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31 janeiro 2022

Cinco Motivos para ter Orgulho da Contabilidade

Em uma roda de amigos, você precisa de argumentos para vangloriar da profissão que escolheu. Ou então, você comunica aos seus pais a escolha da profissão e eles não entendem. Em um encontro, você diz o que faz e precisa mostrar que isto pode ser importante. Bom, depois de alguns poucos anos na profissão (afinal, nem todo mundo me conhece) eu fiz uma lista de argumentos para que você possa se orgulhar de trabalhar com contabilidade. 

Eis a minha lista dos CINCO MOTIVOS PARA TER ORGULHO DE TRABALHAR COM CONTABILIDADE:

1. O primeiro nome que os historiadores conhecem, ou seja, o nome que está no registro mais antigo já encontrado, é de um contador. Apareceu em uma relíquia arqueológica, encontrada na cidade de Uruk. Há uma registro de cevada recebido por Kushim, que é o primeiro nome da história que conhecemos. Não é um general ou um rei. Mas é um contador. Aproveite e cite que isto está no livro Sapiens, de Hariri. 

2. Se você tivesse que citar os dois maiores escritores da língua portuguesa, quem você citaria? A lista pode ser controversa, mas provavelmente Machado de Assis e Fernando Pessoa seriam lembrados. Sabe o que eles possuem em comum? Ambos trabalharam com contabilidade. Machado de Assis trabalhou no Ministério de Obras e Viação e foi responsável pelas contas públicas da repartição. Há trabalhos que mostram este fato. Fernando Pessoa chegou a ser editor de um periódico de contabilidade. 

3. Já que estamos falando de pessoas conhecidas, durante muito tempo a contabilidade foi um porto seguro para artistas que não sabiam o que desejavam da vida. No Brasil há uma extensa relação de pessoas que estudaram contabilidade, inclusive fizeram o curso de técnico em contabilidade: Milton Nascimento, Paulinho da Viola e Zico. Está bom, pois a lista é grande. Lá fora também temos artistas como Mick Jagger, Kenny G ou John Grisham. 

4. A contabilidade foi um dos fatores responsáveis pela expansão do capitalismo. No livro A Mensuração da Realidade, Crosby aponta três fatores responsáveis pela quantificação da sociedade ocidental, no período anterior à revolução industrial: a pintura, a música e a contabilidade. O economista político Sombart, que viveu entre 1863 e 1941 destacou o papel da contabilidade no processo do surgimento e consolidação do capitalismo. E Sombart não foi o único a fazer esta ligação. 

5. Há uma ligação entre a boa contabilidade e o desenvolvimento de um país. Segundo as palavras de Soll, no livro The Reckoning, "se há alguma lição histórica a ser aprendida aqui, é que as sociedades que conseguiram aproveitar a contabilidade como parte da sua cultura geral, floresceram". As evidências mostram que levar a contabilidade a sério permitiu que a Grécia, Roma, as cidades italianas, Holanda, entre outras civilizações, pudessem aproveitar melhor seus recursos e desenvolver. Quando não fizeram, a ruína chegou rápido. 

Com estes cinco argumentos é impossível que as pessoas não respeitem sua escolha. E certamente irão entender o motivo do seu orgulho. Use e abuse. Eis a cola:



Mais um capítulo na fraude HP Autonomy


A distância temporal entre as notícias de um escândalo contábil e o seu término parece muito longa. Na última semana, um destes casos ter mais um capítulo adicionado: o caso HP Autonomy. 

Recapitulando em poucas palavras: a empresa HP resolveu adquirir a empresa de software Autonomy diante dos números que foram apresentados. Após o processo, a HP descobriu que muitos valores eram manipulados. A HP entrou na justiça, processando o empresário Mike Lynch (foto). Isto ocorreu em 2011. 

As notícias de agora dizem respeito ao processo de fraude que a HP moveu contra Lynch. O empresário perdeu a ação, segundo o julgamento de um Tribunal britânico. A HP queria um valor de 5 bilhões de dólares por danos, mas obteve um valor menor. Em 2011, Lynch ganhou 800 milhões pela venda e alegava que a HP geriu de maneira inadequada a Autonomy. Mas a justiça entendeu que realmente ocorreu manipulação nos números passados da receita da empresa, incluíndo resultado negativo na venda de software.

Links

Telefones que menos perdem valor de mercado após um ano de uso: iPhone, cerca de 1/3 do valor

Tesla aumentou a receita e obteve um lucro - mais ainda sob desconfiança (gráfico)

A censura do algoritmo - Vale do Silício acabou admitindo que estava de fato censurando ativamente as vozes que estão fora do consenso convencional


Transição energética - para emissão zero - precisará de 9 trilhões de investimentos anuais ou 1/10 do valor do PIB, segundo estimativa da McKinsey - o texto tem uma crítica para estimativa e para o objetivo de emissão zero. 

Rir é o melhor remédio

 

Na loja de produtos mágicos, uma venda ruim. 

30 janeiro 2022

Crises Financeiras são Previsíveis

 Pesquisadores de Harvard mostram que crises financeiras são previsíveis, o que contraria o senso comum. Eles mostraram que , em dois setores distintos da economia,  a combinação de rápido crescimento do crédito e de ganhos nos preços dos ativos durante os três anos anteriores está associada a uma probabilidade de 40% de entrar numa crise financeira nos próximos três anos. Isso é importante, pois motiva a adoção de políticas macro-prudenciais que evitem esses ciclos de expansão e crise.


Resumo:

Using  historical  data on  post-war  financial  crises around  the world,  we show  that  crises are substantially  predictable.  The  combination of  rapid credit  and asset  price  growth over  the  prior three  years,  whether  in the  nonfinancial  business  or  the  household  sector,  is associated  with  about a  40%  probability of  entering a  financial  crisis  within the  next  three  years.  This  compares  with  a roughly 7%  probability  in normal  times, when  neither  credit  nor  asset  price  growth has  been elevated.  Our  evidence cuts against  the view  that  financial  crises are unpredictable  “bolts from  the sky”  and points  toward the  Kindleberger-Minsky  view  that  crises are the byproduct  of  predictable, boom-bust  credit  cycles.  The  predictability we  document  favors  macro-financial policies  that  “lean against  the  wind”  of  credit  market  booms. 


Greenwood, Robin, Samuel G. Hanson, Andrei Shleifer, and Jakob Ahm Sørensen. "Predictable Financial Crises."  Journal of Finance.2022





História da Contabilidade: Registro Profissional nos anos 40 mostra o domínio da profissão

O curso de contabilidade é um dos mais procurados nos dias de hoje no Brasil. Mas há oitenta anos o profissional com diploma de contador também era bastante demandado. Eis uma estatística de registro de diploma no Ministério da Educação e Saúde:

Fonte: Anuário Estatístico do Distrito Federal, ano 1941, edição 9

Quando a estatística é apresentada de forma mais detalhada temos 1.343 como contador e 140 como guarda-livro, sendo que estes números estão relacionados somente com o ensino comercial. Era uma profissão tipicamente masculina, já que 87% dos diplomas registrados do ensino comercial eram homens. Existia também uma concentração regional, com 44% dos números originários de São Paulo, 24% do Distrito Federal (a cidade do Rio de Janeiro), 8,3% do Rio Grande do Sul e 5,7% em Minas Gerais. 

O predomínio do registro de contador no Ministério é tamanho que alguns anos depois, entre 1949 e 1953, a profissão ainda detinha o título de maior número de registro. O Anuário - que a Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional registra como sendo de 1949 (1) - traz a seguinte estatística:

Os dados dizem respeito ao ano de 1949, 1950, 1951, 1952 e 1953, nesta ordem. 

Para fins comparativos, o total destes anos: 11.259, 11.825, 16.409, 16.886 e 18.915. Veja que o percentual de registro de guarda-livros e técnico evoluiu da seguinte forma: 33% em 1949 e 40% em 1953. Isto mesmo: quarenta por cento dos registros eram de guarda-livros e técnico. Éramos um país do técnico em contabilidade.     


29 janeiro 2022

Rir é o melhor remédio

 

Muita diversão para fazer esta mensagem fake. (1) notem que a bateria está acabando e o sinal da rede está baixo (2) a fotografia é de Ponzi, um picareta famoso (3) Espoir Inutile é francês ou "esperança inútil" (4) o empresário, quando falou em "segunda opinião" obviamente pensava em contratar outro auditor e não ter mais esta notícia ruim. 

Livremente inspirado em:



28 janeiro 2022

Custo do voo espacial


(Clique na imagem para ver melhor)

Em 21 de dezembro de 2021, o foguete Falcon 9 da SpaceX lançou uma cápsula de carga para entregar suprimentos e presentes de Natal aos astronautas na Estação Espacial Internacional.

Apenas oito minutos após a decolagem, o primeiro estágio do foguete retornou à Terra, aterrissando em um dos navios drones da SpaceX no Oceano Atlântico. Isso marcou o 100o pouso bem-sucedido da empresa.

Como outras empresas, como a Blue Origin de Jeff Bezos e a Ball Aerospace, a SpaceX está projetando e construindo naves espaciais inovadoras que estão acelerando o transporte espacial, tornando-o mais rotineiro e acessível. Mas quanto custa lançar um foguete de carga no espaço e como esse custo mudou ao longo dos anos?

No gráfico acima, examinamos o custo por quilograma para lançamentos espacial em todo o mundo desde 1960, com base em dados do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.

A corrida espacial

O século 20 foi marcado pela competição entre dois adversários da Guerra Fria, a União Soviética (URSS) e os Estados Unidos, para alcançar uma capacidade superior de voo espacial.

A corrida espacial levou a grandes avanços tecnológicos, mas essas inovações tiveram um custo alto. Por exemplo, durante a década de 1960, a NASA gastou US $ 28 bilhões para levar os astronautas na lua, um custo hoje equivalente a cerca de US $ 288 bilhões em dólares ajustados pela inflação.

Nas últimas duas décadas, as empresas de startups espaciais demonstraram que podem competir contra empreiteiros aeroespaciais pesados como Boeing e Lockheed Martin. Hoje, o lançamento de um foguete SpaceX pode ser 97% mais barato que o custo de uma viagem russa na Soyuz nos anos 60.

A chave para aumentar a eficiência de custos?

Os reforços de foguetes SpaceX geralmente retornam à Terra em boas condições para poderem ser reformados, o que economiza dinheiro e ajuda a empresa a reduzir os preços dos concorrentes.

Turismo espacial

Embora a concorrência tenha reduzido os preços dos voos de carga, o transporte espacial humano ainda é caro.

Nos últimos 60 anos, cerca de 600 pessoas voaram para o espaço, e a grande maioria delas foi astronauta do governo.

Para uma viagem suborbital no SpaceShipTwo da Virgin Galactic e no New Shepard da Blue Origin, os assentos normalmente custam de US $ 250.000 a US $ 500.000. Voos além disso para órbita real - uma altitude muito maior - são muito mais caro, alcançando mais de US $ 50 milhões por assento.

O futuro do vôo espacial

Em um folheto da SpaceX, o diretor, Benji Reed, disse: “Queremos tornar a vida multi-planetária, e isso significa colocar milhões de pessoas no espaço."

Isso ainda pode parecer um exagero para a maioria das pessoas. Mas, dado o custo decrescente dos vôos espaciais nas últimas duas décadas, talvez o céu não vai seja o limite em um futuro próximo.

Fonte: Visual Capitalist

Amigo secreto dos blogueiros


Finalmente a brincadeira anual do amigo secreto aconteceu. O livro digital foi a escolha preferida, embora tenhamos tido livros físicos. O resultado final foi o seguinte:

Cláudia => Sandro => Vladmir => César => Alexandre => Poliana => Felipe => Orleans => Cláudia. 

No meu caso, recebi o livro digital The Family Firm, de Emily Oster. O meu amigo solicitou Ruído. 

O interessante é que o livro digital pode ser encaminhado de forma anônima, o que torna a brincadeira mais misteriosa. Na foto, no sentido horário: Poliana, Sandro, eu, Orleans, Felipe, Alexandre e Cláudia. 

Rir é o melhor remédio

 

senha óbvia

27 janeiro 2022

Novos membros do ISSB

Após a nomeação do chairman do ISSB, o francês Emmanuel Faber, a Fundação IFRS anunciou a nomeação de Sue Lloyd (foto) para ocupar o cargo de vice-presidente na nova entidade. 

Lloyd é uma figura muito conhecida na área contábil, atuando na Fundação desde 2014. Atualmente é vice-presidente do Iasb e presidente do comitê de interpretações. Além dela, a Fundação anunciou Janine Guillot como assessora especial da presidência da ISSB. Guillot é originária da VRF, uma entidade que atua na área de sustentabilidade e que será absolvida pela ISSB. 

O mandato de Lloyd será de quatro anos. Naturalmente que ainda faltam os demais membros 

Steinhoff luta para sobreviver

A empresa Steinhoff, com sede na África do Sul, está lutando para sobreviver. No centro de um escândalo contábil, que tratamos no blog diversas vezes (aqui) ou como estudo de caso no livro Curso Prático de Contabilidade (co-autoria com Fernanda Fernandes Rodrigues), a empresa fez aquisições erradas, provavelmente vítima de executivos que tomaram decisões contrárias ao interesse dos acionistas. 

Em 2021 a empresa conseguiu recursos de seguros, pouco para o tamanho do problema. Mas ano novo, vida nova e a empresa começou a pagar investidores que foram lesionados com o escândalo contábil. A conta é de 1,4 bilhão de euros. Parece muito, mas o total de solicitações de indenizações chega a 8 bilhões. 

Transcrevo a seguir uma postagem que resume os problemas da empresa:

Steinhoff International talvez seja uma empresa desconhecida de muitos brasileiros. Mas com mais de 90 mil empregados, segundo dados de 2015, a empresa atua no ramo de comércio de mobiliário e produtos para casa, com operação na Europa, África, Ásia, Estados Unidos e Nova Zelândia.

Originalmente é uma empresa alemã, fundada em 1964. Em 1997, a Steinhoff comprou parte de uma empresa da África do Sul e terminou por mudar sua sede, atraída pelos baixos custos de produção. Também tornou-se uma empresa com ações negociadas na bolsa de Joanesburgo. Na década seguinte, a empresa comprou a empresa Conforama, com atuação em diversos países da Europa e mais de 200 lojas. Em dezembro de 2015 passou a ter ações negociadas na bolsa de Frankfurt, embora a gestão continuasse na África.

Sua atuação cobre mais de 30 países, 40 marcas, com uma forte presença na Europa. No dia 8 de dezembro a empresa informou que estava cancelando uma reunião anual com banqueiros em Londres, originalmente marcada para esta segunda, reprogramando para o dia 19 de dezembro. Dois dias antes, no dia 6 de dezembro, seu principal executivo tinha renunciado ao cargo depois que a empresa anunciou irregularidades contábeis. Além disto, a empresa informou que estava adiando a divulgação dos relatórios contábeis.

Na quinta, a empresa também anunciou que estaria vendendo algumas unidades, o mais rápido possível, para manter sua liquidez, em um comunicado dúbio. O mercado acionário reagiu a falta de transparência e a possibilidade de grandes perdas em razão das irregularidades contábeis. Em junho as ações da empresa eram negociadas a 5 euros. Em agosto, diante da notícia que promotores alemães estariam investigando a empresa por inflar receitas de suas subsidiárias, a ações começaram a cair, chegando a 3 euros no início da semana passada. Na quarta, diante da confirmação das irregularidades contábeis, as ações caíram para 1 euro, chegando a 0,47 euros na sexta. Em termos de valor de mercado, a queda foi de 18 bilhões de euros para 2 bilhões de euros entre junho e agora.

A figura abaixo mostra o comportamento dos bônus da empresa.


Os problemas da empresa parecem envolver empresas de executivos e certas parcerias que o grupo assumiu que comprometeu o fluxo de caixa para os acionistas. A empresa de auditoria responsável pelas contas da Steinhoff é a Deloitte e as autoridades da África do Sul já solicitaram uma investigação para entender a responsabilidade da Big Four.

Regulador na mídia social


Parece que a relação entre regulação e mídia social começa a ser objeto de interesse para a contabilidade. Eis uma pesquisa: 

This paper presents the first evidence of the effect of financial regulators’ social media use on corporate and individual behavior. Using the staggered launch of U.S. Securities and Exchange Commission (SEC) regional offices’ Twitter accounts, I find that financial regulators’ presence on social media reduces opportunistic insider trading, customer complaints against investment advisers, and financial misreporting. Additional tests suggest that the salience and dissemination of regional offices’ enforcement activities via Twitter play a role. The deterrence effect of SEC regional offices’ Twitter use is concentrated among offices with more followers, firms with more retail investors, and advisers with more retail clients. I also show that investors react more strongly to enforcement actions after the enforced firm’s regional office initiates Twitter use. Taken together, the results suggest that financial regulators’ use of social media helps deter misconduct. 


Outro texto, analisa o caso específico de Musk

Rir é o melhor remédio

 

Criatividade, com um velho tema

26 janeiro 2022

Bandeira como ativo - parte 2


Em 2020, em postagem no blog, comentamos sobre a possibilidade de uma bandeira ser um ativo. 

A bandeira de um país ou de um povo pode ser considerada um ativo? Talvez falte aqui a característica da geração de riqueza. Se eu uso uma bandeira, não irei pagar royalties pelos lucros obtidos. Bem, há uma exceção, pelo menos: a bandeira dos aborígines da Austrália. 

Esta bandeira foi criada por Harold Thomas, em 1971, e tornou-se o símbolo dos povos aborígenes. Mas Thomas registrou sua criação e cobra royalties pelo seu uso (cerca de 20% [de quê, o texto não diz]). Assim, para Thomas, a bandeira pode ser considerada uma ativo.

Agora a notícia que o governo da Austrália negociou com Harold Thomas a aquisição dos direitos da bandeira e irá permitir que as pessoas utilizem a mesma sem a necessidade de efetuar nenhum pagamento. 

Youtube retira o "não gostei"

Recentemente o Youtube, do Google, que hospeda este blog, retirou dos vídeos a numeração da quantidade de "não gostei" ou "dislike". É possível instalar a função através de uma extensão, mas o usuário comum provavelmente não irá fazê-lo. Pode parecer pouca coisa, mas a internet lembro que a ausência desta informação pode ser um problema. Veja um meme:

Ao não saber que um canal que ensinava a fazer bolo tinha um grande número de "não gostei", talvez sua escolha não tenha sido tão adequada assim. O meme a seguir mostra a situação onde um milhão de likes para o Simpson disfarça os 19 milhões de dislikes. 



Links

 Vinho tinto pode ajudar no combate à Covid?

Brasil recebe convite para entrar na OECD 

Fraude foi um fator importante para crise de 2008

Tendências para 2022 para contabilidade e finanças 

Rir é o melhor remédio

 


Corte de imposto e criptomoeda como intangível

25 janeiro 2022

Aula de Comércio de Lisboa

Miguel Gonçalves publica um artigo muito relevante sobre a história da contabilidade na Enfoque Contábil. Eis o resumo:

O artigo apresenta, de forma inédita, o discurso pronunciado em Lisboa em 21 de Agosto de 1776 por Alberto Jaquéri de Sales (1731-1791), professor da Aula do Comércio (AC), por ocasião da inauguração do quinto curso da AC. Nesse ano, a AC registou o maior número de alunos matriculados da história da instituição, 307 no total. A literatura contém diversas referências a este documento impresso em 1776, mas, por circunstâncias desconhecidas, o opúsculo parece não constar do acervo documental das principais bibliotecas portuguesas; e tampouco a localização do folheto é fornecida pela literatura de forma precisa, pelo menos tanto quanto é do nosso conhecimento. Desta forma, este estudo visamostrar à comunidade o documento que persiste mais ou menos desencontrado com a história da contabilidade portuguesa e que se localizou no Catálogo de Miscelâneas da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra. Aproveita-se também a oportunidade para dar conhecimento de uma fotografia da AC, datada de 1894 (que se crê inédita no âmbito do tema AC), a qual mostra o edifício em Lisboa onde a escola se instalou e funcionou de 1759 a 1768

Lembrando que Portugal partiu, de forma tardia, na adoção das partidas dobradas. Mas foi a primeira nação a abrir uma escola de ensino formal da contabilidade, a Aula de Comércio. 

Eis a fotografia:

No mesmo periódico, um artigo sobre a obra de Bernardo Cotrugli, o primeiro autor de contabilidade conhecido. Cotrugli, ao contrário de Pacioli, não imprimiu sua obra e por isto o seu pioneirismo perdeu relevância. Além disto, enquanto a obra de Pacioli teve muita influência nas gerações seguintes, o livro de Cotrugli não foi tão relevante. 

Proporção, racionalidade e contabilidade


Em uma entrevista, o professor Paulo Quattrone lembra da origem da palavra proporção

A palavra racionalidade vem de proporção. Proporção, em latim, significa duas coisas. Uma é a razão, então a proporção. Para ser racional, você precisa ser equilibrado, precisa ser proporcionado. Dois é conta, porque conta dá a ideia de simetria e equilíbrio (...) Uma coisa interessante também é que nos primeiros tratados contábeis (...) para explicar àqueles que estão lendo esses tratados sobre o que era a contabilidade, um exemplo usado é a metáfora do espelho. 

A entrevista é longa e há mais conteúdo lá, mas lembro que o nome do primeiro livro de contabilidade impresso chamava-se Summa de arithmetica, geometria, Proportioni et proportionalita.

Rir é o melhor remédio

Projeção usando Excel
 

24 janeiro 2022

Contabilidade para o mercado e para o fisco


A existência de duas regras contábeis, uma para o mercado e outra para o fisco, resultou em uma proposta de tributação baseado no resultado do mercado nos Estados Unidos. Alguns políticos e comentaristas perceberam que grandes empresas geram muito lucro, mas pagam pouco imposto. Assim, surgiu a proposta de um imposto mínimo sobre o lucro apurado para fins de divulgação para o mercado. 

Surgiram alguns argumentos de que a apuração do resultado para o mercado, baseada nos princípios de contabilidade, o GAAP, seria politizada com a adoção do imposto sobre o resultado. O promarket apresentou alguns pontos favoráveis a tributação do resultado para o mercado. Segundo Ramanna, o autor do texto, as empresas hoje possuem fortes incentivos para exagerar nas receitas da contabilidade financeira, melhorando os resultados para os investidores e, com isto, aumentando o preço das ações. Também nos dias atuais, as empresas possuem incentivos para reduzir a receita para o fisco, para reduzir o imposto de renda. 

Eis um trecho que achei interessante:

Quanto ao argumento da politização, a criação de regras do GAAP já é política devido às suas enormes implicações financeiras, mas às vezes tão pouco competitiva que os interesses especiais das empresas podem prevalecer sem muita luta. De fato, há quase trinta anos. acadêmicos têm alertado que as regras que definem a receita do GAAP estão sendo silenciosamente diluídas para serem menos "prudentes" (...). Diferentemente das regras de contabilidade tributária, que são marteladas ruidosamente nos corredores de um Congresso dividido, sob os holofotes da mídia e do escrutínio do IRS, as regras de contabilidade do GAAP dos EUA são feitas por uma organização privada, em um parque de escritórios gentil, no subúrbio arborizado de Connecticut. 

Eis um exemplo contrário as regras GAAP (que correspondem as regras do Fasb):

em janeiro de 2009, mesmo quando o mundo ainda estava sofrendo de uma crise financeira que ameaçava enviar a economia para uma segunda Grande Depressão, o conselho privado de criação de regras do GAAP revisou seus próprios padrões para remover a necessidade de que a receita de contabilidade financeira seja "confiável" ou "verificável".”

Ebitda e FCO são iguais?

 Eis um resumo de uma pesquisa:

O objetivo desta pesquisa é analisar a relação entre o uso Fluxo de Caixa Operacional (FCO) e o indicador EBITDA (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation e Amortization) das empresas de capital aberto com negociações na B3 (Brasil, Bolsa e Balcão). Para os indicadores escolhidos, é testada a série história de 2013 a 2019, compreendendo uma amostra de 250 empresas de capital aberto no mercado brasileiro. A coleta de dados ocorreio por meio da Economatica e os testes estatísticos foram realizados pelo programa STATA para as análises das estatísticas descritivas, teste de médias, correlação e modelo de regressão. Os resultados indicam que o indicador EBITDA e o Fluxo de Caixa Operacional (FCO) apresentam diferença na comparação entre as médias da amostra. Além disso, os resultados mostram uma relação significativa entre ambos, indicando que o uso do EBITDA está atrelado ao Fluxo de Caixa Operacional para análise do potencial de geração de caixa, inclusive na maioria dos setores da B3. A contribuição deste estudo é de que as empresas brasileiras de capital aberto apresentam uma relação significativa entre o EBITDA e o FCO, entretanto existe uma diferença expressiva na média, evidenciando que no mercado brasileiro o EBITIDA não é considerado proxy do FCO. 

Eis o resultado principal:
Como os testes foram feitos com valores absolutos, sem levar em conta o ano, talvez fosse interessante ver se haveria mudança caso os dados fossem relativizados. Pesquisa futura, quem sabe.

Rir é o melhor remédio


 Três tipos de pessoas: que usam marcadores, os monstros e, óbvio, os que não leem. 

23 janeiro 2022

Retorno SP&P 500 por setor

 




História da Contabilidade: Ensino técnico em 1942

Um texto de Josué Montello, que é descrito como técnico de educação e substituto eventual do Diretor do Ensino Comercial, publicado no Illustração Brasileira, de 1942, edição 81, p. 41 e 42, traz informações sobre o Ensino Comercial no Brasil. É bom lembrar que em 1942 não existia o curso superior de contabilidade, a profissão não tinha uma entidade vinculada ao governo – o CFC foi criado alguns anos depois – e o país vivia uma ditadura.

Vou transcrever a seguir o trecho mais importante:

Foi a Republica (1) que deu ao ensino comercial um caminho mais seguro, libertando-o de caprichos empiricos e imprimido-lhe ritmo de eficiência consideral. É em 1905 que a Republica tem sobre esse ensino a sua primeira lembrança, consubstanciada em lei memoravel. Havia, então, no país, duas importantes casas de ensino (2) onde se formavam os homens que amavam as finanças e o comercio; a Academia de Comercio do Rio de Janeiro, no Distrito Federal, e a Escola Pratica de Comercio, em São Paulo, ambas fundadas em 1902. Em Janeiro de 1905, Rodrigues Alves, então presidente da Republica, declara de utilidade publica as duas escolas e reconhece como de carater oficial os diplomas por elas conferidos. Depois dessa deliberação – que é, por assim dizer, o marco de uma nova etapa do ensino tecnico de comercio em nossa terra – somente mais de vinte anos depois seria modificada, com o decreto 17.329, de 1926, a primitiva estrutura do plano de estudos nas Escolas de Comercio sob reconhecimento oficial. Quatro anos depois, em 1031, o Ministro Francisco Campos, numa visão muito feliz da realidade brasileira (3), reorganizou, pelo Decreto 20.158, o ensino comercial, e deu-lhe a orientação ainda hoje seguida.


A seguir o texto caracteriza o ensino comercial no Brasil, distribuído no curso propedêutico (de três anos, como um curso fundamental, com disciplinas gerais como Português, Francês, Inglês, Matemática, História e Caligrafia), o Curso Técnico, o Curso Superior de Administração e Finanças e o Curso de Auxiliar de Comercio. O curso técnico eram cinco: curso de secretariado, de guarda-livros, de administrador-vendedor, de atuário e de perito-contador. Sobre o curso de guarda-livros, em dois anos:

está constituido das seguintes disciplinas: Contabilidade, Matematica Comercial, Noções de Direito Comercial, Estenografia, Mecanografia, Legislação Fiscal e Tecnica Comercial e Processos de Propaganda.

Os cursos de atuário e perito-contador possuíam uma duração de três anos.

(1) optamos por manter a ortografia da época

(2) existiam outras casas de ensino no país. Uma pequena discussão pode ser encontrada aqui

(3) já comentamos aqui que a “visão muito feliz” do ministro Campos teve resistência na categoria

Custo e benefício


Eis uma aplicação - talvez um pouco simplista - da análise custo-benefício. Trata-se dos fiscais de bagaens de voos internacionais. O TCU questiona esta atividade: 

O gasto apresentado pelo Fisco à Corte de Contas foi de R$ 81,2 milhões por ano com salários de 247 servidores da Receita para R$ 38,7 milhões em valores retidos, além de R$ 7,3 milhões em 9.006 ocorrências em 2020, último dado apresentado. O total de bens declarados foi de R$ 1,68 bilhão. Em 2018, a retenção foi de R$ 115,97 milhões, valor que caiu para R$ 58,23 milhões em 2019. Nesses dois anos, não havia a pandemia, e o transporte aéreo funcionava normalmente.

Parece que o custo total não foi mensurado - tempo perdido pelo contribuinte em uma fila é um dos problemas, assim como os benefícios - a falta de fiscalização pode ter um efeito demonstração negativo. 

Rir é o melhor remédio

 Nem sempre é fácil encontrar piadas sobre contabilidade. É um assunto muito sério? Bom, eis uma piada do jornal Atualidades, de Santa Catarina, edição 6, de 1948:

21 janeiro 2022

Maiores Startups

 


KPMG e os problemas na ilha


Uma criança não estudou para prova e tirou nota abaixo da média. Um quatro. Ao levar o boletim para seu pai, o menino mudou o quatro por um nove. Qual foi o delito mais grave: não ter estudado ou ter enganado seu pai? O leitor pode pensar neste caso quando falamos do grande problema com a KPMG no Reino Unido. A empresa de auditoria, uma das maiores do mundo, é o menino da situação acima: além de não ter estudado, tentou passar uma visão enganosa do seu desempenho.

No caso da KPMG o problema começou com suas falhas com a auditoria que a empresa fez na Carillion. O problema é que a Carillion fracassou e a KPMG não percebeu que foi enganada na sua tarefa de auditor. Mas ao ser questionada pelo Financial Reporting Council (FRC), a entidade que seria responsável por fiscalizar as auditorias no Reino Unido, a KPMG fez igual ao menino do boletim: trocou o quatro pelo nove. No caso da KPMG, a empresa de auditoria, e alguns dos partners – os mais importantes funcionários de uma empresa como a KPMG – falsificou documentos para tentar amenizar suas falhas. Este é o termo usado na acusação contra a KPMG: falsificação de documentos para enganar o regulador. Isto foi reconhecido pela própria KPMG, que nas palavras do atual responsável pela empresa, Jon Holt, ocorreu má conduta. Dentro de um papel típico desta situação, Holt disse que arrependido.

Os auditores da KPMG (Peter Meehan, Alistair Wright, Richard William Kitchen, Adam Bennett, Patrik Paw e Stuart Smith) são acusados na trama. A FRC abriu uma investigação em novembro de 2018 e sem entrar no mérito da falência da Carillion, a entidade informou que os auditores elaboraram documentos forjados e assinados como se tivessem sido criados antes da conclusão da auditoria. Isto incluiu planilhas e atas, documentos criados para indicar a existência de reuniões que não ocorreram.

O problema da KPMG não está restrito a Carillion. Acredita-se que haverá grandes punições para o trabalho da auditoria e isto pode ser anunciado até o final do mês. Além da Carillion, a KPMG também está sofrendo com seu trabalho na Regenersis, em 2014. De qualquer forma, um dos auditores citados anteriormente, Stuart Smith, já fez um acordo com a FRC e admitiu que agiu de maneira inadequada. Por este motivo, foi excluído do ICAEW – uma entidade de profissionais – por três anos e irá pagar 150 mil libras de multa. Não é um valor substancial para uma pessoa na posição de Smith, mas não deixa de ser uma punição.

Além da Regenersis e da Carillion, a FRC também está analisando o caso da Conviviality, no exercício de 2017. E já multou a KPMG (3 milhões de libras) e a partner (Nicola Quayle, 110 mil libras) por conta das falhas.

Um azar da FRC é que esta entidade foi duramente questionada nos últimos meses no Reino Unido, tendo sido ameaça de extinção. A KPMG falhou, mas o sistema de regulação também precisa de melhorias.

Organização Trump e avaliação de ativos


A procuradora de Nova Iorque, Letitia James, acusa a Organização Trump de fazer uma avaliação inadequada de seus ativos para fins de empréstimos, seguros e incentivos fiscais. É mais um capítulo da discussão sobre as finanças do ex-presidente de Donald Trump, que impediu a evidenciação do seu imposto de renda - uma tradição dos presidentes dos Estados Unidos. E certamente um capítulo de um livro longo, que ainda irá render novas emoções.

Trump nega a irregularidade e afirma que a investigação é política, já que James é democrata. James quer interrogar Trump. A novidade agora é que há detalhes da questão. A BBC detalhou algumas situações:

Por exemplo, sua grande propriedade no condado de Westchester, ao norte de Manhattan, foi avaliada pela Organização Trump em US $ 291 milhões em 2012 (189 milhões de libras na época), no entanto, uma avaliação em 2016 a avaliou muito mais baixo, com apenas US $ 56 milhões, segundo o processo judicial.

O procurador-geral também alega que a luxuosa cobertura de três andares de Trump na Trump Tower de Nova York foi avaliada com base em um tamanho de 2.800 pés quadrados (30.000 pés quadrados), mas na verdade é de 10.996 pés quadrados.

O processo judicial alega que pelo menos duas declarações falsas foram feitas ao Internal Revenue Service (IRS) - o principal órgão tributário dos EUA - que "substancialmente superestimaram" o valor de duas propriedades para obter uma redução de impostos.

Além de Donald Trump, o processo também atinge o filho mais velho, Trump Jr, a filha Ivanka e Eric Trump. No meio do ano passado, a Organização Trump e Allen Weisselberg, responsável pelas finanças, foram acusados de redução ilegal de impostos.

Links


Sachs, o economista, que recebe milhões para pesquisar felicidade - texto da intercept mostrando a relação de Sachs com regimes totalitários e sua resistência a danos à reputação. (Inclui uma crítica ao Butão e o índice de felicidade do país asiático)

A questão da expulsão de Djokovic da Austrália - uma investigação do Der Spiegel que lembra uma investigação de fraude



Saint-Gobain e a redução da pegada de carbono: o papel do Brasil - o texto não é crítico, mas não deixa de ser interessante como uma grande empresa pode tomar decisões usando a questão ambiental 

Rir é o melhor remédio

 

Novas idéias x projetos não finalizados. Fonte: aqui

20 janeiro 2022

Liberdade Econômica

 


Pesquisa na pós no Brasil

Uma pesquisa publicada na RBC (252) sobre a conversão de teses de doutorado em artigos:  

Esta pesquisa teve por objetivo analisar o nível de conversibilidade em publicações de artigos, das teses de doutorado em Ciências Contábeis defendidas no período de 2013 a 2017. Tal análise foi realizada, tendo em vista que os investimentos públicos com a pós-graduação no período estudado configuram uma curva ascendente, totalizando R$105.230,2 milhões e que a produção científica representa um dos indicadores importantes no processo de avaliação. Além disso, é por meio da publicação que o conhecimento produzido na academia é disseminado e pode contribuir com a ciência. Destarte, foi realizado um estudo acerca da produção científica e da publicação de artigos relacionados com as teses de doutorado em quatro programas de pós-graduação no período de 2013 a 2017. A coleta dos dados foi por meio da plataforma on-line Sucupira, onde se obteve a relação de teses defendidas no período. De posse da relação de teses com seus respectivos autores, fez-se consulta à Plataforma Lattes visando à análise do currículo de todos os titulados, extraindo os artigos que tinham relação com a tese de doutorado defendida. Quanto aos resultados, verificou-se que cerca de 50% das teses se converteram em publicações em periódicos, sendo que, em média, 42,55% dos artigos foram publicados em periódicos classificados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) com conceito A2, e a instituição com o maior percentual de publicações foi a Universidade de Brasília (UnB). Os resultados também evidenciam redução, ao longo do período analisado, das publicações em periódicos mais bem avaliados pela Capes.

Eis uma tabela do artigo:

Onde tem "UNB (sic)" leia-se Programa Multi. (Dica de Sérgio Nazaré, grato). Sobre o mesmo tema, um artigo da Revista Catarinense de Ciência Contábil:

O objetivo da presente pesquisa foi analisar a divulgação do conhecimento científico gerado nas teses em Ciências Contábeis no Brasil defendidas nos programas de pós-graduação stricto sensu, entre 2009 e 2018. É um estudo com abordagem qualitativa de caráter descritivo, a partir de pesquisa bibliográfica e documental. Para a coleta de dados, utilizou-se dos repositórios de teses e dissertações e regimento dos programas de pós-graduação em contabilidade no Brasil, além do acervo disponível na plataforma lattes do CNPq. Foram analisados os dados registrados no currículo lattes dos doutores titulados em cada programa de pós-graduação. Os dados demonstram que as instituições de maior relevância em projetos de pesquisas, a FEA USP e FURB estão entre as que mais publicam. Constatou-se que as teses estudadas apresentam divulgação, em grande parte, por anais em congresso e eventos acadêmicos. Dentre os artigos publicados em periódicos científicos, 38,0% foram em revista de Qualis A2, B1 e B2, em que a FEA USP foi a universidade responsável pelo maior número de publicações. Verificou-se, ainda, que dos 302 artigos publicados com relação direta às teses dos doutorados, houve 2.382 citações em outras pesquisas científicas. Do total geral das teses defendidas e suas respectivas publicações em artigos periódicos, verifica-se que a região Sudeste foi a que obteve os maiores índices de publicações. Observou-se uma limitação em repassar esses dados da área contábil para a sociedade em geral, e uma das sugestões é modificar a forma de divulgação e da escrita, como por exemplo, em formato de palestras e workshops.

Religião, imóveis e mercado

A The Economist apresentou no artigo "Deus, cobiça e mercado imobiliário" (o termo cobiça não combina com o conteúdo) um bom panorama da atualidade das igrejas. Não somente a pandemia, mas também as mudanças de hábito nos últimos anos, fez com que reduzisse o número de pessoas que vão à uma igreja. Isto traz consequências para receita (arrecadação de dízimo menor) e despesa. O lado da despesa merece mais destaque pelas consequências. 

Sobre a pandemia:

Muitas instituições religiosas fecharam as portas da noite para o dia, transferindo seus serviços para o Zoom. Agora, à medida que suas instalações reabrem, elas não estão certas se os fiéis retornarão. Se menos congregados aparecerem, duas tendências poderão se intensificar. Muitas organizações religiosas se livrarão de imóveis mal aproveitados. E mais igrejas se fundirão.


Há números no texto sobre o fechamento dos templos. A questão é contábil e financeira: como qualquer instituição, os custos devem ser cobertos pelas receitas. Existindo limitação na arrecadação, o problema deve ser resolvido do lado das despesas:

Uma manobra essencial para qualquer igreja, esteja ela em dificuldades ou prosperando, é equilibrar suas contas, e isso significa lidar com seu portfólio de imóveis. A religião organizada está lutando contra os mesmos problemas que proprietários de lojas de shopping centers abandonados e de escritórios vazios, à medida que os negócios migram para o ambiente online. Eles devem ficar parados assistindo enquanto o público diminui? Se não, de que maneira deveriam repensar seus imóveis?

Por séculos, as religiões acumularam riquezas terrenas na forma de imóveis. O Vaticano possui milhares de edifícios, alguns nas mais requintadas regiões de Londres e Paris. A Igreja da Cientologia é dona de endereços em Hollywood que, estima-se, valem US$ 400 milhões, de um castelo na África do Sul e de uma mansão do século 18 em Sussex. O Wat Phra Dhammakaya, templo da seita budista mais abastada da Tailândia, ostenta centros de meditação em todo o mundo. O tamanho da fortuna da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mais conhecida como a igreja Mórmon, é um mistério; afirma-se que a instituição possui investimentos de US$ 100 bilhões, incluindo fazendas de gado, um parque temático no Havaí e um shopping center em Utah. Templos, sinagogas e mesquitas assistem atentamente os preços dos imóveis aumentar.

A internet permite que uma missa do Padre Marcelo seja assistida por milhares de pessoas. Mas retira pessoas dos templos e isto tem seu preço:

A internet tem sido tanto uma bênção quanto uma maldição. Um sermão virtual do arcebispo de Canterbury, em 2020, foi ouvido por 5 milhões de pessoas – mais de cinco vezes o número de fiéis que frequentavam a igreja semanalmente no Reino Unido antes da pandemia. Mas a participação online cobra um preço. Os fiéis param de frequentar os centros religiosos, e construções tornam-se obsoletas.

Por isso, grupos religiosos têm vendido imóveis mais rapidamente do que antes – ou estão explorando novos usos. Líderes em busca de um lugar no Céu estão aprendendo a vender ou alugar lugares na Terra. Testemunhas de Jeová, que têm 9 milhões de fiéis no mundo, venderam sua sede no Reino Unido. A Hillsong, uma gigantesca igreja australiana de 150 mil fiéis em 30 países, aluga teatros, cinemas e outros espaços para serviços dominicais.

Rir é o melhor remédio

 

Coisas que trazem dinheiro x coisas que sou bom em fazer x coisas que gosto de fazer. Fonte: aqui

19 janeiro 2022

Tributação na China


Las autoridades chinas están trabajando para implementar un nuevo sistema de supervisión fiscal que usará tecnologías de los servicios de la nube y macrodatos, informa este viernes South China Morning Post. Debido al esperado poder del sistema, algunos ya lo comparan con un masivo aparato de rayos X que permitirá fortalecer el control sobre el pago de impuestos, y que provoca preocupación en la sociedad.

El periódico señala que el sistema Golden Tax IV reunirá datos de empresas, reguladores de mercado y bancos. En ese contexto, citó declaraciones de Wang Jun, jefe de la Administración Tributaria Estatal, quien afirmó en diciembre que la modernización del sistema permitirá avanzar en el camino desde "gestionar impuestos a través de facturas" hasta "gestionar impuestos a través de macrodatos y la nube".

O texto não traz muitas pistas sobre como será a mudança no sistema de tributação da China. (Dica: prof. Alex Laquis, grato)

ArXiv: sucesso e os problemas da pré-impressão


O ArXiv (onde o “X” corresponde a letra grega “chi” e por isto o termo traz uma relação com “arquivo) é um deposito de pesquisas muito usado em áreas como física, matemática e computação. O ArXiv começou informalmente na década de 90 e hoje está hospedado na Universidade de Cornell. São mais de dois milhões de artigos, com volume crescendo, fundamental para algumas comunidades acadêmicas.

Quando um pesquisador desenvolve um artigo, o mesmo pode ser encaminhado para o ArXiv e rapidamente ser disponibilizado para outros pesquisadores. Há um número mínimo de rejeições (2% e 6% de retenção) e o processo deveria ser rápido.

Como a publicação em um periódico pode demorar mais de um ano, o depósito no ArXiv cumpre duas finalidades. A primeira é marcar uma descoberta científica para seu autor. Ao depositar o artigo no ArXiv fica registrado a data; em caso de discussão sobre a originalidade entre dois ou mais pesquisadores, a data do depósito no ArXiv pode valer com critério de comprovação para fins acadêmicos. A segunda finalidade é disponibilizar para os demais pesquisadores os avanços que já foram feitos pelos pares. Isto pode ser muito relevante em situações como passamos recentemente, onde as pesquisas sobre a pandemia precisavam de rápida divulgação, na tentativa de resolver as grandes questões oriundas da doença.

Há também uma grande vantagem do ArXiv: ao depositar uma pesquisa no repositório, a mesma não é contada, nos locais mais sérios, como “produção científica”. Somente a publicação em um periódico. Assim, não há concorrência entre ambos. O sistema possui problemas e um artigo de Daniel Garisto, para o Scientific American mostra alguns deles. 

Mas poderia ser muito útil na pesquisa contábil em pelo menos dois aspectos. O primeiro é permitir uma comunicação mais rápida entre pesquisadores que estão trabalhando no mesmo tema. O segundo é ensinar aos pesquisadores e aos editores de periódico (acreditem, existem periódicos nesta lista) que a divulgação prévia de uma pesquisa não significa que esta será copiada por alguém. Sobre este ponto, recentemente fui questionado por alunos de doutorado que estavam receosos de participar de um consórcio doutoral em razão de uma possível cópia da sua pesquisa e a perda do ineditismo. Esta visão é tão tacanha que não percebe que a participação é o oposto: você carimba sua pesquisa na data do consórcio. O ArXiv na nossa área poderia fazer isto de forma muito mais rápida.

Retorno das Commodities

 




Links: cinco gráficos do Statistica

A seguir cinco gráficos do site Statistica com dados curiosos. O primeiro, os países com maior poder militar, originário de um estudo mundial sobre o assunto. É curioso que não aparece a Coréia do Norte (30o. lugar), mas sim a do Sul. O Brasil está em décimo, atrás do Paquistão, com 0,1695

A seguir, os telefones que emitem mais radiação. Os dados originais, da Alemanha, podem ser acessados aqui. O padrão considerado como razoável é de 0,60 e os listados aqui apresentam mais do que o dobro. 


Confesso que não lembro quando a mídia social foi suspensa no Brasil, mas isto aparece no gráfico a seguir. O texto comenta que em 2015 o Whatup foi banido do Brasil. Procurando encontrei que o aplicativo foi banido por 13 horas por conta de uma decisão de uma juíza, que foi revogada a seguir. Faz sentido o gráfico? 
O número de apps com mais de 100 milhões de gastos mundiais. Cada vez maior este número. 

Finalmente, a listagem das melhores cidades para estudantes.