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17 março 2024

Revisitando o desastroso acordo da HP

Nas últimas três décadas, a Hewlett-Packard realizou alguns dos acordos mais desastrosos do Vale do Silício. Um deles — a aquisição da Autonomy por 11 bilhões de dólares em 2011 — será foco na segunda-feira, dia 18 de março, quando o julgamento por fraude criminal de Mike Lynch, fundador da empresa britânica de software, está previsto para começar.


A HP declarou que registrou uma baixa contábil no acordo de 8,8 bilhões de dólares devido a fraude. Mas, como escreve Michael de la Merced do DealBook, a defesa de Lynch dependerá de reverter a sabedoria comum de que a Autonomy enganou a HP.

Muitos se lembram da Autonomy como um capítulo embaraçoso para a HP. O acordo foi orquestrado por Léo Apotheker, que como CEO da HP buscou transformá-la em uma empresa de software de ponta. Um ponto chave desse plano era comprar a Autonomy, que se concentrava em análise de dados.

Mas Wall Street se revoltou logo após o anúncio do acordo, e um mês depois Apotheker foi demitido. (James Stewart do The New York Times uma vez o chamou de um candidato ao pior CEO de tecnologia da história.) Lynch foi demitido em maio de 2012. Em novembro daquele ano, a HP registrou uma despesa contábil de 8,8 bilhões de dólares relacionada à Autonomy, citando "impropriedades contábeis" como a retrodatação de contratos e a caracterização inadequada de vendas de hardware para inflar receita.

Lynch buscou oferecer uma narrativa alternativa. Ele culpou executivos seniores que entraram em conflito com ele — incluindo Meg Whitman, que substituiu Apotheker como CEO da HP — pela desintegração da Autonomy. Seus advogados argumentaram que executivos da HP, por exemplo, sabiam sobre as vendas de hardware e não as haviam levantado como um problema.

Eles apontaram para emails internos mostrando cálculos variáveis do valor da Autonomy, que em um momento avaliaram seu valor em mais de 11 bilhões de dólares.

O acordo com a Autonomy teve consequências duradouras. Foi um grande golpe para a HP, que desde então foi ofuscada por empresas como Alphabet e Meta.

E Lynch, uma vez referido como o Bill Gates da Grã-Bretanha, foi repetidamente derrotado em batalhas judiciais ao longo dos anos. Caso ele perca o julgamento criminal nos EUA, ele enfrenta até 20 anos de prisão.

Se o leitor pesquisar poderá encontrar um grande número de postagens do blog sobre o assunto. Muitos anos depois, a impressão que ficou é que nenhum dos dois lados é santo: se Lynch enganou a HP, os executivos não foram céticos o suficiente (para não dizer que foram estúpidos). (Imagem gerada pelo ChatGPT a partir do texto acima)

19 maio 2023

Extradição coloca mais um capítulo da venda da Autonomy para HP


 

Mike Lynch, fundador e ex-dirigente da empresa Autonomy, foi extraditado para os Estados Unidos. Lynch é acusado de fraude e manipulação da contabilidade da empresa, especialmente quando da venda da Autonomy para a Hewlett-Packard (HP) em 2011.

As autoridades americanas alegam que Lynch e outros executivos da Autonomy inflaram artificialmente o valor da empresa, enganando a HP durante o processo de aquisição. A HP posteriormente alegou ter sofrido uma perda significativa devido às informações financeiras fraudulentas fornecidas pela Autonomy.

A batalha legal em torno do caso durou vários anos, com Lynch lutando contra a extradição para os Estados Unidos. No entanto, a Suprema Corte do Reino Unido decidiu a favor da extradição em abril de 2021.

Lynch enfrentará acusações de fraude eletrônica e conspiração nos tribunais dos Estados Unidos. Se condenado, ele pode enfrentar uma sentença de prisão significativa.

31 janeiro 2022

Mais um capítulo na fraude HP Autonomy


A distância temporal entre as notícias de um escândalo contábil e o seu término parece muito longa. Na última semana, um destes casos ter mais um capítulo adicionado: o caso HP Autonomy. 

Recapitulando em poucas palavras: a empresa HP resolveu adquirir a empresa de software Autonomy diante dos números que foram apresentados. Após o processo, a HP descobriu que muitos valores eram manipulados. A HP entrou na justiça, processando o empresário Mike Lynch (foto). Isto ocorreu em 2011. 

As notícias de agora dizem respeito ao processo de fraude que a HP moveu contra Lynch. O empresário perdeu a ação, segundo o julgamento de um Tribunal britânico. A HP queria um valor de 5 bilhões de dólares por danos, mas obteve um valor menor. Em 2011, Lynch ganhou 800 milhões pela venda e alegava que a HP geriu de maneira inadequada a Autonomy. Mas a justiça entendeu que realmente ocorreu manipulação nos números passados da receita da empresa, incluíndo resultado negativo na venda de software.

15 novembro 2020

Uma empresa malvada


Uma empresa talvez não precise ser boazinha. Mas ser a representação do mal talvez não seja o adequado. A tinta de impressora é um dos líquidos mais caros do mundo. Sabendo disto, as empresas que fazem impressoras querem aprisionar seu cliente, no pior sentido da palavra. Um texto bem interessante (dica de Claudio Santana, grato) trata da HP. Eis alguns trechos selecionados: 

Não surpreende, portanto, que a HP use de meios maquiavélicos para amarrar seus consumidores à companhia, desde impedir o uso de cartuchos de terceiros (prática que todas as fabricantes tentaram implementar) a planos de consumo supostamente vantajosos. 

(...) Hoje em dia, boa parte das impressoras para usuários finais funcionam online, permitindo ao usuário enviar documentos para impressão a distância, enquanto a fabricante pode despachar atualizações do firmware via OTA. 

E é aqui que reside o problema. Assim como a Lexmark, Epson e outras empresas, a HP odeia clientes "espertinhos" que usam cartuchos de tinta de terceiros, ou que recondicionam os antigos. É interessante para a companhia que os clientes continuem comprando novos cartuchos, mesmo quando você sabe que há tinta e a impressora diz que não, ou você quer imprimir um documento em preto apenas e ela diz "pouca tinta magenta, não posso imprimir". 

(...) Em março de 2016, a HP liberou uma controversa atualização para suas impressoras conectadas, que ao atualizar o firmware, instalava um contador programado para ativar um recurso em setembro do mesmo ano. O recurso fez com que os equipamentos rejeitassem cartuchos de terceiros, apenas os dela própria passaram a ser aceitos. A atualização foi calculada minuciosamente para coincidir com o período de volta às aulas, onde pais e estudantes deram de cara com a limitação ao comprar novos suprimentos e materiais escolares. 

Oficialmente a HP se refere ao update como uma "atualização de segurança", mas só se for para proteger a empresa dos seus consumidores. A "bomba-relógio" foi sob todos os aspectos um malware, programado para permanecer assintomático por meses, até ser ativado no momento oportuno. 

Claro que a marmotagem pegou muito mal. A HP entrou em modo full-caveat emptor, dizendo que nunca prometeu ao consumidor que suas impressoras iriam funcionar sempre com cartuchos que não fossem fabricados por ela mesma, e que a "medida de segurança" foi tomada para evitar que "cartuchos maliciosos", que pudessem comprometer os equipamentos, pudessem ser instalados. 

Como nada disso colou, a HP acabou liberando uma atualização que removeu o update malvado, apenas para fazer tudo de novo em 2017, 2018, 2019 e 2020, sempre sincronizando o disparo do malware com a volta às aulas. 

08 janeiro 2013

A pressa da HP

(...) Um ex-executivo da HP que trabalhou na empresa na época diz que parecia que Apotheker e o conselho de administração não sabiam o que fazer, e estavam tentando tudo o que conseguiam imaginar. Não era uma estratégia, diz ele. Era o caos.

O tamanho do caos ficou claro quando a HP anunciou, em novembro, que teria uma perda contábil de US$ 8,8 bilhões com o negócio relacionado à Autonomy, em meio a alegações de irregularidades no balanço na companhia de software. A HP diz que informou o problema à Securities and Exchange Commission (SEC), a comissão de títulos e câmbio americana, e ao Serious Fraud Office, do Reino Unido, e afirma que pretende entrar com suas próprias ações civis. O conselho de administração demitiu Apotheker no fim de 2011, apenas 11 meses após ele assumir o cargo, substituindo-o por Meg Whitman. E o trabalho da nova executiva-chefe ficou ainda mais difícil: a Autonomy está agora avaliada em cerca de 15% do valor pago pela HP.

Um olhar sobre a breve e inglória passagem de Apotheker mostra o quanto a HP se equivocou. Ele entrou para a companhia após uma longa e bem-sucedida carreira na fabricante alemã de softwares SAP. Embora admirado por seu intelecto (ele fala cinco idiomas) e energia, seu estilo autocrático de administrar dificultou muito suas tomadas de decisão, segundo afirmam muitos dos mais de uma dezena de ex-colegas da HP e da SAP entrevistados para este artigo, que pediram para ficar no anonimato por causa dos laços pessoais que têm com ele. Quando Apotheker assumiu, a Autonomy, que faz produtos para organizar as grandes quantidades de dados que inundam as redes de computadores das empresas, estava à venda havia meses e mantinha o banqueiro Frank Quattrone, da Qatalyst Partners, como chamariz de venda.

Quattrone e o executivo-chefe da Autonomy, Mike Lynch, primeiro ofereceram a companhia para a Oracle em uma reunião realizada em abril. Eles não mencionaram um preço, mas executivos da Oracle disseram a eles que o valor de mercado de US$ 6 bilhões da Autonomy não parecia ser justificado por suas finanças, segundo pessoas a par da reunião, que também pediram para não ter seus nomes revelados porque o encontro foi sigiloso. Mark Hurd, presidente-adjunto da Oracle (e ex-executivo-chefe da HP), concluiu que o negócio da Autonomy estava crescendo muito lentamente. Segundo essas pessoas, o diretor de fusões e aquisições Doug Kehring colocou em dúvida a elevada margem de lucro da Autonomy. Eles não levaram a proposta da Autonomy a sério, acrescentam as fontes. Em uma conferência telefônica com analistas em setembro, o executivo-chefe da Oracle, Larry Ellison, classificou o preço pedido pela Autonomy de "absurdamente alto".

Apotheker via a Autonomy como a passagem da HP para o mercado de software de altas margens, que na época respondia por menos de 3% das vendas da companhia. O executivo-chefe e seu diretor de estratégia e tecnologia, Shane Robison, contrataram a empresa de contabilidade KPMG para rever uma auditoria feita pela Deloitte na Autonomy em fevereiro. Um porta-voz de Apotheker diz que ele apresentou a aquisição para o conselho em uma reunião de dois dias no fim de julho de 2011. No mês seguinte, ele reagiu às objeções de sua diretora financeira Cathie Lesjak, de que o negócio seria caro demais. Apotheker ganhou a discussão e o negócio acabou seguindo em frente. (Lesjak não quis fazer comentários sobre o assunto.)

A Autonomy, que registrou um lucro operacional de US$ 395 milhões sobre vendas de US$ 931 milhões nos 12 meses antes de ser comprada pela HP, usava táticas contábeis agressivas para inflar seus resultados, segundo um ex-executivo da companhia que pediu para ficar no anonimato porque não quer ser visto como alguém que cospe no prato em que comeu. A Autonomy antecipava e contabilizava grande parte das receitas obtidas com a assinatura de um software chamado Zantaz, um programa baseado na internet que bancos e escritórios de advocacia usam para armazenar arquivos de computador para propósitos de conformidade às regras.

Ao reconhecer os pagamentos de uma só vez, em vez de espaça-los ao longo do tempo, a companhia inflava seus lucros. O tratamento contábil dado pela empresa a um sistema de arquivamento de e-mails e documentos, o Arcpliance, exagerava a verdadeira margem de lucro do produto, que não era amplamente usado, segundo executivos. No negócio dos softwares, o "reconhecimento de receita normalmente é a maneira predominante de se maquiar os balanços", já que as altas margens de lucro tornam mais tentador acelerar as vendas, afirma Dana Basney, diretor de serviços contábeis forenses da CBIZ MHM, empresa de contabilidade de San Diego. "Você consegue um retorno maior."

É difícil fiscalizar as normas contábeis no setor dos softwares por causa da dificuldade em mensurar os bens físicos, diz Michael Cusumano, professor de administração da Sloan School of Management do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Desde 1990, cerca de metade das companhias de softwares de capital aberto tiveram que recalcular suas receitas por erros na classificação das vendas e retornos dos produtos, ou porque lançaram pagamentos em curso por serviços de suporte técnico como vendas de licenças de produtos, segundo afirma Cusumano. "É preciso ser duplamente, triplamente cuidadoso para acreditar no que você vê no papel", diz ele. "Muitas vezes, as empresas de contabilidade não são especialistas em detectar esses tipos de fraudes. Elas podem ser muito bem escondidas."

Somente depois que um delator da Autonomy entrou em cena, no terceiro trimestre, foi que a HP tomou consciência dos problemas na fabricante de softwares. Após a revelação dos problemas na Autonomy, as ações da HP atingiram o menor patamar em dez anos, ampliando uma queda que eliminou mais de US$ 100 bilhões do valor de mercado da companhia em cinco anos. Apotheker e Whitman defendem a verificação feita antes do negócio com a Autonomy. Em um comunicado emitido em novembro, Apotheker chamou os procedimentos realizados na companhia de "meticulosos e completos", e disse que o escândalo contábil foi um "choque".

Whitman, que não teve autorização da HP para dar entrevista, disse a analistas, durante a conferência telefônica em que divulgou os resultados do quarto trimestre da HP, que o conselho fiou-se nas finanças auditadas pela Deloitte e a KPMG. A Deloitte não quis fazer comentários; a KPMG disse que sua única função foi fornecer uma série limitada de serviços não relacionados à auditoria. A Deloitte "obviamente não detectou esses problemas na época", diz o consultor jurídico geral da HP, John Schultz. "Teria sido muito difícil, ou mesmo impossível, para a HP detectá-los." Schultz diz que a Autonomy declarou de forma errada mais de US$ 200 milhões em receitas - incluindo a contabilização de vendas de PCs e mouses de computador como softwares. Lynch disse à agência "Bloomberg News" que seus métodos estão dentro dos padrões de contabilidade europeus e que a HP fez suas acusações para ocultar a má administração da unidade. "Isso não faz sentido", diz ele. "A HP está procurando um bode expiatório e não serei eu." (...)  (Tradução de Mário Zamarian)

Como a pressa em mudar pôs a HP em apuro - 7 de Janeiro de 2013 - Valor Econômico - Aaron Ricadela | Bloomberg Businessweek

03 dezembro 2012

HP

Os números referentes a aquisição da empresa Autonomy por parte da HP e a recente baixa contábil contam uma história interessante.

Quando a HP comprou a Autonomy, o valor de mercado da empresa era de 5,9 bilhões. A HP pagou 11 bilhões de dólares, um adicional de 5,1 bilhões. O valor contábil da empresa era de 2,1, indicando que o prêmio sobre o valor contábil pago pela HP foi de 8,9 bilhões. Logo após a aquisição, a HP perdeu 15 bilhões de dólares de valor de mercado. É bem verdade que parte da redução do valor de mercado deve-se a outros fatores, mas provavelmente a aquisição talvez tenha influenciado na penalização do mercado.

Na baixa contábil realizada recentemente o valor foi de 8,8 bilhões, sendo cinco bilhões referentes à perda de valor do negócio, em razão de “problemas contábeis”. Observe que este valor é muito próximo ao ágio pago pela HP em relação ao valor de mercado da empresa.

Coincidência?

30 novembro 2012

HP

Um texto de Floyd Norris, do The New York Times (A Clash Of Auditors In H.P. Deal And Loss, 29 de nov de 2012) discute o papel dos auditores no problema da HP.

Norris lembra que as big four estão, de uma forma ou de outra, envolvidas na questão:

1) a Autonomy, empresa britânica que foi adquirida pela HP e motivou a baixa contábil de 8 bilhões de dólares, era auditada pela Deloitte inglesa.
2) a HP é auditada pela Ernst & Young, que no passado deu parecer nos investimentos feitos na empresa britânica.
3) a HP contratou a KPMG para realizar a due diligence no processo de aquisição da Autonomy e que não apontou nenhum problema na contabilidade. (Mas aparentemente a empresa KPMG nega este papel)
4) com a denúncia de problemas na Autonomy, a PwC foi contratada para fazer uma investigação, que resultou na baixa contábil.

Além disto, algumas das empresas prestaram também serviço de consultoria. A empresa inglesa pagou para Deloitte serviço de consultoria.

Um complicador, segundo Norris, é que as normas contábeis dos Estados Unidos são mais específicas quanto a contabilização de receita, enquanto as IFRS são mais gerais. Isto tem relação com a tentativa de convergência das normas sobre reconhecimento de receitas, que ainda não está pronta.

Observando o comportamento das grandes empresas de auditoria fica claro que somente a PwC deve se salvar da confusão.

28 novembro 2012

Ainda HP

A HP anunciou uma grande baixa contábil em razão de problemas descobertos numa empresa recentemente adquirida. Consideramos, aqui neste blog, como o fato da semana.

O antigo controlador da Autonomy, a empresa adquirida, questionou, numa carta aberta para a HP, as acusações. Ele insiste que está sendo acusado injustamente e quer evidências dos problemas contábeis na sua ex-empresa. A HP respondeu indicando que não irá trazer este assunto a público, deixando por conta dos reguladores ingleses a investigação. A resposta da HP também foi pública.

Cresce a impressão de que a HP precisa, urgentemente, de um novo conselho de administração. Além disto, ficamos sabendo hoje que o contador da HP vendeu suas ações da empresa após a aquisição da Autonomy e antes que os problemas fossem de conhecimento público. E que a Autonomy pagou 2,7 milhões para Deloitte em 2010, sendo 1,5 milhão para auditoria.

24 novembro 2012

Fato da Semana

Fato da Semana:

Fato: A baixa contábil da HP, levantando suspeita sobre o processo de aquisição realizada no passado de uma empresa inglesa, incluindo a empresa de auditoria.

Qual a relevância disto? Mais um escândalo contábil? Ou seria um escândalo da administração da HP, que não possuía um critério mais adequado de comprar empresas? Qualquer que seja a situação, ainda será notícia, pelos próximos dias, a baixa contábil da empresa e o efeito sobre o resultado.

Inicialmente a gestão da HP deixou uma dúvida no ar de que a aquisição da Autonomy foi realizada tendo por base os pareceres sem ressalvas da auditoria. O auditor resolveu não se pronuncia, alegando informações confidenciais. Existe a suspeita que a Autonomy tinha problemas de contabilização das receitas de vendas de software. E que as últimas demonstrações estavam infladas, o que entusiasmou a HP na aquisição.

Mas atitude da direção da HP não foi adequada, já que alguns analistas já tinham uma grande desconfiança sobre a qualidade dos números da Autonomy. Além disto, a aquisição foi aprovada num conselho do qual fazia parte a atual presidenta da empresa.

Em linhas gerais, o nome da HP pode estar ao lado de nomes como Enron, WorldCom, Samtyan, entre outros.

Positivo ou negativo? Ainda parece cedo, já que não sabemos qual o papel do auditor na história. Mas parece que novamente a contabilidade é notícia pelo envolvimento em um escândalo. Ou seja, negativo.

Desdobramento – Alguns aspectos ainda não esclarecidos serão divulgados nos próximos dias. Provavelmente existirá uma grande pressão sobre a atual direção da empresa, que não soube conduzir o processo. Mas também deverá existir uma investigação sobre as práticas contábeis da Autonomy.

HP

Quando a Hewlett-Packard investiu aproximadamente US$ 10 bilhões na compra da empresa de software Autonomy, achava que estava comprando um pedaço do futuro - investindo na tendência dos grandes dados. Mas a aquisição acabou sendo um fracasso. E não só porque a HP amortizou US$ 5 bilhões da compra.

A infeliz união das empresas é uma lição para a HP e outras gigantes do setor de tecnologia, que apostam bilhões de dólares na aquisição de empresas que aparentemente estão mudando o jogo, na tentativa de estabelecer uma base para o futuro.

Nesse futuro, os smartphones e os tablets, conectados a centros de dados de computação em nuvem, são instrumentos essenciais de trabalho. E vastos fluxos de dados são continuamente analisados para encontrar novos padrões e fazer previsões sobre consumidores e produtos. A Autonomy produz software que analisa padrões de marketing e orienta empresas em temas como onde ela deve aumentar seus recursos de marketing.

Essas forças ameaçam empreendimentos mais antigos, como os tradicionais produtos de armazenamento de dados e computação pessoal da HP. Companhias como Oracle, Microsoft e Cisco também enfrentam a pressão. Estão todas tentando comprar o futuro.

Em julho a Microsoft decidiu pagar US$ 1,2 bilhão pela Yammer, que fabrica uma espécie de Facebook para escritório. A Oracle pagou recentemente mais de US$ 3,4 bilhões por duas pequenas empresas que fornecem software para administração de vendas e recursos humanos. No domingo passado, a Cisco fez um acordo de compra, por US$ 1,2 bilhão, da Meraki, que administra o serviço de internet gratuito sem fio na Starbucks. Existem muitos acordos desse tipo.

O ritmo de mudanças é tão rápido que o Google - até recentemente visto como destruidor dos pequenos - pagou US$ 12,5 bilhões pela Motorola Mobility, para fortalecer os smartphones concorrentes da Apple. No início deste ano, o Facebook gastou US$ 750 milhões no Instagram para não perder o que virá em seguida na mídia social.

Mas identificar o que virá no futuro é difícil, disse Jeffrey Sonnenfeld, professor de administração na Yale University. "Aquisições como a da Autonomy têm 40% de chances de sucesso e 60% de fracasso", disse ele. O risco está no fato de que as empresas consideram tais aquisições "vitórias naturais, inevitáveis". Para o professor, elas devem ser vistas "a título de investimento, como no campo da pesquisa e desenvolvimento".

O ritmo de aquisições não chega ao nível observado durante a bolha da internet, nos anos 1990, quando a Cisco pagou US$ 9,6 bilhões por três empresas de rede que os executivos, à época, disseram que não renderiam nenhum benefício. Em 2002, a AOL Time Warner abateu US$ 54 bilhões a título de fundo de comércio relativos à sua atribulada fusão.

Mas houve também sucessos notáveis. A EMC, fabricante de equipamentos de armazenamento de dados, pagou em 2003 US$ 625 milhões pela VMWare, empresa de computação em nuvem. Hoje, a participação da EMC equivale a US$ 30 bilhões.

A Microsoft, que pagou US$ 5,5 bilhões pelo Skype em 2011, informou que a Yammer será incluída no software de produtividade e comunicações da versão premiada do Office sem nenhum custo. Mas não informou se, ou como, a Yammer propriamente dará lucro.

Na verdade, o problema da Autonomy tem a ver menos com as vendas, que são questionáveis, e mais com a sua tecnologia, disse Leslie Owens, que faz análises de dados na Forrester Research. "A HP achou que era uma plataforma inteiramente nova, mas os clientes da Autonomy disseram que ela não é tão boa quanto o produto de busca para empresas do Google", disse ela.

A Autonomy, que foi criada há 16 anos, "baseava-se no uso de algoritmos poderosos", disse Leslie. Mas o software não estava sintonizado com "os novos tipos de sinais de busca, o que seus amigos estão fazendo, que pessoas gostam do que você está fazendo, que outros dados você deve evitar".

Numa demonstração do produto da Autonomy no mês passado, a HP parecia ter resolvido alguns desses problemas, mas outros ficaram. Um aplicativo para ajudar a saber o que pagar por anúncios na internet inicialmente não funcionou, e depois apresentou resultados similares aos de vários outros produtos.

"Continuamos totalmente comprometidos com a Autonomy e sua tecnologia de vanguarda", informou a HP em comunicado. A empresa acusou a Autonomy de contabilizar inadequadamente grande parte das suas vendas nos anos anteriores à compra pela HP. A companhia amortizou a soma de US$ 5 bilhões relacionada ao preço de aquisição da Autonomy.

"Foi muito decepcionante", afirmou a presidente da HP, Meg Whitman, referindo-se à amortização feita. "Nós integramos a tecnologia em vários lugares; e vamos integrá-la ainda mais."


Tropeço da HP mostra o risco de ‘comprar o futuro’ - 22 de Novembro de 2012 - Quentin Hardy, The New York Times

23 novembro 2012

Mais sobre a Hewlett-Packard

- Segundo o Livermint, o autor da denúncia sobre as irregularidades na Autonomy poderá receber uma recompensa de 10% a 30% dos valores recolhidos pela SEC e outros reguladores norte-americanos. (Lembram-se da nossa postagem intitulada "Delator"?). São exigidos pré-requisitos, mas acredita-se que todos foram cumpridos: a sanção deve ser superior a um milhão de dólares; as informações devem ser originais, cedidas voluntariamente e previamente apresentadas às autoridades da própria Autonomy. O denunciante só receberá o dinheiro quando o governo norte-americano receber, obviamente.

- A Reuters destacou que o FBI está investigando o caso, mas nem a agência tampouco a HP se pronunciou sobre o assunto.

- Oracle chegou a analisar a Autonomy, mas não se interessou.

21 novembro 2012

Fraude contábil na HP

A empresa HP anunciou um prejuízo líquido de 12,7 bilhões de dólares. Em termos comparativos, no mesmo período do ano anterior a empresa teve um lucro de US$ 7,1 bilhões.

A razão do resultado está em baixas contábeis de 8,8 bilhões de dólares referentes a uma aquisição realizada em 2011 de uma empresa de software britânica chamada Autonomy. Segundo a HP a baixa estaria "ligada a sérias inexatidões contábeis, falhas na publicação de dados e distorções completas" que ocorreram na Autonomy antes da aquisição pela HP.

Durante a divulgação do resultado, a CEO da HP foi questionada sobre a responsabilidade. Meg Whitman afirmou que o conselho da empresa utilizou os dados auditados pela Deloitte, “não uma marca X de empresa contábil, mas a Deloitte”, que durante o processo de aquisição contratou a KPMG e ambas auditorias não viram os problemas recentemente revelados.

A resposta da executiva da HP não explica, no entanto, a razão da HP ter pago 11 bilhões de dólares pela Autonomy.

A HP teve recentemente uma troca no seu comando, quando em setembro Meg Whitman assumiu seu cargo após a demissão do executivo anterior, e está em processo de reestruturação, que inclui a demissão de 27 mil funcionários no mundo.

A compra da Autonomy ocorreu em 2011, quando a HP pagou 11 bilhões pela empresa de software com sede em Cambridge. A HP registrou 6,6 bilhões de goodwill e 4,6 de outros intangíveis, que foram os ativos baixados, parcialmente, nesta semana. Na época da compra, a CFO da HP, Cathie Lesjak, alertou o então CEO, Leo Apotheker, que o preço era muito alto. Seu apelo não foi considerado e o conselho da empresa, do qual fazia parte a atual CEO, Whitman, aprovou a operação.

A HP aparentemente descobriu que a Autonomy inflava números contábeis. Uma das fraudes era vender produtos com baixa margem e registrar para do custo como sendo despesa de marketing e não custo do produto vendido.

A descoberta do problema ocorreu somente em maio deste ano, quando o fundador da Autonomy, Mike Lynch, deixou a empresa - mas, rejeita as alegações de fraude. E acrescenta que estaria chocado
com as acusações. Relembra, ainda, que a empresa possui há dez anos ações negociadas na bolsa e que durante este tempo a Deloitte auditou a empresa. Para Lynch pode ser coincidência  que os problemas tenham sido anunciados junto com o pior resultado dos setenta anos de vida da HP.

O parecer da Deloitte foi limpo, indicando que as demonstrações expressavam a situação da empresa. Apesar da complexidade do reconhecimento de operações em empresas de software, a Deloitte tem um roteiro para estas situações. 

09 fevereiro 2012

Rir é o melhor remédio

Ingressos para ver o time do coração: R$ 40,00

Vestido novo para formatura: r$ 180,00

DVD da banda favorita: R$ 35,00


----PORÉM...

Somar 4 páginas de contas patrimoniais na HP12C e ver no visor que o ATIVO fechou com o PASSIVO durante uma prova de contabilidade:

... I S S O N Ã O T E M P R E Ç O ! !

Autor: Wailen Antonio
Fonte: Vida de Contador

22 dezembro 2010

Escândalo na HP

As autoridades regulatórias norte-americanas estão investigando os acontecimentos relacionados à abrupta renúncia de Mark Hurd como presidente-executivo da HP (Hewlett-Packard). Ele deixou o cargo após escândalo sexual.

A investigação da SEC (Securities and Exchange Commission, órgão que regulamenta e fiscaliza o mercado de capitais dos Estados Unidos) foi reportada inicialmente pelo "Wall Street Journal", que mencionou fontes não identificadas segundo as quais a agência estaria investigando alegações de que Hurd revelou informações privilegiadas a uma ex-prestadora de serviços da HP antes da compra da EDS por US$ 13,9 bilhões, em 2008.

A saída de Hurd, em agosto, chocou os investidores e causou queda de 8% nas ações da HP no dia posterior ao anúncio. Hoje co-presidente da Oracle, o executivo deixou seu posto anterior sob o efeito de acusações de assédio sexual, ainda que o conselho da empresa não tenha encontrado provas que sustentassem as alegações.

A HP em lugar disso acusou Hurd de apresentar relatórios incorretos de despesas pessoais com o objetivo de ocultar um "relacionamento pessoal estreito" com uma antiga prestadora de serviços da companhia, Jodie Fisher [foto], uma funcionária terceirizada que trabalhou para o gabinete de Hurd de 2007 a 2009. Representantes de Hurd negam essa acusação.



Agora, o governo norte-americano também está estudando as alegações de relatórios de despesa indevidos que teriam sido apresentados por Hurd na HP, e tenta determinar se o executivo destruiu provas armazenadas em computadores antes de sair da companhia, segundo o "Wall Street Journal".

A HP confirmou à investigação da SEC, mas se recusou a comentar o que especificamente o governo estaria investigando. Um porta-voz de Hurd se recusou a comentar.

"A HP está cooperando plenamente com a SEC em sua investigação", informou uma porta-voz da gigante da tecnologia. A Oracle se recusou a falar sobre o assunto, bem como a SEC.

Jodie Fisher, a prestadora de serviços que ocupa posição central na polêmica que levou à saída de Hurd, alegou em carta datada de 24 de junho que o executivo teria divulgado detalhes sobre os planos da HP para a adquirir a EDS antes que a transação tivesse sido anunciada, afirmou uma fonte no mês passado. Representantes de Hurd negaram as alegações, que constavam da mesma carta na qual Fisher o acusava de assédio.


Comissão dos EUA investiga saída de presidente da HP após escândalo sexual
DA REUTERS, EM SAN FRANCISCO – Folha de S Paulo

Aqui notícia do New York Times. Desde a saída do executivo da empresa, a HP perdeu 9 bilhões de dólares de valor de mercado. O caso revelou-se mais interessante para a imprensa quando descobriram que Fisher tinha participado de filmes adultos no passado.

07 dezembro 2006

Notícias


1. O capitalismo brasileiro - sobre a Medley, empresa na área de genéricos - Clique aqui

2. É época de fusão - Clique aqui

3. Estréia "Enron: The Musical" em Houston, Texas. Clique aqui para ler

4. Amazon irá utilizar a HP para imprimir mais de 20 bilhões de páginas por ano em livros de baixo volume. Clique aqui para ler

11 outubro 2006

Machismo 02

Onde foi postado uma reportagem sobre o machismo no Brasil. (Clique aqui)
Hoje uma reportagem do Wall Street comenta as demissões de duas mulheres poderosas da HP, Fiorina e Dunn, as semelhanças e diferenças dos casos. Também lá fora é raro uma mulher chegar ao poder. A seguir:

O lado feminino da crise na HP

October 11, 2006 4:05 a.m.

Por Alan Murray
The Wall Street Journal

Se existissem mais mulheres no topo da pirâmide corporativa, talvez fosse mais fácil ignorar o fato de que o conselho de administração da Hewlett-Packard expulsou duas delas nos últimos 20 meses. Mas não existem. Então você tem que se perguntar: será que o sexo tem alguma coisa a ver com isso?

Não há ressentimento entre Carly Fiorina, demitida do cargo de diretora-presidente da HP em fevereiro de 2005, e Patricia Dunn, que foi cortada da presidência do conselho no mês passado. Dunn teve um papel importante na demissão de Fiorina. De acordo com os outros membros do conselho, ela foi um dos últimos integrantes a tomar partido na briga amarga sobre a ex-diretora-presidente.

Fiorina suspeita que Dunn, no final das contas, juntou-se aos seus oponentes como parte de um acordo para tornar-se presidente do conselho. Dunn diz que o cargo só foi discutido com ela depois que o conselho votou pela saída de Fiorina. Fiorina critica Dunn em seu novo livro, Tough Choices (Escolhas Difíceis), ao escrever que "suas opiniões eram freqüentemente difíceis de discernir". Dunn acusa Fiorina de fechar os ouvidos para o conselho de administração.

Mesmo assim, há uma estranha irmandade entre as duas mulheres. Elas têm quase a mesma idade — Fiorina tem 52 anos e Dunn, 53. Dunn ainda refere-se a Fiorina como uma "heroína" e escreveu-lhe um recado carinhoso depois que ela foi demitida e que dizia quase a mesma coisa. Fiorina é menos amigável com Dunn, mas a poupa da maioria das acusações lançadas sobre os outros integrantes do conselho. As duas foram forçadas a sair principalmente sob o incentivo dos mesmos homens: George "Jay" Keyworth, um ex-conselheiro científico para o presidente Ronald Reagan, e Tom Perkins, um milionário capitalista de risco.

A similaridade ainda mais impressionante é esta: ambas as mulheres deixaram seus empregos com demonstrações de indignação. Ambas caíram atirando.

Fiorina soube da sua demissão numa reunião do conselho de administração perto do aeroporto de Chicago. Dunn, portadora da má notícia, sugeriu que Fiorina anunciasse ter decidido sair por conta própria. É um truque comum no mundo corporativo. O predecessor de Fiorina na HP, Lewis Platt, retratou sua demissão como se fosse uma decisão dele, mesmo que, como é revelado no livro de Fiorina, ele estivesse sob intensa pressão dos conselheiros para ir embora. Ainda mais, Fiorina facilmente poderia sustentar a farsa, já que havia rumores de que ela poderia deixar o cargo para ocupar um posto no gabinete de George W. Bush.

Depois de pensar sobre o pedido de Dunn durante algumas horas, Fiorina recusou. Quando a perguntei por que, ela respondeu: "Porque não era verdade. Eu não poderia explicar a decisão do conselho. Então eu não iria nem tentar."

Desde então, as críticas de Fiorina sobre o que chamava de "um conselho que não funcionava" vêm murchando, e ela diz que o conselho nunca explicou o motivo pelo qual ela foi demitida — mesmo que as preocupações do conselho tivessem sido explicitadas, dentre outros lugares, em um artigo de primeira página do Wall Street Journal.

Dezenove meses depois, a própria Dunn enfrentou uma escolha similar. Nessa hora, a empresa estava afogada num escândalo sobre a investigação iniciada por Dunn para esclarecer um vazamento no conselho. Seria fácil para ela dizer que estava saindo da HP por conta própria, para poupar de mais controvérsias a empresa que amava. Ao invés, como Fiorina, ela continuou lutando. Em seu testemunho ao Congresso americano, Dunn culpou outros por a terem enganado e recusou-se, sob intenso interrogatório, a aceitar qualquer responsabilidade. Diferentemente do diretor-presidente Mark Hurd, que disse ao comitê do Congresso que "a troca de acusações acaba aqui", Dunn continou acusando.

Resumindo, Fiorina e Dunn escolheram retratar a si mesmas como vítimas. Fiorina diz que o fato de ela ser mulher tem alguma coisa a ver com o motivo pelo qual o conselho a tratou da maneira como tratou; Dunn diz não ter tanta certeza. Mas enquanto o número de diretoras-presidentes nas 500 maiores empresas da revista Fortune puder ser contado nos dedos, é inevitável que suas experiências serão generalizadas. Certo ou errado, a queda destas duas mulheres talentosas reflete sobre todas as mulheres.


Fonte: Wall Street Journal de hoje