejam excluídas em 2024.

A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês) disse, no mês passado, que as empresas da China tinham três anos para fornecer documentos de auditoria detalhados, o que levou a uma forte queda das suas ações.

Existem cerca de 270 empresas chinesas listadas nos EUA, com uma capitalização de mercado combinada equivalente a mais de 2 biliões de euros.

O índice Nasdaq Golden Dragon China, que reúne ações dos principais grupos chineses, perdeu cerca de metade do seu valor no ano passado.

A decisão de Pequim poderá levar à criação de uma estrutura para os reguladores dos EUA obterem acesso aos arquivos de auditoria das empresas.

A proposta, que foi colocada em consulta pública até 17 de abril, elimina a exigência de que a inspeção da contabilidade das empresas chinesas cotadas no exterior seja conduzida principalmente por reguladores chineses.

Pequim está a tentar recuperar a confiança dos investidores, depois de uma campanha regulatória lançada pelo Governo chinês ter atingido as principais empresas privadas do país, incluindo Alibaba, Didi, Evergrande ou Meituan, abalando os mercados financeiros globais.

A CSRC disse que o seu presidente, Yi Huiman, e o presidente da SEC, Gary Gensler, realizaram três reuniões, desde agosto passado, sobre “cooperação de supervisão de auditoria” e que houve um “progresso positivo”.

Gensler disse, na semana passada, que apenas o cumprimento total das regras de inspeção de auditoria dos Estados Unidos permitiria que as empresas chinesas continuassem cotadas na praça financeira de Nova Iorque.

Nos últimos anos, os empresários do setor privado da China, que estão em grande parte excluídos do sistema financeiro estatal chinês, acederam a milhares de milhões de dólares no exterior.

A relação entre os EUA e a China deteriorou-se rapidamente, nos últimos anos, principalmente devido a disputas no comércio, tecnologia, Direitos Humanos ou o estatuto de Taiwan e Hong Kong.

22 fevereiro 2022

Auditoria e interesses


Francine McKenna tem uma visão crítica das empresas de auditoria. Recentemente ela expressou esta visão comentando que estas empresas deveriam focar na auditoria e seu interesse em questões "modernas" é para otimizar o valor recebido:

That includes employing slick language about “trust” to suggest their interest in quote-unquote “auditing” ESG disclosures, non-GAAP numbers, cybersecurity, or even stablecoin reserves is about enhancing statutory financial audits.

It is not. It's a play to sell more consulting services.

Audit firms claim they can wall off conflicts when providing tax, consulting and other advisory services — whether to audit clients or non-audit clients. But they are pulling your leg. Instead, the consulting push repeatedly compromises the independence and integrity of their audits, destroys professional skepticism, and poisons the professionalism of their entire firms.

A seguir ela escreve sobre a Theranos, Autonomy e Carillion. O texto abaixo:

Theranos

When you're pre-IPO for 15 years and don't have an approved, commercial product, you're in the business of raising money from investors.

What is the auditors' duty in this case?

To protect investors, and the public markets from the company!

I wrote in March of 2018 that ultra-wealthy investors in private company Theranos had abandoned basic due diligence and never requested audited financial statements before handing over hundreds of millions. If the investors who gave Elizabeth Holmes money 2008 had asked for audited financial statements — and we confirmed during Holmes’ recent trial that they had not — those investors would have been disappointed. There were reportedly, none to be had except in its earliest years. EY did give opinions on Theranos’ 2006, 2007 and 2008 financial statements. But then, for some reason, Holmes dumped EY and hired KPMG.

And we also found out during Holmes’ trial that KPMG planned to audit Theranos’ 2009 and 2010 financials and produce one report to cover the two years. However, KPMG disagreed with Holmes about the valuation of stock options and believed Theranos was understating its stock option compensation expense. So KPMG changed its mind about being an auditor and, instead, hung around until 2015 to help lend “credibility” to financial information that was provided to Theranos investors.

That makes two global audit firms hired to provide audit services to Theranos that gave no warning to investors or regulators of the lengths Holmes was going to grow Theranos and misrepresent its success to investors and the media.

Finally, a third firm, PwC, had no interest in providing audit services but was very interested in lucrative advisory work for the law firm defending Theranos against regulatory investigations from September 2016 to the spring of 2019. Theranos had no permanent CFO or external auditor but PwC was comfortable putting up to 40 PwC employees on site to spend more than 10,000 hours to collect text and email messages between Holmes and "Sunny" Balwani, the Theranos COO and Holmes's former boyfriend. PwC was also paid to wind down the company’s operations starting in late 2018.

HP-Autonomy

There was a really great article by the Economist’s Lane Green nearly 10 years ago called Shape shifters.

Green noted the phenomenal growth of Deloitte’s consulting and financial advisory business that year and wondered if Deloitte was “shape-shifting” into a firm with a business model that’s inconsistent with its government-sponsored mandates all over the world to do audits, mandates that create a virtual cash machine for auditors because they limit competition in exchange for focus and devotion to delivering public company audits that protect investors and markets.

Green asked Deloitte global CEO Barry Salzberg, “Do people perceive Deloitte as a consulting firm with an audit business rather than the other way round?”

Salzberg told Green: “We’re not going to take our eye off our professional responsibility with respect to either.”

Hardware firm HP announced it had acquired enterprise software firm Autonomy on October 3, 2011. HP had hired KPMG as a consultant to review Deloitte’s audits of Autonomy’s as part of its acquisition due diligence effort.

EY, HP’s external auditor, signed off on its audit opinion of HP’s full year results as of October 31, 2011 a couple of months later, on December 14.

But by early 2012 a whistleblower, a former Autonomy executive, had warned HP of the possibility it had overpaid for a fraud. HP began an investigation of the allegations in April 2012 and chose another Big 4 firm, PwC, as its independent forensic consultant to investigate the whistleblower’s claims.

HP had put PwC in a difficult spot. PwC Global Chairman Dennis Nally had told the Financial Times just the year before, in June 2011, that he did not believe it was the auditors' job to find fraud. How could PwC say that Deloitte, or KPMG, should have caught the Autonomy fraud if that’s what it found?

If I took a poll of the average investor or public company executive and asked them which Big 4 firm audited the major banks or firms accused of securities fraud in recent years — GE, Colonial Bank, Tesla, Parmalat, Satyam, Lehman Brothers, JP Morgan — I doubt they could give me the name. It’s just a big blur for most when it comes to the auditor.

That’s why a reputational hit to one member of the oligopoly of global audit firms is a reputational hit to the whole lot of them. If PwC found professional malpractice by Deloitte or KPMG, all the largest audit firms would suffer the impact of a negative view of audit and auditors, in general, and suffer from the precedent of any fines, sanctions, or legal settlements against Deloitte or KPMG.

HP’s disclosure of the investigation and a multi-billion dollar material overstatement of goodwill and intangible assets came more than a year after its acquisition of Autonomy.

On November 20, 2012, HP said it was taking a non-cash impairment charge of $8.8 billion related to Autonomy in the fourth quarter of its 2012 fiscal year.

Should EY, HP’s auditor, have more closely scrutinized the values assigned to the assets and liabilities purchased from Autonomy that HP put on its 2011 books or on any of the 2012 quarterly statements? EY is required to review HP’s quarterly financial statements and provide a type of negative assurance that, based on their review, they are not aware of any material modifications that should be made to the statements for them to be in conformity with GAAP.

In September 2020 the UK regulator, the FRC, ordered Deloitte UK to pay a record fine for its Autonomy audit of £15 million plus the investigation legal costs of £5.6m.

The Deloitte Autonomy lead partner was banned from the accounting profession for five years and fined £500,000. Another Deloitte partner was fined £250,000 and “severely reprimanded”. They both had already “early retired” from the firm. Those fines are quite a bit larger than the ones the SEC imposed in 2019 on PwC — $8 million — and on its partner — $25 thousand— for auditor independence issues in 15 clients.

I reported at the time that Deloitte US and other Deloitte member firms played all possible angles with Autonomy – as its auditor in the UK and San Jose, CA, as a customer, as a vendor, and as an alliance partner for Autonomy software implementations. HP’s auditor Ernst & Young had also been a customer of Autonomy.

Sources had told me of at least two large client engagements where Autonomy and Deloitte Consulting worked together at the same time Deloitte UK was auditing the company. Deloitte was a “Platinum” strategic alliance technology implementation partner for HP, too.

Autonomy was a British company that listed on Nasdaq in 2000 but apparently followed the more lax British honor code, versus the Sarbanes-Oxley rules, when choosing which services besides the audit to buy from auditor Deloitte UK and Deloitte US.

The UK media didn’t miss a beat in reporting on Enron-style conflicts when the fraud allegations surfaced in 2012. Deloitte had been selling Autonomy nearly as much in consulting services such as tax compliance and due diligence for acquisitions — £4.44 million in non-audit fees over the prior four years — as they were charging for the audits — £5.422 million. The implication is that Deloitte’s independence may have been compromised.

EY continues to be HP’s auditor today. Why would either firm give up such a mutually beneficial relationship?

In September of 2012, EY went to Washington DC to explain how it helped its audit client HP develop and implement a strategy to move profits offshore to avoid U.S. taxes. That Congressional testimony was given smack in the middle of HP’s Autonomy investigation, while EY likely knew PwC would find a significant overstatement of the Autonomy acquisition goodwill and that the writedown would have to be announced in less than two months. The EY tax partner for audit client HP testified in defense of HP’s tax avoidance strategy and then charged HP $2 million dollars for the trip, according to HP's 2013 proxy.

Despite numerous reports of HP and whistleblowers reporting the findings of fraud and lack of action by auditors and advisors to the SEC, neither the SEC nor the PCAOB ever insisted on a restatement by HP and never charged Deloitte or individual partners at Deloitte US, EY or KPMG with anything.

Carillion

Finally, we have UK company Carillion, a multinational construction and facilities management services company that in January 2018 became the was the largest ever liquidation in the UK. Carillion continues to be a painful portion of the KPMG UK’s “partner matters” litigation portfolio.

On February 3, 2022, the Financial Times reported that KPMG UK had been sued for £1.3 billion by the liquidators of PwC UK was appointed by the UK High Court as Special Managers for the Official Receiver of Carillion.

Deloitte and KPMG, were ruled out of the liquidation role because they were already Carillion’s internal and external auditors, respectively. EY had advised Carillion on restructuring options before its collapse.

Responses to questions posed to the firms about their Carillion work from two parliamentary Committees revealed they collected nearly £72m for work linked to Carillion in the 10 years leading up to its collapse.

Expressions like “feasting on what was soon to become a carcass” were used by MPs to describe a picture of the Big 4 thriving while exploiting its vulnerabilities as Carillion began to rot.

However, PwC had conflicts at the time of its appointment in 2018, according to the FT. Carillion’s pension trustees had engaged PwC in 2017 to advise as financial difficulties increased. The contract was ongoing since PwC would be one of Carillion’s creditors that PwC, as an agent for the receiver, is supposed to treat impartially. The Insolvency Committee claims that PwC put up “ethical walls” to prevent conflicts between all of its activities for Carillion and its creditors.

The liquidators, with PwC’s help, are now suing KPMG UK saying the firm auditor missed “red flags” that Carillion’s accounts were misstated because it was apparently insolvent for more than two years before it collapsed. Carillion had liabilities of £7 billion and just £29 million in cash when it went into liquidation.

The FT quoted one MP saying he would not hire KPMG to audit “the contents of my fridge” and posited that it was KPMG’s Carillion failure that prompted the UK’s latest round of calls for substantial reforms to UK audit and corporate governance rules.

KPMG has been investigated by the UK FRC, which is comparable to an SEC/PCAOB combined in terms of its authority over the audit firms. KPMG has voluntarily ceased bidding for UK government contracts after scandals.

Now the FRC says KPMG auditors misled regulators during inspections of their work on the Carillion audit and it threatens to “further damage the reputation of KPMG,” as if it could get any worse. Another scandal related to KPMG’s restructuring advisory activities for bedmaker Silentnight resulted in a £13 million fine in August 2021. KPMG has since sold the restructuring unit.

One good thing is KPMG’s UK chief executive Jon Holt acknowledged that it was “clear . . . misconduct has occurred [by KPMG regarding the Carillion inspections] and that our regulator was misled”.

However, Holt and his Big 4 UK colleagues are crying in their tea towels about their damaged reputations all the way to the bank.

KPMG’s UK partners took home an average of $934k last year in a booming deals market. It was the biggest payday for KPMG partners since 2014. And it is even better at the other UK Big 4 firms Deloitte partners received an average of $1.2 million last year plus an extra $267k from the sale of its restructuring division. EY and PwC partners took home a record average of $1.02 and $1.2 million, respectively.

Foto: NeoOnBRAND

03 novembro 2021

Fiscalização das auditorias das empresas chinesas: 2024 prazo limite


Com o escândalo da Enron, o legislativo dos Estados Unidos aprovou normas para fiscalização do trabalho dos auditores das empresas com ações negociadas na bolsa. Foi criado o PCAOB e muitas jurisdições estrangeiras, incluindo o Brasil, passaram a permitir que a entidade fiscalizasse os auditores. Duas exceções: China e Hong Kong.

Em 2020, novamente o Congresso dos Estados Unidos aprovaram uma nova norma. Pela lei, as ações de uma empresas serão proibidas de serem negociadas se uma jurisdição impedir que o PCAOB inspecione a auditoria por três anos consecutivos. A SEC regulou a norma e deve iniciar antes do final de 2021. Isto significa que em 2024 o prazo deve finalizar para as empresas chinesas com ações no mercado dos EUA.

Fonte: aqui. Foto: Annie Spratt

25 outubro 2021

Auditoria precisa de uma revolução


A auditoria não está atendendo as necessidades da sociedade. Para que isto ocorra, é necessário mudar a lógica da contabilidade voltada para o acionista, segundo Richard Murphy. Ele propõe mudar o objetivo da contabilidade e da auditoria. Eis um trecho do artigo 

O objetivo da contabilidade é fornecer às partes interessadas de uma entidade relatora demonstrações financeiras que incluem informações relevantes, confiáveis e suficientes que lhes permitam tomar decisões informadas.'

Em seguida, relacionamos o objetivo da auditoria a esse objetivo para contabilidade, sugerindo que:

O objetivo da auditoria de uma entidade de interesse público é primeiro informar se as demonstrações financeiras sobre as quais o auditor oferece uma opinião são relevantes, são informações confiáveis e suficientes para os usuários dessas declarações e, em segundo lugar, onde há uma falha, remediar essa falha ou, se não for possível fazê-lo, relatar por que isso e quais são suas consequências.

Esse objetivo transformaria fundamentalmente a auditoria. Tal como está, os auditores são forçados pela regulamentação e pelos reguladores a uma função passiva de marcar caixas que confirma a conformidade com padrões contábeis inadequados. Na abordagem que sugerimos, o auditor tem um papel dinâmico na avaliação do que as partes interessadas podem ser em relação à entidade em cujas contas eles estão relatando. Eles teriam a obrigação de garantir que a necessidade de relatório seja atendida, independentemente de a entidade relatora desejar a divulgação exigida ou não.

Os auditores precisam atender às expectativas

Obviamente, haverá requisitos básicos para garantir a comparabilidade entre as demonstrações financeiras. Mas a suposição de que existe um conjunto de divulgações que atende a todas as demandas das partes interessadas e que os auditores podem cumprir suas obrigações cumprindo um critério básico deve ser consignada ao histórico. O histórico da auditoria revela que foram os auditores que desenvolveram estruturas de relatórios e que, por muitas décadas, atuaram como agentes para aprimorar a divulgação. Precisamos voltar a essa época.

O trabalho do auditor deve ser alcançar as expectativas e não emburrecer para garantir a conformidade com os horizontes limitados dos relatórios das IFRS. Então, e somente então, poderemos obter auditorias decentes e, ainda mais importante, contas que forneçam informações significativas sobre o papel de nossas principais empresas na sociedade.

09 outubro 2021

Porta Giratória

Eis uma história "curiosa" narrada pelo New York Times (via aqui)


O funcionário deixa sua empresa para trabalhar no governo. Lá ele ajuda a aprovar normas de interesse do seu antigo empregador. Passado um tempo, o funcionário sai do governo, é recontratado pela sua antiga empresa, e usa seu conhecimento nos serviços prestados pela empresa.

O caso é mais escandaloso ainda: os exemplos são de profissionais tributários, funcionário de uma Big Four, que vão ocupar um cargo na área tributária do governo. Ao serem recontratados, os funcionários são promovidos; em muitos casos, ganhando o dobro do salário.

As maiores empresas de contabilidade dos EUA aperfeiçoaram um sistema de bastidores notavelmente eficaz para promover seus interesses em Washington. Seus advogados tributários assumem cargos seniores no Departamento do Tesouro, onde escrevem políticas frequentemente favoráveis aos seus ex-clientes corporativos, geralmente com a expectativa de que em breve retornarem aos seus antigos empregadores. As empresas os recebem de volta com títulos mais altos e salários mais altos, de acordo com registros públicos revisados pelo The New York Times e entrevistas com atuais e antigos funcionários do governo e da indústria.

Depois de fazer lobby pela PwC, um ex-parceiro da PwC no Departamento do Tesouro Trump ajudou a escrever regulamentos que permitiam às grandes empresas multinacionais evitar dezenas de bilhões de dólares em impostos; ele então voltou para a PwC. Um executivo sênior de outra grande empresa de contabilidade, RSM, assumiu um cargo no Tesouro, onde seu escritório expandiu uma redução de impostos de maneira procurada pelo RSM; ele então voltou para a empresa.

Foto: McGill Library

23 julho 2021

FRC critica o trabalho da KPMG Britânica


KPMG enfrenta duras críticas do regulador do Reino Unido. "É inaceitável que falhem pelo terceiro ano" A empresa de auditoria foi alvo de críticas por parte do Financial Reporting Council, por falhar, há três anos consecutivos, as exigências requeridas pelo regulador. Em Portugal, a KPMG foi esta semana condenada pelo Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão. 

A KPMG, empresa que presta serviços de auditoria, está a enfrentar novas críticas pela qualidade das suas auditorias aos bancos, depois de o reguladores britânico ter dito que era "inaceitável" que, pelo terceiro ano consecutivo, o trabalho da empresa não estivesse à altura do pretendido. 

(...)  "Os resultados da inspeção à KPMG não mostram melhorias e é inaceitável que, pelo terceiro ano consecutivo, a FRC encontre novas falhas nas auditorias de bancos e entidades semelhantes à KPMG", pode ler-se no comunicado.  

Nas sete maiores empresas de auditoria do Reino Unido - incluindo a Ernst & Young e a Deloitte - quase 30% de toda a contabilidade estava abaixo da média no ano até o final de março, de acordo com o relatório anual do Conselho de Relatórios Financeiros. Esta meta fica bem abaixo os 10% que o regulador britânico definiu.  

As firmas de contabilidade têm enfrentado intenso escrutínio por reguladores e promotores para qualquer papel que possam ter desempenhado em uma série de colapsos e escândalos de empresas. O FRC abriu investigações sobre as auditorias da Greensill Capital, uma fintech que implodiu no início deste ano, e um banco de propriedade de um de seus maiores tomadores de empréstimos.  

O regulador do Reino Unido disse que "dada a importância sistémica dos bancos para a economia do Reino Unido, irá monitorizar de perto as ações da KPMG para garantir que os resultados sejam tratados em tempo útil". A empresa concordou com um conjunto de melhorias que forma exigidas e que serão realizadas este ano, disse ainda.  

(...)  Gonçalo Almeida - aqui

21 junho 2021

Óculos inteligentes ajudando na auditoria


Mais especificamente, na contagem do inventário físico

Para realizar contagens físicas de inventário, um auditor precisa viajar para o local do cliente, vasculhar um armazém contando todos os itens e viajar de volta. Se o inventário consistir em itens que podem expirar, apodrecer ou ficar danificados, um especialista no assunto pode precisar ser consultado para confirmar a qualidade do item. Às vezes, um parceiro responsável teria que ser chamado para decidir se um item deveria ser contado ou não. Em suma, pode envolver uma grande despesa de dinheiro, tempo e horas de trabalho. 

Os óculos inteligentes permitem que o usuário se conecte à Internet e, por meio de realidade aumentada, adicione informações que o usuário está vendo na vida real. Do ponto de vista dos auditores, eles também permitem que pessoas, em locais diferentes, vejam o que o usuário vê. 

A KPMG viu o potencial no que a tecnologia de óculos inteligentes poderia fazer, e os óculos estavam em uma fase exploratória antes do COVID. Quando a pandemia forçou uma mudança na maneira como o inventário e a auditoria precisavam ser realizados, a empresa investiu em 150 unidades de óculos inteligentes XpertEye, fabricados pela AMA. Os óculos vêm com tecnologias como realidade assistida, gerenciamento de fluxo de trabalho e programação. A KPMG agora os está usando, juntamente com os óculos XpertEye, para auditoria.