28 fevereiro 2014
20 anos do plano real
Gustavo H. B. Franco - O Estado de S.Paulo
Na próxima sexta feira, dia 28 de fevereiro de 2014, quando começarem os trabalhos de carnaval, vamos festejar também os 20 anos da publicação da Medida Provisória nº 434, que introduziu a URV (Unidade Real de Valor), uma formidável inovação que assumiu a forma de segunda moeda nacional, porém apenas "virtual", ou "para servir exclusivamente como padrão de valor monetário" (art. 1).
A URV era o real, desde o início. Em seu artigo 2º, a MP 434 já determinava que, quando a URV fosse emitida em forma de cédulas - e assim passasse a servir para pagamentos -, o cruzeiro real seria extinto e a URV teria seu nome mudado para real.
A inflação beirava os 40% mensais, mas, em vista do modo como foi construída, a URV (que Saulo Ramos, com verve e má vontade chamou de "feto de moeda") era uma "moeda estável", ou uma unidade de conta protegida da inflação, portanto, superior às outras em circulação ou em uso para indexar contratos, e por isso as substituiu de modo espontâneo e surpreendentemente rápido.
Na partida, em 1º de março de 1994, a cotação da URV em cruzeiros reais, a moeda de pagamentos, era CR$ 647,50, valor que o BC usava para fixar a taxa de câmbio (e não o contrário). No dia seguinte a URV mudou para CR$ 657,50, conforme a variação da inflação corrente, e depois para CR$ 667,65 assim fomos.
Em poucas semanas a URV se alastrou de forma viral, pois era um convite irresistível: migrar espontaneamente para uma moeda de conta que andava junto com o dólar. Por que o Brasil não poderia ter uma moeda tão boa quanto a de qualquer outro país? Por que a moeda estável, a indexada, era privilégio apenas do rico que usava o "overnight"?
Em 1º de julho, quatro meses depois (e bem poderia ter sido antes!), as novas cédulas e moedas do real foram colocadas em circulação em lugar do cruzeiro real na razão de R$ 1,00 para CR$ 2.750,00. A reforma monetária estava completa e o real em plena circulação. Quem disse que o brasileiro não sabe fazer conta e não é capaz de entender e agir inteligentemente diante de questões econômicas aparentemente complexas?
Depois de 20 anos, a adoção generalizada da URV ainda está cercada de uma aura de mistério e fascinação, e entre os especialistas, é lembrada como uma das experiências de estabilização mais engenhosas e bem-sucedidas que a humanidade já conheceu. O fim da hiperinflação alemã em 1923, que fez uso de um expediente semelhante - o rentenmark - é frequentemente descrito como um "milagre", e desafia explicações, tal como a URV.
O fato é que a introdução da moeda de conta indexada deu início a uma reação química em cadeia, uma espécie de redescoberta do "valor das coisas", que estendia seus efeitos para todo o espectro de simbolismos associados ao dinheiro, sugerindo, inclusive, a identificação entre inflação e imoralidade. Havia muita coisa em jogo no plano simbólico: a moeda, como a bandeira e o hino, está entre os mais importantes símbolos nacionais, de tal sorte que sua degradação, quando levada ao extremo de uma hiperinflação, espalhava suas consequências para muito além da órbita econômica.
Elias Canetti, numa passagem famosa sobre a hiperinflação alemã, observou mais genericamente que uma inflação desse tipo "pode ser tomada como uma orgia satânica de desvalorização no qual os homens e as unidades de seu dinheiro exercem os mais estranhos efeitos sobre si mesmos. Um se projeta no outro, o homem sentindo-se tão 'ruim' quanto o seu dinheiro". Nada a estranhar, portanto, no torpor e na dissolução de valores, entendida de forma mais ampla, em vigor durante aqueles anos e que, infelizmente, deixou sequelas.
O "caminho de volta" enunciado pelo Plano Real compreendia a recomposição e reunificação das funções da moeda em sequência: primeiro a de servir como unidade de conta com a URV, substituindo outros indexadores e unidades de conta usadas em contratos e orçamentos familiares, segundo a de servir como meio de pagamento de curso legal, com a emissão de cédulas e moedas denominadas em real, e por último, e mais difícil, a de funcionar como reserva de valor, teste realizado quando a nova moeda deixou de ser indexada ao dólar e flutuou com relação à moeda norte-americana. E diante do veredicto dos mercados, quando o real apreciou com relação ao dólar, e assim se manteve, o circuito estava completo.
Era apenas o começo, é claro, e o programa prosseguiu, inclusive porque havia clareza que o Plano Real, diferentemente dos outros planos econômicos, compreendia uma extensa agenda de ações contemplando os chamados fundamentos econômicos da estabilização e do desenvolvimento. Era uma linguagem inovadora para uma época em que as pessoas ainda acreditavam em Papai Noel e inflação inercial. Essa agenda era o cerne do programa. A passagem do tempo e a alternância no poder só tornaram mais claro que estávamos adotando paradigmas já bem assentados no tocante à disciplina monetária, à responsabilidade fiscal e à sustentabilidade financeira do Estado.
A URV, depois transformada em real, trouxe a inflação no Brasil para níveis internacionais no início de 1997 sem sustos, confiscos, caneladas e recessão. No ano calendário de 1998 a inflação medida pelo IPCA foi de 1,6%, a menor da série histórica. Foi a menor inflação anual desde que o IPC da Fipe começou a ser calculado em 1940.
Pois assim, a estabilização nos retirou de um estado de torpor e depressão para outro de euforia e ansiedade; a agenda de estabilização rapidamente se converteu na discussão das reformas necessárias para o crescimento, onde estacionamos já faz alguns anos.
O problema do crescimento é semelhante ao da estabilização de muitas formas: ambos dependem de coordenação, persuasão, segurança quanto à consistência macroeconômica e, sobretudo, incentivos corretos. O sucesso da URV e do Plano Real é sempre associado ao estilo da coisa, à transparência no fazer e à ideia de um "convite a aderir" a um mecanismo que os agentes econômicos percebem como superior. Não é um "Pacto Social" negociado por sindicatos e associações patronais, nem um mecanismo compulsório e invasivo como foram os congelamentos. Essas coisas não funcionam: as pessoas, inclusive as jurídicas, preferem exercer suas próprias escolhas orientadas por suas próprias percepções sobre os seus melhores interesses. Assim funcionam as economias de mercado como a nossa. Quando o governo organiza políticas públicas que atentam para esse detalhe crucial sobre o modo com a economia funciona, as coisas costumam dar certo.
Na próxima sexta feira, dia 28 de fevereiro de 2014, quando começarem os trabalhos de carnaval, vamos festejar também os 20 anos da publicação da Medida Provisória nº 434, que introduziu a URV (Unidade Real de Valor), uma formidável inovação que assumiu a forma de segunda moeda nacional, porém apenas "virtual", ou "para servir exclusivamente como padrão de valor monetário" (art. 1).
A URV era o real, desde o início. Em seu artigo 2º, a MP 434 já determinava que, quando a URV fosse emitida em forma de cédulas - e assim passasse a servir para pagamentos -, o cruzeiro real seria extinto e a URV teria seu nome mudado para real.
A inflação beirava os 40% mensais, mas, em vista do modo como foi construída, a URV (que Saulo Ramos, com verve e má vontade chamou de "feto de moeda") era uma "moeda estável", ou uma unidade de conta protegida da inflação, portanto, superior às outras em circulação ou em uso para indexar contratos, e por isso as substituiu de modo espontâneo e surpreendentemente rápido.
Na partida, em 1º de março de 1994, a cotação da URV em cruzeiros reais, a moeda de pagamentos, era CR$ 647,50, valor que o BC usava para fixar a taxa de câmbio (e não o contrário). No dia seguinte a URV mudou para CR$ 657,50, conforme a variação da inflação corrente, e depois para CR$ 667,65 assim fomos.
Em poucas semanas a URV se alastrou de forma viral, pois era um convite irresistível: migrar espontaneamente para uma moeda de conta que andava junto com o dólar. Por que o Brasil não poderia ter uma moeda tão boa quanto a de qualquer outro país? Por que a moeda estável, a indexada, era privilégio apenas do rico que usava o "overnight"?
Em 1º de julho, quatro meses depois (e bem poderia ter sido antes!), as novas cédulas e moedas do real foram colocadas em circulação em lugar do cruzeiro real na razão de R$ 1,00 para CR$ 2.750,00. A reforma monetária estava completa e o real em plena circulação. Quem disse que o brasileiro não sabe fazer conta e não é capaz de entender e agir inteligentemente diante de questões econômicas aparentemente complexas?
Depois de 20 anos, a adoção generalizada da URV ainda está cercada de uma aura de mistério e fascinação, e entre os especialistas, é lembrada como uma das experiências de estabilização mais engenhosas e bem-sucedidas que a humanidade já conheceu. O fim da hiperinflação alemã em 1923, que fez uso de um expediente semelhante - o rentenmark - é frequentemente descrito como um "milagre", e desafia explicações, tal como a URV.
O fato é que a introdução da moeda de conta indexada deu início a uma reação química em cadeia, uma espécie de redescoberta do "valor das coisas", que estendia seus efeitos para todo o espectro de simbolismos associados ao dinheiro, sugerindo, inclusive, a identificação entre inflação e imoralidade. Havia muita coisa em jogo no plano simbólico: a moeda, como a bandeira e o hino, está entre os mais importantes símbolos nacionais, de tal sorte que sua degradação, quando levada ao extremo de uma hiperinflação, espalhava suas consequências para muito além da órbita econômica.
Elias Canetti, numa passagem famosa sobre a hiperinflação alemã, observou mais genericamente que uma inflação desse tipo "pode ser tomada como uma orgia satânica de desvalorização no qual os homens e as unidades de seu dinheiro exercem os mais estranhos efeitos sobre si mesmos. Um se projeta no outro, o homem sentindo-se tão 'ruim' quanto o seu dinheiro". Nada a estranhar, portanto, no torpor e na dissolução de valores, entendida de forma mais ampla, em vigor durante aqueles anos e que, infelizmente, deixou sequelas.
O "caminho de volta" enunciado pelo Plano Real compreendia a recomposição e reunificação das funções da moeda em sequência: primeiro a de servir como unidade de conta com a URV, substituindo outros indexadores e unidades de conta usadas em contratos e orçamentos familiares, segundo a de servir como meio de pagamento de curso legal, com a emissão de cédulas e moedas denominadas em real, e por último, e mais difícil, a de funcionar como reserva de valor, teste realizado quando a nova moeda deixou de ser indexada ao dólar e flutuou com relação à moeda norte-americana. E diante do veredicto dos mercados, quando o real apreciou com relação ao dólar, e assim se manteve, o circuito estava completo.
Era apenas o começo, é claro, e o programa prosseguiu, inclusive porque havia clareza que o Plano Real, diferentemente dos outros planos econômicos, compreendia uma extensa agenda de ações contemplando os chamados fundamentos econômicos da estabilização e do desenvolvimento. Era uma linguagem inovadora para uma época em que as pessoas ainda acreditavam em Papai Noel e inflação inercial. Essa agenda era o cerne do programa. A passagem do tempo e a alternância no poder só tornaram mais claro que estávamos adotando paradigmas já bem assentados no tocante à disciplina monetária, à responsabilidade fiscal e à sustentabilidade financeira do Estado.
A URV, depois transformada em real, trouxe a inflação no Brasil para níveis internacionais no início de 1997 sem sustos, confiscos, caneladas e recessão. No ano calendário de 1998 a inflação medida pelo IPCA foi de 1,6%, a menor da série histórica. Foi a menor inflação anual desde que o IPC da Fipe começou a ser calculado em 1940.
Pois assim, a estabilização nos retirou de um estado de torpor e depressão para outro de euforia e ansiedade; a agenda de estabilização rapidamente se converteu na discussão das reformas necessárias para o crescimento, onde estacionamos já faz alguns anos.
O problema do crescimento é semelhante ao da estabilização de muitas formas: ambos dependem de coordenação, persuasão, segurança quanto à consistência macroeconômica e, sobretudo, incentivos corretos. O sucesso da URV e do Plano Real é sempre associado ao estilo da coisa, à transparência no fazer e à ideia de um "convite a aderir" a um mecanismo que os agentes econômicos percebem como superior. Não é um "Pacto Social" negociado por sindicatos e associações patronais, nem um mecanismo compulsório e invasivo como foram os congelamentos. Essas coisas não funcionam: as pessoas, inclusive as jurídicas, preferem exercer suas próprias escolhas orientadas por suas próprias percepções sobre os seus melhores interesses. Assim funcionam as economias de mercado como a nossa. Quando o governo organiza políticas públicas que atentam para esse detalhe crucial sobre o modo com a economia funciona, as coisas costumam dar certo.
Notas Explicativas
A qualidade das informações das notas explicativas publicadas pelas empresas de capital aberto em suas demonstrações financeiras é uma preocupação global dos reguladores do mercado de capitais, segundo o presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Leonardo Pereira. Há no mundo, conforme ele, um movimento dos órgãos para orientar as companhias para que melhorem o conteúdo divulgado para que seja além de objetivo, simples.
"Existe uma preocupação de que a tentativa das empresas de cobrir tudo vai mais pela forma do que pela substância. Esse nunca foi o intuito do IFRS (normas contábeis internacionais). Informação demais começa a ser de menos e as pessoas passam a não entender, não ler", avaliou o presidente da CVM, nesta quinta-feira, 27.
Pereira tem razão. Mas seria interessante que os reguladores se colocassem no lugar das empresas. Existe uma estrutura conceitual que diz que a informação deve ser relevante para a tomada de decisão do usuário. Isto não ajuda muito, pois não se sabe direito que é o usuário, o que ele faz, como usa a informação. Ademais, o ambiente legal impõe uma grande penalidade na informação não divulgada, mas não na informação publicada em excesso. Ou seja, para o preparador da informação é muito mais tranquilo informar mais.
A publicação excessiva de informações implica ainda, de acordo com ele, em "custos desnecessários". Neste contexto, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, que reúne instituições como a Abrasca, Apimec, BMFBovespa, Ibracon, Fipecafi e o Conselho Federal de Contabilidade, acelerou o debate sobre o tema e está promovendo discussões e fóruns para obter sugestões junto ao mercado para, posteriormente, divulgar orientações para as companhias de capital aberto no Brasil acerca das notas explicativas.
Não sei se é possível resolver isto com orientação para as companhias abertas. Além disto, não deveríamos esperar o Iasb?
O envio de sugestões para o CPC vai até o dia 24 de março. Não está definida ainda, conforme integrantes do Comitê, como a orientação sobre normas explicativas se dará. De acordo com Edison Arisa, representante do Comitê, não deve ser um pronunciamento que difere dos demais.
Observe que a orientação está fadada (a) a ser desnecessária por não diferir das demais; (b) promover a confusão, por apresentar diferenças. Em qualquer caso, seria prudente - esta palavra não deve ser pronunciada - fazer a orientação?
Até mesmo porque, conforme Pereira, as regras para as normas explicativas já constam no IFRS. "O que virá da consulta do CPC sobre as notas explicativas é uma sinalização para sempre. As demonstrações financeiras são um instrumento poderosíssimo e têm de ser", destacou o presidente da CVM.
O presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) e representante do CPC, Alfred Plöger, alertou para a forma como será divulgada a orientação do Comitê ao mercado sobre as notas explicativas. Segundo ele, o CPC não almeja fazer um "check list" para as companhias de capital aberto seguirem. Pereira, da CVM, corroborou com a importância de não se fazer uma lista. Segundo ele, esse é um trabalho "intelectual".
Ou seja, o trabalho do preparador não é intelectual?
O próximo fórum sobre notas explicativas, promovido pelo CPC, está previsto para 20 de março, em São Paulo. "O objetivo do CPC neste caso não é fazer quebra do que requer o IFRS. Dentro do que é necessário no IFRS, não queremos incorrer em nenhum desvio do processo de convergência das normas contábeis internacionais. Queremos que a informação seja objetiva e clara", concluiu Arisa, do CPC.
CVM: notas explicativas preocupa reguladores no mundo
Por Aline Bronzati
"Existe uma preocupação de que a tentativa das empresas de cobrir tudo vai mais pela forma do que pela substância. Esse nunca foi o intuito do IFRS (normas contábeis internacionais). Informação demais começa a ser de menos e as pessoas passam a não entender, não ler", avaliou o presidente da CVM, nesta quinta-feira, 27.
Pereira tem razão. Mas seria interessante que os reguladores se colocassem no lugar das empresas. Existe uma estrutura conceitual que diz que a informação deve ser relevante para a tomada de decisão do usuário. Isto não ajuda muito, pois não se sabe direito que é o usuário, o que ele faz, como usa a informação. Ademais, o ambiente legal impõe uma grande penalidade na informação não divulgada, mas não na informação publicada em excesso. Ou seja, para o preparador da informação é muito mais tranquilo informar mais.
A publicação excessiva de informações implica ainda, de acordo com ele, em "custos desnecessários". Neste contexto, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, que reúne instituições como a Abrasca, Apimec, BMFBovespa, Ibracon, Fipecafi e o Conselho Federal de Contabilidade, acelerou o debate sobre o tema e está promovendo discussões e fóruns para obter sugestões junto ao mercado para, posteriormente, divulgar orientações para as companhias de capital aberto no Brasil acerca das notas explicativas.
Não sei se é possível resolver isto com orientação para as companhias abertas. Além disto, não deveríamos esperar o Iasb?
O envio de sugestões para o CPC vai até o dia 24 de março. Não está definida ainda, conforme integrantes do Comitê, como a orientação sobre normas explicativas se dará. De acordo com Edison Arisa, representante do Comitê, não deve ser um pronunciamento que difere dos demais.
Observe que a orientação está fadada (a) a ser desnecessária por não diferir das demais; (b) promover a confusão, por apresentar diferenças. Em qualquer caso, seria prudente - esta palavra não deve ser pronunciada - fazer a orientação?
Até mesmo porque, conforme Pereira, as regras para as normas explicativas já constam no IFRS. "O que virá da consulta do CPC sobre as notas explicativas é uma sinalização para sempre. As demonstrações financeiras são um instrumento poderosíssimo e têm de ser", destacou o presidente da CVM.
O presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) e representante do CPC, Alfred Plöger, alertou para a forma como será divulgada a orientação do Comitê ao mercado sobre as notas explicativas. Segundo ele, o CPC não almeja fazer um "check list" para as companhias de capital aberto seguirem. Pereira, da CVM, corroborou com a importância de não se fazer uma lista. Segundo ele, esse é um trabalho "intelectual".
Ou seja, o trabalho do preparador não é intelectual?
O próximo fórum sobre notas explicativas, promovido pelo CPC, está previsto para 20 de março, em São Paulo. "O objetivo do CPC neste caso não é fazer quebra do que requer o IFRS. Dentro do que é necessário no IFRS, não queremos incorrer em nenhum desvio do processo de convergência das normas contábeis internacionais. Queremos que a informação seja objetiva e clara", concluiu Arisa, do CPC.
CVM: notas explicativas preocupa reguladores no mundo
Por Aline Bronzati
Listas: os países mais populares
Os países que mais recebem turistas:
1 França 81 milhões/ano
2 EUA 62,7 milhões/ano
3 China 57,6
4 Espanha 56,7
5 Itália 46,1
6 Turquia 34
7 Reino Unido 29,3
8 Alemanha 28,4
9 Rússia 24,9
10 Malásia 24,7
11 México 23,4
12 Áustria 23
13 Hong Kong 22,3
14 Ucrânia 21,4
15 Tailândia 19,2
16 Arábia Saudita 17,5
17 Grécia 16,4
18 Canadá 16
19 Polônia 13,4
20 Macau 12,9
44 Brazil 5,4
1 França 81 milhões/ano
2 EUA 62,7 milhões/ano
3 China 57,6
4 Espanha 56,7
5 Itália 46,1
6 Turquia 34
7 Reino Unido 29,3
8 Alemanha 28,4
9 Rússia 24,9
10 Malásia 24,7
11 México 23,4
12 Áustria 23
13 Hong Kong 22,3
14 Ucrânia 21,4
15 Tailândia 19,2
16 Arábia Saudita 17,5
17 Grécia 16,4
18 Canadá 16
19 Polônia 13,4
20 Macau 12,9
44 Brazil 5,4
27 fevereiro 2014
Rir é o melhor remédio
Estas é uma das fotos tiradas no momento certo: Angêla Merkel, da Alemanha, e o primeiro-ministro de Israel, Netanyahu.
Quem era contra o Plano Real?
[...]
Os vinte anos do Plano Real estão a merecer, certamente, um trabalho de fôlego. É impressionante que os tucanos tenham perdido a guerra de propaganda para o PT nos últimos, vá lá, 14 anos — já que o governo FHC ficou sob intenso bombardeio nos dois anos finais.
Lembre-se de que, um ano antes do Real, o então ministro da Fazenda FHC adotou um conjunto de 58 medidas para criar as precondições da estabilização da economia — de pronto combatidas por Lula (vejam abaixo frase de janeiro de 1994).
Como todo mundo sabe, o partido não ficou só na retórica: votou contra a MP do Real no dia 29 de junho de 1995. Foi além. Recorreu ao Supremo com uma ADI (Ação Direita de Inconstitucionalidade) contra o plano. E voltou ao tribunal para tentar derrubar a Lei de Responsabilidade Fiscal. Abaixo, um pouco do que disseram alguns patriotas.
*
Lula
“Esse plano de estabilização não tem nenhuma novidade em relação aos anteriores. Suas medidas refletem as orientações do FMI (…) O fato é que os trabalhadores terão perdas salariais de no mínimo 30%. Ainda não há clima, hoje, para uma greve geral, mas, quando os trabalhadores perceberem que estão perdendo com o plano, aí sim haverá condições” (O Estado de S. Paulo, 15.1.1994).
*
Lula
“Esse plano de estabilização não tem nenhuma novidade em relação aos anteriores. Suas medidas refletem as orientações do FMI (…) O fato é que os trabalhadores terão perdas salariais de no mínimo 30%. Ainda não há clima, hoje, para uma greve geral, mas, quando os trabalhadores perceberem que estão perdendo com o plano, aí sim haverá condições” (O Estado de S. Paulo, 15.1.1994).
“O Plano Real tem cheiro de estelionato eleitoral” (O Estado de S. Paulo, 6.7.1994).
Guido Mantega
“Existem alternativas mais eficientes de combate à inflação (…) É fácil perceber por que essa estratégia neoliberal de controle da inflação, além de ser burra e ineficiente, é socialmente perversa” (Folha de S. Paulo, 16. 8.1994).
“Existem alternativas mais eficientes de combate à inflação (…) É fácil perceber por que essa estratégia neoliberal de controle da inflação, além de ser burra e ineficiente, é socialmente perversa” (Folha de S. Paulo, 16. 8.1994).
Marco Aurélio Garcia
“O Plano Real é como um “relógio Rolex, destes que se compra no Paraguai e têm corda para um dia só (…) a corda poderá durar até o dia 3 de outubro, data do primeiro turno das eleições, ou talvez, se houver segundo turno, até novembro” (O Estado de S. Paulo, 7.7.1994).
“O Plano Real é como um “relógio Rolex, destes que se compra no Paraguai e têm corda para um dia só (…) a corda poderá durar até o dia 3 de outubro, data do primeiro turno das eleições, ou talvez, se houver segundo turno, até novembro” (O Estado de S. Paulo, 7.7.1994).
Gilberto Carvalho
“Não é possível que os brasileiros se deixem enganar por esse golpe viciado que as elites aplicam, na forma de um novo plano econômico” (“O Milagre do Real”, de Neuto Fausto de Conto).
“Não é possível que os brasileiros se deixem enganar por esse golpe viciado que as elites aplicam, na forma de um novo plano econômico” (“O Milagre do Real”, de Neuto Fausto de Conto).
Aloizio Mercadante
“O Plano Real não vai superar a crise do país (…) O PT não aderiu ao plano por profundas discordâncias com a concepção neoliberal que o inspira” (“O Milagre do Real”, de Neuto Fausto de Conto)
“O Plano Real não vai superar a crise do país (…) O PT não aderiu ao plano por profundas discordâncias com a concepção neoliberal que o inspira” (“O Milagre do Real”, de Neuto Fausto de Conto)
Vicentinho, atual líder do PT na Câmara dos Deputados
“O Plano Real só traz mais arrocho salarial e desemprego” (“O Milagre do Real”).
“O Plano Real só traz mais arrocho salarial e desemprego” (“O Milagre do Real”).
Maria da Conceição Tavares
“O plano real foi feito para os que têm a riqueza do País, especialmente o sistema financeiro” (Jornal da Tarde, 2.3.1994).
“O plano real foi feito para os que têm a riqueza do País, especialmente o sistema financeiro” (Jornal da Tarde, 2.3.1994).
Paul Singer
“Haverá inflação em reais, mesmo que o equilíbrio fiscal esteja assegurado, simplesmente porque as disputas distributivas entre setores empresariais, basicamente sobre juros embutidos em preços pagos a prazo, transmitirão pressões inflacionárias da moeda velha à nova” (Jornal do Brasil, 11.3.1994).
“Haverá inflação em reais, mesmo que o equilíbrio fiscal esteja assegurado, simplesmente porque as disputas distributivas entre setores empresariais, basicamente sobre juros embutidos em preços pagos a prazo, transmitirão pressões inflacionárias da moeda velha à nova” (Jornal do Brasil, 11.3.1994).
“O Plano Real é um arrocho salarial imenso, uma perda sensível do poder aquisitivo de quem vive do próprio trabalho” (Folha de S.Paulo, 24.7.1994).
Gilberto Dimenstein
“O Plano Real não passa de um remendo” (Folha de S.Paulo, 31. 7.1994 ).
“O Plano Real não passa de um remendo” (Folha de S.Paulo, 31. 7.1994 ).
Petrobras também financiou o MST
A Petrobrás fechou um contrato de patrocínio, sem licitação, com entidade ligada ao Movimento dos Sem Terra (MST) para evento realizado no 6.º Congresso Nacional do MST, realizado há duas semanas em Brasília. A estatal confirmou ter contribuído com R$ 650 mil.
O congresso do movimento culminou com uma tentativa de invasão do Supremo Tribunal Federal e um quebra-quebra na Praça dos Três Poderes que deixou 32 feridos, sendo 30 policiais.
A reportagem já tinha revelado que a Caixa Econômica Federal e o BNDES colaboraram com um total de R$ 550 mil para o evento, por meio de patrocínios para a Associação Brasil Popular (Abrapo).
A Abrapo recebeu os patrocínios para a Mostra Nacional de Cultura Camponesa, atividade que serviu como ponto de encontro para os integrantes do congresso do MST. Ao todo, foi gasto cerca de R$ 1,6 milhão em recursos públicos e de empresas com economia mista.
Fonte: aqui
Decolar
Um exemplo de planejamento tributário:
A Afip, equivalente argentina da Receita Federal, fechou dois escritórios físicos em Buenos Aires da agência online de viagens Decolar.com e pediu a suspensão de sua licença para continuar operando. O órgão do governo argentino acusa a Decolar.com de evadir divisas para não pagar impostos no país. Uma investigação que teria começado há um ano, segundo a Afip, apontou que a agência faturaria suas operações realizadas na Argentina por meio de uma empresa localizada nos Estados Unidos.
Fonte: Folha de S Paulo
A Afip, equivalente argentina da Receita Federal, fechou dois escritórios físicos em Buenos Aires da agência online de viagens Decolar.com e pediu a suspensão de sua licença para continuar operando. O órgão do governo argentino acusa a Decolar.com de evadir divisas para não pagar impostos no país. Uma investigação que teria começado há um ano, segundo a Afip, apontou que a agência faturaria suas operações realizadas na Argentina por meio de uma empresa localizada nos Estados Unidos.
Fonte: Folha de S Paulo
Efeito Refis
A Vale registrou prejuízo de R$ 14,868 bilhões no quarto trimestre de 2013, após assumir (1) uma dívida de R$ 22 bilhões com o Refis, referente ao pagamento de Imposto de Renda de controladas no exterior. A perda (2) é maior do que a esperada pelo mercado e praticamente zerou os ganhos dos trimestres anteriores, levando a mineradora a um lucro de apenas R$ 115 milhões em 2013, contra um lucro de R$ 9,7 bilhões em 2012. Excluído o efeito do acordo com o governo para adesão no Refis, a Vale teria obtido um ganho (3) de R$ 26,47 bilhões em 2013 e um resultado positivo de R$ 3,7 bilhões no quarto trimestre –inferior ao registrado no terceiro trimestre (R$ 8,3 bilhões, usando o mesmo critério do chamado lucro básico, que desconta alguns efeitos atípicos). No quarto trimestre do ano passado, o lucro havia sido de R$ 7,95 bilhões
(1) ou seja, registrar o passivo
(2) prejuízo, não perda.
(3) ou seja, lucro
(1) ou seja, registrar o passivo
(2) prejuízo, não perda.
(3) ou seja, lucro
Muito lucro, pouco imposto
Um estudo nos Estados Unidos mostrou que, entre 2008 a 2012, muitas grandes empresas pagaram pouco imposto. 11 de 288 maiores empresas, incluindo Boeing, GE e Verizon, não pagaram imposto no período. E 111 de 288 não pagaram em pelo menos um ano. Algumas destas empresas negam, pois consideram também os impostos estaduais e municipais.
Onde entra a contabilidade? A discussão é sobre o acerto dos dados. Segundo os críticos, a entidade que fez o estudo tomou as informações incorretas, usando o valor contábil e não o fluxo de caixa.
Onde entra a contabilidade? A discussão é sobre o acerto dos dados. Segundo os críticos, a entidade que fez o estudo tomou as informações incorretas, usando o valor contábil e não o fluxo de caixa.
Competição no futebol
Um artigo muito interessante traz uma análise sobre a competitividade dos campeonatos nacionais. Para cada campeonato, o autor verificou os maiores vencedores. Por exemplo, na Itália, um terço dos títulos foram vencidos pela Juventus. Quando soma os títulos do Milan e da Inter o total é de 71%.
Na Alemanha a situação é pior. O Bayern ganhou 45% dos campeonatos. Os demais títulos estão razoavelmente divididos entre os demais times.
Na Holanda, Ajax, PSV e Fayenoord quase 90%.
Portugal ainda é pior. Os campeonatos vencidos por Benfica, Porto e Sporting representam 97%. Domínio completo dos três times.
Na Espanha, Real Madrid e Barcelona conquistaram 65% dos títulos. Fica fácil decidir por que você irá torcer...
O campeonato brasileiro é bastante equilibrado. Os quatro principais times paulistas conquistaram quase a metade dos títulos, mostrando que São Paulo é a terra do futebol brasileiro. (Mas dizem que o Fluminense está contestando esta estatística).
O campeonato inglês (particularmente, meu preferido) também é equilibrado. Manchester U, Liverpool e Arsenal somam 45% dos títulos.
Na Alemanha a situação é pior. O Bayern ganhou 45% dos campeonatos. Os demais títulos estão razoavelmente divididos entre os demais times.
Na Holanda, Ajax, PSV e Fayenoord quase 90%.
Portugal ainda é pior. Os campeonatos vencidos por Benfica, Porto e Sporting representam 97%. Domínio completo dos três times.
Na Espanha, Real Madrid e Barcelona conquistaram 65% dos títulos. Fica fácil decidir por que você irá torcer...
O campeonato inglês (particularmente, meu preferido) também é equilibrado. Manchester U, Liverpool e Arsenal somam 45% dos títulos.
26 fevereiro 2014
Casa de ferreiro...
O jornal britânico The Telegraph pegou a Fundação IFRS numa série de irregularidades. Pelas normas do Reino Unido, onde fica a Fundação IFRS, as entidades devem comunicar as mudanças na entidade dentro de 21 dias. A Fundação inicialmente negou que estava irregular. Depois, reconheceu os problemas, mas evitou afirmar que seus registros eram bagunçados.
A entidade responsável pelas normas contábeis adotados por diversos países, inclusive parcialmente pelo Brasil, teve que reconhecer algumas coisas óbvias. Um dos diretores afirmou: "Identificamos deficiências históricas incompatíveis com nossa resposta inicial".
Alguns exemplos apresentado pelo jornal. Tommaso Padoa-Schioppa, ex-diretor financeiro, saiu da fundação em 2010, mas o regulador britânico - Companies House - só recebeu a notícia em fevereiro de 2013, dois anos após sua morte. Seu sucessor, Philip Laskawy, um ex-funcionário da EY, não teve seu nome notificado. Gerrit Zalm, que era chairman dos curadores desde outubro de 2007, mas nunca teve seu nome enviado para a Companies House.
A entidade responsável pelas normas contábeis adotados por diversos países, inclusive parcialmente pelo Brasil, teve que reconhecer algumas coisas óbvias. Um dos diretores afirmou: "Identificamos deficiências históricas incompatíveis com nossa resposta inicial".
Alguns exemplos apresentado pelo jornal. Tommaso Padoa-Schioppa, ex-diretor financeiro, saiu da fundação em 2010, mas o regulador britânico - Companies House - só recebeu a notícia em fevereiro de 2013, dois anos após sua morte. Seu sucessor, Philip Laskawy, um ex-funcionário da EY, não teve seu nome notificado. Gerrit Zalm, que era chairman dos curadores desde outubro de 2007, mas nunca teve seu nome enviado para a Companies House.
O que um economista faz no Facebook?
O economistas do Facebook Michael Bailey responde:
I currently (Feb 2014) manage the economics research group on the Core Data Science team. We are a small group of engineer researchers (all PhDs) who study economics, business, and operations problems. As Eric Mayefsky mentioned, there are various folks with formal economics training spread across the company, usually in quantitative or product management roles.
The economics research group focuses on four research areas:
Core Economics - modeling supply and demand, operations research, pricing, forecasting, macroeconomics, econometrics, structural modeling.
Market Design - ad auctions, algorithmic game theory, mechanism design, simulation modeling, crowdsourcing.
Ads and Monetization - ads product and frontend research, advertiser experimentation, social advertising, new products and data, advertising effectiveness, marketing.
Behavioral Economics - user and advertiser behavior, economic networks, incentives, externalities, and decision making under risk and uncertainty.
I think a more interesting question is “what *could* an economist at Facebook do?” because there is a LOT of opportunity. There are incredibly important problems that only people who think carefully about causal analysis and model selection could tackle. Facebook’s engineer to economist ratio is enormous. Software engineers are great at typical machine learning problems (given a set of parameters and data, make a prediction), but notoriously bad at answering questions out of sample or for which there’s no data. Economists spend a lot of time with observational data since we often don’t have the luxury of running experiments and we’ve honed our tools and techniques for that environment (instrumental variables for example). The most important strategic and business questions often rely on counterfactuals which require some sort of model (structural or otherwise) and that is where the economists step in.
I currently (Feb 2014) manage the economics research group on the Core Data Science team. We are a small group of engineer researchers (all PhDs) who study economics, business, and operations problems. As Eric Mayefsky mentioned, there are various folks with formal economics training spread across the company, usually in quantitative or product management roles.
The economics research group focuses on four research areas:
Core Economics - modeling supply and demand, operations research, pricing, forecasting, macroeconomics, econometrics, structural modeling.
Market Design - ad auctions, algorithmic game theory, mechanism design, simulation modeling, crowdsourcing.
Ads and Monetization - ads product and frontend research, advertiser experimentation, social advertising, new products and data, advertising effectiveness, marketing.
Behavioral Economics - user and advertiser behavior, economic networks, incentives, externalities, and decision making under risk and uncertainty.
I think a more interesting question is “what *could* an economist at Facebook do?” because there is a LOT of opportunity. There are incredibly important problems that only people who think carefully about causal analysis and model selection could tackle. Facebook’s engineer to economist ratio is enormous. Software engineers are great at typical machine learning problems (given a set of parameters and data, make a prediction), but notoriously bad at answering questions out of sample or for which there’s no data. Economists spend a lot of time with observational data since we often don’t have the luxury of running experiments and we’ve honed our tools and techniques for that environment (instrumental variables for example). The most important strategic and business questions often rely on counterfactuals which require some sort of model (structural or otherwise) and that is where the economists step in.
Relatório de Administração
Um texto sobre relatório da administração (denominado de comentário). Não faz muito sentido a defesa da regulação na área. A grande (e principal) vantagem é a liberdade. E querem acabar com isto.
A crescente complexidade dos resultados das empresas já ensejou muitos debates. No momento, há a percepção de que um de seus efeitos será o de criar uma dependência maior de outras formas de prestar informação útil aos investidores. De fato, o Conselho de Padrões Internacionais de Contabilidade (IASB, na sigla em inglês) publicou recentemente [2005] um artigo sobre o que ele rotula de “comentário da administração”.
O artigo reúne todo o trabalho que tem sido desenvolvido nessa área e funciona como uma etapa anterior no processo de criação de um padrão nesse tema pelo IASB.
Não será fácil. Nos EUA, os comentários da administração existiram por anos na forma de discussão e análise da diretoria (M & A, na sigla em inglês). No Reino Unido, as empresas só agora estão se preparando para oferecer uma análise financeira e operacional, que passará a ser obrigatória para períodos de prestação de contas iniciados em ou depois de 1º de abril deste ano. (O documento equivalente aos comentários da administração, na legislação societária brasileira, é o relatório da administração.)
As complexidades de se oferecer coesão global nesse processo são várias. Nos EUA, o tema é regido pelo principal órgão regulador do mercado de capitais, a Securities and Exchange Commission (SEC). No Reino Unido, o Conselho de Normas Contábeis (ASB, na sigla em inglês), que integra o Conselho de Informações Financeiras, provê as normas, amparadas na legislação.
No longo prazo, será necessário definir se os comentários da administração são de responsabilidade dos órgãos reguladores do mercado de valores mobiliários ou dos organismos de padrões contábeis. “É uma tendência global”, disse David Loweth, membro da equipe do projeto que elaborou o artigo do IASB, e secretário da ASB do Reino Unido. “Existe uma necessidade de se criar algum tipo de estrutura global para a narrativa e os relatórios da administração”.
Muitas outras questões também precisam ser resolvidas. “Esse é o primeiro passo”, afirmou Loweth. “As pessoas podem tecer comentários e apresentar reações - por exemplo, se [a publicação] deve ser indicada como melhor prática, ou se deve ser obrigatória, que é o que nos preferimos.”
O que não se contesta é a importância crescente dos relatórios da administração no processo de fornecimento de informação corporativa aos investidores. A experiência acumulada ao longo do ano passado na implementação de normas internacionais para os demonstrativos financeiros indicou que, pelo menos no curto prazo, os números estão se tornando mais opacos para os usuários das demonstrações contábeis.
Loweth ressalvou: “O perigo é que os relatórios financeiros se tornem mais complicados e mais difíceis de acompanhar”. As técnicas dos comentários da administração precisarão reduzir a distância. Considerando que indicadores de valores intangíveis, mais do que números fundamentais parecem estar promovendo maior entendimento, o movimento vai na direção de documentos como a análise financeira e operacional, do Reino Unido. “A análise oferece uma oportunidade de contar a história de uma forma equilibrada, que pode colocar os demonstrativos financeiros num contexto”, disse.
Ela também está em conformidade com outras tendências globais de oferecer tipos diferentes de apresentações de relatórios. A Federação Internacional de Contadores (Ifac) estabeleceu um projeto de apresentação de exposições em relatórios. A categoria dos contadores nos EUA está tentando criar um processo chamado de informações gerenciais aprimoradas. Todas essas iniciativas apontam para a apresentação de relatórios com mais temas não-financeiros. Richard Mallet, diretor de desenvolvimento técnico do Instituto de Contadores Gerenciais, disse: “É preciso encontrar uma maneira que permita à diretoria explicar o desempenho e as perspectivas da empresa”.
Até agora, especialmente com a já obrigatória análise financeira e operacional no Reino Unido, o esforço tem se concentrado em criar uma estrutura informal dentro de uma estrutura jurídica, na esperança de que isso estimule as empresas a gerar informação relevante, e não apenas em conformidade com a legislação, para os usuários dos relatórios e demonstrações contábeis. “O grande desafio está no elemento da perspectiva futura. Os parâmetros do quadro amplo já foram estabelecidos, porém dentro deles ainda existe muito espaço para uso da capacidade de discernimento e do bom senso”, afirmou Loweth.
Uma área em franco desenvolvimento é o uso de indicadores-chave de desempenho. Em seu artigo, o IASB cita uma pesquisa conduzida pela Deloitte no ano passado que demonstrou que “92% dos que responderam concordaram com a afirmação de que os indicadores financeiros, por si só, não conseguem capturar adequadamente os pontos fortes e os pontos fracos das suas empresas”.
É aqui que os indicadores-chave entram, porém precisamente quais deles devem ser divulgados depende de cada empresa. A escolha foi deixada em aberto para que cada setor de mercado possa gradualmente estabelecer o que é necessário. Loweth disse: “Isso precisava ter vindo do mercado. É muito difícil impor um senso de interesse comum nos indicadores-chave agora. As pessoas que querem comparar empresas, os usuários dos balanços, podem se reunir e tentar desenvolver o tema, para que as empresas possam considera-los numa base comparativa. Isso deverá se originar a partir da comunidade de investimentos”.
Em algumas áreas, como a de relatórios ambientais, já foi iniciado o trabalho para se obter uma padronização. “O padrão contábil dá uma descrição muito precisa de como deve ser um indicador-chave. Porém, a forma como a análise financeira e operacional foi formulada oferece um senso de discernimento aos diretores”, afirmou Simon Thomas, executivo-chefe da Trucost, instituto de pesquisas da área ambiental.
Um setor específico pode ser ajudado com sugestões de outros setores. A Trucost tem atuado com o Departamento para Assuntos Ambientais, Alimentares e Rurais do Reino Unido (Defra) para gerar exatamente esse tipo de sugestão. Como resultado, o Defra deverá emitir em breve as diretrizes para a apresentação de relatórios para indicadores-chave ambientais. “Ele determina 23 indicadores relevantes, e também mostra quais são mais importantes para setores específicos”, disse. Thomas.
As empresas tampouco precisarão gerar enormes quantidades de indicadores. A pesquisa deste ano da Deloitte sobre práticas estabelecidas revela que entre as 350 empresas mais destacadas, uma porcentagem ligeiramente superior a 70% já reporta indicadores-chave de desempenho com uma média de quatro empresas. Nem todas as empresas reportarão indicadores ambientais. “Bancos, por exemplo, não estão tão envolvidos ambientalmente como a indústria química”, explicou Thomas. Ele observou, porém, que as empresas estão concluindo que reportar informações de que são mais eficientes nas emissões de carbono que seus concorrentes está “fomentando um círculo vicioso”.
As empresas no Reino Unido já estão bem adiantadas no processo de organização de suas informação antes da publicação. Trata-se de um primeiro passo rumo a uma revolução que poderá gerar informação mais inteligível e mais relevante para os investidores. Os resultados serão avaliados atentamente. “No momento estamos num laboratório evolucionário”, disse Loweth.
Fonte: BRUCE, R. Sozinhos, números não explicam balanços. Valor Econômico, p. B2, 21 nov. 2005. (artigo Financial Times) Via Aqui
A crescente complexidade dos resultados das empresas já ensejou muitos debates. No momento, há a percepção de que um de seus efeitos será o de criar uma dependência maior de outras formas de prestar informação útil aos investidores. De fato, o Conselho de Padrões Internacionais de Contabilidade (IASB, na sigla em inglês) publicou recentemente [2005] um artigo sobre o que ele rotula de “comentário da administração”.
O artigo reúne todo o trabalho que tem sido desenvolvido nessa área e funciona como uma etapa anterior no processo de criação de um padrão nesse tema pelo IASB.
Não será fácil. Nos EUA, os comentários da administração existiram por anos na forma de discussão e análise da diretoria (M & A, na sigla em inglês). No Reino Unido, as empresas só agora estão se preparando para oferecer uma análise financeira e operacional, que passará a ser obrigatória para períodos de prestação de contas iniciados em ou depois de 1º de abril deste ano. (O documento equivalente aos comentários da administração, na legislação societária brasileira, é o relatório da administração.)
As complexidades de se oferecer coesão global nesse processo são várias. Nos EUA, o tema é regido pelo principal órgão regulador do mercado de capitais, a Securities and Exchange Commission (SEC). No Reino Unido, o Conselho de Normas Contábeis (ASB, na sigla em inglês), que integra o Conselho de Informações Financeiras, provê as normas, amparadas na legislação.
No longo prazo, será necessário definir se os comentários da administração são de responsabilidade dos órgãos reguladores do mercado de valores mobiliários ou dos organismos de padrões contábeis. “É uma tendência global”, disse David Loweth, membro da equipe do projeto que elaborou o artigo do IASB, e secretário da ASB do Reino Unido. “Existe uma necessidade de se criar algum tipo de estrutura global para a narrativa e os relatórios da administração”.
Muitas outras questões também precisam ser resolvidas. “Esse é o primeiro passo”, afirmou Loweth. “As pessoas podem tecer comentários e apresentar reações - por exemplo, se [a publicação] deve ser indicada como melhor prática, ou se deve ser obrigatória, que é o que nos preferimos.”
O que não se contesta é a importância crescente dos relatórios da administração no processo de fornecimento de informação corporativa aos investidores. A experiência acumulada ao longo do ano passado na implementação de normas internacionais para os demonstrativos financeiros indicou que, pelo menos no curto prazo, os números estão se tornando mais opacos para os usuários das demonstrações contábeis.
Loweth ressalvou: “O perigo é que os relatórios financeiros se tornem mais complicados e mais difíceis de acompanhar”. As técnicas dos comentários da administração precisarão reduzir a distância. Considerando que indicadores de valores intangíveis, mais do que números fundamentais parecem estar promovendo maior entendimento, o movimento vai na direção de documentos como a análise financeira e operacional, do Reino Unido. “A análise oferece uma oportunidade de contar a história de uma forma equilibrada, que pode colocar os demonstrativos financeiros num contexto”, disse.
Ela também está em conformidade com outras tendências globais de oferecer tipos diferentes de apresentações de relatórios. A Federação Internacional de Contadores (Ifac) estabeleceu um projeto de apresentação de exposições em relatórios. A categoria dos contadores nos EUA está tentando criar um processo chamado de informações gerenciais aprimoradas. Todas essas iniciativas apontam para a apresentação de relatórios com mais temas não-financeiros. Richard Mallet, diretor de desenvolvimento técnico do Instituto de Contadores Gerenciais, disse: “É preciso encontrar uma maneira que permita à diretoria explicar o desempenho e as perspectivas da empresa”.
Até agora, especialmente com a já obrigatória análise financeira e operacional no Reino Unido, o esforço tem se concentrado em criar uma estrutura informal dentro de uma estrutura jurídica, na esperança de que isso estimule as empresas a gerar informação relevante, e não apenas em conformidade com a legislação, para os usuários dos relatórios e demonstrações contábeis. “O grande desafio está no elemento da perspectiva futura. Os parâmetros do quadro amplo já foram estabelecidos, porém dentro deles ainda existe muito espaço para uso da capacidade de discernimento e do bom senso”, afirmou Loweth.
Uma área em franco desenvolvimento é o uso de indicadores-chave de desempenho. Em seu artigo, o IASB cita uma pesquisa conduzida pela Deloitte no ano passado que demonstrou que “92% dos que responderam concordaram com a afirmação de que os indicadores financeiros, por si só, não conseguem capturar adequadamente os pontos fortes e os pontos fracos das suas empresas”.
É aqui que os indicadores-chave entram, porém precisamente quais deles devem ser divulgados depende de cada empresa. A escolha foi deixada em aberto para que cada setor de mercado possa gradualmente estabelecer o que é necessário. Loweth disse: “Isso precisava ter vindo do mercado. É muito difícil impor um senso de interesse comum nos indicadores-chave agora. As pessoas que querem comparar empresas, os usuários dos balanços, podem se reunir e tentar desenvolver o tema, para que as empresas possam considera-los numa base comparativa. Isso deverá se originar a partir da comunidade de investimentos”.
Em algumas áreas, como a de relatórios ambientais, já foi iniciado o trabalho para se obter uma padronização. “O padrão contábil dá uma descrição muito precisa de como deve ser um indicador-chave. Porém, a forma como a análise financeira e operacional foi formulada oferece um senso de discernimento aos diretores”, afirmou Simon Thomas, executivo-chefe da Trucost, instituto de pesquisas da área ambiental.
Um setor específico pode ser ajudado com sugestões de outros setores. A Trucost tem atuado com o Departamento para Assuntos Ambientais, Alimentares e Rurais do Reino Unido (Defra) para gerar exatamente esse tipo de sugestão. Como resultado, o Defra deverá emitir em breve as diretrizes para a apresentação de relatórios para indicadores-chave ambientais. “Ele determina 23 indicadores relevantes, e também mostra quais são mais importantes para setores específicos”, disse. Thomas.
As empresas tampouco precisarão gerar enormes quantidades de indicadores. A pesquisa deste ano da Deloitte sobre práticas estabelecidas revela que entre as 350 empresas mais destacadas, uma porcentagem ligeiramente superior a 70% já reporta indicadores-chave de desempenho com uma média de quatro empresas. Nem todas as empresas reportarão indicadores ambientais. “Bancos, por exemplo, não estão tão envolvidos ambientalmente como a indústria química”, explicou Thomas. Ele observou, porém, que as empresas estão concluindo que reportar informações de que são mais eficientes nas emissões de carbono que seus concorrentes está “fomentando um círculo vicioso”.
As empresas no Reino Unido já estão bem adiantadas no processo de organização de suas informação antes da publicação. Trata-se de um primeiro passo rumo a uma revolução que poderá gerar informação mais inteligível e mais relevante para os investidores. Os resultados serão avaliados atentamente. “No momento estamos num laboratório evolucionário”, disse Loweth.
Fonte: BRUCE, R. Sozinhos, números não explicam balanços. Valor Econômico, p. B2, 21 nov. 2005. (artigo Financial Times) Via Aqui
Facebook comprou um problema?
Sobre a aquisição do Facebook, eis um texto interessante que concentra na aquisição:
Um dia após o Facebook ter anunciado sua maior aquisição, Wall Street estava preocupada com a possibilidade de a rede social ter pago um preço altíssimo por uma empresa com poucas perspectivas de trazer muito dinheiro no futuro próximo.
O Facebook concordou em comprar o WhatsApp, um serviço de mensagens para celulares em rápido crescimento, por US$ 16 bilhões, além de US$ 3 bilhões em ações oferecidas aos fundadores e funcionários da startup.
O problema é que esses fundadores, Jan Koum e Brian Acton, parecem detestar anunciantes – e a publicidade constitui o alicerce financeiro do Facebook. Eles também demonstram aversão à maioria das outras formas de ganhar dinheiro com serviços ao consumidor na internet.
(...) Numa reunião de teleconferência com analistas a respeito da compra do WhatsApp, Zuckerberg (foto) disse a eles que os anúncios não são a única maneira de ganhar dinheiro com mensagens.
Isso gerou preocupação em Wall Street. Recentemente, Zuckerberg resolveu o problema da falta de receita do Facebook nos celulares com novos tipos de anúncios. Agora, ele gastou quase US$ 20 bilhões para assumir um problema de ‘monetização’ nas mensagens – e a solução anterior não pode ser aplicada neste caso.
Incluindo o prêmio em ações, o Facebook está pagando US$ 19 bilhões pelo WhatsApp. Para justificar tal preço, o WhatsApp teria de gerar cerca de US$ 1 bilhão em fluxo de caixa anual até 2018, estimou Wieser.
Esta geração de caixa tende a ser maior, já que o texto está assumindo um fluxo de caixa denominado de periodicidade (ou anuidade). Neste caso, o fluxo é constante no tempo; mas este não deve ser o padrão do WhatsApp, que irá parte de um fluxo reduzido nos primeiros anos. Isto faz com que o volume de caixa a ser gerado seja superior a este 1 bilhão.
“A empresa ofereceu poucos dados para sustentar tal suposição, pois são poucos os dados disponíveis”, acrescentou o analista. “E os administradores indicaram esperar que o WhatsApp se ocupe do produto e do usuário em vez de encontrar formas de ganhar dinheiro.” Ken Sena, analista da Evercore, rebaixou a nota dos papéis do Facebook ontem, dizendo haver um ponto de interrogação envolvendo a melhor maneira de ganhar dinheiro com serviços de mensagens como o WhatsApp.
Estas poucas informações são decorrentes do próprio negócio. Empresas que estão iniciando num negócio tendem a ter poucas informações. O rebaixamento das ações do Facebook é típico de uma situação de aquisição, quando não se tem muitas informações. Talvez se o mercado avaliasse que o Facebook eliminou uma ameaça, a reação não teria sido tão forte.
Instagram. Wall Street também se preocupou com a forma de ganhar dinheiro a partir do Instagram, e os analistas ficaram aliviados quando o serviço começou a exibir anúncios no ano passado.
Esta opção não vale para o WhatsApp. Em vez disso, o serviço cobra atualmente US$ 1 pelo uso após o primeiro ano.
Se o WhatsApp conseguir que um bilhão de usuários paguem um dólar por ano, isto pode gerar uma renda anual de US$ 1 bilhão, o equivalente a um lucro operacional de US$ 600 milhões.
De acordo com a estimativa de Mahaney, isso representaria um ganho de aproximadamente US$ 0,12 por ação em lucro extra para o Facebook em 2015.
Isso reduziria muito o impacto da emissão de muitas novas ações por parte do Facebook para pagar a aquisição – jogada que dilui o lucro teoricamente disponível para os acionistas da empresa.
“Talvez essas suposições soem agressivas, mas existe também a distinta possibilidade de o potencial de monetização do WhatsApp superar em muito a marca de US$ 1 por ano”, disse Mahaney.
Mas nem todos estão convencidos desse potencial. Wieser, da Pivotal, acredita que se o WhatsApp cobrasse US$ 2 por ano, muitos usuários migrariam para outro serviço de mensagens que cobrasse menos ou não tivesse assinatura.
Não é difícil para que outra empresa com software competente e habilidade no desenvolvimento de produtos crie um aplicativo como o WhatsApp. Já há muitos rivais do WhatsApp, e alguns deles fazem sucesso em diferentes partes do mundo. O Kakao é grande na Coreia do Sul, o Line domina no Japão e o WeChat lidera na China.
Um dia após o Facebook ter anunciado sua maior aquisição, Wall Street estava preocupada com a possibilidade de a rede social ter pago um preço altíssimo por uma empresa com poucas perspectivas de trazer muito dinheiro no futuro próximo.
O Facebook concordou em comprar o WhatsApp, um serviço de mensagens para celulares em rápido crescimento, por US$ 16 bilhões, além de US$ 3 bilhões em ações oferecidas aos fundadores e funcionários da startup.
O problema é que esses fundadores, Jan Koum e Brian Acton, parecem detestar anunciantes – e a publicidade constitui o alicerce financeiro do Facebook. Eles também demonstram aversão à maioria das outras formas de ganhar dinheiro com serviços ao consumidor na internet.
(...) Numa reunião de teleconferência com analistas a respeito da compra do WhatsApp, Zuckerberg (foto) disse a eles que os anúncios não são a única maneira de ganhar dinheiro com mensagens.
Isso gerou preocupação em Wall Street. Recentemente, Zuckerberg resolveu o problema da falta de receita do Facebook nos celulares com novos tipos de anúncios. Agora, ele gastou quase US$ 20 bilhões para assumir um problema de ‘monetização’ nas mensagens – e a solução anterior não pode ser aplicada neste caso.
Incluindo o prêmio em ações, o Facebook está pagando US$ 19 bilhões pelo WhatsApp. Para justificar tal preço, o WhatsApp teria de gerar cerca de US$ 1 bilhão em fluxo de caixa anual até 2018, estimou Wieser.
Esta geração de caixa tende a ser maior, já que o texto está assumindo um fluxo de caixa denominado de periodicidade (ou anuidade). Neste caso, o fluxo é constante no tempo; mas este não deve ser o padrão do WhatsApp, que irá parte de um fluxo reduzido nos primeiros anos. Isto faz com que o volume de caixa a ser gerado seja superior a este 1 bilhão.
“A empresa ofereceu poucos dados para sustentar tal suposição, pois são poucos os dados disponíveis”, acrescentou o analista. “E os administradores indicaram esperar que o WhatsApp se ocupe do produto e do usuário em vez de encontrar formas de ganhar dinheiro.” Ken Sena, analista da Evercore, rebaixou a nota dos papéis do Facebook ontem, dizendo haver um ponto de interrogação envolvendo a melhor maneira de ganhar dinheiro com serviços de mensagens como o WhatsApp.
Estas poucas informações são decorrentes do próprio negócio. Empresas que estão iniciando num negócio tendem a ter poucas informações. O rebaixamento das ações do Facebook é típico de uma situação de aquisição, quando não se tem muitas informações. Talvez se o mercado avaliasse que o Facebook eliminou uma ameaça, a reação não teria sido tão forte.
Instagram. Wall Street também se preocupou com a forma de ganhar dinheiro a partir do Instagram, e os analistas ficaram aliviados quando o serviço começou a exibir anúncios no ano passado.
Esta opção não vale para o WhatsApp. Em vez disso, o serviço cobra atualmente US$ 1 pelo uso após o primeiro ano.
Se o WhatsApp conseguir que um bilhão de usuários paguem um dólar por ano, isto pode gerar uma renda anual de US$ 1 bilhão, o equivalente a um lucro operacional de US$ 600 milhões.
De acordo com a estimativa de Mahaney, isso representaria um ganho de aproximadamente US$ 0,12 por ação em lucro extra para o Facebook em 2015.
Isso reduziria muito o impacto da emissão de muitas novas ações por parte do Facebook para pagar a aquisição – jogada que dilui o lucro teoricamente disponível para os acionistas da empresa.
“Talvez essas suposições soem agressivas, mas existe também a distinta possibilidade de o potencial de monetização do WhatsApp superar em muito a marca de US$ 1 por ano”, disse Mahaney.
Mas nem todos estão convencidos desse potencial. Wieser, da Pivotal, acredita que se o WhatsApp cobrasse US$ 2 por ano, muitos usuários migrariam para outro serviço de mensagens que cobrasse menos ou não tivesse assinatura.
Não é difícil para que outra empresa com software competente e habilidade no desenvolvimento de produtos crie um aplicativo como o WhatsApp. Já há muitos rivais do WhatsApp, e alguns deles fazem sucesso em diferentes partes do mundo. O Kakao é grande na Coreia do Sul, o Line domina no Japão e o WeChat lidera na China.
Listas: Melhor investimento de 2014
O ano nem começou mas já temos a relação dos melhores investimentos do ano. Em primeiro lugar, café, que sofreu uma valorização de 53% graças aos problemas da safra no Brasil. Depois gás.
25 fevereiro 2014
Recondução
Amaro Luiz Oliveira Gomes foi reconduzido como membro do colegiado do IASB. Com mandato finalizando na metade do ano, a recondução é uma garantia que o Brasil continuará sendo representado no colegiado.
BNDES e Caixa financiam MST
Eduardo Bresciani - O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - A Caixa Econômica Federal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fecharam contratos sem licitação de R$ 200 mil e R$ 350 mil, respectivamente, com entidade ligada ao Movimento dos Sem Terra para evento realizado no 6.º Congresso Nacional do MST. O evento, há duas semanas, terminou em conflito com a Polícia Militar na Praça dos Três Poderes que deixou 32 feridos, sendo 30 policiais. Houve, ainda, uma tentativa de invasão do Supremo Tribunal Federal.
A Associação Brasil Popular (Abrapo) recebeu os recursos para a Mostra Nacional de Cultura Camponesa, atividade que serviu de centro de gravidade para os integrantes do congresso do MST. As entidades têm relação próxima, tanto que a conta corrente da Abrapo no Banco do Brasil aparece no site do MST como destino de depósito para quem deseja assinar publicações do movimento social, como o jornal Sem Terra.
O contrato de patrocínio da Caixa, no valor de R$ 200 mil, está publicado no Diário Oficial da União de 3 de fevereiro de 2014. Foi firmado pela Gerência de Marketing de Brasília por meio de contratação direta, sem licitação. A oficialização do acordo do BNDES com a mesma entidade foi publicada três dias depois. O montante é de até R$ 350 mil. A contratação também ocorreu sem exigência de licitação e foi assinada pela chefia de gabinete da presidência do banco de fomento.
A Mostra Nacional de Cultura Camponesa, objeto dos patrocínios, ocorreu na área externa do ginásio Nilson Nelson, em Brasília. O congresso teve suas plenárias na área interna. Os dois eventos tiveram divulgação conjunta e o objetivo da mostra era mostrar os diferentes produtos cultivados pelos trabalhadores rurais em assentamentos dentro de um discurso do MST da valorização da reforma agrária.
Marcha. O congresso foi realizado de 10 a 14 de fevereiro e reuniu 15 mil pessoas. No dia 12, uma marcha organizada pelo movimento saiu do ginásio e percorreu cerca de cinco quilômetros até a Esplanada dos Ministérios. O objetivo declarado era a entrega de uma carta ao secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, com compromissos não cumpridos pela presidente Dilma Rousseff na área da reforma agrária.
BRASÍLIA - A Caixa Econômica Federal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fecharam contratos sem licitação de R$ 200 mil e R$ 350 mil, respectivamente, com entidade ligada ao Movimento dos Sem Terra para evento realizado no 6.º Congresso Nacional do MST. O evento, há duas semanas, terminou em conflito com a Polícia Militar na Praça dos Três Poderes que deixou 32 feridos, sendo 30 policiais. Houve, ainda, uma tentativa de invasão do Supremo Tribunal Federal.
A Associação Brasil Popular (Abrapo) recebeu os recursos para a Mostra Nacional de Cultura Camponesa, atividade que serviu de centro de gravidade para os integrantes do congresso do MST. As entidades têm relação próxima, tanto que a conta corrente da Abrapo no Banco do Brasil aparece no site do MST como destino de depósito para quem deseja assinar publicações do movimento social, como o jornal Sem Terra.
O contrato de patrocínio da Caixa, no valor de R$ 200 mil, está publicado no Diário Oficial da União de 3 de fevereiro de 2014. Foi firmado pela Gerência de Marketing de Brasília por meio de contratação direta, sem licitação. A oficialização do acordo do BNDES com a mesma entidade foi publicada três dias depois. O montante é de até R$ 350 mil. A contratação também ocorreu sem exigência de licitação e foi assinada pela chefia de gabinete da presidência do banco de fomento.
A Mostra Nacional de Cultura Camponesa, objeto dos patrocínios, ocorreu na área externa do ginásio Nilson Nelson, em Brasília. O congresso teve suas plenárias na área interna. Os dois eventos tiveram divulgação conjunta e o objetivo da mostra era mostrar os diferentes produtos cultivados pelos trabalhadores rurais em assentamentos dentro de um discurso do MST da valorização da reforma agrária.
Marcha. O congresso foi realizado de 10 a 14 de fevereiro e reuniu 15 mil pessoas. No dia 12, uma marcha organizada pelo movimento saiu do ginásio e percorreu cerca de cinco quilômetros até a Esplanada dos Ministérios. O objetivo declarado era a entrega de uma carta ao secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, com compromissos não cumpridos pela presidente Dilma Rousseff na área da reforma agrária.
Lucro do Bacen
Com reservas cambiais de US$ 377 bilhões, e uma desvalorização nominal da taxa de câmbio de 14,6% (a desvalorização real é estimada na Pesquisa Focus em 10,4%), em 2013, não é surpresa o resultado positivo do Banco Central (BC) de R$ 31,9 bilhões, dos quais R$ 17,7 bilhões obtidos no primeiro semestre e R$ 14,2 bilhões, no segundo. "Quando o valor das reservas (expressas) em real aumenta, a gente tem um ganho em reais", notou o chefe do Departamento de Contabilidade e Execução Financeira do BC, Eduardo Rocha.
Mas esse lucro do Banco Central é contábil. Decorre da administração das reservas internacionais e das operações com derivativos (swaps) cambiais. Embora sua transferência para o Tesouro Nacional já esteja marcada (ocorrerá até 2 de março), o lucro só pode ser empregado para abater dívida, segundo as regras oficiais. Não pode, portanto, ser empregado para elevar gastos fiscais.
A constatação não é novidade, mas se deve enfatizá-la num governo que tende a gastar mais do que arrecada e que acaba de anunciar um superávit primário ligeiramente mais elevado, neste ano, para enfrentar as desconfianças internas e externas.
O resultado do BC tem como origem a diferença entre receitas e despesas com juros que incidem sobre as operações em moeda local e com o reembolso do custo de captação das reservas internacionais. Assim como houve lucro, em 2013 - explicável pela valorização das reservas -, poderia ter havido prejuízo contábil, caso o real se tivesse valorizado. Foi o que ocorreu, por exemplo, em 2009. Houve uma expressiva desvalorização do dólar e o Banco Central teve, naquele ano, prejuízo contábil de R$ 4,86 bilhões no item moedas estrangeiras da demonstração de resultados do balanço.
Mais importante é que, ante o expressivo lucro contábil do ano passado, um recorde na história do Banco Central, não se ignore que a manutenção das reservas cambiais tem custos para o País. Um deles é que o governo tem de emitir títulos públicos para adquirir moeda estrangeira - e a remuneração que paga aos tomadores dos papéis governamentais é superior àquela que obtém aplicando as reservas no exterior.
Outro custo é o da venda de swaps no mercado local, para evitar oscilações excessivas do câmbio. No ano passado, o BC perdeu R$ 2,4 bilhões com essas operações de venda de dólares no mercado futuro. Evita-se, com o mecanismo dos swaps, o risco de perda de reservas, mas não o ônus fiscal.
Fonte: aqui
Listas: Netflix e ranking da velocidade de banda larga no Basil
-> Líder em velocidade no Brasil é a GVT, com 2,85 Mbps.
-> Brasil e Chile têm as melhores taxas de conexão entre os países latinos.
O serviço de vídeo por streaming Netflix lançou no dia 10 de fevereiro uma ferramenta de medição do desempenho da banda larga no Brasil. As taxas de velocidade captadas no país são, ao lado do Chile, as mais altas da América Latina, informa a companhia norte-americana.
[...]
O ranking é elaborado com base na velocidade de internet dos usuários do Netflix e nas operadoras que fornecem a conexão. Segundo a companhia, as velocidades refletem o desempenho geral das transmissões.
Em janeiro, a primeira do Brasil é a GVT, com taxa de 2,85 Mbps (Megabit por segundo), seguido da Live TIM (2,81 Mbps), Net Virtua (2,26 Mbps), Algar (1,9 Mbps), Telefonica (1,44 Mpbs) e Oi Velox (1,36 Mbps). No Chile, a operadora líder é a GTD.
De acordo com o Netflix, conexões mais rápidas permitem uma melhor imagem, início da exibição do vídeo mais rápidos e um menor número de interrupções durante o filme.
Outros serviços de vídeo, como o YouTube, também possuem medidores. No caso da ferramenta do Google, porém, o intuito é auxiliar os internautas a encontrarem a velocidade de internet ideal para que os vídeos sejam exibidos sem problema.
Do G1, em São Paulo
-> Brasil e Chile têm as melhores taxas de conexão entre os países latinos.
O serviço de vídeo por streaming Netflix lançou no dia 10 de fevereiro uma ferramenta de medição do desempenho da banda larga no Brasil. As taxas de velocidade captadas no país são, ao lado do Chile, as mais altas da América Latina, informa a companhia norte-americana.
[...]
O ranking é elaborado com base na velocidade de internet dos usuários do Netflix e nas operadoras que fornecem a conexão. Segundo a companhia, as velocidades refletem o desempenho geral das transmissões.
Em janeiro, a primeira do Brasil é a GVT, com taxa de 2,85 Mbps (Megabit por segundo), seguido da Live TIM (2,81 Mbps), Net Virtua (2,26 Mbps), Algar (1,9 Mbps), Telefonica (1,44 Mpbs) e Oi Velox (1,36 Mbps). No Chile, a operadora líder é a GTD.
De acordo com o Netflix, conexões mais rápidas permitem uma melhor imagem, início da exibição do vídeo mais rápidos e um menor número de interrupções durante o filme.
Outros serviços de vídeo, como o YouTube, também possuem medidores. No caso da ferramenta do Google, porém, o intuito é auxiliar os internautas a encontrarem a velocidade de internet ideal para que os vídeos sejam exibidos sem problema.
Do G1, em São Paulo
Acordo
A justiça brasileira está percebendo que as vezes é melhor fazer acordo do que brigar. Eis mais um exemplo:
O Ministério Público de São Paulo, a Prefeitura da capital paulista e o Deutsche Bank firmaram nesta segunda-feira acordo em que a instituição alemã se compromete a pagar aos cofres públicos US$ 20 milhões (cerca de R$ 47 milhões) para evitar qualquer discussão jurídica sobre irregularidades na movimentação de cerca de US$ 200 milhões em contas no exterior por parentes do ex-prefeito e atual deputado Paulo Maluf (PP-SP). A movimentação foi feita por empresas de fachada (offshore) na Ilha de Jersey, de 1996 a 2000.
Isto pode ajudar a melhorar a percepção de corrupção existente no Brasil.
O Ministério Público de São Paulo, a Prefeitura da capital paulista e o Deutsche Bank firmaram nesta segunda-feira acordo em que a instituição alemã se compromete a pagar aos cofres públicos US$ 20 milhões (cerca de R$ 47 milhões) para evitar qualquer discussão jurídica sobre irregularidades na movimentação de cerca de US$ 200 milhões em contas no exterior por parentes do ex-prefeito e atual deputado Paulo Maluf (PP-SP). A movimentação foi feita por empresas de fachada (offshore) na Ilha de Jersey, de 1996 a 2000.
Isto pode ajudar a melhorar a percepção de corrupção existente no Brasil.
Desenvolvimento numa fotografia
Fisco Espanhol
O FC Barcelona anunciou nesta segunda-feira ter depositado uma "regularização voluntária" de € 13,5 milhões à Receita Federal espanhola, cinco dias após ser indiciado por "delito contra o Tesouro Público" em um caso envolvendo a contratação de Neymar em 2013.
O Barça afirmou em um comunicado que "em vista da existência de uma possível divergência interpretativa quanto às obrigações fiscais derivadas da citada contratação, (...) o clube apresentou nesta manhã a correspondente autoliquidação".
O clube garante, contudo, estar convencido "da licitude do inicial cumprimento das obrigações fiscais".
É óbvio que o clube não irá dizer que cometeu um erro. Mas ele deve ter avaliado que poderia perder mais ainda se não fizesse o reconhecimento.
A justiça espanhola suspeita de divergências entre o valor declarado e o valor real da transferência de Neymar.
E o fisco brasileiro? Será que observou este aspecto. Neymar é importante para a equipe brasileira vencer o mundial e este pode ter sido o critério. No passado as importações de "muambas" que jogadores trouxeram do exterior não passaram pela alfandega.
A procuradoria da Audiência Nacional, principal instância penal espanhola, estimou em € 9,1 milhões (R$ 30,1 milhões) o montante devido ao Tesouro Público na contratação do jogador, ao qual poderia somar-se uma multa, cujo valor pode ser negociados em caso de acordo com o fisco.
"Para saldar qualquer possível dívida tributária derivada desta operação e para melhor defender o nome e a boa reputação de nosso clube, o Barcelona apresentou nesta manhã a correspondente autoliquidação complementar na importância de € 3.550.830,56", escreveu o clube.
"O FC Barcelona sempre cumpriu suas obrigações fiscais no devido tempo e mantém, neste caso, uma colaboração da mais estreita com a administração dos impostos. O FC Barcelona não deve nada ao Tesouro Público", concluiu o Barça.
A transferência do astro brasileiro do Santos provocou uma grande turbulência na Espanha depois que um sócio do Barça, Jordi Cases, apresentou uma denúncia contra o presidente do clube, Sandro Rosell, por "apropriação indébita" na contratação.
Após a renúncia do presidente do clube no dia 23 de janeiro e sua substituição por Josep Maria Bartomeu, a nova administração avaliou em € 57,1 milhões o valor da transferência de Neymar, montante que chega a € 86,2 milhões se forem levadas em contra despesas adicionais ligadas à contratação do jogador, sem contar os salários.
O juiz Pablo Ruz da Audiência Nacional, que denunciou o Barça na semana passada, ordenou uma investigação para esclarecer a situação fiscal do clube, solicitando ao Tesouro Público que determine o impacto das transações realizadas à margem da transferência, avalie a extensão da possível fraude e proponha uma regularização para a situação.
Fonte: Aqui
O Barça afirmou em um comunicado que "em vista da existência de uma possível divergência interpretativa quanto às obrigações fiscais derivadas da citada contratação, (...) o clube apresentou nesta manhã a correspondente autoliquidação".
O clube garante, contudo, estar convencido "da licitude do inicial cumprimento das obrigações fiscais".
É óbvio que o clube não irá dizer que cometeu um erro. Mas ele deve ter avaliado que poderia perder mais ainda se não fizesse o reconhecimento.
A justiça espanhola suspeita de divergências entre o valor declarado e o valor real da transferência de Neymar.
E o fisco brasileiro? Será que observou este aspecto. Neymar é importante para a equipe brasileira vencer o mundial e este pode ter sido o critério. No passado as importações de "muambas" que jogadores trouxeram do exterior não passaram pela alfandega.
A procuradoria da Audiência Nacional, principal instância penal espanhola, estimou em € 9,1 milhões (R$ 30,1 milhões) o montante devido ao Tesouro Público na contratação do jogador, ao qual poderia somar-se uma multa, cujo valor pode ser negociados em caso de acordo com o fisco.
"Para saldar qualquer possível dívida tributária derivada desta operação e para melhor defender o nome e a boa reputação de nosso clube, o Barcelona apresentou nesta manhã a correspondente autoliquidação complementar na importância de € 3.550.830,56", escreveu o clube.
"O FC Barcelona sempre cumpriu suas obrigações fiscais no devido tempo e mantém, neste caso, uma colaboração da mais estreita com a administração dos impostos. O FC Barcelona não deve nada ao Tesouro Público", concluiu o Barça.
A transferência do astro brasileiro do Santos provocou uma grande turbulência na Espanha depois que um sócio do Barça, Jordi Cases, apresentou uma denúncia contra o presidente do clube, Sandro Rosell, por "apropriação indébita" na contratação.
Após a renúncia do presidente do clube no dia 23 de janeiro e sua substituição por Josep Maria Bartomeu, a nova administração avaliou em € 57,1 milhões o valor da transferência de Neymar, montante que chega a € 86,2 milhões se forem levadas em contra despesas adicionais ligadas à contratação do jogador, sem contar os salários.
O juiz Pablo Ruz da Audiência Nacional, que denunciou o Barça na semana passada, ordenou uma investigação para esclarecer a situação fiscal do clube, solicitando ao Tesouro Público que determine o impacto das transações realizadas à margem da transferência, avalie a extensão da possível fraude e proponha uma regularização para a situação.
Fonte: Aqui
24 fevereiro 2014
História da Contabilidade: O ano de 1972
O ano de 1972 na história da contabilidade brasileira é
muito relevante. É o ano da auditoria externa e da padronização das
demonstrações contábeis. É bem verdade que já estavam discutindo estas mudanças
em 1971, mas a entrada em vigor foi atrasada em razão da complexidade, para
época, da mudança (1).
Ambiente
O Brasil vivia uma fase de grande crescimento econômico e
poucas liberdades políticas. Em 1971 o mercado de ações brasileiro cresceu
substancialmente. O pequeno investidor começou a comprar ações e a bolsa
brasileira chegou a ser a quarta maior do mundo (2). A queda da bolsa afastou o
investidor e manteve o mercado de capitais estagnado.
Ao divulgar as resoluções, o Banco Central destacou ser um
passo para aprimorar o mercado de capitais brasileiro, com maior acesso a
informações, permitindo julgar as condições de risco (3). Ou seja, permitir a
retomada de confiança no mercado de capitais.
O governo respondeu a crise do mercado com padronização dos
balanços, auditoria externa e dinheiro. Mesmo assim, a desconfiança persistia.
Um conhecido analista da época chegou a comentar (4):
“Enquanto os meios
financeiros do mundo inteiro são unanimes em atestar o vigor e a pujança das
finanças brasileiras, a Bolsa de Valores dos principais centros do nosso País, num
verdadeiro contraste, mantem-se em baixa há quase um ano. Não é possível que os
técnicos das mais variadas escolas e tendências estejam todos absolutamente
errados e só os grandes corretores do Rio e São Paulo conheça a grande verdade
que, o mundo inteiro é incapaz de vislumbrar”
Após a promulgação das medidas, estabeleceu-se um clima de
confiança em algumas autoridades. O presidente do CRC-RS afirmou que as normas
cortariam a “possibilidade de malabarismos na contabilidade das empresas.” (5)
Apesar da ditadura, ainda persistia um nacionalismo,
inclusive com respeito a contabilidade. Num periódico, em 1972, chamava a
atenção para o seguinte aspecto:
“é simplesmente
inacreditável que grande número das maiores empresas do país continue
prestigiando firmas de auditoria do exterior em detrimento das nossas. A Varig,
apenas para citar um exemplo, é uma dessas empresas que tem sua auditoria
entregue à firma estrangeira Grahlert & Axthelm S.C. (Sociedade Civil). Por
que as associações e sindicatos de classe não se rebelam contra esse estado de
coisas, por sinal, deprimente?” (6)
Discutia-se também a reforma da lei das SA. Entre as
propostas, a imposição de auditoria externa e relatórios trimestrais
padronizados (7). Anunciava-se que as normas permitiriam o full disclosure das empresas (8).
Resoluções do Conselho Federal de Contabilidade
A resolução 317, de 14 de janeiro de 1972, criou o Cadastro
Especial de Auditores Independentes com os profissionais que trabalhavam na
auditoria, assim como as empresas. A
resolução 321, de 14 de abril, aprova as “normas e procedimentos de auditoria”,
que foram elaboradas pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (9). Este
instituto foi criado a partir da junção do Instituto dos Contadores Públicos do
Brasil e o Instituto Brasileiro de Auditores Independentes, um pouco antes
deste período (10).
Normas da bolsa
No início de 1972 a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro
aprovou uma série de exigências para registro. É importante destacar que
naquele ano bolsa do Rio era a principal
bolsa brasileira. Através da Resolução 72/72, a bolsa exigia serviço de
auditoria externa, contratada com empresas registradas no Banco Central (11)
Resolução 220 do CMN
Esta norma trata da auditoria das informações contábeis para
as empresas registradas no Banco Central. Trata também do registro de auditores
independentes. As inovações da resolução foram as seguintes (12):
1. No primeiro caso,
a norma obriga a auditoria do Balanço Geral, da Demonstração do Resultado do
Exercício, do Demonstrativo de Lucros e Perdas ou Prejuízos em Suspenso e das
Notas Explicativas da Diretoria. Ocorre que a lei societária não fazia previsão
da Demonstração do Resultado do Exercício, mas sim da informação de Lucros e
Perdas. Assim como as Notas Explicativas é algo novo, apesar de existir desde o
século XIX;
2. Para a auditoria, devem-se observar as “normas gerais de
auditoria” e os “princípios e normas de contabilidade”. Isto também é uma
novidade. Mas quais normas? Quais princípios? A resolução afirma que será
baixada uma regulamentação posterior por parte do Banco Central.
3. Para o registro de auditores seria exigido que os sócios
e responsáveis fossem bacharéis em ciências contábeis. Além disto, a resolução
estabelecia a exigência de independência, listando algumas hipóteses sobre o
assunto.
4. Estabelecia punição para o auditor que fizesse auditoria
inepta ou fraudulenta. E o Banco Central informaria ao Conselho de
Contabilidade as irregularidades.
5. Toda empresa que pretenda ter suas ações negociadas na
bolsa de valores ficaria subordinada aos princípios e normas de contabilidade.
Circular 178 do Banco
Central
É um complemento da resolução 220, estabelecendo as
condições para o registro do auditor. Somente os bacharéis em ciências
contábeis com registro há pelo menos três anos no Conselho Regional de
Contabilidade. Também foi inovadora por reconhecer, e aproveitar, curso de
pós-graduação na área de auditoria externa. Assim como reconhece o membro do
Instituto de Auditores Independentes do Brasil.
Circular 179 do Banco
Central
Esta resolução detalhou as normas gerais de auditoria e os
princípios e normas de contabilidade. O segundo ponto é também uma inovação e
está dividido em quatro tópicos: normas de escrituração; critérios de
avaliação, amortização e depreciação patrimoniais para efeitos de balanço;
critérios gerais para formação de reservas e provisões; e critérios gerais para
classificação do balanço patrimonial. Explicitamente a circular adota o regime
de competência e a uniformidade. Adotava-se o custo de aquisição, com
incorporação da depreciação e correções monetárias. Também utilizava o custo ou
mercado para estoques e a provisão de liquidação duvidosa para os créditos a
receber. Reconhecia-se o fundo de comércio adquirido, amortizado em cinco anos.
Um aspecto interessante, e diferente do adotado nos dias hoje, é que a
separação entre curto e longo prazo é de 180 dias, embora fosse possível adotar
o ciclo operacional.
As mudanças da auditoria foram ditadas, basicamente, pela
Comissão de Normas Técnicas do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil.
Já a questão contábil sofre uma grande variação. Correa (13) fez uma
interessante comparação entre a Lei 2.627, de 1940, e a Circular 179, de 1972:
A mudança proposta pela Circular 179 dá uma grande ênfase a
liquidez. O mesmo Correa (14) destaca que os auditores muitas vezes divergiam
da opinião de muitos conceitos, por falta de pronunciamento. Quanto a apuração
e evidenciação do resultado, a lei anterior apresentava mais um razonete do que
propriamente uma demonstração. Eis a visão anterior:
Já a nova demonstração tinha a seguinte aparência:
É bem verdade que a nova proposta apresentava alguns vícios:
despesas financeiras como operacional, por exemplo. Mas representou uma grande
evolução.
Obrigatoriedade da
Auditoria
Um aspecto importante foi à obrigatoriedade da auditoria. Em
muitos casos o conselho fiscal era figurativo (15). Mas as normas tornam
obrigatória a auditoria externa. Mas não existia na época uma grande quantidade
de profissionais para fazer este trabalho (16). Para resolver este gargalo, o
Brasil assinou um empréstimo para o Fumcap destinado a treinamento em
contabilidade e auditoria, incluindo 500 professores universitários de
disciplinas relacionadas com o mercado de capitais (17).
Fumcap
O Fumcap era a sigla do Fundo de Desenvolvimento do Mercado
de Capitais. Aprovado pelo Conselho Monetário Nacional e criado pelo Decreto
69554, de 18 de novembro de 1971 e tinha diversos objetivos vinculados ao
mercado de capitais. Os recursos do Fumcap, juntamente com a regulamentação da
auditoria e as novas informações financeiras, tinha como finalidade promover a
retomada da bolsa de valores.
Padronização dos
Balanços
A questão da padronização dos balanços ainda não tinha sido resolvida
na época. A figura abaixo mostra o balanço de uma empresa de café, Cacique
A seguir, outro balanço, agora da Sadia, uma empresa de
transportes aéreos (futura Transbrasil)
Apesar de terem sido publicados no mesmo dia de fevereiro de
1972, referente ao exercício de 1971, os balanços são bem diferentes. O balanço
da Sadia (18) possui as contas ordenadas pela liquidez e exigibilidade. E ao
final “ativo pendente” e contas de compensação. Já o balanço do Café Cacique (19)
inicia seu ativo pelo imobilizado, depois disponível, finalizando com
realizável a curto prazo, ativo pendente e compensado. O passivo começava com o
não exigível, depois as provisões, seguida o passivo de curto prazo, longo
prazo, pendente e compensado.
Referências
(1) Um dos grandes
problemas era a questão fiscal. O Estado de S Paulo, 10 de junho de 1971, ed
20502, p 40.
(2) DOMINGUES, Heron. Guerra ao boato. Diário de notícias,
25 de maio de 1972, ed 15205, p. 6.
(3) O Estado de S Paulo, 12 de maio de 1972, ed 29788, p 31.
(4) Trata-se do
apresentador do telejornal Heron Domingues na sua coluna do jornal Correio da
Manhã, edição 15235, 27 de junho de 1972, p. 10.
(5) Correio da Manha, ed 24259, p 22, Diretor Econômico, p.
6
(6) ALEXANDRIA, Francisco. Negócios e Investimentos.
Politika. Ed 29, p. 22, 1972. Na edição 30, o mesmo Alexandria comentava da
eleição do Sindicato dos Contabilistas e a necessidade do mesmo em dar
satisfação para os seu pares. Ver Politika, ed. 30, p. 22.
(7) Correio da Manha, 12 julho de 1972, ed 15248, p 6.
(8) Correio da Manhã ed 24248, p 85
(9) IMPROTA, Milton. Uma auditoria indispensável. O Estado
de São Paulo, 16 de julho, ed 29844, p. 72.
(10) IMPROTA, Milton. Uma auditoria indispensável. O Estado
de São Paulo, 16 de julho, ed 29844, p. 72.
(11) Vide resolução Correio da Manhã, 5 de fevereiro de
1972, ed 24177, p 21.
(12) Além disto, o relatório da subcomissão da Comissão
Consultiva de Mercado de Capitais apresentou uma série de sugestões e análises,
particularmente à resolução 220. Vide O Estado de S Paulo, 6 de agosto de 1972,
p. 74 ed 29862.
(13) CORREA, Francisco Moreno. Nova Técnica Favorece
Projeções. O Estado de S. Paulo, 4 jun de 1972, ed 29808, p 62.
(14) CORREA, Francisco Moreno. Nova Técnica Favorece
Projeções. O Estado de S. Paulo, 4 jun de 1972, ed 29808, p 62.
(15) CORREA, Francisco Moreno. Nova Técnica Favorece
Projeções. O Estado de S. Paulo, 4 jun de 1972, ed 29808, p 62.
(16) Segundo análise de um conhecido articulista. BETING,
Joelmir. A lei e o código. Diário de Notícias, 13 de setembro de 1972, ed
15302, p. 9
(17) Pelo menos este era o plano. Diário de Notícias, 15 de
setembro de 1972, ed 15304, p. 8.
(18) Publicado no Correio da Manhã, 22 de fevereiro de 1972,
p. 3.
(19) Publicado no Correio da Manhã, 22 de fevereiro de 1972,
p. 7.
Déficit em transações correntes
Mais um recorde negativo foi batido nas contas externas, em janeiro, com o déficit de US$ 11,59 bilhões em transações correntes, o cálculo mais amplo das trocas de bens e serviços do Brasil com suas dezenas de parceiros. O déficit de US$ 11,35 bilhões de janeiro do ano passado foi, em toda a série histórica, o número mais parecido com esse. Mas o resultado foi bem recebido no mercado financeiro, por ter sido ligeiramente melhor que as previsões correntes. Divulgado o número, o dólar caiu, como se o Banco Central (BC), responsável pelos cálculos do balanço de pagamentos, houvesse divulgado uma notícia positiva, justificando, portanto, algum otimismo em relação ao setor externo. Esquisitices à parte, os números principais continuam preocupantes para quem se preocupa com os fundamentos da economia e com as perspectivas de crescimento. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, evitou considerações mais comprometedoras. O Brasil, segundo ele, está em posição intermediária. Há economias com cifras piores. É verdade, mas isso de nenhum modo torna a posição brasileira mais confortável.
O déficit acumulado em 12 meses ficou em US$ 81,61 bilhões, soma equivalente a 3,67% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado pelos técnicos do BC. Mais uma vez o investimento estrangeiro direto - US$ 65,44 bilhões acumulados no período - foi insuficiente para cobrir o buraco. Não faltou dinheiro de fonte externa para isso, mas a qualidade da cobertura continuou insatisfatória. Aplicações em papéis são em geral menos estáveis e menos seguras que o investimento direto.
Resultado ligeiramente pior havia ocorrido em outubro, com saldo negativo de US$ 82,22 bilhões (3,68% do PIB). Com pequenas oscilações, o buraco da conta corrente permaneceu acima de US$ 80 bilhões em 12 meses desde agosto do ano passado. Para este ano o BC projeta um déficit de US$ 78 bilhões, mas isso dependerá principalmente da melhora da balança comercial, isto é, de mercadorias. Pela projeção, o superávit nessa conta passará dos US$ 2,56 bilhões do ano passado para US$ 10 bilhões em 2014.
Não há sinal, por enquanto, de avanço nessa direção. A depreciação cambial em 2013 deveria ter barateado os produtos brasileiros e tornado a indústria nacional mais competitiva, mas o efeito foi frustrante. Talvez o câmbio produza resultado mais significativo neste ano, mas isso, por enquanto, é apenas uma esperança manifestada por empresários e analistas. Todos continuam, por enquanto, à espera de outros fatores potencialmente favoráveis ao comércio exterior brasileiro.
Até agora, o câmbio parece ter produzido algum efeito positivo na conta de serviços, com a redução de um de seus principais componentes - os gastos de brasileiros no exterior. Esses gastos somaram US$ 2,12 bilhões em janeiro, pouco abaixo do valor de um ano antes, de US$ 2,30 bilhões. Neste ano, a conta de serviços teve um déficit de US$ 3,36 bilhões, pouco inferior ao de janeiro de 2013, quando chegou a US$ 3,66 bilhões. Foi um ganho muito modesto.
A presidente Dilma Rousseff e seus auxiliares normalmente se mostram pouco ou nada preocupados com o déficit em conta corrente. Quando se menciona o assunto, costumam lembrar as reservas cambiais superiores a US$ 370 bilhões, suficientes para cobrir um ano e meio de importações como as de janeiro deste ano. O volume de reservas é de fato um importante fator de segurança, mas dólares tendem a evaporar-se com espantosa rapidez quando as apostas no mercado se voltam contra um país. Além disso, a qualidade da cobertura do déficit em conta corrente tem-se deteriorado, porque o investimento estrangeiro direto tem sido insuficiente para isso.
A piora do saldo em transações correntes tem sido causada, já há alguns anos, pela redução do superávit na conta de mercadorias. Normalmente deficitário nas contas de serviços e de rendas, o Brasil precisa de um grande saldo positivo no comércio de bens para manter uma razoável segurança no setor externo. Isso depende, agora, principalmente de um melhor desempenho comercial da indústria. Não há indício, por enquanto, dessa melhora.
Fonte: aqui
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