As autoridades de Nova York anunciaram nesta segunda-feira (30) que chegaram a um acordo com o Deutsche Bank para que pague uma multa de US$ 425 milhões por manobras de lavagem de dinheiro utilizando filiais em Moscou (Rússia) e Londres (Inglaterra).
O esquema era "simples e eficaz", disse o Departamento de Serviços Financeiros do Estado de Nova York, através de um comunicado, explicando o acordo alcançado com o banco alemão para transações realizadas entre 2011 e início de 2015.
As operações, descritas no documento do acordo de 29 páginas, consistiam basicamente em que um cliente do Deutsche Bank em Moscou dava uma ordem para comprar ações de empresas russas pagando sempre em rublos (moeda russa).
A partir da filial londrina do Deutsche, vinha uma ordem de venda dos mesmos valores, pela mesma quantidade e com o preço igual, e as receitas por essa venda, em dólares, terminavam em empresas localizadas em paraísos finais.
As operações eram registradas na filial americana do Deutsche Bank e envolviam empresas ligadas entre si ou com proprietários, agentes ou gerentes diretamente relacionados.
"Através deste esquema, os parceiros foram capazes de transformar ocultamente rublos em dólares usando o Deutsche Bank", diz o texto do acordo, indicando que permitiu tirar da Rússia, o equivalente em torno de US$ 10 bilhões.
As investigações das autoridades nova-iorquinas concluíram que o Deutsche Bank perdeu "várias oportunidades para detectar, investigar e parar" estas operações devido as "extensas decisões judiciais" no cumprimento de suas obrigações.
O acordo também obriga o banco alemão a contar com um supervisor independente para evitar que voltem a se realizadas estas manobras, e, além disso, a entidade financeira se compromete a adotar medidas para reforçar a vigilância.
Fonte: Aqui
31 janeiro 2017
O emaranhado das Contas Públicas
Ribamar Oliveira faz uma análise sobre os dados divulgados pelo Tesouro. Segundo ele, pelo fato de em 2015 o governo ter sido obrigado a pagar um passivo de 55.6 bilhões ao BNDES, BB, CEF e FGTS, este valor deveria ser retirado da comparação, pois são despesas de anos anteriores. Com esta exclusão, a despesa da União em 2015 reduz de 1,158 trilhão para 1,102 trilhão. Fazendo a mesma operação para 2016 – ou seja, retirando as despesas de exercícios anteriores – o total passaria de 1,242 trilhão para 1,230 trilhão.
Assim, quando se compara 2016 com 2015 tem-se um aumento nominal da despesa de 11,6% ou 1,230/1,102. Ribamar Oliveira destaca também que as despesas previdenciárias cresceram em 7,2% e que o crescimento da despesa com abono salarial e seguro-desemprego, que cresceram 8,8% em termos reais, decorreu da postergação no pagamento.
Três reparos na análise de Oliveira. O primeiro não é tão expressivo, mas precisa ser feito em nome da precisão metodológica; se ele retirou algumas despesas de 2015 por não serem deste exercício, as despesas de 2016, que não corresponde a este período, deveria ser pelo menos parcialmente computada em 2015, aumento o valor da despesa deste ano. Em termos mais objetivos, o ajuste que ele fez para 2016, reduzindo a despesa total para 1,230 trilhão ou menos 10 bilhões, deveria estar somada, pelo menos parcialmente, em 2015; com isto a despesa de 2015 aumentaria para 1,112 trilhão.
O segundo reparo diz respeito a questão dos dividendos. Em exercícios anteriores, a União pressionou as estatais para aumentar o pagamento de dividendos como forma de encobrir os problemas do Tesouro. Os dados mostram que entre 2009 a 2015 foram pagos 145 bilhões em dividendos pelo BNDES, Caixa, Correios, Eletrobrás, IRB, Petrobrás e demais empresas estatais. Isto corresponde a uma média annual de 20,7 bilhões de reais. Em 2015 o pagamento de dividendos foi de 12,1 bilhões e em 2016 caiu mais ainda: 2,847 bilhões. Há aqui uma questão sobre a necessidade de exclusão destes pagamentos ou não.
O terceiro reparo é mais genérico. Provavelmente nunca iremos saber efetivamente qual foi o resultado do Tesouro, já que o mesmo não é criterioso na sua mensuração. Diversas despesas deste exercício, que terão influência sobre a saída de caixa de exercícios seguintes, não são consideradas. É o que chamamos de regime de competência. Se as partidas dobradas foram adotadas na contabilidade pública há cem anos somente, imagine a utilização do regime de competência. A contabilidade pública não é capaz de mensurar, adequadamente, o resultado do governo. Um aumento no passivo atuarial em razão das mudanças na composição da força de trabalho seria reconhecido em qualquer empresa que tenha uma boa contabilidade. Mas isto não ocorre na contabilidade pública.
O que temos no relatório do Tesouro é uma imagem bastante distorcida da realidade da contabilidade pública. E isto faz com que informações preciosas passem desapercebidas. Citando dois exemplos. O primeiro é o dado da dívida líquida do tesouro nacional.O gráfico abaixo mostra a evolução em relação ao PIB, de 2009 a 2016. É bastante perceptível que este percentual estava em queda até abril de 2014, quando chegou a 17,2%. Desde então há uma tendência de crescimento, atingindo 31% no último mês. É verdade que parte deste aumento refere-se a queda do PIB, mas esta não é a única justificativa. Este é o pior resultado desde 2006. O analista que olha este números deve ficar preocupado?
Um segundo exemplo corresponde a figura a seguir, que traz o investimento do governo federal de 2007 a 2016, a valores de 2016. Este investimento foi crescente entre 2007 a 2014, quando atingiu 94 bilhões de reais. Em 2015 o volume investido caiu para 61,6 bilhões, aumentando para 66 bilhões em 2016. Será que isto indicaria uma contenção nos gastos de investimentos, que teriam que ser contemplados em exercícios seguintes? Ou o patamar de investimento no passado estava muito elevado? (observe que de 2007 a 2014 o crescimento real de investimento foi de quase 16% ao ano, uma taxa bastante expressiva). Por ministério, a análise indica que a queda de 2015 em relação a 2014 deveu-se ao Ministério das Cidades (menos 21,7 bilhões) e da Defesa (12,5 bilhões). Outra análise é que boa parte dos valores pagos de investimento em 2015 eram correspondentes a “restos a pagar pagos” (37 bilhões de um total desembolsado de 55,5 bilhões contra 35 e 65 bilhões em 2016, nominais).
Após tudo isto posto, a questão se o resultado foi bom ou não permanece sem resposta. Os números da área pública não permitem uma análise adequada deste desempenho.
Assim, quando se compara 2016 com 2015 tem-se um aumento nominal da despesa de 11,6% ou 1,230/1,102. Ribamar Oliveira destaca também que as despesas previdenciárias cresceram em 7,2% e que o crescimento da despesa com abono salarial e seguro-desemprego, que cresceram 8,8% em termos reais, decorreu da postergação no pagamento.
Três reparos na análise de Oliveira. O primeiro não é tão expressivo, mas precisa ser feito em nome da precisão metodológica; se ele retirou algumas despesas de 2015 por não serem deste exercício, as despesas de 2016, que não corresponde a este período, deveria ser pelo menos parcialmente computada em 2015, aumento o valor da despesa deste ano. Em termos mais objetivos, o ajuste que ele fez para 2016, reduzindo a despesa total para 1,230 trilhão ou menos 10 bilhões, deveria estar somada, pelo menos parcialmente, em 2015; com isto a despesa de 2015 aumentaria para 1,112 trilhão.
O segundo reparo diz respeito a questão dos dividendos. Em exercícios anteriores, a União pressionou as estatais para aumentar o pagamento de dividendos como forma de encobrir os problemas do Tesouro. Os dados mostram que entre 2009 a 2015 foram pagos 145 bilhões em dividendos pelo BNDES, Caixa, Correios, Eletrobrás, IRB, Petrobrás e demais empresas estatais. Isto corresponde a uma média annual de 20,7 bilhões de reais. Em 2015 o pagamento de dividendos foi de 12,1 bilhões e em 2016 caiu mais ainda: 2,847 bilhões. Há aqui uma questão sobre a necessidade de exclusão destes pagamentos ou não.
O terceiro reparo é mais genérico. Provavelmente nunca iremos saber efetivamente qual foi o resultado do Tesouro, já que o mesmo não é criterioso na sua mensuração. Diversas despesas deste exercício, que terão influência sobre a saída de caixa de exercícios seguintes, não são consideradas. É o que chamamos de regime de competência. Se as partidas dobradas foram adotadas na contabilidade pública há cem anos somente, imagine a utilização do regime de competência. A contabilidade pública não é capaz de mensurar, adequadamente, o resultado do governo. Um aumento no passivo atuarial em razão das mudanças na composição da força de trabalho seria reconhecido em qualquer empresa que tenha uma boa contabilidade. Mas isto não ocorre na contabilidade pública.
O que temos no relatório do Tesouro é uma imagem bastante distorcida da realidade da contabilidade pública. E isto faz com que informações preciosas passem desapercebidas. Citando dois exemplos. O primeiro é o dado da dívida líquida do tesouro nacional.O gráfico abaixo mostra a evolução em relação ao PIB, de 2009 a 2016. É bastante perceptível que este percentual estava em queda até abril de 2014, quando chegou a 17,2%. Desde então há uma tendência de crescimento, atingindo 31% no último mês. É verdade que parte deste aumento refere-se a queda do PIB, mas esta não é a única justificativa. Este é o pior resultado desde 2006. O analista que olha este números deve ficar preocupado?
Um segundo exemplo corresponde a figura a seguir, que traz o investimento do governo federal de 2007 a 2016, a valores de 2016. Este investimento foi crescente entre 2007 a 2014, quando atingiu 94 bilhões de reais. Em 2015 o volume investido caiu para 61,6 bilhões, aumentando para 66 bilhões em 2016. Será que isto indicaria uma contenção nos gastos de investimentos, que teriam que ser contemplados em exercícios seguintes? Ou o patamar de investimento no passado estava muito elevado? (observe que de 2007 a 2014 o crescimento real de investimento foi de quase 16% ao ano, uma taxa bastante expressiva). Por ministério, a análise indica que a queda de 2015 em relação a 2014 deveu-se ao Ministério das Cidades (menos 21,7 bilhões) e da Defesa (12,5 bilhões). Outra análise é que boa parte dos valores pagos de investimento em 2015 eram correspondentes a “restos a pagar pagos” (37 bilhões de um total desembolsado de 55,5 bilhões contra 35 e 65 bilhões em 2016, nominais).
Após tudo isto posto, a questão se o resultado foi bom ou não permanece sem resposta. Os números da área pública não permitem uma análise adequada deste desempenho.
Tesouro
As contas do governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) fecharam mais um ano no vermelho e encerraram 2016 com um déficit primário de R$ 154,255 bilhões. O resultado foi o pior desempenho em toda a série histórica, iniciada em 1997, mas ficou com uma folga de R$ 16,2 bilhões em relação à meta que previa um saldo negativo de até R$ 170,5 bilhões no ano.
O valor também foi melhor do que a previsão feita pela própria equipe econômica em dezembro, de um rombo de R$ 167,7 bilhões. O governo decidiu ampliar a quitação de restos a pagar no fim do ano, mas reservou parte do resultado para compensar o deficit fiscal esperado pela empresas estatais em 2016. O Banco Central divulga na terça-feira, 31, o primário consolidado do setor público.
Fonte: Aqui
O valor também foi melhor do que a previsão feita pela própria equipe econômica em dezembro, de um rombo de R$ 167,7 bilhões. O governo decidiu ampliar a quitação de restos a pagar no fim do ano, mas reservou parte do resultado para compensar o deficit fiscal esperado pela empresas estatais em 2016. O Banco Central divulga na terça-feira, 31, o primário consolidado do setor público.
Fonte: Aqui
30 janeiro 2017
Notáveis e Fraude
Recentemente publicamos o extrato de uma notícia sobre a Suzano. Dizia que a empresa estava procurando notáveis para compor seu conselho. O texto afirmava sobre o ceticismo da presença de nomes conhecidos. Nosso comentário era que a presença destas pessoas poderia ajudar na sua experiência e criação de relações futuras.
Por alguma razão inexplicável estava com uma edição antiga do The Journal of Finance, de junho de 2015. Um dos artigos era CEO Connectedness and Corporate Fraud. Os autores investigaram a criação de conexão dos executivos e comprovaram que isto tende a aumentar o risco de fraude corporativa. Mais ainda, reduz a chance de que este crime seja descoberto. O texto conclui que esta questão da conexão deveria ser objeto de atenção dos reguladores, investidores e especialistas de governança corporativa.
A figura abaixo mostra o comportamento da ação da Suzano nos últimos trinta dias. A notícia, do dia 19 de janeiro, mostra que a ação saiu de R$13,35, no dia 18, para R$14,07, no dia 19, atingindo R$14,55 no dia 24. Fechou hoje a R$13,79, bem acima do preço antes da notícia (+3,3%).
Se a pesquisa estiver correta, a divulgação da notícia deveria provocar uma redução no preço, não um acréscimo; afinal, se a empresa resolver buscar notáveis, cresce a chance de problemas futuros.
Por alguma razão inexplicável estava com uma edição antiga do The Journal of Finance, de junho de 2015. Um dos artigos era CEO Connectedness and Corporate Fraud. Os autores investigaram a criação de conexão dos executivos e comprovaram que isto tende a aumentar o risco de fraude corporativa. Mais ainda, reduz a chance de que este crime seja descoberto. O texto conclui que esta questão da conexão deveria ser objeto de atenção dos reguladores, investidores e especialistas de governança corporativa.
A figura abaixo mostra o comportamento da ação da Suzano nos últimos trinta dias. A notícia, do dia 19 de janeiro, mostra que a ação saiu de R$13,35, no dia 18, para R$14,07, no dia 19, atingindo R$14,55 no dia 24. Fechou hoje a R$13,79, bem acima do preço antes da notícia (+3,3%).
Se a pesquisa estiver correta, a divulgação da notícia deveria provocar uma redução no preço, não um acréscimo; afinal, se a empresa resolver buscar notáveis, cresce a chance de problemas futuros.
Links
Uma análise da partida Federer (35 anos e seis meses parado) x Nadal no Aberto da Austrália
Qual a melhor posição para dormir
As cinco piores histórias de Eike Batista
35% das empresas do Simples estão em atraso com seus impostos
Usar computador em sala de aula não é bom para o desempenho
Sancionada as delações da Odebrecht
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Resultado do Tesouro
O Tesouro Nacional divulgou hoje o resultado resumido da execução orçamentária. Os números permitem uma extensa análise, mas o blog irá restringir, nesta postagem, na questão da previdência. O gráfico a seguir apresenta o resultado da receita (em azul) e da despesa (em vermelho) do regime geral de previdência social. Segundo o governo, a receita previdenciária deve permanecer na casa dos 5% do PIB, com uma tendência levemente decrescente. Já a despesa deve sair dos 8,26% do PIB (projeção de 2017) para 17,17%, em 2060. Com isto, a diferença entre receita e despesa, que corresponde ao resultado previdenciário projetado, aumentaria de 2,63% para 11,87% do PIB. Em valores de hoje, isto corresponde a um resultado anual negativo de 1,6 trilhão de reais.
O segundo gráfico mostra o resultado da previdência dos servidores públicos. As receitas, de 31,7 bilhões previstos para 2017, irá diminuir para 11,4 bilhões em 2060, em valores nominais. Quando se compara com o PIB, estes valores correspondem a 0,47% do PIB (2017) e 0.03% (2060), uma redução substancial. As despesas irão cair, segundo previsão do governo, de 1,53% do PIB em 2017 para 0,72%, em 2060, indicando um resultado negativo que corresponde a 0,68%.
Obviamente que estas projeções estão baseadas na situação da legislação atual. O recado é que se não for feita nenhuma mudança, o deficit será crescente exponencialmente (exceto pelo regime do servidor público, que será decrescente a partir do ano 2040).
Obviamente que estas projeções estão baseadas na situação da legislação atual. O recado é que se não for feita nenhuma mudança, o deficit será crescente exponencialmente (exceto pelo regime do servidor público, que será decrescente a partir do ano 2040).
29 janeiro 2017
Yuji Ijiri (1935-2017)
O japonês Ijiri tirou o bacharel em direito em 1956 e neste ano tornou-se um CPA no Japão, com 21 anos. Fez mestrado na Universidade de Minnesota, em 1960, e tirou o doutorado na Carnegie Mellon, em 1963. Escreveu 25 livros e mais de 200 artigos científicos, incluindo a monografia com o título "Momentum Accounting and Triple-Entry Bookkeeping". Foi presidente da Associação dos Contadores dos Estados Unidos e recebeu o Accounting Hall of Fame em 1989.
Como filho de um padeiro, fazia a contabilidade para seu pai. Segundo o Wall Street Journal, foi o mais famoso filósofo da contabilidade, defendendo as tradições e explorando novas fronteiras.
Como filho de um padeiro, fazia a contabilidade para seu pai. Segundo o Wall Street Journal, foi o mais famoso filósofo da contabilidade, defendendo as tradições e explorando novas fronteiras.
História da Contabilidade: As províncias em meados do século XIX
Uma análise da história da contabilidade no Brasil mostra como o seu desenvolvimento no país também ocorreu nas províncias. Muitos dos eventos escapam das nossas pesquisas pela ausência de documentação, mas temos vários exemplos que indicam a necessidade de não esquecermos das cidades mais distantes da capital do país. Trouxe, na postagem de hoje, alguns exemplos.
Em 1849 o presidente da província de Sergipe sancionou a lei 243, de 30 de março, sobre a instrução secundária, ministrada no Liceu “desta cidade”, onde se teria “um curso completo de commercio, contabilidade, e escripturação mercantil por partidas dobradas, tanto theorica, como praticamente, o qual durará dous anos” (1). É interessante o destaque que é feito no método dasE partidas dobradas, já que na época também se ensinava as partidas simples. No artigo terceiro informa que os alunos aprovados no curso teriam preferência no emprego público (2).
Em Belém, a disciplina de contabilidade, era ensinada no primeiro ano da instrução primária, juntamente com leitura, escrita caligráfica, aritmética, doutrina cristã e história do Brasil (3). Em São Paulo, D. Rita Leopoldina da Silva era diretora de uma escola de mulheres que ensinava escrituração e contabilidade (4). Em Salvador também existia o ensino de contabilidade na mesma época (5).
(1) Publicado no Correio Sergipense, 14 abril de 1849, ano xii, n 25. Trata-se do artigo primeiro da lei.
(2) Idem.
(3) Treze de Maio, 3 de setembro de 1856, ano 17, n 828, p 4.
(4) Correio Paulistano, 24 março de 1857, ano iv, n 519, p 4.
(5) A Epocha, 24 fevereiro de 1859, ano ii, n 44, p 3.
Em 1849 o presidente da província de Sergipe sancionou a lei 243, de 30 de março, sobre a instrução secundária, ministrada no Liceu “desta cidade”, onde se teria “um curso completo de commercio, contabilidade, e escripturação mercantil por partidas dobradas, tanto theorica, como praticamente, o qual durará dous anos” (1). É interessante o destaque que é feito no método dasE partidas dobradas, já que na época também se ensinava as partidas simples. No artigo terceiro informa que os alunos aprovados no curso teriam preferência no emprego público (2).
Em Belém, a disciplina de contabilidade, era ensinada no primeiro ano da instrução primária, juntamente com leitura, escrita caligráfica, aritmética, doutrina cristã e história do Brasil (3). Em São Paulo, D. Rita Leopoldina da Silva era diretora de uma escola de mulheres que ensinava escrituração e contabilidade (4). Em Salvador também existia o ensino de contabilidade na mesma época (5).
(1) Publicado no Correio Sergipense, 14 abril de 1849, ano xii, n 25. Trata-se do artigo primeiro da lei.
(2) Idem.
(3) Treze de Maio, 3 de setembro de 1856, ano 17, n 828, p 4.
(4) Correio Paulistano, 24 março de 1857, ano iv, n 519, p 4.
(5) A Epocha, 24 fevereiro de 1859, ano ii, n 44, p 3.
28 janeiro 2017
Fato da Semana: Prorrogação do prazo da DIRF
Fato: Prorrogação de prazo para entrega da DIRF
Data: 27 de janeiro de 2017
Contextualização - Tradicionalmente a contabilidade das empresas deve entregar a Declaração do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (DIRF) no final de fevereiro. No final de 2016, no entanto, a Receita Federal antecipou o prazo para 14 de fevereiro. O problema é que a entrega depende de um software que deveria se disponibilizado pela Receita. Somente no final desta semana é que a Receita Federal aprovou o programa. Mas a grande reclamação com a redução do prazo teve efeito: o fisco passou a considerar como prazo final o dia 28 de fevereiro.
Relevância
É uma informação de interesse do fisco e que caso não apresentada por significar multa. Em outras palavras, o número de potenciais prejudicados é expressivo.
Notícia boa para contabilidade?
Sim. A solicitação das empresas foi aceita e o prazo foi aumentado. O Conselho Federal de Contabilidade mandou uma correspondência para a Receita solicitando o prazo. Ponto para o Conselho, que conseguiu o que desejava (embora na correspondência o CFC não indique um prazo). Mas qual a razão da demora na atuação do CFC?
Desdobramentos
Nenhum, já que a Receita Federal atendeu a reclamação.
Mas a semana só teve isto?
Na sexta comentou-se que o resultado do Tesouro será muito ruim. Mas não podemos considerar isto uma "notícia" e sim uma especulação. A solicitação de prisão do empresário Eike é outro fato importante.
Data: 27 de janeiro de 2017
Contextualização - Tradicionalmente a contabilidade das empresas deve entregar a Declaração do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (DIRF) no final de fevereiro. No final de 2016, no entanto, a Receita Federal antecipou o prazo para 14 de fevereiro. O problema é que a entrega depende de um software que deveria se disponibilizado pela Receita. Somente no final desta semana é que a Receita Federal aprovou o programa. Mas a grande reclamação com a redução do prazo teve efeito: o fisco passou a considerar como prazo final o dia 28 de fevereiro.
Relevância
É uma informação de interesse do fisco e que caso não apresentada por significar multa. Em outras palavras, o número de potenciais prejudicados é expressivo.
Notícia boa para contabilidade?
Sim. A solicitação das empresas foi aceita e o prazo foi aumentado. O Conselho Federal de Contabilidade mandou uma correspondência para a Receita solicitando o prazo. Ponto para o Conselho, que conseguiu o que desejava (embora na correspondência o CFC não indique um prazo). Mas qual a razão da demora na atuação do CFC?
Desdobramentos
Nenhum, já que a Receita Federal atendeu a reclamação.
Mas a semana só teve isto?
Na sexta comentou-se que o resultado do Tesouro será muito ruim. Mas não podemos considerar isto uma "notícia" e sim uma especulação. A solicitação de prisão do empresário Eike é outro fato importante.
27 janeiro 2017
Acordo ortográfico falhou?
A Academia de Ciências de Lisboa divulgou, hoje, um texto onde salientou que o documento “Sugestões para o aperfeiçoamento do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa” de 1990 se trata de “um contributo que resulta de aturada reflexão em torno da aplicação da nova ortografia e sobre algumas seis particularidades e subtilezas da língua portuguesa que não podem ser ignoradas em resultado de um excesso de simplificação”.
Para tal, a Academia, no estudo aprovado em plenário na passada quinta-feira, propõe o retorno das consoantes mudas, por exemplo, de palavras como “recepção” e “inspeccionar”.
Mas não é a única alteração. De acordo com o estudo apresentado, o acento agudo em palavras homógrafas (palavras com pronúncia e grafia iguais) vai voltar. Exemplo disso é a palavra “pára”, do verbo parar, que é facilmente confundida com a preposição “para”.
Também é possível o regresso do acento circunflexo em diferentes expressões que são homógrafas a outras. “Pelo” volta a ser “pêlo”, para não ser confundida com a preposição “pelo”, tal como acontece com o verbo “pôr” que acaba por se confundir com a preposição “por”.
Relativamente às consoantes mudas, nos casos em que geram uma concordância absoluta de sons (palavras homófonas), propõe a Academia os termos “aceção”, quando usado como “sentido”, que se confunde com “acessão” de consentimento, “corrector” (quem corrige), com a palavra “corrector” (intermediário), “óptica” (visão), com “ótica” (audição).
“Convém esclarecer o que se entende por ‘aperfeiçoamento’: aperfeiçoar o Acordo Ortográfico não significa rejeitar a nova ortografia, mas antes aprimorar as novas regras ortográficas e retocar determinados pontos para fixar a nomenclatura do Vocabulário e do Dicionário da Academia”, remata a ACL”, encontra-se no mesmo texto divulgado.
Obviamente que a posição da Academia de Lisboa precisa ser aceita pela Brasileira. Fonte: Aqui
Para tal, a Academia, no estudo aprovado em plenário na passada quinta-feira, propõe o retorno das consoantes mudas, por exemplo, de palavras como “recepção” e “inspeccionar”.
Mas não é a única alteração. De acordo com o estudo apresentado, o acento agudo em palavras homógrafas (palavras com pronúncia e grafia iguais) vai voltar. Exemplo disso é a palavra “pára”, do verbo parar, que é facilmente confundida com a preposição “para”.
Também é possível o regresso do acento circunflexo em diferentes expressões que são homógrafas a outras. “Pelo” volta a ser “pêlo”, para não ser confundida com a preposição “pelo”, tal como acontece com o verbo “pôr” que acaba por se confundir com a preposição “por”.
Relativamente às consoantes mudas, nos casos em que geram uma concordância absoluta de sons (palavras homófonas), propõe a Academia os termos “aceção”, quando usado como “sentido”, que se confunde com “acessão” de consentimento, “corrector” (quem corrige), com a palavra “corrector” (intermediário), “óptica” (visão), com “ótica” (audição).
“Convém esclarecer o que se entende por ‘aperfeiçoamento’: aperfeiçoar o Acordo Ortográfico não significa rejeitar a nova ortografia, mas antes aprimorar as novas regras ortográficas e retocar determinados pontos para fixar a nomenclatura do Vocabulário e do Dicionário da Academia”, remata a ACL”, encontra-se no mesmo texto divulgado.
Obviamente que a posição da Academia de Lisboa precisa ser aceita pela Brasileira. Fonte: Aqui
Formato da Tese
Um texto bem interessante sobre o formato da tese foi publicado pelo Scielo. Lilian Nassi-Calò faz uma análise entre os dois formatos típicos. Antes disto, a autora apresenta um dado horripilante:
O editorial da edição da Nature de 7 de julho de 20161 traz um dado peculiar: “de acordo com estatísticas frequentemente citadas que deveriam ser verdadeiras, mas provavelmente não são, o número médio de pessoas que leem uma tese de doutorado do início ao fim é 1,6, e isso inclui o autor”.
Baseado na minha experiência, que leio as teses dos meus orientandos e das comissões que participo, acredito que este número seja verdadeiro. Principalmente quando o trabalho possui mais de duzentas páginas e você é convidado para avaliar do trabalho. Isto é ajudado pelo número crescente de trabalhos científicos - sobra menos tempo para ler tudo que queremos - e pelo aumento no número médio de páginas:
Informação da maior base de dados de teses de doutorado, ProQuest, situada em Ann Arbor, Michigan, EUA, indica que o número médio de páginas de uma tese aumentou de cerca de 100 nos anos 1950 para ao redor de 200 atualmente
A defesa pode ser aberta ao público, como geralmente ocorre no Brasil, mas pode acontecer através de comentários por escrito, como na Austrália. Os dois tipos de formatos são: (a) tradicional, onde o trabalho possui uma longa introdução, um extenso referencial teórico, o método e os resultados; (b) formato de capítulos por artigos. No segundo caso, o candidato publica ou redige artigos decorrentes da pesquisa, junta o material, faz uma contextualização inicial e uma conclusão.
A CAPES, órgão que atribui conceitos aos cursos de pós-graduação em todo o país, reconhece esta modalidade de tese, assim como a FAPESP e Fundações de Amparo à Pesquisa de outros estados, na concessão de bolsas e auxílios. O fato de o candidato ter trabalhos publicados em periódicos bem avaliados, entretanto, não o isenta da defesa da dissertação ou tese, que deve ocorrer de acordo com os critérios estabelecidos pela instituição de ensino superior.
Durante toda minha vida acadêmica lidei, como aluno e docente, com o primeiro formato. Agora, no programa de pós-graduação da minha instituição, como coordenador do curso, estou participando do processo de implantação do segundo formato.
Esta modalidade é vista com bons olhos por pesquisadores e estudantes, uma vez que estimula a publicação de artigos e é menos trabalhoso que redigir 200 páginas de uma tese.
Existem críticas a este formato:
Shirley Tilghman, biologista molecular e ex-presidente da Universidade Princeton, em New Jersey, EUA, entretanto, não é favorável à adoção do formato alternativo de teses, pois “elas demonstram a habilidade do candidato em definir o contexto de uma questão, descrever em detalhes o propósito e a execução e chegar a uma conclusão com base nos resultados obtidos”.
Minha experiência mostra que o formato de artigos pode ser interessante por cinco motivos principais: (a) após a defesa no formato tradicional é muito difícil incentivar o aluno a publicar seu trabalho; (b) somos avaliados pela publicação e esta não pode ser muito distante no tempo da defesa - o formato do artigo a publicação será mais rápida; (c) os artigos são mais lidos e citados; (d) pode ajudar os avaliadores com uma visão prévia da qualidade da tese (imagine uma tese com três artigos publicados em periódicos internacionais de primeiro nível...); (e) aproxima mais o orientador do aluno.
O que estamos experimentando é mudar somente o formato. Ainda haverá o processo de defesa, com uma comissão examinadora. Os artigos irão precisar de um cuidado metodológico e científico. Talvez crie uma dificuldade de entrelaçar as pesquisas. Mas não custa tentar.
O editorial da edição da Nature de 7 de julho de 20161 traz um dado peculiar: “de acordo com estatísticas frequentemente citadas que deveriam ser verdadeiras, mas provavelmente não são, o número médio de pessoas que leem uma tese de doutorado do início ao fim é 1,6, e isso inclui o autor”.
Baseado na minha experiência, que leio as teses dos meus orientandos e das comissões que participo, acredito que este número seja verdadeiro. Principalmente quando o trabalho possui mais de duzentas páginas e você é convidado para avaliar do trabalho. Isto é ajudado pelo número crescente de trabalhos científicos - sobra menos tempo para ler tudo que queremos - e pelo aumento no número médio de páginas:
Informação da maior base de dados de teses de doutorado, ProQuest, situada em Ann Arbor, Michigan, EUA, indica que o número médio de páginas de uma tese aumentou de cerca de 100 nos anos 1950 para ao redor de 200 atualmente
A defesa pode ser aberta ao público, como geralmente ocorre no Brasil, mas pode acontecer através de comentários por escrito, como na Austrália. Os dois tipos de formatos são: (a) tradicional, onde o trabalho possui uma longa introdução, um extenso referencial teórico, o método e os resultados; (b) formato de capítulos por artigos. No segundo caso, o candidato publica ou redige artigos decorrentes da pesquisa, junta o material, faz uma contextualização inicial e uma conclusão.
A CAPES, órgão que atribui conceitos aos cursos de pós-graduação em todo o país, reconhece esta modalidade de tese, assim como a FAPESP e Fundações de Amparo à Pesquisa de outros estados, na concessão de bolsas e auxílios. O fato de o candidato ter trabalhos publicados em periódicos bem avaliados, entretanto, não o isenta da defesa da dissertação ou tese, que deve ocorrer de acordo com os critérios estabelecidos pela instituição de ensino superior.
Durante toda minha vida acadêmica lidei, como aluno e docente, com o primeiro formato. Agora, no programa de pós-graduação da minha instituição, como coordenador do curso, estou participando do processo de implantação do segundo formato.
Esta modalidade é vista com bons olhos por pesquisadores e estudantes, uma vez que estimula a publicação de artigos e é menos trabalhoso que redigir 200 páginas de uma tese.
Existem críticas a este formato:
Shirley Tilghman, biologista molecular e ex-presidente da Universidade Princeton, em New Jersey, EUA, entretanto, não é favorável à adoção do formato alternativo de teses, pois “elas demonstram a habilidade do candidato em definir o contexto de uma questão, descrever em detalhes o propósito e a execução e chegar a uma conclusão com base nos resultados obtidos”.
Minha experiência mostra que o formato de artigos pode ser interessante por cinco motivos principais: (a) após a defesa no formato tradicional é muito difícil incentivar o aluno a publicar seu trabalho; (b) somos avaliados pela publicação e esta não pode ser muito distante no tempo da defesa - o formato do artigo a publicação será mais rápida; (c) os artigos são mais lidos e citados; (d) pode ajudar os avaliadores com uma visão prévia da qualidade da tese (imagine uma tese com três artigos publicados em periódicos internacionais de primeiro nível...); (e) aproxima mais o orientador do aluno.
O que estamos experimentando é mudar somente o formato. Ainda haverá o processo de defesa, com uma comissão examinadora. Os artigos irão precisar de um cuidado metodológico e científico. Talvez crie uma dificuldade de entrelaçar as pesquisas. Mas não custa tentar.
Imposto de Renda Zero 2
Ainda sobre a questão do imposto de renda, a PwC divulgou (via aqui) as alíquotas de imposto de renda cobradas em cada país. A relação de alguns países, das maiores alíquotas as menores, é a seguinte:
55% = União dos Emirados Árabes
40% = Estados Unidos
35% = Argentina, Malta, Sudão, Zâmbia
34.61% = Índia
34.5% = San Martin
34% = Brasil e Venezuela
33.99% = Bélgica
33.3% = França
33% = Camarões
32% = Moçambique, Namíbia e Paquistão
0% = Bahamas, Barain, Bermuda, Ilhas Cayman, Ilhas Man, Suriname, Vanuatu, Bonaire, Guernsey
A média global é de 23.62% e da OCDE é de 24.81%. Na América Latina a alíquota média é de 27.29%.
Entretanto, estas são as alíquotas, o que não significa que correspondam aos valores efetivos. A existência de lacunas na lei ou possibilidades de fazer o planejamento fiscal pode resultado num valor bem abaixo. Para um total de mais de 40 mil empresas globais, Damodaran estimou uma alíquota média menor que 14%, apesar do valor da alíquota na lei ser em torno de 24%.
55% = União dos Emirados Árabes
40% = Estados Unidos
35% = Argentina, Malta, Sudão, Zâmbia
34.61% = Índia
34.5% = San Martin
34% = Brasil e Venezuela
33.99% = Bélgica
33.3% = França
33% = Camarões
32% = Moçambique, Namíbia e Paquistão
0% = Bahamas, Barain, Bermuda, Ilhas Cayman, Ilhas Man, Suriname, Vanuatu, Bonaire, Guernsey
A média global é de 23.62% e da OCDE é de 24.81%. Na América Latina a alíquota média é de 27.29%.
Entretanto, estas são as alíquotas, o que não significa que correspondam aos valores efetivos. A existência de lacunas na lei ou possibilidades de fazer o planejamento fiscal pode resultado num valor bem abaixo. Para um total de mais de 40 mil empresas globais, Damodaran estimou uma alíquota média menor que 14%, apesar do valor da alíquota na lei ser em torno de 24%.
Imposto de Renda Zero
Minha opinião: o imposto sobre as sociedades deve ser zero. Não apenas uma alíquota zero, mas o imposto deve ser abolido. Reduzir uma alíquota é apenas um convite à renegociação, e um aumento rápido no futuro. Reduzir uma taxa mantém todos os lobistas atentos em manter todas as isenções em curso. Para reduzir um imposto, você deve seguir o conselho de um filme de zumbi - mate e crave uma estaca no seu coração. Queime o código, exclua do disco rígido.
Na minha melhor suposição, o imposto é inteiramente pago pelos consumidores em preços mais altos e trabalhadores com salários mais baixos. No entanto, funciona melhor apenas com uma mudança no imposto sobre o consumo (progressivo, se quiser) dos indivíduos.
Cochrane tem uma opinião radical sobre o imposto sobre o lucro. Provavelmente o imposto é favorável as empresas maiores, que possuem um grande departamento de planejamento tributário, e para as empresas que fazem trapaças.Além disto, alimenta uma indústria que não agrega valor para a economia: advogados tributaristas, contadores, servidores da receita, professores de normas etc.
O problema é que no Brasil seria difícil de implantar, já que o imposto sobre o consumo é elevado.
P.S. Sobre o assunto, a Receita prorrogou o prazo de apresentação da DIRF pelo atraso na disponibilização do software.
Na minha melhor suposição, o imposto é inteiramente pago pelos consumidores em preços mais altos e trabalhadores com salários mais baixos. No entanto, funciona melhor apenas com uma mudança no imposto sobre o consumo (progressivo, se quiser) dos indivíduos.
Cochrane tem uma opinião radical sobre o imposto sobre o lucro. Provavelmente o imposto é favorável as empresas maiores, que possuem um grande departamento de planejamento tributário, e para as empresas que fazem trapaças.Além disto, alimenta uma indústria que não agrega valor para a economia: advogados tributaristas, contadores, servidores da receita, professores de normas etc.
O problema é que no Brasil seria difícil de implantar, já que o imposto sobre o consumo é elevado.
P.S. Sobre o assunto, a Receita prorrogou o prazo de apresentação da DIRF pelo atraso na disponibilização do software.
Aquecimento Global
Abaixo, vídeo da Nasa mostrando o aquecimento global do século XIX até os dias de hoje.
26 janeiro 2017
Fies
Koike, em Aluno com Fies paga mensalidade mais cara (Valor. 24 de janeiro, B4) informa que as mensalidades pagas por estudantes com Fies – um financiamento do governo federal – são 8% mais altas do que os alunos sem Fies. Apesar da lei determinar que os descontos devam ser iguais para os dois grupos.
Segundo Koike, a prática é semelhante as companhias de aviação, que concedem desconto para diluir custos fixos. Na realidade isto não faz muito sentido, já que dependeria da suposição sobre a existência de uma ordem para entrar num curso: primeiro o aluno com financiamento e depois aquele sem.
Outra explicação é que o aluno busca o financiamento para depois procurar a instituição. Como o dinheiro está “garantido”, a instituição não se esforça para oferecer melhores condições em relação ao aluno sem financiamento. De certa forma isto é confirmado pela declaração de um executivo da ABMES, a associação que defende os interesses das faculdades: “os abatimentos pontuais, de caráter individual, (…) não precisam ser repassados para alunos beneficiados pelo programa estudantil”.
Acredito que existam duas outras razões: o horizonte temporal do pagamento e a assimetria informacional. Para o aluno com Fies, buscar um desconto pode não compensar em razão do valor do dinheiro no tempo. E talvez a informação do desconto fique restrita ao aluno e a instituição, criando uma assimetria e impedindo que o aluno com financiamento não busque um pagamento menor.
Segundo Koike, a prática é semelhante as companhias de aviação, que concedem desconto para diluir custos fixos. Na realidade isto não faz muito sentido, já que dependeria da suposição sobre a existência de uma ordem para entrar num curso: primeiro o aluno com financiamento e depois aquele sem.
Outra explicação é que o aluno busca o financiamento para depois procurar a instituição. Como o dinheiro está “garantido”, a instituição não se esforça para oferecer melhores condições em relação ao aluno sem financiamento. De certa forma isto é confirmado pela declaração de um executivo da ABMES, a associação que defende os interesses das faculdades: “os abatimentos pontuais, de caráter individual, (…) não precisam ser repassados para alunos beneficiados pelo programa estudantil”.
Acredito que existam duas outras razões: o horizonte temporal do pagamento e a assimetria informacional. Para o aluno com Fies, buscar um desconto pode não compensar em razão do valor do dinheiro no tempo. E talvez a informação do desconto fique restrita ao aluno e a instituição, criando uma assimetria e impedindo que o aluno com financiamento não busque um pagamento menor.
Links
Listagem dos 50 melhores carreiras dos EUA (5 vinculadas à contabilidade)
F1 foi vendida (e seu ex-chefão demitido)
Dados sobre o terrorismo no mundo
Uber: dilema entre caixa e crescimento (prejuízo de 3 bilhões em 2016)
O indicado de Trump para a SEC deve ser aprovado no senado
PwC contrata a equipe de impostos da GE
F1 foi vendida (e seu ex-chefão demitido)
Dados sobre o terrorismo no mundo
Uber: dilema entre caixa e crescimento (prejuízo de 3 bilhões em 2016)
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25 janeiro 2017
Falácia do WACC
Um dos erros cometidos pelos gestores de uma empresa é a falácia do WACC. Os administradores das empresas, procurando simplificar sua função, terminam por usar a mesma taxa de desconto para todos os projetos de investimentos. Assim, as decisões de investimento de maior risco terminam por apresentar uma configuração mais favorável, enquanto as alternativas menos arriscadas são descontadas por uma taxa maior do que a adequada. O resultado disto é uma decisão errônea, que distorce a rentabilidade do projeto e induz a tomada de risco mais elevada.
Isto também ocorre quando uma empresa está analisando a possibilidade de adquirir ou se juntar com outra entidade. Ao analisar o potencial de geração de caixa da operação, deve-se considerar taxa de desconto diferente daquela usada pela empresa.
Resumindo, a falácia do WACC decorre de escolher uma taxa de desconto única para todas as decisões. Cada decisão tem riscos específicos, que podem se traduzir em taxas maiores ou menores que aquela usada pela empresa.
Kruger, Landier e Thesmar, pesquisadores europeus, analisaram esta falácia no artigo The WACC Fallacy: The Real Effects of Using a Unique Discount Rate (publicado há mais de ano no Journal of Finance, em junho de 2015). O que considero interessante no trabalho dos autores foi o método usado. Sem ter como analisar cada decisão de cada empresa, os autores basearam na suposição de utilização do CAPM como forma de capturar o risco fundamental. A análise focou nas empresas diversificadas, onde a falácia do WACC seria mais provável. Assim, eles puderam perceber se as empresas estavam inclinadas a investir menos nas divisões de “baixo” beta do que nas divisões de “alto” beta. Suponha, por exemplo, que uma empresa possua três divisões: A, B e C e que os betas destas divisões (que poderia ser obtido pelos betas dos setores) seriam de 0,5, 1 e 1,5. Imagine que o beta médio desta empresa diversificada seja de 1. Assim, os projetos da Divisão A, que possui um beta pequeno de 0,5, seriam avaliados, caso existisse a falácia do WACC, usando não 0,5 mas 1. Provavelmente os projetos seriam rejeitados. Por outro lado, os projetos da divisão C seriam avaliados usando um beta menor do que deveria ser, sendo mais facilmente aprovados.
Os autores do estudo efetivamente encontraram que estas empresas caiam na falácia. Isto é surpreendente, pois geralmente as empresas diversificadas são grandes empresas. Deveríamos esperar que estas empresas tivessem uma qualidade de gestão maior que as empresas menos diversificadas. Outro aspecto, é que provavelmente estas empresas devem possuir áreas específicas que fazem a análise e seleção dos investimentos, com funcionários devidamente treinados. Não parece que isto seja verdade.
Isto também ocorre quando uma empresa está analisando a possibilidade de adquirir ou se juntar com outra entidade. Ao analisar o potencial de geração de caixa da operação, deve-se considerar taxa de desconto diferente daquela usada pela empresa.
Resumindo, a falácia do WACC decorre de escolher uma taxa de desconto única para todas as decisões. Cada decisão tem riscos específicos, que podem se traduzir em taxas maiores ou menores que aquela usada pela empresa.
Kruger, Landier e Thesmar, pesquisadores europeus, analisaram esta falácia no artigo The WACC Fallacy: The Real Effects of Using a Unique Discount Rate (publicado há mais de ano no Journal of Finance, em junho de 2015). O que considero interessante no trabalho dos autores foi o método usado. Sem ter como analisar cada decisão de cada empresa, os autores basearam na suposição de utilização do CAPM como forma de capturar o risco fundamental. A análise focou nas empresas diversificadas, onde a falácia do WACC seria mais provável. Assim, eles puderam perceber se as empresas estavam inclinadas a investir menos nas divisões de “baixo” beta do que nas divisões de “alto” beta. Suponha, por exemplo, que uma empresa possua três divisões: A, B e C e que os betas destas divisões (que poderia ser obtido pelos betas dos setores) seriam de 0,5, 1 e 1,5. Imagine que o beta médio desta empresa diversificada seja de 1. Assim, os projetos da Divisão A, que possui um beta pequeno de 0,5, seriam avaliados, caso existisse a falácia do WACC, usando não 0,5 mas 1. Provavelmente os projetos seriam rejeitados. Por outro lado, os projetos da divisão C seriam avaliados usando um beta menor do que deveria ser, sendo mais facilmente aprovados.
Os autores do estudo efetivamente encontraram que estas empresas caiam na falácia. Isto é surpreendente, pois geralmente as empresas diversificadas são grandes empresas. Deveríamos esperar que estas empresas tivessem uma qualidade de gestão maior que as empresas menos diversificadas. Outro aspecto, é que provavelmente estas empresas devem possuir áreas específicas que fazem a análise e seleção dos investimentos, com funcionários devidamente treinados. Não parece que isto seja verdade.
24 janeiro 2017
BT e fraude na Itália
A BBC informou que a empresa BT, uma ex-empresa estatal privatizada nos anos oitenta, constatou fraude na sua operação na Itália. Em razão disto, o preço das ações da empresa caiu em 18%. Apesar do problema já ser conhecido do mercado, a dimensão foi subestimada pela BT. As notícias indicam não somente que os problemas são maiores, mas que irão afetar os resultados nos próximos dois anos. Alega-se "comportamento inadequado" dos executivos da empresa na Itália.
Eleições e notícias falsas
Apresentamos novas evidências sobre o papel das histórias falsas divulgadas nas mídias sociais antes das eleições presidenciais de 2016 nos EUA. Com base em dados de audiência, arquivos de sites de verificação de fatos e resultados de uma nova pesquisa on-line encontramos: (i) a mídia social foi uma fonte importante, mas não dominante, de notícias no período pré-eleitoral, com 14% dos estadunidenses denominaram as mídias sociais com a "mais importante" fonte de notícias eleitorais; (ii) das notícias falsas conhecidas que apareceram nos três meses antes da eleição, aquelas que favoreceram Trump foram compartilhadas um total de 30 milhões de vezes no Facebook, enquanto aquelas que favorecem Clinton foram compartilhadas oito milhões de vezes; (iii) o estadunidense médio viu e lembrou-se de 0,92 história de notícias falsas a favor de Trump e 0,23 notícia falsas a favor de Clinton, com pouco mais da metade daqueles que se lembravam das notícias falsas acreditaram nelas; (iv) para as notícias falsas terem mudado o resultado da eleição, um único artigo falso precisaria ter o mesmo efeito persuasivo de 36 anúncios de campanha televisiva.
Social Media and Fake News in the 2016 Election - Hunt Allcott, Matthew Gentzkow
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Links
Descoberto que um morcego brasileiro se alimenta de sangue humano
A morte suspeita de uma jovem na Islândia, onde são cometidos dois assassinatos por ano
Os candidatos a pior filme do ano
Mr Coffee ou a história do café feito em casa
O fracasso (de crítica e de dinheiro) dos filmes baseados nos jogos
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Os candidatos a pior filme do ano
Mr Coffee ou a história do café feito em casa
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23 janeiro 2017
História da Contabilidade: Mucuri
A Companhia de Comércio e Navegação do Rio Mucuri foi criada em 1849 pelos irmãos Theophilo Benedito Ottoni e Honorio Benedicto Ottoni. Foi uma das primeiras empresas a emitir ações de Sociedade Anônima no Brasil (1). Tinha por objetivo estabelecer uma ligação entre o Rio de Janeiro e Salvador com o vale do Mucuri. Para isto, a empresa abriria estradas, implantaria uma linha fluvial entre a região e o mar, através do rio Mucuri, e promoveria a colonização da região com imigrantes. A empresa tornou-se uma das primeiras concessões públicas, uma espécie de Parceria Público-Privada do império (2).
Concebida por Theophilo Ottoni (3), que posteriormente batizou uma das cidades surgidas a partir da criação da empresa, teve um história de controvérsias e polêmicas. Weder Ferreira da Silva, na dissertação de mestrado (4), faz um importante apanhado histórico sobre a empresa e o papel de Otoni no desenvolvimento da região do Mucuri. O estudo da empresa permite conhecer melhor como era a contabilidade das empresas na metade do século XIX. Envolve questões relacionadas com a concessão, mas também a encampação de empresa, incluindo avaliação de bens em situação de liquidação.
Esta postagem irá se concentrar no relatório preparado por um dos peritos, no caso Jose Candido Gomes, que analisou a situação da empresa (5), assim como a documentação contábil da mesma. Conforme explica Silva, na dissertação de mestrado, dois peritos fizeram uma análise da Mucuri. Gomes, denominado de comissário árbitro, foi indicado pelo ministro dos Negócios da Agricultura, e Ernesto Otoni, dos acionistas; existindo divergência, a mesma seria decidida pelo presidente da província de Minas Gerais.
A leitura do parecer de Gomes permite inferir alguns aspectos interessantes sobre a contabilidade da empresa. Destaco aqui os seguintes pontos:
1) A Mucuri utilizava o método das partidas dobradas (6). Naquela época, nem toda entidade usava o método, como é o caso da administração pública, onde era predominante as partidas simples. Apesar disto, a escrituração estava baseada no regime de caixa; assim, uma dívida não estava registrada no passivo da empresa, exceto se tivesse transitado pelo caixa da empresa.
2) Não existia a demonstração de lucros e perdas, a atual demonstração do resultado. Entretanto, a partir das contas do “balancete” é possível fazer uma análise do desempenho da empresa. O problema maior estava na qualidade dos números apurados (7);
3) Outro aspecto destacado no parecer de Gomes é que a grande maioria das despesas eram classificadas numa única conta, de “despesas gerais”, o que impedia uma análise mais detalhada do desempenho da empresa. Como a empresa tinha vários negócios, não era possível saber se eram lucrativos; pela análise, provavelmente nenhum deles era, incluindo o comércio, que representava uma pequena parte da receita.
4) Um auditor iria reprovar as contas da empresa, já que a maioria dos lançamentos não tinham os documentos comprobatórios (8). Num dos casos, a contabilidade registrava que o volume de documentos era muito grande e não tinha sido encaminhado, da região de Mucuri para o Rio de Janeiro, onde ficava a sede da empresa, por serem grandes. As cartas entre os funcionários também não eram suficientes para comprovar os lançamentos, já que muitos acertos eram feitos verbalmente. Num dos recibos, a letra do funcionário era, segundo Gomes, igual a do guarda-livros (9).
5) Entre os ativos da empresa existiam seres humanos (10). Na época a escravidão era legalizada no país e estas pessoas eram consideradas como bens da empresa. Há uma discussão sobre o quantitativo de escravos, a “baixa” daqueles que foram alforriados pelo gestor ou dos que morreram entre o balanço e o levantamento dos bens da empresa. E também a amortização dos seres humanos pela perda de capacidade de trabalho em razão da idade.
6) Apesar de não existir claramente o conceito de depreciação ou amortização, o mesmo estava indiretamente apresentado no documento redigido por Gomes (11). Este perito, ao comentar sobre o valor dos ativos, destaca a necessidade de subtrair um percentual pelo uso ou desgaste do mesmo.
7) Para finalizar, há uma discussão muito interessante sobre se uma determinada quantidade de terra deveria ser considerada como ativo da empresa (12). Gomes traça um histórico da lei que deu a concessão para a Mucuri. Na norma, a empresa poderia receber do império terras devolutas caso cumprisse uma série de requisitos. Para o perito, em alguns casos a empresa cumpriu o expresso na norma; em outros casos, isto não ocorreu. Assim, para Gomes, este último caso não daria direito, para a empresa, de reconhecer as terras como ativo, ao contrário do que afirmava o perito da empresa, Ernesto Ottoni. Este ponto me fez lembrar da discussão do Iasb sobre a necessidade do ativo estar dentro da lei ou não.
O caso da Mucuri é muito interessante por mostrar que situações históricas podem enriquecer nosso conhecimento sobre a contabilidade.
(1) Salomão Neto, Flávio Henrique. Companhia de Comércio e Navegação do Mucuri: uma concessão de serviço público como forma de desenvolvimento de uma Região.
(2) Idem.
(3) Vide verbete na Wikipedia
(3) Colonização, Política e Negócios: Teófilo Benedito Otoni e a trajetória da Companhia do Mucuri (1847-1863) defendida no programa de pós-graduação de história da UFOP em 2009. O trabalho de Silva representa uma análise muito interessante dos fatos relacionados com a Mucuri.
(5) O relato foi publicado parcialmente no jornal O Constitucional, em diversas edições (ano I, números 7 a 19, 23, 28 e 29, 1862)
(6) número 7 do O Constitucional.
(7) Idem.
(8) número 8 do O Constitucional
(9) A questão da letra encontra-se no número 9 do O Constitucional.
(10) Este aspecto pode ser encontrado no número 8 e no número 15 do O Constitucional.
(11) Isto está no número 13 e 17 do jornal.
(12) Número 12 do jornal
Concebida por Theophilo Ottoni (3), que posteriormente batizou uma das cidades surgidas a partir da criação da empresa, teve um história de controvérsias e polêmicas. Weder Ferreira da Silva, na dissertação de mestrado (4), faz um importante apanhado histórico sobre a empresa e o papel de Otoni no desenvolvimento da região do Mucuri. O estudo da empresa permite conhecer melhor como era a contabilidade das empresas na metade do século XIX. Envolve questões relacionadas com a concessão, mas também a encampação de empresa, incluindo avaliação de bens em situação de liquidação.
Esta postagem irá se concentrar no relatório preparado por um dos peritos, no caso Jose Candido Gomes, que analisou a situação da empresa (5), assim como a documentação contábil da mesma. Conforme explica Silva, na dissertação de mestrado, dois peritos fizeram uma análise da Mucuri. Gomes, denominado de comissário árbitro, foi indicado pelo ministro dos Negócios da Agricultura, e Ernesto Otoni, dos acionistas; existindo divergência, a mesma seria decidida pelo presidente da província de Minas Gerais.
A leitura do parecer de Gomes permite inferir alguns aspectos interessantes sobre a contabilidade da empresa. Destaco aqui os seguintes pontos:
1) A Mucuri utilizava o método das partidas dobradas (6). Naquela época, nem toda entidade usava o método, como é o caso da administração pública, onde era predominante as partidas simples. Apesar disto, a escrituração estava baseada no regime de caixa; assim, uma dívida não estava registrada no passivo da empresa, exceto se tivesse transitado pelo caixa da empresa.
2) Não existia a demonstração de lucros e perdas, a atual demonstração do resultado. Entretanto, a partir das contas do “balancete” é possível fazer uma análise do desempenho da empresa. O problema maior estava na qualidade dos números apurados (7);
3) Outro aspecto destacado no parecer de Gomes é que a grande maioria das despesas eram classificadas numa única conta, de “despesas gerais”, o que impedia uma análise mais detalhada do desempenho da empresa. Como a empresa tinha vários negócios, não era possível saber se eram lucrativos; pela análise, provavelmente nenhum deles era, incluindo o comércio, que representava uma pequena parte da receita.
4) Um auditor iria reprovar as contas da empresa, já que a maioria dos lançamentos não tinham os documentos comprobatórios (8). Num dos casos, a contabilidade registrava que o volume de documentos era muito grande e não tinha sido encaminhado, da região de Mucuri para o Rio de Janeiro, onde ficava a sede da empresa, por serem grandes. As cartas entre os funcionários também não eram suficientes para comprovar os lançamentos, já que muitos acertos eram feitos verbalmente. Num dos recibos, a letra do funcionário era, segundo Gomes, igual a do guarda-livros (9).
5) Entre os ativos da empresa existiam seres humanos (10). Na época a escravidão era legalizada no país e estas pessoas eram consideradas como bens da empresa. Há uma discussão sobre o quantitativo de escravos, a “baixa” daqueles que foram alforriados pelo gestor ou dos que morreram entre o balanço e o levantamento dos bens da empresa. E também a amortização dos seres humanos pela perda de capacidade de trabalho em razão da idade.
6) Apesar de não existir claramente o conceito de depreciação ou amortização, o mesmo estava indiretamente apresentado no documento redigido por Gomes (11). Este perito, ao comentar sobre o valor dos ativos, destaca a necessidade de subtrair um percentual pelo uso ou desgaste do mesmo.
7) Para finalizar, há uma discussão muito interessante sobre se uma determinada quantidade de terra deveria ser considerada como ativo da empresa (12). Gomes traça um histórico da lei que deu a concessão para a Mucuri. Na norma, a empresa poderia receber do império terras devolutas caso cumprisse uma série de requisitos. Para o perito, em alguns casos a empresa cumpriu o expresso na norma; em outros casos, isto não ocorreu. Assim, para Gomes, este último caso não daria direito, para a empresa, de reconhecer as terras como ativo, ao contrário do que afirmava o perito da empresa, Ernesto Ottoni. Este ponto me fez lembrar da discussão do Iasb sobre a necessidade do ativo estar dentro da lei ou não.
O caso da Mucuri é muito interessante por mostrar que situações históricas podem enriquecer nosso conhecimento sobre a contabilidade.
(1) Salomão Neto, Flávio Henrique. Companhia de Comércio e Navegação do Mucuri: uma concessão de serviço público como forma de desenvolvimento de uma Região.
(2) Idem.
(3) Vide verbete na Wikipedia
(3) Colonização, Política e Negócios: Teófilo Benedito Otoni e a trajetória da Companhia do Mucuri (1847-1863) defendida no programa de pós-graduação de história da UFOP em 2009. O trabalho de Silva representa uma análise muito interessante dos fatos relacionados com a Mucuri.
(5) O relato foi publicado parcialmente no jornal O Constitucional, em diversas edições (ano I, números 7 a 19, 23, 28 e 29, 1862)
(6) número 7 do O Constitucional.
(7) Idem.
(8) número 8 do O Constitucional
(9) A questão da letra encontra-se no número 9 do O Constitucional.
(10) Este aspecto pode ser encontrado no número 8 e no número 15 do O Constitucional.
(11) Isto está no número 13 e 17 do jornal.
(12) Número 12 do jornal
Rir é o melhor remédio
Uma propaganda pode ser criativa e engraçada:
Poderíamos dizer: acabastes de aprender algo inútil. Leia a próxima postagem (sobre a Mucuri) e poderá aprender algo útil.
Poderíamos dizer: acabastes de aprender algo inútil. Leia a próxima postagem (sobre a Mucuri) e poderá aprender algo útil.
22 janeiro 2017
Links
Do que é feito a Nutella? Açúcar e ...
Ameaça do gênero: a mulher joga xadrez pior que os homens? (uma reflexão sobre a forma de cálculo de rating)
A CIA e o paranormal Uri Geller
Como a Islândia está lidando com as drogas entre os adolescentes (e vencendo)
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21 janeiro 2017
Fato da Semana
Fato: Desemprego em 2016
Data: 21 de janeiro de 2017
Contextualização - O blog Contabilidade Financeira acompanha o número de admitidos e demitidos do mercado formal de emprego no Brasil. Este é um número oficial obtido a partir do Caged, do governo federal. Compilamos informações como número de admitidos, demitidos, salário, formação, idade, gênero, tempo de emprego, entre outras informações. Os números de 2016, divulgados ontem, mostram como o ano foi ruim para o profissional contábil: quase 360 mil profissionais foram demitidos nos últimos 36 meses. Como outros foram contratados, a soma mostra uma redução de 32 mil vagas no mercado formal. E dezembro foi o segundo pior mês do ano em destruição de vagas. Mulheres, pessoas com curso médio, com idade média de 32 anos e escriturários foram os mais atingidos.
Relevância - O que está ocorrendo no mercado de trabalho é reflexo da crise econômica. Mas também pode ser decorrente da mudança estrutural no emprego, com a adoção de softwares que podem substituir o trabalhador.
Notícia boa para contabilidade? Ruim. Mas dois fatos agravam o problema: a possibilidade da crise continuar por mais alguns meses; e não sabemos se o problema é conjuntural (em decorrência dos problemas da economia) ou estrutural (mudança na estrutura do trabalho).
Desdobramentos - Janeiro deverá ser um mês melhor. Mas não apostamos não mudança no sinal, ou seja, que o número de admitidos seja superior ao demitidos. Outro ponto a ser analisado: menos emprego significa menor arrecadação dos Conselhos e mais pressão para mudança no Sistema CRC/CFC. Será?
Mas a semana só teve isto? - Tivemos dois fatos relevantes na semana: a posse de Trump e a morte do ministro do STF. Para o primeiro, os efeitos na contabilidade somente serão sentidos quando o novo chefe da SEC começar a trabalhar. O segundo fato poderá ter impacto sobre a investigação da corrupção no Brasil, mas isto ainda não está claro.
Data: 21 de janeiro de 2017
Contextualização - O blog Contabilidade Financeira acompanha o número de admitidos e demitidos do mercado formal de emprego no Brasil. Este é um número oficial obtido a partir do Caged, do governo federal. Compilamos informações como número de admitidos, demitidos, salário, formação, idade, gênero, tempo de emprego, entre outras informações. Os números de 2016, divulgados ontem, mostram como o ano foi ruim para o profissional contábil: quase 360 mil profissionais foram demitidos nos últimos 36 meses. Como outros foram contratados, a soma mostra uma redução de 32 mil vagas no mercado formal. E dezembro foi o segundo pior mês do ano em destruição de vagas. Mulheres, pessoas com curso médio, com idade média de 32 anos e escriturários foram os mais atingidos.
Relevância - O que está ocorrendo no mercado de trabalho é reflexo da crise econômica. Mas também pode ser decorrente da mudança estrutural no emprego, com a adoção de softwares que podem substituir o trabalhador.
Notícia boa para contabilidade? Ruim. Mas dois fatos agravam o problema: a possibilidade da crise continuar por mais alguns meses; e não sabemos se o problema é conjuntural (em decorrência dos problemas da economia) ou estrutural (mudança na estrutura do trabalho).
Desdobramentos - Janeiro deverá ser um mês melhor. Mas não apostamos não mudança no sinal, ou seja, que o número de admitidos seja superior ao demitidos. Outro ponto a ser analisado: menos emprego significa menor arrecadação dos Conselhos e mais pressão para mudança no Sistema CRC/CFC. Será?
Mas a semana só teve isto? - Tivemos dois fatos relevantes na semana: a posse de Trump e a morte do ministro do STF. Para o primeiro, os efeitos na contabilidade somente serão sentidos quando o novo chefe da SEC começar a trabalhar. O segundo fato poderá ter impacto sobre a investigação da corrupção no Brasil, mas isto ainda não está claro.
Presente Amargo
O ano de 2016 encerrou de maneira amarga para as pessoas que trabalham na área de contabilidade. Se o ano de 2015 mostrou que aquelas palavras sobre a empregabilidade da área eram balelas, um ano depois temos uma realidade muito dura. Segundo os levantamentos realizados pelo blog, a partir dos dados de empregos formais, para contadores e auditores, técnicos em contabilidade e escriturários de contabilidade, foram quase 92 mil admitidos, mas 115 mil demitidos.
A diferença entre admissão e demissão é o que chamamos de criação ou destruição de vagas. Desde 2014 esta diferença foi de 31.789 vagas; ou seja, foram demitidas 358 mil pessoas num período de 36 meses e foram contratados 326 mil. É normal a rotatividade no mercado de trabalho, mas os números de demissões são surpreendentes para uma área que se acreditava imune as crises. Para se ter uma ideia, o salário total dos demitidos desde 2014 é de 852 milhões. Retirando o salário dos demitidos, isto significa dizer que se deixou de receber, mensalmente, 196 milhões de reais com estas 31.789 vagas a menos.
Perfil - Quem foi contratado geralmente recebeu um salário médio menor. Em dezembro de 2016, por exemplo, os admitidos tinham um salário mensal de R$2.281, enquanto os demitidos deixaram de receber R$2.763, uma diferença de 21%. Nestes três anos, esta diferença geralmente esteve na casa dos dois dígitos, em torno dos 18%. Os demitidos tinham em torno de 30 meses, mas este número sempre esteve acima de 33 meses desde maio de 2016; isto é um sinal de que as demissões, que inicialmente estavam focadas nos funcionários mais novos, passaram a incluir os mais experientes. Outro fato observado pelo levantamento deste blog é que a idade média dos admitidos era menor que dos demitidos; em dezembro esta medida era de 30,37 anos para os admitidos e 32,54 anos para os demitidos.
Uma análise dos números revela que as movimentações têm prejudicado as mulheres (mais de 60% das movimentações líquidas), que possui o curso médio completo e os escriturários (55%). Um ponto relevante na análise é que mais de 75% das demissões são sem justa causa; em dezembro este percentual foi menor, de 70%.
Professor – A análise do mercado formal de trabalho dos professores de contabilidade mostra que a crise também afetou os docentes. Esta análise é feita de maneira acumulada, já que o número de movimentações é reduzido, e uma análise mensal poderia trazer uma ideia errônea do mercado de trabalho. Desde 2013 ocorreu a criação de 137 novos postos para professores. Entretanto, observa-se que desde novembro de 2015 o mercado está piorando substancialmente: naquele mês o número de admitidos superava os demitidos, em termos acumulados desde 2013, em 434 vagas. Em dezembro de 2016 este valor era bem menor. Outro aspecto revelado pelos números é o tempo médio de emprego aumentou de 29 meses, em janeiro de 2014, para 47 meses, em dezembro de 2016; ou seja, os professores com maior experiência estão sendo demitidos.
Perspectiva – Baseado nos três últimos anos é possível imaginar que o desempenho de janeiro geralmente é melhor que os outros. Entretanto, é preciso destacar que em janeiro de 2016 ocorreu uma redução no número de vagas. Apesar disto, em tendo por base os números da série histórica, ousamos a afirmar que o ritmo de demissões irá reduzir. Se dezembro foi o segundo pior mês de 2016, somente atrás de fevereiro, isto pode ser um sinal de que neste mês de janeiro o mercado formal de trabalho da contabilidade irá melhorar. É interessante lembrar que dezembro foi o pior mês de 2014 e 2015. Nestes anos, janeiro foi o melhor.
A diferença entre admissão e demissão é o que chamamos de criação ou destruição de vagas. Desde 2014 esta diferença foi de 31.789 vagas; ou seja, foram demitidas 358 mil pessoas num período de 36 meses e foram contratados 326 mil. É normal a rotatividade no mercado de trabalho, mas os números de demissões são surpreendentes para uma área que se acreditava imune as crises. Para se ter uma ideia, o salário total dos demitidos desde 2014 é de 852 milhões. Retirando o salário dos demitidos, isto significa dizer que se deixou de receber, mensalmente, 196 milhões de reais com estas 31.789 vagas a menos.
Perfil - Quem foi contratado geralmente recebeu um salário médio menor. Em dezembro de 2016, por exemplo, os admitidos tinham um salário mensal de R$2.281, enquanto os demitidos deixaram de receber R$2.763, uma diferença de 21%. Nestes três anos, esta diferença geralmente esteve na casa dos dois dígitos, em torno dos 18%. Os demitidos tinham em torno de 30 meses, mas este número sempre esteve acima de 33 meses desde maio de 2016; isto é um sinal de que as demissões, que inicialmente estavam focadas nos funcionários mais novos, passaram a incluir os mais experientes. Outro fato observado pelo levantamento deste blog é que a idade média dos admitidos era menor que dos demitidos; em dezembro esta medida era de 30,37 anos para os admitidos e 32,54 anos para os demitidos.
Uma análise dos números revela que as movimentações têm prejudicado as mulheres (mais de 60% das movimentações líquidas), que possui o curso médio completo e os escriturários (55%). Um ponto relevante na análise é que mais de 75% das demissões são sem justa causa; em dezembro este percentual foi menor, de 70%.
Professor – A análise do mercado formal de trabalho dos professores de contabilidade mostra que a crise também afetou os docentes. Esta análise é feita de maneira acumulada, já que o número de movimentações é reduzido, e uma análise mensal poderia trazer uma ideia errônea do mercado de trabalho. Desde 2013 ocorreu a criação de 137 novos postos para professores. Entretanto, observa-se que desde novembro de 2015 o mercado está piorando substancialmente: naquele mês o número de admitidos superava os demitidos, em termos acumulados desde 2013, em 434 vagas. Em dezembro de 2016 este valor era bem menor. Outro aspecto revelado pelos números é o tempo médio de emprego aumentou de 29 meses, em janeiro de 2014, para 47 meses, em dezembro de 2016; ou seja, os professores com maior experiência estão sendo demitidos.
Perspectiva – Baseado nos três últimos anos é possível imaginar que o desempenho de janeiro geralmente é melhor que os outros. Entretanto, é preciso destacar que em janeiro de 2016 ocorreu uma redução no número de vagas. Apesar disto, em tendo por base os números da série histórica, ousamos a afirmar que o ritmo de demissões irá reduzir. Se dezembro foi o segundo pior mês de 2016, somente atrás de fevereiro, isto pode ser um sinal de que neste mês de janeiro o mercado formal de trabalho da contabilidade irá melhorar. É interessante lembrar que dezembro foi o pior mês de 2014 e 2015. Nestes anos, janeiro foi o melhor.
20 janeiro 2017
Nova norma de Leasing
Em janeiro de 2016 o International Accounting Standards Board (IASB) emitiu a IFRS 16 – Leases, aplicável para exercícios que se iniciem em ou após 1 de janeiro 2019, cuja alteração mais significativa será a de exigir que os locatários reconheçam a maioria dos alugueres nos seus balanços.
De acordo com a nova norma, uma locação é um contrato que transmite para o locatário o direito de usar um ativo por um período de tempo em troca de uma consideração. Determinar se um acordo contém uma locação deve ter em consideração que o contrato deve transmitir o direito de controlar o uso de um ativo identificável ou apenas uma parcela fisicamente distinta do ativo (ex: terreno de um edifício). Determinar o direito de uso de um ativo vem trazer subjetividade adicional, nomeadamente na determinação se o locatário tem o direito de gerir o uso do ativo identificável, particularmente quando o contrato inclui também a prestação de serviços adicionais significativos.
Identificar e separar os componentes de leasing dos componentes de não leasing de um contrato poderá ser um exercício complexo que irá exigir mais informação a disponibilizar pelo locador, e/ou o uso de um preço base independente para a referida repartição (“stand alone selling price”).
No ativo, a empresa passa a conhecer o direito de uso do ativo (“right-of-use” ou “ROU”) que inclui: No Passivo reconhece-se a responsabilidade subjacente que não é mais que o valor presente dos pagamentos do leasing os quais incluem as considerações fixas, opções, penalidades, valores residuais entre outros considerados como ex-fluxos de caixa quase certos.
O reconhecimento do ROU trará dificuldades acrescidas, nomeadamente, o cálculo da respetiva duração do contrato, quer seja por não existir prazo definido (são exemplos os alugueres dos terrenos para a instalação dos aerogeradores dos parques eólicos, antenas, outros), quer seja por existirem opções de renovação que deverão ser avaliadas quando à sua realização. Acresce ainda a determinação do valor do aluguer dependente do tratamento que será dado às considerações variáveis e/ou não mensuráveis, como são exemplo as existentes nos contratos de aluguer de lojas e/ou espaços comerciais.
O registo do ROU e da responsabilidade subjacente em balanço irá alterar a leitura e interpretação de rácios e covenants e a forma como avaliamos a performance nos dias de hoje, nomeadamente e a título de exemplo, por via do aumento do reconhecimento de passivos, aumento de gastos com depreciações e gastos financeiros por oposição a um decréscimo de gastos operacionais com rendas.
Tendo em conta a relevância e transversalidade de impactos decorrentes de um processo de adoção da IFRS 16, sugere-se a sua avaliação antecipada nomeadamente ao nível contabilístico, financeiro, desenho de processos de controlo interno, cumprimento de covenants, entre outros, como garante de processo sem transtornos e de pleno compliance.
Fonte: Aqui
De acordo com a nova norma, uma locação é um contrato que transmite para o locatário o direito de usar um ativo por um período de tempo em troca de uma consideração. Determinar se um acordo contém uma locação deve ter em consideração que o contrato deve transmitir o direito de controlar o uso de um ativo identificável ou apenas uma parcela fisicamente distinta do ativo (ex: terreno de um edifício). Determinar o direito de uso de um ativo vem trazer subjetividade adicional, nomeadamente na determinação se o locatário tem o direito de gerir o uso do ativo identificável, particularmente quando o contrato inclui também a prestação de serviços adicionais significativos.
Identificar e separar os componentes de leasing dos componentes de não leasing de um contrato poderá ser um exercício complexo que irá exigir mais informação a disponibilizar pelo locador, e/ou o uso de um preço base independente para a referida repartição (“stand alone selling price”).
No ativo, a empresa passa a conhecer o direito de uso do ativo (“right-of-use” ou “ROU”) que inclui: No Passivo reconhece-se a responsabilidade subjacente que não é mais que o valor presente dos pagamentos do leasing os quais incluem as considerações fixas, opções, penalidades, valores residuais entre outros considerados como ex-fluxos de caixa quase certos.
O reconhecimento do ROU trará dificuldades acrescidas, nomeadamente, o cálculo da respetiva duração do contrato, quer seja por não existir prazo definido (são exemplos os alugueres dos terrenos para a instalação dos aerogeradores dos parques eólicos, antenas, outros), quer seja por existirem opções de renovação que deverão ser avaliadas quando à sua realização. Acresce ainda a determinação do valor do aluguer dependente do tratamento que será dado às considerações variáveis e/ou não mensuráveis, como são exemplo as existentes nos contratos de aluguer de lojas e/ou espaços comerciais.
O registo do ROU e da responsabilidade subjacente em balanço irá alterar a leitura e interpretação de rácios e covenants e a forma como avaliamos a performance nos dias de hoje, nomeadamente e a título de exemplo, por via do aumento do reconhecimento de passivos, aumento de gastos com depreciações e gastos financeiros por oposição a um decréscimo de gastos operacionais com rendas.
Tendo em conta a relevância e transversalidade de impactos decorrentes de um processo de adoção da IFRS 16, sugere-se a sua avaliação antecipada nomeadamente ao nível contabilístico, financeiro, desenho de processos de controlo interno, cumprimento de covenants, entre outros, como garante de processo sem transtornos e de pleno compliance.
Fonte: Aqui
19 janeiro 2017
Samsung
Família Lee Fonte: Aqui |
Um tribunal da Coreia do Sul rejeitou nesta quinta-feira (19) um pedido de prisão para o chefe do Samsung Group [publicamos aqui o link do pedido de prisão], maior conglomerado empresarial do país, por suspeita de envolvimento em um escândalo de corrupção que levou ao afastamento da presidente do país, Park Geun-hye, pelo Parlamento.
[...]
Lee, que comanda a Samsung desde que seu pai, Lee Kun-hee, sofreu um ataque cardíaco em 2014, ainda enfrenta as mesmas acusações de pagamento de propina, peculato e perjúrio, segundo analistas legais, mesmo que não esteja detido.
[...]
Lee é um dos suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção pelo suposto pagamento pela Samsung de 30 bilhões de wons (US$ 25,3 milhões) para uma empresa e fundações apoiadas por uma amiga pessoal da presidente Park em troca de receber permissão para uma fusão entre duas unidades do conglomerado em 2015.
Park teve o impeachment aprovado pelo Parlamento e agora aguarda decisão da Suprema Corte do país sobre o processo de impedimento.
A Samsung nega as acusações de lobbying para forçar uma fusão de US$ 8 bilhões com duas afiliadas Samsung em 2015: Samsung C&T e Cheil Industries.
Segundo a Fortune, mais de 20% do PIB da Coréia do Sul advém da Samsung. O caso de corrupção apagou todos os esforços de transição pacífica de poder entre o Lee patriarca, Lee Kun-hee, atualmente hospitalizado, para a segunda geração, seu filho Jay Y-Lee.
Segundo a Exame.com a fusão teria ajudado a solidificar a força do herdeiro que possuía 23% da Cheil Industries. Com a fusão, houve ganho de controle da fatia de 4,1% da Samsung C&T na Samsung Eletronics, responsável por cerca de 75% das receitas do grupo.
A procuradoria continuará as investigações e as ações aumentaram 1,5%.
Informação e Preço
Uma das grandes
vertentes de pesquisa na área financeira é como as pessoas reagem aos preços.
Nos dias de hoje, os pesquisadores utilizam o mercado acionário. Assim que uma
notícia é divulgada, é possível perceber a potencial reação dos investidores.
Caso a notícia não seja pública, alguns investidores podem atuar, comprando ou
vendendo ações e, por consequência, mudando o preço das ações. Assim, também é
possível usar o mercado acionário para verificar como as informações privadas,
que somente algumas pessoas possuem, afetam os preços. Nos dias de hoje o
problema é a grande quantidade de informação que é gerada, seja pública ou
privada. Como certificar que o movimento de preço de uma ação foi decorrente de
uma informação específica. De certa forma, culpa dos dias atuais.
No passado, quando o
fluxo de informação era muito menor, era mais fácil de associar uma informação
específica a um movimento de preço. Baseado neste princípio, um pesquisador da
Stanford University, Peter Koudijs, utilizou dados passados para tentar
entender como o movimento de preços atua diante de novas informações. Koudijs
estudou o mercado acionário de Amsterdã. A grande inovação na pesquisa é que
ele usou os dados do século dezoito, das empresas britânicas. A ideia é muito
interessante. Entre 1771 a 1787, o mercado de ações da cidade holandesa
negociava ações de companhias britânicas. Algo em torno de 20 a 30% dos
negócios destas empresas. As principais informações destas empresas eram
trazidas por barco, duas vezes por semana. Em alguns casos, o barco se
atrasava; em muitas situações, juntamente com as informações públicas – de
jornais, por exemplo, existiam informações privadas – cartas endereçadas a
investidores holandeses. Assim, Koudijs tinha um ambiente muito propício para
analisar o impacto de novas informações de conhecimento público, bem como as
notícias derivadas de informações particulares. Ele pode analisar como os
preços respondiam a chegada das notícias e, também, a “não” chegada de
notícias. O pesquisador calculou a volatilidade, a relação de preços entre o
mercado de Londres e Amsterdã, o efeito da liquidez das ações, entre outros
aspectos.
Koudijs descobriu que
as informações públicas explicaram mais de 50% da variância do retorno nos dias
da chegada do navio e 40% da variância total. Mas as informações privadas
também tinham um papel relevante: de 25% e 35%, nos dias com e sem navios.
Ao usar dados
“antigos”, muitas vezes desprezados pelos pesquisadores, Koudijs indicou a
relevância da informação na movimentação dos preços.
KOUDIJS, Peter. The
boats that did not sail. The Journal of Finance, vol 71 n. 3 , junho de
2016.
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