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Mostrando postagens com marcador investimento. Mostrar todas as postagens
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05 abril 2021

Fundos Verdes são verdes?


Uma denúncia: alguns fundos verdes não são realmente verdes. A participação dos fundos que focam na questão ambiental, social e governança (ESG) no total de fundos é cada vez maior. Entretanto, alguns destes fundos não possuem investimento em empresas de energia renovável ou algo do gênero. 

A Bloomberg observa que a Parnassus, com 25 bilhões de ações, tem investimento em uma empresa de gás industrial, uma fabricante de máquinas agrícolas e empresa de produção de bombas de água. E na Microsoft e Amazon. Alguns destes fundos chegaram a ter ações de empresas de combustíveis fósseis. 

Algumas possíveis explicações para os fundos ESG não serem tão ESG assim. Em primeiro lugar, quando você anuncia que é "bonzinho" as pessoas irão verificar se você realmente faz aquilo que propaga. Isto inclui seus clientes, mas também os concorrentes, que estão perdendo clientes para estes fundos. Segundo, o fato de você estar focado em ações ESG não significa que tenha que desprezar o desempenho do fundo. Assim, ter investimento em empresas que permitam acompanhar o mercado pode evitar que o investimento seja questionado no seu desempenho. Terceiro, o conceito de "verde" é muito complicado. Há discussões relevantes se o investimento em automóveis elétricos seria "verde", já que usa materiais para sua bateria que degradam o ambiente. 

Imagem: aqui

19 setembro 2018

Custo do Casamento e Duração

Qual o segredo de um casamento? Certamente não são os gastos com a cerimônia. Nos dias atuais, uma cerimônia de casamento é um ritual complexo e luxuoso (ou seja, caro), mesmo em países pobres. Pesquisas anteriores já mostraram que o casamento possui suas vantagens, indicando a existência de um prêmio pelo casamento (aqui também).

Um aspecto chama a atenção nesta discussão: a cerimônia. E a pergunta que segue: é um investimento ou uma perda? Uma pesquisa analisou, de forma inédita, os efeitos da cerimônia sobre a duração do casamento. Se os gastos com a cerimônia forem elevados, isto poderia indicar um grande comprometimento do casal e elevaria a duração do casamento. Mas o resultados não indicaram existir esta relação. Pelo contrário, controlando as variáveis, o gasto é inversamente proporcional com a duração do casamento. Gastar pouco, aumenta a duração. Outro efeito interessante: ter lua de mel aumenta a chance de sucesso.

Será que o desgaste com os preparativos conduzem a isto? A pesquisa parece indicar que a cerimônia é uma perda, não um investimento.

Francis-Tan, Andrew e Mialon, Hugo M., 'Um diamante é para sempre' e outros contos de fadas: A relação entre as despesas do casamento e a duração do casamento (15 de setembro de 2014). Disponível no SSRN ou http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.2501480

25 junho 2018

Reduzir a alíquota pode ajudar no investimento e no endividamento

No final de 2017, o Congresso dos EUA aprovou uma reforma tributária, reduindo a carga tributária das empresas. Este é um assunto que interessa também ao Brasil, já que um dos argumentos é que esta redução permitiria um aumento nos investimentos, uma redução no endividamento e até mesmo um aumento na arrecadação, já que as empresas aumentaria suas receitas e isto teria um efeito positivo sobre o lucro, mesmo com a redução da alíquota.

Usando dados de outra lei, aprovada em 2005 nos Estados Unidos, um pesquisador verificou se a redução da alíquota pode realmente trazer benefício em termos de investimento, endividamento e impostos. É bom ressalvar que um trabalho como este sempre apresenta algumas simplificações, mas os resultados são apresentados na figura abaixo:

A linha azul apresenta os valores para as empresas que tiveram redução de impostos e a pontilhada são as empresas que não receberam nenhum benefício fiscal. O corte é o ano de 2005. Os resultados mostram que há um benefício claro na questão do investimento e endividamento. Entretanto, o pagamento de impostos não sofreu mudança expressiva (último gráfico)

07 março 2015

Consultores de Investimento: ninguém sabe de nada

WHENEVER one writes about the failure of active managers to beat the index, someone is bound to pop up online and argue that people don't pick fund managers at random. Select the right fund managers and all will be well. But how? Relying on past performance does not seem to work. Logic would also suggest that it cannot be easy to identify the best performers in advance; if it were, then why would anyone give money to the underperformers?

Many pension funds and endowments hire investment consultants to help them choose fund managers (one estimate is that 82% of US pension plans use such services, and consultants advise on $25 trillion of assets). The consultants employ highly-educated workforces, have decades of experience and charge hefty fees. But an award (the 2015 Commonfund prize) has just been granted to an academic paper that concludes
we find no evidence that these (the consultants') recommendations add value, suggesting that the search for winners, encouraged and guided by investment consultants, is fruitless
[...]

So why do the clients still use the consultants? One explanation is the "hand-holding principle"; choosing funds is tricky and clients feel cautious about doing it on their own. They also want someone to blame if things go wrong. Investment consultants act as "money doctors".
But the most likely reason is that clients are unaware of the conclusions of the research and because of the lack of data mentioned earlier. As the authors write
It is unlikely that plan sponsors can reliably judge whether investment consultants add value or not. While fund managers testify to the rigour with which investment consultants scrutinise their performance, investment consultants themselves are shy of disclosing the sort of information which would allow plan sponsors, or any outsider, to measure their own perfomance.
In short, while one can be willing to accept that there are smart fund managers who can outperform the market, the trick is identifying such managers in advance. This process seems as difficult as identifying hit films in advance; in that business, as William Goldman wrote once "Nobody knows anything". 


Fonte: aqui

19 novembro 2014

Decisão de Investimento e avaliação dos pares

Abstract

Peers' valuation matters for firms' investment: a one standard deviation increase in peers' valuation is associated with a 5.9% increase in corporate investment. This association is stronger when a firm's stock price informativeness is lower or when its managers appear less informed. Also, the sensitivity of a firm's investment to its stock price is lower when its peers' stock price informativeness is higher or when demands for its products and its peers' products are more correlated. Furthermore, the sensitivity of firms' investment to their peers' valuation drops significantly after going public. These findings are uniquely predicted by a model in which managers learn information from their peers' valuation.

JEL classification

Keywords

23 maio 2014

Curso de Contabilidade Básica: Depreciação e Investimento

No longo prazo, uma empresa deve fazer investimentos pressupondo a continuidade dos negócios. Isto significa, entre outras coisas, que os aportes de recursos em ativos de longo prazo devem ser em quantidade suficiente para cobrir a redução na sua capacidade de gerar benefícios econômicos. Esta regra é difícil de ser acompanhada pelo usuário, mas existem dois atalhos interessantes.

O primeiro é verificar a vida útil estimada dos ativos. Se esta vida útil está diminuindo ao longo do tempo, a empresa deverá fazer um grande volume de investimento num futuro próximo. O segundo é fazer uma comparação entre o total de depreciação anual e os investimentos realizados no ano. Se a depreciação for consistentemente superior ao investimento é um sinal de que será necessário fluxo de caixa futuro com as atividades de investimentos.

Veja o caso da Cristal Pigmentos. Em 2013 o valor da depreciação e amortização foi de 30 milhões de reais, aproximadamente o mesmo valor de 2012. Como o imobilizado líquido era de 127 milhões, isto significa dizer que em 4 anos o imobilizado da empresa estaria todo depreciado (neste valor deveria ser retirado o montante de Terrenos e Obras em Andamento, mas isto teria pouco impacto). Em 2012 este valor era de 4,7 anos. Antes disto, era de 5,7 anos em 2011 e 6,1 anos em 2010.

Ou seja, claramente a empresa não está fazendo investimentos em máquinas, edifícios, instalações e outros itens do seu permanente.


03 outubro 2013

Carro como investimento

Em situações onde existem distorções sérias na economia, o automóvel termina por virar um investimento. Veja o caso da Argentina (Argentino usa carro como ‘poupança’ e infla exportações de carros do Brasil, Fernando Scheller, de O Estado de S. Paulo):

Como os bancos remuneram as aplicações levando em conta taxas oficiais, fazer aplicações em banco passou a ser sinônimo de perder dinheiro na Argentina. Segundo dados extraoficiais, a inflação no País ficou em 25,6% no ano passado, mais do que o dobro do porcentual admitido pelo governo, de 10,8%, que baliza os juros da economia. Sem melhor opção, a população opta por consumir - e o carro tem se tornado o bem preferido do argentino. De janeiro a agosto, as vendas de automóveis no país cresceram 9,6%, na comparação com 2012.

Além disto existe um incentivo do governo, através do crédito, para a compra de automóveis.

Um terceiro fator que incentiva a compra de carros - especialmente importados - é o fato de que, ao transformar o valor do veículo em peso, as concessionárias são obrigadas a usar a taxa oficial de câmbio, atualmente em 5,70 pesos por dólar. Para quem tem dólares guardados em casa - um recurso comum entre os argentinos -, o ganho pode ser de 60%, pois no paralelo é possível trocar a moeda americana numa cotação em torno de 9,50 pesos.

(Cartoon: Mafalda, da Argentina, sempre demais)

31 julho 2013

Movimentação das Ações do Facebook


No meio da tarde faltavam US$ 0,89 para as ações do Facebook atingirem o valor da Oferta Pública Inicial (IPO) de RS$38. No fim do dia de ontem [terça, 30 de julho] a ação fechou em US$ 37,64, mas chegou a 37,96, o maior valor desde maio de 2012 (quando ocorreu a IPO).

Segundo um blog do Wall Street Journal,o mercado está otimista frente aos resultados trimestrais publicados na semana passada. O aumento repentino de anúncios na rede social fez com que os investidores se sentissem melhor quanto ao seu futuro. As ações cresceram 41% este ano e a maior parte dos ganhos foi apresentada no relatório publicado na quarta-feira passada.

Em curto prazo a recuperação nos faz questionar se há alguma resistência técnica envolvendo os U$ 38 que os investidores deveriam saber. Considerando que US$ 38 não é apenas um nível psicologicamente significante, mas também o ponto de equilíbrio para quem investiu na IPO, há bastante atenção vinda de todos os lados.

O analista técnico chefe da Greywolf Execution Partners explicou como essa atenção ao valor da IPO pode impactar a negociação em curto prazo:
Resistance often times is created based more on psychological factors than any type of real fundamental factors. Those who are long stocks which have declined will often wait until they approach former levels where they bought, before selling the shares. So in this case, many who bought the stock between 38-45 on [May 18] often will sell into gains as they become “whole” with the mindset that “well, at least I got back what I paid for it, and am lucky, despite having ridden a big roller coaster down, and now back higher.

Technically oriented folks understand this logic also in terms of how important these levels are, and will sell as a stock approaches former highs, or in some cases some aggressive types might attempt to “SHORT” the stock, or use options to “write calls” against shares, knowing that these levels often can have some importance in causing at least some minor consolidation to the former rise. […]

Former highs and also former lows often have importance, but of course if BREACHED, and in this case, if FB were to close meaningfully above $45, it could create a “breakout” type situation where those who had attempted to short the stock would then be forced to cover and/or others with screens pre-programmed to search for stocks hitting all-time highs, might be inclined to buy into the shares on a move to new high territory.

20 março 2013

10 regras de investimento de Bob Farrell


One of the most relevant lists of rules, from a legendary Wall Street veteran, is also among the least known. Beginning in the late 1950s, Bob Farrell pioneered technical analysis, which rates a stock not only on a company's financial strength or business line but also on the strong patterns and line charts reflected in the shares' trading history. Farrell also broke new ground using investor sentiment figures to better understand how markets and individual stocks might move.
Over several decades at brokerage giant Merrill Lynch & Co., Farrell had a front-row seat to the go-go markets of the late 1960s, mid-1980s and late 1990s, the brutal bear market of 1973-74, and October 1987's crash. Out of those and other experiences came Farrell's 10 "Market Rules to Remember."
These days, Farrell lives in Florida, and efforts to contact him were unsuccessful. Still, the following rules he advocated resonate during volatile markets such as this:


1. Markets tend to return to the mean over time

When stocks go too far in one direction, they come back. Euphoria and pessimism can cloud people’s heads. It’s easy to get caught up in the heat of the moment and lose perspective.

2. Excesses in one direction will lead to an opposite excess in the other direction

Think of the market baseline as attached to a rubber string. Any action to far in one direction not only brings you back to the baseline, but leads to an overshoot in the opposite direction.
3. There are no new eras — excesses are never permanent

Whatever the latest hot sector is, it eventually overheats, mean reverts, and then overshoots. Look at how far the emerging markets and BRIC nations ran over the past 6 years, only to get cut in half.
As the fever builds, a chorus of "this time it’s different" will be heard, even if those exact words are never used. And of course, it — Human Nature — never is different.

4. Exponential rapidly rising or falling markets usually go further than you think, but they do not correct by going sideways

Regardless of how hot a sector is, don’t expect a plateau to work off the excesses. Profits are locked in by selling, and that invariably leads to a significant correction — eventually.  comes.

5. The public buys the most at the top and the least at the bottom

That’s why contrarian-minded investors can make good money if they follow the sentiment indicators and have good timing.
Watch Investors Intelligence (measuring the mood of more than 100 investment newsletter writers) and the American Association of Individual Investors survey.

6. Fear and greed are stronger than long-term resolve

Investors can be their own worst enemy, particularly when emotions take hold. Gains "make us exuberant; they enhance well-being and promote optimism," says Santa Clara University finance professor  Meir Statman. His studies of investor behavior show that "Losses bring sadness, disgust, fear, regret. Fear increases the sense of risk and some react by shunning stocks."

7. Markets are strongest when they are broad and weakest when they narrow to a handful of blue-chip names

Hence, why breadth and volume are so important. Think of it as strength in numbers. Broad momentum is hard to stop, Farrell observes. Watch for when momentum channels into a small number of stocks ("Nifty 50" stocks).

8. Bear markets have three stages — sharp down, reflexive rebound and a drawn-out fundamental downtrend

I would suggest that as of August 2008, we are on our third reflexive rebound — the Januuary rate cuts, the Bear Stearns low in March, and now the Fannie/Freddie rescue lows of July. 
Even with these sporadic rallies end, we have yet to see the  long drawn out fundamental portion of the Bear Market.

9. When all the experts and forecasts agree — something else is going to happen

As Stovall, the S&P investment strategist, puts it: "If everybody’s optimistic, who is left to buy? If everybody’s pessimistic, who’s left to sell?"
Going against the herd as Farrell repeatedly suggests can be very profitable, especially for patient buyers who raise cash from frothy markets and reinvest it when sentiment is darkest.

10. Bull markets are more fun than bear markets

Especially if you are long only or mandated to be full invested. Those with more flexible charters might squeek out a smile or two here and there.

Fonte: aqui

07 março 2013

Investidores devem ignorar política


Washington, I'm here to tell you, politics and investing don't mix.
Yep, I thought I'd begin our conversation about investing by rocking your most cherished beliefs. Many of you are active in party politics, work for government or are involved in related fields. Well, I have some bad news: Your politics are killing you in the markets.
In my work, I use behavioral psychology, statistics, cognitive biases, history, data analysis, mathematics, brain physiology, even evolution to make better investing decisions. Indeed, these are all key to learning precisely what not to do. While making good decisions can help your portfolio, avoiding bad ones is even more important.
We humans make all the same mistakes, over and over again. It's how we are wired, the net result of evolution. That flight-or-fight response might have helped your ancestors deal with hungry saber-toothed tigers and territorial Cro Magnons, but it drives investors to make costly emotional decisions.
And it's no surprise.
It's akin to brain damage.
To neurophysiologists, who research cognitive functions, the emotionally driven appear to suffer from cognitive deficits that mimic certain types of brain injuries. Not just partisan political junkies, but ardent sports fans, the devout, even hobbyists. Anyone with an intense emotional interest in a subject loses the ability to observe it objectively: You selectively perceive events. You ignore data and facts that disagree with your main philosophy. Even your memory works to fool you, as you selectively retain what you believe in, and subtly mask any memories that might conflict.
Studies have shown that we are actually biased in our visual perception - literally, how we see the world - because of our belief systems.
This cognitive bias is not an occasional problem - it is a systematic source of errors. It's not you, it's just how you are built. And it is the reason most people are terrible investors.
[...]You need not be a mathematical wizard to learn this lesson. When you are in the polling booth, vote however you like; But when you are reviewing your investing options, it is best to do so with a cold, dispassionate eye.
Understanding how your own biases impact your investing process is a key step. If you want to avoid making certain errors, you must at least be aware of them.
And now you are.
Fonte: aqui

19 fevereiro 2013

Investindo em maconha

BRENDAN KENNEDY received an engineering degree, started a software firm and sold its assets to Boeing, studied for a Yale MBA and then joined a Silicon Valley bank reviewing new-business proposals. His latest venture takes a sharp turn off the beaten path. Mr Kennedy has become an investor in the marijuana business.

[...]The second is that despite its heft, the cannabis industry operates like, well, a grass-roots movement. The drug’s legal status is messy: although medical marijuana is legal in 18 states and in the District of Columbia, cannabis is illegal elsewhere in America. For social reasons, too, the industry is unfinanceable through normal channels. People in the business lack expertise in everything from branding to staffing.
Data are scarce. Formal benchmarks for quality, such as tests for the presence of contaminants including mould, mildew and pesticides, do not exist. Neither do proper classifications for the different varieties of the drug. Thousands of strains of cannabis can be grown, many with odd names like Apollo 11, Sour Kush, Broke Diesel and the less-than-mellow Chernobyl. Characteristics vary, too. Some strains depress; some stimulate; some suppress nausea, a key reason why marijuana is used by cancer patients undergoing chemotherapy. Consumers cannot compare what is legally produced in California with what is legally produced in Colorado— to say nothing of what is illegally sold in New York’s Washington Square Park (where a small army of salesmen all have the same patter: “Smoke. The good stuff”).
At first, Mr Kennedy wanted to create a cannabis-focused venture-capital fund but concerns about legal liabilities, as well as a desire to take majority stakes in portfolio firms, led him and a few partners to set up a different sort of fund, called Privateer Holdings. Its first investment is a website, Leafly, which offers user reviews on dispensaries and varieties of cannabis. An app was created for both Android and iPhones and there are now 50,000 downloads a month (for the forgetful, the password hint is “favourite strain”). Work is proceeding on how to add information on things like each variety’s content of tetrahydrocannabinol (THC), the active chemical in cannabis.
Mr Kennedy says Privateer has received over 200 investor pitches since November: potential acquisitions include a testing lab and a clothing company. The fund is now raising another $7m privately, and a public offering is possible once the Securities and Exchange Commission finalises new rules on “crowd-sourced funding” and small public flotations. That will write a new chapter in the story of high finance.

18 dezembro 2012

Contabilidade nacional: evolução dos estoques


Com a publicação do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, consolidou-se a sensação de que o país vive numa espécie de "armadilha do pibinho". O modelo de crescimento está esgotado e o investimento não deslancha, a despeito de todos os incentivos monetários e fiscais colocados em ação pelo governo. Um observador arguto como Delfim Netto concluiu que a verdadeira tragédia é que o investimento permanece em queda nos últimos dois anos. Não faltam agora especialistas e curiosos para explicar que o problema é o excesso de intervencionismo do governo, que está aumentando a incerteza e inibindo os espíritos animais do empresariado.
Economistas vivem num mundo de modelos teóricos que muitas vezes têm relação tênue com a realidade. Em geral, o contato dos modelos com o mundo real é intermediado por bases de dados produzidas por diversas instituições públicas ou privadas, mas nem sempre há a preocupação em entender exatamente o que está sendo medido. Pouco adianta ter boa metodologia se informações brutas adequadas não estão disponíveis.
No Brasil, um problema particularmente grave é a quase total inexistência de informações sobre a evolução dos estoques. O IBGE simplesmente não calcula a componente de variação de estoques nos números do PIB trimestral. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) publica uma sondagem sobre estoques industriais, mas somente a partir de 2011, tendo infelizmente descontinuado suas séries mais antigas.
Apesar da carência de dados, nosso acompanhamento da conjuntura nos convenceu de que a economia brasileira passou por oscilações inusitadamente intensas nos estoques industriais nos últimos anos. Primeiro, ao longo de 2008, consolidou-se a percepção de que a crise americana seria realmente séria e que poderia sim nos contaminar, inclusive com restrições de crédito e problemas de liquidez. A partir do final do ano, empresas e cadeias de distribuição produziram forte queda na produção de modo a reduzir ao máximo os níveis de estoque. Esse movimento começou a ser revertido em meados de 2009 e, como consequência, a reposição de estoques produziu rápido crescimento da indústria no primeiro semestre de 2010. Por exemplo, nos quatro trimestres terminados em março de 2010, o crescimento da indústria de transformação foi de 18%. No junho seguinte foi de 14% e essas taxas excepcionais constituem a principal explicação para o Pibão de 2010, com crescimento médio anual de 10% para a indústria de transformação e de 7,5% para o PIB total.
O problema é que a partir de 2010 os gestores e planejadores das empresas, assim como o distinto público dentro e fora do país, resolveram acreditar que o Brasil se transformara em tigre asiático. A crença foi estimulada pela forte expansão do crédito. O resultado foi que o aumento planejado na produção se mostrou excessivo, particularmente tendo em vista que em meados de 2011 já estava claro que o ritmo de crescimento sustentável seria muito menor. Isto iniciou uma nova fase de correção para baixo nos estoques, que perdura até agora. Como a correção agora está sendo mais gradual, também é mais alongada no tempo.
Alguma evidência para essa interpretação da evolução recente da economia pode ser obtida se compararmos os dados de produção industrial do IBGE com os dados de faturamento real da CNI. Esses dados mostram que nos últimos sete trimestres desde o início de 2011 o faturamento real da indústria de transformação aumentou 8,3%, enquanto que a produção caiu 4,9%. Essa diferença de 13 pontos percentuais sugere uma redução continuada nos estoques: a indústria contraiu a produção, mas seguiu aumentando as vendas, o que só é possível quando o volume de estoques está caindo.
Esses movimentos fortes e inusitados nos estoques, que em última análise são ainda reflexo da crise de 2008, podem explicar boa parte da aparente armadilha do pibinho. Explicam também porque os dados de produção mostram dois anos de queda enquanto as vendas, em todos os níveis de comercialização, continuam evoluindo muito bem, obrigado. Por exemplo, na pesquisa mensal do comércio do IBGE, a taxa de variação em 12 meses do volume de vendas no varejo foi de 6% em dezembro de 2011 e de 9% em setembro de 2012.
Na realidade, os números de faturamento real da CNI mostram outro resultado muito importante. Enquanto nos sete trimestres a partir do início de 2011 a produção medida pelo IBGE para a indústria de máquinas e equipamentos caiu 8%, o faturamento real dessa mesma indústria, medido pelo CNI, aumentou 25%. Isto significa um crescimento médio anual do faturamento da ordem de 13%, contra uma queda média anual da produção de menos 4%. Aqui também tudo indica que há um processo de ajustamento para baixo nos estoques. Números semelhantes resultam quando usamos dados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) ou da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
É verdade que essa diferença poderia resultar de a indústria estar vendendo e faturando máquinas e equipamentos importados, sem impacto, portanto, sobre a produção nacional. Isto, porém, não combina com o dado da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) que mostra que o quantum da importação de bens de capital caiu cerca 3% no período. Também não vale o argumento de que a diferença resultou de algum movimento no preço médio das máquinas, já que no período esse preço caiu tanto em relação ao Índice de Preços por Atacado (IPA) da indústria de transformação como em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
O que não se pode ignorar é que nos últimos dois anos as vendas reais de máquinas e equipamentos cresceram fortemente, acima de 10% ao ano. Simplesmente não há como conciliar isso com a noção de que o espírito animal dos empresários está deprimido e que a economia perdeu sua capacidade de investir. Afinal se os vendedores estão entregando mais máquinas, os compradores só podem estar comprando essas máquinas para aumentar sua capacidade de produção, isto é, para investimento. A falta de um entendimento correto dessa fase conjuntural do pibinho, que é em grande parte explicada por violentas oscilações nos estoques industriais, parece estar levando a uma avaliação totalmente equivocada do que se passa na economia brasileira.
Fonte: O pibinho desacelerou o investimento?  - Valor Econômico -12/12/12 -Francisco Lafaiete Lopes é Ph.D. em economia pela Universidade de Harvard e ex-presidente do Banco Central.

21 novembro 2012

Rir é o melhor remédio

Uma propaganda para convencer a investir em títulos do governo: "homens que possuem títulos do governo são populares entre as mulheres". Uma mulher (canto esquerdo no alto) afirma que olha para quem é "conservador com o dinheiro". Clique na imagem para ver melhor (observe a cara do rapaz, entre as duas mulheres, no canto inferior esquerdo)

17 novembro 2012

Emulando Waren Buffet


É possível copiar a estratégia de investimento do lengendário Warren Buffet e usá-la num fundo mútuo?
A AQR Capital Management LLC, uma empresa que administra 16 fundos mútuos, publicou recentemente um artigo dizendo que criou um processo sistemático que seleciona ações como Warren Buffett. A publicação explica que o processo gerou retornos maiores que o da empresa de investimentos de Buffett, a Berkshire HathawayInc., entre 1976 e 2011. A firma de Greenwich, no Estado americano de Connecticut, não quis dizer se tem planos de lançar um fundo de investimento com base em seu simulador de Buffett.
Uma empresa britânica de investimentos, por sua vez, formou um fundo que segue os princípios de investimento de Buffett. Keith Ashworth-Lord é o gestor do fundo e encarregado de decifrar os segredos do investidor. "Eu sou o aprendiz e ele é o feiticeiro", diz Ashworth-Lord.
O Conbrio Sanford Deland UK Buffettology, fundo bastante ativo da Sanford DeLand Asset Management Ltd., do Reino Unido, peneira o mercado britânico em busca de ações baratas que normalmente atraem Buffett. Compras recentes incluem a Domino Pizza Group, empresa britânica que opera pizzarias da rede americana Domino na Grã-Bretanha e em alguns países europeus, e a gigante de bebidas Diageo PLC.
[...]Robert G. Hagstrom, autor de vários livros sobre Buffett, lançou em 1994 um fundo dedicado a investir como o guru. A Legg Mason Inc. comprou a operação em 1998. O fundo, chamado agora Legg Mason Capital Management Global Growth Trust, teve nos últimos anos desempenho inferior ao dos concorrentes e ao do índice Standard & Poor's de 500 ações. Este ano, a empresa cancelou a estratégia de investimento baseada no estilo de Buffett, e Hagstrom deixou o posto de gestor do fundo. Um porta-voz da Legg Mason disse que a empresa não comenta sobre "mudanças estruturais de seus portfólios". Hagstrom também não quis comentar.
[...]Apesar de pequeno, o Buffettology, com cerca de US$ 4,1 milhões em ativos, teve retorno de 29% de janeiro a outubro, em comparação com 6,1% de seu índice de referência, o FTSE All Share.
Ashworth-Lord, o gestor do fundo, diz que acompanha Buffett de perto no noticiário e que sua base operacional está localizada longe dos grandes grupos de investidores, como a de Buffett. "Eu trabalho em Manchester, não em Londres. É como ele, que trabalha em Omaha [no Estado de Nebraska], não em Wall Street. Você não é bombardeado com informação", diz ele.
O gestor tem um alerta Google intitulado "Warren Buffett" e lê o jornal Omaha World-Herald, de propriedade da Berkshire Hathaway, para ficar a par do que Buffett faz.
Fonte: aqui

08 novembro 2012

Gasto Público


Este texto  trata do gasto público brasileiro em comparação com 189 países. A autoria é do economista e consultor legislativo do senado Marcos José Mendes:


O presente artigo mostra  que, em comparação internacional, o gasto público 
brasileiro é elevado.


[...]O consumo final  do governo (G) representa os serviços individuais e coletivos 
prestados de forma gratuita (ou parcialmente gratuita) pelas três esferas de governo. Ele 
é medido pela remuneração dos servidores públicos, mais o consumo final  de bens e 
serviços pelo governo (por exemplo, o pagamento a um hospital privado que presta 
serviços ao SUS, o giz para sala de aula ou os canapés de uma recepção oficial), e pela 
depreciação do capital fixo do governo.

É importante observar que esse conceito não inclui as despesas de transferências 
(juros, aposentadorias e pensões, seguro-desemprego, bolsa-família).  Logo, ficam 
afastados dois argumentos usuais: os de que nosso governo gasta muito porque paga 
muito juro, ou de que gasta muito porque investe em política social (o “grosso” da 
política social, que é a previdência e assistência, está fora da conta de “G”). Veremos 
que, mesmo desconsiderando esses itens, o Brasil tem gasto elevado para o padrão 
internacional. 

Também não estão incluídas as empresas estatais (de economia mista ou 100% 
públicas). Somente as empresas dependentes de verbas dos tesouros federal, estadual e 
municipal são consideradas.

A variável  “G” restringe-se ao gasto corrente, não incluindo o investimento 
público. É, portanto,  grosso modo,  a despesa corrente de manutenção da máquina 
pública (salários mais consumo final de bens e serviços). 

A medida aqui utilizada é  o consumo do governo como proporção da absorção 
interna. A absorção interna é a soma de “G” com o consumo das famílias (C) e o 
investimento (I). Quanto maior a proporção G/(C+I+G), maior a preferência do país por 
consumo do governo em relação às opções de consumo privado ou investimento.


O Brasil fica em 61º lugar, em uma lista de 189 países, com um consumo do 
governo equivalendo a 19% da absorção interna; um pouco acima da média (17,9%) e 
da mediana (16,2%). A princípio, nada muito fora do padrão.
Porém, quando analisamos quais são os 60 países que estão  à  nossa frente, 
percebemos que há algo de errado com o Brasil. 

[..]

Somente dois países, entre os 61 com maior relação G/C+I+G, não se enquadram 
em nenhuma das características acima: Brasil e Suécia! E bem sabemos que não somos 
nenhuma Suécia, no que diz respeito à qualidade dos serviços públicos.  Ademais, a 
Suécia vem empreendendo, nos últimos anos, grande esforço para reduzir o tamanho de 
seu governo.

A tabela  a seguir mostra a situação do Brasil  e a de países com os quais 
normalmente nos comparamos. Os demais BRICs, que nos superam, estão encaixados em algumas características descritas acima. A diferença do Brasil para a média do grupo 
mostrado na tabela é de 4,7 pontos percentuais.



17 julho 2012

Aposta errada

A aposta errada do governo
Rolf Kuntz
O Estado de S. Paulo, 11/07/2012


O governo continua apostando no mercado interno para enfrentar a crise global, mas até agora a aposta deu pouco ou nenhum resultado. As políticas de estímulo resultaram quase exclusivamente no aumento do consumo, do endividamento, da insolvência e das importações. Jornais publicam longas matérias sobre os altos níveis de calote, em geral involuntário, e sobre como evitar as armadilhas do crédito. O problema é importante, mas é apenas um dos muitos sintomas de um desarranjo muito mais amplo. Por nove semanas o mercado financeiro reduziu as projeções de crescimento econômico. O último número é 2,01%, mediana das previsões coletadas pelo Banco Central (BC) para o Boletim Focus. O próprio BC já havia, em junho, baixado sua estimativa de 3,5% para 2,5%.

A economia brasileira teria crescido muito mais no ano passado e continuaria a expandir-se com folga, neste ano, se o aumento do produto interno bruto (PIB) fosse mais dependente do consumo privado e do custeio do setor público. Foi essa, no entanto, a terapia básica adotada pelo governo. Teria dado resultados melhores, provavelmente, se os grandes problemas da produção nacional fossem conjunturais. Não são, mas os formuladores da política oficial têm agido como se a maior ameaça econômica viesse de fora, isto é, das grandes potências em crise. Com essa interpretação, tão irrealista quanto confortável, o governo se dispensa de cuidar mais seriamente dos problemas reais, todos made in Brazil.
Gastança pública e estímulo ao consumo são bons para fazer a economia pegar no tranco, em tempos de desemprego e muita capacidade ociosa. A longo prazo, o crescimento depende mesmo é da taxa de investimento e da eficiência do capital investido. Entre janeiro e março deste ano, o Brasil investiu o equivalente a 18,7% do PIB. Além de baixa, essa proporção foi inferior à do primeiro trimestre do ano passado (19,5%) e à de igual período de 2010 (19,2%). Mesmo para esse resultado abaixo de medíocre foi necessária a participação externa, porque a taxa de poupança, naqueles três meses, ficou em 15,7% do PIB (17% em 2011). O governo, como já foi comprovado muitas vezes, é o mais importante moedor de recursos e tem-se dedicado com empenho à despoupança.

O Ministério da Fazenda reduziu de 20,8% para 20,4% sua projeção da taxa de investimento. A nova estimativa apareceu em abril, no último boletim da série Economia Brasileira em Perspectiva. Esse tipo de correção tem sido frequente. O setor privado investe menos do que poderia, se enfrentasse menos entraves, e o governo, bem menos do que promete, por incapacidade gerencial. Neste ano, o governo federal acelerou os empenhos e desembolsos, num esforço para se antecipar às limitações do período eleitoral. Mesmo assim, os resultados foram ruins.
De janeiro a junho, o Tesouro aplicou R$ 18,9 bilhões, 2,1% mais que em igual período de 2011, descontada a inflação, mas 13,7% menos que no primeiro semestre de 2010. Além disso, o total desembolsado correspondeu a apenas 21% do valor previsto para 2012 no Orçamento Geral da União. Como sempre, restos a pagar, R$ 14,1 bilhões, compuseram a maior parte dos desembolsos.

A realização do PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento, continua deficiente e os números divulgados pelo governo são enfeitados. No primeiro semestre, 52,6% dos desembolsos foram financiamentos destinados aos programas habitacionais, como indica tabela divulgada pela organização Contas Abertas. A maior parte do PAC é executada mais lentamente. Também é ruim a execução dos projetos dependentes das estatais. Mesmo a mais eficiente, a Petrobrás, tem sido incapaz de entregar os resultados prometidos, como deixou claro a nova presidente, Graça Foster, em suas primeiras declarações depois de assumir o posto.

O baixo investimento seria compensado, em parte, se a produtividade do capital investido fosse mais alta. Não se pode, no entanto, contar com isso. No setor privado, é normal o esforço para extrair o máximo de cada real investido, mas a aplicação do dinheiro no setor público segue outros critérios. Queimam-se recursos com emendas parlamentares de alcance paroquial. Montanhas de dinheiro são perdidas em projetos mal preparados, em contratos com empreiteiras malandras, em convênios com organizações delinquentes e em negócios com fornecedores despreparados. O escândalo do petroleiro João Cândido, lançado ao mar com discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e só entregue dois anos depois, é um exemplo especialmente pitoresco de como investir mal.

Tudo isso se reflete na balança comercial. Até a primeira semana de julho, as exportações foram 1,4% menores que as de um ano antes, as importações, 4% maiores e o superávit, 44,6% inferior. O sistema produtivo está emperrado e só o governo insiste em desconhecer esse fato.

30 maio 2012

Expansão do crédito



Expandir o crédito a 15% neste ano é fácil: basta o governo oferecer financiamentos subsidiados por meio dos bancos públicos, segundo o professor Márcio Garcia, do Departamento de Economia da PUC-Rio. O problema, frisa, é que os benefícios da estratégia podem ser pequenos diante dos custos.


É possível haver expansão de crédito a 15% neste ano?

Crédito é uma coisa fácil de dar, sobretudo se for subsidiado. Dinheiro barato todo mundo quer. Não vejo dificuldade de aumentar os desembolsos. Agora, o que se vai obter é outra questão. Os benefícios são muito pequenos. Os financiamentos do BNDES não aumentam o investimento agregado na economia e, do lado do consumidor, parece que as famílias já estão endividadas. Segundo os dados do Banco Central, o comprometimento médio da renda está em 22% ao mês, um nível já bastante elevado.

O efeito das medidas pode ser pequeno?

Pode não dar resultado para aumentar o consumo. E, se der, esse aumento pode não ser bom. No momento, pode-se resolver o problema de esvaziar os pátios das montadoras mas, em 2013, pode representar uma queda muito maior (nas vendas) por causa da inadimplência. A inadimplência (no crédito para veículos) era 2,49% em 2010 e agora está em 5,33%, segundo os dados do BC. É de preocupar.

A troca por dívidas com juros menores pode aliviar a inadimplência?

Isso é muito importante nos EUA, para imóveis. No Brasil, para trocar a dívida de um banco para outro, os custos de cartório são muito elevados. O governo estaria tomando iniciativas para reduzir esse custo, o que é benéfico. Vai incentivar a competição bancária.

Por que a ampliação do crédito não eleva investimentos?

Porque os entraves à produção no Brasil são muito grandes e se refletem na baixa produtividade e no elevado custo unitário do trabalho. O empresário olha e decide não investir, pois, apesar do dinheiro barato para o capital, no fim das contas, quando for produzir, pelo custo unitário, ele não consegue competir. E quando ele investe, muitas vezes, já tem os recursos. Então o empresário pega o dinheiro do BNDES, que é barato, e usa os recursos próprios para alguma aplicação financeira. Ou seja, o empresário não investe mais do que investiria. Só o dinheiro subsidiado não resolve o problema. A demanda da economia brasileira está fraca. Se aumentar a quantidade de crédito, ajuda, mas não resolve o problema. É como fazer uma transfusão de sangue num paciente que tem um problema maior.

22 dezembro 2011

Cinco Erros Cometidos ao Investir

Ao fazer um investimento, uma pessoa pode cometer alguns erros que poderiam ser evitados. As pesquisas em finanças comportamentais mostram, há tempos, alguns destes erros. A lista a seguir foi feita por Elie Rosenberg (You Just Made These 5 Investing Mistakes):



Ancoragem
Significa tomar a decisão baseada em um conjunto de variáveis, deixando de observar o todo. A ancoragem ocorre, por exemplo, quando você compra um automóvel e observar somente a quilometragem e o modelo. Outras variáveis relevantes não são consideradas. Uma pesquisa clássica mostrou que se os indivíduos colocassem os dois últimos números da previdência social isto afetaria a resposta das perguntas feitas a seguir.

Em finanças pessoais isto pode ocorrer quando o investidor considera que se o mercado deu um retorno de 40% no ano anterior este seria o patamar para este ano.

Confirmação
É a tendência que temos de interpretar as informações para “confirmar” nossa teoria. Um investidor que não gosta de ações de empresas estatais poderá considerar sua decisão acertada quando observa o desempenho da Petrobrás este ano. Outro investidor, que é avesso ao risco, poderá usar a informação do mercado acionário deste ano para “confirmar” sua decisão de não investir em ações

Excesso de Confiança
As pessoas geralmente se acham acima da média nas coisas que fazem.  É comum um investidor pensar que podem “ganhar do mercado”. Isto faz com que arrisque mais do que deveria nas decisões de investimento.

Um investidor que bateu o desempenho da bolsa de valores em 2010 pode achar que é mais esperto que o mercado; no ano seguinte, seu excesso de confiança pode fazer com que suas decisões sejam mais arriscadas mais do que deveria.

Reação Exagerada e Disponibilidade
Podemos mudar nossa forma de pensar com um evento; entretanto, muitas vezes este evento não possui uma ligação racional com as decisões que estão sendo tomadas. O viés da disponibilidade é atribuir um peso maior aos eventos recentes.

Geralmente ambos ocorreram quando os investidores reagem às notícias ruins. Se uma empresa anunciou que irá reduzir o preço dos seus produtos, isto poderá ter um efeito sobre a receita e seu resultado. Entretanto, se a redução do preço for sazonal, isto não deveria provocar efeito sobre o preço da ação.

Efeito Manada
É a tendência de seguir os outros investidores. Se as pessoas estão comprando ações, o investidor tende a alocar seus recursos no mercado acionário. Entretanto, geralmente nestes casos o investidor está entrando no mercado num momento de alta, e o seu lucro, se houver, será reduzido.

25 novembro 2011

Gafisa


Uma extensa reportagem do Estado de São Paulo mostra o que ocorreu com a Gafisa, uma das maiores construtoras do país, nos últimos anos. De estrela da bolsa, com direito a abrir capital nos Estados Unidos, a empresa teve redução no lucro, aumento no endividamento e redução no valor de mercado (leia-se, queda na cotação das ações). O trecho a seguir poderia, perfeitamente, ser usado numa aula de análise de balanços. Recomendo a leitura para aqueles que gostam do assunto:

(...) Consultores, analistas, concorrentes e conselheiros da própria empresa consultados pelo Estado concordam que o principal erro da Gafisa foi sua pressa em crescer. "O setor imobiliário utiliza capital intensivo. Quanto mais a empresa cresce, mais ela precisa colocar capital e aumentar sua alavancagem financeira", diz o analista de mercado imobiliário do Santander, Flávio Queiroz. "A Gafisa captou recursos e saiu comprando terrenos e lançando empreendimentos sem ter capacidade para executar", diz um consultor, que não quis se identificar.


No meio dessa corrida, comprou a Tenda, em setembro de 2008. Seria uma forma de entrar mais rápido no celebrado segmento de imóveis econômicos. Mas o legado de problemas da Tenda se mostrou maior do que a Gafisa imaginava. "Olhando para o passado, é fácil perceber que a aquisição da Tenda foi um erro", diz o conselheiro da Gafisa, Guilherme Affonso Ferreira. [Na foto abaixo, o grande erro da Tenda]


Segundo ele, muitos empreendimentos da construtora popular, principalmente os lançados antes de 2008, tiveram os custos subestimados, problemas para repassar os clientes para o banco e até entraves na documentação. "O sistema de triagem da Tenda não era o mesmo da Caixa Econômica Federal. A companhia tem cerca de 15 mil contratos que devem ser renegociados, de clientes ou projetos que não se enquadram no financiamento do banco", diz Ferreira.


No mercado imobiliário, em geral, os clientes pagam até 30% do preço do imóvel durante a obra, mas o custo para a construção do empreendimento pode chegar a 60% do valor geral de venda (VGV). A construtora só recebe o restante dos recursos após a entrega das chaves, quando transfere os clientes para o banco. Para os imóveis oferecidos à baixa renda, há uma linha de crédito associativo da Caixa Econômica que permite à construtora antecipar recursos durante a obra. Mas a maioria dos imóveis que a Gafisa herdou da Tenda não atendia aos pré-requisitos do banco e teve de ser financiada com dinheiro da empresa.


Isso atrasou as entregas dos projetos da Tenda, consumiu caixa e reduziu as margens da Gafisa. A empresa encerrou o mês de setembro com R$ 912 milhões em caixa, um volume 26% menor do que no mesmo período de 2010. Até setembro, a margem Ebitda atingiu 16%, o mínimo do guidance de 2011 e 3,6 pontos porcentuais abaixo dos nove primeiros meses de 2010.


‘Basta’. Mas agora a empresa resolveu dar um basta nessas perdas. No terceiro trimestre, foram lançados apenas dois empreendimentos com a marca Tenda, com 324 unidades e um VGV de R$ 49 milhões - uma redução de 90% em relação ao mesmo período do ano passado. E o corte pode crescer ainda mais, "De agora em diante, os novos projetos da Tenda serão realizados somente com o processo de repasse imediato para a Caixa", informou o presidente da companhia, Duilio Calciolari, em comunicado divulgado no último dia 14. Na prática, isso significa parar d empreendimentos da Tenda, com raras exceções, até reestruturar a operação, segundo o conselheiro Ferreira.


No mercado financeiro, a notícia de segurar os lançamentos foi bem recebida. "A compra da Tenda não funcionou como a Gafisa planejava. Insistir no erro é pior. Eles devem focar na geração de caixa", diz Queiroz, do Santander. Para ele, o plano de reestruturação da Gafisa deve surtir efeito e elevar a rentabilidade da empresa.


Uma das apostas da companhia para recompor o caixa é aumentar a participação da marca Alphaville. Os empreendimentos da marca, adquirida pela Gafisa em 2006, têm rentabilidade média de 50%, mais que o dobro da média da companhia. No terceiro trimestre deste ano, o volume de lançamentos cresceu 56% e somou 33% do total. A empresa já identificou 60 cidades com potencial de receber loteamentos da Alphaville em até cinco anos.


Ranking. Antes de a Gafisa divulgar que pretende enxugar sua operação, a ação da companhia derreteu. Só neste ano, os papéis caíram 55%. Hoje, está avaliada em R$ 2,4 bilhões. Em 2007, antes da aquisição da Tenda, o valor de mercado de Gafisa era de R$ 4,3 bilhões, segundo a Economática (veja quadro acima).


A Gafisa está há 57 anos no mercado, mas mudou de patamar depois da entrada da GP Investimentos. O fundo tirou a empresa de um período de crise e reestruturou sua gestão. À GP, em 2005, uniu-se o investidor americano Sam Zell, que comprou cerca de 30% da empresa - ele anunciou a venda de todas as ações neste ano.


Mas foi a abertura de capital que trouxe fôlego financeiro para o negócio. A empresa lançou suas ações na Bovespa em fevereiro de 2006 e, cerca de um ano depois, na Bolsa de Nova York. Em cada um dos IPOs arrecadou cerca de R$ 1 bilhão. Agora, vai dar dois passos para trás para depois dar um para frente.

Crise e Caixa

O efeito da crise financeira na estrutura de ativos das empresas:


A disparada do dólar, que passou de R$ 1,56 no fim do segundo trimestre deste ano para R$ 1,85 no fechamento do terceiro trimestre, elevou as dívidas atreladas à moeda americana e derrubou o lucro das empresas com ações negociadas em bolsa. A mudança levou as companhias a adotar um conservadorismo financeiro que resultou em corte e adiamento de investimentos para reforçar o caixa. (...)


"O caixa agora é o rei", diz o diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) José Ricardo Roriz Coelho. "Com a crise, houve um redirecionamento dos recursos. O dinheiro que era destinado ao investimento passou a ser usado pelas empresas como reserva de caixa, porque ninguém sabe o tamanho dessa crise nem quanto tempo ela vai durar." (...)

Empresas deixam de investir para fazer Caixa - Marcelo Rehder e Márcia De Chiara, de O Estado de S.Paulo  

Ou seja, estão trocando ativos não circulantes por disponibilidades.