Costuma-se ter a impressão de que, nos países desenvolvidos, as empresas desfrutam de ampla liberdade e pouca dependência do governo. No entanto, a recente disputa entre Elon Musk e Donald Trump revela que essa percepção nem sempre corresponde à realidade.
Recapitulando: durante a campanha eleitoral, o empresário Musk doou 275 milhões de dólares para apoiar a eleição de Trump. Em contrapartida, Trump o nomeou para um cargo em seu futuro governo — até que uma briga recente levou Musk a se afastar e a fazer críticas públicas ao ex-presidente, que, por sua vez, reagiu de forma agressiva.
Os números demonstram que Musk depende consideravelmente do governo. Em 2023, suas empresas receberam 3 bilhões de dólares em contratos provenientes de 17 agências federais. Trump ameaçou cortar esses contratos. No entanto, o ponto mais delicado talvez seja a questão regulatória: ao menos 11 agências estão atualmente investigando ou processando empresas de Musk — e isso antes mesmo de Trump assumir novamente a presidência. Normas mais flexíveis para veículos autônomos são estratégicas para Musk, mas Trump pode atuar na direção oposta. Além disso, a SpaceX tem forte dependência de contratos públicos.
O que representa um risco para Musk e seus negócios pode se tornar uma oportunidade para seus concorrentes. Logo após a saída de Musk do governo, Bill Gates visitou a Casa Branca e apoiou cortes em programas de ajuda externa. Paralelamente, a NASA e o Pentágono passaram a incentivar outras empresas — além da SpaceX — a desenvolverem sistemas alternativos de lançamento espacial, o que beneficia Jeff Bezos e sua Blue Origin.
No campo contábil, é importante lembrar que Musk já entrou em conflito com a SEC por diversos motivos, incluindo a compra do Twitter e o uso de normas relacionadas ao bitcoin, entre outros pontos.
Com base nas informações da newsletter do NYTimes