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16 fevereiro 2023

28 dezembro 2021

Mais informação? E o usuário?


Uma das características da contabilidade atual é um elevado número de informação disponibilizada para o usuário. Enquanto uma demonstração contábil típica possui uma ou duas páginas, as grandes empresas exageram no número de páginas que disponibiliza para o usuário. É bem verdade que isto não é somente culpa da empresa. Há diversas circunstâncias que conduzem a este comportamento.

Pesquisas mostram que as pessoas usam menos informações que acreditamos. E que este excesso de informação não é característica somente da contabilidade, mas também está presente, por exemplo, na pesquisa científica. E a solicitação de mais informação geralmente tem sido a tônica dos reguladores (por exemplo aqui), com algumas exceções. Neste sentido, até informação sobre probabilidade de mensuração tem sido discutida. Também já tratamos de alguns impactos comportamentais desta questão, como a dormência psíquica. Além disto, a Lei de Gresham mostra que mais informação é informação de pior qualidade, ao contrário do que pensa o IFAC, por exemplo. Lógico que devemos lembrar que os reguladores tem sua razão de ser na emissão de normas; são negócios, como outro qualquer.

Há também uma discussão sobre o fato da contabilidade ser a estância exclusiva de informação. Na verdade, não é mais. E dados alternativos são cada vez mais comum.

Esta discussão olha o preparador da informação, o papel do regulador, mas deixa um pouco de lado o usuário. Em muitos casos os usuários desejam mais informação, mesmo que isto não seja o melhor para ele.

Foto: Thea

16 dezembro 2021

Escondendo a informação

 The Economist mostra os efeitos do streaming sobre os filmes. Entre diversos tópicos, a revista britânica lembra que o streaming pode ter uma vantagem:

Os 50 mil atores americanos ganharam uma média de apenas US$22 por hora no ano passado, então a maioria fica feliz em receber o dinheiro adiantado e deixar o estúdio assumir o risco. Outro agente confidencia que clientes famosos preferem o sigilo dos streamers sobre as audiências do que o escrutínio público sobre os fracassos de bilheteria. 

Em outras palavras, para o ator famoso um filme exibido na HBOMax será melhor que um filme no cinema. No cinema é possível ter acesso ao sucesso ou fracasso, enquanto na HBO isto não seria possível. Veja que a lógica é de que a informação não é boa...

23 fevereiro 2021

Resposta: mais informação


O presidente da república emitiu um decreto que obriga os postos de combustíveis divulgar detalhes sobre os preços dos produtos. Isto inclui os valores dos tributos (que já é divulgado na nota fiscal) em local visível (o que é um conceito subjetivo). 

E tome informação. "A Secretaria-Geral da Presidência da República disse em nota que a medida foi proposta pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública e pelo Ministério de Minas e Energia (MME), juntamente com a Advocacia-Geral da União (AGU)"

Já comentamos sobre isto aqui: quando não sabe o que fazer, o regulador decide "pedir informação". O preço do combustível é composto por tributos e custo do insumo. A redução do preço dos derivados do petróleo não depende do posto, mas do governo e do fabricante. 

Mas a medida tem um efeito psicológico importante: indica, para o eleitor, que o governo está atuando. Errado, mas está. 

Imagem: aqui

19 fevereiro 2021

Informator: uma parábola da era da informação


Quando Bob Fischer surgiu no mundo do xadrez, derrotando Donaldo Byrne, com 13 anos, naquela que é considerada a partida do século, o seu talento era inegável, mas enfrentava uma barreira: como melhorar seu nível. Nestes casos, as pessoas costumam estudar, mas a literatura de xadrez em língua inglesa, nos anos cinquenta do século XX, era restrita. Para contornar a situação, Fischer começou a estudar russo para conseguir entender os livros de xadrez publicados na antiga URSS. 

Na época da guerra fria, os principais jogadores de xadrez do mundo eram soviéticos ou dos países europeus sob a influência russa. Como eles jogavam bastante entre si, o desenvolvimento de um jogador de xadrez era obtido através de muito estudo e muita prática. Já os adversários ocidentais de Fischer estavam mais dispersos e não tinham a mesma qualidade. E Fischer não tinha acesso ao conhecimento soviético do xadrez e das partidas que eram jogadas do outro lado do muro de Berlim. 

A situação enfrentada por Fischer começa a mudar em 1966, quando foi publicado o primeiro número do Chess Informator. Uma criação de fortes jogadores iugoslavos, o Informator era publicado duas vezes ao ano e as principais partidas que foram jogadas nos últimos meses. Para criar o Informator, os criadores tiveram que superar duas barreiras. A primeira é a reunião das partidas que eram disputadas nos torneios; a segunda, estabelecer um processo de análise que fosse possível o entendimento em qualquer língua mundial. O primeiro problema era um típico problema de captação da informação; o segundo, de comunicação da informação.

Uma partida de xadrez tradicional é anotada por cada um dos jogadores. Ao final de cada partida, a anotação deve ser entregue para os organizadores dos jogos. Esta anotação era o documento de comprovação do resultado, sendo assinada pelos jogadores. Até o surgimento do Informator, muitas súmulas com os jogos se perdiam. É bem verdade que alguns jogadores possuem uma grande capacidade de lembrar os lances de cada partida, podendo reproduzir a partida posteriormente. Mas os demais praticantes não tinham, muitas vezes, acesso a estes jogos. 

O Informator começou a recolher as partidas disputadas e a divulgá-las mundialmente. Com o tempo, os jogadores também encaminhavam as planilhas com os lances para o editores do Informator. E também os organizadores dos torneios começaram a perceber como era interessante divulgar as partidas que aconteceram. Com persistência, o Informator resolveu o primeiro problema. 

O segundo é tornar a divulgação e a análise dos jogos acessíveis para todos. Quando um jogador move o peão do rei na quarta casa, nós anotamos P4R ou “Peão na casa 4 do Rei”. Assim, eu consigo anotar todos os lances de uma partida, indicando a peça que foi movimentada e a casa de destino. Dois problemas aqui, sendo um pequeno e outro enorme. O pequeno problema é que Rei em português é “R”, mas é K em inglês (de King) e assim por diante. O Informator resolveu este problema de língua substituindo a letra de rei pela figura do rei. Com isto estava resolvido a primeira parte. Mas outro problema era a análise. Quando analisamos um lance de xadrez, indicamos se o mesmo foi bom ou ruim, se existia uma alternativa melhor ou a razão de uma alternativa óbvia não ser boa o suficiente. Como “traduzir” isto para que todos os jogadores do mundo pudessem entender? O Informator “inventou” uma forma de comunicação genial para que a análise realizada fosse entendia por todos.

Se o lance era bom, o analista indicava uma exclamação como um sinal de qualidade do lance “!”; um lance melhor receberia duas exclamações e algo genial seria premiado por três exclamações. Um lance duvidoso receberia uma interrogação (?); lances onde há uma dúvida se seria bom ou não, mas era provável de ser um bom lance, teria uma anotação “!?”; sendo duvidoso, mas se o analista achasse que talvez não fosse bom, a anotação seria “?!” (atente para a inversão do sinal). E por aí vai. 

Com isto, a análise do jogo era fácil de acompanhar para quem fazia a tradução da linguagem de sinais do Informator. A publicação chamou a atenção do mundo. Era o grande manual do que acontecia no mundo do xadrez. Fischer, enquanto se preparava para vencer Spassky na Islândia, estudava as partidas do Informator. Se no início as partidas eram analisadas pelos editores do Informator, com o tempo, os maiores jogadores começaram a querer publicar sua análise. Pense em algum grande jogador de xadrez dos últimos 70 anos? Deve ter publicado uma análise no Informator: Fischer, Botvinnik, Karpov, Kasparov, Smyslov, Tal, Petrosian e Spassky, são alguns dos nomes. Petrosian, por exemplo, analisou 509 jogos para o Informator. Mais recentemente, Krmanik, Anand, Duda, Artemiev, entre tantos, contribuíram com sua análise.

Com o tempo, o Informator passou a selecionar os melhores jogos entre aqueles publicados, apresentar uma tabela com alguns finais, informar o resultado dos principais torneios, entre outras coisas. O número de partidas publicadas foi (ainda é) significativo. Somente Korchnoi teve 1709 partidas publicadas lá. A importância do Informator para o xadrez é tamanha que Kasparov declarou: Somos filhos do Informator. 

O Informator ainda existe. Seu site encontra-se aqui www.sahovski.com. Mas o Informator ficou ultrapassado pelas rápidas análises dos algoritmos. Pela base de dados enorme existente nos dias atuais na internet. Ultrapassado, talvez; mas nunca foi irrelevante. 

P.S. Comecei a escrever esta postagem inspirada em um texto do Chessbase. Terminei misturando algumas informações do texto com minhas lembranças pessoais. Cheguei a comprar alguns exemplares do Informator. Para quem algum dia sonhou em ser um bom jogador de xadrez, reproduzir as partidas do Informator era o máximo.

P.S.2 A ascensão e queda do Informator é muito parecida com outras situações, como os jornais, a televisão aberta e outras situações. 

21 janeiro 2021

Mais informação é mais informação de baixa qualidade - II


Veja que interessante um texto do New York Times, que complementa a postagem anterior. Um reporter narra sua busca por livrar do vício de consultar o celular. Um primeiro texto fala sobre phubbing

Os psicólogos têm um nome para isso: “phubbing” ou desprezar uma pessoa em favor do seu telefone. Estudos têm mostrado que o phubbing excessivo diminui a satisfação no relacionamento e contribui para sentimentos de depressão e alienação.

Mas eu gostei mesmo quando ele apresenta uma grande solução para o assunto: aula de cerâmica !!

(...) a cerâmica é um substituto perfeito do telefone. É um desafio manual e exige concentração por horas a fio. Ele também suja as mãos, o que é um bom impedimento para mexer com eletrônicos caros.

14 janeiro 2021

Velho Oeste e Informação

Parece que a informação não tem nenhuma relação com o "velho oeste". Exagero? Nem tanto. Veja a imagem abaixo:

Segundo David Gracy II, o crescimento da pecuária após a guerra civil nos Estados Unidos ocorreu graças a informação. 

A gestão da informação no comércio de gado “tornou-se tão central para a ascensão da indústria quanto a criação de gado mais carnudo”. Questões como quem era dono do quê, preços de mercado e a localização das opções de remessa mais baratas levaram a novas ocupações de informações, como inspetores de marcas e contadores. (...)

Os animais individuais foram marcados com ferros quentes moldados em padrões exclusivos para mostrar propriedade. Essas marcas eram, idealmente, prontamente legíveis e à prova de ladrões. (...)

13 novembro 2020

Pandemia como uma questão de informação


Dos textos sobre a pandemia, este apresenta que o problema da pandemia não é de saúde pública, mas é um problema de informação. Isto parece muito estranho, mas ao final da leitura ficamos convencidos dos argumentos apresentados. 

O que precisamos saber é se uma pessoa pode colocar em risco a saúde das demais. Sabendo disto, podemos isolar esta pessoa, até sua cura, evitando a propagação do vírus. Em outras palavras, precisamos melhorar a nossa informação se alguém é infeccioso. Os testes usados, especialmente o PCR, são caros e demoram para sair o resultado. 

Essas desvantagens levaram um número crescente de especialistas em pandemia (como Michael Mina de Harvard, Carl Bergstrom da Universidade de Washington e Eric Topel de Stanford) a defender testes de antígenos que custam apenas US $ 1 a US $ 5 por pessoa e retornam os resultados em cinco minutos . Em vez de procurar fragmentos de RNA, esses testes buscam indicadores de que o vírus se infiltrou nas células. No entanto, os fabricantes de testes rápidos de antígenos têm dificuldade em obter aprovação regulamentar para eles. Os reguladores querem aprovar testes que possam dizer com precisão se alguém está infectado, para que os médicos possam confiar neles para prescrever o tratamento médico.

Mas o problema de informação que enfrentamos é diferente: queremos identificar pessoas infecciosas (em vez de infectadas) para que aquelas que podem espalhar o vírus possam evitar outras. E queremos fazer isso o mais cedo possível. O problema é que alguém pode ser infeccioso antes de apresentar os sintomas, o que geralmente leva as pessoas a fazerem um teste de PCR.

Enquadrar o problema como encontrar pessoas quando estão infectadas pode mudar o padrão pelo qual os reguladores julgam um teste. Uma pessoa é infecciosa quando tem uma grande carga viral presente. Mas o teste de PCR também identifica as pessoas como positivas quando têm uma carga viral baixa. (...)

Assim, com o teste rápido poderia ser usado em lugar de "medir" a temperatura das pessoas que estão entrando em um restaurante, clube ou local de trabalho. 

O autor do texto é Joshua Gans, que está lançando o livro The Pandemic Information Gap: The Brutal Economics of Covid-19 pela MIT Press. 

Contabilidade? - Há muito o que aprender com a pandemia e aplicar na contabilidade. As técnicas de rastreamento da doença possuem uma analogia óbvia com alguns dos principais problemas contábeis, como a questão do crédito de liquidação duvidosa. 

18 julho 2020

Falta de transparência de preço

Em "Empresas tomam ‘cartão amarelo’ da CVM e investidores ligam alerta", sobre empresas que estão em atraso em divulgar suas demonstrações contábeis, uma frase chamou a atenção:

O professor Michael Viriato, do Insper, ressalta que a falta de divulgação de documentos por uma empresa, em especial o balanço, pode ser problemática para o investidor. Ao retratar a situação financeira da companhia, por exemplo, o balanço pode ajudar portadores ou interessados em uma ação ou debênture a avaliar o risco daquela empresa. Isso ajudará essas pessoas a aferir qual é o valor justo por tais títulos.

“De posse dessas informações, o comprador deixa de pagar caro demais por uma empresa que não está tão boa. Da mesma forma, o vendedor do papel de uma empresa que não vai tão mal assim deixa de vender mais barato do que deveria”, explica.

Dois pontos:

(1) a falta de informação é uma informação. Quando uma empresa atrasa na divulgação, isto pode alertar o investidor para algo de errado com a empresa.
(2) O texto permite inferir que a falta de informação faz com que o comprador pague mais ao investir na empresa. Assim, o preço fica superestimado. Acredito, em razão do primeiro ponto, que o inverso seria o mais comum. Ao não divulgar as demonstrações, o preço, no mercado secundário, cai. Assim, talvez o correto seja, "comprador deixa de pagar barato demais por uma empresa que não está tão ruim".

Imagem: aqui

17 fevereiro 2020

Informação que faz diferença

Quatro anos depois que o Chile adotou as medidas mais abrangentes do mundo para combater a crescente obesidade, existe um veredicto parcial sobre sua eficácia: os chilenos estão bebendo muito menos bebidas carregadas de açúcar (...)

O consumo de bebidas adoçadas com açúcar caiu quase 25% nos 18 meses depois que o Chile adotou uma série de regulamentos que incluíam restrições de publicidade a alimentos não saudáveis, etiquetas de aviso ousadas na frente da embalagem e a proibição de junk food nas escolas. Durante o mesmo período, os pesquisadores registraram um aumento de cinco por cento nas compras de água engarrafada, refrigerantes diet e sucos de frutas sem adição de açúcar.


Quando a informação faz diferença.

Fonte: aqui

11 janeiro 2019

Cordel

A literatura de cordel é um gênero popular com origem no século XVI. O nome vem da forma como os folhetos eram expostos para venda, pendurados em barbantes. Desde o ano passado, a literatura de cordel é um patrimônio cultural imaterial do Brasil.

Um texto interessante mostra a dificuldade mostra a luta dos autores para manter viva a tradição da literatura de cordel. O texto descreve as perseguições e os problemas de manter o acervo produzido durante muito tempo. Também mostra como a migração interna, ocorrida no Brasil, foi importante para a divulgação deste tipo de literatura. Há anos conheço o "seu Manoelzinho", que produz cordel e lançou livro com este tipo de poesia.

Um ponto importante é a questão da produção e reprodução impressa da literatura. Veja um trecho onde se comenta a questão do custo de produção e reprodução da literatura e sua evolução recente:


Na tentativa do cordel de sobreviver, os poetas buscaram, ao longo das décadas, diferentes maneiras de concretizar seu trabalho. Inicialmente, os folhetos eram impressos em gráficas nas capitais e pequenas tipografias em cidades do interior. Com a proliferação de jornais e a diminuição do custo dos equipamentos, alguns poetas adquiriram suas próprias máquinas, ganhando autonomia no processo de produção e, consequentemente, de divulgação do trabalho. Entre 1910 e 1960, inicialmente no Nordeste, e depois com a circulação do cordel por outras regiões do país, constituiu-se uma rede de produção e venda que permitiu a autores e editores sobreviver dos folhetos.

05 janeiro 2019

Informação importante

Quando uma empresa deve fazer um comunicado importante ao mercado? Esta é uma dúvida importante. Apesar das empresas divulgarem informações trimestrais, muitos fatos ocorrem entre a data de divulgação de um trimestre em relação ao outro. Nestas situações, a empresa deveria usar um comunicado oficial ao mercado para divulgar informação importante.

Entretanto, muitas informações terminam sendo divulgadas de foram inadequada. Este parece ter sido o cado da Tesla. Ninguém tinha uma real imagem da empresa até que o seu executivo, Elon Musk, concedeu uma entrevista para um site e afirmou que a empresa estava “a pouca semana do caos”.

Esta realmente é uma informação importante.

Será que esse tipo de dúvida séria quanto à manutenção da Tesla como empresa em atividade não deveria ter sido divulgada por Musk e pela empresa antes do momento de crise, em vez de ser revelada depois? Musk não tem o dever de divulgar essas informações?

(...) “Você não tem a obrigação de divulgar acontecimentos relevantes diariamente”, diz John Coffee, diretor do Centro de Governança Corporativa da Faculdade de Direito de Columbia. “O silêncio não é passível de medidas judiciais, a menos que exista um dever de divulgar.”

Mas quando esse dever surge? De acordo com Tom Elder, sócio da gigante contábil BDO, caso o auditor e a administração de uma empresa tenham “sérias dúvidas” de que ela conseguirá se manter nos próximos 12 meses como “empresa em atividade”, eles têm o dever de divulgar isso aos acionistas. Mas esse dever está sujeito a um cronograma muito particular. Só importa a opinião deles no dia em que os dados financeiros são publicados. Uma crise que ameace a existência da empresa pode surgir e ser resolvida entre períodos de apresentação de demonstrações financeiras e permanecer em segredo. Elder explica: “Se a coisa estoura no segundo mês, mas no final do trimestre você fez um acordo que salvou os números, então a divulgação não é necessária”.

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30 novembro 2018

Simplicidade e custo

O novo padrão de reconhecimento da receita parece que aumenta a complexidade da contabilidade. Nos Estados Unidos, o Fasb permitiu duas formas para implementar este padrão, que já está em vigor. Uma opção é fazer um retroscesso completo para os investidores referente aos três anos anteriores. O segundo, mais simples, não faz esta “comparação” histórica, mas determina que a contabilidade da empresa mantenha as duas formas de contabilização (a que existia antes e a atual) durante o ano de adoção.

Uma análise da escolha da empresa diz muito sobre a questão do custo da contabilidade. Parece que a maioria das empresas optaram pela abordagem mais simples de reconhecimento da receita.

Outra notícia é que o Fasb emitiu uma minuta para discutir os conceitos de materialidade, que inclui a questão do conceito e o escopo. Além disto a norma lista aquilo que deve ser considerado na aplicação do conceito.

19 novembro 2018

Informação e decisão

A relação entre quantidade de informação e qualidade da decisão é bastante controversa. E precisamos cada vez mais de pesquisas. Mas este texto do The Economist, sobre a quantidade de dados no futebol e a melhoria nas decisões dos clubes, pode ser uma interessante discussão sobre o assunto:

Os olheiros de hoje, no entanto, têm acesso a imagens e estatísticas de todas as ligas do mundo. Raffaele Poli, chefe do Observatório de Futebol do CIES, diz que o afluxo de funcionários de empresas financeiras levou a um maior interesse pelo big data. Em 2012, o Arsenal comprou a StatDNA, uma empresa de análise americana. Tanto o Bayern Munique quanto o Manchester City trabalham com a SAP, uma empresa de software que forneceu insights para os vencedores da Copa do Mundo em 2014.

O resultado, diz Poli, é um mercado cada vez mais racional.

26 setembro 2018

Impacto da informação

Uma forma de determinar a influência de uma nova informação é usar o mercado de capitais. Este método tem sido a base dos estudos de eventos. Outra maneira é trabalhar com experimentos. Alguns deles são realizados em situações reais. Um exemplo encontra-se em uma pesquisa para tentar determinar se a informação da quantidade de calorias pode influenciar as escolhas das pessoas em um restaurante. Trata-se de um experimento de campo. Usando dois restaurantes, os pesquisadores receberam menus típicos, mas para um grupo existia a contagem de caloria.

Estimamos que os rótulos resultaram em uma redução de 3,0% nas calorias encomendadas, com a redução ocorrendo em aperitivos e entradas, mas não bebidas ou sobremesas.

17 agosto 2018

Tesla, Twitter e a divulgação de fato relevante

O empresário Elon Musk é conhecido pelo seu carisma e pela capacidade de fazer coisas “impossíveis”. Por este motivo, tem sido acompanhado de perto por aqueles que gostam de estudar o papel da liderança nas organizações. Musk pretende levar o homem no espaço, através da Space X (aqui, aqui e aqui, três postagens do blog sobre custos e a empresa), e que tornar o carro elétrico uma realidade, com a Tesla, uma empresa que produz pouco, mas tem um elevado valor de mercado.

No início de agosto, Musk colocou uma mensagem no Twitter dizendo que tinha planos de fechar o capital da empresa Tesla. E que estava disposto a pagar 420 dólares por ação para esta operação. O resultado disto foi que a SEC, o regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos, começou a investigar os executivos da empresa.

Um aspecto que não passou desapercebido é que o preço, de 420 tem uma imediata associação com “4/20” que, nos Estados Unidos, refere-se a consumir cannabis. Musk negou que estivesse fumando maconha quando colocou a mensagem no Twitter. Segundo ele, estava dirigindo um Tesla Model S, o que também não é permitido pelas leis de trânsito.

Antes disto, em uma conferência sobre os resultados da empresa, Musk se irritou com os analistas. Há uma grande pressão para que a empresa aumente a produção do automóvel. E está enfrentando ações trabalhistas, que inclui espionagem aos funcionários da empresa e existência de tráfico de drogas em uma unidade da empresa.

Na mensagem redigida no Twitter em 7 de agosto, Musk fala em “financiamento garantido” (imagem) para assegurar a possibilidade de fechar o capital da empresa. Dias depois, Musk detalhou um pouco mais o plano de financiamento para a empresa, no blog da Tesla. Musk deveria ter informado o regulador deste plano e com detalhes precisos, violando as regras de divulgação.

Há um depoimento, da rapper Azealia Banks bastante comprometedor. Banks foi convidada por Grimes, uma musicista e namorada de Musk, para passar alguns dias na mansão do empresário, para uma parceria musical. Banks disse que Elon começou a twittar mensagens malucas depois de uma experiência de três dias consumindo um certo produto. Incluindo a famosa mensagem.

Com respeito a avaliação, anteriormente Damodaran tinha avaliado a Tesla abaixo de 200 dólares a ação. Entretanto, Brad Cornell discordou da análise de Damodaran, mas seu resultado ainda é bem menor que os 420 dólares (ou 4/20) proposto por Musk. A análise de Cornell é bastante interessante, pois mostra como as mensagens de Musk alteraram o preço da ação da empresa. No dia 1 de agosto, a ação da empresa valia cerca de 300 dólares. Logo após o anúncio de resultados, o valor da Tesla aumentou para 8 bilhões de dólares ou 350 dólares. Após o twitter de 7 de agosto, o preço alcançou a 380 dólares. A mensagem provocou um rebuliço no mercado, provocando a interrupção da negociação. O mais importante é que Cornell usa o fluxo de caixa descontado, de maneira reversa, para mostrar que o valor de 420 dólares é inviável.

Além dos problemas com a SEC, com o Twitter e com os analistas, Musk parece estar enfrentando problemas de relacionamento com seus subordinados. Segundo a neurocientista Tania Singer, Musk estaria com o paradoxo do poder. O poder, segundo Singer, mudar o cérebro da pessoa, reduzindo a sua capacidade de espelhar emoções. A pessoa perde a capacidade de entender o que faz uma pessoa funcionar. Alguns depoimentos de ex-funcionários parece confirmar isto. O certo é que Musk está com um comportamento estranho.