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18 março 2013

4 erros do investidor brasileiro


Os quatro erros do investidor brasileiro

Autor(es): André Rocha
Valor Econômico - 05/03/2013
 

A queda dos juros criou um cenário mais desafiador para as aplicações financeiras no país. O investidor brasileiro, antes acostumado a investir em aplicações conservadoras com alta rentabilidade, está desconfortável. A fim de superar essa insegurança, é necessário absorver novos conceitos para se evitar erros.
Reportagem do Valor "Nem renda fixa nem ações ficam no azul em fevereiro", publicada em 28/02/13, mostra como a tarefa de investir será mais complexa daqui para frente. Apenas a poupança antiga e o CDB caminhavam para superar a inflação projetada de fevereiro.
Não há razão para desespero. Os investidores devem esquecer antigos paradigmas e incorporar novas estratégias. O aplicador não pode continuar utilizando a mesma tática do período em que existiam aplicações conservadoras com juros reais (descontada a inflação) de até dois dígitos. Quais são os novos conceitos que devem ser absorvidos a fim de evitar erros?
1) Uma má aplicação financeira é melhor do que nenhum investimento: é comum ouvirmos que não vale a pena investir se a aplicação apresenta rentabilidade inferior à inflação. Não é bem assim. Imagine que, há 20 anos, Paulo e Carlos pensaram em iniciar a formação de uma poupança com vistas à aposentadoria. Suponha um caso extremo: todas as aplicações financeiras apresentavam expectativa de perder para a inflação. Paulo economizou mesmo assim e hoje, já aposentado, apresenta um montante para suportar sua ociosidade que representa 80% do poder de compra do valor originalmente economizado. Por outro lado, Carlos preferiu consumir ao invés de poupar, pois, segundo ele, não valia a pena ter seu dinheiro consumido pela inflação. Responda rápido: hoje quem estará mais tranquilo para curtir a aposentadoria: Paulo ou Carlos? Por isso, nunca desista de poupar.
2) Volatilidade não é sinônimo de risco: A reportagem citada acima mostra que das 21 categorias de fundos (curto prazo, referenciado DI, ações Ibovespa ativo, etc.), 11 apresentavam rentabilidade negativa em fevereiro. Bem vindo à volatilidade. Mas volatilidade não é sinônimo de risco. Risco é a possibilidade material de o investidor ter perda do principal aplicado. Vamos a um exemplo prático: os títulos do Tesouro Direto chamados de NTN-B. Atualmente, papéis com vencimento em 2024 e 2035 garantem juros ao redor de 4% acima da inflação medida pelo IPCA. Esses títulos apresentam volatilidade? Sim, pois o preço do papel apresenta variações ao longo do tempo a fim de se ajustar aos juros correntes da economia. Assim, caso se espere aumento da taxa Selic, o preço do título deve cair, como ocorreu em fevereiro, gerando perdas. Contudo se o investidor mantiver esses ativos até o vencimento, ele não terá perda de principal e, mais do que isso, obterá rentabilidade superior ao IPCA do período. Logo, não se pode dizer que esses papéis apresentam risco (a não ser que você acredite em um calote do governo), mas sim volatilidade.
3) Não confundir poupança com reservas para gastos emergenciais: é importante que todo trabalhador tenha uma reserva representando entre 6 a 12 vezes seus gastos mensais a fim de suportar eventos inesperados como demissão ou infortúnios com a saúde. Essa parcela não pode ser alocada em aplicações financeiras com volatilidade. Deve ser mantida em aplicações tradicionais como poupança ou fundos DI. Essa estratégia vale também para quem está economizando para gastos nos próximos 12 meses, como por exemplo viagens com a família. Somente após a constituição dessas reservas, o investidor deve diversificar seus investimentos, aplicando em categorias com maior volatilidade e risco, mas que, em contrapartida, oferecem possibilidade de ganho maior.
4) Visão de curto prazo prejudica a rentabilidade das aplicações: no post "Aplicações financeiras: nem sempre os olhos do dono engordam o boi", de 26/02/13, mostrei que o hábito de observar frequentemente a rentabilidade das aplicações tem efeito nefasto sobre a rentabilidade. Por quê? Com medo da volatilidade, o investidor tende a preferir investimentos mais conservadores e de menor retorno. Essa conclusão foi obtida com testes feitos por alguns economistas, entre eles o Prêmio Nobel, Daniel Kahneman. Por isso, tome muito cuidado com sua decisão de investimento tomada com base unicamente na rentabilidade apresentada pelas aplicações financeiras em fevereiro.
Tenho um exemplo de como uma visão de longo prazo pode ser benéfica aos investimentos. Em 1997, trabalhava em uma gestora que começava a montar posição em ações ilíquidas de companhias do setor de telecomunicações. O objetivo era obter ganhos com a provável reestruturação do setor. Em 1998, a consolidação ainda não havia acontecido e as ações apresentavam mau desempenho. A persistência se mostrou vitoriosa. A reestruturação ocorreu entre 1999 e 2000 e o fundo de ações foi o segundo mais rentável da indústria no período compreendido entre 1998 e 2001.
Por fim, postergar o resgate traz vantagens fiscais. A alíquota de Imposto de Renda sobre renda fixa é declinante ao longo do tempo, começando com 22,5% para aplicações mantidas nos primeiros 6 meses e caindo para 15% para investimentos retidos por mais de 24 meses.
André Rocha é analista certificado pela Apimec e atua há 20 anos como especialista na avaliação de companhias listadas na bolsa.

08 março 2013

Auditor e Interesse do Investidor

O recente relatório da comissão britânica sobre o oligopólio no setor de auditoria trouxe algumas reflexões interessantes. Denise Roland, do The Telegraph (Big Four deny acting against shareholders) informa que a comissão que afirma que muitas vezes auditores e executivos das empresas agem em benefício mútuo, excluindo os interesses dos investidores. Esta questão também é lembrada por Helia Ebrahimi, também do The Telegraph (Big four chastised by Competition Commission) diz que existe um desalinhamento com os interesses dos shareholder.

Segundo Beth Abel, do AccountancyAge, os auditores não concordam com a posição da comissão britânica e que o relatório é omisso em alguns aspectos.

07 março 2013

Investidores devem ignorar política


Washington, I'm here to tell you, politics and investing don't mix.
Yep, I thought I'd begin our conversation about investing by rocking your most cherished beliefs. Many of you are active in party politics, work for government or are involved in related fields. Well, I have some bad news: Your politics are killing you in the markets.
In my work, I use behavioral psychology, statistics, cognitive biases, history, data analysis, mathematics, brain physiology, even evolution to make better investing decisions. Indeed, these are all key to learning precisely what not to do. While making good decisions can help your portfolio, avoiding bad ones is even more important.
We humans make all the same mistakes, over and over again. It's how we are wired, the net result of evolution. That flight-or-fight response might have helped your ancestors deal with hungry saber-toothed tigers and territorial Cro Magnons, but it drives investors to make costly emotional decisions.
And it's no surprise.
It's akin to brain damage.
To neurophysiologists, who research cognitive functions, the emotionally driven appear to suffer from cognitive deficits that mimic certain types of brain injuries. Not just partisan political junkies, but ardent sports fans, the devout, even hobbyists. Anyone with an intense emotional interest in a subject loses the ability to observe it objectively: You selectively perceive events. You ignore data and facts that disagree with your main philosophy. Even your memory works to fool you, as you selectively retain what you believe in, and subtly mask any memories that might conflict.
Studies have shown that we are actually biased in our visual perception - literally, how we see the world - because of our belief systems.
This cognitive bias is not an occasional problem - it is a systematic source of errors. It's not you, it's just how you are built. And it is the reason most people are terrible investors.
[...]You need not be a mathematical wizard to learn this lesson. When you are in the polling booth, vote however you like; But when you are reviewing your investing options, it is best to do so with a cold, dispassionate eye.
Understanding how your own biases impact your investing process is a key step. If you want to avoid making certain errors, you must at least be aware of them.
And now you are.
Fonte: aqui

11 julho 2012

Conflito de Interesses: Investidores x Brokers


A Fancy Financial Adviser Title Does Not Ensure High Standards
By TARA SIEGEL BERNARD
The New York Times
Published: July 6, 2012


Most investors don’t realize that when they walk into a bank or brokerage firm branch, the representatives there are essentially free to emblazon their business cards with whatever titles they please — financial consultants, advisers, wealth managers, to name a few. But if you’re looking for someone who is qualified to give smart advice about all aspects of your financial life while keeping costs down, you may not be in the right place.

The issue came up again earlier this week in an article by my colleagues at The New York Times, who quoted former JPMorgan Chase brokers as saying they were encouraged to promote the firm’s own funds to customers even when more competitive investments were available. Not only were the funds expensive, but the bank also exaggerated at least one investment portfolio’s returns.

This may be one of the more blatant examples of the possible pitfalls when working with a bank or brokerage firm. Investors can’t be blamed for failing to recognize the differences between a glorified salesman pushing a particular fund and a true investment adviser who is required to act in your best interest, but there are many.

Let us name a few. If two similar mutual funds are available, brokers can choose to put you in the one that lines their pocket at your expense as long as it’s considered “suitable” for your needs (that goes for brokers selling investments or insurance). They aren’t always required to disclose conflicts of interest that may influence what they ultimately decide to recommend, experts said. Nor are they always obliged to tell you how they are compensated or who is ultimately paying them. True investment advisers are supposed to do all of those things, by law.

Two years ago, the Dodd-Frank financial overhaul law gave the Securities and Exchange Commission the authority to write rules that would require brokers to adhere to the same standard as advisers — a standard known as “fiduciary duty” — but the law stopped short of requiring that the rules be written. Not surprisingly, the S.E.C. has yet to write the rules. While the insurance and financial industries initially pushed back against the rule, the most recent delay was reportedly tied to the commission’s efforts to study the costs and benefits of a rule so that it could withstand a court challenge. So its fate and timing are still uncertain.

Still, some experts might argue that even after a fiduciary rule is passed there will still be reasons to take extra care when working with a broker (in fact, some brokers are already subject to the fiduciary rules because they collect a fee or have discretionary control over their customers’ accounts). That’s not to say there aren’t many capable advisers who work at banks and brokerage firms — they just might be limited in the type of advice they can provide because they’re working within the confines of their firm’s longtime business model, one with a deep-rooted sales culture that can’t entirely change its spots.

Indeed, several former brokers quoted in my colleagues’ article echoed a point that I’ve also heard from former brokers in recent years: As much as their firms would like to recast brokers’ images as trusted advisers, it is still hard for them to fully shed the sales mentality.

“A fiduciary duty will help at the margins, raising the amount of due diligence brokers will have to do before recommending a security, but a fiduciary standard will not rewrite the history and culture of the brokerage services industry that has existed since before the Great Depression,” said Arthur Laby, a professor at Rutgers School of Law-Camden, and a former assistant general counsel at the S.E.C.

Brokers, for instance, aren’t typically paid for advice — that is, they aren’t paid for creating a financial plan, and they rarely charge by the hour (though there also aren’t enough independent advisers that operate this way). Instead, they make money after they sell you something. “The more they sell, the more they make,” said Alois Pirker, research director at the Aite Group, a financial research firm. He says that brokers might take a 45 percent cut of the commission they collect, or, if they collect an annual fee, they will be paid a portion of that (and typically the more business they bring in, the higher the percentage they will collect).

The average fee that brokerage firms charge customers for a managed account — or an account that includes a mix of investments like mutual funds — is 2.02 percent, according to Cerulli Associates, an asset management research firm. That includes a 1.1 percent management fee, while the remainder is for the underlying investments. Accounts with cheaper underlying investments like exchange-traded funds will cost slightly less, though that data wasn’t available. (The proprietary JPMorgan portfolio charged an annual fee of as much as 1.6 percent, plus the cost of the investments.)

Independent financial planners typically include an annual charge of 0.85 percent to 1.15 percent of your money, according to Cerulli, plus the investment costs. Alternatively, you can seek out a planner who will charge either a flat fee or by the hour. But the biggest difference between a broker and a financial planner is that the planner’s fee, more often than not, will include a holistic financial checkup — a detailed analysis of where your money goes, how to approach paying down debts, how much life insurance to buy and how to set up a saving and investment plan to reach your goals, whether that includes saving for a down payment on a house, college or your retirement. They’ll also go over your estate plan, among other things.

Brokers, on the other hand, may work for firms that encourage the kind of training that would allow them to offer similar advice, but you have to ask yourself if they will be willing to spend the time with you if they get paid only after they make a sale, particularly if that portfolio isn’t worth millions of dollars. On top of that, many brokers’ training is quite limited. (Only about 17 percent of the advisers at brokerage firms are certified financial planners, according to Cerulli.) “ ‘How much do I need to have to retire?’ is the sole focus of the majority of these investment planners,” said Scott Smith, an associate director at Cerulli, though he added that many larger firms had professionals on hand with broader experience if you requested that kind of help.

(...) Still, the biggest danger right now, experts say, goes back to the fact that most consumers don’t know who they are dealing with when they sit down with a broker. “The greatest risk the average investor runs is the risk of being misled into thinking that the broker is acting in the best interest of the client, as opposed to acting in the firm’s interest,” Professor Laby said.

Imposing a higher standard will go a long way to solving a large part of the problem, experts said, but it won’t necessarily eradicate it. “I do not believe a fiduciary standard would be a panacea by any means,” Professor Laby added. “It would, however, raise the industry standard, requiring the larger firms with good compliance programs to think very carefully about whether their brokers’ recommendations could be defended in court, or before the S.E.C., as consistent with a fiduciary standard.”

Mercer E. Bullard, an associate professor at the University of Mississippi School of Law who served on the commission’s Investor Advisory Committee, said that a fiduciary duty wouldn’t necessarily ensure that investors would always be told about the myriad ways the brokerage firm makes money, including revenue sharing, where mutual fund managers may share a portion of their revenue with the brokerage firm (which may cause the funds to land on its list of preferred funds). Some brokerage firms disclose this information on their Web site now, or at the point of sale, but good luck deciphering all of it.

Regardless of what the law says now or how it may change, you can always ask any adviser you are working with who is paying them. And then, ask the adviser to sign a fiduciary pledge, something you can find in a blog post I wrote in 2010, which is attached to the online version of this column.

Because with or without a stronger law, the burden will always be on the investor to find a conflict-free “financial planner,” in the purest sense of the title.

Veja um exemplo de "nota de compromisso":

The Fiduciary Pledge

I, the undersigned, pledge to exercise my best efforts to always act in good faith and in the best interests of my client, _______, and will act as a fiduciary. I will provide written disclosure, in advance, of any conflicts of interest, which could reasonably compromise the impartiality of my advice. Moreover, in advance, I will disclose any and all fees I will receive as a result of this transaction and I will disclose any and all fees I pay to others for referring this client transaction to me. This pledge covers all services provided.

X________________________________

Date______________________________

22 dezembro 2011

Cinco Erros Cometidos ao Investir

Ao fazer um investimento, uma pessoa pode cometer alguns erros que poderiam ser evitados. As pesquisas em finanças comportamentais mostram, há tempos, alguns destes erros. A lista a seguir foi feita por Elie Rosenberg (You Just Made These 5 Investing Mistakes):



Ancoragem
Significa tomar a decisão baseada em um conjunto de variáveis, deixando de observar o todo. A ancoragem ocorre, por exemplo, quando você compra um automóvel e observar somente a quilometragem e o modelo. Outras variáveis relevantes não são consideradas. Uma pesquisa clássica mostrou que se os indivíduos colocassem os dois últimos números da previdência social isto afetaria a resposta das perguntas feitas a seguir.

Em finanças pessoais isto pode ocorrer quando o investidor considera que se o mercado deu um retorno de 40% no ano anterior este seria o patamar para este ano.

Confirmação
É a tendência que temos de interpretar as informações para “confirmar” nossa teoria. Um investidor que não gosta de ações de empresas estatais poderá considerar sua decisão acertada quando observa o desempenho da Petrobrás este ano. Outro investidor, que é avesso ao risco, poderá usar a informação do mercado acionário deste ano para “confirmar” sua decisão de não investir em ações

Excesso de Confiança
As pessoas geralmente se acham acima da média nas coisas que fazem.  É comum um investidor pensar que podem “ganhar do mercado”. Isto faz com que arrisque mais do que deveria nas decisões de investimento.

Um investidor que bateu o desempenho da bolsa de valores em 2010 pode achar que é mais esperto que o mercado; no ano seguinte, seu excesso de confiança pode fazer com que suas decisões sejam mais arriscadas mais do que deveria.

Reação Exagerada e Disponibilidade
Podemos mudar nossa forma de pensar com um evento; entretanto, muitas vezes este evento não possui uma ligação racional com as decisões que estão sendo tomadas. O viés da disponibilidade é atribuir um peso maior aos eventos recentes.

Geralmente ambos ocorreram quando os investidores reagem às notícias ruins. Se uma empresa anunciou que irá reduzir o preço dos seus produtos, isto poderá ter um efeito sobre a receita e seu resultado. Entretanto, se a redução do preço for sazonal, isto não deveria provocar efeito sobre o preço da ação.

Efeito Manada
É a tendência de seguir os outros investidores. Se as pessoas estão comprando ações, o investidor tende a alocar seus recursos no mercado acionário. Entretanto, geralmente nestes casos o investidor está entrando no mercado num momento de alta, e o seu lucro, se houver, será reduzido.

22 junho 2011

Jogo da Confiança

Pesquisa tenta mapear o que faz os grandes investidores locais e estrangeiros terem maior ou menor segurança para aplicar seu dinheiro no Brasil ou em outros mercados pelo mundo.

O que leva um investidor que mal sabe onde fica o Brasil a destinar parte de seus recursos ao país? E que fatores o fazem sair do país tão rápido quanto entrou? Ou por que o estrangeiro confia mais que o brasileiro no mercado local?Para responder a essas perguntas, a advogada Anna Lygia Costa Rego, do escritório Trench, Rossie Watanabe Advogados, procurou 50 investidores, locais e estrangeiros e reguladores do mercado, para saber o que os faz confiar no país e o que mais eles temem. O resultado da pesquisa revela que alguns vícios dos grandes investidores são iguais aos de qualquer pequeno aplicador na hora de tomar decisões. O trabalho transformou-se em tese de doutorado defendida no ano passado na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

Perguntados sobre se confiam no Brasil, 75% dos estrangeiros responderam que sim, número que cai para 45% no caso dos brasileiros. Segundo Lygia, isso mostra que os motivos para estrangeiros e locais confiarem no país são diferentes, apesar de os dados econômicos analisados serem os mesmos.

Para Lygia, há um certo exagero nas duas pontas. "De 1990 para cá, a confiança dos estrangeiros no Brasil melhorou muito, mas nem tanto com os locais", diz. Entre os brasileiros ouvidos estão representantes de corretoras, escritórios de advocacia e bancos. "Os outros 55% locais confiam desconfiando, são muito céticos com o futuro do país."

O principal problema do Brasil para os brasileiros é a morosidade do Judiciário, enquanto, para o estrangeiro, é a corrupção, diz Lygia. Já com relação à confiança, para o estrangeiro, é mais importante o retorno do investimento do que o arcabouço legal. Já para o brasileiro, o fator de confiança é a estabilidade econômica e o controle da inflação.

Um ponto importante na pesquisa de Lygia é que, depois do controle da inflação, o principal fator de confiança dos investidores locais é o crescimento econômico. Somente em terceiro lugar aparece a segurança jurídica, que deveria ser justamente o que garantiria o cumprimento das regras dos mercados. A explicação de Lygia é que, apesar de não ser citada, a segurança jurídica aparece subliminarmente. "Os reguladores também afirmaram que os fatores econômicos vêm antes na definição da confiança", diz.

O fundamento do trabalho de Lygia é que, apesar de toda a base racional dos investimentos, tudo está lastreado na confiança. "Se não confia na contraparte, ou o banco exige tanta garantia que torna a operação inviável ou nem faz." Confiança, admite ela, pode ser um tema abstrato, mas está presente no dia a dia de todos. "Um empresário tem de confiar em seus funcionários, senão a empresa não funciona, pois não há como fiscalizar todos o tempo todo", diz.

Ao mesmo tempo, sabe-se que reconquistar a confiança é um processo muito mais complexo do que criá-la. "Por isso resolvi trabalhar com essa variável no campo do investimento", afirma.

De acordo com ela, a primeira observação é que aumentar a regulamentação é a primeira medida para tentar recuperar a confiança abalada entre os agentes econômicos. Um exemplo disso é a lei americana Sarbanes-Oxley depois do caso da quebra fraudulenta da empresa de energia Enron em 2001. E que se repete hoje com a tentativa do governo americano de reforçar a fiscalização sobre os bancos e os derivativos depois da crise de 2008.

Segundo Lygia, apesar de a questão da confiança ser tratada por muitos grandes gestores internacionais de recursos como derivada de fatores técnicos, há uma questão afetiva e que envolve a psicologia do investidor. "Recorri a dois autores, os israelenses Daniel Kahneman e Amos Tversky, e sua ciência cognitiva, as escolhas irracionais humanas, para explicar como se dá a criação da confiança", explica.

Os estudos dos dois autores, que renderam a Kahneman o Prêmio Nobel de Economia de 2002, conseguiram convencer os economistas mais ortodoxos de que nem sempre a racionalidade é que comanda as decisões.

Ela dá os exemplos também de outros autores como Kenneth Arrow, que classifica que os países mais atrasados do mundo são os que apresentam maior falta de confiança de seus agentes. Cita também o ex-presidente do Fed, o banco central americano, Alan Greenspan, que se surpreendeu ao analisar os mercados dos EUA e concluir que todas as transações são feitas por necessidades espontâneas dos agentes e muitas delas são acordos verbais que depois são registrados oficialmente. Dessa forma, a confiança seria o maior valor de uma empresa.

Um exemplo de como essa confiança pesa no mercado é novamente o caso Enron. A descoberta das irregularidades em uma das maiores empresas do mercado americano abalou não só a confiança nas empresas, como também nas auditorias em geral e no mercado.

O que Lygia tenta mostrar é como a confiança entra na questão dos erros dos investidores, usando as teorias de Kahneman e da irracionalidade na hora da tomada das discussões. E como isso leva um investidor a confiar em determinado mercado e não em outro. O que fica claro é que, se um país perde a confiança dos investidores, ele demora a recuperá-la, mesmo que os fatores que tenham levado ao problema já tenham sido eliminados. Foi assim com o Brasil na década de 90 após a crise da dívida externa.

Isso é reforçado pelo fato de todos os investidores internacionais olharem apenas duas ou três fontes de informações, em geral grandes bancos ou agências de rating. Isso tudo acentua movimentos de manada como os que ocorreram na época das crises dos mercados emergentes nos anos 90 e mais recentemente em 2008. "O medo das perdas faz os investidores tomarem decisões rápidas e acompanhando o mercado", diz.

Lygia chama a atenção para o fato de que os investidores usam as mesmas palavras para definir a confiança, tanto na China quanto no Brasil. Uma das razões para isso é o efeito da imprensa como formadora de opinião e fonte das probabilidades de ocorrência de problemas.

Por isso, as pessoas usam exemplos de confiança dados pela imprensa para basear suas opiniões. "Hoje a confiança não é vista como uma questão técnica pelos investidores, assim como a transparência também não era há alguns anos", diz Lygia.

A proposta de Lygia é tentar criar um sistema para analisar os fatores que influenciam a confiança e usar isso como política pública, corrigindo os fatores que possam distorcer a imagem do país lá fora ou internamente.


Fonte: Angelo Pavini -Valor Econômico -21/06/2011

17 dezembro 2009

Perfil do investidor

(...) A fim de obter maiores informações sobre o perfil comportamental de investidores e propensos investidores, realizou-se uma pesquisa descritiva de natureza quantitativa baseada na aplicação de um questionário estruturado composto de 20 perguntas direcionadas a 164 discentes e 33 docentes do curso de Administração da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Os resultados auferidos por meio de técnicas estatísticas multivariada como a análise de cluster e análise de discriminante, tornaram-se possível identificar cinco grupos com características distintas de importância relevante para o estudo realizado. Verifica-se ainda que grande parcela dos respondentes afirmou não possuir conhecimentos acerca deste mercado, bem como muitos ainda se classificando como aprendizes.


FINANÇAS COMPORTAMENTAIS: ANÁLISE DO PERFIL COMPORTAMENTAL DO INVESTIDOR E DO PROPENSO INVESTIDOR - Wesley Vieira Silva, Jansen Maia Del Corso, Sandra Maria da Silva, Eliane de Oliveira

08 junho 2009

Ignore os Investidores!

Segundo Justin Fox, em Ignore Your Investors!(Fortune, 8 de junho de 2009, 20, Volume 159; Issue 12) no passado o conceito de valor dos acionistas era um conceito que fazia sentido. As empresas estavam focadas em fazer o acionista feliz e aumentar o preço das ações. Mas hoje isto parece não ser verdade.

Mesmo Jack Welch, que comandou a General Electric, afirmou recentemente que esta é uma idéia estúpida.

A idéia de agregação de valor é antiga em finanças corporativas. Um livro publicado em 1976 – há mais de 30 anos – de James Porterfield, Decisões de Investimento e Custo de Capital, já comentava, no segundo capítulo, que está é a finalidade de uma empresa. Outros autores, como Rappaport – que é lembrado no texto de Fox – ajudaram a consolidar esta idéia.

Geralmente a idéia de agregação de valor era defendida em contraposição ao conceito contábil de lucro. Substituir a última linha da demonstração do resultado pelo fluxo de caixa descontado. De certa forma, esta discussão significava retirar a atenção para o desempenho do curto prazo e focar no desempenho de longo prazo.

Fox faz uma pergunta interessante: por que aconteceram os problemas recentes com as empresas? Fox lembra que alguns dos problemas estão vinculados ao conceito de eficiência de mercado, desenvolvido na Universidade de Chicago.

A teoria da eficiência de mercado (EMH, como é conhecida) surgiu na década de sessenta e teve em Fama seu grande expoente. A idéia é que os preços das ações refletiam as informações existentes. E que estes preços eram uma síntese da perspectiva futura da empresa.

Mas as pesquisas mostraram que os preços refletem algo mais que o futuro de uma empresa. Variáveis comportamentais e até mesmo os próprios incentivos pagos aos executivos podem influenciar no preço das ações. Em outras palavras, o preço da ação talvez não seja um bom sinal em certas situações. Talvez.

03 junho 2009

Custo Perdido

Um estudo de 6380 contas de investimentos de 1987 a 1993 por Odean para o livro Are Investors Reluctant to Realize their Losses? descobriu que os investidores tendem a vender ações que valorizaram do que as que perderam. O estudo constatou ainda que as ações vencedoras, que foram vendidas, superaram o mercado em uma média de 2,3% no ano seguinte, enquanto as que perderam e foram mantidas tiveram um desempenho abaixo do mercado de 1,1%.

Assim, se os investidores tivessem mantido os títulos vendidos e vendessem os títulos mantidos, isto teria aumentado seu desempenho anual de 3,4%, aponta Mangot. O autor chama isto de falácia do custo perdido. (...)

Investing logic - R. Sreeram - 28 Maio 2009 - Money Today

IFRS e investidor

IFRS: uma poderosa ferramenta para os investidores
Ricardo José de Almeida - 3/6/2009 - Valor Econômico

As razões mencionadas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis para a integração das regras contábeis aos padrões internacionais têm sido centradas nas diferenças de critérios que levam a um custo extra e como uma dificuldade a mais para a indispensável troca de informações entre as empresas brasileiras e os investidores de outros países.

Os padrões internacionais de contabilidade (IFRS) desenvolvidos pelo International Accounting Standards Board (IASB) têm se mostrado estritamente dependentes de julgamentos e interpretações que as empresas têm de fazer a respeito das condições macroeconômicas e setoriais em que ela se encontra. Além disso, dependem de uma precisa definição de conceitos financeiros que até agora não eram tratados na elaboração dos demonstrativos financeiros brasileiros.

Aparentemente, para tecer interpretações e julgamentos, a delegação está sendo atribuída aos executivos da empresa. Questões ligadas à redução do valor dos ativos decorrente de mudanças nas expectativas de mercado, redução no valor dos ativos para refletir o valor de negociação desses ativos no mercado secundário e julgamento de algumas condições para o efetivo reconhecimento de despesas são alguns exemplos do que será parte do lucro a ser publicado pelas empresas a partir de agora.

A visão abrangente, que é necessária para tecer os julgamentos e interpretar o ambiente de negócios, é o avanço que propiciará que a controladoria das empresas esteja mais integrada no negócio - função esta que já deveria estar contemplada nos procedimentos para elaboração do orçamento e que não tinham incentivo por uma regulação. Veja que, historicamente, o incentivo dado por regulação vem de uma necessidade de apurar o imposto de renda, o que fez as regras serem desvinculadas de um pensamento estratégico.

Os investidores utilizam a medida de lucro para estabelecer os dividendos a serem pagos e também buscam informações a respeito do ambiente em que a empresa que investem se encontrará. Os executivos têm uma expectativa sobre os negócios da empresa que não necessariamente precisa ser passada aos atuais e potenciais investidores. Ao regulamentar a incorporação de expectativas sobre o futuro do negócio nos números a serem publicados, o conhecimento do IFRS se torna uma poderosa ferramenta para a pesquisa de informações por parte dos investidores para diminuir sua apreensão a respeito do retorno esperado de seus investimentos.

Os acionistas utilizam a medida de lucro para estabelecer o bônus a ser concedido aos executivos, visando alinhar os interesses destas duas importantes partes. Os executivos, ao definirem as expectativas sobre os negócios da empresa e de suas unidades de negócios, terão o poder de definir seu bônus. Esta definição pode levar a uma administração de resultados que deve ser monitorada pelos representantes dos acionistas e da comunidade.

Os credores utilizam variadas medidas contábeis para definir cláusulas de restrições a serem cumpridas em concessões de empréstimos. Assim como o efeito descrito para os acionistas e para os investidores, os resultados contábeis serão mais dependentes de julgamentos e interpretações que podem ser divergentes e trazer questionamentos.

Como as empresas irão lidar com este poder de definir os números de sua contabilidade será uma relevante questão a ser monitorada. O IFRS, antes de uma simples harmonização, propiciará informações importantes sobre a expectativa de retorno a ser obtido em aquisições de outras empresas, sobre o risco na carteira de clientes que a empresa carrega, sobre a política de remuneração variável para os executivos, entre outros aspectos que são muito procuradas pelos investidores. Propiciar informações é, sem dúvida, a razão principal para a qual ele foi criado na sua origem.

Este novo padrão contábil facilitará o monitoramento da relação entre executivos e investidores caso seja bem aplicado pelas empresas. A boa aplicação significa julgamentos com expectativas realistas e a confiabilidade de que isto esteja acontecendo só pode ser obtida com a divulgação das expectativas que as embasaram. Como exemplo, usar o ajuste de valor recuperável dos ativos sem a divulgação do que fez as expectativas mudarem. Outro exemplo é valorizar a carteira de recebíveis sem relação com o valor de realização da mesma é não possibilitar o uso do IFRS plenamente e, ainda por cima, possibilitar a administração dos resultados de uma maneira potencialmente perigosa.

05 fevereiro 2009

Tempo de investir?

Uma forma de mensurar se o mercado está com preço acima do normal (ou abaixo) é verificar a relação entre o valor de mercado das empresas e o valor da economia. Aqui a revista Fortune, que denomina este índice de métrica de Buffett, mostra que nos EUA talvez seja hora de voltar a investir.

No Brasil, fiz um gráfico próximo, comparando o PIB anual em dólares pelo valor de mercado de todas as empresas do Bovespa (dados obtidos no Bacen).

O gráfico está abaixo:



No final da década de 1990 o valor era abaixo de um. Ou seja, o valor das empresas era inferior ao PIB. No início do novo milênio, com a entrada do investidor estrangeiro, o patamar muda para valores acima da unidade. Em março de 2007 ultrapassa a 1,5.

Em setembro de 2007 atinge o seu máximo, de 1,94. Ou seja, neste momento as empresas valiam quase duas vezes o PIB. Um anos depois, em setembro de 2008, o valor fica abaixo de 1, onde está até hoje.

13 janeiro 2009

Remuneração e Evidenciação

Empresas são contra abertura de salário
7/1/2009
Valor Econômico

Vai começar um jogo de forças entre as empresas abertas e o regulador do mercado de capitais brasileiro, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O alvo da disputa é a transparência que será exigida das companhias na divulgação da remuneração de seus executivos.

A Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) deverá se opor à proposta feita pela autarquia de obrigar que as empresas divulguem os salários de diretores e conselheiros individualmente. "Essa divulgação é mais um tema de curiosidade do que de necessidade para os acionistas", afirmou Antonio Castro, presidente da organização. (1)

(...) Com a mudança pretendida pela CVM, o país se alinha às práticas americanas e francesas, por exemplo. A partir de 2010, as companhias brasileiras terão que fornecer, por executivo, todos os pagamentos feitos - salário fixo, bônus, planos de opções de ações, aposentadoria e todos os tipos de benefícios. Tudo isso referente aos três últimos anos e também uma estimativa para o exercício corrente da entrega deste documento anual, que deve ser divulgado até o fim de todo mês de abril. Além disso, as empresas terão que justificar e explicar a estratégia de sua política de remuneração, com detalhes.

Castro, da Abrasca, considera útil aos acionistas que as empresas identifiquem o que é remuneração fixa e variável nas informações divulgadas ao mercado. "O que aconteceu nos Estados Unidos decorreu de grandes excessos nos salários variáveis", ressaltou ele, ao justificar sua posição. Ele também defende a separação entre os pagamentos feitos aos conselheiros e aos diretores, em grupo. (2)
A atual crise financeira está intimamente relacionada aos ganhos milionários dos executivos financeiros. Como grande parte da remuneração estava atrelada ao desempenho das companhias, muitos riscos foram assumidos em busca de retornos exorbitantes. Não é a primeira vez que o estímulo dado aos executivos está no centro dos problemas de grandes grupos econômicos. Foi assim também com as fraudes contábeis da Enron, Tyco, WorldCom, entre outras. (3)

Apesar de o embate entre o regulador e as companhias ser esperado, os especialistas acreditam que não há espaço para retrocesso nas propostas da CVM.

"Não dá mais para a remuneração ser uma caixa preta no Brasil. A mudança é necessária se o país quer continuar com um mercado ativo, para alinhamento às práticas internacionais", defendeu Érica Gorga, professora da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Carlos Eduardo Lessa Brandão, do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), acredita que esse avanço é muito importante para que o país continue sendo um receptor de recursos internacionais. (4)

O aumento da transparência na divulgação dos salários dos executivos em outros países trouxe conseqüências. Nos Estados Unidos, contou Érica, há especialistas que defendem que a competição entre os administradores elevou os ganhos desses profissionais. Há uma pressão por maior salários maiores, pois todos querem estar entre os 25% mais bem pagos do mercado. A professora da FGV afirmou, porém, que essa não é a única explicação para a expansão das remunerações nos últimos anos. Há argumentos que relacionam a alta dos ganhos dos administradores com o aumento do lucro das empresas. (5)

No Brasil, há uma clara resistência cultural à abertura desse tipo de informação. Já nos Estados Unidos, o assunto é de interesse coletivo. Meios para conter as distorção nos ganhos dos executivos constaram das plataformas de campanha dos candidatos à presidência do país. A diferença é tão marcante que a própria CVM, no edital da minuta da instrução que trata do assunto, discorre sobre esse desafio.

A autarquia destaca que três argumentos devem ser levados em consideração no debate do tema e pede, especialmente, contribuições para a discussão. O primeiro é justamente a diferença cultural entre o Brasil e os países que exigem que a remuneração de executivos seja aberta em nível individual. "Aqui, as pessoas tendem a não revelar seu patrimônio ou renda", diz o texto da CVM. A preocupação do regulador é justamente os reflexos que essa divulgação pode causar, como a redução de interesse de executivos "competentes" por esses cargos, devido ao maior grau de exposição, o que poderia acarretar um aumento de salários.

Outro ponto de preocupação é com uma eventual desvantagem entre as companhias abertas e as fechadas na competição por executivos. As fechadas não têm nenhuma obrigação de dar informações sobre salários. (6)
Por fim, a CVM também admite que há a questão da segurança. Trata-se de um dos principais argumentos de quem se opõe à maior transparência. "Mesmo que esses dados tenham utilidade aos investidores, não é aconselhável que as empresas os divulguem dada a nossa realidade, de grandes problemas de segurança", disse Castro, da Abrasca. (7)

As exigências propostas pelo regulador para a questão da remuneração são superiores a quaisquer manuais ou recomendações de boas práticas de governança existentes hoje no país. O tema não é abordado nem mesmo nos segmentos diferenciados de listagem da Bovespa - níveis 1, 2 e Novo Mercado.

A transparência que pode ser alcançada com a nova regra da CVM supera até mesmo as sugestões de órgãos como o IBGC e o Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado (Codim), ambos estão também realizando audiências públicas neste momento. O IBGC está revisando os códigos de boas práticas e no texto sugerido não há menção à abertura individual de salários e benefícios. Já o Codim iniciou, em dezembro, audiência sobre um pronunciamento para remuneração, que se limita a sugerir a abertura dos ganhos por órgão de administração, com divisão da parcela fixa e variável e divulgação da política dos pagamentos.

O principal motivo da condescendência com a não divulgação dos salários por executivos é de que a informação mais relevante aos investidores é a política de remuneração. (8) Entretanto, é preciso ressaltar que, com exceção do próprio regulador, há poucos órgãos independentes para tratar do assunto. O próprio IBGC, que reúne companhias abertas e conselheiros, não abriga um consenso sobre o assunto.

"O mais importante é verificar se a empresa foca o estímulo aos executivos no curto prazo ou no longo prazo", acredita Renato Chaves, da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, fazendo coro a tolerância. (9) Para ele, uma sugestão feita pela própria CVM na consulta é interessante. O regulador admite sua "pouca experiência" com o tema e questiona se a divulgação por órgão de administração, com abertura individual apenas para os três executivos mais bem pagos, não seria suficiente para identificar distorções nas práticas das companhias.


(1) Uma afirmação infeliz. A informação é útil ao investidor. Elevada remuneração pode representar maior despesa. Alem disto, é interessante comparar a remuneração com o desempenho da empresa. Esta é uma discussão relevante nos mercados mais sérios. (2) o pagamento de conselheiros deve ser evidenciado. Em muitas empresas, o cargo num conselho nada mais é do que a contratação de lobistas disfarçados. Nas estatais, é uma forma de “remunerar” os políticos aliados, em especial os gestores do governo. Muitos deles são incompetentes para ocupar estes cargos. (3) Provavelmente esta afirmação é verdadeira. (4) Este é um ponto de vista interessante. Mas observe que o investidor estrangeiro tem este interesse em saber a remuneração. Mas o brasileiro não? (5) Existem autores que afirmam que a divulgação da informação fez aumentar os ganhos dos executivos. No entanto isto não seria plenamente aplicável no Brasil já que os executivos brasileiros são tipicamente os acionistas controladores. São os fundadores ou os filhos dos fundadores da empresa, e não gestores profissionais, que mostraram serviço ao longo do tempo. Estas pessoas não estão muito interessadas na divulgação das informações. (6) Este argumento é fraco e tendencioso. Sempre existira diferença entre estas duas empresas. (7) Outro argumento fraco. Esta questão existira, com ou sem esta divulgação. (8) não é verdade. Saber quanto ganha um executivo que desempenha mal suas funções também é relevante. (9) A Previ não é uma boa escolha para defender o argumento. Quanto ganha um executivo da Previ? A sua remuneração é compatível com a qualidade das suas decisões?

21 dezembro 2008

O Escândalo Madoff e a conexão Rio

Um texto do Wall Street Journal (que no Brasil foi traduzido e publicado pelo Valor Econômico) denominado “Com conexões do Rio a Milão, Fairfield deu alcance global a Madoff” (Carrick Mollenkamp, Cassell Bryan-Low e Thomas Catan, The Wall Street Journal, 17/12/2008) mostra como se construiu a empresa Fairfield. Esta empresa captava clientes para o fundo de Madoff.

Um trecho interessante comenta a falta de transparência das transações:

Num sinal da relação estreita entre a Fairfield e Madoff, quando várias firmas de private equity discutiam a possibilidade de um grande investimento na empresa de Noel, em meados do ano passado, o próprio Madoff encerrou qualquer chance de negócio ao se recusar a dar aos investidores acesso à vistoria de suas contas. Esse pode ter sido um dos muitos sinais de alerta sobre a suposta fraude.


Sobre o assunto, achei interessante o comentário do blog Não Posso Evitar sobre a origem do Conto do Vigário. Rodolfo Araujo lembra que os investidores não eram pessoas inocentes e sim gananciosas.

Aqui um gráfico do WSJ muito interessante.

17 novembro 2008

Os executivos e os investidores

Segundo Be Glad You’re Not Warren Buffett (15/11/2008, Floyd Norris) uma pesquisa entre 175 executivos de empresas dos EUA mostrou perdas de 52,3 bilhões de dólares desde 27 de outubro. Deste valor, 15,9 bilhões foram perdidos por Buffett, considerado um dos melhores investidores do mercado. Para os executivos que possuem grandes fortunas em opções, o impacto da crise foi elevado: 76% foi o valor estimado da perda.

31 outubro 2008

Os vários estágios do Mercado



O gráfico é do texto Chart of the Day: Various Stages of a Bear Market, de Toni Straka. Mostra que na primeira fase do Mercado o “smart money” predomina. Depois da entrada dos investidores institucionais, o valor aumenta. Com a atenção da imprensa, o entusiasmo, o público aparece. Estamos agora na última fase, com existe uma queda no mercado,