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31 janeiro 2023

Adani responde ao relatório da Hindenburg

Recentemente a empresa Hindenburg Research publicou um longo documento levantando dúvidas sobre as empresas do Grupo Adani. Este grupo é de controle de Gautam Adani, um dos homens mais ricos do mundo. A extensa pesquisa da Hindenburg mostra que há sérios problemas no reino Adani. 

No domingo, Adani publicou uma resposta para os problemas que foram considerados, tentando acalmar investidores. Segundo a resposta, 65 das 88 questões levantadas já tinham sido respondidas nos relatórios públicos.  


Uma estratégia do empresário foi dar uma conotação nacionalista para resposta, afirmando que as acusações correspondem a um ataque a Índia. Adani é próximo do atual primeiro-ministro Modi e tem negócios ligados com o político. 

"Este não é apenas um ataque injustificado a qualquer empresa específica, mas um ataque calculado à Índia, a independência, integridade e qualidade das instituições indianas e a história de crescimento e ambição da Índia", disse Adani em resposta.

A empresa Hindenburg afirmou, no entanto, que a resposta não foi adequada para a maioria das questões. Uma das observações do relato é o fato da Adani Enterprises ter tido cinco CFO em oito anos, o que seria estranho para uma empresa normal. E outra é sobre a auditoria, realizada por empresas "pequenas", a la Madoff, A resposta da empresa indiano foi que:

os auditores foram "devidamente certificados e qualificados pelos órgãos estatutários relevantes" e foram "nomeados em conformidade com as leis aplicáveis"; "existem mais de 35 empresas de revisores oficiais de contas que auditam as várias entidades da Adani Enterprises, incluindo uma mistura de Big 6."

Formas criativas de colar em uma prova

Criatividade na cola é isto








E para terminar: 



Antigo Auditor do Vaticano processo seu antigo patrão

Notícia do dia 23, mas interessante:

O ex-auditor geral do Vaticano Libero Milone e o seu vice Ferruccio Panicco, demitidos em 2017, vão pedir uma indenização de 9,3 milhões de euros à Santa Sé, num julgamento que começa esta quarta-feira.


A primeira audiência do processo iniciado pelos ex-auditores das finanças será na tarde do dia 25, no Tribunal Estadual da Cidade do Vaticano.

Libero Milone, com ampla experiência no campo financeiro, tinha sido nomeado em maio de 2015 pelo papa Francisco como o primeiro revisor das contas da Santa Sé, com o objetivo de supervisionar as finanças e dar-lhes maior transparência.

Em junho de 2017, o Vaticano decidiu demitir Milone e o seu colaborador Panicco, alegando que extrapolaram os seus deveres ao investigarem ilegalmente a vida privada dos seus superiores no estado papal.

Os dois ex-auditores pedem uma indenização de 9.278.000 euros por danos sofridos, à Secretaria de Estado do Vaticano, dirigida pelo cardeal Pietro Parolín, e ao escritório do Auditor Geral.

O Vaticano investiga Milone desde a primavera de 2022 por peculato.

Nesta guerra judicial, Milone e Panicco sustentam que foram obrigados a renunciar e instauraram esta ação com a intenção de "esclarecer o ocorrido e obter uma justa indemnização pelos danos sofridos", segundo declararam à imprensa.

Os dois acusam o então substituto da Secretaria de Estado, o cardeal Angelo Becciu, de os ter afastado do cargo, depois de terem descoberto ilegalidades nas finanças do Vaticano.

Becciu é o principal arguido noutro processo no Vaticano que investiga alegadas irregularidades e a venda fraudulenta de um prédio em Londres, com outras nove pessoas, entre empresários e administradores da Santa Sé.

Fonte: aqui. Anteriormente no blog aqui

Efeitos de um programa de ajuda: caso da Espanha

3 de julho, 2007, o presidente do governo, José Luis Rodríguez Zapatero, anunciou na sede parlamentar e, de surpresa, que daria 2.500 euros a cada mãe espanhola ou estrangeira com dois ou mais anos de residência no país, para cada criança que teve em 1o de julho, isto é, dois dias antes do anúncio. Um anúncio retroativo é um benefício para os economistas, permitindo comparar de maneira limpa os beneficiários e os não beneficiários, dividindo-os de acordo com o nascimento antes ou depois de julho de 2007, pois a data é essencialmente uma loteria.


O cheque do bebê aumentou a taxa de natalidade? Embora em um momento de relativa prosperidade a taxa de fertilidade tenha aumentado, o subsídio causou um aumento de nascimentos e uma diminuição no aborto. Mas a crise financeira ocorreu depois de um ano e fez com que a taxa de natalidade diminuísse novamente, apesar do subsídio. Finalmente, a complicada situação das finanças públicas terminou com o pagamento

[Será que] o subsídio de nascimento teve algum impacto na aquisição de competências linguísticas e matemáticas básicas pelos estudantes afetados no final da sexta série na Catalunha, no final desta etapa educacional em 2019 [?].

(...) Os efeitos dos programas de ajuda reaparece depois de alguns anos na forma de melhorias em outras áreas. 

Leia o texto integral aqui

[Acho que em alguns anos poderemos ter estudos similares com a geração pandêmica. Inclusive na área de educação e o efeito sobre a qualidade educacional] 

[A pesquisa tem vários estudos mostrando que esta sorte ou azar influencia o futuro das pessoas]

Rir é o melhor remédio

 

Imposto de renda chegando e ...

30 janeiro 2023

Velma: o pior programa da televisão

 Os números contam, de forma resumida, a reação do público ao desenho Velma. O desenho adulto tem a pretensão de contar o início da detetive que faz parte do desenho infantil Scooby Doo. Atualmente, a nota média do IMDB é de 1,3. O desenho conseguiu a proeza de bater o Dragonball Evolution (nota 2,5). E agora está empatado com A Guerra das Comidas.

Sua nota no Rotten também é muito ruim. Eu tentei assistir e entendo a revolta daqueles que perderam seu tempo também. Aos curiosos, está na HBO Max. 

Recomendado para seu maior inimigo. 

Lições do ex-executivo das Americanas.

Quando surgiram as primeiras notícias dos problemas da Americanas existia uma grande estranheza no mercado. Nos últimos dias este blog dedicou pouco tempo em comentar o assunto. Mas em uma postagem escrevemos o seguinte:

Sérgio Rial (e Andre Covre) – este talvez seja o personagem mais interessante do enredo. Vindo do Santander, onde comandou a importante instituição financeira durante anos, Rial foi contratado para  melhorar a empresa. Por sua rede de contatos e ter origem bancária, é possível que Rial já conhecesse o problema da empresa, antes de 2023. Em alguns textos, Rial aparece como alguém que “descobriu” as inconsistências com alguns dias no cargo. Mas eu desconfio seriamente se realmente foi uma descoberta ou se Rial talvez só tenha percebido a dimensão do problema quando assumiu o cargo. Durante a conferência, na qual a notícia chegou ao público, Rial usou a terminologia “inconsistência”, mas comentou que era “não material”. Mas um valor de R$20 bilhões de inconsistência, mesmo em uma empresa do porte das Americanas, é certamente material. 

O primeiro parágrafo é realmente uma especulação sobre o comportamento do executivo. É interessante lembrar que a empresa já teve, há dez anos, uma solicitação de falência. E que anos antes, um fornecedor entrou na justiça contra a empresa por uma dívida de 300 reais. Este é o histórico da empresa. 

Um texto da Exame mostra o lado de Rial. Eis alguns trechos:

A saída, segundo ele, veio do entendimento da necessidade de abrir espaço para que a empresa pudesse se reestruturar de um ponto de partida que fosse diferente. "É preciso saber o momento de se posicionar dentro de um novo contexto que se apresenta. Foi o que fiz, sem me descomprometer em ajudar no que estivesse ao meu alcance."

A descoberta dos problemas no balanço, feita após entrevistas com executivos remanescente, mudou, no entanto, as perspectivas. "Nessas conversas, informações e dúvidas foram compartilhadas e com o natural aprofundamento para entendê-las e dar-lhes direcionamentos conjuntamente com o novo CFO, Andre Covre, chegamos ao quadro do fato relevante com transparência e fidedignidade! Quaisquer especulações ou teorias distintas disso são leviandades. Eu jamais transigiria com a minha biografia."

Bom, aqui Rial indica que descobriu o tamanho do problema após assumir o cargo. E que qualquer versão diferente seria especulação ou leviandades. Bom, acho que a análise que fizemos enquadra-se parcialmente neste ponto. Mas se ele descobriu o tamanho do problema, qual o sentido de usar o termo "não material"? 


E aí temos uma continuação do texto que escrevemos:

Após o anúncio, Rial deixou a empresa e foi trabalhar na 3G. Isto é muito estranho para quem está olhando o que ocorreu nos últimos dias. Afinal, a 3G é a principal acionista da empresa e Rial foi o “responsável” por uma grande perda. 

Agora parece existir uma queda de braço entre a 3G e os bancos, de onde Rial é proveniente. Veja então a continuação do texto da Exame:

A conclusão do diagnóstico inicial levou à necessidade correção de rota, observa. Segundo Rial, o cenário desenhado e a mudança de caminho contaram com "apoio incondicional" do Conselho de Administração da companhia e dos acionistas de referência, os sócios da 3G: Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles. "Aqui, minha segunda reflexão: ser líder não é ser corajoso, mas ser responsável e ético; não é ser herói ou heroína, mas ter a resiliência para defender a verdade e fazer o que é certo", escreve Rial.

Conceito de sustentabilidade, segundo o ISSB

A Fundação Internacional de Normas de Informação Financeira (IFRS Foundation), através do seu Conselho Internacional de Normas de Sustentabilidade (ISSB, sigla em inglês), redefiniu o conceito de sustentabilidade de forma a adaptar-se ao novo quadro de reporting de matérias ambientais, sociais e de governação (ESG).

O objetivo é harmonizar conceitos e "evoluir do atual cenário fragmentado de divulgação do ESG, que carece de conectividade e tem conceitos contraditórios, para uma linguagem verdadeiramente global comum de divulgação financeira relacionada com a sustentabilidade", explica a IFRS Foundation em comunicado.

De forma a articular a relação entre as questões de sustentabilidade e a criação de valor financeiro, o ISSB defende que uma empresa sustentável deve fornecer valor aos seus investidores, ligar-se às partes interessadas com quem trabalha, servir a sociedade em que opera e defender os recursos naturais que utiliza.

Assim, a sustentabilidade será descrita na Norma Geral de Divulgação de Informações Relacionadas com a Sustentabilidade, do ISSB, como "a capacidade de uma empresa manter de forma sustentável recursos e relações e gerir as suas dependências e impactos dentro de todo o seu ecossistema empresarial, a curto, médio e longo prazo. A sustentabilidade é uma condição para uma empresa aceder ao longo do tempo aos recursos e relações necessárias, tais como financeiras, humanas e naturais, assegurando a sua adequada preservação, desenvolvimento e regeneração, para atingir os seus objetivos".


Para Sofia Santos, CEO da consultora Systemic, o conceito de sustentabilidade defendido pelo ISSB "vem confirmar a importância da dupla materialidade que está no âmago da diretiva de reporte de sustentabilidade recentemente aprovada a nível europeu. Também está alinhada com a TCFD [taskforce para divulgações financeiras relacionadas com o clima] e TNFD [taskforce sobre divulgações financeiras relacionadas com a natureza], ao defender que a empresa depende dos vários recursos, e, como tal, é necessário saber geri-los a médio e longo prazo".

Para além disso, Sofia Santos afirma que o conceito agora divulgado "confirma a teoria dos stakeholders defendida por Edward Freeman, em 1984, ao afirmar que a criação de valor depende da forma como a empresa interage com os stakeholders, e vai ao encontro da Teoria da Gestão Humanista, ao admitir que a empresa serve a sociedade e a comunidade em que opera. Trata-se assim de uma definição completa e inclusiva e bastante exigente para a governance das empresas".

A descrição destina-se a fornecer um contexto para as empresas que aplicam as novas normas de reporting ESG e que fazem avaliações de materialidade.

Recorde-se que o ISSB foi criado, dentro da IFRS Foundation, para alterar o atual cenário fragmentado de divulgação de ESG para uma linguagem global comum e consistente de divulgação de informações financeiras relacionadas com a sustentabilidade.

Fonte: Aqui

Musk e a maconha

Em 2018, o bilionário postou no Twitter que estaria disposto a fechar o capital a empresa Tesla pelo valor de 420 dólares por ação. Durante alguns dias, as ações da empresa subiram de valor, com os acionistas ansiosos por ganharem dinheiro fácil. Antes do anúncio, a ação da empresa valia bem menos.


O anúncio não concretizou o fechamento do capital da empresa. Teria sido um blefe de Elon Musk? Especulou-se que quando digitou a mensagem, Musk estivesse fazendo referência a maconha, pois 4:20 é um código para os fumantes da cannabis. 


Teria sido uma brincadeira, algo impensado sob o efeito da erva ou realmente existia a intenção de Musk de fechar o capital da empresa? Em um tribunal, Musk afirmou agora que não era piada, mas realmente existia um grupo de investidores interessados na empresa. Mas que o negócio não foi adiante. O depoimento ocorreu na semana passada e Musk afirmou que qualquer referência ao horário do intervalo na escola, onde alguns alunos aproveitam para fumar um baseado, foi mera coincidência. 

É possível acreditar na palavra dele?

Se quiser saber mais da história da maconha de Musk, clique aqui para uma longa postagem que fizemos no período. 

Evidenciação de Intangíveis na Europa

Antecedentes e objectivo de investigação

Durante várias décadas, os intangíveis e os recursos baseados no conhecimento têm sido um motor fundamental de valor nas economias modernas (Porat e Rubin, 1977; OCDE, 1981). Em tais economias, o capital intelectual (CI) - que se refere a fatores intangíveis tais como know-how, relações, perícia e competências - contribuiu significativamente para a vantagem competitiva e o desempenho empresarial (Edvinsson e Malone, 1997; Ittner et al., 1997; Stewart, 1997; Bontis, 2001).


Apesar da importância dos recursos intangíveis, as tentativas de comunicar CI no relatório anual têm falhado repetidamente (Nielsen et al., 2017). As razões potenciais para este fracasso podem incluir custos ou potencial perda de vantagem competitiva relacionada com a divulgação de informação sobre recursos, know-how e processo. A falta de orientação também desempenha um papel fundamental. Do ponto de vista do usuário, a informação de CI pode não ser útil se uma entidade não explicar claramente como é que o CI contribui para a criação de valor (Bukh, 2003; Beattie et al., 2013; Behn et al., 2019).


No entanto, regulamentos recentes ofereceram um quadro para a comunicação do CI e para a sua integração no processo de criação de valor. A Diretiva da UE 2014/95 e a Lei das Empresas do Reino Unido exigiram que as empresas divulgassem informações sobre o seu modelo de negócio (BM) e os seus riscos relevantes no relatório anual. Porque a CI representa uma fonte muito significativa de vantagem competitiva - especialmente nas indústrias de alta tecnologia - as empresas devem ilustrar as contribuições dos fatores intangíveis mais críticos para a criação de valor na secção do relatório dedicada ao BM.

Além disso, a literatura acadêmica indica que o BM é um relatório para a divulgação da CI (Beattie and Smith, 2013). O CI, por sua vez, é crucial na mobilização e exploração dos outros motores de valor que configuram o BM, incluindo os ativos tangíveis (Dane-Nielsen e Nielsen, 2018).

Na secção do relatório dedicada aos riscos, as empresas devem também oferecer informações sobre os elementos do CI mais importantes e os seus efeitos na criação de valor. Assim, as empresas devem fornecer uma comunicação integrada onde o BM e os relatórios de risco abordam os principais elementos de CI que contribuem para a criação de valor. Neste contexto, quando um elemento CI é identificado como um elemento crítico do BM e consequentemente reconhecido como um fator chave que impulsiona o valor, os riscos relacionados com o elemento CI devem ser divulgados numa secção dedicada dentro do relatório anual.

Sumário executivo

Assim, o CI torna-se a ligação natural entre o BM e a comunicação de riscos. Tal contexto facilitaria aos destinatários de informação de CI, tais como os investidores, a interpretação dessa informação. O European Financial Reporting Advisory Group (EFRAG) reconheceu recentemente a importância desta ligação em um projeto centrado na ligação entre os riscos não financeiros e o BM como uma ferramenta para melhorar os relatórios das empresas (EFRAG, 2021b). Outros organismos profissionais, tais como o International Integrated Reporting Council (IIRC) e a World Intellectual Capital Initiative (WICI), desenvolveram relatos para a comunicação integrada, em que o BM atua como enquadramento para todos os outros itens não financeiros divulgados no relatório anual (Holanda, 2004; IIRC, 2013; Nielsen e Roslender, 2015; WICI, 2016; Comissão Europeia, 2017; FRC, 2018).

Neste contexto, o objetivo deste projeto é duplo:

- Primeiro, examina se e em que medida as empresas de alta tecnologia fornecem informações sobre elementos de CI nas secções dedicadas ao BM e aos riscos.

- Em segundo lugar, avalia a correspondência e o nível de integração entre os elementos de CI divulgados na secção dedicada ao BM e os comunicados na secção dedicada aos riscos.

Embora a nossa escolha possa dificultar a generalização a outras indústrias, examinamos empresas de alta tecnologia porque o seu sucesso depende largamente da sua utilização de CI e esperávamos encontrar bons exemplos de divulgação de CI. Selecionamos os três sectores identificados como de "alta tecnologia" pelo Eurostat: produtos farmacêuticos; computadores e electrónica; e aeronaves espaciais. Como a Directiva da UE 2014/95 deveria ter sido implementada até ao final de 2017 por todos os países membros, examinamos os relatórios anuais de 2018 para confirmar se todas as nações sob investigação implementaram tais regulamentos.

Este estudo faz três contribuições distintas, analisando: (i) a divulgação do CI nos relatórios anuais de empresas de alta tecnologia num contexto obrigatório, (ii) a divulgação do CI em duas secções específicas do relatório anual (i.e. secção do modelo de negócio e secção de risco) para investigar o papel do CI no processo de criação de valor e os riscos relacionados, e (iii) a integração e o nível de correspondência da informação do CI divulgada nestas duas secções.

Principais conclusões

Verificamos que aproximadamente 29% das empresas não divulgam os factores de valor BM ou os riscos nas seções narrativas dos seus relatórios anuais. Assim, existe um número considerável de empresas que não estão em conformidade. O exame das empresas que divulgam tanto BMs como riscos sugere isso:

- As empresas tendem a revelar elementos de CI tanto nas secções de BM como de riscos, embora com algumas diferenças na indústria. No entanto, tais divulgações são geralmente limitadas.

- Para divulgar CI é mais comum as empresas utilizarem a secção dedicada ao BM em vez da secção de risco. Esta abordagem pode estar relacionada com o facto de o BM ser um conceito que explica como uma empresa gera valor, e o CI é vista principalmente como um motor fundamental do valor.

- A informação sobre elementos do CI na secção de risco raramente contém declarações prospectivas que possam ajudar os utilizadores a avaliar a forma como uma empresa se está a proteger de futuros desenvolvimentos de riscos principais. Em alguns casos, as empresas utilizam um tom neutro ou mesmo positivo quando descrevem o potencial impacto dos riscos de CI nas suas operações.

- Apenas 40% dos elementos do CI divulgados como factores de valor na secção BM são abordados na secção dedicada aos riscos. Assim, o nível de integração de informação não financeira recomendado pelos reguladores foi muitas vezes atingido apenas em parte ou não foi atingido de todo.

Implicações

Esta investigação fornece informações sobre a forma como as empresas cotadas atualmente reportam o seu CI e como esta divulgação é integrada com os relatórios obrigatórios do BM e os relatórios de risco. Estes aspectos podem ser de particular importância para todas as entidades cotadas no Reino Unido e nos países do Espaço Econômico Europeu (EEE), que devem divulgar os seus CIs nos relatórios anuais ao abrigo de regulamentos recentes. Assim, o nosso estudo contribui para compreender se as empresas podem utilizar os relatórios obrigatórios da BM para divulgar CI, como postulado pelas contribuições teóricas na área (Bukh, 2003; Beattie e Smith, 2013; Dane-Nielsen e Nielsen, 2018).

Além disso, o estudo contribui para a literatura sobre relatórios de risco. Tal como os relatórios do BM, os relatórios de risco tornaram-se obrigatórios para as empresas cotadas no Reino Unido e países do EEE. O exame da forma como as empresas abordam os elementos de CI nos relatórios de risco poderia fornecer informações úteis sobre as consequências negativas da perda de controle sobre estes elementos e a incapacidade de os utilizar. Finalmente, consideramos que os relatórios do BM e os relatórios de risco estão estritamente interligados.

De acordo com a nossa proposta, as empresas deveriam:

- oferecer uma descrição dos principais elementos do CI em que confiam para criar e fornecer valor aquando da divulgação do BM; e

- ilustrar os riscos associados aos principais elementos de CI que impulsionam o valor da sua empresa na secção dedicada aos riscos.

De acordo com a definição de "materialidade" fornecida pelo WICI (2016, p. 2), as organizações devem reportar informações que representem os intangíveis mais significativos para a sua criação de valor ao longo do tempo. Assim, os elementos CI representados como factores de criação de valor na secção BM também devem ser discutidos ao relatar os riscos, fornecendo assim aos utilizadores informação sobre a potencial perda da capacidade de geração de valor desses elementos.

Os nossos resultados sugerem que a ligação entre os relatórios do BM e os relatórios de risco raramente é satisfatória. Assim, os reguladores poderão desenvolver algumas diretrizes úteis para ajudar as empresas a representar eficazmente o seu CI dentro destas duas secções do relatório anual, utilizando o BM para fornecer contexto para outros tipos de informação. Uma questão crucial que pode explicar o baixo nível de divulgação dos elementos-chave do CI na secção de risco está relacionada com os custos de propriedade, porque as empresas não querem mostrar aos investidores as ameaças aos elementos do CI. Esta questão poderia ser atenuada por uma ligação eficaz entre os riscos e o BM. Além disso, a exploração de elementos de CI está frequentemente associada a incertezas que podem conduzir a resultados positivos ou negativos.

Embora a ilustração isolada dos riscos de CI possa representar uma preocupação para algumas entidades, uma representação clara de como esses elementos geram valor se explorados com sucesso através dos relatórios do BM pode atenuar essas preocupações e fornecer aos utilizadores uma visão mais fiável dos CI. Assim, a melhoria da integração entre a informação sobre os geradores de valor de CI e os riscos relacionados pode fornecer informação significativa sobre os resultados do processo de criação de valor.

Do companies disclose relevant information about intangibles? Insights from business model reporting and risk reporting - Chiara Crovini, Francesco Giunta, Christian Nielsen, Lorenzo Simoni ISBN 978-1-909883-79-6.  Tradução do Deepl https://www.deepl.com/en/translator

Rir é o melhor remédio

 

Nota fiscal e software

29 janeiro 2023

Grupo indiano é acusado de fraude contábil

Notícia do Estadão

As ações do conglomerado indiano Adani Enterprises, que pertence ao homem mais rico da Ásia, Gautam Adani, registraram queda de 15% nesta sexta-feira, 27, o que provocou a suspensão da cotação na Bolsa de Mumbai, poucos dias depois do grupo ser acusado de fraude por uma empresa de investimentos norte-americana. (...)


A empresa Hindenburg Research alegou esta semana que o grupo Adani teria desenvolvido um “sistema de fraude na contabilidade durante décadas” e manipulado os lucros “para manter a aparência de boa saúde financeira e de solvência” de suas filiais cotadas em Bolsa. O conglomerado rebateu as acusações, que descreveu como “mal-intencionadas”.

Em termos absolutos, a queda nas ações representam 50 bilhões de dólares no valor de mercado do grupo. A reação da equipe jurídica do grupo foi afirmar que está pensando em uma ação legal contra a Hindenburg. O momento foi crítico, já que uma das empresas do grupo estava iniciando um processo de venda de ações. 

(Foto com o controlador do Grupo)

Rir é o melhor remédio

 



e isto também





27 janeiro 2023

Raça, filiação e gênero: experimento com Twitter


This paper assesses the results of an experiment designed to identify discrimination in users’ following behavior on Twitter. Specifically, we created fictitious bot accounts that resembled humans and claimed to be PhD students in economics. The accounts differed in three characteristics: gender (male or female), race (Black or White), and university affiliation (top- or lower-ranked). The bot accounts randomly followed Twitter users who form part of the #EconTwitter academic community. We measured how many follow-backs each account obtained after a given period. Twitter users from this community were 12% more likely to follow accounts of White students compared to those of Black students; 21% more likely to follow accounts of students from top-ranked, prestigious universities compared to accounts of lower-ranked institutions; and 25% more likely to follow female compared to male students. The racial gap persisted even among students from top-ranked institutions, suggesting that Twitter users racially discriminate even in the presence of a signal that could be interpreted as indicative of high academic potential. Notably, we find that Black male students from top-ranked universities receive no more follow-backs than White male students from relatively lower-ranked institutions.

Fonte: aqui

A cor das palavras

Our paper relies on stock price reactions to colour words, in order to provide new dictionaries of positive and negative words in a finance context. We extend the machine learning algorithm of Taddy (2013), adding a cross-validation layer to avoid over-fitting. In head-to-head comparisons, our dictionaries outperform the standard bag-of-words approach (Loughran and McDonald, 2011) when predicting stock price movements out-of-sample. By comparing their composition, word-by-word, our method refines and expands the sentiment dictionaries in the literature. The breadth of our dictionaries and their ability to disambiguate words using bigrams both help to colour finance discourse better.

Aqui


O primeiro parágrafo é bem esclarecedor:

Since Tetlock (2007), the literature in Finance and Accounting studying different types of textual data has flourished.1 The current state of the art to measure sentiment is to use a “bag-of-words” approach, counting words in dictionaries that are specialized to Finance and Accounting jargon, namely those developed by Loughran and McDonald (2011) (LM dictionaries). This approach has been criticized as potentially having low power in comparison to more sophisticated machine learning techniques (Gentzkow et al., 2019). Our paper contributes to this debate by constructing new dictionaries using techniques from the natural language processing literature (NLP) in Computer Science, explicitly comparing their composition and predictive power relative to the LM dictionaries.

Foto: Sharon Pittaway

Crédito de Carbono e as Novas Indulgências

O texto a seguir é controverso e apresenta uma versão diferente da questão ambiental. 

Na Idade Média, a Igreja Católica convenceu os plebeus a comprar indulgências para aliviar seus pecados. E eles fizeram uma fortuna no processo.

Da mesma forma, hoje, nossos senhores superiores - a grande mídia, os banqueiros centrais e seus aliados políticos - estão trabalhando horas extras para convencer os plebeus a pagar por seus supostos pecados climáticos (1).

Digite créditos de carbono, licenças emitidas pelo governo que lhe concedem o privilégio de emitir uma certa quantidade de dióxido de carbono.

Embora os advogados os promovam como uma maneira de "salvar o meio ambiente", na realidade, os créditos de carbono nada mais são do que um mecanismo desonesto para tributar, regular e controlar você.

Por exemplo, em uma recente reunião do Fórum Econômico Mundial (WEF) em Davos (2), os participantes revelaram e divulgaram um “rastreador individual de pegada de carbono.”Ele rastreará onde as pessoas viajam, como viajam, o que comem e o que consomem.

A contabilidade de carbono já está se infiltrando em muitos lugares, como o Google Flights.


Um imposto federal sobre o carbono já é uma realidade no Canadá de Trudeau e está causando o aumento do preço de alimentos e outros bens e serviços. Mas os canadenses ainda não viram nada - o imposto federal sobre o carbono triplicará até 2030.

Em suma, há um esforço crescente para implementar o golpe de crédito de carbono em todo o mundo. E isso não é uma coincidência.

Lembre-se de que os bancos centrais existem apenas para colher riqueza da população através da inflação e redirecioná-la para a prática politicamente conectada, uma prática insidiosa conhecida como senhoriagem.

A moeda Fiat é o mecanismo usual que os bancos centrais usam para perpetuar essa fraude. Eles fazem a maioria das pessoas correr em uma roda de hamster a maior parte de suas vidas perseguindo o dinheiro dos confetes que criam sem nenhum esforço.

No entanto, há um limite para esse processo.

Por exemplo, os governos da Venezuela e do Zimbábue rebaixaram suas moedas a tal ponto que são inúteis. Eles espremeram o máximo de riqueza possível de suas populações por meio de senhoriagem.

Os governos dos EUA, Canadá, UE e outros ainda se beneficiam da senhoriagem, mas sentem que não estão recebendo tanto quanto costumavam. Os aumentos de preços estão atingindo altas de várias décadas, e o dólar americano, o euro e outras moedas fiduciárias estão perdendo rapidamente seu brilho.

Em outras palavras, os bancos centrais estão degradando moedas fiduciárias a ponto de não conseguirem mais extrair tanta senhoriagem quanto costumavam. Isso apresenta aos governos ocidentais falidos um grande problema financeiro e é por isso que eles precisam encontrar uma nova maneira de colher riqueza de seus cidadãos.

É aí que entram os créditos de carbono. Eles são o novo mecanismo de senhoriagem projetado para transferir riqueza de você para os politicamente conectados.

A idéia é fazer com que as pessoas corram na roda do hamster, perseguindo créditos de carbono, uma construção artificial que os governos criam sem esforço.

Pense assim ...

Imagine se Tony Soprano obrigasse todos em seu bairro a comprar "créditos respiratórios" dele, o que lhe concede o privilégio de respirar uma certa quantidade de ar. E isso, naturalmente, não custaria a Tony Soprano nada para criar tantos desses "créditos respiratórios" quanto ele quisesse. Ele também poderia entregá-los a seus amigos e outras pessoas que o favoreciam, criando um sistema de patrocínio corrupto.

Isso é basicamente o que os governos planejam fazer com créditos de carbono. Exceto que eles também estão iluminando você dizendo que estão ajudando a salvar o planeta. Sem essa propaganda - que a mídia, a academia e o resto do establishment reforçam - há uma boa chance de as pessoas se revoltarem.

O que fazer?

A base está sendo criada para criar um sistema totalitário para rastrear, controlar e tributar o carbono - um elemento que afeta todas as atividades da vida humana.

Os créditos de carbono são apenas uma maneira de governos, banqueiros centrais e seus aliados controlarem a população e garantirem uma senhoria contínua à medida que o sistema de moeda fiduciária se desenrola.

É o maior golpe desde as indulgências da Idade Média.

A boa notícia é que ainda há tempo para revidar. O más notícias é que não há muito tempo.

A coisa mais eficaz que uma pessoa comum pode fazer é não armazenar suas economias em moedas fiduciárias e, assim, passar fome aos governos de senhoriagem. Dessa forma, os banqueiros centrais e seus aliados não podem usar a inflação para desviar sua energia monetária para financiar o sistema de crédito de carbono e outros aspectos de sua agenda nefasta.

Em outras palavras, não coloque suas economias em algo que outra pessoa possa criar com pouco ou nenhum esforço.

(1) Isto inclui a cobrança por uma sacola de plástico em um supermercado

(2) É engraçado que Davos não tem aeroporto e este tipo de encontro consome muita emissão. 


Traduzido via Vivaldi

Melhores empresas para se trabalhar

Pretende mudar de emprego e não sabe se seu futuro pode ser melhor? Caso seja uma empresa multinacional, o índice Glassdoor pode ajudar. Todo ano a Glassdoor atribui uma premiação para os melhores lugares para trabalhar. O resultado é calculado com base nas revisões que os próprios funcionários fazem da sua empresa. Neste sentido, o prêmio apresenta uma boa visão da qualidade do tratamento que o empregador fornece ao seu funcionário. 


Um ponto interessante é que são aceitas avaliações de ex-funcionários também. O aspecto negativo: o ranking é feito para alguns países somente. Além dos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, França e Alemanha. A metodologia pode ser acessada aqui

Atualmente as melhores empresas nos Estados Unidos: Gainsight, Box, Bain, McKinsey, Nvidia, Mathworks, BCG, Google, ServiceNow e In-N-Out-Burger. Achei interessante que a Igreja de Cristo dos Santos dos Últimos dias aparece em 23. A primeira empresa de contabilidade é a RSM, em 38o. A Deloitte está em 58 e Armanino em 91o. 

Nos demais países, o ranking possui uma menor quantidade de empresas. Mas a Deloitte aparece entre as 50 do Reino Unido e há uma certa correspondência com o ranking dos Estados Unidos. Usualmente o trabalho em uma Big Four é visto como sendo uma grande exploração, mas parece que compensa. 

Uma medida para polarização

 

Há uma percepção de que nosso país está bastante polarizado. Encontrei esta medida de polarização que confirma, em parte, a crença da polarização. Colômbica, Estados Unidos, África do Sul, Espanha e Suécia são as nações severamente polarizadas. Apesar de não estar na figura, temos também a presença da Argentina, que é a nação mais polarizada da América Latina. A questão da dívida, da inflação e da política chamam a atenção.  Mas há uma percepção de corrupção no setor público e baixa confiança no governo. 

Um segundo grupo, de risco, são países moderadamente polarizados. Na pesquisa, 15 países estão no grupo, incluindo o Brasil. Mas também temos a Coréia do Sul, o México, a França, o Reino Unido, o Japão, os Países Baixos, a Itália, a Alemanha, a Nigéria, a Tailândia, o Quênia, o Canadá, a Austrália e a Irlanda. 

Entre os menos polarizados, a China e Índia. Dos sete países neste grupo, três não são democracias. O gráfico tem como fonte aqui, via aqui

Rir é o melhor remédio

 

Contando uma história e sendo avaliado. Quem já foi pai/mãe sabe...

Adaptado: daqui

17 janeiro 2023

Americanas: contabilidade criativa



Trechos de reportagem publicada hoje no Valor, sobre a contabilidade das Americanas:

Mas o que chamou a atenção dos especialistas foi como o balanço da Americanas “escondeu” os R$ 20 bilhões, já que as dívidas bancárias, assim como os juros da transação, foram pagas às instituições financeiras. “Para mim, a principal fraude é em como eles arrumaram um jeito de pagar os juros e justificar uma saída de caixa, sem dizer que eram juros e sem que isso impactasse os resultados”, afirma André Pimentel, que atuou na reestruturação das Americanas nos anos 1990 e que hoje é sócio da consultoria Performa Partners, que tem vários clientes do setor de varejo na lista de clientes. do setor de varejo na lista de clientes.
[...]

E as hipóteses começam a surgir. A mais provável, na visão de Pimentel, é de que os próprios fornecedores arcaram com os juros que foram pagos. “A Americanas sempre foi agressiva com os fornecedores”, disse. Segundo ele, a varejista cobra de seus fornecedores uma série de taxas, como custos com logística e marketing, por exemplo, itens que diminuem o valor a receber. O custo com os juros poderia estar embutido em uma dessas cobranças, diz o especialista.




Rir é o melhor remédio

 

Preciso de um novo passatempo aqui. 
Eu costumava curtir contabilidade criativa.

Fonte: Aqui

16 janeiro 2023

Americanas: a resposta está na governança?

Em uma entrevista para o Valor, Luciana Dias, ex-diretora da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), afirma que até o momento não é possível apontar culpados em relação às inconsistências da Americanas, pois não se sabe é um problema de política contábil ou de controles. Ela também argumenta que é difícil falar sobre uma regulação mais rígida para impedir problemas assim, já que o Brasil está 100% adequado às normas do IFRS. A questão se volta, então, para aspectos de governança.

“Há questões de governança que não são necessariamente fraudes. Não ter controles específicos, não ter discussões nas notas explicativas é bastante intrigante do ponto de vista de governança. O fato relevante não menciona quando surgiu a desconfiança do problema, quem está solucionando. Mesmo que não tenha fraude, pode haver problemas de governança relacionados à falta de controles. É possível ter um problema de governança que não é desonestidade.”

Em uma publicação no LinkedIn, Andre Burger ressalta que a Americanas supostamente apresentava uma boa governança, com um Conselho de Administração atuante, Conselho Fiscal, Comitê de Auditoria, Código de Conduta, dentre outros, que não captaram a situação problemática das tais inconsistências contábeis.


Ainda segundo Dias, as normas contábeis dão espaço para que a entidade faça julgamentos, estabeleça políticas e explique as opções feitas nas demonstrações contábeis. As empresas com boa governança “levantam as questões mais relevantes para aquele assunto e discutem nas instâncias de governança adequadas. Isso precisa ser documentado para que as informações não se percam, e devem ser estabelecidos controles para que essas políticas sejam adequadamente implementadas.” Dias acrescenta que a resposta está neste caminho e que, no momento, é necessário descobrir onde houve falha na cadeia de governança da Americanas.

Rir é o melhor remédio

 


15 janeiro 2023

Americanas

Domingo, 15 de janeiro. O grande fato da semana na área contábil brasileira, talvez o grande fato no ano, é a questão da empresa Americanas. Após minhas diversas leituras sobre o assunto, decido fazer esta postagem tratando dos principais atores do caso. 

Recapitulando, logo após assumir o cargo de principal executivo da empresa de varejo Americanas, Sérgio Rial, em conjunto com o executivo de finanças da empresa, Andre Covre, disse que a empresa estava com algumas “inconsistências contábeis”, no valor estimado de 20 bilhões de reais. A notícia pegou muitos de surpresa e, logo após o comunicado, Rial e Covre deixaram a empresa. Este seria um breve resumo da situação. Vamos olhar agora os principais personagens da história.

Sérgio Rial (e Andre Covre) – este talvez seja o personagem mais interessante do enredo. Vindo do Santander, onde comandou a importante instituição financeira durante anos, Rial foi contratado para  melhorar a empresa. Por sua rede de contatos e ter origem bancária, é possível que Rial já conhecesse o problema da empresa, antes de 2023. Em alguns textos, Rial aparece como alguém que “descobriu” as inconsistências com alguns dias no cargo. Mas eu desconfio seriamente se realmente foi uma descoberta ou se Rial talvez só tenha percebido a dimensão do problema quando assumiu o cargo. Durante a conferência, na qual a notícia chegou ao público, Rial usou a terminologia “inconsistência”, mas comentou que era “não material”. Mas um valor de R$20 bilhões de inconsistência, mesmo em uma empresa do porte das Americanas, é certamente material. 

Após o anúncio, Rial deixou a empresa e foi trabalhar na 3G. Isto é muito estranho para quem está olhando o que ocorreu nos últimos dias. Afinal, a 3G é a principal acionista da empresa e Rial foi o “responsável” por uma grande perda. 

3G – A 3G Capital possui participações na Inbev e também na Kraft, que fez uma despesa com goodwill, em razão do teste de impairment, no valor de 15 bilhões de dólares, que resultou em uma investigação da SEC e multa do regulador. Há alguns meses a 3G, grande controladora das Americanas, fez uma mudança societária, na qual sua participação foi reduzida. Logo após o anúncio sobre as "inconsistências", a 3G divulgou um reforço de capital, que irá elevar sua participação acionária. Se a 3G perdeu com a queda das ações, o reforço de capital pode ser feito em um momento propício. Mas, novamente: qual a razão de contratar Rial para a 3G? 

Governança Corporativa da empresa – Rial assumiu o posto no lugar de Miguel Gutierrez, que foi funcionário da empresa, e seu principal executivo, durante anos. A cultura da empresa era caracterizada por uma boa remuneração para seus principais funcionários em renda variável, especialmente ações da própria entidade. Uma característica de gestão da 3G é observar o comportamento dos seus funcionários através de metas e uma forte pressão para atingir os objetivos determinados. Isto cria um ambiente propício para um esforço enorme da gestão, mas também induz a todo tipo de manipulação. Se existia inconsistência contábil, onde estava o Conselho Fiscal da empresa ou os gestores anteriores? Certamente o problema começou bem antes de 2022 e cabe investigar de que forma a cultura organizacional da empresa teve seu papel de destaque. 

Reguladores – Logo após as primeiras notícias, a Comissão de Valores Mobiliários e o Conselho Federal de Contabilidade vieram a público para responder ao assunto. A CVM já instalou processos e esperamos que isto resulte em punição, inclusive pecuniária. O CFC, sempre avesso à polêmica, saiu com um comunicado usando o termo “inconsistência”, indicando que comprou o enredo da empresa. Mas não sabemos se haverá um processo instaurado. Esperamos que o CFC não seja omisso. 


Auditor – Deixe este para o final, pois a atuação da PwC tem sido criticada de várias formas. A empresa, até esta data, não tem nenhum comunicado sobre o assunto na sua página oficial, o que é uma frustração. Logo após o anúncio, algumas pessoas fizeram um prognóstico apressado sobre a sobrevivência da empresa. O caso não irá ameaçar esta Big Four. Afinal, a PwC auditava a Petrobras e todos sabemos como aquilo deveria ser o fim do poço para uma empresa auditoria e nada ocorreu. Talvez pague um pequena multa, em relação ao seu faturamento, para o regulador e tenha seus auditores suspensos da função. Mas algo mais? Não creio. Neste momento, seria importante discutir o modelo de auditoria que adotamos no mundo capitalista. Mas isto não irá ocorrer, sendo realista. 

12 janeiro 2023

Rir é o melhor remédio

 





E a melhor:


Este último enviado pela Izis, a quem agradecemos.
Complemento do Sandro, do Acervo Contábil:
E a Rosimeire responde: "não, não. é por causa do arredondamento"







Banco Nacional Suíço registra prejuízo de US$143 bilhões

O Banco Nacional Suíço registrou uma perda 143 bilhões de dólares em 2022. Esta é a maior perda do banco na sua história e parte do resultado decorre do investimento do banco no mercado acionário dos Estados Unidos. Outra explicação foi a posição em moeda estrangeira, que o banco comprou na tentativa de mudar o câmbio. 


As perdas aceleraram à medida que os mercados globais de ações e títulos caíram em uníssono - 2022 foi o primeiro ano em mais de um século em que o mercado de ações e títulos sofreu perdas de dois dígitos - já que os bancos centrais de todo o mundo, incluindo o SNB, aumentaram as taxas de juros para combater inflação. Enquanto isso, o forte franco suíço - que subiu acima da paridade em relação ao euro em julho - também levou a perdas relacionadas à taxa de câmbio.

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 Texto interessante na internet

11 janeiro 2023

Inconsistências de 20 bilhões nas Americanas

Americanas: Presidente encontra ‘inconsistências’ de R$ 20 bi nas contas da empresa e renuncia

Por Elisa Calmon e Talita Nascimento - 11/01/2023 | 19h38

Atualização: 11/01/2023 | 20h08

Conselho de administração cria comitê independente para apurar o caso; presidente Sérgio Rial ficou cerca de dez dias no cargo, mas continuará como assessor para apoiar companhia

A Americanas informou nesta quarta-feira, 11, que o seu presidente, Sérgio Rial, e o diretor de relações com investidores, André Covre, decidiram deixar os cargos. A decisão ocorre após a empresa detectar inconsistências em lançamentos contábeis estimadas em R$ 20 bilhões. Os executivos tomaram posse há cerca de dez dias.

A companhia informou que as inconsistências foram detectadas em dados contábeis de anos anteriores, incluindo o de 2022. A área contábil identificou a existência de operações de financiamento de compras de cerca de R$ 20 bilhões. Porém, os valores não constam nas demonstrações financeiras dos fornecedores na data de 30 de setembro do ano passado.

“Neste momento, não é possível determinar todos os impactos de tais inconsistências na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da companhia”, diz a empresa, em comunicado.

A cifra de R$ 20 bilhões e a nota da companhia dão a entender que as chamadas inconsistências foram levadas por anos. A companhia foi controlada pelo 3G Capital (do trio Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles) até 2021, quando o grupo decidiu diminuir sua participação em um rearranjo societário que visava simplificar o nó acionário da companhia. A decisão penalizou os papéis da Americanas.

Com menor influência do trio de investidores, a empresa anunciou em agosto do ano passado que Rial assumiria a companhia no primeiro dia de 2023, como sucessor de Miguel Gutierrez. O anúncio foi visto pelo mercado como inesperado, já que Rial era presidente do conselho de administração da Vibra e não tinha experiência no ramo de varejo. Ele também presidiu o Santander Brasil de 2016 a 2021.

A ação da Americanas vinha em um ritmo de alta nas últimas semanas, com uma valorização de 43,37% no último mês e de 24,35% apenas em 2023.Ameri


Investigação

O conselho de administração decidiu criar um comitê independente para apurar as circunstâncias que ocasionaram as inconsistências. “Os acionistas de referência da Americanas, presentes no quadro acionário há mais de 40 anos, informaram ao Conselho de Administração que pretendem continuar suportando a companhia, tendo o sr. Sérgio Rial como seu assessor nesse processo, prestando apoio na condução dos trabalhos”, diz ainda o documento.

O conselho de administração nomeou interinamente João Guerra para diretor-presidente e diretor de relações com investidores. O executivo atua nas áreas de tecnologia e recursos humanos da Americanas e não tem envolvimento anterior na gestão contábil ou financeira.

Fonte: aqui. Dica Vladimir Almeida. Foto: Roberto Ushisima

Notícias do mundo das criptos: DCG

Cameron Winklevoss, cofundador da corretora de criptomoedas Gemini e um dos responsáveis por idealizar o Facebook, escreveu uma nova carta aberta ao conselho do Digital Currency Group, ou DCG, dizendo que o CEO da companhia, Barry Silbert, é “inapto” para administrar a empresa.


Na carta, publicada nesta terça-feira, 10, Winklevoss afirmou que Silbert e a Genesis Global Capital – uma subsidiária do DCG – foram responsáveis por uma fraude que atingiu os mais de 340 mil usuários que faziam parte do programa Gemini Earn, um serviço de renda fixa oferecido pela exchange.

A nova carta se seguiu a um apelo feito em 2 de janeiro pelo Twitter diretamente a Silbert, no qual o cofundador da Gemini disse que a Genesis devia US$ 900 milhões à corretora de criptomoedas, acusando o CEO de se esconder “atrás de advogados, banqueiros de investimento e processos legais".

De acordo com Winklevoss, a Genesis emprestou mais de US$ 2,3 bilhões para a Three Arrows Capital, um movimento que acabou deixando um buraco de US$ 1,2 bilhão na empresa quando o fundo de investimentos faliu em junho de 2022.

Winklevoss afirmou que Silbert, o DCG e a Genesis orquestraram “uma estratégia cuidadosamente elaborada baseadas em campanhas mentirosas ”começando em julho de 2022 em um esforço para mostrar que o DCG injetou os fundos na Genesis.

Fonte: aqui. Foto: Shubham Dhage

Notícias do mercado de criptos (?): Real Digital

Fabio Araujo, diretor do Banco Central do Brasil e responsável pelo projeto do Real Digital, declarou ao Valor Econômico que o BC irá criar uma blockchain própria para o Real Digital e que a inspiração para este desenvolvimento é o Ethereum.

O Ethereum é atualmente a segunda maior criptomoeda do mercado e o principal protocolo para contratos inteligentes.

Desde as primeiras declarações públicas do BC sobre o Real Digital, a instituição vem afirmando que o objetivo da moeda digital é habilitar o ecossistema de contratos inteligentes no Brasil e conectar o sistema financeiro com as finanças descentralizadas (DeFi).

Araujo destacou que para atender a esta proposta com o Real Digital o Banco Central precisa 'migrar' o atual Sistema de Pagamentos Brasileiros (SPB) para a economia digital.

O sistema atual foi criado há 20 anos e reúne as infraestruturas e participantes do mercado financeiro, mas não é compatível com o que o Banco Central chama de "dinheiro programável", portanto, não tem suporte para contratos inteligentes e blockchain.

Portanto, para habilitar todo o potencial do Real Digital, o Banco Central irá criar um Sistema de Pagamentos Digital, que será integrado com o SPB e será voltado exclusivamente para a CBDC nacional, oferecendo as mesmas garantias e integração que o SPB oferece para o sistema 'tradicional'.

“Precisamos fazer o Sistema de Pagamento Digital, que será a plataforma do real digital, e que vai ter um funcionamento integrado com o que já existe”, disse Fabio Araujo ao Valor.

Real Digital



Para tanto, no Sistema de Pagamentos Digital tudo será tokenizado, sejam ações, títulos de dívida, títulos de consórcio, e outros ativos financeiros. Estes tokens terão, em seu back-end, o Real Digital como uma espécie de 'lastro' de suas atividades.

Neste sistema os bancos e instituições integrantes do sistema do Real Digital vão tokenizar seu saldo de ativos financeiros em Real Digital, permitindo assim a emissão de stablecoins e demais tokens lastreadas neste saldo.

Neste novo sistema digital, tanto o Sistema de Transferência de Reservas (STR) como a mudança de titularidade do ativo que ocorre na B3, será feita via contratos inteligentes.

Esta blockchain do Banco Central não será desenvolvida pela instituição, mas deve ser licitada e construída por um agente externo. Segundo declarou o BC, os detalhes estão sendo definidos.

Outra novidade no sistema do Real Digital, segundo a Fenasbac (Federação das Associações de Servidores do Banco Central), é a autenticação por contexto, ou seja, a identidade do usuário será validada considerando o ambiente e outras informações sobre seu contexto de uso das aplicações. Deste modo, assistentes como a Alexa, poderão iniciar pagamentos recorrentes habilitando o conceito de internet das coisas.

Fonte: aqui. Foto: Shubham Dhage

Notícias do mercado de cripto: Binance

A Binance, a maior exchange de criptomoedas do mundo, está lutando para manter seus ativos. Após o colapso da rival FTX, vários investidores resgataram suas criptomoedas nas últimas semanas. Apesar da garantia do CEO Changpeng Zhao de que a situação havia se estabilizado, os saques estão avançando. Só na última sexta-feira (6), os clientes resgataram US$ 360 milhões líquidos (R$ 1,9 bilhão), de acordo com dados da empresa de dados criptográficos Defillama.

Em 13 de dezembro, Nansen, outra empresa de dados criptográficos, divulgou a notícia de que a Binance havia perdido US$ 3 bilhões (R$ 15 bilhões) em ativos na semana anterior, representando 4% do total. Uma investigação da Forbes revelou que, de fato, a Binance perdeu 15% de seus ativos desde uma postagem no Twitter de Zhao (conhecido como CZ) no mesmo dia em que ele minimizou as retiradas do relatório Nansen. (...)

Fonte: Forbes. Leia mais aqui

Notícias do mercado de cripto: FTX

Com o andamento das investigações sobre os problemas da FTX, algumas informações começam a melhor esclarecer o que ocorreu na empresa "moderninha". Um relatório divulgado nesta semana revela que a empresa gastou cerca de 40 milhões de dólares em despesas com hotel, entretenimento e viagens. Deste total, 15,4 milhões foram gastos de janeiro a setembro de 2022 em hospedagem. O fundador da empresa, Sam Bankman-Fried, morava em uma cobertura do Albany Hotel, onde uma diária pode chegar a 60 mil dólares. 


Outra informação indica alguns investidores que colocaram seu dinheiro na empresa FTX e, provavelmente, perderam todo principal. Entre os nomes, a modelo brasileira Gisele Bundchen e seu ex-marido. Bundchen tem mais de 680 mil de ações da empresa. 

Foto: aqui