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10 maio 2023

A Próxima Batalha ESG

Grupos de lobby de ambos os lados do espectro político dos EUA estão se preparando para processar o governo Biden assim que ele divulgar a versão final das regras que exigem que as empresas de capital aberto divulguem suas emissões de carbono e outras informações climáticas.

As regras de divulgação climática da Comissão de Valores Mobiliários (Securities and Exchange Commission) obtiveram um recorde de mais de 14.000 comentários públicos [grifo do blog] desde que foram propostas em março passado, com lobby agressivo sobre alguns detalhes importantes desde então. Grupos ambientalistas, democratas do Congresso e outros apoiadores afirmam que as normas são necessárias para dar aos investidores visibilidade sobre os riscos financeiros relacionados ao clima das empresas e para responsabilizá-las por suas metas climáticas. Os oponentes, incluindo a Câmara de Comércio dos EUA e muitos republicanos, afirmam que as regras são um exagero da autoridade da SEC e solicitam dados que as empresas não podem obter com precisão ou de forma econômica.

A versão final das regras é esperada para as próximas semanas, dizem os observadores - depois disso, elas certamente se tornarão o campo de batalha mais quente na guerra sobre o investimento em ESG.

A VISÃO DE TIM [Mc´Donnell]

O debate sobre as regras de divulgação de informações sobre o clima da SEC está enraizado na ansiedade que muitas empresas com uso intensivo de carbono sentem em relação ao fato de que as emissões de CO2 - antes uma métrica vaga que podia, na melhor das hipóteses, ser estimada de forma aproximada - estão se tornando muito mais fáceis de medir e uma base para ações judiciais e campanhas de acionistas. Graças à regulamentação, bem como a tecnologias como monitoramento por satélite e contabilidade de blockchain, a era das emissões ocultas está acabando.

A parte mais controversa da proposta da SEC trata das emissões de "Escopo 3", aquelas que surgem da cadeia de suprimentos de uma empresa e do uso de seus produtos por seus clientes. Para muitas empresas com uso intensivo de carbono, incluindo produtores de combustíveis fósseis e grandes varejistas, o Escopo 3 representa a maior parte de sua pegada total de carbono. A regra proposta exige a divulgação das emissões do Escopo 3 se elas forem relevantes para as finanças de uma empresa ou se estiverem incluídas nas metas climáticas de uma empresa.

A divulgação universal das emissões de Escopo 3 é fundamental para a luta mais ampla de ESG, pois permitiria que os investidores fizessem um julgamento mais sutil sobre os riscos financeiros relacionados ao clima - as empresas com muitas emissões de Escopo 3 têm maior probabilidade de enfrentar custos ou redução de ativos à medida que a economia usa menos combustíveis fósseis e os legisladores reprimem as emissões. As empresas com alto teor de carbono que não tomarem medidas para mitigar esse risco - mudando seu modelo de negócios, por exemplo - poderão enfrentar custos mais altos de capital, ver os membros da diretoria serem destituídos pelos acionistas ou sofrer ações judiciais.

Este mês, o presidente da SEC, Gary Gensler, reconheceu um argumento favorito dos oponentes da divulgação do Escopo 3, dizendo que o processo para tabulá-los não é tão "bem desenvolvido" quanto o processo para as emissões do Escopo 1 (das operações diretas de uma empresa) e do Escopo 2 (da eletricidade comprada).

Isso pode ser verdade, mas está mudando rapidamente, pois as principais empresas de contabilidade, bem como uma série de startups, padronizam a tabulação do Escopo 3. Muitos grandes emissores de carbono, incluindo a Chevron e a ExxonMobil, já medem suas emissões de Escopo 3 e têm metas para reduzi-las (pelo menos em termos de emissões por unidade de petróleo e gás vendida). E não importa o que a SEC decida, as empresas com operações na Europa provavelmente precisarão contabilizar suas emissões globais de Escopo 3 de qualquer forma, já que os órgãos reguladores da União Europeia finalizam suas próprias regras de divulgação, que provavelmente serão mais rigorosas.

"A questão não será tão difícil assim", disse Madison Condon, professor de direito ambiental e corporativo da Universidade de Boston, que publicou um artigo na semana passada pedindo que a SEC "não recue" nas exigências do Escopo 3. "Isso está se tornando tão comum que o Escopo 3 está integrado à cadeia de suprimentos existente e ao software de contabilidade básica. Está literalmente apenas no Quickbooks."

Se a SEC eliminar a exigência do Escopo 3, conforme solicitado pelo American Petroleum Institute - o principal grupo americano de lobby dos combustíveis fósseis - e outros, provavelmente enfrentará processos judiciais de grupos ambientais e de defesa dos acionistas. Caso contrário, poderá enfrentar ações judiciais de procuradores-gerais republicanos e de grupos como o API e a Câmara. Uma abordagem intermediária seria a introdução gradual da exigência do Escopo 3 ao longo do tempo.

Por outro lado, suavizar o impacto do Escopo 3 provavelmente não será suficiente para manter os advogados da SEC fora dos tribunais, já que outros detalhes das regras também são controversos, disse Rob Schuwerk, diretor executivo para a América do Norte da Carbon Tracker, um grupo de reflexão.

"O litígio é inevitável, e a SEC reconhecerá isso", disse ele. "Portanto, não há nenhum incentivo real para abandonar qualquer coisa controversa."

SAIBA MAIS

Outro elemento controverso das regras da SEC tem a ver com a forma como as empresas informam os riscos relacionados ao clima em suas demonstrações financeiras detalhadas - por exemplo, se um ativo como uma refinaria de petróleo pode perder valor mais rapidamente do que o previsto por causa da transição energética, ou se a política antidesmatamento pode tornar as propriedades agrícolas menos valiosas. Em geral, esses riscos não são divulgados, de acordo com uma análise da Carbon Tracker realizada no ano passado com 134 empresas com uso intensivo de carbono.

A regra proposta é altamente sensível a esses custos, exigindo sua divulgação se eles representarem mais de 1% do valor de cada item de linha em um relatório financeiro (normalmente, o limite da SEC para um risco relevante é de 10%). Esse número pode ser eliminado ou atenuado na regra final.

ESPAÇO PARA DISCORDÂNCIA

As regras também têm como alvo os riscos climáticos físicos - o quanto os ativos de uma empresa estão expostos a incêndios florestais ou inundações, por exemplo. Embora esse tipo de risco seja, de certa forma, mais tangível do que o risco relacionado à transição, pode ser difícil defini-lo devido às incertezas e à falta de detalhes geográficos nos modelos climáticos. Embora um número cada vez maior de empresas ofereça previsões físicas de riscos climáticos, os cientistas têm se queixado do uso generalizado de modelos de "caixa preta" que utilizam metodologias que não estão abertas à revisão.

Alguma margem de manobra nessas estimativas pode ser aceitável para uma empresa que tenta planejar o futuro em linhas gerais. Mas isso pode se tornar um problema quando usado como base para declarações de risco financeiro específicas para os investidores. Em um segundo artigo na semana passada, Condon argumentou que os governos estaduais e federais deveriam investir mais em acesso público, modelagem de impacto climático altamente granular para melhorar a transparência e a confiabilidade dessas projeções.


A VISÃO DO WALMART

A perspectiva de divulgação obrigatória do Escopo 3 está colocando algumas empresas que, de outra forma, estiveram na vanguarda do monitoramento de emissões em uma posição desconfortável. O Walmart, por exemplo, relatou emissões de Escopo 3 para 2020 de cerca de 162 milhões de toneladas métricas, 90% de seu total. A empresa lançou uma iniciativa em 2017 para rastrear e reduzir as emissões da cadeia de suprimentos e afirma ter evitado 574 milhões de toneladas métricas de CO2 desde então, o equivalente a desligar 150 usinas de energia movidas a carvão por um ano. No entanto, em um documento apresentado à SEC, o Walmart alertou que, com essa experiência, "passamos a acreditar que os relatórios atuais do Escopo 3 não são confiáveis" e pediu à SEC que não os exigisse.


NOTÁVEL

A conformidade com essas regras poderia custar a uma empresa média cerca de US$ 500.000 no primeiro ano e menos nos anos seguintes, de acordo com as projeções da SEC. Mas dar aos investidores mais clareza e garantia em relação aos riscos climáticos de uma empresa provavelmente reduzirá o custo de capital em muito mais do que isso, argumentou o professor de contabilidade da Universidade de Columbia, Shivaram Rajgopal, em um documento.

[Tim McDonnell, do Semafor] 

04 maio 2023

COSO e o risco ESG

O COSO (Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission) lançou recentemente um guia para ajudar empresas a incorporar fatores ambientais, sociais e de governança (ESG) em seus controles internos, o que pode ajudar os contadores a lidar com essas questões. O guia fornece orientações sobre como os controles internos podem ser usados para lidar com as questões ESG e fornece uma estrutura para que os auditores possam avaliar a eficácia desses controles. O guia também destaca a importância da liderança da empresa em apoiar a integração dos fatores ESG em seus processos de controle interno. O objetivo final é ajudar as empresas a gerenciar melhor os riscos associados às questões ESG e melhorar sua transparência e responsabilidade.



Fonte: Accounting Today

Foto: Robert Lukeman

16 dezembro 2022

Agenda ESG no Brasil evoluiu

O aumento das discussões ambientais, as preocupações com o impacto das mudanças climáticas em diversos setores e as crescentes tensões por conflitos e problemas na cadeia produtiva acendem um alerta sobre a importância dos temas ESG para a continuidade das empresas. É possível constatar que o mercado está atento, e os reguladores e normatizadores acompanham essa necessidade de informações e a crescente importância da atuação das empresas em temas ESG para a criação de valor.

As conclusões fazem parte da pesquisa recém-lançada ESG no Ibovespa, iniciativa da PwC Brasil em parceria com o Ibracon – Instituto de Auditoria Independente do Brasil, que analisa as publicações de relatórios de cunho ambiental, social e de governança das empresas de capital aberto. A pesquisa traz um mapa de como as empresas têm divulgado informações de sustentabilidade aos seus acionistas, consumidores, mercado e stakeholders em geral.

O modo como essas informações são divulgadas, quais as metas e métricas utilizadas e os temas e informações mais recorrentes são objetos de análise desta segunda edição do relatório ESG no Ibovespa. A pesquisa pretende acompanhar a evolução das divulgações de sustentabilidade e contribuir com a discussão e o aprimoramento da comunicação e transparência de relatórios relacionados a temas socioambientais.

No Brasil, já existem algumas iniciativas regulatórias sobre a divulgação de certas informações ESG por parte dos reguladores, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Banco Central. Apesar de ainda não existir um padrão único para reporte das informações ESG, a partir de 2023, as empresas listadas em bolsa de valores devem divulgar uma série de informações exigidas pela autarquia através do Formulário de Referência. Relatórios de sustentabilidade específicos, exceto se incorporados em Relatos Integrados – uma opção da administração –, não são obrigatórios e não necessitam ser assegurados.

Mesmo sem a obrigatoriedade de divulgação, o número das companhias que apresentaram relatórios de sustentabilidade aumentou de 67 para 72, o equivalente a 81% da amostra da pesquisa, que compreende empresas cujas ações compunham o Ibovespa de maio a agosto de 2022. Ponto muito relevante é o avanço na asseguração dos relatórios de sustentabilidade por auditorias independentes: o crescimento é de 40% (de 30% dos relatórios assegurados por auditor em 2020 para 42% em 2021).

Tal avanço reflete as demandas do mercado por informações comparáveis, transparentes e confiáveis: em uma pesquisa global envolvendo investidores conduzida pela PwC em 2021, 79% afirmaram que confiam mais nas informações ESG que foram submetidas à asseguração por parte independente.

Vale destacar que, em apoio ao processo de asseguração independente, o Ibracon e o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) divulgaram, respectivamente, o Comunicado Técnico 03/2022 e a Norma Brasileira de Contabilidade CTO nº 7, que trazem orientações aos auditores independentes sobre os requerimentos da norma da CVM, as exigências éticas aplicáveis, incluindo a independência, e quais os procedimentos que devem ser adotados para emissão de relatório de asseguração sobre as informações contidas nos relatos integrados relacionados à sustentabilidade e responsabilidade social.



O Ibracon também conta com Grupos de Trabalho especializados em temáticas Ambientais e de Diversidade, Sustentabilidade e ESG para dialogar com reguladores no Brasil, entidades internacionais e difundir as melhores práticas sobre estes temas na atuação da auditoria independente. Além disso, participou da criação do Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade (CBPS), órgão que espelhará o Comitê Internacional de Normas de Sustentabilidade (ISSB, na sigla em inglês).

Criado em junho de 2022, o CBPS tem por objetivo o estudo, o preparo e a emissão de documentos técnicos sobre padrões de divulgação de sustentabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pelas entidades reguladoras brasileiras, levando sempre em conta a adoção dos padrões internacionais editados pelo ISSB.

A incorporação de melhores práticas e atitudes que respeitem critérios socioambientais é urgente: os impactos das mudanças climáticas, caso nada seja feito, serão catastróficos para a humanidade, além de crises sociais e conflitos que já vivenciamos. Mas é inegável que, no Brasil, estamos acompanhando os movimentos internacionais e avançando no tema ESG.

Por isso, o Ibracon reitera seu apoio ao necessário trabalho para que os preparadores de relatórios corporativos e respectivos auditores independentes sejam agentes de mudanças para um mundo mais equânime e sustentável, uma das bandeiras da auditoria independente no Brasil.

Por Valdir Coscodai, presidente do Ibracon – Instituto de Auditoria Independente do Brasil, e Mauricio Colombari, sócio da PwC Brasil - Agenda ESG no Ibovespa: Pesquisa constata importante avanço na publicação de relatórios - Exame

07 dezembro 2022

Investidores estão dispostos a pagar mais por fundos ESG

Eis o resumo da pesquisa, que saiu segunda:

 Environmental, social, and governance (ESG) objectives have risen to near the top of the agenda for corporate executives and boards, driven in large part by their perceptions of shareholder interest. We quantify the value that shareholders place on ESG using a revealed preference approach, where shareholders pay higher fees for ESG-oriented index funds in exchange for their financial and non-financial benefits. We find that investors are willing, on average, to pay 20 basis points more per annum for an investment in a fund with an ESG mandate as compared to an otherwise identical mutual fund without an ESG mandate, suggesting that investors as a group expect commensurately higher pre-fee, gross returns, either financial or non-financial, from an ESG mandate. Our point estimate has risen from 9 basis points in 2019 when our sample begins to as much as 28 basis points in 2022. When we incorporate the possibility that investors are willing to accept lower financial returns in exchange for the psychic and societal benefits of ESG, when we consider that the holdings of ESG and non-ESG index funds overlap, when we measure the ESG ratings of these holdings, and when we focus on 401(k) participants who report being concerned about climate change or who work in industries with lower levels of emissions, we find that the implicit value that investors place on ESG stocks is higher still. A simple model of supply suggests that the large majority of these benefits accrue to investors and firms, with intermediaries capturing 5.9 basis points in fees, half of which reflect higher markups.

26 outubro 2022

Estado atual dos relatórios de sustentabilidade


Embora os relatórios de sustentabilidade corporativa continuem a crescer em meio às demandas de investidores e reguladores, persistem problemas com a confiabilidade das informações e o papel das empresas de contabilidade na verificação das divulgações.

A KPMG lançou a última edição de seu Relatório Global de Pesquisa em Sustentabilidade : Big shifts, small steps, na terça-feira. O relatório constatou que todas as 100 principais empresas dos EUA fornecem divulgações ambientais, sociais e de governança e, das 250 principais empresas do mundo, 96% estão fornecendo alguma forma de relatório de sustentabilidade. Muitas empresas estão revisando suas estruturas de governança sobre o ESG, formando comitês diretores compostos por líderes executivos que tomam decisões estratégicas sobre compromissos, ações e divulgações.

Embora os padrões da Global Reporting Initiative sejam os padrões de relatórios mais populares em todo o mundo, os padrões do Sustainability Accounting Standards Board são os mais populares nos EUA, com 75% das 100 principais empresas se reportando a ele. O SASB e sua organização controladora, a Value Reporting Foundation, foram consolidados no International Sustainability Standards Board no início deste ano.

Continuem lendo aqui. Foto: Bernd Klutsch

16 setembro 2022

Uma pequena introdução a contabilidade da sustentabilidade


O que é contabilidade de sustentabilidade? O que é ambiental, social e governança (ESG)? E como os contadores podem se beneficiar disso?

A conscientização dos impactos sociais e ambientais das empresas está crescendo. Os investidores estão buscando empresas que possam evidenciar sua sustentabilidade corporativa. A consciência social e a justiça estão ditando o comportamento do consumidor. Enquanto isso, a transparência na forma como as organizações são governadas está sendo exigida por funcionários e clientes.


Todos esses fatores inspiraram a necessidade de as empresas informarem seu desempenho não financeiro. É aqui que os contadores podem ajudar. Tendo um conjunto de habilidades para análise, para relatórios e para consultoria independente significa que os contadores estão na posição perfeita para ajudar as empresas em seu desenvolvimento sustentável.

Mas por onde os contadores começam? Neste artigo, exploramos os padrões contábeis de sustentabilidade do ESG e como os contadores podem obter mais informações.

Uma introdução à contabilidade de sustentabilidade

A contabilidade de sustentabilidade é o relato de informações não financeiras como resultado do desempenho de uma organização. Normalmente, isso se concentra nos impactos sociais e ambientais e no desempenho de um negócio.

O objetivo da contabilidade da sustentabilidade é ajudar a gerar valor em uma organização que não está necessariamente diretamente ligada aos relatórios financeiros.

A contabilidade da sustentabilidade pode rastrear seu histórico até a década de 1970. Foi quando as organizações começaram a olhar para os impactos sociais e ambientais de seus negócios. Embora durante esse período, os relatórios contábeis de sustentabilidade não fossem bem definidos.

Levou até o final dos anos 90 e início dos anos 2000, após discussões filosóficas mais amplas dentro do setor - bem como numerosos movimentos sociais e ambientais - para que a contabilidade da sustentabilidade fosse definida.

E com essa definição, surgiram mais pesquisas, literatura, programas de treinamento e desenvolvimento de padrões.

A contabilidade de sustentabilidade tem um benefício distinto para as empresas de contabilidade. À medida que mais e mais empresas começam a entender e relatar suas atividades e impactos sustentáveis, elas buscarão aconselhamento independente. Não há razão para que esse tipo de relatório independente não possa ser conduzido pelos contadores.

Os contadores já têm as habilidades e a experiência para relatar de forma independente. Essa independência pode ajudar a evitar a 'lavagem verde' nos relatórios não financeiros. Os contadores que relatam sustentabilidade podem ajudar as empresas a se beneficiarem de práticas sustentadas. Seja através da retenção de funcionários, satisfação do cliente, melhor consumo de energia ou redução de resíduos.

Compreendendo o valor dos relatórios de sustentabilidade

Para entender o valor dos relatórios de sustentabilidade, é necessário entender como eles diferem dos relatórios financeiros.

No seu mais básico, os relatórios financeiros analisam a documentação e a comunicação do desempenho financeiro. Isso ocorre através de demonstrações de resultados, balanços e fluxos de caixa. O objetivo é rastrear e analisar o desempenho dos negócios por meio de entradas e saídas financeiras.

Os relatórios de sustentabilidade, por outro lado, analisam o desempenho não financeiro de uma empresa. Especificamente, seus impactos ambientais, desempenho social e governança.

Mas onde está o valor de relatar informações não financeiras para empresas?

Compreender como uma empresa pode ser mais sustentável tem dois benefícios principais.

Em primeiro lugar, identificar oportunidades em que uma empresa pode ser sustentável pode ter um impacto positivo no desempenho financeiro. Por exemplo, rastrear o uso de energia ou a produção de resíduos com o objetivo de reduzi-lo pode ter um ganho financeiro positivo para as empresas. Da mesma forma, uma empresa que explora seu desempenho de diversidade pode introduzir novas idéias, pontos de vista e formas de trabalhar que podem ter impactos positivos.

Em segundo lugar, por meio de um sistema de contabilidade de sustentabilidade, uma empresa pode adicionar mais à sociedade do que apenas seu impacto financeiro. Combater questões ambientais, ter impactos sociais positivos e operar um negócio com governança justa são preocupações que impactam todos globalmente. Embora uma empresa que represente essas áreas possa não impactar diretamente os resultados, eles impactam se a própria empresa opera em uma economia favorável a ela.

O aumento da popularidade do ESG

ESG é um termo usado para monitorar três pilares de sustentabilidade e responsabilidade de um negócio, fora do desempenho financeiro.

A contabilidade da sustentabilidade, por meio do ESG, ajuda as empresas a relatar uma ampla gama de questões. Isso, por sua vez, pode incentivar a confiança do consumidor através de uma maior compreensão do impacto da responsabilidade social que uma empresa tem.

Mas a necessidade de relatórios de ESG e de sustentabilidade está crescendo não apenas por demandas sociais ou mesmo políticas. As decisões de investimento estão sendo tomadas, com o ESG sendo um aspecto importante. De fato, investidores e empresas de investimento estão percebendo o que é o desenvolvimento sustentável das organizações agora. E o crescimento da importância no ESG para a tomada de decisões de investimento é rápido.

Os investidores estão ficando mais preocupados com o impacto do ESG nos modelos de negócios.

Existem várias razões para esse crescimento em preocupação. Em primeiro lugar, há as questões ambientais globais, bem como um aumento da conscientização sobre justiça social e governança justa. Significando que há necessidade de investidores trabalharem com empresas que praticam a sustentabilidade corporativa.

Mas, em segundo lugar, há também um caso de investidores que desejam estar à frente da curva em relação a possíveis mudanças políticas. De fato, a UE já implementou diretrizes que exortam as empresas com mais de 500 funcionários a divulgar sua contabilidade de sustentabilidade nos relatórios gerenciais. E, de fato, as propostas recentes da SEC nos EUA também verão os relatórios do ESG se tornarem obrigatórios para grandes empresas.

Por fim, o aumento do ESG vem primeiro nos negócios. Com a demanda política em segundo lugar. E, embora a regulamentação esteja atualmente focada em empresas maiores, não há razão para que pequenas e médias empresas também não possam começar a analisar sua contabilidade de sustentabilidade.

Mas quais são os pilares que compõem o ESG? O que se entende por Ambiental, Social e Governança? E quais áreas compõem cada um dos três pilares do ESG?

Fatores ambientais

O impacto que uma empresa tem no meio ambiente deve ser contabilizado na contabilidade da sustentabilidade.

Normalmente, isso pode incluir (mas não limitado a) relatórios sobre :

uso de energia

desperdício

uso de recursos naturais

poluição.

Também é importante relatar oportunidades ambientais. Onde a empresa pode diminuir seu impacto no meio ambiente? As oportunidades devem ser incluídas em qualquer relatório de sustentabilidade.

Fatores Sociais

A contabilidade da sustentabilidade também examina como a empresa mantém sua responsabilidade social corporativa. Isto deve ser tratado como mais do que atividades sociais, concentrando-se nas políticas que ela tem e no impacto das ações dessas políticas.

Os fatores sociais podem incluir:

diversidade

segurança do produto

direitos humanos nas cadeias de suprimentos

privacidade de dados

saúde e segurança

investimento em pessoas.

Ser claro em seus Fatores Sociais, com métricas prováveis para apoiá-los, pode dar a uma empresa uma estratégia clara de Recursos Humanos. Além disso, ter evidências de seus Fatores Sociais pode ajudar a apoiar seus esforços de recrutamento, provando ser um empregador a ser escolhido [pelo potencial empregado].

Fatores de Governança

A chave para produzir uma contabilidade de sustentabilidade confiável é um relatório honesto e transparente da governança corporativa. Isto torna as empresas mais responsáveis por suas ações e ajuda a responder às preocupações das partes interessadas.

Os relatórios sobre fatores de governança podem incluir:

estrutura de gerenciamento

propriedade e controle

representação de funcionários na tomada de decisões

pagamentos de bônus e compensação

pagar de forma igual entre os sexos.

O objetivo dos Fatores de Governança é demonstrar a responsabilidade da liderança. As organizações que relatam índices mais altos de transparência de Governança vêem menos má administração, menos escândalos e têm melhor reputação. Isto pode levar a uma maior confiança dos investidores, bem como a uma força de trabalho mais motivada.

Benefícios da ESG para Contadores

A contabilidade de sustentabilidade requer medição e relatórios de forma a garantir a verdade.

Ser capaz de relatar informações da ESG de forma independente pode ajudar as empresas a serem transparentes com sua sustentabilidade. E isto é importante. Relatórios honestos e transparentes de boa qualidade, informações confiáveis são a única maneira de uma empresa modificar seu comportamento para o desenvolvimento sustentável.

Os contadores estão na posição única de poder oferecer este serviço devido às suas habilidades e reputação existentes.

Com o crescimento da conscientização na ESG, e as empresas que desejam relatar sobre sua sustentabilidade, os contadores que podem oferecer contabilidade de sustentabilidade criam a capacidade de se diferenciar dos concorrentes.

(...)

Palavras finais

Os contadores têm muito a oferecer quando se trata de relatar sobre a sustentabilidade de um negócio. Com as indústrias querendo investir no desenvolvimento sustentável, os relatórios de sustentabilidade corporativa são um mercado em crescimento.

Tendo a capacidade de oferecer relatórios e conselhos independentes e confiáveis, os contadores estão perfeitamente posicionados para diversificar a elaboração de relatórios de sustentabilidade.

A ESG oferece uma estrutura confiável e diretrizes de relatórios de sustentabilidade para as empresas, para começar. Os contadores podem obter mais informações sobre o que é o ESG ao participar do curso da ICA, Desmistificando o ESG. Este curso oferece uma maior compreensão do que é ESG, e os benefícios que o acompanham.

(Fonte: Mercia, via Accountingweb

23 agosto 2022

Como ESG está tentando alterar a percepção sobre uma entidade


Em uma extensa reportagem, o site The Intercept apresenta como a questão ambiental, social e de governança está procurando mudar a percepção sobre as empresas. 

O texto começa tratando da Corecivic, uma empresa de prisões. A empresa resolveu adotar uma auditoria racial:

"A auditoria não nos diz nada", disse Tylek [do Worth Rises, um grupo focado na privatização do sistema judicial]. “O modelo de negócios da prisão privada é o problema. Tudo o que eles fazem é o problema e, para ser sincero, às vezes estamos em desacordo com outros advogados, porque essas auditorias de equidade racial são absolutamente ridículas e não são uma ferramenta eficaz de advocacia."

Solicitado para comentar sobre as preocupações dos ativistas, o CoreCivic reiterou seu apoio aos “princípios de diversidade, equidade e inclusão."A empresa, disse o porta-voz Ryan Gustin," não hesitou em participar da recente auditoria de patrimônio racial."

Neste sentido, a política ESG tem sido criticada:

Mas um crescente coro de críticos questionou as promessas elevadas do investimento em ESG. A retórica do movimento, eles argumentam, serve para enriquecer um pequeno conjunto de consultores e gestores de fundos focados em ESG, enganando a comunidade pública e de investidores e fornecendo pouco ou nenhum benefício à sociedade. Eles alegam que a tendência de investimento não passa de lavagem de reputação e, potencialmente, fraude em escala industrial.

Sobrou para um dos fundos famosos na área: 

A BlackRock fará uma fortuna em taxas que promovam um modelo ESG inteiramente baseado em requisitos voluntários de autorrelato e pontuações opacas, disse Fancy [ex-diretor de investimento em responsabilidade social], enquanto usa seu poder como acionista para bloquear propostas que pedem às empresas que divulguem gastos políticos — os gastos muito políticos que as empresas usam para impedir leis e regulamentos governamentais significativos sobre gastos ou poluição em assistência social.

Há incoerências no próprio critério:

Os critérios para o que constitui um investimento socialmente responsável podem mudar de dia para dia. Em março, analistas do Citigroup Inc. sugeriu que as empresas que fabricam armas usadas para a guerra na Ucrânia para impedir a invasão russa poderiam contar para uma melhor pontuação ESG. "Defender os valores das democracias liberais e criar um impedimento, que preserva a paz e a estabilidade global", escreveram eles. 

 Antes deste ano, muitos fundos do ESG promoveram a exclusão de certos fabricantes de armas, argumentando que a venda global de bombas e mísseis não constituía um bem social - agora há um esforço para recompensar os fabricantes de armas. Se uma mudança na opinião pública pode remodelar todo o modelo, isso deixa muitos a se perguntar como qualquer fundo pode reivindicar princípios fixos quando idéias sobre responsabilidade social são inerentemente subjetivas.

Palavras mais duras chegam de Damodaran:

"É uma farsa, é tudo, uma farsa", disse Aswath Damodaran, professor de finanças da Stern School of Business da Universidade de Nova York, da ESG. “Como você pode ter uma medida de bondade? Ou deixe-me colocar de outra maneira: cite-me um fator social em que temos consenso na sociedade. Como diabos vamos chegar a uma pontuação?"

Voltando ao caso da prisão privada:

"O encarceramento com fins lucrativos é a antítese da responsabilidade social", disse Libal. "Eles obtiveram lucros devido ao encarceramento em números recordes, contribuindo com milhões de dólares em contribuições para a campanha para garantir que seus interesses sejam atendidos."

"Se o seu quadro é diverso, não importa o que você está vendendo, certo?" ele adicionou. "Se você tem mulheres suficientes no conselho da Blackwater, isso não faz das empresas mercenárias uma influência positiva no mundo."

Um exemplo é a farmacêutica Eli Lilly, que está sendo processada por aumentar de forma abusiva o preço da insulina. Mas ...

Em vez disso, o relatório Eli Lilly observa que a empresa promove a diversidade por meio de uma variedade de medidas, como treinamento em DEI e grupos de recursos de funcionários que patrocinam eventos como a Gala do Ano Novo Lunar.

Por este motivo, a empresa está em diversos fundos ESG, incluindo um fundo BlackRock. Sobra dinheiro para quem faz a premiação ESG:

A Just Capital, um grupo sem fins lucrativos que fornece classificações ESG, classifica a Amazon como líder do setor e três vezes vencedora do prêmio de Mais Justo Empresas da América. Apesar de uma agressiva campanha anti-sindical contra seus trabalhadores do armazém no Alabama e Nova York, que recebeu condenação internacional e reclamações abrangentes sobre as condições de trabalho, a empresa com sede em Seattle tem um histórico misto na categoria de práticas trabalhistas. Mas a pontuação é aumentada pelas políticas de "diversidade, patrimônio e inclusão" da Amazon e pelo número total de empregos que a empresa criou - duas áreas nas quais a Just Capital classifica a Amazon como a melhor empresa da América.

Entre as empresas bem ranqueadas, a Pepsi e a Coca-Cola, que emitem pouco. Mas produzem algo que aumenta a crise de diabetes, obesidade e doenças cardíacas. 

Alphabet, Amazon e Facebook também estão entre as maiores participações em fundos ESG, mas se envolvem em uma variedade de práticas de publicidade de vigilância e monopólio e fornecem um produto essencial que alimentou problemas de saúde mental entre os usuários. Todos eles divulgam medidas relacionadas ao DEI e à diversidade nos relatórios brilhantes do ESG que são enviados aos gestores de fundos.

"Se o modelo de negócios principal de uma empresa causa tanto dano", escreveu Taparia, "o encobrimento por meio de um "bom comportamento" em outros parâmetros não deve ser tão fácil."

E estes ranqueados são questionáveis, conforme o final do texto:

Um executivo-chefe de uma empresa de capital aberto, que pediu anonimato enquanto conversava com o The Intercept, disse que recentemente pagou cerca de US $ 20.000 a consultores de responsabilidade social para produzir um relatório especial a ser enviado às agências de classificação. Os profissionais do ESG criaram um documento que deslumbrou com o progresso por vários motivos ambientais e raciais. Os dados autorreferidos não são verificados por ninguém, observou ele com um encolher de ombros.

O executivo-chefe disse que ele parece branco para a maioria das pessoas, mas ele é tecnicamente um quarto não-branco, tornando-o, para os propósitos da ESG, um CEO "diverso" - uma dinâmica que ele achou absurda.

"É como a regra de uma gota. Sou diverso para o propósito dessas regras, elas realmente não fazem sentido ”, disse o executivo, que se perguntava como os gerentes e investidores de ativos podem exigir conformidade com as regras em torno da identidade racial quando a raça é socialmente construída, não uma realidade biológica.

"Não mudamos nenhuma prática comercial. É uma farsa, mas ninguém questiona essas coisas ", acrescentou. "Parece bom, mas não faz nada."

22 agosto 2022

Transparência, assertividade e agenda ESG

Da Época, autoria de Carlos Pires, da KPMG

(...)

Mas, vários atores da sociedade têm se movimentado para coibir este tipo de comportamento em relação a temas tão críticos para todos. Nos últimos 20 anos, as empresas têm prestado contas aos stakeholders, principalmente por meio dos Relatórios de Sustentabilidade, que, para muitas empresas, têm caráter voluntário e não requerem a verificação independente por parte de auditores externos (exceto para as Companhias Abertas no Brasil que preparam o Relato Integrado a partir de dezembro de 2021, no qual a verificação independente passou a ser obrigatória).

Tanto a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) como o Banco Central baixaram resoluções que estarão vigentes a partir de dezembro de 2022 (dependendo do tamanho da instituição financeira de acordo com as Resoluções colocadas em vigor). As instituições financeiras passam a integrar os riscos climáticos, ambientais e físicos em suas avaliações de riscos do negócio. Isso também é um fato novo. A Resolução 59 da CVM instituiu, com vigência a partir de 2023, alterações nas ICVM 480 e 481, incluindo a divulgação de práticas ESG nos Formulários de Referência, no viés de “pratique ou explique”. Outros reguladores abriram audiências públicas para escutar do mercado quais informações os stakeholders querem ver divulgadas pelas instituições financeiras – e seus clientes – e devem estar anunciadas até o final do ano.

Em âmbito internacional, os reguladores também abriram audiências públicas sobre este tema. Nos próximos meses, devem divulgar as primeiras normas a serem requeridas na divulgação dos riscos climáticos e ambientais sobre os negócios. A audiência pública da SEC (Securities Exchange Commission dos Estados Unidos) encerrou-se em junho passado. A audiência pública das duas primeiras proposições (exposure drafts) do ISSB (International Sustainability Standard Board, criada em novembro de 2021, durante a COP 26 em Glasglow), as IFRS S1 e S2, terminou em 29 de julho último.

Ainda há muito por vir e ser regulamentado no Brasil e no mundo nos próximos anos. Entretanto, voltando às considerações iniciais, a questão principal e que precisa ser reforçada aqui é: os stakeholders deterão acesso a uma série de informações que, inclusive, poderão ser comparadas entre empresas, e que possibilitará, em uma expressão popular, separar cada vez mais “o joio do trigo”. E, poderão influenciar, dentre outros: as tendências de consumo; a atração e retenção de talentos; quem e quais serão os provedores escolhidos em cadeias de suprimento; as taxas de juros nas captações financeiras; e quais serão seus prováveis clientes (e se eles querem e estarão associados com a marca ou o produto).

Diante de tudo isso, a transparência e a assertividade nas ações propositivas e proativas, e as consequentes divulgações apropriadas em torno da agenda de ESG, serão, em um futuro não muito distante, um tema vivo e dinâmico nas agendas de todos os Conselhos de Administração e, também, da sociedade civil. Além de ser um instrumento importante para identificarmos empresas socialmente responsáveis, ambientalmente sustentáveis e administradas de maneiras apropriadas, como resultado dessas ações, poderemos ter uma sociedade e um planeta muito melhor para se viver!

25 fevereiro 2022

Longo caminho para ESG/DEI


James Peterson, sobre a nova entidade de regulação ISSB, indica questões que devem ser exploradas e são, realmente, relevantes:

a – os relatórios ESG e DEI (diversidade, equidade e inclusão) devem ser obrigatórios ou voluntários – bom, a rigor, nenhum relatório da Fundação IFRS é obrigatório, pois trata-se de uma entidade do terceiro setor, sem o poder de tornar compulsória um pronunciamento. Entretanto, a entidade poderia recomendar a adoção e isto ser considerado algo obrigatório por uma entidade governamental, como uma agência pública

b – Deveria haver garantia de especialista, se sim, por quem? - este é um ponto que podemos confundir “especialista” com uma profissão específica. O espectro dos relatórios são tão amplos que seria difícil restringir. Além disto, a ISSB – assim como o Iasb – não é uma entidade profissional, como o IFAC

c – Qual a melhor forma de medir a não conformidade? - bom …

d – Quem dever ser responsável e com que sanções? - imagino que se refere a qual área da empresa, mas será possível antever sanções?

Além destas, o que se qualifica como padrão? E qual a chance que existe para que os padrões sejam coerentes, comparáveis e credíveis?

Ele parece bem cético sobre o assunto...

Foto: Rouichi

02 fevereiro 2022

Fundos ESG e a manipulação da ingenuidade do investidor

Investir em fundos que sejam sustentáveis, com empresas de elevada governança e cuidado com os recursos humanos, passou a ser a nova moda do mercado. Segundo Lance Roberts, The Epoch Times (via aqui) o assunto ESG em Wall Street virou sinônimo de roubo de investidores ingênuos. Se em 2008 os fundos ESG correspondiam a zero por cento do total de fundos, hoje o valor investido é superior a 16 trilhões. Significa que Wall Street mudou? Provavelmente não, pois parece não passar de um modismo, segundo os dados de Roberts.

Na tabela, lado esquerdo, um fundo com "ESG" no nome e sua carteira. No lado direito, um fundo normal. O primeiro cobra uma taxa de 0,25% e o segundo 0,09%, mas a composição é praticamente a mesma. Muitos dos fundos sequer inclui o risco de desmatamento na análise. Outro dado, o BNP Paribas é o principal financiador de combustível fóssil, mas possui "investimentos sustentáveis" para seus clientes. Finalmente, um último dado: dos 253 fundos que mudaram seu foco para ESG, em 2020, nos Estados Unidos, 87% foram simplesmente renomeados, incluindo palavras como "sustentável" ou "verde" no nome, sem mudar sua carteira. 

11 janeiro 2022

Mudança estrutural na contabilidade?


Será que estamos diante de uma mudança estrutural na contabilidade? Leia a seguir: 

Não é todo dia que a profissão contábil recebe uma nova categoria de coisas para prestar contas. Como se você é um contador hoje, praticamente audita o balanço patrimonial, a demonstração de resultados e a demonstração dos fluxos de caixa, e se você era um contador há 50 anos, praticamente auditou as mesmas três demonstrações. Mas em 10 anos não é implausível que os contadores auditem essas três demonstrações, além da demonstração de emissões de carbono e da declaração de diversidade no local de trabalho e quem sabe o que mais. Pode haver, tipo, o dobro da contabilidade do que existe agora!

Matt Levine - Bloomberg Opinion

Foto: The Courier, 31 de janeiro de 1903, p. 1. Via Biblioteca do Congresso dos EUA

16 dezembro 2021

Starups podem ajudar na lavagem verde?


Segundo Parmy Olson, da Bloomberg, a resposta seria sim. O aumento do interesse pela questão ambiental fez surgir a possibilidade de manipular os resultados ambientais de uma empresa, de um fundo ou de uma cadeia produtiva. Isto recebeu o nome de "lavagem verde". 

Como há muita manipulação sobre esta informação, alguns parâmetros começaram a surgir. Um dos mais relevantes é o nível do escopo. Uma poluição do escopo da própria empresa, nas suas fábricas ou nos seus escritórios, estão classificadas como sendo do escopo 1 e 2. Geralmente as empresas divulgam estas emissões. Entretanto, uma empresa também pode ser responsável por emissões de outras entidades que fazem parte da sua cadeia de valor e isto estaria no escopo 3. Veja um exemplo: a empresa deixa de fabricar um produto poluente e passa a terceirizar sua produção. A emissão pela produção vai para o escopo 3, não aparecendo nos relatórios ambientais. 

Segundo dados da Bloomberg, cerca de 75% das emissões mundiais estão no escopo 3. Por um lado, o fato do escopo 3 não está sendo evidenciado faz com que algumas empresas possam anunciar, com orgulho, que conseguirão ter negócios "limpos". Isto inclui empresas de petróleo, como BP e Shell, que não divulgam - ou não conseguem rastrear - o  escopo 3. Mesmo quando um funcionário da empresa usa o avião para fazer uma viagem, a emissão geralmente não aparece nos relatórios. Ou seja, mesmo o escopo 1 e 2 estão sujeitos a manipulação. 

Onde entra a starup? Sendo uma oportunidade de negócio, alguns empreendedores estão conseguindo desenvolver softwares para verificar a emissão do escopo 3 de uma empresa. É o caso da Normative, com sede na Suécia, ou a Persefoni, dos Estados Unidos. 

Mesmo com os esforços, o texto faz uma ressalva:

Ian Thomson, professor de contabilidade e sustentabilidade da Universidade de Birmingham, que pesquisa a contabilidade de carbono há 30 anos, desconfia de uma única grande empresa de consultoria ou empresa de nuvem, como a Salesforce, que vende software de contabilidade de carbono chamado Sustainability Cloud, dominando o mercado para contabilidade de carbono. "Você precisa da sabedoria da multidão", diz ele, por que há muitos detalhes complexos para resolver ao medir o carbono do escopo 3. "Vai ser difícil encontrar uma única solução. O diabo está nos detalhes". 

23 novembro 2021

Otimismo com ESG


Em geral postamos muito sobre ESG com uma abordagem crítica. Mas eis aqui algo sobre este assunto, de forma bem otimista:

A Fundação IFRS está bem posicionada para fazer esta proposta [de um padrão ESG]. Isso se deve à sua experiência no processo de definição de padrões, sua legitimidade na comunidade corporativa e de investidores e seu apoio de reguladores de todo o mundo. Se sua proposta for adotada, investidores e outras partes interessadas terão repentinamente uma visão muito mais clara do desempenho de sustentabilidade de qualquer empresa - assim como o desempenho financeiro. A maioria das empresas já emite relatórios de sustentabilidade, é claro, mas eles são divorciados de seus relatórios financeiros, dificultando a visualização da relação entre desempenho financeiro e desempenho de sustentabilidade. O SSB possibilitaria a realização do ideal de relatórios integrados. E o FASB seria capaz de desenvolver esse trabalho nos Estados Unidos. (...)

O impacto dos padrões de relatórios de sustentabilidade será enorme. Os executivos serão mais capazes de levar em consideração questões de sustentabilidade nas decisões de estratégia e alocação de capital. Isso ajudará a garantir a sustentabilidade do desempenho financeiro corporativo, principalmente a longo prazo. Os conselhos de administração verão a sustentabilidade não como uma questão paralela a ser gerenciada em um comitê, mas como uma questão importante na qual todo o conselho precisa se concentrar. As empresas mais eficazes no gerenciamento da sustentabilidade serão mais atraentes para os investidores. Como o desempenho da sustentabilidade pode ser um indicador líder do desempenho financeiro, os investidores desejam a mesma consistência e clareza nos relatórios de sustentabilidade de uma empresa, como agora esperam para seus relatórios financeiros. Os investidores desejam essas informações do CEO e do CFO e desejam discutir com eles o desempenho financeiro e de sustentabilidade da empresa e como eles estão relacionados entre si.

03 novembro 2021

Contabilidade e Ambiente - 1


No encontro entre os principais líderes mundiais, em Roma, foi divulgada uma declaração e em um determinado tópico temos:

Saudamos também o programa de trabalho da International Financial Reporting Standards Foundation para desenvolver um padrão global de relatórios de linha de base sob governança robusta e supervisão pública, com base na estrutura da Força-Tarefa do FSB sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima e no trabalho dos definidores de padrões de sustentabilidade.


27 agosto 2021

ESG tem desempenho superior?

Sobre a sustentabilidade, a RealClear Foundation divulgou um relatório contrário a SASB:


Sem surpresa, as alegações de desempenho superior do ESG são contraditas por estudos.

As alegações de que as ações [de empresas] favorecidas pela ESG tiveram um desempenho superior durante o colapso do mercado por conta do Covid-19 desaparecem quando outros determinantes do desempenho das ações são controlados. Os fatores ESG foram associados negativamente ao desempenho das ações durante a fase de recuperação do mercado no segundo trimestre de 2020.

O corolário da tese do ESG - de que “estoques de pecados” com classificação baixa em ESG estão condenados a ter um desempenho inferior ao mercado de ações - é decisivamente refutado pelos dados. (...) 

O ESG é supostamente sobre a avaliação objetiva do risco de investimento. O objetivo declarado do Sustainability Accounting Standards Board (SASB), um órgão apoiado por Michael Bloomberg, é fornecer um regime de divulgação que permita melhor aos investidores avaliar riscos, sendo o risco climático um dos principais.

Ao mesmo tempo, o SASB visa aproveitar o poder do mercado de capitais para fins políticos. Assim como a pandemia de Covid estava varrendo o mundo, a Bloomberg declarou a mudança climática a maior ameaça para a América e o mundo. (...)

O risco climático é principalmente sobre os custos potenciais de futuras regulamentações climáticas, mas as divulgações climáticas exigidas pelos criadores de padrões ESG são sistematicamente enganosas porque tratam o mundo como um espaço regulatório homogêneo. Os regulamentos climáticos são feitos pelos estados e variam do rigoroso e inatingível em partes da Europa ao praticamente inexistente em muitas outras partes do mundo. (...)

A discussão é sempre benvinda 

Foto: aqui

16 agosto 2021

ESG é uma nova fase do capitalismo ?


Publicado pela Forbes, o texto a seguir defende, no título, o movimento ESG como sendo uma revolução. Mas os argumentos são mais no sentido de ser uma evolução. 

Revolução ESG inaugura nova fase do capitalismo 

Solange Guimarães 

ESG trata da incorporação de práticas de sustentabilidade ambiental, inclusão social e governança no universo corporativo e sua transformação em um ativo financeiro tangível  

 Preocupação ambiental, comportamento ético e ações concretas para diminuir as desigualdades sociais eram considerados há pouco mais de 20 anos um diferencial, quase um luxo, das empresas que se pretendiam sustentáveis. Hoje atuar fortemente nesses temas passou a ser mandatório para qualquer organização. Mais que metas e propósitos intangíveis, mais que declarações públicas de boas intenções, as companhias têm que provar com fatos e dados o que estão fazendo e demonstrar com métricas e indicadores auditáveis o impacto positivo de suas atividades. A sustentabilidade em diferentes âmbitos entrou em um novo patamar e essa fase tem nome, ou melhor, sigla: ESG, do inglês environmental, social and governance, ou seja, ambiental, social e governança.  

 Essencialmente, o ESG trata da incorporação de práticas de sustentabilidade ambiental, inclusão social e governança no universo corporativo e sua transformação em um ativo financeiro tangível. Os critérios ESG se tornaram relevantes na análise de riscos e na tomada de decisões dos investidores e já impactam nas decisões de compra dos consumidores. Sua relevância é tamanha que empresas do mundo inteiro têm investido para fazer com que suas políticas de governança tragam retornos ambientais e sociais o quanto antes.  

 Esse novo propósito perseguido pelas organizações é uma mudança de paradigma diante da máxima liberal, que imperou na segunda metade do século 20, de que o objetivo de uma empresa deveria ser gerar lucro para garantir retorno ao acionista. Essa ideia, defendida pelo economista Milton Friedman, começou a ficar ultrapassada em 2004 quando a Organização das Nações Unidas, sob a batuta do secretário-geral Kofi Annan, estabeleceu os pilares do desenvolvimento sustentável.  

De lá para cá, grandes líderes empresariais vêm debatendo a responsabilidade corporativa e seu compromisso com todos os públicos de interesse (não apenas o acionista), o chamado Capitalismo de Stakeholders. Um manifesto de 2019 da Business Roundtable, associação que reúne as maiores corporações dos Estados Unidos – entre elas Amazon, Apple, Bayer, Coca-Cola, Dell e IBM –, com as assinaturas de 181 CEOs, reforçou que o propósito das corporações deve ser o bem-estar social. No ano seguinte, Larry Fink, CEO da BlackRock, maior gestora de fundos do mundo, declarou a sustentabilidade como seu novo padrão de investimentos e convocou os investidores a dar preferência às empresas com propósito.  

 A convergência de interesses que coloca o ESG em destaque é muito influenciada pelos investidores, pela opinião pública e pelas mudanças de hábitos de consumo. Levantamento realizado pelo Instituto Akatu e a GlobeScan sobre as percepções dos consumidores em 27 países mostrou que no Brasil mais de 70% dos consumidores esperam que as empresas não agridam o meio ambiente e mais de 60% querem que as empresas estabeleçam metas para tornar o mundo melhor.  

“ESG passou de uma questão estratégica periférica para ser central e dominante. Executivos e stakeholders (boards, funcionários de todos níveis, agentes, governo, reguladores e a sociedade) reconhecem que ESG é um direcionador de valor e estão proativamente endereçando esses fundamentos”, explica Alexandre Pierantoni, diretor da Duff&Phelps no Brasil, consultoria global de finanças corporativas.  

Christian Gebara, presidente da Vivo, comprova. “A sustentabilidade está na nossa estratégia, alinhada às expectativas de clientes, acionistas, fornecedores, colaboradores e sociedade, nos aspectos ambientais, sociais e de governança. Com o Vivo Sustentável – um dos nossos pilares de negócio – damos um olhar consciente para os impactos das nossas atividades e as conexões que construímos com o planeta. Assumimos, assim, o protagonismo para dialogar sobre diversidade, cuidado com o meio ambiente e uso consciente da tecnologia, por exemplo. Tudo isso, apoiado na relevância, na liderança e na credibilidade da nossa marca, que tem como propósito digitalizar para aproximar.”  

Além de influenciar a percepção da sociedade, os indicadores ESG também definem a atratividade de uma empresa tanto no mercado de capitais quanto para questões relacionadas a fusões e aquisições, ou seja, impactam diretamente no valuation das companhias.  

“As empresas querem fazer negócios com quem investe em modelos mais sustentáveis, que possam contribuir para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, que entreguem valor à sociedade com um sistema de governança que permita transparência e conduta responsável em todas suas atividades”, afirma José Luiz Moreira, CEO da IHM, empresa do Grupo Stefanini. Especializada em transformação digital, a IHM criou uma divisão focada em soluções tecnológicas que ajudam as indústrias a executarem suas agendas de ESG, sobretudo na adaptação ao processo de transição energética pelo qual o mundo está passando.  

A transição energética deve atrair investimentos massivos e, pelo potencial que o Brasil apresenta para as energias solar e eólica e em biocombustível, a neutralidade de emissão de carbono representa uma grande oportunidade para a inserção internacional do país.  

Enquanto a geração de eletricidade e o transporte representam 53% das emissões globais de gases do efeito estufa, no Brasil o setor de energia é responsável por apenas 8% das emissões, pois aqui predominam as usinas hidrelétricas. “Com a expansão da produção eólica, solar e de biomassa, além da substituição de térmicas a diesel e de investimentos em estrutura de armazenamento de energia, o Brasil pode assumir a liderança da energia sustentável”, avalia o economista Gesner Oliveira, coautor do livro “Nem Negacionismo Nem Apocalipse – Economia do Meio Ambiente: Uma Perspectiva Brasileira”.  

Economia circular  

Gesner Oliveira também vê potencial na geração de energia a partir dos resíduos sólidos urbanos e estimula a economia circular em cada cadeia produtiva. O conceito de economia circular defende o melhor uso dos recursos naturais, por meio de novas oportunidades de negócios, da otimização na fabricação de produtos e da reciclagem dos resíduos, de forma a depender menos de matéria-prima virgem, priorizando insumos mais duráveis, recicláveis e renováveis.  

Na metalúrgica Tupy, multinacional brasileira com sede em Joinville, Santa Catarina, 99% do material metálico utilizado como matéria-prima teve origem na reciclagem e metade do volume total de resíduos gerados são reciclados. Destes resíduos, cerca de 75 mil toneladas foram transformadas em coprodutos e utilizadas em outras cadeias produtivas.  

Já a seguradora Zurich, uma das mais tradicionais do mundo, acaba de anunciar um “selo verde” para certificar as oficinas mecânicas parceiras no Brasil. A ideia é estimular a utilização de insumos com baixo impacto ambiental, processos de destinação de resíduos líquidos e sólidos e de reutilização de recursos. A aferição será feita pelo Instituto da Qualidade Automotiva (IQA), e a expectativa é que a mudança das práticas gere ganhos de eficiência, economia de custos, produtividade e maior captação de clientes.  

Pioneira no segmento de gestão ambiental, a Ambipar ganhou relevância internacional por desenvolver soluções que promovem a economia circular, ou seja, que buscam reintroduzir os resíduos na cadeia produtiva, gerando mais uma fonte de receita para as empresas clientes e reduzindo o impacto ambiental. Foi o centro de pesquisas da Ambipar que mostrou à indústria farmacêutica a viabilidade técnica e econômica da reutilização do colágeno usado para envolver cápsulas de vitaminas e outros medicamentos. O resíduo, que iria para aterros sanitários, passou por estudos e análises e se tornou um protótipo de sabonete que, dermatologicamente testado e aprovado, provou ser uma excelente matéria-prima para a indústria de cosméticos.  

Cristina Andriotti, CEO da Ambipar, explica que a empresa também é especialista em atendimento a emergências ambientais e tem bases operacionais distribuídas estrategicamente na América do Sul, América do Norte, Europa, África e Antártida. “Nossa maior visibilidade, no entanto, é com o gerenciamento de resíduos com foco em valorização”, comenta. A Ambipar abriu capital em 2020, e a demanda pelos papéis foi a maior já registrada na história da Bolsa de Valores brasileira (B3) em uma oferta pública inicial.  

  A hora e a vez do S  

Pesquisas mostram que os temas relacionados a E (enviromental) têm tido a maior parte de atenção e que questões de S (social) e G (governance), embora endereçadas, aparecem em segundo patamar. No Brasil, as empresas têm buscado um maior equilíbrio entre os três temas. No âmbito da governança, há questões de controle corporativo e problemas a serem mapeados, como fraudes, corrupção, risco de ataque cibernético, exposição e relacionamento político, entre outras. No aspecto social, há forte demanda da sociedade brasileira pelo tema da diversidade e inclusão.  

Para Maria Eugênia Buosi, CEO da Resultante ESG, escritório especializado na integração das práticas a companhias, investidores e instituições financeiras, o S caminha mais lentamente porque incomoda, afeta o modelo de negócios, mas mexe também com o modelo mental, valores, polêmicas. “No fim do dia, ESG é sair da zona de conforto. Se não está doendo, não está sendo feito direito”, declara. “Se estamos vivendo os maiores desafios ambientais e sociais da história, com risco iminente de uma crise climática e de perda maciça de biodiversidade e um abismo social em que 1% da população detém 50% da riqueza, não há como resolver esses desafios fazendo as mesmas coisas de sempre. É preciso mudar. E isso incomoda.”  

É por isso que os especialistas apontam que o processo de implementação de mudanças organizacionais só se dará de forma completa e definitiva com o apoio e a liderança da alta gestão e dos controladores da empresa.  

“Em uma jornada de quase 15 anos, tornamos ESG parte fundamental das nossas estratégias. Com isso, além de contribuirmos para um mundo mais sustentável, buscamos inspirar princípios de confiança, criar oportunidades iguais, aproveitar o poder de todas as gerações e empoderar comunidades locais. Nesse sentido, estamos atentos e ativos no desenvolvimento de ações de sustentabilidade e inclusão, trabalhando por nossas metas e demonstrando à sociedade, de forma transparente, os resultados que já conquistamos”, afirma Rafael Segrera, presidente da Schneider Electric para América do Sul. “Sustentabilidade é parte integrante e indissociável dos nossos negócios.”  

Uma estratégia que vem sendo utilizada para dar mais consistência e celeridade às transformações é utilizar os frameworks de complianceR e governança para implementação dos pilares de ESG. “A criação de processos e controles relacionados ao combate ao trabalho escravo é muito semelhante aos processos de compliance que muitas empresas já possuem para lidar com uma série de outros riscos de terceiros, como suborno e corrupção, lavagem de dinheiro ou financiamento do terrorismo”, ressalta Ian Cook, diretor da Kroll no Brasil, empresa mundial de gestão de riscos e investigações corporativas. 

“O compromisso com práticas de ESG deixou de ser uma opção”, sentencia Luciano Guidolin, presidente da consultoria Stelagu Capital e Gestão Empresarial. “As empresas que quiserem sobreviver terão de ir além da retórica na defesa dos interesses da sociedade.”

13 agosto 2021

Investidor pode fazer a diferença


Essa última onda de especulações sobre o futuro da indústria [do petróleo] começou em 26 de maio de 2021, quando um tribunal holandês ordenou que a Royal Dutch Shell reduzisse suas emissões 45% até 2030 a partir dos níveis de 2019. Isso inclui emissões de veículos que queimam a gasolina da Shell, algo pelo qual a indústria do petróleo nunca foi responsabilizada legalmente.

Cavando mais profundamente na decisão do tribunal, é claro que os juízes prestaram atenção à ciência. (...) O tribunal considerou a Shell parcialmente responsável por esse aumento [da temperatura da Terra].

(...) A Shell planeja apelar a decisão no tribunal holandês, e isso sem dúvida envolverá um debate prolongado sobre o que significa "ilegal" no contexto do Código Civil Holandês.

(...) Os tribunais também são muito lentos para agir. Lembre-se de que a resposta da Exxon ao derramamento de petroleiro Exxon Valdez em 1989 amarrou os tribunais por mais de uma década.

Portanto, embora os processos possam adicionar pressão pública, os tribunais não são as principais forças de mudança no momento.

Investidores e mercados detêm mais poder

No mesmo dia, o tribunal holandês decidiu sobre o caso da Shell, acionistas da Chevron aprovaram uma resolução para exigir que sua empresa, sediada em São Francisco, também reduza as emissões do "escopo 3" - as emissões criadas pelo uso dos produtos da empresa. E os acionistas da Exxon, com o apoio do maior gerente de fundos de investimento do mundo, a Blackrock, votaram pela expulsão três membros do conselho e substituí-los por especialistas em energia renovável e ciência do clima.

Com os votos dos acionistas da Chevron e da Exxon, é importante reconhecer que a maior parte das propostas de maioria dos votos também é não implementado ou são diluídos em várias rodadas de votos subsequentes Se eles são bem-sucedidos depende muito mais das negociações entre os acionistas e a empresa.

São investidores como a Blackrock que podem mudar a balança. Com a Blackrock do lado dos acionistas que estão pressionando por mudanças, é possível que as duas principais empresas de petróleo sejam forçadas a adotar uma estratégia de investimento mais favorável ao clima.

Blackrock, Vanguard e State Street têm imenso poder na sala de reuniões. Eles estão agora entre os maiores acionistas das empresas de petróleo e gás dos EUA, atualmente detendo 18,5% de Exxon e 19,4% da Chevron. Eles também possuem cerca de 20% das empresas do mercado S&P 500, incluindo um pedaço grande de ações nos grandes bancos que financiam essas empresas.

(...) O incentivo mais forte para a mudança da indústria de combustíveis fósseis pode, portanto, ser a disciplina de grandes investidores nos mercados financeiros. Quando grandes investidores, como a Blackrock, não recebem retornos sobre seus investimentos proporcionais ao risco financeiro, eles agem cortando suas participações ou usando seu poder de voto para efetuar mudanças.

Embora eu acredite que este seja um passo na direção certa, não conte com isso como uma solução ideal, no entanto, porque a Blackrock e os outros grandes fundos de ativos tendem a promover mudanças corporativas isso beneficia seus investidores, não necessariamente o público em geral.

O mercado começou a prestar atenção

Vários anos atrás, eu produzi evidências que, quando os investidores avaliaram empresas com maiores emissões de gases de efeito estufa, consideraram os custos potenciais de futuros processos e regulamentações, o que afetar os preços das ações. Na época, no entanto, o mercado prestou pouca atenção a esse passivo, talvez por causa do histórico bem-sucedido da Exxon em defender ações climáticas.

No outro artigo, mostrei que o mercado prestou atenção ao orçamento de carbono (...) e para evidências de que os ativos de combustíveis fósseis podem perder valor em um mundo mais quente.

Esse não é mais o caso. Os mercados estão agora prestando muita atenção a ambos. A década passada viu o mercado em alta mais forte em 50 anos. No entanto, investimentos em os estoques de combustíveis fósseis perderam cerca de 20% de seu valor na mesma década. Enquanto isso, o preço do carbono na Europa dobrou nos últimos 12 meses. (...)

Portanto, na minha opinião, não são os tribunais que forçarão a indústria de combustíveis fósseis a reduzir as emissões. Pelo menos no curto prazo, parece que o que fará a diferença será uma mudança nas estratégias dos investidores, longe de investimentos de alto risco e alto carbono e em direção a produtos e serviços mais limpos que possam obter retornos superiores para os acionistas.

O tempo dirá. Mas eu apostaria na Blackrock, Vanguard e State Street e nos mercados financeiros como melhores instrumentos para reduzir ou eliminar as emissões de carbono das grandes empresas de petróleo e gás, não dos tribunais.

Fonte: Paul Griffin, The Conversation

29 julho 2021

Informações Ambientais fora dos Relatórios Contábeis


Embora bancos e gigantes da tecnologia apoiem amplamente o impulso de Washington sobre as mudanças climáticas, eles argumentaram que prever com precisão como isso afetará seus negócios não será fácil, porque as divulgações dependeriam de premissas imprecisas. Por esse motivo, Amazon.com Inc., Bank of America Corp. e Facebook Inc. estão entre os titãs corporativos que instaram a SEC a manter os relatórios fora dos registros que detalham ganhos e outros resultados financeiros.

Fonte: aqui. Talvez essa seja a tendência, pelo menos a curto prazo. Mais ainda:

Uma grande preocupação para empresas e executivos é que eles podem enfrentar multas por cometer distorções ou omissões relevantes, principalmente se as divulgações estiverem em 10-Ks.

23 julho 2021

Carros Elétricos e a lucratividade


A Volkswagen é uma empresa que está investindo na produção de carros elétricos. Conforme postamos no início do ano, a empresa alemã era uma grande surpresa do mercado, pelo investimento em carros elétricos. 

Na Assembleia anual da empresa, realizada agora, o seu executivo operacional afirmou que as margens dos veículos elétricos ainda são inferiores aos carros de combustão, mas que em dois ou três anos haverá uma equivalência. Os números da empresa mostram que as vendas no primeiro semestre de 2021 foram duas vezes maiores que as vendas de 2020. 

Outro ponto interessante é que os executivos agora possuem incentivos vinculados a questão "verde".