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25 novembro 2011

Crise e Caixa

O efeito da crise financeira na estrutura de ativos das empresas:


A disparada do dólar, que passou de R$ 1,56 no fim do segundo trimestre deste ano para R$ 1,85 no fechamento do terceiro trimestre, elevou as dívidas atreladas à moeda americana e derrubou o lucro das empresas com ações negociadas em bolsa. A mudança levou as companhias a adotar um conservadorismo financeiro que resultou em corte e adiamento de investimentos para reforçar o caixa. (...)


"O caixa agora é o rei", diz o diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) José Ricardo Roriz Coelho. "Com a crise, houve um redirecionamento dos recursos. O dinheiro que era destinado ao investimento passou a ser usado pelas empresas como reserva de caixa, porque ninguém sabe o tamanho dessa crise nem quanto tempo ela vai durar." (...)

Empresas deixam de investir para fazer Caixa - Marcelo Rehder e Márcia De Chiara, de O Estado de S.Paulo  

Ou seja, estão trocando ativos não circulantes por disponibilidades.

27 abril 2010

O Caixa da Petrobrás


A figura mostra o saldo de disponibilidades da Petrobrás. A maior empresa brasileira já chegou a ter mais de R$20 bilhões em caixa. Mas no período do gráfico observa-se uma grande variação na disponibilidade. É interessante notar que esta variação não se deve a sazonalidade, já que no final de setembro a empresa já chegou a ter 7 bilhões de reais (em 2007) e também 21 bilhões (em 2009). Nos treze trimestres do gráfico, a média da disponibilidade foi de 13 bilhões, mas o desvio-padrão ficou em 5 bilhões de reais.

Uma possível explicação pode estar na demonstração dos fluxos de caixa. No ano de 2007 a empresa gerou 40 bilhões de caixa das operações. No ano seguinte, o valor foi de R$55 bilhões, razoável diante do crescimento da receita da empresa. Mas em 2009 a geração de caixa caiu pela metade, para R$23 bilhões. Para cobrir esta diferença, a empresa, que tinha fluxo das atividades de financiamento negativo – indicando que estava pagando seus financiadores – passou a ter um valor positivo, de menos 17 bilhões em 2008 para 28 bilhões, positivo, em 2009.

06 outubro 2006

A Ford está queimando seu caixa

Reportagem do Wall Street Journal comenta as dificuldades da Ford.

Com despesas em alta, caixa da Ford começa a cair e a preocupar analistas
October 6, 2006 4:05 a.m.

Por Jeffrey McCracken e Dennis K. Berman
The Wall Street Journal

Enquanto a Ford Motor Co. tenta novamente uma reviravolta, um assunto que vem atraindo atenção especial é a situação apertada de caixa da montadora, que já a obrigou a eliminar dividendos e pode levar à venda de ativos ou outras mudanças num futuro próximo.

A Ford está iniciando sua última reestruturação com uma razoável reserva financeira: quase US$ 23 bilhões. Essa quantia, porém, está abaixo dos US$ 25 bilhões do começo de 2006 e provavelmente continuará caindo até o final deste ano e início do próximo.

Analistas e empresas de classificação de crédito dizem que o custo de encolher a Ford está ficando maior conforme a montadora acumula gastos com rescisões de contratos por demissões em massa, aposentadoria antecipada e planos de demissão voluntária numa tentativa de eliminar aproximadamente 44.000 funcionários até o final de 2008. As metas da Ford são cortar empregos, fechar diversas fábricas e tornar a montadora rentável na América do Norte até 2009.
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O diretor financeiro da Ford, Don Leclair, diz que o caixa bruto das operações automobilísticas da empresa vai cair até o fim do ano para cerca de US$ 20 bilhões — um resultado suplementado por US$ 3,4 bilhões sacados de um fundo criado pelos funcionários para pagar custos de assistência médica para aposentados. Em 2006 a Ford gastará surpreendentes US$ 8,4 bilhões.

As ações da Ford, que até um ano atrás estavam sendo negociadas a US$ 10 cada, caíram para US$ 6,19 em julho último mas recuperaram-se e flutuaram entre US$ 8 e US$ 9 no último mês. Elas caíram mais de US$ 1 em 15 de setembro, quando a montadora divulgou seu último plano de reestruturação. Seu valor de mercado está na casa dos US$ 16 bilhões.

Só um dos 15 analistas que cobrem a Ford tem uma recomendação de "compra" para a empresa, de acordo com a Thomson Financial. As outras 14 recomendações variam entre "manter" e "vender". Em média, eles prevêem para a Ford em 2007 um prejuízo de US$ 0,23 por ação, comparada com lucro de US$ 4,36 por ação da General Motors e US$ 8,45 na Toyota.

Os custos de reestruturação, juntamente com o enorme corte de produção de veículos e os já esperados e sempre crescentes prejuízos trimestrais continuarão minando o caixa da Ford, fazendo com que a venda de ativos como as marcas Jaguar ou Land Rover e até mesmo a Ford Motor Credit, tornem-se inevitáveis, dizem analistas.

"Ao partir para uma tentativa de recuperação como esta, fica claro que a Ford irá gastar muito dinheiro em 2006 e 2007 entre reestruturação e custos operacionais. Eles ainda gastarão muito dinheiro antes de verem os benefícios do plano," diz Bruce Clark, vice-presidente da Moody's Investors Service, que na semana passada abaixou a classificação da dívida da Ford para B3, ou seja, seis graus abaixo no nível de investimento.

"Bem, se o plano não começar a dar resultados, eles continuarão queimando dinheiro e se precisarem fazer outra reestruturação como essa, não terão mais folga financeira. Eles têm de acertar desta vez.", diz Clark.

Ele diz que a Ford tem "um razoável colchão" de caixa, mas alerta que ele pode ser torrado rapidamente. Clark diz que a probabilidade de não pagamento da dívida das empresas B3 é de aproximadamente 26%.

Se o caixa tornar-se de fato uma preocupação, a Ford tem diversas, e ainda pouco discutidas, opções para o problema, de acordo com pessoas a par da situação. Uma das opções é começar a emitir títulos de dívida.

Uma outra opção ainda, segundo uma pessoa familiarizada com o problema, seria vender participações nas subsidiárias internacionais da Ford Motor Credit (Banco Ford). A empresa financeira tem operações na América Latina, Europa e na Ásia.

Eric J. Selle, do J.P.Morgan, diz em um relatório que a Ford está sendo otimista ao dizer que espera ter US$ 20 bilhões em caixa até o fim do ano, e estima que a montadora poderia ganhar até US$ 3,1 bilhões com a venda das marcas Aston Martin, Jaguar e Land Rover, com esta última arrecadando quase US$ 1,9 bilhão. Ele espera que estas marcas sejam vendidas nos próximos 12 meses.