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13 dezembro 2023

32 bi de amortização de marca

A British American Tobacco (BAT), dona da Souza Cruz, disse nesta quarta-feira (6) que vai fazer um baixa contábil de cerca de US$ 31,5 bilhões no valor de algumas de suas marcas de  cigarros nos Estados Unidos, reconhecendo que seu modelo tradicional de negócios enfrenta desafios a longo prazo.


A medida da BAT ocorre em um momento em que a regulamentação cada vez mais rígida e a crescente conscientização sobre os riscos à saúde gerados pelo fumo pressionam os negócios tradicionais de empresas de tabaco, provocando quedas nos volumes de vendas.

A fabricante dos cigarros Lucky Strike e Dunhill também apontou para os desafios econômicos nos EUA, onde alguns consumidores estão migrando para marcas mais baratas e o aumento de vapes descartáveis pressionam sua divisão de cigarros no país.

A BAT disse que esses fatores, combinados com o afastamento mais amplo do fumo, significam que a empresa terá de ajustar a forma como algumas de suas marcas norte-americanas são tratadas em seu balanço, mudando o valor para uma vida útil finita de 30 anos.

Isso resultará em um encargo de redução de valor recuperável de cerca de 25 bilhões de libras (US$ 31,5 bilhões), disse a BAT. As marcas Newport, Camel, Pall Mall e Natural American Spirit foram afetadas, acrescentou um porta-voz.

O presidente-executivo da BAT, Tadeu Marroco, descreveu a medida como “a contabilidade se aproximando da realidade”.

Embora não acredite que os cigarros desapareçam em 30 anos, o executivo disse que não é mais possível justificar um valor indefinido para essas marcas, que equivalem a cerca de US$ 80 bilhões no balanço patrimonial da BAT.

A BAT acrescentou que começará a amortizar o valor remanescente de suas marcas nos EUA em 2024, tornando-se a primeira das principais fabricantes de cigarros a reconhecer que o valor de suas marcas de tabaco tem uma data de validade.

As ações da BAT despencaram mais de 8% no início do pregão nesta quarta-feira, atingindo mínimas de quatro anos e meio, e eliminando cerca de 4 bilhões de libras do valor da empresa. As ações da rival Imperial Brands caíram mais de 2%.

Assim como seus rivais, a BAT vem investindo pesadamente em alternativas ao fumo, como os vapes.

Nesta quarta-feira, a companhia acrescentou uma nova ambição de gerar 50% de suas receitas a partir de produtos sem combustão até 2025 e disse que agora espera que seus negócios com essas “novas categorias” atinjam o ponto de equilíbrio em 2023, um ano antes da projeção atual.

James Edwardes Jones, analista da RBC Capital Markets, elogiou a meta da empresa, embora tenha se surpreendido com o valor da baixa contábil nos EUA e a perspectiva “sombria” da BAT.

“Meu Deus, esse é um número grande”, disse ele sobre a redução no valor dos ativos, acrescentando que exemplifica os “perigos do setor” e envia sinais menos confiantes sobre as perspectivas para os cigarros.

A BAT disse que o crescimento da receita para o ano provavelmente ficará na extremidade inferior de uma faixa de 3% a 5%. A companhia também espera um crescimento baixo de um dígito na receita e no lucro ajustado das operações em 2024.

Fonte: Reuters. Não deixe de ler sobre a lucratividade da BAT

05 setembro 2023

Custo do Cigarro

 

O custo do cigarro já foi objeto de longa discussão no tempo. Alguns consideram que uma forma de reduzir o consumo é através de um preço mais elevado. Neste caso, cobrar mais impostos pode ser uma saída, já que ajuda a custear o sistema público de saúde, que irá arcar com as consequências do consumo do produto. As alíquotas do cigarro são elevadas no Brasil.

Mas o custo não é composto somente de impostos. O fato de o Brasil ser produtor do insumo reduz o custo. Assim como um processo de fabricação em massa ou um custo de distribuição menor poderiam reduzir o impacto do imposto mais elevado.

Um levantamento feito com o preço do maço de Marlboro, uma marca mundial, mostrou o custo do produto em diferentes países. O gráfico acima traz a variação do preço do produto em dólares. Assim, o valor também é afetado pela taxa de câmbio. Países onde a cor é mais próxima do vermelho significam um custo mais elevado. A Austrália e a Nova Zelândia fazem com que um fumante pague mais de 20 dólares por maço. A Irlanda tem um preço de 16 dólares.

Por outro lado, os turcos pagam 1,42 por maço. Um dólar a menos do que um maço no Brasil, que custa, segundo a pesquisa, 2,43. Os países com a cor verde escura pagam menos pelo vício.

(Traduzindo: há espaço para o aumento de receita tributária aqui)

16 junho 2023

Será possível mensurar ESG?

A mensuração dos aspectos ambientais, sociais e de governança de uma empresa é uma preocupação válida. No entanto, a classificação ESG da Sustainalytics, uma ferramenta amplamente utilizada, atribuiu uma pontuação inferior à Tesla em comparação com a Philip Morris, o que é bastante estranho.

A Tesla é reconhecida como uma empresa que está contribuindo para resolver os problemas ambientais, promovendo a substituição dos carros movidos a petróleo por veículos elétricos. A Philip Morris é uma conhecida fabricante de cigarros, incluindo a marca Marlboro. Além disso, a British American Tobacco recebeu uma pontuação ainda mais alta da Bolsa de Londres.


É curioso observar que as empresas de tabaco estão adotando uma política de progressismo corporativo, com foco na diversidade em seus conselhos e iniciativas de justiça social, o que provavelmente contribui para suas pontuações elevadas. No entanto, não podemos ignorar os impactos negativos à saúde causados pelo tabaco.

A Tesla, composta na sua estrutura administrativa principalmente por homens brancos, não seguiu a mesma tendência e sua pontuação reflete isso. Essas pontuações mais baixas podem ser usadas como justificativa para a não realização de investimento por parte dos fundos na empresa.

Essa situação absurda demonstra como os critérios de pontuação ESG podem não ter uma conexão racional com os negócios reais das empresas, levantando dúvidas sobre a objetividade dessas métricas.

Baseado aqui e aqui

15 novembro 2015

Listas: Os países que mais fumam

20) Grã-Bretanha - 20% da população
19) Suíça - 20,4%
18) Eslovênia - 20,5%
17) Alemanha - 20,9%
16) Itália - 21,1%
15) República Tcheca - 22,2%
14) Lituânia - 22,2%
13) Áustria - 23,2%
12) Polônia - 23,8%
11) Turquia - 23,8%
10) Espanha - 23,9%
9) França - 24,1%
8) Rússia 24,2%
7) China - 25,5%
6) Estônia - 26%
5) Hungria - 26,5%
4) Chile - 29,8%
3) Letônia - 34,3%
2) Indonésia - 37,9%
1) Grécia — 38,9%

Fonte: Aqui

25 junho 2013

Fisco e Cigarro

O Judiciário tem aplicado uma norma da época do regime militar para manter o fechamento de indústrias de cigarros inadimplentes com a Receita Federal. Em decisões recentes, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, em Brasília, confirmaram o direito do Fisco de cassar os registros das empresas. Medida que, na prática, as impede de funcionar.

Na quinta-feira, a Corte Especial do TRF, por sete votos a cinco, determinou o fechamento da Cia Sulamericana de Tabacos, devedora de R$ 402 milhões em PIS, Cofins e Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Segundo a Receita, nos últimos quatro anos, a companhia recolheu apenas 20% dos tributos devidos.

Segundo a Receita, oito fábricas foram fechadas por inadimplência desde 2008. Nenhuma conseguiu quitar as dívidas e voltar a funcionar. Atualmente, 14 empresas possuem registro especial e estão autorizadas a produzir cigarros e tabaco no Brasil. O Fisco também exige o registro para os produtores e vendedores de bebidas alcoólicas e biodiesel, além do papel utilizado em livros e jornais, imune ao pagamento de tributos.

Pelo Decreto-Lei nº 1.593, de 1977, a Receita Federal foi autorizada a cassar registros das empresas de cigarros devedoras de tributos federais. Sem mudanças na essência, a norma foi posteriormente alterada pela Lei nº 9.822, de 1999. Apesar da previsão legal, as indústrias têm recorrido ao Judiciário para questionar os atos do Fisco. Alegam sanção política ou tentam comprovar que possuem a certidão de regularidade fiscal.

Em maio, o Supremo declarou a norma constitucional. Com isso, chancelou a decisão da Receita de fechar a American Virginia Indústria Comércio Importação e Exportação de Tabacos, dona de uma dívida de R$ 2 bilhões com o Fisco. A decisão, porém, não foi unânime. Os ministros Gilmar Mendes, Marco Aurélio e Celso de Mello classificaram a medida como coercitiva para forçar o pagamento de tributos.

Com sede em Duque de Caxias (RJ), a Cia Sulamericana de Tabacos alega no Judiciário que dos 18 débitos que justificaram o cancelamento do registro - publicado em maio de 2012 - 12 haviam sido incluídos no Refis da Crise (Lei nº 11.941, de 2009). Porém, dos R$ 402 milhões exigidos, R$ 238,9 milhões não estavam sujeitos ao programa de parcelamento de débitos ficais do governo.

O julgamento do caso entrou noite adentro da quinta-feira. Depois de quase uma hora e meia, a maioria dos desembargadores da Corte Especial do TRF concluiu que a inadimplência da empresa decorre da "opção de não pagar tributos" e viola a economia e a saúde públicas, além de gerar concorrência desleal com companhias que arcam com uma carga tributária de 70% sobre o valor do produto. "A produção de cigarros no Brasil é tolerada com uma tributação parafiscal alta destinada à custear os gastos da União com doenças decorrentes do fumo", disse a desembargadora Selene de Almeida, primeira a votar a favor do fechamento da Sulamericana. "Mas torna-se intolerável se a empresa deixa de recolher os tributos", completou.

Pelo rastreamento da Receita, de março de 2008 ao mesmo mês de 2012, a Sulamericana teria produzido 328 milhões carteiras de cigarro. Produção que deveria gerar aos cofres públicos de R$ 242 milhões. No período, porém, a empresa teria recolhido R$ 47 milhões, segundo o Fisco.

Alguns desembargadores, porém, discordaram do entendimento da maioria. "Precisamos aplicar o direito, e não dar decisões moralistas", disse o desembargador Olindo Menezes. "A Fazenda diz que a continuidade da empresa representa ofensa à economia pública. Me parece justamente o contrário. Se parar de produzir, aí sim o rombo não será coberto", afirmou o desembargador Carlos Moreira Alves. Atualmente, a Sulamericana possui cerca de 200 funcionários.

Para a procuradora regional da Fazenda Nacional, Cristina Luisa Hedler, a decisão reforça o entendimento do Supremo de considerar os custos com saúde e a concorrência na análise de casos semelhantes. "A tendência, acredito, é que os tribunais levem em conta esses valores", diz.

Na quinta-feira, porém, a mesma Corte Especial manteve liminar que permite à Cibrasa Indústria e Comércio de Tabacos, situada no bairro da Penha (RJ), a continuar aberta. No caso, os desembargadores consideram que a empresa apresentou regularidade fiscal "condizente à sua capacidade". "Desde 2010, a empresa está aberta, mas a duras penas. Não há isonomia na base de cálculo do IPI entre as empresas", afirma o advogado da Cibrasa, Homero Flesch.

Em 2010, a Corte Especial do TRF também manteve o fechamento da Sudamax Indústria e Comércio de Cigarros, determinado pela Receita em outubro de 2006. A decisão foi unânime. O desembargador Moreira Alves disse, na quinta-feira, arrepender-se do voto. "Estou me penitenciando", disse, durante o julgamento do caso Sulamericana.

A advogada da Sulamericana, Vera Carla Cruz Silveira, afirma que recorrerá da decisão no próprio TRF e tentará levar a discussão ao Supremo. "É uma luta", disse. "A Fazenda insiste em dizer que o leading case no Supremo é favorável a ela. Mas a verdade é que o julgamento deve ser feito caso a caso", diz Vera, que também defende a Ficet Indústria e Comércio de Cigarros e Importação e Exportação, fechada em agosto de 2011.

Justiça aceita que Receita feche fábricas com débitos - Bárbara Pombo - Valor Econômico - 24/06/2013

13 fevereiro 2012

Souza Cruz


A revista Exame apresenta uma análise do comportamento das ações da Souza Cruz (Obrigação por Fumar, 7 fev 2012, Thiago Bronzatto). Vendendo cigarros, num setor onde a regulamentação do governo é alta, o consumo é decrescente e a propaganda é proibida, a empresa conseguiu uma valorização de 1775% em dez anos, ou cinco vezes mais que o índice da Bovespa. A empresa seria “politicamente incorreta” e o ambiente econômico é complicado:

As campanhas de conscientização conseguiram diminuir o número de fumantes, e a con¬corrência de fabricantes ilegais, que não pagam impostos e, por isso, conse¬guem vender bem mais barato, só se torna mais agressiva.

A empresa vendeu em 2011 10% a menos que em 2006. Para o texto, a vantagem da empresa é a facilidade de aumentar preços.

"A demanda não costuma cair quando os preços sobem, porque fumar é um vício e o valor de um maço de cigarro é baixo, ou seja, as pessoas geralmente não sen¬tem tanto a alta", diz Marcelo Varejão, analista da corretora Socopa. 

Isto decorre de um conhecido conceito econômico de inelasticidade.


Este blogueiro acrescenta outro fator: como a empresa não possui muitos projetos de investimento, o volume de pagamento de dividendos é alto. Uma consequência disto é que o risco é reduzido (beta de 0,48 versus a SP500 para dados de cinco anos ou 0,38 para dez anos). O gráfico apresenta o comportamento das ações da empresas em dez anos.