28 fevereiro 2010
Futebol e Mercado
A relação entre o futebol e o mercado financeiro
Brasil Econômico - Por Eduardo Carlezzo - 27/02/10
Quem poderia, há algum tempo, em sã consciência, cogitar que um clube de futebol poderia fazer uma emissão de bonds no mercado financeiro, visando captar 500 milhões de libras para o pagamento de suas dívidas?
Há poucas semanas, o Manchester United realizou tal operação através de sua subsidiária, a MU Finance.
Em janeiro deste ano o atacante Liedson, do Sporting Lisboa, trocou socos com o diretor de futebol após uma partida da Taça da Liga de Portugal. O fato tornou-se público, o dirigente foi demitido e o jogador multado.
Contudo, outra consequência chama a atenção: as ações do clube na Bolsa de Lisboa caíram 5,47% no dia seguinte.
O mercado de capitais está preparado para receber o futebol? Ou melhor, os clubes estão em condições de fazer parte deste mercado?
São perguntas cujas respostas não são fáceis, mas que quando olhamos para a quantidade de agremiações que já realizaram transações desta natureza, podemos dizer que o esporte mais praticado no mundo está cada vez mais próximo deste cenário do que se pode imaginar.
Jogada chilena
Em outubro de 1993, o britânico Tottenham Hotspur converteu-se no primeiro clube do mundo a negociar no mercado de valores mobiliários, mais precisamente na Bolsa de Valores de Londres. Desde então outros 26 ingleses seguiram a mesma trajetória, ainda que nem todos mantenham o status de companhia aberta.
Chelsea, Manchester United e Manchester City, após terem o controle acionário adquirido por magnatas, optaram por cancelar o registro.
Atualmente existem 24 europeus listados nas bolsas seus respectivos países, desde o Aalborg Boldspilklub, da Dinamarca, até a Juventus, da Itália.
Os últimos clubes a abrirem o capital foram o Olympique Lyonnais (França) e o Benfica (Portugal), cuja entrada deu-se em maio de 2007 com 33% do capital negociado em bolsa.
Contrariamente ao que muitos poderiam pensar, o movimento também está presente na América do Sul. Três chilenos (Colo-Colo, Universidad do Chile e Universidad Católica) estão listados na bolsa de Santiago, tendo a Universidad Católica captado U$ 25 milhões em dezembro de 2009 (a procura pelas ações superou em 6 vezes o montante disponível).
Quando pensamos na figura do investidor que compraria ações de um clube, o primeiro perfil que vem a cabeça é o do torcedor/investidor, aquele que compraria ações por paixão ao clube ou por ter o orgulho de dizer que também é proprietário deste. Todavia, o negócio futebol se expandiu e dinamizou vertiginosamente na última década, especialmente no Velho Mundo.
Grandes empresas, sem qualquer relação com o esporte, como Bank of Scotland (Hearts, equipe participante da Scottish Premier League), Commerzbank (Sunderland, Inglaterra) e Merrill Linch Mercury Ltd (Aston Villa, Inglaterra), passaram a ser acionistas de clubes de futebol.
Outras, ainda, possuem participação societária, o que denota que esta modalidade possui um componente estratégico para várias instituições privadas.
Impedimento jurídico
Em solo nacional, a entrada das agremiações no mercado de capitais ainda é algo que pode levar algum tempo. Primeiramente, há uma impossibilidade jurídica: os clubes, em sua esmagadora maioria, são estruturados como associação e, como é sabido, o registro de companhia aberta somente é concedido as empresas constituídas como sociedade anônima.
Em segundo lugar, deverá haver uma radical mudança de comportamento. A transparência das informações é um pressuposto fundamental para qualquer empresa com ações na bolsa.
Ou seja, fatos que possam afetar de forma significativa a administração do clube, como transações de atletas, deverão ser reportados ao público investidor.
Outro ponto relevante diz respeito à variação do valor dos papeis em função de determinadas notícias. O mercado é muito "sensível" ao noticiário nacional e internacional, oscilando fortemente de acordo com as informações diárias.
No futebol, teríamos alguns componentes extras que fatalmente fariam as ações flutuarem: o clube venceu uma partida e se classificou para uma competição internacional; está nas últimas colocações do campeonato e prestes a ser rebaixado; está contratando um dos melhores jogadores do mundo; vendeu um de seus melhores jogadores; sofreu uma punição disciplinar e perdeu pontos; venceu o clássico regional, etc. Enfim, fatores ligados à própria atividade esportiva e que podem afetar as decisões dos investidores.
A regra é clara
Em linhas gerais, como pontos determinantes do sucesso (ou não) dos clubes no mercado de capitais podem ser apontados os seguintes fatores:
a) resultados desportivos: número de competições em que o clube está inscrito ao início da temporada e as respectivas chances de conquista, grau de competitividade alcançado nas competições, número de competições conquistadas;
b) plantel de jogadores: lesões, jogadores punidos disciplinarmente, negociações, legislação pertinente à transferência de jogadores, unidade dos jogadores, política salarial;
c) projeto desportivo: organização do clube, governança corporativa, administradores;
d) gerenciamento de receitas: contratos de televisão, merchandising, sócios, receitas do jogo.
O futebol mudou. E muito. Mas pode mudar mais. A adesão dos clubes ao mercado de capitais, por intermédio de empresas das quais mantivessem o controle acionário, seria benéfica, pois possibilitaria uma capitalização relevante e uma total profissionalização das gestões.
27 fevereiro 2010
Rir é o melhor remédio
A resposta da coluna ensina o que fazer quando um carro quebra.
Fonte: aqui
Registradora
Em 1879 James Ritty, um proprietário de um saloon em Dayton, Ohio, recebeu a patente de um produto de madeira que ele apelidou de “caixa incorruptível”. Com um conjunto de botões e sino, a máquina, vendida pela National Cash Register (NCR), foi um pouco mais do que uma simples máquina de somar. No entatno, como uma forma inicial de gestão do fluxo de informação, a caixa registradora teve um enorme impacto. Ela não só reduziu os furtos, alertando ao lojista que o caixa estava aberto, mas gravava cada transação, fornecendo uma visão instantânea do que estava ocorrendo no negócio.
A different game The Economist, 25/2/2010
A história da máquina registradora é fascinante. Mostra como a tecnologia ajudou na melhoria dos controles internos das empresas através de um instrumento aparentemente simples.
26 fevereiro 2010
Teste #237
Este escritor famoso, ganhador do Nobel de Literatura, baseou parte de sua obra num livro contábil de uma família proprietária de escravos. O manuscrito é do século dezenove e foi recentemente descoberto. Este escritor é:
Albert Camus
Thomas Mann
William Faulkner
Resposta do Anterior: Accenture
SEC e IFRS
Sec Deve Apoiar Padrão Contábil Global(ifrs) Mas Não Adotá-lo Agora
DJ em Português - 24/2/2010
Washington, 24 - A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, em inglês) deve aprovar nesta quarta-feira uma declaração dizendo que apoia a adoção de regras globais de contabilidade por empresas americanas, mas que não buscará adoção rápida das novas normas.
De acordo com o resumo da declaração, a adoção do novo sistema pelas companhias dos EUA não ocorrerá antes de 2015. A comissão espera decidir até o ano que vem se recomendará tal mudança. A SEC tem trabalhado em um plano para abordar questões relacionadas ao uso de normas internacionais de relatórios financeiros ou IFRS.
Na declaração, a SEC afirma que incentiva a convergência das normas americanas e do IFRS, de maneira a "diminuir as diferenças entre os dois conjuntos de regras".
Atualmente, as empresas americanas apresentam seus relatórios financeiros de acordo com os princípios da contabilidade americana ou GAAP. Mas os responsáveis pela criação das regras contábeis nos EUA e no resto do mundo têm se movimentando em torno da uniformização, para uso do IFRS como um conjunto global de normas contábeis a fim tornar mais fácil a comparação de empresas em todo o mundo.
No ano passado, a Comissão publicou um roteiro que define a proposta de como as empresas americanas devem fazer a mudança para o IFRS a partir de 2014.
A SEC provavelmente irá migrar com cautela para o novo padrão global, levando em conta o custo adicional para as empresas americanas. A presidente da Comissão, Maria Schapiro, disse durante a cerimônia de sua posse no ano passado, que temia que a mudança para os padrões internacionais possa ser muito dispendiosa para as companhias durante a crise do mercado.
O comunicado da SEC irá direcionar funcionários para que analisem o impacto da transição para as normais globais para as empresas de todos os tamanhos, "incluindo alterações nos sistemas de contabilidade e no regime contratual, considerações de governança corporativa e contingências de litígio". As informações são da Down Jones. (Clarissa Mangueira)
Tradução
“Our 2020 Vision calls for decisive and timely action to continuously improve and evolve our global franchise system to best serve our customers and consumers everywhere. Consistent with the 2020 Vision, our roadmap for winning together, we act today as an aligned system….Our new North American structure will create an unparalleled combination of businesses, which will serve as our passport to winning in the world’s largest nonalcoholic ready-to-drink profit pool.”
Tradução do Wall Street Journal:
“ Sorry guys, but we have to copy Pepsi after all.”
Contabilidade do Cartel
Ex-chefe do cartel do Golfo é condenado a 25 anos nos EUA- 25/2/2010
O ex-chefe mexicano do cartel do Golfo Osiel Cárdenas, extraditado aos Estados Unidos, foi condenado a 25 anos de prisão e a uma multa de 50 milhões de dólares por narcotráfico, anunciou o Departamento de Justiça nesta quarta-feira.
Cárdenas, de 42 anos, se declarou culpado ante uma juíza federal de cinco crimes relacionados ao narcotráfico, lavagem de dinheiro e ameaças contra agentes federais, informou o texto do Departamento de Justiça.
O ex-chefe foi extraditado aos Estados Unidos em 2007, após cumprir pena em uma prisão de segurança máxima mexicana desde 2003, quando foi preso em sua cidade natal, Matamoros.
"De julho de 2000 a setembro de 2001, mais de 2 mil quilos de cocaína diretamente ligados a Cárdenas-Guillém foram interceptados por forças de ordem nos Estados Unidos", explicou o comunicado.
O lucro obtido pelo tráfico ilícito no cartel do Golfo através da fronteira com o Texas foi considerável.
Em junho de 2001, as autoridades norte-americanas encontraram livros de contabilidade do cartel que descreviam um lucro de 41 milhões de dólares em apenas três meses de operações e apenas na cidade de Atlanta.
Remuneração e Comportamento
O grupo de pior desempenho foi aquele que iria receber somente em cinco meses. Isto tem uma implicação interessante para as discussões sobre remuneração. Os adversários da atual sistemática de elevadas gratificações por desempenho vinculadas as ações afirmam que o sistema induz ao foco no curto prazo, esquecendo o longo prazo. Sugerem que a remuneração seja essencialmente de longo prazo.
O estudo também trabalho outro aspecto da avaliação: o escrutínio público. Novamente algumas tarefas foram propostas (solucionar anagramas) de duas formas: privadamente, em cubículos, ou na frente de outros. O resultado foi que as pessoas queriam ter um melhor desempenho quando trabalhavam um na frente de outro.
Veja mais sobre o estudo em Bonuses boost activity, not quality, Dan Ariely, 1º de fevereiro de 2010, Wired.
Balanço do Banco do Brasil
Banco do Brasil investiga possível vazamento do balanço de 2009
O Globo
SÃO PAULO - A divulgação do lucro obtido pelo Banco do Brasil (BB) em 2009 por um veículo da imprensa, antes da publicação oficial dos números, que ocorreu apenas na manhã desta quinta-feira, gerou questionamentos sobre um possível vazamento dos resultados do banco.
O presidente do BB, Aldemir Bendine, informou durante entrevista coletiva que a instituição está investigando a origem dessa divulgação.
- Nós estamos investigando a origem dessa divulgação. O banco tem tomado um cuidado especial em relação a esse vazamento de resultado. Nós alteramos recentemente a nossa publicação no site e na CVM com horário mais tardio, para que não houvesse esse tipo de situação. Infelizmente, de novo, isso se repetiu. Nós vamos procurar apurar esses fatos - disse o presidente do BB, em entrevista coletiva na quinta-feira.
Bedine também disse que medidas já tinham sido tomadas para que isso não ocorresse, como a mudança do horário de publicação do balanço, uma vez que não se trata da primeira vez que os resultados financeiros do banco vazam.
Procurada pelo Valor, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), responsável pela fiscalização das companhias de capital aberto, divulgou apenas no início da noite sua resposta padrão para casos como este.
Regras políticas
Economist: corrupção no Brasil vem de regras ‘irrealistas’
25 de fevereiro de 2010 | 16h31
Sílvio Guedes Crespo
A revista britânica The Economist, em mais uma reportagem sobre o Brasil, disse na edição desta semana que ”muitos escândalos de corrupção [no País] derivam do alto custo da política e de regras de financiamento de campanha irrealisticamente rígidas”.
A publicação cita casos de Roseana Sarney, Fernando Collor, José Sarney, Renan Calheiros, além do mensalão e dos recentes acontecimentos envolvendo o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda.
Em relação a Arruda, a revista considera otimista a visão de que sua prisão representa um avanço no combate à corrupção, uma vez que ele governava “um estado pequeno” e é membro de um partido cuja importância está declinando. “E a sua alegada malandragem ocorreu sob o nariz do Ministério Público”.
A Economist considera que é recorrente em tais escândalos a suspeita de que o dinheiro venha de empresas que tinham contrato com o poder público e cita a afirmação da ONG Transárência Brasil de que os esquemas normalmente envolvem subornos, muitos dos quais relacionados a fundos de campanhas eleitorais.
A revista ressalva, no entanto, que a corrupção no Brasil “provavelmente não é maior do que em outros países de tamanho e riqueza semelhantes”, e que a situação aqui é melhor do que na China e na Índia, por exemplo. A Economist lembra, ainda, que tanto no Brasil como nos Estados Unidos “as empresas sentem que precisam estar bem relacionadas com uma ampla gama de políticos de todos os matizes”, e para isso precisam fazer doações de campanha.
O artigo não cita especificamente quais seriam as regras “irrealisticamente rígidas”.
Provavelmente refere-se a questão das doações e sua contabilização.
25 fevereiro 2010
Rir é o melhor remédio
OBS - Ações a serem tomadas pelos leitores desta mensagem :
1-Se homens, divulguem.
2-Se mulheres, melhor ir absorvendo a ideia.
3-Não precisa haver guerra, só pedimos compreensão.
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REGRAS PARA A COPA DO MUNDO
Queridas esposas, noivas, namoradas. E também parceiras, amantes, concubinas, filhas, sobrinhas, primas, tias, madrinhas, amigas, colegas ou qualquer criatura do sexo feminino:
Divulgamos, com 6 meses de antecedência, as 13 regras para a Copa de 2010 para que vocês leiam com calma, entendam e não encham nossos sacos.
1. Durante a Copa, a televisão é minha. 100% minha, o tempo todo. Sem exceção nem discussão. Estarei cagando e andando se for o último capítulo da novela das 8, onde Helena, a mocinha, comete suícidio introduzindo um ferro em brasa na boca. Se você dirigir o olhar ao controle remoto, uma vez sequer, você perderá... Perderá os olhos!
2. De 9 de junho a 9 de julho de 2010, você deverá ler a seção de esportes do jornal de modo a se manter a par do que se passa com respeito à Copa do Mundo, o que lhe permitirá participar das conversas. Caso não proceda desta maneira, você será olhada com maus olhos, ou mesmo ignorada por completo. Neste caso, não reclame por não receber nenhuma atenção.
3. Se você precisar passar em frente à TV durante um jogo, eu não me importarei, contanto que o faça rastejando e sem me distrair. Se você decidir se exibir nua diante de mim à frente da TV, esteja certa de vestir-se imediatamente em seguida pois, se pegar um resfriado, não terei tempo de levá-la ao médico nem de lhe dar assistência durante o mês da Copa.
4. Durante os jogos eu estarei cego, surdo e mudo, exceto nos casos em que eu solicite que me encha o copo de cerveja, ou peça a você a gentileza de me trazer algo para comer. Você estará fora de si se achar que irei ouví-la, abrir a porta, atender o telefone ou pegar nosso bebê que possa ter caído no chão... não vai acontecer.
5. É uma boa idéia manter pelo menos 2 caixas de cerveja na geladeira o tempo todo, bem como razoável variedade de tira-gostos e belisquetes. E, por favor, não faça cara feia para meus amigos quando eles vierem assistir jogo aqui em casa comigo. Como recompensa, você estará autorizada a transar comigo e assistir TV entre meia-noite e seis da manhã, a menos, é claro, que neste
período haja a reprise de algum jogo que eu tenha perdido durante o dia.
6. Por favor, por favor, por favor! Se me vir contrariado por algum time de meu interesse estar perdendo, NÃO DIGA coisas como "Ah, deixa isso pra lá, é só um jogo..." ou "Não se preocupe, eles vão ganhar da próxima vez..." Se disser coisas desse tipo, só me deixará com mais raiva e vou amá-la menos. Lembre-se, você jamais saberá mais sobre futebol do que eu e suas supostas "palavras de encorajamento" apenas nos levarão à separação ou ao divórcio.
7. Você será bem-vinda a sentar-se comigo para assistir um jogo e poderá me dirigir a palavra no intervalo entre o 1º e o 2º tempos, mas apenas durante os comerciais e (importante) APENAS se o placar do primeiro tempo tiver sido do meu agrado. Favor notar também que especifiquei UM jogo, ou seja, não use a Copa do Mundo como pretexto mimoso para aquela coisa de "passarmos tempo juntos".
8. Os repetecos dos gols são muito importantes.
Não importa se já vi o gol ou não, eu quero ver novamente.
Muitas vezes.
9. Não incomode a mim ou meus amigos perguntando sobre as regras do futebol.
Olhe o jogo e finja que está entendendo. Pule e grite quando eu pular e gritar. Nunca, jamais pergunte como funciona a regra do IMPEDIMENTO. Você não tem capacidade intelectual para entender.
10. Avise suas amigas para no mês da Copa não darem à luz nenhum neném, ou mesmo promover qualquer festa de criança ou eventos de qualquer natureza que exijam minha presença, porque:
a) Eu não vou;
b) Eu não vou, e
c) Eu não vou.
11. No entanto, se um amigo meu nos convidar para ir à casa dele num domingo para assistir um jogo, iremos de imediato.
12. As resenhas e debates esportivos da Copa toda noite na TV são tão importantes quanto os jogos propriamente ditos. Que nem lhe passe pela cabeça dizer coisas como "Mas você já viu isso tudo... porque não muda para um canal que todos possamos assistir?" Se disser algo assim, saiba desde já que a resposta será: "Veja a regra nº 1 dessa lista".
13. E, finalizando, por favor poupe-me de expressões como "Graças a Deus que só tem Copa do Mundo de quatro em quatro anos". Estou imune a manifestações ridículas dessa natureza, pois após a Copa vêm a Liga dos Campeões, a Sub20, o campeonato italiano, o espanhol, o alemão, o brasileirão, o cariocão, o paulistão, o mineirão, etc.
Grato por sua cooperação,
Assinado:
Todos os Homens do Mundo!!!
(Enviado por Jorge Katsumi)
Salários
José Serra lança o ''salariômetro''
Carolina Freitas, SÃO PAULO - Estado de S. Paulo - 25/2/2010
A renda dos "contadores e afins" admitidos entre 2004 e 2008 no Estado de São Paulo foi de R$1879.
SEC e a Convergência
Contabilidade: SEC vota pela convergência às normas internacionais
Jesse Westbrook e Ian Katz, Bloomberg, de Washington – Valor Econômico – 25/2/2010
A Securities and Exchange Commission (SEC), a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos, informou que vai dar andamento ao plano que poderá levar as companhias do país a operar sob as normas internacionais de contabilidade (IFRS, na sigla em inglês) até 2014.
O órgão, em votação por cinco a zero, reiterou ontem o apoio a padrões contábeis que possam incluir companhias dos EUA e de fora do país, embora tenha ressaltado que não decidirá sobre o prazo para essa mudança até o próximo ano.
Em 2008, a SEC propôs um guia para deixar que as companhias com valor de mercado acima de US$ 700 milhões abandonem os padrões dos EUA (conhecidos pela sigla "US Gaap") até 2014. Essa proposta havia sido divulgada antes de Mary Schapiro tornar-se presidente da SEC, em janeiro de 2009.
"Precisamos considerar e deliberar cuidadosamente se tal mudança está dentro dos melhores interesses dos investidores e mercados dos EUA", disse Schapiro, ontem, em reunião em Washington. "Se decidirmos que tal mudança atende a esses interesses, também precisaremos dar um tempo suficiente de transição para os que preparam as demonstrações financeiras e para os que as usam."
A General Electric e a Câmara de Comércio dos EUA defendem a adoção dos padrões internacionais, sob o argumento de que as regras mundiais tornariam mais fácil para as empresas levantar dinheiro e ajudariam os investidores a comparar os balanços de empresas locais e de fora do país.
O Conselho de Investidores Institucionais, que representa fundos de pensão americanos, por sua vez, questiona se as normas internacionais dariam proteção suficiente aos acionistas.
Posse no CFC
Ontem ocorreu a posse da nova diretoria do Conselho Federal de Contabilidade. A rigor pouca mudança, já que o presidente que assume foi eleito por unanimidade. E a ex-presidenta Maria Clara Bugarin continua na diretoria.
No discurso de posse, o novo presidente falou da necessidade de continuar apoiando o CPC e as normas internacionais de contabilidade. E solicitou a aprovação da Lei de Regência.
Logo depois falou o ministro da previdência, que afirmou que a Lei de Regência já foi aprovada internamente no Governo Federal. E foi muito aplaudido por isto.
Falência
O texto a seguir mostra um caso de recuperação judicial interessante. Dependendo do resultado, pode ser uma avanço nas relações jurídicas no Brasil.
J.P. cobra acionista do Independência
Cristiane Perini Lucchesi e Fernando Torres, de São Paulo – Valor Econômico – 24/2/2010
Os bancos credores do frigorífico Independência, em recuperação judicial há um ano, resolveram partir para cima dos bens dos acionistas da empresa, a família Russo, e pedir na Justiça a execução de garantias pessoais dadas por eles em contratos de empréstimos. O J.P. Morgan já conseguiu vitória em corte em Nova York, que determina a execução de um total de US$ 115 milhões em garantias. O Banco Votorantim, o Banco da Amazônia, o Itaú BBA e o Banco Fibra estão todos adotando estratégia semelhante na Justiça brasileira.
O J.P. Morgan, representado pelo escritório de advocacia Felsberg e Associados, recorreu à Justiça de Nova York porque o empréstimo de US$ 100 milhões, que tinha prazo de vencimento final em 26 de fevereiro de 2009 e garantia dos acionistas, foi feito em dólar. O próximo passo do banco americano é recorrer ao Supremo Tribunal de Justiça para que homologue a decisão e as garantias possam ser executadas. Os acionistas da família Russo, por sua vez, alegam que tudo o que tinham foi investido no Independência e que os ativos da empresa estão protegidos pela recuperação judicial.
Fontes ligadas ao Independência negam que a busca dos credores pelas garantias dos acionistas da empresa vá impactar o plano de recuperação aprovado no final do ano passado ou a emissão em andamento de eurobônus no mercado externo de US$ 150 milhões pelo frigorífico. Afinal, os bens dos acionistas "na pessoa física" nada têm a ver com os ativos da empresa, a "pessoa jurídica".
Os investidores externos parecem concordar com isso, dado o interesse demonstrado pelos papéis pelos chamados "fundos abutres", que se especializam em comprar títulos de empresas inadimplentes ou em recuperação judicial. A previsão é fechar no dia 15 de março a transação, que tem prazo de vencimento em cinco anos e paga juros tão altos como 15% a 20% ao ano em dólares.
Para ajudar a vender os títulos, Tobias Bremer, diretor vice-presidente do Independência (ironicamente um ex-executivo do J.P. Morgan), tem dito aos investidores externos que Ricardo Paes, diretor no Brasil da firma de consultoria especializada em reestruturação de empresas com problemas de nome Alvarez & Marsal, será o diretor financeiro do frigorífico logo após a venda dos bônus. Procurados, os dois executivos não se pronunciaram.
Os rumores de que a Brasil Foods (Perdigão mais Sadia) poderia comprar a companhia também voltaram e são responsáveis por parte da alta dos preços dos papéis do Independência no mercado secundário de bônus desde que a venda dos novos títulos no exterior começou. No total, os investidores internacionais já têm US$ 525 milhões em eurobônus do Independência em suas mãos neste momento. Os papéis chegaram ao preço de 8% do valor de face no pior momento de crise para a companhia, mas subiram para níveis entre 25% e 27% desde que a transação de emissão de novos eurobônus começou.
A emissão dos novos títulos seguem a chamada regra 144A, para investidores qualificados nos Estados Unidos. Quem está liderando a transação é a firma BTIG, americana, de executivos que vieram do Goldman Sachs e especializada na venda de ativos estressados ou podres, de empresas inadimplentes.
Os novos bônus têm garantias nos ativos da empresa, incluindo propriedades imobiliárias e equipamentos. Um terço das novas notas teria amortização em 2013, 50% em 2014 e o resto em 2015. Os detentores desses papéis teriam prioridade de recebimento em relação aos demais credores.
O sucesso da transação de emissão de bônus é fundamental para que a empresa consiga fazer seu primeiro pagamento, no dia 31 de março, de um valor de no mínimo R$ 100 mil para os credores pecuaristas. Esse é o prazo final para essa primeira parcela, prevista no plano de recuperação e reestruturação da empresa, aprovado pela maioria dos credores em 5 de novembro. Se a empresa não fizer esse pagamento, os pecuaristas poderão pedir a falência da empresa.
Segundo o plano de recuperação, o dinheiro captado com os bônus devem ajudar a tornar operacionais outras fábricas da companhia, que poderia então voltar a gerar mais caixa operacional e pagar suas dívidas. Hoje apenas as unidades de abate de Rolim de Moura (RO) e Janaúba (MG) estão abertas. Também estão em atividade os curtumes de Nova Andradina (MS) e Colorado do Oeste (RO) e a fábrica de charque em Santana de Parnaíba (SP).
Só com pecuaristas, a dívida do frigorífico Independência alcança R$ 194 milhões, conforme a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat). Ao todo, a empresa tem débitos com 1.524 criadores espalhados por Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Minas Gerais e Goiás. As dívidas totais do Independência - que surpreendeu o mercado ao pedir recuperação judicial no dia 27 de fevereiro de 2009 - chegavam a R$ 3 bilhões.
Entre os bancos, os principais credores são o Bradesco, Santander, J.P. Morgan e Citigroup, com mais de 90% da dívida bancária do Independência. Instituições de porte médio como Votorantim, Fibra, BicBanco, Daycoval, Pine e Banco da Amazônia são todos credores do frigorífico também, além do Itaú BBA e do falido Lehman Brothers.
O mercado apostava todas as suas fichas no Independência, pois não acreditava que uma empresa que, em novembro de 2008 havia obtido R$ 250 milhões sob a forma de capital do BNDESPar, a empresa de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e iria receber outros R$ 200 milhões de capital em março de 2009, poderia pedir recuperação judicial. Ainda mais depois de anunciar a recompra antecipada de até US$ 144 milhões de eurobônus que só venceriam em 2015 e 2017, demonstrando ter caixa no momento. Ainda mais considerando-se que seu fundador e dono, Toninho Russo, suplente de senador pelo PL-MS, é um dos grandes apoiadores do presidente Lula.
Dentro do plano de recuperação judicial, aprovado em novembro, os credores financeiros (com créditos de R$ 2 bilhões) aceitaram dar um perdão de 50% à empresa. O plano aprovado também prevê que os acionistas "obrigam-se" a buscar a venda do controle da empresa. Além disso, se houver venda do controle, os credores financeiros terão direito a um bônus de subscrição, uma espécie de ação do frigorífico. Ficou acertado que, nesse caso, 50% do valor da operação serão divididos entre os credores financeiros. Na hora de votar o plano de reestruturação da empresa, o J.P. votou a favor, mas negou cláusulas que limitassem ações contra os acionistas. O Banco Votorantim votou contra o plano.(Colaborou Alda do Amaral Rocha)
Custo de Capital
O custo de capital é definitivamente um dos conceitos chaves de finanças. Surpreende não existe uma definição deste termo que possa ser encontrado na literatura que seja precisa o suficiente para se usado em operações lógicas em equações de avaliação, em particular em contexto de vários períodos
Kruschwitz, Lutz; Loeffler, Andreas. Discounted Cash Flow: a Theory of the Valuation of Firms. John Wiley,2006, Introdução
24 fevereiro 2010
Teste #236
Accenture
Boston Consulting Group
McKinsey
Resposta do Anterior: Superman. Fonte: aqui
Links
Regras para escrever: não seja tão sério quanto um contador
A dívida da América Latina ainda preocupa
Como o Google e o Facebook invadem sua privacidade
Os oligarcas russos: a lista dos bilionários russos
O impacto financeiro do crime
Pergunta que não quer calar: Qual a razão dos patinadores (homens) terem uma grande “poupança”? (foto)
Leilão e preço
Este trabalho buscou evidenciar se a inclusão de informações sobre produtos altera substancialmente as estimativas de preços dos produtos na simulação de leilões de preço reserva. Os produtos escolhidos foram: mouse, tênis, relógio e o wice que é um refrigerador de bebidas desconhecido no mercado brasileiro. Foi testado também se uma âncora aleatória pode influenciar nas estimativas de preços, a âncora escolhida foi os três últimos dígitos da Identidade de cada participante. Como resultado encontrou-se que âncora afeta as estimativas de preços dos quatro produtos quando leiloados sem informação. A inclusão da informação aumentou significativamente os preços ofertados e diminuiu o efeito da âncora aleatória. Nos quatro produtos pesquisados ocorreu a Maldição do Vencedor, tanto nos leilões com informação quanto nos leilões sem informação.
Efeito da Informação na Simulação de um Leilão de Preço Reserva - Bruno Vinícius Ramos Fernandes, Josué Lins Silva, César Augusto Tibúrcio Silva
Finanças Comportamentais e Publicação
Apesar dos conceitos de finanças comportamentais já estarem relativamente difundidos, a aceitação por parte dos cientistas tradicionais não foi fácil. Até o final da década de setenta, os artigos desta área não eram publicados nos periódicos tradicionais de finanças ou economia. Isto mudou em 1984, com a publicação de um artigo de Hersh Shefrin e Meir Statman no Journal of Financial Economics. Esta publicação foi relevante por três motivos:
- O editor deste periódico era Black, conhecido pelo desenvolvimento da teoria de opções e defensor da abordagem racionalista de finanças. Black apoiou a publicação do artigo, por achá-lo brilhante.
- O fato é mais importante já que o Journal of Financial Economics foi fundado por Eugene Fama, Michael Jensen e Robert Merton, todos eles financistas de visão tradicional e racional.
- O texto discute a questão da distribuição de dividendos, um assunto de ocupou Modigliani e Miller já em 1961
Mas o papel de Black foi mais além. Como presidente eleito da American Finance Association também em 1984 chamou Shefrin para organizar uma apresentação sobre finanças comportamentais. Em tal evento, Richard Thaler teve oportunidade de divulgar um estudo realizado juntamente com Werner de Bondt, hoje um clássico na área, sobre reação das pessoas a novos eventos.
Um ano mais tarde, Black escreveria um artigo denominado "Noise".
Fonte: FOX, Justin. The Myth of the Rational Market, cap. 11.
Contabilidade pública criativa
Depois da Grécia, investidor teme os déficits "ocultos"
Charles Forelle e Susanne Craig, The Wall Street Journal
Os temores de que a Grécia e outros países europeus em dificuldades talvez não consigam pagar suas dívidas começaram a concentrar a atenção dos investidores em outra grande preocupação: as economias do continente têm usado transações financeiras complexas - às vezes em segredo - para esconder o verdadeiro tamanho das dívidas e dos déficits.
Os investidores têm feito vista grossa há muito tempo para a contabilidade agressiva dos governos europeus, feita para cumprir o teto fiscal da zona do euro. Os países que usam a moeda têm um histórico amplo de manobras exóticas para cumprir as regras que determinam que os membros limitem o endividamento a 60% de seu produto interno bruto e o déficit anual do orçamento a no máximo 3%. Apesar das críticas, os líderes europeus consideraram muitas dessas medidas aceitáveis quando tentavam implantar a tão planejada união cambial.
Para tentar atingir essas metas, que foram criadas para aumentar a confiança na estabilidade do euro, no decorrer dos anos os governos venderam ativos estatais, transformaram pagamentos a receber em títulos de investimento e até, no caso da Grécia, insistiram com a agência de estatísticas Eurostat que porções vultosas de seus gastos militares eram "confidenciais" e portanto excluídas dos cálculos do déficit.
Em 2000, a Grécia informou ter gastado € 828 milhões (o equivalente a US$ 1,13 bilhão) com as Forças Armadas - cerca de um quarto dos 3,17 bilhões de euros que depois admitiu ter realmente gasto. A Grécia acabou admitindo que deixou de declarar US$ 8,7 bilhões em gastos militares entre 1997 e 2003.
Portugal classificou os subsídios ao metrô de Lisboa e a outros empreendimentos estatais como investimento em participações. Depois de ficar sabendo disso, a Eurostat obrigou Portugal a refazer a contabilidade em 2002. O país revisou o déficit de 2001 de 2,76 bilhões de euros, ou 2,2% do PIB, para 5,09 bilhões de euros, ou 4,1% - bem acima do limite.
Em 1997, a França fez um acordo com a então prestes a ser privatizada France Télécom pelo qual a empresa pagou ao governo mais de € 5 bilhões. Em troca, a França concordou em assumir as despesas com aposentadoria dos trabalhadores da telefônica.
Os bilhões da France Télécom ajudaram a diminuir o déficit do orçamento francês para cerca de € 40 bilhões em 1997; o país divulgou déficit de 3% do PIB naquele ano - exatamente no limite, o que ajudou a França a entrar na zona do euro.
Até a Alemanha, maior economia da Europa, tentou reavaliar suas reservas de ouro para obter um benefício imediato em 1997, mas terminou desistindo depois de enfrentar a resistência do banco central do país.
Os países "procuram coisas porque isso aumenta seu arsenal de técnicas para reduzir os déficits orçamentários", diz James D. Savage, professor da Universidade da Virgínia, dos Estados Unidos, que é considerado uma autoridade em questões orçamentárias da União Europeia. "O problema para a Eurostat é a multiplicação de instrumentos e técnicas financeiras. Os países membros vão tentar se aproveitar deles."
A possibilidade de contágio em outros países tem preocupado profundamente políticos e investidores enquanto os problemas com a dívida da Grécia têm aumentado nas últimas semanas. O custo do seguro contra a moratória da Grécia continua em níveis recordes. E as emissões de títulos realizadas pela Espanha, pela Irlanda e por Portugal nas últimas duas semanas deram certo principalmente porque ofereceram juros mais altos que o usual.
Na semana passada, essas preocupações exacerbaram os temores do mercado quanto aos problemas de dívida na Europa e podem complicar os planos da Grécia de vender mais títulos esta semana, dizem banqueiros e investidores.
O uso de swaps cambiais por esses países tem despertado atenção nas últimas semanas. Em transações como essas, os países podem assumir empréstimos em moedas que não a sua, por exemplo, e usar um derivativo para compensar o risco de flutuação cambial. Mas esses instrumentos também podem ser usados para inflar artificialmente as contas a receber e a pagar, e para cumprir limites de endividamento e de déficit orçamentário.
Os investidores prestaram pouca atenção a esses acordos com derivativos, muitas vezes opacos, até que os temores de moratória grega começaram a tumultuar os mercados, com receios quanto à estabilidade do euro.
Os governos da zona do euro não são obrigados a divulgar precisamente a natureza das transações com derivativos que realizarem, tornando praticamente impossível que os investidores consigam discernir os possíveis riscos desses instrumentos.
A Eurostat permitiu até 2008 o uso dessas transações para ajustar os níveis de endividamento.
Embora outras manobras possam ter tido impacto menor nas dívidas e nos déficits, os swaps cambiais são uma ferramenta que os países têm usado regularmente no decorrer dos anos para conseguir atingir os limites da zona do euro. Em alguns casos os governos realizaram várias dessas transações, geralmente sem divulgá-las, o que dificulta que os investidores meçam seu impacto nas finanças de um país.
O Goldman Sachs Group Inc. realizou 12 swaps cambiais para a Grécia entre 1998 e 2001, segundo pessoas familiarizadas com a questão. O Credit Suisse também esteve envolvido com Atenas, criando um swap cambial para a Grécia no mesmo período, segundo pessoas a par da questão.
O Deutsche Bank realizou vários swaps cambiais para Portugal entre 1998 e 2003, segundo o porta-voz Roland Weichert. Ele disse também que os negócios do Deutsche Bank com Portugal incluíram "swaps cambiais completamente normais" e outras atividades que ele não quis discutir detalhadamente. Os swaps cambiais para Portugal estavam de acordo com o "padrão de administração de dívida soberana", disse Weichert. As transações não foram criadas para esconder a dívida externa de Portugal, afirmou ele.
O Ministério das Finanças de Portugal não quis comentar se o país usou swaps cambiais como os usados pela Grécia, mas afirmou que Portugal usou apenas instrumentos financeiros que atendem às regras da UE.
Membros de governos europeus disseram na semana passada que as autoridades da UE não tinham conhecimento de um swap cambial polêmico estruturado em 2001 para a Grécia pelo Goldman Sachs. Eles dizem acreditar que o problema não está disseminado, mas vários políticos europeus importantes, como a chanceler alemã Angela Merkel, pediram que as autoridades investiguem mais as transações e se os bancos ajudaram os governos a maquiar suas contas.
Um relatório de 2008 da Eurostat, todavia, diz que os primeiros questionamentos sobre como contabilizar swaps isolados do mercado como os usados pela Grécia surgiram em 2007. O relatório afirma que estabeleceu um guia detalhado sobre como lidar com algumas formas desses swaps. A Eurostat não respondeu a um pedido de entrevista.
A Eurostat tentou por vários anos mudar as regras sobre o uso dos swaps. Os ministros da Fazenda da Europa negaram os poderes da Eurostat em 2000, argumentando que precisavam do máximo de flexibilidade possível para administrar suas dívidas.
Foi só em 2008 - dez anos depois que esses acordos se popularizaram - que a Eurostat conseguiu revisar suas regras para pressionar os países a incluir os swaps em seus cálculos de dívida e déficit. Mesmo assim, os críticos dizem que ainda se sabe muito pouco sobre a contínua exposição desses países a acordos que já estão em vigência.
Os 12 acordos de swap cambial da Grécia feitos pelo Goldman, além de permitir que o país garantisse um taxa de câmbio, tinham outra vantagem: juros fixos que tornavam permissível, sob as regras europeias de contabilidade, que a Grécia divulgasse sua dívida em moeda estrangeira com as taxas de câmbio do contrato de swap - sem importar a variação que o câmbio pudesse ter posteriormente. Isso poderia proteger o país de alta súbitas das dívidas que já tinha contabilizado.
Mas apesar de os swaps cambiais ajudarem a enfeitar a contabilidade, eles não alteraram os fundamentos econômicos: que uma desvalorização do euro deixaria a Grécia com um swap negativo. Foi o que aconteceu em 2000 e 2001, segundo pessoas a par da situação.
Em 2001, o Goldman e a Grécia criaram uma solução que agora se tornou polêmica: um novo swap fora do mercado. Ficou acordado que, no futuro, ienes e dólares seriam convertidos em euros a uma cotação artificialmente favorável.
A Grécia poderia usar essa cotação quando contabilizasse sua dívidas nas contas europeias - diminuindo o endividamento divulgado pelo país em mais de 2 bilhões, segundo pessoas a par da questão.
No final das contas, o benefício marginal foi pequeno. A dívida total da Grécia caiu de 105,3% do PIB para 103,7% e o déficit de 2001 foi reduzido por um décimo de ponto porcentual do PIB, segundo pessoas ligadas ao Goldman.
Ainda não está claro qual é a exposição restante da Gré- cia nesse complicado acordo. (Colaboraram David Crawford, Robin Sidel, Jonathan House e Deborah Ball)
Prêmio Nobel e Riqueza
A figura mostra uma interessante relação. Do lado direito, a distribuição da riqueza mundial em cinco grupos de países, dos mais ricos aos mais pobres. Os 20% de países mais ricos concentram 82,7% da riqueza mundial e os 20% mais pobres são responsável por 1,4% do total.
Do lado esquerdo, a distribuição dos Prêmios Nobel entre os países. Os 20% de países que mais ganharam este prêmio representam 80,73% da premiação total. Já os países que menos foram lembrados só obtiveram 1,23%.
Ambas as distribuições são exemplos da Distribuição de Pareto, nome em homenagem ao economista italiano que descobriu num estudo sobre desigualdade social.
Por esta distribuição, 20% das pessoas irão representar 80% da renda de um país. A distribuição também é aplicada nos negócios (20% dos produtos de uma empresa são responsáveis por 80% das vendas), a economia etc.
Ilusão do Preço
A ilusão do preço
Por Luciana Monteiro, de São Paulo
Responda rápido: qual ação está mais barata - a de uma empresa negociada a R$ 0,10 ou a de uma outra, cotada a R$ 100,00? A resposta instintiva da maioria das pessoas é que é a de R$ 0,10. Mas, no mercado, o conceito de caro ou barato é bem diferente: papéis com preço alto podem estar mais baratos que os que custam alguns centavos.
É claro que a decisão de investimento não é tão simples assim e vai muito além puramente do preço do papel. Há, no entanto, um mito no mercado financeiro de que as ações negociadas por um valor menor possuem retorno superior ao das mais caras. Mas será que isso é verdade?
Papéis com preço menor causariam a ilusão no investidor de que eles estão baratos e, portanto, essas ações acabam sendo mais negociadas e se valorizam, defendem alguns estudiosos.
Muitos especialistas acham que isso não tem fundamento, mas os números mostram que não é bem assim. Levantamento realizado pelo Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getúlio Vargas (GV-CEF) revela que uma carteira com papéis de menor cotação tem retorno médio maior que uma formada com ações com tíquete mais elevado.
O estudo foi realizado pelos professores William Eid Júnior e Ricardo Rochman, juntamente com o mestrando em economia Dárcio Lazzarini. Foram montadas três carteiras: a baixa, composta por ações com preços inferiores a R$ 10,00; a média, com valores entre R$ 10,00 e R$ 20,00; e a alta, acima de R$ 20,00.
O desempenho dos portfólios foi analisado no período de 3 de janeiro de 2005 a 30 de junho de 2009. Sempre que a carteira completava seis meses, ela era revista. Dessa forma, todo dia 1º de janeiro e de julho, a carteira mudava de composição. O estudo levou em conta as ações mais líquidas da Bovespa no período, chegando a 41 empresas.
Após a montagem dos portfólios, os pesquisadores calcularam o retorno médio das carteiras, a variância (volatilidade) de cada carteira no período todo e em alguns intervalos. Além disso, os pesquisadores analisaram o Índice de Sharpe, um dos indicadores utilizados na mensuração do retorno em relação ao risco. Ou seja, o Sharpe mostra se a rentabilidade obtida está compatível com o nível de risco ao qual o investidor está exposto. Quanto maior o Sharpe, melhor.
Ao avaliar os retornos médios das três carteiras, os pesquisadores perceberam que a baixa teve o maior ganho no período, seguido pelo dos portfólios médio e alto. O desempenho da carteira baixa foi 197,85% maior que o da média. "Isso significa que montar uma carteira com ações baratas é uma boa estratégia se o investidor quer somente maximizar o retorno", afirma Eid, que é coordenador do GV CEF.
Coincidência ou não, dos 20 papéis negociados na BM&FBovespa que mais subiam nos 12 meses encerrados dia 18, 17 deles têm cotação abaixo de R$ 10,00. Nesse conjunto, entretanto, há muitas ações que estavam praticamente esquecidas até pouco tempo atrás, têm baixíssima liquidez e uma situação financeira para lá de complicada - casos de Agrenco e Laep, por exemplo.
Muitos desses papéis são usados por alguns investidos puramente para especulação. Portanto, nada de sair comprando qualquer papel no mercado somente porque o valor é baixo. No lugar de fortuna, o investidor pode é acabar com o mico na mão. Foi para evitar isso que o estudo da FGV levou em conta só as ações mais líquidas.
Um fator importantíssimo é a oscilação do papel. É preciso ver se os retornos maiores das ações com preço mais baixo não vieram acompanhados de uma volatilidade mais alta. "E isso não seria interessante para o investidor porque, para obter um retorno maior, ele estaria tomando risco demais no mercado de capitais", diz Eid.
Para a surpresa dos pesquisadores, a variância mais acentuada foi apresentada pela carteira média, e não pela baixa como era de se esperar. O portfólio médio apresentou um nível de volatilidade 2,6% maior que o da carteira baixa e 18,37% maior que o da alta.
Já a carteira composta por papéis com preços menores registrou volatilidade superior à da carteira alta. "Isso pode ser explicado pelo fato de as ações com valores menores que R$ 20,00 serem em grande parte 'small caps'", ressalta Eid, lembrando que as ações de menor liquidez normalmente apresentam picos de negociação. "Geralmente, esses picos ocorrem quando os controladores da empresa negociam ações entre eles mesmos." O objetivo é atualizar e elevar o valor de mercado da empresa.
Por fim, para saber se é financeiramente melhor para o investidor tomar um pouco mais de risco nas carteiras com ações com cotações menores em prol de um maior retorno, os estudiosos analisaram o Índice de Sharpe dos três portfólios. O resultado mostrou que o Sharpe da primeira carteira, a baixa, é o maior de todos, sendo 49,26% maior que o índice da segunda (com preços médios) e 190,78% maior que o da terceira (valores mais altos).
Segundo Eid, isso mostra que um investidor que montou sua carteira em janeiro de 2005, usando um critério de seleção de ações com preço inferior a R$ 10,00, recompondo-a todo começo de semestre, obteve um retorno maior, dado um determinado risco, do que aqueles que montaram suas carteiras com ações com tíquete maior.
Interessante notar que o retorno da carteira baixa foi superior ao das demais até o primeiro semestre de 2008. Depois disso, o desempenho ficou acima do da média, mas abaixo do registrado pelo portfólio composto por ações com preços mais altos. Quando se olha o segundo semestre de 2008, o retorno da carteira média continuou pior, seguido pela baixa e depois a alta. Já no primeiro semestre de 2009, o retorno da carteira média foi o maior de todos, seguido pela alta e, depois, pela baixa.
O fato pode ser explicado pela crise do "subprime" (hipotecas de alto risco), avalia o professor da FGV. "Durante uma crise, as empresas maiores, mais consolidadas e estruturadas, sofrem menos, e essas estão em grande parte nas carteiras com papéis mais caros", diz Eid. "O contrário acontece com a carteira baixa que conta com algumas 'small caps', que são mais sensíveis às crises financeiras", conclui.
Após a avaliação de todas essas variáveis, os pesquisadores concluíram que uma carteira de ações formada por papéis com tíquete mais baixo tem um retorno médio maior que uma composta por ações com cotações mais elevadas.
Contudo, em períodos de crise, as carteiras "mais caras" têm uma performance maior. "A melhor estratégia é manter uma carteira com papéis baratos até uma próxima crise e mudar de estratégia para uma carteira mais cara quando a crise chegar", diz Eid.
A questão é sempre como identificar essas mudanças no mercado. O risco é o investidor errar o pé, e vender um papel com potencial e comprar outro que será afetado pela crise, alerta um consultor. Prevalece, portanto, a análise além do preço.
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Empresa ganha ao reduzir valor de sua ação
De São Paulo
O desdobramento de ações tem sido utilizado por várias empresas para atrair os investidores. Ao deixar o preço do papel menor, mais aplicadores estarão aptos a comprá-lo. Isso aumenta a liquidez da ação, o número de acionistas e, consequentemente, o preço. Na avaliação de William Eid, coordenador do GV CEF, o trabalho que mostra a influência do preço da ação sobre o retorno e a volatilidade fortalece a tese de que vale a pena o desdobramento.
Um exemplo recente ocorreu com a OGX, empresa de petróleo de Eike Batista. Em dezembro, a companhia desdobrou seus papéis ordinários (ON, com voto) na proporção de um para 100. A mudança tinha como objetivo dar liquidez às ON, antes negociadas apenas em lotes. Isso aumentou o interesse dos pequenos investidores. Os papéis que valeriam R$ 1.691, por exemplo, passaram a ser negociadas a R$ 16,91, que é o caso do fechamento de ontem.
Logo após o desdobramento, as ON da OGX ingressaram no Índice Bovespa, o que deu ainda mais gás para as ações. Para se ter ideia do impacto do desdobramento e do ingresso no índice, neste mês, os papéis têm volume médio negociado de R$ 329 milhões. No mesmo período do ano passado, eram R$ 32 milhões. Ontem, a Gafisa, do setor de construção, anunciou o desdobramento de suas ações. (LM)
Ilusão do Preço 2
O jornal Valor Econômico de 22/2/2010 traz uma interessante reportagem de Luciana Monteiro (A ilusão do preço). Trata-se de uma pesquisa realizada na Fundação Getúlio Vargas onde foram montadas três carteiras: a primeira composta por ações com preços inferiores a dez reais; a média, com preços entre dez e vinte reais; e a terceira somente com ações cujos preços eram acima de vinte reais. Entre o período de 3 de janeiro de 2005 a metade de 2009 a carteira com menor preço teve desempenho superior as duas outras (197,85% maior que a carteira média).
Isto não muito racional, já que o comportamento do preço da ação dependeria de outras variáveis. Mas pode existir uma possível explicação para este comportamento: uma ação com valor de R$0,01, se subir um centavo na cotação terá uma valorização de 100%. Já uma ação com preço de dez reais, se tiver um aumento de um centavo, sua valorização é bastante reduzida. Como o período analisado foi um período altista na bolsa, a aparente contradição pode ser explicada por este fator.
Aposentadoria
O gráfico, da revista The Economist (Golden years, 23/fev/2010), mostra, em diversos países, três informações: (a) na esquerda, a idade da aposentadoria, em anos; (b) de azul, o número de anos que o aposentado vive após esta idade, no período de 1965-70; (c) de laranja, o mesmo número, agora no período de 2002 a 2007.
Uma comparação entre as barras da direita mostra que o número de anos que um aposentado vive aumentou. Na França, por exemplo, o aposentado vivia 10 anos depois da aposentadoria; agora vive quase 25 anos, representando um aumento de 15 anos. Este aumento decorre da melhoria das condições de vida dos idosos, que inclui a melhoria na medicina.
Uma conseqüência é o peso dos aposentados nas contas públicas e a contabilidade pública. A estimativa dos aposentados passa ser relevante nos modelos atuariais da contabilidade pública.
Efeito colateral recai sobre os sistemas de custos. Estes sistemas na área pública geralmente não levam em conta o custo da aposentadoria (para isto, veja o livro Custos no Setor Público, da Editora da UnB). Faz-se necessário uma discussão sobre o assunto.
Valor de Mercado
Um dos graves problemas no processo de avaliação de uma empresa diz respeito à questão do uso de valores contábeis nos cálculos. Talvez o mais conhecido seja usar o valor do patrimônio líquido contábil na estimativa do custo médio ponderado de capital. Isto é um erro, um grave erro.
Conforme lembra bem Lutz Kruschwitz e Andreas Loeffler (Discounted Cash Flow: a Theory of the Valuation of Firms, Introduction), o clássico artigo de Modigliani e Miller é uma das bases teóricas do fluxo de caixa descontado. Um dos aspectos da contribuição de Modigliani e Miller é justamente o fato de que a alavancagem de um empresa deve ser mensurada pelo valor de mercado.
23 fevereiro 2010
Teste #235
Uma revista, o primeiro exemplar, de uma quadrinhos foi vendida por US$1 milhão. Quando foi vendida, o exemplar custou US$0,10 (dez centavos) na época do lançamento. Qual o personagem dos quadrinhos que está neste exemplar?
Mickey
Popeye
Superman
Resposta do Anterior: 500 dólares, um valor que não é suficiente para comprar um par de patins. Fonte: aqui
Incentivos e Aversão à perda
Em termos objetivos, os dois grupos são basicamente os mesmos. Mas para finanças comportamentais, existe o conceito de aversão à perda. As conclusões de Hossain e List mostraram que o conceito funciona também neste caso. É a teoria do chicote e da cenoura em prática.
Um aspecto interessante, ao ler a reportagem, é o nome do pesquisador List. Quem leu o recentemente lançado Superfreakonomics (p. 110 e seguintes) deve lembrar as várias páginas que o livro de Levitt e Dubner dedicaram a este pesquisador. No livro, existe um comentário negativo sobre a metodologia de pesquisa denominada de experimental. E questionavam algumas das conclusões encontradas por este tipo de pesquisa. Mas observe que as conclusões do estudo de Hossain e List são as mesmas que as finanças comportamentais encontraram em estudos experimentais.
Conselheiros
O jornal Valor Econômico de 22 de fevereiro explora a questão dos Conselhos nas empresas abertas, em particular no caso Sadia. Esta empresa até 2007 apresenta uma elevada lucratividade na área financeira, obtida através de investimentos de elevado risco, apresentou um elevado prejuízo em razão da mesma área financeira em 2008.
As perdas, decorrentes da própria turbulência do mercado, não atingiram somente a Sadia. Empresas como Votorantim Industrial (prejuízo de 2,2 bilhões de reais) e Santa Elisa (380 milhões) são exemplos citados no texto Empresa foi primeira a revelar o uso de derivativos "tóxicos", de Graziella Valenti. Este texto estima que os valores totais de perdas foi de 30 bilhões de reais. O número é uma estimativa grosseira, já que algumas empresas eram de capital fechado e não divulgaram os problemas nas demonstrações contábeis.
O principal problema decorreu da questão cambial. O texto explica isto:
O objetivo inicial das empresas que contratavam era ganhar ou se proteger da contínua queda do dólar. Daí a maior adoção por grandes exportadoras como Sadia e Aracruz, que tinham 50% e 95% das receitas atreladas ao dólar, respectivamente. A operação funcionava como uma banda cambial, mas com ganhos limitados e perdas imprevisíveis e ilimitadas.
Na prática, a companhia adquiria o direito de vender dólar ao banco por um preço acima do mercado. Assim, maximizava a receita de exportação, que vinha perdendo com a valorização do real.
Mas havia um teto estabelecido para isso e, caso o dólar subisse e ficasse acima dessa faixa, a empresa era obrigada a vender duas vezes mais dólar ao banco por um preço preestabelecido. Nesse cenário, a companhia acabava tendo que comprar a moeda no mercado por um preço superior ao que venderia ao banco, o que resultava em perda de caixa - não só de marcação a mercado.
A conseqüência contábil da crise foi um maior rigor, por parte da CVM e do Banco Central, no que diz respeito à evidenciação das operações.
Num outro texto, Conselho da Sadia na fogueira, também de Graziella Valenti, o foco é a perda de R$2,6 bilhões na Sadia. O texto informa que a CVM abriu um processo contra catorze pessoas pelo episódio. Basicamente o texto questiona onde estava o Conselho que não fez nada para impedir os eventos na empresa. Como ocorre na maioria dos Conselhos das empresas abertas no Brasil, parte dos membros são pessoas cujo principal atributo é ser parente próximo do acionista controlador ou pessoas que possuem prestígio no governo ou no mercado. No primeiro caso faziam parte do Conselho da Sadia alguém com sobrenome Furlan; no segundo caso, o consagrado consultor de empresas Vicente Falconi (aqui, uma lista de livros do consultor). Naturalmente que os conselheiros que responderam à reportagem recusaram a responsabilidade. (É o padrão do conselheiro brasileiro: só querem o bônus, mas não o ônus)
Um último texto, Casa do Sadia expõe riscos da profissão de conselheiro, também de Valenti, parte para opinião de quatro especialistas da área. No final, um texto interessante:
No caso da Sadia, havia um comitê financeiro e um de auditoria, para assessorar o colegiado. Cassio Casseb, Everaldo Nigro dos Santos, Walter Fontana Filho e Roberto Faldini compunham o órgão dedicado às finanças. Francisco Céspede, Roberto Faldini e José Marcos Konder Comparato formam o núcleo dedicado à auditoria.
O conjunto de reportagem pecou por não observar mais de perto a questão dos controles internos e da auditoria. Quem sabe numa próxima reportagem.
Sobre o assunto Sadia, um texto da Revista Piauí descrevendo o que ocorreu na empresa. A recomendação ainda vale.
Exemplo de seleção adversa
Um anúncio numa igreja informava que doentes terminais poderiam receber dois mil dólares em dinheiro, imediatamente. Na realidade tratava-se de um plano para compra de imóvel e posterior recebimento do seguro imobiliário. Um exemplo de seleção adversa. Fonte: Marginal Revolution
Corretores
O livro O Naturalista da Economia, de Robert Frank (editora Best Business) apresenta um estilo de perguntas instigantes com respostas numa linguagem fácil e lógica. Num capítulo com perguntas relacionadas com finanças comportamentais surge a seguinte questão (p. 197 e 198):
Por que os corretores imobiliários geralmente mostram aos clientes duas casas quase idênticas, embora uma seja mais barata e esteja em condições melhores que a outra?
A resposta diz respeito ao Decoy Effect, que no livro foi traduzido através da seguinte situação:
(...) do homem que pergunta à garçonete de uma lanchonete que tipo de sanduíche é servido ali.
- Temos de salada de frango e de rosbife – responde a garçonete.
O cliente pede um sanduíche de rosbife. A garçonete então acrescenta:
- Ah, eu esqueci, também temos de atum.
- Nesse caso, vou querer o de salada de frango – responde o cliente.
O decoy effect trata da mudança de preferência quando se acrescenta um parâmetro de comparação diferente no processo decisório. No caso da lanchonete, a mudança de dois para três sanduíches faz com que a opção escolhida pelo homem seja alterada.
A relevância do decoy effect para situações de decisão foi mostrada por Simonson e Tversky. Mesmo quando se apresenta uma alternativa irrelevante para a situação, os efeitos são consideráveis. No caso do imóvel, ao mostrar outro imóvel, mesmo em condições piores, faz com que o cliente decida mais rapidamente pelo outro imóvel.
Valorização
O Guia Invest traz a relação das maiores valorizações na bolsa de valores nos últimos 365 dias. Quem investiu na Contax há um ano teve um retorno de quase 12 mil pontos percentuais. Para se ter uma idéia, o índice P/L da empresa é de 720,4. Isto significa que com o atual lucro da empresa o investidor teria que aguardar mais de 700 anos para ter o retorno do seu investimento. A empresa está voltada para implantação de contact centers e possui receita líquida de quase 2 bilhões de reais.
A segunda (e terceira) colocada no ranking da valorização é a empresa JB Duarte, com valorização de 2.774% e 1.328% (ON e PN, nesta ordem). A complicada Agrenco teve sua ação valorizada em 1104%, enquanto a favorita dos boateiros, a Telebrás, teve uma valorização de 1091%.
Entre as perdedoras, a Brasil Telecom, com desvalorização de 67%.
22 fevereiro 2010
Mercado pode ser racional, mas é ignorante!!
O mercado de petróleo apresentou uma alta no barril na semana passada. Uma explicação foi dada pela agência Reuters: um golpe militar em Níger, país da África Central. Níger é um dos países mais pobres do mundo – o pior IDH do mundo, com produção centrada na agricultura de subsistência e pecuária. O país foi produtor de urânio na década de setenta e até onde se sabe não produz petróleo.
Como isto foi acontecer? Alguns traders confudiram com a Nigéria, também um da África. Neste país o petróleo é responsável por 20% do PIB e 95% das exportações.
Nigéria
Níger
Teste #234
Suponha que você ganhou uma medalha de ouro nos jogos de inverno de Vancouver. E resolva derreter para vender o ouro no mercado. Quanto você ganharia com o ouro existente na medalha?
500 dólares
5.000 dólares
50.000 dólares
Resposta do anterior: na ordem, credores - créditos - balanço
Fnords
De um verbete da Wikipedia:
Fnord é a representação tipográfica para desinformação ou informação irrelevante induzindo ao erro, o que implica uma conspiração.
A palavra foi cunhada como um termo sem sentido (nonsense) com um tom de religiosidade no Principia Discordia, livro escrito por Kern Thornley e Greg Hill, mas foi popularizado pela Trilogia de livros The Illuminatus! por Robert Shea e Robert Anton Wilson. Nesse romance, a interjeição "fnord" tem um poder hipnótico sobre os desesclarecidos. Os Illuminati programam crianças, quando ainda no jardim de infância, para serem incapazes de ver conscientemente a palavra "fnord". Pelo resto de suas vidas, cada aparição da palava gera subconscientemente um sentimento de dificuldade e confusão e previne um consideração racional do assunto.
Na obra de Shea/Wilson, fnords são espalhados liberalmente nos textos de jornais e revistas, causando medo e ansiedade sobre os eventos da atualidade. Entretando, não existem fnords nas propagandas, encorajando uma sociedade consumista.
Está implícito nos livros que fnord não é de fato a palavra real usada para essa tarefa, mas uma mera substituta, pois muitos leitores seriam incapazes de ver a palavra verdadeira.
Ver fnords significa estar inafetado pelo tal poder hipnótico da palavra ou, mais abertamente, de outras palavras conflitantes.
Quais são os fnords da contabilidade?
Fonte da figura, aqui
Formalismo matemático
O livro O Naturalista da Economia, de Robert Frank, é uma leitura muito prazerosa. Escrito com a forma de pergunta instigante e resposta surpreendente, sua leitura pode ser feita ao acaso ou na ordem apresentada no livro. Além disto, o estilo é muito fácil e ágil.
Entre as diversas perguntas, uma muito interessante: Por que há tanto formalismo matemático na economia?
Eis um trecho da resposta (página 168):
A escalada do formalismo matemático coincidiu com uma competição cada vez mais acirrada pelos empregos acadêmicos. Numa profissão que se orgulha do rigor, é vantajoso ser considerado o mais rigoroso entre dois candidatos. Formular e manipular modelos matemáticos sofisticados não é tarefa para os intelectualmente tímidos. Ao demonstrar essa capacidade, um candidato sinaliza de modo convincente a própria competência. Portanto, os candidatos têm uma evidente motivação para investir tempo e esforço apurando o domínio da matemática.
Porém, aqui, como em outros lugares, a força do sinal depende do contexto. À medida que um número cada vez maior de economistas aumenta o nível de formalismo de seu trabalho, gradualmente se eleva o limiar dos sinais de competência intelectual. A corrida armamentista decorrente pode levar a um formalismo excessivo.
Este tipo de formalismo está chegando à contabilidade. Qual seria esta razão?
Em primeiro lugar, existe uma crescente percepção entre os acadêmicos, inclusive de contabilidade, que ciência está associada a formalismo e uso de técnicas estatísticas. Uma segunda razão estaria no acesso facilitado a programas que permitem cálculos rápidos e fáceis de modelos estatísticos e matemáticos, sem que para isto seja necessário um conhecimento prévio muito apurado. Um terceiro motivo decorre do contato que a contabilidade tem com outras ciências, onde o grau de formalismo também cresceu. Para não continuar sendo uma "ciência" menor perante os vizinhos, cresceu também o nível de formalismo nos trabalhos e artigos. Finalmente, trabalho com maior rigor formal é mais difícil, a princípio, de ter suas conclusões questionadas.
Dúvidas sobre avaliação de empresas
De um leitor do blog de Avaliação de empresa:
1) Quando calculamos o Ke, colocamos lá a inflação esperada dos EUA e do BR, isso quer dizer que: a) serve somente para ajuste de inflação entre os países (é o que eu penso), ou b) irá imbutir a inflação na taxa de desconto, fazendo com que os crescimentos projetados devam considerar inflação?
Resposta: Depende da forma como você está calculando o Ke. Se você usa o CAPM e trabalha com o retorno do título sem risco dos EUA é necessário colocar a diferença esperada da taxa de inflação (se o retorno do título sem risco estiver nominal) ou a inflação brasileira (se estiver real). Isto só pode ser feito se você estiver usando o fluxo de caixa nominal. Se você estiver usando o fluxo de caixa real, não é necessário fazer nenhum ajuste para inflação
2) quando projetamos o FCF no futuro as taxas que colocamos lá são: a) livres da inflação (pq a taxa é livre de inflação, é o que eu penso) ou b)devem considerar o crescimento mais a inflação?
Resposta: novamente depende. Se o fluxo projetado foi o real (sem considerar os efeitos da inflação) use uma taxa real. Mesmo neste caso é importante considerar os eventuais impactos da inflação (se for o caso)
3) pq a perpetuidade deve ser menor que o PIB? a)pq senão, na perpetuidade a empresa fica maior que o Brasil b)mas se for menor, a tendência não é sumir? (não deixa de ser verdade, mas devemos ser conservadores - é o que eu penso)
Resposta: a perpetuidade geralmente é usada como uma simplificação para estimar o fluxo de caixa após um determinado período (dez anos, por exemplo). Neste caso, acredita-se que o crescimento da empresa será menor do que nos primeiros anos. Numa situação "típica" poderíamos esperar que a empresa tivesse um comportamento pelo menos igual a economia. Ou seja, a perpetuidade corresponderia ao crescimento da economia. Existem alguns casos em que isto não ocorre, nos setores "decadentes". A taxa que você irá usar na perpetuidade pode ser ou não relevante, dependendo de cada caso. Mas talvez na maioria dos casos, a perpetuidade não é tão relevante assim em razão do valor do dinheiro no tempo.
4) uma dúvida que surgiu com a leitura dos seus posts, principalmente no último: você fala que não devemos utilizar WACC constante a pesos contábeis, mas também apresentou um exemplo que o método de iteração também desvirtua os valores.. Existe alguma solução plausível?
Resposta: acho que o melhor é usar o fluxo de caixa do acionista e descontar pelo custo do capital próprio. Mas observe que 99% dos laudos não liga para isto, apesar das recomendações dos livros de finanças. Fazer o que?