Translate

Mostrando postagens com marcador ilusão da moeda. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ilusão da moeda. Mostrar todas as postagens

27 setembro 2022

Ilusão da moeda


Logo no início do livro Os números não mentem, de Vaclav Smil, o autor fala das unidades de medidas. E diz:

O dinheiro apresenta desafios diferentes. A maioria das pessoas é capaz de mensurar níveis relativos de suas rendas ou poupanças, mas comparações históricas em nível nacional ou internacional precisam ser corrigidas pela inflação e comparações internacionais precisam levar em conta taxas de câmbio flutuantes e mudanças no poder de compra. 

Isto está na página 12-13. Muitas páginas depois, no capítulo Quando começou a era do Automóvel, Smil fala do Ford T. 

O Runabout, o modelo mais popular, era vendido por 825 dólares em 1909, mas os avanços contínuos nos projetos e nas peças permitiram à Ford abaixar o preço para 260 dólares até 1925. (...) Hoje, o prçeo médio de um carro novo nos Estados Unidos é de 34 mil dólares (...)

Isto, de não levar em consideração a perda do poder de compra da moeda, que Smil alertou no início do livro e cometeu na página 222, é a ilusão da moeda.

Foto: Bruce Warrington

10 abril 2021

Ibovespa no seu máximo?


 Eis a evolução do Ibovespa, de 2000 até março de 2021. Parece que estamos no seu máximo. Mas isto é ilusão da moeda. Levando em consideração a inflação, medida pelo IPCA, o Ibovespa em termos reais é assim:

Os números atuais são expressivos, mas ainda maio de 2008, com 147 mil pontos (inflacionados para preços de hoje) ainda é bastante elevado. 


19 março 2018

Sobre o BNDESPar

A Suzano comprou a Fibria. Um aspecto interessante foi relatado no Valor Econômico:

A estrangeira Paper Excellence (PE) (...) também encaminhou proposta pela Fibria à BNDESPar, de R$71,50 por ação em dinheiro, mas não conseguiu apresentar em tempo as garantias dos recursos - cerca de R$40 bilhões - , para honrar a transação (...)

Se o objetivo era obter o melhor preço, é estranho que não tenha esperado um pouco mais de tempo. Basta olhar como o mercado reagiu para ver que saiu ganhando e perdendo:

A outra notícia é que o BNDESPar insiste em afirmar que lucraria com a venda das ações da JBS. Já comentamos anteriormente aqui: “esquece” de levar em consideração a inflação do período.

28 julho 2017

Presidente do BNDES faz uma afirmação estranha

Há dias, o presidente do BNDES defendeu a instituição pelos negócios com a JBS. Segundo Mariana Sallowciz, em Para Rabello, JBS é um dos melhores negócios do BNDES, Estado de São Paulo, 15 de julho de 2017, p. B6:

Até a lambança da delação a empresa estava cotada a quanto? Era mais de R$10 (a ação) e o BNDES quando entrou estava cotada a R$7

Ou seja, ocorreu um crescimento de 43%. Parece um bom negócio. Mas não é e é estranho (ou má fé ou incompetência ou distração) que o presidente do BNDES trabalhe com valores nominais. Entre 2006 a final de 2015 a inflação brasileira foi de 77%. Ou seja, redução em termos reais de quase 20%. Se este foi um dos melhores negócios, imagine os piores.

06 março 2017

Ilusão da Moeda

A Ultrapar, ao divulgar seus resultados de 2016, deu destaque aos seguintes desempenhos:

Trata-se de um caso de ilusão da moeda. A inflação de 2015 foi de 10,67%  e a de 2016 foi de 6,29%. Assim, um crescimento nos dividendos de 4%, para uma inflação de 6,29%, não representa, em termos reais, “crescimento”, mas redução no pagamento ao capital próprio (1).

Da mesma forma, um lucro de 4% a mais (na verdade 3.86% se for o lucro líquido ou – 5,2% se for o resultado abrangente) não teve crescimento real. Como o lucro foi formado ao longo do ano, o valor de 1,6 bilhão (ou sendo mais preciso R$1,562 bilhão) estaria a preços de metade de 2016. Em doze meses, esta inflação seria ainda maior que os 6,29% da inflação oficial.

E o Ebitda? Em primeiro lugar é preciso acreditar que esta seja uma medida de desempenho razoável. E segundo, não menos importante, o crescimento foi de 6,68% ou, 7% no arredondamento.

O valor do investimento impressiona: 1,9 bilhão. Mas o fluxo de caixa das atividades de investimento foi de R$1,849 bilhão. Mas como a empresa não considera nas suas contas do relatório de administração os desinvestimentos e repagamentos, o valor ficaria em 1,858 bilhão, contra 1,366 bilhão. É interessante que aqui o percentual de acrescimento seria de 36%, bem acima da inflação. E se fosse considerado os valores totais da DFC seria maior ainda: 1,849 versus 0,802 bilhão.

(1) É bem verdade que o correto é verificar a data do pagamento e o intervalo entre o pagamento de dividendos de 2015 versus o pagamento de 2016 e verificar a inflação do período.

14 agosto 2014

Valores Reais x Nominais

Deixar de levar em consideração a inflação no longo prazo pode iludir que lida com números. Eis um exemplo recente:

Um site lançado pelo ex-presidente Lula para exaltar feitos petistas usa dados ilusórios ao afirmar que, com o partido no poder, a riqueza nacional triplicou.

“Com Lula e Dilma, o Brasil ficou três vezes mais rico. O Produto Interno Bruto (PIB), soma de todas as riquezas que o país produz no ano, saltou de R$ 1,48 trilhão em 2002 (com FHC) para R$ 3,77 trilhões em 2010 (com Lula) e para R$ 4,84 trilhões em 2013 (com Dilma).”

Batizado “O Brasil da Mudança”, o site foi lançado nesta terça-feira (12), com a presença da presidente Dilma Rousseff, para propagar dados favoráveis aos governos do PT -ou, no caso, para rebater críticas ao fraco crescimento da economia nos últimos anos.

O artifício adotado para medir o enriquecimento do país, no entanto, produz distorções grosseiras. A maior parte do aumento dos valores do PIB no período mencionado é mero resultado da inflação -outro foco de críticas, aliás, ao governo Dilma.

Descontada a variação dos preços, o crescimento real do PIB de 2003 a 2013 é de 46%, numa média anual de 3,49%. Nesse ritmo, a riqueza do país levaria 32 anos para triplicar.

Pelo critério adotado pelo site petista, o PIB teria quadruplicado no governo FHC, de R$ 349 bilhões para R$ 1,48 trilhão.

05 setembro 2013

Homens e mulheres

Uma entrevista com Linda Descano (Mulheres: do comando dos gastos ao dos investimentos, Luciana Seabra, Valor Econômico - 04/09/2013)

Valor: Quais são os erros mais comuns das mulheres no planejamento financeiro?

Linda: Descobrimos que existem três erros comuns que algumas mulheres ainda cometem quando gerenciam seu dinheiro. Em primeiro lugar, às vezes elas fecham os olhos para a inflação. É crítico para as mulheres considerar o impacto da inflação sobre seus retornos - nós vivemos mais do que os homens e a inflação vai afetar o nosso poder de compra por um período maior. Em segundo lugar, elas frequentemente não prestam atenção às suas finanças ou colocam seu plano em movimento até que sejam confrontadas com um alarme - e em geral não é porque algo bom aconteceu. É o resultado de um divórcio, de doença, morte de um cônjuge ou parceiro ou perda do emprego. É importante começar cedo, ser consistente e fazer um balanço regularmente. Por fim, elas não se colocam em primeiro lugar - as mulheres têm uma tendência natural de se colocar por último. É importante financiar-se primeiro e dizer "não" quando se passa a ser um caixa eletrônico para as crianças.


O problema da inflação, denominado de Ilusão da Moeda, é comum a ambos os sexos. Ou será de Descano descobriu algo novo?

Valor: E quanto ao risco?

Linda: A visão predominante é que homens são tomadores de risco e mulheres evitam o risco. Mas eu acredito que uma descrição mais precisa para as mulheres de hoje é "pensadoras de risco", o que significa que as mulheres estão dispostas a tomar risco desde que compreendam que tipo de risco estão tomando. Tudo se resume à forma como o risco é enquadrado. Mulheres estão menos dispostas a tomar risco, mais preocupadas sobre segurança e sobre preservar seu dinheiro.

24 fevereiro 2010

Ilusão do Preço 2

O jornal Valor Econômico de 22/2/2010 traz uma interessante reportagem de Luciana Monteiro (A ilusão do preço). Trata-se de uma pesquisa realizada na Fundação Getúlio Vargas onde foram montadas três carteiras: a primeira composta por ações com preços inferiores a dez reais; a média, com preços entre dez e vinte reais; e a terceira somente com ações cujos preços eram acima de vinte reais. Entre o período de 3 de janeiro de 2005 a metade de 2009 a carteira com menor preço teve desempenho superior as duas outras (197,85% maior que a carteira média).

Isto não muito racional, já que o comportamento do preço da ação dependeria de outras variáveis. Mas pode existir uma possível explicação para este comportamento: uma ação com valor de R$0,01, se subir um centavo na cotação terá uma valorização de 100%. Já uma ação com preço de dez reais, se tiver um aumento de um centavo, sua valorização é bastante reduzida. Como o período analisado foi um período altista na bolsa, a aparente contradição pode ser explicada por este fator.

13 janeiro 2009

Ilusão da Moeda

A época que a pessoa nasceu interfere nas decisões financeiras tomadas e na atitude perante o risco. Este fato é muito explorado no livro Outlier (muito bom, vale a pena ler). Mas chamou a atenção o seguinte texto:

Ms Malmendier e Mr Nagel também encontraram que pessoas que viveram em períodos de elevada inflação sistematicamente esperam que a inflação futura seja mais elevada do que aqueles que não tiveram a experiência com alta inflação


Este aspecto é interessante. No passado, reproduzimos (eu e minha orientanda Ludmila) um trabalho sobre ilusão da moeda. E os resultados não corresponderam ao que foi obtido nos Estados Unidos. Teria alguma relação?

01 setembro 2008

Ilusão da Moeda


A volta da inflação nos Estados Unidos trouxe de volta a preocupação com a “ilusão da moeda”. Com uma inflação de 5,6% nos últimos doze meses, os ganhos dos investidores no mercado necessitam considerar a perda monetária com a moeda, distinguindo ganhos reais dos nominais.

O problema da ilusão da moeda já foi estudado por John Campbell e Tuomo Vuolteenaho, em “Inflation Illusion and Stock Prices,” na American Economic Review de maio de 2004. E por Franco Modigliani e Richard A. Cohn, na década de 1970, no mercado acionário, conforme lembra Mark Hulbert, em Illusions About Inflation (17/08/2008, New York Times) (clique aqui)

O aumento da inflação também possui efeitos nas demonstrações contábeis. Em situações com estas, a escolha do método de avaliação de estoque, como PEPS e média móvel, tem influencia sobre o resultado. A depreciação também é afetada pelo aumento dos preços quando se usa o custo histórico.

Outro problema é a taxa de desconto para as decisões de investimento. Mais do que isto, as incertezas com respeito ao impacto da inflação nas projeções faz com que o nível de risco dos projetos seja maior. (clique aqui para ler mais)

No Brasil, a questão da Ilusão da Moeda foi objeto de pesquisa também. Fiz uma pesquisa com uma orientanda, Ludmila, que mostrou

“os resultados encontrados possuem alguns pontos divergentes com o trabalho de Shafir, Diamond e Tversky (1997). Essas divergências podem ser explicadas pelos resquícios da cultura inflacionária que existiu no Brasil. Usando sexo, a posição do aluno no fluxo do curso e a idade como variáveis de controle, encontrou-se uma relação entre o sexo do respondente com a percepção sobre as representações reais e nominais.”


(Clique aqui para ter acesso ao texto)

20 maio 2008

Educação e Inflação


O blog Stumbling and Mumbling (Education & inflation, 7 de fevereiro de 2008, ) tenta explicar que países com melhores níveis de educação tem menos probabilidade de ter inflação:

a)Pessoas espertas fazem pechinchas e as empresas terão mais pressão ao aumentar preços
b)Pessoas com maior nível de educação devem sofrer menos com a ilusão da moeda.
c)Pessoas mais educadas entendem que a inflação não é uma coisa boa e toleram políticas inflacionárias
d)Pessoas mais educadas tendem a ser credores e credores odeiam inflação.