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14 dezembro 2022

Quando a escolha de um software contábil diz muito sobre a empresa

Na confusão da empresa FTX, o gestor de falência e novo CEO da empresa, John J. Ray III, mostrou que a escolha de um software contábil pode dizer muito sobre a qualidade da contabilidade de uma empresa. Em um depoimento para o legislativo, um dialogo interessante aconteceu:

"Eles [a gestão anterior da empresa] usavam QuickBooks"

"QuickBooks?" um congressista questionou, querendo mais informação. 

"QuickBooks é uma ferramenta legal, mas não para uma empresa multibiolinária" disse Ray. 

O BusinessInsider, citado acima, lembra uma cena do Breaking Bad onde este ponto fica mais claro. Atenção, spoiler. A empresa de Ted Beneke estava sendo auditada pela receita e Skyler White é chamada para tentar resolver o assunto. Em uma reunião com o fiscal da receita, Skyler chega e faz o papel de "funcionária idiota". Quando o auditor fiscal pergunta sobre a contabilidade da empresa, Skyler diz:

Quando eu colocava as coisas no Quicken nada piscava em vermelho. Isto significa que estava tudo ok, certo?

O fiscal, espantado, diz:

Quicken? Você usa Quicken para fazer a contabilidade de uma empresa deste tamanho? 

Isto convenceu o fiscal de que o problema da contabilidade da empresa de Beneke não era fraude, mas uma contadora incompetente. 

Acima, a cena, com Ted, Skyler e o fiscal, da direita para esquerda

07 julho 2017

Empresa de software contábil e o ataque

Um ataque de um malware afetou muitas empresas na semana passada. Existe uma desconfiança forte de que o problema começou na Ucrânia. E o chefe da polícia ciebernética daquele paíse, Serhiy Demedyuk, afirmou para a Reuters que a origem talvez esteja nos servidores de uma empresa chamada MEDoc.

A MEDoc é a empresa de software de contabilidade mais conhecida da Ucrânia. Parece que tudo começou com uma atualização emitida pela MEDoc. Os donos da empresa negam a acusação. O ataque teria sido planejado com meses de antecedência por hackers, que inseriram o malware numa vulnerabilidade do programa MEDoc. O programa é usado em 80% das empresas do país.

12 dezembro 2016

Falha num software da PwC pode permitir alteração na contabilidade

Uma falha crítica em uma ferramenta de segurança construída para sistemas SAP pela PricewaterhouseCoopers pode permitir que hackers manipulem dados contábeis e financeiros dos clientes, uma pesquisa recente afirmou.

Conforme a notícia, publicada no IB Times, o problema pode permitir que um invasor altere a contabilidade. Apesar de não afirmar que a falha já foi explorada, o problema poderia manipular, por exemplo, o pagamento de recursos humanos. A PwC negou a falha e disse que o código não está na versão atual disponibilizada para os clientes. Inicialmente a empresa de auditoria não respondeu a investigação, mas depois encaminhou uma carta através dos seus advogados.


22 agosto 2014

Contabilidade e Software

Eis uma reportagem estranha (Contabilidade vai para o software, Valor Econômico, 21 de agosto de 2014, Tatiane Bortolozi)

Para contornar a burocracia, a contabilidade das empresas está migrando para o software.
Tive que ler duas vezes. Há uma mistura de assuntos aqui. Na frase se afirma que a contabilidade das empresas é burocrática (no decorrer do texto parece indicar que não é bem isto), que a solução é “software” e que isto está ocorrendo agora. Historicamente a contabilidade sempre esteve associado a automação (ou seja, software, que é um pedaço deste processo; mas iremos perceber a razão do uso deste termo aqui mais adiante). Processo não é de agora.

A facilidade de comunicação contribui para melhorar a eficiência do trabalho de um mercado com mais de 500 mil profissionais no país, de nível superior e técnico, segundo o Conselho Federal de Contabilidade.
Novamente confuso. Qual a relação com o parágrafo anterior? Nenhuma, apesar de serem frases do mesmo parágrafo. Aqui se afirma que a melhor comunicação melhora a eficiência do trabalho do profissional de contabilidade.

A burocracia dos processos contábeis é um grande problema, mas cria um amplo mercado potencial, diz Antoine Colaco, sócio da Valor Capital Group, fundo de venture capital com sede em Nova York que investe em empresas iniciantes brasileiras.
Continuo achando confuso. O processo contábil não é burocrático, mas o ambiente legal. O processo contábil está baseado no evento, registro pelo método das partidas dobradas e encerramento de resultado.

“O grande negócio é olhar quanto tempo os contadores ganham e a economia que isso gera. Com a comunicação mais fácil, as companhias poderão poupar muito tempo.”
Insistem na comunicação mais fácil. E que isto irá reduzir o tempo na atividade contábil.

As empresas brasileiras perdem 108 dias por ano com burocracia e impostos, segundo pesquisa divulgada pelo Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis do Estado de São Paulo (Sescon-SP) em julho.
Aqui o tema muda novamente. Fala-se do tempo com a papelada, ou a burocracia da empresa (não dos processos contábeis)

“Um dos motivos para a alta mortalidade das novas empresas no Brasil é a falta de controle de fluxo de caixa”, diz Anderson Thees, sócio-fundador da Redpoint e.ventures, empresa com US$ 130 milhões em investimentos em empresas de tecnologia.
Outra mudança de rumo. Agora é sobre a mortalidade das empresas e o fluxo de caixa.

“Sem a ajuda de um software ou de ferramentas de tecnologia, o acesso a informações de clientes pode demorar semanas, senão meses”, diz Frederico Fernandes, sócio da L.A. Contab, um escritório de contabilidade no Rio de Janeiro com 48 funcionários. “Algumas vezes, o cliente não consegue entender quais informações deve disponibilizar; em outras, o contador tem dificuldade ao explicar quais documentos são necessários.”
Acredito que este problema sempre existirá. É um problema de comunicação. A presença de software e tecnologia não resolve isto.

A Redpoint e a Valor Capital Group são fundos de investimento em participação focados em empresas iniciantes (startups) com um relevante potencial de crescimento futuro. Juntos, apoiaram a startup Nibo, que lançou há uma semana uma plataforma de informações integradas de fluxo de caixa para ser acessada por contadores e pequenas e médias empresas. O software, que dá nome à companhia, permite a unificação dos formatos de arquivos contábeis e seu compartilhamento entre as duas partes.
Agora eu entendi o texto. O objetivo é informa que o Nibo resolve seus problemas. Mas é jornalismo? Volte para as primeiras frases do texto e compreenderá a razão. Para finalizar:

O Nibo estima aumentar com a nova plataforma a eficiência dos processos de contabilidade para empresas em, ao menos, dez vezes, diz o fundador e presidente Gabriel Gaspar. “Quando o produto alcança o contador, ele tem o interesse de expandir para outros clientes”, afirma Gaspar, que espera passar dos atuais 50 mil para 300 mil clientes até o fim do ano.

31 janeiro 2014

Os programadores de Madoff

Uma das maiores fraudes ocorridas nos últimos anos foi o esquema financeiro de Bernard Madoff. Usando um esquema de pirâmide, Madoff conseguiu enganar reguladores e investidores durante anos. Alguns dos detalhes desta fraude apareceram agora.

Os ex-programadores de Madoff informaram como foram criadas milhares de transações falsas, com datas e registros contábeis, para enganar auditores. Jerome O´Hara e George Perez (fotografia) escreveram vários programas durante as auditorias da SEC, a entidade que fiscaliza o mercado acionário. Os dois programadores estão sendo julgados com participantes do escândalo financeiro de 2008.

No software criado gerava-se documentos aleatórios, com atribuição de transações com entidades bancárias escolhidas e períodos de tempos também escolhidos ao acaso.

Os acusados afirmaram que estavam seguindo ordens e não sabiam que o código estava sendo usado para fraude. Eles se declararam inocentes. Mas a acusação afirma que quando os programadores descobriram que seu trabalho estava sendo usado para fraude, passaram a extorquir mais salários e bônus.

Mais detalhes vide aqui

08 janeiro 2013

A pressa da HP

(...) Um ex-executivo da HP que trabalhou na empresa na época diz que parecia que Apotheker e o conselho de administração não sabiam o que fazer, e estavam tentando tudo o que conseguiam imaginar. Não era uma estratégia, diz ele. Era o caos.

O tamanho do caos ficou claro quando a HP anunciou, em novembro, que teria uma perda contábil de US$ 8,8 bilhões com o negócio relacionado à Autonomy, em meio a alegações de irregularidades no balanço na companhia de software. A HP diz que informou o problema à Securities and Exchange Commission (SEC), a comissão de títulos e câmbio americana, e ao Serious Fraud Office, do Reino Unido, e afirma que pretende entrar com suas próprias ações civis. O conselho de administração demitiu Apotheker no fim de 2011, apenas 11 meses após ele assumir o cargo, substituindo-o por Meg Whitman. E o trabalho da nova executiva-chefe ficou ainda mais difícil: a Autonomy está agora avaliada em cerca de 15% do valor pago pela HP.

Um olhar sobre a breve e inglória passagem de Apotheker mostra o quanto a HP se equivocou. Ele entrou para a companhia após uma longa e bem-sucedida carreira na fabricante alemã de softwares SAP. Embora admirado por seu intelecto (ele fala cinco idiomas) e energia, seu estilo autocrático de administrar dificultou muito suas tomadas de decisão, segundo afirmam muitos dos mais de uma dezena de ex-colegas da HP e da SAP entrevistados para este artigo, que pediram para ficar no anonimato por causa dos laços pessoais que têm com ele. Quando Apotheker assumiu, a Autonomy, que faz produtos para organizar as grandes quantidades de dados que inundam as redes de computadores das empresas, estava à venda havia meses e mantinha o banqueiro Frank Quattrone, da Qatalyst Partners, como chamariz de venda.

Quattrone e o executivo-chefe da Autonomy, Mike Lynch, primeiro ofereceram a companhia para a Oracle em uma reunião realizada em abril. Eles não mencionaram um preço, mas executivos da Oracle disseram a eles que o valor de mercado de US$ 6 bilhões da Autonomy não parecia ser justificado por suas finanças, segundo pessoas a par da reunião, que também pediram para não ter seus nomes revelados porque o encontro foi sigiloso. Mark Hurd, presidente-adjunto da Oracle (e ex-executivo-chefe da HP), concluiu que o negócio da Autonomy estava crescendo muito lentamente. Segundo essas pessoas, o diretor de fusões e aquisições Doug Kehring colocou em dúvida a elevada margem de lucro da Autonomy. Eles não levaram a proposta da Autonomy a sério, acrescentam as fontes. Em uma conferência telefônica com analistas em setembro, o executivo-chefe da Oracle, Larry Ellison, classificou o preço pedido pela Autonomy de "absurdamente alto".

Apotheker via a Autonomy como a passagem da HP para o mercado de software de altas margens, que na época respondia por menos de 3% das vendas da companhia. O executivo-chefe e seu diretor de estratégia e tecnologia, Shane Robison, contrataram a empresa de contabilidade KPMG para rever uma auditoria feita pela Deloitte na Autonomy em fevereiro. Um porta-voz de Apotheker diz que ele apresentou a aquisição para o conselho em uma reunião de dois dias no fim de julho de 2011. No mês seguinte, ele reagiu às objeções de sua diretora financeira Cathie Lesjak, de que o negócio seria caro demais. Apotheker ganhou a discussão e o negócio acabou seguindo em frente. (Lesjak não quis fazer comentários sobre o assunto.)

A Autonomy, que registrou um lucro operacional de US$ 395 milhões sobre vendas de US$ 931 milhões nos 12 meses antes de ser comprada pela HP, usava táticas contábeis agressivas para inflar seus resultados, segundo um ex-executivo da companhia que pediu para ficar no anonimato porque não quer ser visto como alguém que cospe no prato em que comeu. A Autonomy antecipava e contabilizava grande parte das receitas obtidas com a assinatura de um software chamado Zantaz, um programa baseado na internet que bancos e escritórios de advocacia usam para armazenar arquivos de computador para propósitos de conformidade às regras.

Ao reconhecer os pagamentos de uma só vez, em vez de espaça-los ao longo do tempo, a companhia inflava seus lucros. O tratamento contábil dado pela empresa a um sistema de arquivamento de e-mails e documentos, o Arcpliance, exagerava a verdadeira margem de lucro do produto, que não era amplamente usado, segundo executivos. No negócio dos softwares, o "reconhecimento de receita normalmente é a maneira predominante de se maquiar os balanços", já que as altas margens de lucro tornam mais tentador acelerar as vendas, afirma Dana Basney, diretor de serviços contábeis forenses da CBIZ MHM, empresa de contabilidade de San Diego. "Você consegue um retorno maior."

É difícil fiscalizar as normas contábeis no setor dos softwares por causa da dificuldade em mensurar os bens físicos, diz Michael Cusumano, professor de administração da Sloan School of Management do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Desde 1990, cerca de metade das companhias de softwares de capital aberto tiveram que recalcular suas receitas por erros na classificação das vendas e retornos dos produtos, ou porque lançaram pagamentos em curso por serviços de suporte técnico como vendas de licenças de produtos, segundo afirma Cusumano. "É preciso ser duplamente, triplamente cuidadoso para acreditar no que você vê no papel", diz ele. "Muitas vezes, as empresas de contabilidade não são especialistas em detectar esses tipos de fraudes. Elas podem ser muito bem escondidas."

Somente depois que um delator da Autonomy entrou em cena, no terceiro trimestre, foi que a HP tomou consciência dos problemas na fabricante de softwares. Após a revelação dos problemas na Autonomy, as ações da HP atingiram o menor patamar em dez anos, ampliando uma queda que eliminou mais de US$ 100 bilhões do valor de mercado da companhia em cinco anos. Apotheker e Whitman defendem a verificação feita antes do negócio com a Autonomy. Em um comunicado emitido em novembro, Apotheker chamou os procedimentos realizados na companhia de "meticulosos e completos", e disse que o escândalo contábil foi um "choque".

Whitman, que não teve autorização da HP para dar entrevista, disse a analistas, durante a conferência telefônica em que divulgou os resultados do quarto trimestre da HP, que o conselho fiou-se nas finanças auditadas pela Deloitte e a KPMG. A Deloitte não quis fazer comentários; a KPMG disse que sua única função foi fornecer uma série limitada de serviços não relacionados à auditoria. A Deloitte "obviamente não detectou esses problemas na época", diz o consultor jurídico geral da HP, John Schultz. "Teria sido muito difícil, ou mesmo impossível, para a HP detectá-los." Schultz diz que a Autonomy declarou de forma errada mais de US$ 200 milhões em receitas - incluindo a contabilização de vendas de PCs e mouses de computador como softwares. Lynch disse à agência "Bloomberg News" que seus métodos estão dentro dos padrões de contabilidade europeus e que a HP fez suas acusações para ocultar a má administração da unidade. "Isso não faz sentido", diz ele. "A HP está procurando um bode expiatório e não serei eu." (...)  (Tradução de Mário Zamarian)

Como a pressa em mudar pôs a HP em apuro - 7 de Janeiro de 2013 - Valor Econômico - Aaron Ricadela | Bloomberg Businessweek