Balanços sem efeito fiscal
Por Nelson Niero, Silvia Fregoni e Graziella Valenti, de São Paulo
Valor Econômico – 5/12/2008
Agora é para valer. A nova ordem contábil, inspirada em normas internacionais, pode finalmente entrar em vigor no Brasil sem traumas. A nova lei - 11.638 - foi aprovada no fim do ano passado, mas faltava a chancela da Receita Federal, que foi publicada ontem. A medida provisória 449 garantiu a "neutralidade fiscal", algo que vinha criando uma grande expectativa por parte das empresas. Em caso de mudança, é melhor ficar com o conhecido.
Tecnicalidades à parte, o que a MP estabeleceu foi um sistema de separação amigável entre o contábil e o fiscal, uma reivindicação antiga dos contadores, que se ressentiam da interferência do Fisco sobre as demonstrações financeiras - cujo público principal são acionistas, investidores e todos os interessados em ter acesso a informações confiáveis sobre as companhias.
Sem a mão da Receita, aumenta muito a chance de se ter dados mais próximos da realidade econômica. Um exemplo clássico é a depreciação de ativos: todos seguem as regras da Receita, apesar de haver distorções enormes que se refletem nos resultados.
"O impacto é significativo, porque, no Brasil, contábil e fiscal andam juntos, ao contrário de outros países", diz Roberto Haddad, sócio da área de tributação internacional da KPMG. "Numa situação dessas, o que acaba valendo é o fiscal."
A partir do balanço anual de 2008, que será divulgado até o fim de março do ano que vem, as empresas vão calcular o lucro com base nas novas regras - que ainda não serão as normas internacionais "puras" - e, a partir daí, farão adições ou exclusões para chegar ao resultado fiscal. A amortização de ágio, por exemplo, que muda com a nova lei, continua igual na prestação de contas ao Fisco.
"A MP traz vários esclarecimentos sobre a lei contábil e dá uma certa tranqüilidade em relação à neutralidade fiscal", destaca Sérgio Bento, sócio da PricewaterhouseCoopers (PwC). Para Paulo Aragão, sócio do Barbosa, Müssnich & Aragão Advogados, a mensagem mais importante da medida provisória é que a Receita Federal cumpriu o prometido, de fazer com que a lei seja fiscalmente neutra.
Embora fosse esperada, a neutralidade fiscal não parecia garantida. No primeiro teste da nova lei, que foi uma consulta feita à secretaria da Receita Federal no Rio Grande do Sul, em junho deste ano, os empresários tiveram um susto. Uma companhia do setor de calçados questionou se a consideração dos benefícios e incentivos governamentais no lucro, conforme manda a convergência contábil, traria obrigação de pagamento adicional de impostos. Eis que a Receita gaúcha respondeu que sim. Foi feita a confusão. Mas logo, o Fisco em Brasília suspendeu a liberdade das secretarias regionais para essas questões e abraçou oficialmente o debate.
Agora, a MP eliminou as dúvidas sobre essa questão, entre outras. As subvenções fiscais, que aumentarão os lucros das companhias, estão protegidas de adicionarem tributos sobre os resultados. A companhia só será tributada - com Impostos de Renda e Contribuição Sobre Lucro Líquido (CSLL) - sobre esses ganhos se decidir capitalizar o montante ou usá-lo como referência para distribuição de dividendos. Ou seja, se a companhia monetizar esse benefício.
A idéia de inserir as subvenções ao resultado obedece ao princípio geral da contabilidade internacional de refletir a essência econômica do negócio e não apenas as notas fiscais das companhias. Ou seja, a existência desses benefícios adiciona valor ao negócio e isso deve ser percebido. Mas não pode ser transformado em dinheiro - só em competitividade.
As empresas ficarão aliviadas com a confirmação da neutralidade fiscal da nova lei, o que compensa, em parte, o fato de que elas vão ter de gastar muito mais tempo para produzir seus informes financeiros e fiscais. "O trabalho burocrático, que já é enorme no Brasil, vai aumentar ainda mais", diz Haddad, da KPMG.
Para Ariovaldo dos Santos, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), a medida foi eficiente. Segundo ele, não apenas garantiu a ausência de impactos fiscais, conforme esperado, como também corrigiu alguns aspectos que a própria Lei 11.638 deveria ter tratado.
É importante destacar que esse resultado deve-se ao trabalho de bastidor realizado na construção da MP, que passou pelas mãos de diversos agentes tecnicamente envolvidos com o processo de convergência contábil no Brasil.
Cláudia Pimentel, chefe da coordenação geral de tributos da Receita Federal, garantiu que a MP 449 "não traz mudanças sobre o que já foi exaustivamente discutido com representantes do setor privado".
Havia grande ansiedade das companhias sobre essa MP. Para o balanço de 2008 sair já com as normas emitidas ao longo deste ano pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em conjunto com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), só faltava a medida. O cronograma de convergência das normas previsto para este ano foi cumprido com a emissão de 16 regras contábeis. Para 2009, estão previstas outras 18 para a convergência completa.
Apesar da tranqüilidade atual, a segurança não é completa, segundo Sérgio Bento, da PwC. A MP diz que ainda será editada uma nova lei para disciplinar os efeitos tributários dos novos critérios contábeis, buscando a neutralidade fiscal. "Mas por que é necessária uma nova lei se essa já garante o efeito nulo? Fica uma expectativa sobre o que virá", afirma.
Santos, da Fipecafi, defende que, quando a MP for ao Congresso para a formulação da nova lei, será uma oportunidade para se retomar o debate a respeito da publicidade dos balanços das companhias fechadas. A Lei 11.638 determina que as empresas com faturamento anual acima de R$ 300 milhões ou ativos totais superiores a R$ 240 milhões auditem seus dados. Depois de sete anos de tramitação, na última hora, porém, foi retirada a parte que obrigava a divulgação do balanço auditado. O professor da Fipecafi e acadêmico atuante nesse processo acredita que será momento de corrigir esse problema da lei contábil aprovada no fim do ano passado.
Enquanto os grandes temas como esse ainda não foram tratados na MP, questões técnicas de contabilidade foram corrigidas. A medida provisória fez mudanças pontuais necessárias e alinhadas ao processo de convergência, como a transformação da conta de ativos diferidos, do balanço patrimonial, em intangíveis. É nela, por exemplo, que se encontram os saldos de ágio (prêmios pagos em aquisições por expectativa de rentabilidade futura dos negócios). As companhias podem respirar aliviadas, pois o benefício fiscal desses pagamentos estão garantidos.
A MP também tornou as notas explicativas dos balanços das empresas mais genéricas, segundo Sérgio Bento, da PwC. "A medida está alinhada ao novo método contábil, que traça princípios e diretrizes, enquanto a lei em vigor até agora indicava exatamente as notas necessárias", diz.
Para Paulo Aragão, um dos destaques da MP é o maior nível de delegação de funções à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão regulador do mercado de capitais brasileiro. As regras sobre os processos de fusões e aquisições de empresas passaram a ser de responsabilidade da autarquia. "É uma tendência moderna de não incluir aspectos contábeis muito detalhados na lei", afirma o advogado. O tema deverá ser regulamentado pela CVM, por meio da homologação das propostas do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). (Colaborou Arnaldo Galvão, de Brasília)
09 dezembro 2008
Lei 11.638 e Tributação
Ainda sobre a questão do impacto tributário da Lei 11.638 e a recente medida provisória 449, o texto do Valor Econômico:
Filantropia e a origem da MP
Filantropia: ministério não julgava processos
O Globo – 6/12/2008 , p. 14 - Leila Suwwan
BRASÍLIA. Uma inspeção feita pela Controladoria Geral da União (CGU) e um levantamento do Ministério Público Federal (MPF) mostram que o Ministério da Previdência foi o principal responsável pelo acúmulo de processos e recursos de entidades filantrópicas não julgados pelo governo. Segundo o MPF, pelo menos 479 processos já estavam prontos para julgamento final na Previdência, mas ficaram na gaveta. A falta de tempo para julgar esses casos foi uma das justificativas apresentadas pelo Executivo para editar a medida provisória que anistiou as filantrópicas.
Segundo o levantamento da CGU, a Previdência mantinha sem julgamento 742 processos de filantrópicas. Alguns casos estavam na gaveta desde 2002, mas a maioria é do período de 2006 e 2007, gestões dos ex-ministros Nelson Machado e Luiz Marinho.
Nas pilhas de documentos estão contestações que variam de filantrópicas suspeitas de fraude e corrupção na investigação da Operação Fariseu da PF até parceiras estratégicas do governo, como os hospitais Albert Einstein e Sírio Libanês, ambos prestigiados em evento pelo presidente Lula uma semana após a assinatura da MP.
Para técnicos do Ministério Público, não houve vontade política para tomar as decisões, especialmente porque a maioria dos pareceres pediam a cassação dos certificados de filantropia, passo que remove a última barreira para que a Receita Federal possa cobrar dívidas milionárias de entidades que fraudaram as exigências ou descumpriram as obrigações.
(...) E, em julho, os ministros de Previdência, Educação, Saúde e Desenvolvimento Social criaram uma força-tarefa para limpar o estoque, que aumentou para 928 processos.
O esforço rendeu pareceres finais para no mínimo 479 processos, referentes a 103 hospitais, 53 entidades de assistência social e outras 23 filantrópicas. Estavam todos aguardando despacho do ministro Pimentel, alguns há meses, quando a MP 446 jogou todo o trabalho no lixo. E deixou a Receita de mãos atadas, já que refazer recursos demoraria anos, e as dívidas começam a prescrever neste mês. Com a MP, todas essas entidades tiveram seus certificados de filantrópicas renovados ou restaurados, sem qualquer análise.
A maioria dos pareceres era pela cassação do diploma de filantrópica. Uma amostra obtida pelo MPF de 23 pareceres engavetados na Previdência indica que os recursos eram protelatórios: todos eram a favor da anulação dos respectivos certificados. E antes da força-tarefa atuar, 11 processos chegaram a ser julgados em 2008. Outra vez, todos anularam os certificados.
Contabilidade em Micro-empresas
Estímulo à formalização
O Estado de São Paulo – 7/12/2008
O Senado aprovou, quarta-feira, projeto de lei que estimula a incorporação de microempreendedores (MEIs) à economia formal. O alcance social da proposta é enorme, uma porta de entrada para milhões de pessoas - de feirantes a pedreiros, eletricistas, encanadores, pipoqueiros ou ambulantes, entre outros informais - à rede de benefícios públicos, como Previdência e saúde. A mobilização para aprovação do projeto foi impulsionada pelo secretário de Trabalho paulista, Guilherme Afif Domingos.
A partir de 1º de julho de 2009, conforme o texto - que terá de voltar à Câmara para aprovação final -, microempreendedores com renda anual de até R$ 36 mil poderão se formalizar mediante o recolhimento mensal de R$ 45,65 ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), de R$ 1 aos Estados, como ICMS, e de R$ 5 aos municípios, como ISS.
Os MEIs terão registro no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e ficarão isentos do pagamento do Imposto de Renda.
Como afirmou o consultor José Pastore, “tudo ficará mais simples”, pois não será preciso abrir firma ou fazer contabilidade. “Para os vendedores, basta guardar as notas fiscais de compra dos produtos - o que é bom para combater o contrabando e a pirataria e evitar o achaque dos maus fiscais.”
O valor reduzido das contribuições é um incentivo à formalização. Introduz-se o conceito de “proteção parcial”, conferindo aos contribuintes direito à aposentadoria por idade e invalidez, mas não por tempo de contribuição. Além disso, os MEIs terão direito a licença de saúde, licença-maternidade e licença por acidente de trabalho. Numa fase de crise econômica, é provável que haja forte adesão às novas regras. (...)
08 dezembro 2008
Links
Enquanto alguns pedem ajuda, outras montadoras estão investindo nos EUA
Mais da metade dos CPA estão preparados para a IFRS
Resumo da história da contabilidade (discordo de algumas ênfases)
O que os executivos de finanças pensam sobre a IFRS
A enrolação em cumprir os prazos foi transformada numa equação matemática
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Outliers
O autor de Blink, Malcolm Gladwell, lançou um livro chamado Outliers. Na pesquisa empírica, o termo outliers está associado ao dado que foge ao padrão usual de comportamento. Representa um grande problema, pois podemos ou não considerar aquela observação que foge ao normal dentro da pesquisa, resultado em conclusões que podem ser ou não convergentes.
Existem várias explicações para o outlier, incluindo Efeito Mateus (a maioria dos jogadores nasceu no primeiro semestre do ano).
Fonte: Aqui
Existem várias explicações para o outlier, incluindo Efeito Mateus (a maioria dos jogadores nasceu no primeiro semestre do ano).
Fonte: Aqui
Contabilidade Pública
Com a aprovação no dia 21 de novembro das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público - (NBCASP) - o Conselho Federal de Contabilidade dá inicio a uma verdadeira revolução na Contabilidade Governamental brasileira.
A ênfase passa a ser o patrimônio como objeto de estudo da contabilidade enquanto ciência. O orçamento deixa de ser o protagonista da histórica da administração pública para se tornar um coadjuvante importante que trata do fluxo de caixa do Governo com base em autorização legislativa para arrecadar receitas e realizar despesas.
A mudança é grande e os profissionais de Contabilidade do serviço público terão que ficar preparados para essa virada de postura. Todos os fatos administrativos serão examinados e registrados não porque tem origem no orçamento, mas sim porque produzem alterações em algum elemento do ativo, passivo e patrimônio líquido.
Lino Martins da Silva, NBCASP: A grande reforma na Contabilidade Pública
Não sou tão otimista quanto o Lino.
Nome tem Valor
A seguir, na tabela, a prova de que nome tem valor. Trata-se da lista de venda dos dominios na internet, o valor de venda e o ano.
Fonte: So What Are Domain Names Worth?
Fiz de curiosidade uma regressão entre valor e ano para verificar se o preço pago pelos domínios está diminuindo ou aumentando com o passar do tempo. O resultado mostrou a inexistência de relação entre as duas variáveis. Em outras palavras, o valor do domínio não segue um tendência no tempo.
Fonte: So What Are Domain Names Worth?
Fiz de curiosidade uma regressão entre valor e ano para verificar se o preço pago pelos domínios está diminuindo ou aumentando com o passar do tempo. O resultado mostrou a inexistência de relação entre as duas variáveis. Em outras palavras, o valor do domínio não segue um tendência no tempo.
Regulamentação da questão tributária da Lei 11638
Com MP 449, CVM espera baixar mais 7 normas contábeis ainda em 2008
Com a publicação da Medida Provisória 449, que garante a separação clara entre aspectos societários e tributários nos demonstrativos financeiros das empresas, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) espera conseguir baixar, até o final de dezembro, mais sete normas contábeis. Dessa forma, todas as alterações introduzidas pela Lei 11.638 estariam reguladas ainda neste ano e as empresas já adequariam seus demonstrativos de 2008 às novas regras. "Temos mais sete normas para baixar e há tempo hábil para isso", comentou o superintendente de Normas Contábeis e de Auditoria da CVM, Antonio Carlos de Santana.
Conforme ele, a expectativa era a de que a chamada neutralidade tributária fosse tratada em uma medida provisória específica, publicada até o final deste ano. "Esperávamos que essa MP específica viesse ainda em 2008, mas os artigos que tratam especificamente sobre a leis 6.404 e a 11.638 acabaram inseridos nessa MP, a 449, que é bem mais ampla", comentou. "Assim, há apenas um pedaço da 449 que se refere ao tratamento fiscal das alterações introduzidas pela 11.638", acrescentou.
Embora o teor dos artigos tenha vindo conforme o esperado pelo órgão regulador, a CVM teve de entrar em contato com o Planalto em razão de um "pequeno problema de edição" na MP.
Segundo Santana, uma parte de um parágrafo amplo e relativo a notas explicativas, que deveria constar do artigo 176, foi parar também como parágrafo 5º do artigo 177. "Com isso, suprimiu-se um parágrafo do artigo 177, o que provoca distorções", comentou o superintendente. "Mas já entramos em contato com Brasília para que isso seja corrigido", acrescentou.
Segundo o superintendente, a partir da publicação da MP, é provável que a CVM tenha de acelerar "um pouco" seu cronograma, de forma a ter todas as normas que cobrem a Lei 11.638 editadas neste ano e aplicadas aos balanços que começam a ser divulgados em janeiro. Há pouco mais de 20 dias, cinco normas contábeis que vão nesse sentido foram publicadas pela autarquia e outras duas deliberações já haviam sido baixadas. "Dessa forma, até 2010, o mercado poderá estar totalmente alinhado aos padrões contábeis internacionais", explicou.
Em 12 de novembro, a CVM editou deliberações referendando pronunciamentos sobre Ativos Intangíveis, Operações de Arrendamento Mercantil, Subvenções e Assistências Governamentais, Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários e Demonstração do Valor Adicionado (DVA), todos em linha com os padrões contábeis internacionais.
O primeiro pronunciamento, segundo a CVM, define o tratamento contábil de ativos intangíveis e especifica como deve ser apurado o valor desses ativos. O segundo regula a contabilização das operações de arrendamento mercantil no Brasil. Os demais versam sobre o registro contábil e a divulgação das subvenções e assistências governamentais; sobre o tratamento contábil aplicável ao reconhecimento, mensuração e divulgação dos custos de transação incorridos e dos prêmios recebidos no processo de captação de recursos por intermédio da emissão de títulos patrimoniais e/ou de dívida; e sobre a Demonstração do Valor Adicionado (DVA), cujo principal objetivo é demonstrar o grau de envolvimento da empresa com a sociedade.
Fonte: AgenciaEstado via Analise de Balanço.
Aqui link para lei (também via Análise de Balanços)
Com a publicação da Medida Provisória 449, que garante a separação clara entre aspectos societários e tributários nos demonstrativos financeiros das empresas, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) espera conseguir baixar, até o final de dezembro, mais sete normas contábeis. Dessa forma, todas as alterações introduzidas pela Lei 11.638 estariam reguladas ainda neste ano e as empresas já adequariam seus demonstrativos de 2008 às novas regras. "Temos mais sete normas para baixar e há tempo hábil para isso", comentou o superintendente de Normas Contábeis e de Auditoria da CVM, Antonio Carlos de Santana.
Conforme ele, a expectativa era a de que a chamada neutralidade tributária fosse tratada em uma medida provisória específica, publicada até o final deste ano. "Esperávamos que essa MP específica viesse ainda em 2008, mas os artigos que tratam especificamente sobre a leis 6.404 e a 11.638 acabaram inseridos nessa MP, a 449, que é bem mais ampla", comentou. "Assim, há apenas um pedaço da 449 que se refere ao tratamento fiscal das alterações introduzidas pela 11.638", acrescentou.
Embora o teor dos artigos tenha vindo conforme o esperado pelo órgão regulador, a CVM teve de entrar em contato com o Planalto em razão de um "pequeno problema de edição" na MP.
Segundo Santana, uma parte de um parágrafo amplo e relativo a notas explicativas, que deveria constar do artigo 176, foi parar também como parágrafo 5º do artigo 177. "Com isso, suprimiu-se um parágrafo do artigo 177, o que provoca distorções", comentou o superintendente. "Mas já entramos em contato com Brasília para que isso seja corrigido", acrescentou.
Segundo o superintendente, a partir da publicação da MP, é provável que a CVM tenha de acelerar "um pouco" seu cronograma, de forma a ter todas as normas que cobrem a Lei 11.638 editadas neste ano e aplicadas aos balanços que começam a ser divulgados em janeiro. Há pouco mais de 20 dias, cinco normas contábeis que vão nesse sentido foram publicadas pela autarquia e outras duas deliberações já haviam sido baixadas. "Dessa forma, até 2010, o mercado poderá estar totalmente alinhado aos padrões contábeis internacionais", explicou.
Em 12 de novembro, a CVM editou deliberações referendando pronunciamentos sobre Ativos Intangíveis, Operações de Arrendamento Mercantil, Subvenções e Assistências Governamentais, Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários e Demonstração do Valor Adicionado (DVA), todos em linha com os padrões contábeis internacionais.
O primeiro pronunciamento, segundo a CVM, define o tratamento contábil de ativos intangíveis e especifica como deve ser apurado o valor desses ativos. O segundo regula a contabilização das operações de arrendamento mercantil no Brasil. Os demais versam sobre o registro contábil e a divulgação das subvenções e assistências governamentais; sobre o tratamento contábil aplicável ao reconhecimento, mensuração e divulgação dos custos de transação incorridos e dos prêmios recebidos no processo de captação de recursos por intermédio da emissão de títulos patrimoniais e/ou de dívida; e sobre a Demonstração do Valor Adicionado (DVA), cujo principal objetivo é demonstrar o grau de envolvimento da empresa com a sociedade.
Fonte: AgenciaEstado via Analise de Balanço.
Aqui link para lei (também via Análise de Balanços)
Pagando Dividendos
Os acionistas de algumas companhias de capital aberto perceberam que não iriam receber dividendos neste ano, apesar de o saldo em caixa permitir a distribuição. A barreira estava na conta de prejuízos acumulados em anos anteriores, registrada no balanço patrimonial. Para evitar o contra-senso econômico, as empresas optaram por reduzir o capital social e, com isso, zerar essa conta. Com isso, garantem os proventos, que não podem ser pagos enquanto há perdas acumuladas. É dinheiro na mão dos acionistas num cenário de reduzida liquidez global.
(...) Quando reduzir o capital significa diminuir o patrimônio líquido, a distribuição de recursos atinge diretamente o caixa da companhia. E todos os índices de liquidez da empresa também são afetados. Por esse motivo, nesses casos, é preciso que os credores também aprovem a operação. (...)
Empresas reduzem capital para ter acesso a dividendos, Josette Goulart, Valor Econômico, 8/12/2008
Futuro da Marcação a Mercado nos EUA
Segundo o Wall Street Journal (Crisis on Wall Street: Mark-to-Market Likely to Remain - SEC Is Expected to Keep Accounting Rule but Seek Ways to Refine Its Use , Kara Scannell, 8/12/2008, C2), apesar da pressão por parte dos lobistas dos bancos e de alguns políticos, a SEC não irá suspender a regra da marcação a mercado, mas aperfeiçoar sua aplicação. Um estudo recomendado pelo legislativo dos EUA ainda está sob a forma de minuta, mas traz como fundamento o “como” aplicar a regra contábil.
Frases
Lawrence Berra foi um jogador de baseball que jogou no New York Yankees, um dos mais famosos de todos os tempos. Tenho deparado com o nome de Berra em alguns livros que leio, sendo o mais recente uma citacao em O outro Lado da Moeda, de Shermer.
A fama de Berra deve-se as suas frases. Berra seria algo como o Dario, jogador famoso por suas tiradas ("Não venha com a problemática que eu dou a solucionática"; "Me diz o nome de três coisas que param no ar: beija-flor, helicóptero e Dadá Maravilha"; "Não existe gol feio. Feio é não fazer gol."; "Um rei tem que ser sempre recebido por bandas de música". )
Entre as tiradas de Berra cito as seguintes:
Noventa por cento desse jogo [baseball] é metade mental.
Ninguém mais vai lá [a um restaurante de St Louis], está muito cheio.
Quando perguntando se queria se uma pizza fosse cortada em 4 ou 8 pedaços, ele respondeu: “melhor cortar em 4, eu não acho que eu posso comer 8”.
Na teoria, não há diferença entre teoria e prática. Na prática há.
A fama de Berra deve-se as suas frases. Berra seria algo como o Dario, jogador famoso por suas tiradas ("Não venha com a problemática que eu dou a solucionática"; "Me diz o nome de três coisas que param no ar: beija-flor, helicóptero e Dadá Maravilha"; "Não existe gol feio. Feio é não fazer gol."; "Um rei tem que ser sempre recebido por bandas de música". )
Entre as tiradas de Berra cito as seguintes:
Noventa por cento desse jogo [baseball] é metade mental.
Ninguém mais vai lá [a um restaurante de St Louis], está muito cheio.
Quando perguntando se queria se uma pizza fosse cortada em 4 ou 8 pedaços, ele respondeu: “melhor cortar em 4, eu não acho que eu posso comer 8”.
Na teoria, não há diferença entre teoria e prática. Na prática há.
06 dezembro 2008
Rir é o melhor remédio
Diversos cartoons sobre a crise:
Colapso da Lehman

O trem da ajuda

Caixa Automática

E o melhor de todos, os bombeiros (já postado aqui):
Colapso da Lehman

O trem da ajuda

Caixa Automática

E o melhor de todos, os bombeiros (já postado aqui):
05 dezembro 2008
Desastres Naturais
Os desastres naturais têm um impacto adverso estatisticamente observado na macro-economia. Um estudo sobre a questao macro-econômica revelou padrões interessantes onde os países mais desenvolvidos possuem um maior poder de mobilizar recursos para reconstrução.
Veja aqui um estudo sobre o assunto (via DivisionFlabour)
Veja aqui um estudo sobre o assunto (via DivisionFlabour)
IFRS agrada mais que ainda não adotou
Apesar de todos os problemas, uma pesquisa entre executivos financeiros (Study: U.S. CFOs Have Rosy View of Global Standards-Setting, Stephen Taub, CFO, 1/12/2008) mostrou de 88% destes gestores nos Estados Unidos consideram que a convergência com o Iasb é boa ou muito boa. Interessante notar que na Europa, que já implantou essas normas, a aprovação é menor: 51%. Além disto, os gestores dos EUA consideram as IFRS mais acessíveis, includentes e accountability.
O estudo foi realizado pela Duke University e pela Oxford University.
O estudo foi realizado pela Duke University e pela Oxford University.
Islândia
Em Iceland: The country that became a hedge fund, Peter Gumbel (Fortune, 2/12/2008) faz um relato de como a Islândia qubrou.
Mesmo sendo membro fundador da OTAN, a Islandia não obteve ajuda da Europa e dos EUA. Procurou então a Russia. Os governantes afirmam que isto não irá mudar a forma como o país se posiciona politicamente.
Entre os credores da dívida de 70 bilhões de dólares da Islandia existem municípios britânicos e holandeses, bancos alemães e fundos de hedge.
A Islândia é o primeiro país vítima da crise financeira. Os três principais bancos estão quebrados e o mercado acionário perdeu 90% do valor. O Banco Central está insolvente diante da grande quantidade de passivo. O Krona, a moeda local, perdeu metade do valor. A economia deve cair em 10% em 2009 e o desemprego deve ser o mais elevado dos últimos 40 anos.
A situação da Islândia é decorrente da política implantada durante anos por Davíd Oddsson, primeiro-ministro do país de 1991 a 2004. Durante seu governo o país apresentou uma política liberal, com privatização, corte de impostos e liberalização do câmbio. O resultado foi um crescimento médio anual acima de 5% por ano, tornando o país um dos mais ricos do mundo.
Mas uma conseqüência da política de Oddsson foi o aumento excessivo da alavancagem. A dívida dos habitantes é muito maior do que a dos EUA.
Mesmo sendo membro fundador da OTAN, a Islandia não obteve ajuda da Europa e dos EUA. Procurou então a Russia. Os governantes afirmam que isto não irá mudar a forma como o país se posiciona politicamente.
Entre os credores da dívida de 70 bilhões de dólares da Islandia existem municípios britânicos e holandeses, bancos alemães e fundos de hedge.
A Islândia é o primeiro país vítima da crise financeira. Os três principais bancos estão quebrados e o mercado acionário perdeu 90% do valor. O Banco Central está insolvente diante da grande quantidade de passivo. O Krona, a moeda local, perdeu metade do valor. A economia deve cair em 10% em 2009 e o desemprego deve ser o mais elevado dos últimos 40 anos.
A situação da Islândia é decorrente da política implantada durante anos por Davíd Oddsson, primeiro-ministro do país de 1991 a 2004. Durante seu governo o país apresentou uma política liberal, com privatização, corte de impostos e liberalização do câmbio. O resultado foi um crescimento médio anual acima de 5% por ano, tornando o país um dos mais ricos do mundo.
Mas uma conseqüência da política de Oddsson foi o aumento excessivo da alavancagem. A dívida dos habitantes é muito maior do que a dos EUA.
04 dezembro 2008
Rir é o melhor remédio

Dois carros de corrida de arrancada, sendo aquele que representa as montadoras dos EUA tem um trailer amarrado para carregar. Fonte, aqui
Folha de pagamento
Que a folha de pagamento e' um ativo, parece ser indiscutivel. Mas como seria isto na contabilidade?
Para a empresa que efetuou a venda da folha, seria operacional ou nao operacional?, pergunta o leitor do blog, Paulo Carrion.
Sendo mais legalista, nao operacional, exatamente como a venda de um imobilizado. Entretanto, como discutimos no livro Teoria da Contabilidade, esta abordagem e' pode ser questionada por varios motivos.
Uma maneira mais moderna diz respeito a classificar em termos da sua recorrencia. Neste caso, seria nao recorrente.
Para a empresa que efetuou a venda da folha, seria operacional ou nao operacional?, pergunta o leitor do blog, Paulo Carrion.
Sendo mais legalista, nao operacional, exatamente como a venda de um imobilizado. Entretanto, como discutimos no livro Teoria da Contabilidade, esta abordagem e' pode ser questionada por varios motivos.
Uma maneira mais moderna diz respeito a classificar em termos da sua recorrencia. Neste caso, seria nao recorrente.
Economia no mundo atual
Baseado numa lista do Financial Times, decidi ler o livro When MArkets Collide, de El-Erian. O livro foi escolhido como o melhor do ano por este jornal e os elogios foram suficientes para encarar a leitura numa viagem.
Fiquei decepcionado com o resultado pois o autor escolhe falar sobre macro-economia, com alguma pitada de micro-economia e mercado financeiro, sem uma abordagem mais incisiva contra o FMI (ele foi empregado do fundo), o papel de Greenspan na crise (Greenspan aparece na capa indicando a leitura do livro, juntamente com Peter Bernstein, Spence, Arminio Fraga, entre outros).
El-erian nao comenta sobre o controverso papel da contabilidade na crise, o que torna-se um ponto positivo da obra. Quando comenta sobre o Caixa na crise achei interessante a seguinte frase:
"(...) existem tempos quando a gente preocupa-se com o retorno do capital e nao com o retorno sobre o capital." (p. 54)
Destaco que o autor comenta pouco sobre behavioral finance e quando o faz isso ocorre de forma superficial (p. 83, sobre "disposition effect")
Fiquei decepcionado com o resultado pois o autor escolhe falar sobre macro-economia, com alguma pitada de micro-economia e mercado financeiro, sem uma abordagem mais incisiva contra o FMI (ele foi empregado do fundo), o papel de Greenspan na crise (Greenspan aparece na capa indicando a leitura do livro, juntamente com Peter Bernstein, Spence, Arminio Fraga, entre outros).
El-erian nao comenta sobre o controverso papel da contabilidade na crise, o que torna-se um ponto positivo da obra. Quando comenta sobre o Caixa na crise achei interessante a seguinte frase:
"(...) existem tempos quando a gente preocupa-se com o retorno do capital e nao com o retorno sobre o capital." (p. 54)
Destaco que o autor comenta pouco sobre behavioral finance e quando o faz isso ocorre de forma superficial (p. 83, sobre "disposition effect")
Mais uma lista: os melhores livros
Segundo Stefan Stern (Best business books of 2008 e Best business books 2008 - stop press, 1/12/2008, Financial Times) a lista dos melhores livros do mundo deve incluir:
When Markets Collide: Investment Strategies for the Age of Global Economic Change
Mohamed El-Erian
Nudge: Improving Decisions About Health, Wealth and Happiness
Richard Thaler e Cass Sunstein
The Logic of Life: Uncovering the New Economics of Everything -
Tim Harford
A Sense of Urgency
John Kotter
McMafia: Crime Without Frontiers
Misha Glenny
The Snowball: Warren Buffett and the Business of Life
Alice Schroeder
Outliers: The Story of Success
Malcolm Gladwell
The Last Amateurs: To Hell and Back with the Cambridge Boat Race Crew
Mark de Rond
Cold Steel: Britain’s Richest Man and the Multibillion Dollar Battle for a Global Empire
Tim Bouquet e Byron Ousey
Remix: Making Art and Commerce Thrive in the Hybrid Economy
Lawrence Lessig
What They Teach You at Harvard Business School: My Two Years Inside the Cauldron of Capitalism
Philip Delves Broughton
The Ten Commandments of Business Failure
Don Keough
Grown Up Digital - how the net generation is changing your world
Don Tapscott
When Markets Collide: Investment Strategies for the Age of Global Economic Change
Mohamed El-Erian
Nudge: Improving Decisions About Health, Wealth and Happiness
Richard Thaler e Cass Sunstein
The Logic of Life: Uncovering the New Economics of Everything -
Tim Harford
A Sense of Urgency
John Kotter
McMafia: Crime Without Frontiers
Misha Glenny
The Snowball: Warren Buffett and the Business of Life
Alice Schroeder
Outliers: The Story of Success
Malcolm Gladwell
The Last Amateurs: To Hell and Back with the Cambridge Boat Race Crew
Mark de Rond
Cold Steel: Britain’s Richest Man and the Multibillion Dollar Battle for a Global Empire
Tim Bouquet e Byron Ousey
Remix: Making Art and Commerce Thrive in the Hybrid Economy
Lawrence Lessig
What They Teach You at Harvard Business School: My Two Years Inside the Cauldron of Capitalism
Philip Delves Broughton
The Ten Commandments of Business Failure
Don Keough
Grown Up Digital - how the net generation is changing your world
Don Tapscott
10 maiores pesquisas em 2008
As 10 maiores pesquisas em 2008 mostra o interesse do mundo para assunto mundanos, vinculado a celebridades:
1.Britney Spears
2.WWE (Campeonato de luta livre)
3.Obama
4.Miley Cyrus
5.Runescape
6.Jessica Alba
7.Naruto
8.Lindsay Lohan
9.Angeline Jolie
10.American Idol
Fonte aqui
1.Britney Spears
2.WWE (Campeonato de luta livre)
3.Obama
4.Miley Cyrus
5.Runescape
6.Jessica Alba
7.Naruto
8.Lindsay Lohan
9.Angeline Jolie
10.American Idol
Fonte aqui
O que meu filho vai ser quando crescer?
O WSJ apresenta uma noticia interessante: empresas estao vendendo um teste genetico para ser feito em crianca para deterninar qual esporte ela tem mais condicao de adaptar-se melhor. O teste custa cerca de 150 dolares e usa o DNA. Aqui o link para noticia
03 dezembro 2008
Sadia na mira da CVM

Sadia na mira da CVM
27 November 2008
Valor Econômico
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) está investigando suspeita de uso de informação privilegiada em negociação com ações da Sadia antes do fato relevante, em 25 de setembro, que anunciou as perdas com derivativos. No dia 10 deste mês, a autarquia encaminhou o assunto à gerência de acompanhamento de mercado. A CVM não comentou o tema, apenas explicou que a medida não indica abertura de inquérito. Os relatórios mensais encaminhados pela companhia à CVM com a movimentação de ações por executivos e pessoas do bloco de controle da empresa - documento obrigatório - mostram que a diretoria negociou papéis em setembro. Os controladores também, na fase de diálogo com bancos sobre as perdas. Essa não é a primeira vez que a Sadia está envolvida em problemas do tipo.
(...) O relatório encaminhado à CVM mostra que em setembro a diretoria vendeu o equivalente a R$ 185 mil em ações preferenciais no dia 12. Trata-se do mesmo dia em que a empresa começou a desmontar parte das operações com derivativos, que trouxeram prejuízo superior a R$ 890 milhões no resultado do terceiro trimestre e anularam as chances da companhia de registrar lucro no acumulado de 2008. A informação de que a liquidação dos contratos com derivativos começou no dia 12 foi fornecida à repórter Cristiane Perini Lucchesi, do Valor, pelo próprio presidente da Sadia, Gilberto Tomazoni, em entrevista no dia 25. Também em setembro, pessoas do bloco de controle venderam o equivalente a R$ 512 mil em ações preferenciais entre os dias 9 e 15 e compraram R$ 1,2 milhão depois de divulgarem o prejuízo com derivativos, nos dias 26 e 29. Ao longo deste ano, as movimentações realizadas pelos controladores, conselheiros e diretores foram por meio das corretoras Concórdia, do próprio grupo Sadia, e Coinvalores, pertencente ao genro do maior acionista da Sadia, Osório Furlan. A suspeita de que empresas brasileiras perderam dinheiro com derivativos que envolviam opções de venda de dólar pairava sobre o mercado cerca de duas semanas antes de a Sadia anunciar os prejuízos. Quando a companhia divulgou, pouco se sabia a respeito dos contratos arriscados que prejudicaram também outras empresas, inclusive de capital fechado. O histórico de 2008 dos relatórios da Sadia encaminhados à CVM mostra que os controladores são bastante ativos nas negociações de ações. (...)
Fonte do gráfico, aqui
Caixa em Finanças Pessoais

Aqui, um interessante artigo tentando mostrar as três razões por que Caixa é o Rei (Three Reasons Cash is King). Mostra o exemplo de um casal, com dois filhos e dois carros que vivem bem usando uma estratégia simples: usam caixa para pagar as compras tanto quanto for possível. Por três razões:
1) Você sabe para onde o dinheiro está indo
2) Você gasta menos – alguns estudos mostram que você gasta em média de 12 a 18% mais quando se usa o cartão de crédito em lugar do caixa.
3) Você pode aproveitar promoções se você usar caixa quando compra os produtos
Adicionando Valor

O gráfico foi elaborado pela revista Fortune (GM AND ME, Alex III Taylor, 8/12/2008, Fortune, 92, Volume 158; Issue 11; ISSN: 00158259) e mostra que desde 2000 a empresa não consegue adicionar valor. (Clique na imagem para visualizar melhor)
Dúvida
Bom dia Cezar, gostaria de tirar uma duvida. Minha contabilidade me informou que neste mes de dezembro vou ter que pagar o dobro pelo serviço prestado, o valor normal no dia 5 e depois o mesmo valor no dia 19. Gostaria de saber se isto esta certo e o porque disto. Obrigado - Tiago Brito
Tiago, geralmente o escritório de contabilidade possui um maior volume de despesa no final do ano em razão do 13º. Salário dos seus funcionários. Neste caso, o valor cobrado deverá ser para cobrir estas despesas. Esta é a explicação. Quanto ao fato de ser certo ou não, depende do contrato que você fez com o escritório de contabilidade. O importante é o contrato.
Tiago, geralmente o escritório de contabilidade possui um maior volume de despesa no final do ano em razão do 13º. Salário dos seus funcionários. Neste caso, o valor cobrado deverá ser para cobrir estas despesas. Esta é a explicação. Quanto ao fato de ser certo ou não, depende do contrato que você fez com o escritório de contabilidade. O importante é o contrato.
Brinquedo versus Realidade
Seleção do Mestrado e Doutorado
Participei do processo de seleção do mestrado e doutorado do Programa Multiinstitucional. No doutorado, três ex-orientandos do mestrados foram aprovados: Fernanda Fernandes Rodrigues (trabalho sobre textos narrativos das demonstrações contábeis), Josué Lins e Silva (estudo sobre a influência dos incentivos fiscais na avaliação das empresas) e Diogo Henrique de Silva Lima (estudo em finanças comportamentais). Serei orientador, novamente, da Fernanda.
Do mestrado, Ludmila de Melo Souza, ex-orientanda do Programa de Iniciação Científica, foi aprovada. Serei seu orientador.
Do mestrado, Ludmila de Melo Souza, ex-orientanda do Programa de Iniciação Científica, foi aprovada. Serei seu orientador.
02 dezembro 2008
Educação
Seu argumento [de Charles Murray, em "Real Education: Four Simple Truths for Bringing America's Schools Back to Reality"] se baseia nos dados das avaliações educacionais, que demonstram que 80% dos jovens estão abaixo da média de competência cognitiva necessária para lidar com o rigor do ensino universitário, que, por definição, obriga a refletir sobre questões intelectualmente complexas. "Vamos ser realistas", diz Murray. "O diploma normalmente comprova que a pessoa teve uma educação liberal clássica. Significa que tem condições de ler e entender textos difíceis. Mas centenas de jovens nunca conseguirão ler e entender, por exemplo, 'A Ética' de Aristóteles. O resultado é que temos faculdades que oferecem cursos fracos, aumentam as notas e fingem que os seus alunos estão fazendo atividades de nível universitário quando, de fato, não estão. (...)
"Exceto no caso de algumas profissões específicas, como engenharia ou medicina, o diploma não dá garantia nenhuma de competência profissional. Representa apenas um pré-requisito sem custo [para o empregador] de perseverança e certo grau de inteligência. Mas trata-se de um requisito muito pobre em termos de informação. Melhor seria substituí-lo por testes vocacionais específicos."
Qualificação por baixo - Valor Econômico – 28/11/2008
O Poder dos Auditores
(…) Fights with accountants are fascinating, partly because the confidentiality surrounding their work with clients means the squabbles rarely become public.
That there was a fight this time cannot be in doubt. BCE said it " disagreed " with KPMG's conclusions and you can be sure of much to-ing and fro-ing before this ever became public. It seems a safe bet, too, that the disagreements were far less courteous than a dry press release would suggest.
Does this latest case tell us something about a new toughness among auditors? (…)
Dogfights that test the value of client confidentiality - Jennifer Hughes - 27 November 2008 - Financial Times - Asia Ed1
20
That there was a fight this time cannot be in doubt. BCE said it " disagreed " with KPMG's conclusions and you can be sure of much to-ing and fro-ing before this ever became public. It seems a safe bet, too, that the disagreements were far less courteous than a dry press release would suggest.
Does this latest case tell us something about a new toughness among auditors? (…)
Dogfights that test the value of client confidentiality - Jennifer Hughes - 27 November 2008 - Financial Times - Asia Ed1
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Governo Brasileiro regulando o futebol
O governo estuda a criação de uma agência reguladora específica para o futebol, com o objetivo de fiscalizar os negócios envolvendo os clubes brasileiros e as movimentações de centenas de milhões de reais no exterior. A criação dessa agência entrou na pauta das discussões dos órgãos públicos responsáveis por combater a lavagem de dinheiro no Brasil, em particular do Banco Central, que alertou duas vezes, em reuniões internas neste ano, para a necessidade de um órgão com funções fiscalizadoras específicas para o setor esportivo. Segundo o BC, 119 correntistas fizeram 546 contratos de câmbio envolvendo o futebol, que movimentaram US$ 222 milhões, apenas em 2007. Esse número deve ser bem maior, pois o BC acredita que parte dos recursos é mantida em contas no exterior e, portanto, foge à sua fiscalização. Hoje, qualquer pagamento recebido por clube no exterior deve ser submetido ao controle dos bancos, mas isso só ocorre se o dinheiro for internalizado no país.
Os clubes informaram ao Ministério da Justiça que não possuem conta fora do Brasil. Mas o BC suspeita que existem transações, como venda de jogadores, cujo dinheiro ou parte dele não chega ao país. Os clubes também prestam informações fiscais à Receita e ao INSS. Num dos encontros sobre lavagem de dinheiro no setor esportivo, técnicos do BC reclamaram que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) possui todas essa informações, mas não há coerção para entregá-los com regularidade às autoridades de fiscalização. A CBF registrou 1.085 transações de jogadores para o exterior em 2007, mas o BC só identificou 546 contratos. De acordo com o BC, US$ 1,2 bilhão entraram no Brasil entre janeiro de 1998 e abril deste ano, por meio da transferência de jogadores. O valor médio pago por transferência de jogador é de US$ 455 mil. (...)
Governo quer fiscalizar futebol
Valor Econômico – 27/11/2008
01 dezembro 2008
Competição on-line

Com respeito a notícia da possibilidade de aquisição da Yahoo pela Microsoft, um texto da Fortune procura explicar a dificuldade que a Microsoft irá encontrar nesta área.
Problemas de caixa na Petrobrás
Empréstimo da Caixa à Petrobras preocupa, diz especialista
Bianca Pinto Lima (com Gerusa Marques, da Agência Estado)
O socorro de R$ 2 bilhões da Caixa Econômica Federal para a Petrobras soa como um sinal de alerta para o mercado, afirma o presidente do Centro Brasileiro de infra-estrutura (CBIE), Adriano Pires. Para ele, a principal questão é em relação ao valor, considerado pequeno se comparado aos números da estatal. Segundo o governo, somente neste ano, os investimentos da Petrobras devem ficar em torno de US$ 60 bilhões. "O que a gente percebe é que esse dinheiro deve ter sido tomado para capital de giro. Nesse sentido é que preocupa, pois chama a atenção de que a Petrobras deve estar com algum problema de caixa."
(...) "Acho que essa explicação que está sendo dada [pelo governo] de que a situação está complicada e que a Petrobras precisa manter os investimentos não explica muito", alerta Pires. Segundo ele, o custo operacional da empresa, que não aparecia quando o preço do barril estava mais de US$ 100, está ficando evidente agora. "Acho que vale a pena uma explicação. Pegar dinheiro em banco emprestado para investir faz parte do negócio, agora R$ 2 bilhões não é para investimento." (...)
Bianca Pinto Lima (com Gerusa Marques, da Agência Estado)
O socorro de R$ 2 bilhões da Caixa Econômica Federal para a Petrobras soa como um sinal de alerta para o mercado, afirma o presidente do Centro Brasileiro de infra-estrutura (CBIE), Adriano Pires. Para ele, a principal questão é em relação ao valor, considerado pequeno se comparado aos números da estatal. Segundo o governo, somente neste ano, os investimentos da Petrobras devem ficar em torno de US$ 60 bilhões. "O que a gente percebe é que esse dinheiro deve ter sido tomado para capital de giro. Nesse sentido é que preocupa, pois chama a atenção de que a Petrobras deve estar com algum problema de caixa."
(...) "Acho que essa explicação que está sendo dada [pelo governo] de que a situação está complicada e que a Petrobras precisa manter os investimentos não explica muito", alerta Pires. Segundo ele, o custo operacional da empresa, que não aparecia quando o preço do barril estava mais de US$ 100, está ficando evidente agora. "Acho que vale a pena uma explicação. Pegar dinheiro em banco emprestado para investir faz parte do negócio, agora R$ 2 bilhões não é para investimento." (...)
A crise no grupo Votorantim
(...) Inabalável, o conglomerado paulista foi atingido pela recente crise financeira, com perdas inéditas de R$ 2,2 bilhões em operações financeiras derivativas, complicações para concluir a negociação para assumir o controle da Aracruz Celulose e dificuldades com seu braço financeiro, o banco Votorantim, cuja uma participação relevante foi colocada à venda. Em meio à crise, a Alellyx e CanaVialis, duas empresas de biotecnologia do grupo, foram vendidas à americana Monsanto por US$ 290 milhões. Embora o grupo tenha insistido que a venda dos ativos não tenha tido relação com o quadro adverso, a alienação das empresas foi vista como uma busca rápida de recursos para recomposição do caixa. Além disso, sofreu uma severa crítica por parte de técnicos do governo porque essas empresas foram financiadas com dinheiro público e avaliavam que ainda tinham grande potencial de crescimento. (...) Fatalmente, o grupo revisará o plano de investimento de R$ 25,7 bilhões até 2012, anunciado em outubro do ano passado, apenas no Brasil. (...)
Envolvida em inúmeras dificuldades, até o modelo de gestão, montado no fim de 2001 para acomodar os oito integrantes da terceira geração que reúne primos e irmãos e um batalhão de executivos, começa a ser questionado.
(...) Mas, ao mesmo tempo, a Votorantim tenta desarmar algumas armadilhas na qual se meteu. Uma delas é o desfecho da negociação para assumir o controle majoritário da Aracruz, fabricante de celulose que já detinha uma participação e também levou prejuízos com operações derivativas. Ou o grupo Votorantim paga os R$ 2,7 bilhões acertados para honrar o contrato "irrevogável e irretratável" pelas ações da Arapar - liderada pelo grupo norueguês Lorentzen - na Aracruz ou desembolsa R$ 1 bilhão para se desfazer do negócio a título de multa. Outro imbróglio é o Banco Votorantim, que assumiu grandes proporções dentro da companhia, respondendo por um quarto da receita de todas as operações no tradicional conglomerado industrial. Com a crise de liquidez, o BV começou a enfrentar problemas no ramo de financiamento de veículos. O banco vinha tomando recursos pelo prazo de um a dois anos e usando como funding de financiamentos de longuíssimo prazo. A possibilidade de venda de uma participação minoritária (até 49%) ao Banco do Brasil seria a saída mais certa para capitalizar o grupo, que teve de ser socorrido pelo Banco Central, segundo fontes do mercado financeiro. A venda pode trazer R$ 7 bilhões para o caixa do grupo. Segundo observadores dos movimentos do grupo Votorantim, as recentes dificuldades se explicam pela mesma receita de sucesso dos últimos tempos. Diferentemente das primeiras oito décadas, quando o grupo praticamente reinvestia apenas o lucro de suas operações nos próprios negócios, o conglomerado viu nos últimos dez anos sua receita ser multiplicada por 8,4 vezes e seu lucro líquido crescer 16 vezes graças ao uso mais intenso e frequente de capitais de terceiros. No desenho realizado pela consultoria McKinsey, contratada pelo grupo no fim dos anos 90 para elaborar uma solução para o processo de acomodação dos herdeiros da terceira geração na administração da companhia e a profissionalização do grupo, o modelo de gestão, que sobrepõe uma holding sobre unidades de negócios, passou a ser uma fonte de elogios. Até então, prevalecia um modelo no qual cada unidade tinha sua independência operacional. Por exemplo, Antônio Ermírio de Moraes cuidava da área de metais, e o José Ermírio de Moraes, falecido em 2001, supervisionava a área de cimento. O grupo passou a gerir um caixa único estimado em R$ 10 bilhões, oriundo de todas as suas unidades, que deu mais poder na negociação com fornecedores e clientes - o grupo compra inúmeras matérias-primas e contrata serviços estratégicos de logística, muitos deles dependentes de grande escala. Esse poder de barganha faz com que a Votorantim obtenha muita sinergia nas suas operações. Mas a crise expôs as fragilidades desta estrutura, mostrando seu custo ao grupo. "A holding ficou pesada demais", disse uma pessoa a par da situação do grupo. Sua eficiência teria sido abalada, com a contratação de muita gente de fora, vinda de diversas origens e que não foi integrada ao modelo de gestão da Votorantim. Em meio a um jogo de vaidades entre executivos, teriam surgido duplicidade e sobreposição de comando e interferências sobre as atividades de cada líder das unidades de negócios. Até para justificar a existência da holding, executivos apostaram na tarefa de buscar ganhos com o caixa forte, apostando em operações com dólar no mercado futuro estimadas em US$ 6 bilhões, que acabaram, na brecada da crise, em prejuízos e expondo o grupo à riscos além do negócio de produzir alumínio, celulose, cimento ou suco de laranja.
"Até então, o modelo funcionou bem. Não por outra razão que o grupo conseguiu obter o grau de investimento", diz uma fonte, indicando o triplo selo concedido pelas agências de ratings Standard&Poor's, Fitch e Moody's para uma única companhia de capital fechado do país. "O grupo precisa de um modelo de governança, mas exagerou na dose", acrescentou. (...)
Apostas financeiras sacodem a Votorantim
Valor Econômico - 27/11/2008
Falência e Recuperação
Um artigo interessante que compara a legislação brasileira referente a falência e recuperação de empresas com a dos EUA:
A declaração da General Motors (GM) de que a recuperação ou concordata, chamada de "charpter 11" nos Estados Unidos, criaria mais problemas do que soluções para a empresa, expôs um temor muito comum, mas que precisa ser desmistificado. No Brasil, o Decreto-lei nº 7.661, de 1945, anterior à atual Lei de Falências e Recuperação de Empresas, tratava o empresário falido de uma forma pejorativa. Mas a nova Lei nº 11.101, de 2005, veio restabelecer a dignidade do empresário falido ou em recuperação judicial. Isso porque a recuperação judicial busca a preservação das empresas. A partir do deferimento do processamento de um pedido de recuperação judicial, a empresa ganha fôlego para voltar de forma robusta ao negócio. A própria empresa elabora um plano de recuperação para pagar seu passivo e tem um prazo de 60 dias para apresentá-lo a seus credores, que deverão aprová-lo.
E, pelo período de 180 dias, as ações ajuizadas contra o empresário também ficam suspensas e a empresa consegue voltar a respirar. Com a recuperação é possível fazer uma fusão ou vender parte ou o todo do capital social da empresa ou ainda arrendá-la, entre outros negócios. No caso de empresas que atuam em diversos setores, ela pode ser loteada sem que ocorra a sucessão - nem trabalhista nem de outra espécie. Já a lei americana é ainda mais eficaz do que a brasileira. As leis que regem a falência e a recuperação de empresas no Brasil e nos Estados Unidos têm o mesmo objetivo: a preservação das empresas economicamente viáveis. A lei americana, porém, está mais preocupada com a negociação dos passivos por meio de um acordo com os credores. Podemos compará-la com a nossa recuperação extrajudicial, pela qual o devedor pode negociar diretamente com seus credores um plano de recuperação que será levado a juízo a fim de que seja homologado. É uma boa opção para empresas em dificuldade financeira, mas no caso de a empresa apresentar um passivo tributário ou trabalhista ou tiver ações judiciais ajuizadas contra ela que possam comprometer seus ativos, a solução correta é a recuperação judicial, já que a empresa encontra amparo do Poder Judiciário na apresentação de seu plano de recuperação. Isso porque a recuperação extrajudicial não pode ser usada para negociar dívidas fiscais e trabalhistas. A lei americana também difere da brasileira em outros aspectos positivos. Nos Estados Unidos, a ênfase está na cooperação. Há incentivo para a mediação e as próprias partes negociam saídas. E tudo é muito rápido. A Corte de Recuperação americana funciona 24 horas por dia, durante todo o ano. Vários aparatos garantem sua celeridade: uso de conferência telefônica, internet, conceito do chamado "primeiro dia do processo", doutrina da necessidade, decisão provisória, mercado de créditos extraconcursais com garantia real, mercado secundário de compra de créditos e sistemática de maximização do preço de venda de ativos ou de todo o negócio. Outra diferença é que a lei americana possibilita uma aplicação efetiva. As partes envolvidas são estimuladas a negociar para evitar uma decisão adversa do juiz, que procura apenas resolver controvérsias. No Brasil, as negociações são homologadas pelo juiz, podendo gerar a interposição de recursos que poderão suspender o bom andamento do processo. Nos Estados Unidos isso não acontece. Nos Estados Unidos existe ainda uma grande ênfase na celeridade. O litígio ocorre em tempo real, sendo resolvido prontamente na medida em que surge. Boa parte do trabalho ocorre fora do juízo, para assegurar a continuidade da atividade da empresa: negociações, gestão de crise, elaboração do plano, valorização, precificação, alternativas, onde cortar custos e aumentar receitas, busca de novos recursos e reuniões entre advogados e clientes. Outra diferença é que lá não é necessário aguardar a decisão final de todas as impugnações para se elaborar o quadro geral de credores. O juízo pode trabalhar com a estimativa do valor envolvido nas impugnações para certos propósitos e, a partir disso, estipular uma reserva, sem que todas as contestações sejam decididas judicialmente - ou seja, fazer uma provisão parcial para esses processos em andamento, mas sem penalizar a maioria, o universo de credores, retendo a totalidade dos valores ou ativos ou retardando a confirmação do plano recuperatório até que todas as impugnações sejam decididas. No Brasil, no entanto, apesar de a lei determinar que o pagamento aos credores somente ocorrerá após o julgamento de todas as habilitações e impugnações de créditos tempestivos, já existe uma flexibilidade nesse sentido dentro do processo falimentar, onde o juiz pode autorizar o rateio antecipado se a massa falida tiver numerário para isso, e desde que haja concordância das partes. Como nos Estados Unidos, a lei brasileira prevê também a criação do comitê de credores, com a diferença de que na lei americana o comitê de credores quirografários pode efetuar contratação de profissionais para assessorá-lo. Esses profissionais e empresas são pagos pelo devedor, fato que não ocorre no Brasil. A nova lei brasileira extinguiu o termo falencista para designar o advogado que atua na área, mas é preciso que os empresários procurem profissionais especializados no ramo. E a hora certa de se procurar ajuda é quando há queda de lucratividade e demanda e riscos de comprometimentos de obrigações.
Alfredo Bumachar - As empresas e o medo da recuperação judicial - Valor Econômico – 27/11/2008
Multa
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) decidiu condenar o Banco Santos, seu controlador, Edemar Cid Ferreira e outras onze pessoas a pagar uma multa recorde de R$ 668 milhões por descumprimento de normas de administração e gestão dos fundos de investimento da instituição bancária.
CVM aplica multa recorde - Gazeta Mercantil - 27/11/2008
CVM aplica multa recorde - Gazeta Mercantil - 27/11/2008
Microsoft e Yahoo
Segundo The Sunday Times (Microsoft in $20bn Yahoo deal, John Waples) a Microsoft está novamente interessada em adquirir a Yahoo por 20 bilhões de dólares. A operação fracassou no passado, quando a proposta era de 47,5 bilhões.
Os investidores da Yahoo estão pressionando os executivos depois da oferta anterior da Microsoft. Isto contribuiu para retirada do co-fundador Jerry Yang.
A idéia é combater a Google, que possui 77% do mercado de propaganda on-line (versus 18% da Yahoo e 5% da Microsoft).
Os investidores da Yahoo estão pressionando os executivos depois da oferta anterior da Microsoft. Isto contribuiu para retirada do co-fundador Jerry Yang.
A idéia é combater a Google, que possui 77% do mercado de propaganda on-line (versus 18% da Yahoo e 5% da Microsoft).
30 novembro 2008
Suavização do Lucro

Se executivos corporativos possuem uma liberdade para relatar qualquer número que desejar nas demonstrações financeiras, então o que deveria ser o(s) princípio(s) norteador (s) por atrás de suas escolhas? A resposta, fiéis leitores, é que temos de novo a Suavização do Lucro (Income Smoothing) vindo para os Estados Unidos.
Era uma vez nos Estados Unidos, a Suavização do Lucro foi uma prática comum nos Estados Unidos. Suavização do Lucro, pura e simplesmente é uso de manobras contábeis para mudar os relatórios contábeis para que diga uma história desejada. Na sua forma mais pura, toma uma série temporal de lucro líquidos suaviza relataram que até é uma tendência aparente. Os picos são amassados, vales estão preenchidos, e uma linha estética tendência aparece.
(…)Historicamente, verificou-se um debate sobre esta prática. O consenso que surgiu foi que a suavizaçao do lucro aproxima-se da fraude. (...)
O FASB foi bem sucedido em que termina-lo. Seu sucesso pode ser medido através dos muitos exemplos de como desobediência dos executivos corporativos que propositadamente optaram por não seguir as regras contábeis. (...) Ambos os grupos internacionais [Iasb e Iasc] decidiram não lutar contra a suavização do lucro, mas a adotá-la como fundamento para a apresentação de informações financeiras. (...)
Accounting Education Under IFRS - David Albrecht
29 novembro 2008
Comunismo
Milagres do Comunismo
1. Não existe desemprego, mas ninguém realmente trabalha
2. Ninguém trabalha, mas todos são pagos.
3. Todos são pagos, mas não há nada para comprar com o dinheiro.
4. Ninguém pode comprar qualquer coisa, mas todo mundo é dono de tudo.
5. Todo mundo é dono de tudo, mas ninguém está satisfeito.
6. Ninguém está satisfeito, mas 99% das pessoas votam no sistema.
Fonte aqui
1. Não existe desemprego, mas ninguém realmente trabalha
2. Ninguém trabalha, mas todos são pagos.
3. Todos são pagos, mas não há nada para comprar com o dinheiro.
4. Ninguém pode comprar qualquer coisa, mas todo mundo é dono de tudo.
5. Todo mundo é dono de tudo, mas ninguém está satisfeito.
6. Ninguém está satisfeito, mas 99% das pessoas votam no sistema.
Fonte aqui
28 novembro 2008
Rir é o melhor remédio

Ontem foi o Thanksgiving nos EUA. E a tradição é comer um peru numa ceia familiar. O cartoon mostra as corporações, sendo o peru os contribuintes. Fonte: aqui
Bancas
Ontem participei de cinco bancas de meus orientandos.
Rafael Koifman, do mestrado, pesquisou as notas explicativas e os relatórios de administração. Como estas peças são textos, a pesquisa de Rafael foi no sentido de verificar se a maneira como o texto é produzido pela empresa possui relação com o desempenho da mesma.
Higor, da graduação, fez uma análise nos clubes de futebol do Brasil, tentando verificar se a qualidade da evidenciação está relacionada com o desempenho do clube (ranking da CBF) e o tamanho da receita. Não para o primeiro e sim para o segundo.
Amanda, também aluna da graduação, relacionou o índice retorno sobre o estoque (RSIE ou GMROI) com a elasticidade-inelasticidade do produto. Este é um trabalho teórico interessante que poderá alguns desdobramentos futuros interessantes.
Vanessa replicou uma pesquisa que realizei no início desta década sobre a relevância da correção monetária das demonstrações contábeis. Ela empregou duas técnicas adicionais, mas constatou que a relação entre os números com e sem correção monetária é elevada, indicando dificuldade em aceitar que a correção é útil nos dias atuais.
E finalmente Eber tentou verificar se a análise de balanços é útil, mensurando se os indices de capital de giro podem ser usados para antecipar agregação ou não de valor.
Rafael Koifman, do mestrado, pesquisou as notas explicativas e os relatórios de administração. Como estas peças são textos, a pesquisa de Rafael foi no sentido de verificar se a maneira como o texto é produzido pela empresa possui relação com o desempenho da mesma.
Higor, da graduação, fez uma análise nos clubes de futebol do Brasil, tentando verificar se a qualidade da evidenciação está relacionada com o desempenho do clube (ranking da CBF) e o tamanho da receita. Não para o primeiro e sim para o segundo.
Amanda, também aluna da graduação, relacionou o índice retorno sobre o estoque (RSIE ou GMROI) com a elasticidade-inelasticidade do produto. Este é um trabalho teórico interessante que poderá alguns desdobramentos futuros interessantes.
Vanessa replicou uma pesquisa que realizei no início desta década sobre a relevância da correção monetária das demonstrações contábeis. Ela empregou duas técnicas adicionais, mas constatou que a relação entre os números com e sem correção monetária é elevada, indicando dificuldade em aceitar que a correção é útil nos dias atuais.
E finalmente Eber tentou verificar se a análise de balanços é útil, mensurando se os indices de capital de giro podem ser usados para antecipar agregação ou não de valor.
Petrobrás e Caixa
A reportagem do WSJournal sobre os problemas de caixa das empresas de petróleo pode ser completada pelo texto abaixo, do Valor Econômico, sobre a Petrobrás:
Petrobras precisa de R$ 3 bilhões para rolar dívidas
Valor Econômico - 28/11/2008
Duas semanas depois de divulgar o maior lucro da sua história, o volume de recursos que a Petrobras tem em caixa continua alvo de especulações. Se antes analistas do mercado estranhavam a redução do caixa e a escalada de custos, agora a empresa é alvo de ataques no Congresso. Em outubro a Petrobras obteve permissão para captar até R$ 8 bilhões no mercado financeiro nacional - que desde a década de 90 era território proibido para estatais como ela - e na quarta-feira esse limite desapareceu. Desde que foi autorizada a se financiar no mercado, a estatal pegou dinheiro no Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal (CEF), em que levantou R$ 2 bilhões sob a forma de cédulas de crédito bancário para capital de giro. A operação, datada de 31 de outubro de 2008 foi feita para "reforçar o capital de giro" como a Petrobras informou em seu balanço trimestral. Ela vai pagar 104% do CDI.
A Petrobras tem R$ 10,7 bilhões no caixa e a possibilidade de captar no mercado bancário nacional permitiu, segundo analistas, uma "janela" de oportunidade para a companhia financiar suas operações no dia-a-dia, o que antes era feito apenas no exterior. Desde o início do ano a empresa já concluiu 18 operações de crédito, que totalizam US$ 6,7 bilhões. Somente as operações de câmbio somam US$ 1 bilhão por mês. Em entrevista ao Valor concedida na terça-feira, o diretor financeiro e de relações com investidores, Almir Barbassa, discorreu sobre a situação do caixa, que somava R$ 27 bilhões no ano passado, começou 2008 com R$ 13 bilhões e em estava em R$ 10,7 bilhões em setembro, mostrando que ele se reduziu devido a um programa de pré-pagamento de dívidas e aumento dos investimentos. "Isso é normal, qualquer empresa faz, é administração do passivo." Ele lembra que antes de obter o grau de investimento, o primeiro foi obtido em janeiro de 2007, a companhia tinha dívidas contraídas no período anterior e excesso de caixa que era criticado. "Cobravam o excesso de dinheiro em caixa. As agências de 'rating' diziam que isso não existe, viam a possibilidade de um calote do governo e a companhia queria o 'investment grade' para reduzir o custo das captações." A companhia então decidiu pagar dívidas incluindo as tomadas junto à Seguradora Japonesa de Exportações e Investimento (Nexi, na sigla em inglês), além de bônus, dívidas bancárias e com agências de crédito à exportação, as ECAs. No período em que o caixa foi sendo reduzido a Petrobras dividiu com Braskem e Ultra os ativos da Ipiranga e participou do processo de reestruturação do setor petroquímico nacional, comprando a Suzano Petroquímica em agosto de 2007. O executivo diz que essas aquisições não comprometeram o caixa. Sobre a preocupação dos investidores com relação à capacidade de investimento da companhia, ele disse que "estão muito enganados aqueles que acham que não vamos conseguir financiamento com bancos". Afirmou que a empresa precisa apenas de R$ 3 bilhões para rolar sua dívida, "e isso não é difícil", e pagar R$ 8 bilhões em dividendos. O diretor da Petrobras também disse que a liberação do CMN para a companhia captar até R$ 8 bilhões no mercado financeiro nacional vai permitir que ela tenha o mesmo tratamento que os concorrentes. Ele citou como exemplo garantias bancárias exigidas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) para participação nos leilões, dizendo que empresas como Shell e Esso podiam obter carta de crédito no Brasil enquanto para a mesma situação a Petrobras tinha que recorrer a bancos no exterior. "Se eu soubesse que ia acontecer o que aconteceu [a crise mundial] a situação [do caixa] seria outra. Poderíamos estar cheios de dinheiro só fazendo operações de câmbio", ironizou. "Mas analisar o passado conhecendo o futuro é muito fácil." E despediu-se recomendando a compra de ações da Petrobras.
Valor:Qual a importância para a Petrobras dessa liberação dos limites para captação no mercado financeiro nacional?
Almir Barbassa: Existe um contingenciamento bancário e os bancos só podem emprestar para Estados, municípios e estatais de todos os níveis até um determinado valor fixo. Mas se chegou a esse limite rapidamente e acabou o crédito e a Petrobras não conseguiu pegar nem um real. Não podíamos pegar uma garantia no Banco do Brasil, simplesmente o sistema bancário não estava disponível para a Petrobras. Se precisássemos de uma garantia bancária de R$ 100 milhões para entregar para a ANP não podíamos pegar em um banco brasileiro. A gente tinha que ir lá fora, pegava uma garantia bancária com um banco lá e ele repassava para um banco aqui. Enquanto isso a Esso, a Shell e outras iam no Bradesco e resolviam. Essa era a nossa situação.
Valor: Onde a Petrobras guarda o dinheiro do caixa?
Barbassa: A maior parte está no Brasil, em fundos de investimentos financeiros (FIFs) exclusivos e que aplicam o nosso dinheiro em títulos do governo federal. Eles não podem aplicar em ações, essa é outra restrição aplicada só para estatais que para nós é uma defesa. Só podemos aplicar em títulos e, com isso, estamos protegidos. Esses fundos são entidades jurídicas que não pertencem ao banco que administra. São oito FIFs e cada um é gerido por um banco. Não pelo banco comercial, mas pelo asset management [gestora de recursos]. A instituição me presta o serviço de fazer o dia-a-dia e tem um contrato de remuneração. O valor que mantenho lá é proporcional à rentabilidade, o FIF que tiver mais rendimento mantém o maior volume de recursos. E no caso dos dois últimos, a cada seis meses tiramos o dinheiro. De quinze em quinze dias informamos a cada um a posição de cada um e os muito abaixo são avisados de que estão na linha de corte.
Valor: Porque o caixa da Petrobras caiu nos últimos dois anos?
Barbassa: A Petrobras fez um programa de recompra de dívidas e investimentos. Eu paguei o Seguradora Japonesa de Exportações e Investimento (Nexi na sigla em inglês) em 2006 e a relação continua excelente. Eu paguei tudo que foi possível porque estava com excesso de caixa. Eram R$ 27 bilhões em caixa e antecipamos todos os pagamentos que foram possíveis. Pagamos 'bonds', dívida bancária e com agências de crédito de exportação (ECAs).
Valor: Deu resultado?
Barbassa: Hoje estou pagando menos do que naquela época. Não dá para analisar hoje a situação do passado. Se eu soubesse que ia acontecer o que aconteceu agora a situação seria outra. Poderíamos estar cheios de dinheiro só fazendo operações de câmbio. Isso é normal, é administração de passivo que qualquer empresa faz. Nós tornamos 'investment grade' desde 2005 e se eu tinha dívida contratada antes disso e excesso de caixa eu tinha que fazer o que fiz, que foi pré-pagar as dívidas e alongar. As pessoas perguntavam o que íamos fazer com esse dinheiro todo em caixa. O dinheiro em caixa era visto pelas agências de 'rating' como algo que não existe, porque era uma empresa do governo, controlada pelo governo, aplicado em títulos do governo, e no caso de um stress do governo eles [achavam] que ele não ia pagar os títulos da Petrobras. E nós estamos em posição desvantajosa, querendo ser 'investment grade' para reduzir o custo de captação da Petrobras. As empresas de rating olhavam dessa forma
Valor: A Petrobras tem fornecedores com problemas?
Barbassa: Cada um vê o quer. As dificuldades são resultantes da situação. Isso acontece tanto com a empresa bem planejada e com o cara pequeno que vê a oportunidade de crescer e transforma o dinheirinho em capital fixo para continuar uma obra e agora não consegue transferir. E isso os governos do mundo inteiro estão tentando socorrer para manter a atividade. Mas vai ser difícil porque os bancos não estão transferindo dinheiro para empresas em dificuldades. Vai ser difícil continuar a fazer essa engrenagem funcionar porque eles desconfiam de quem tem dificuldades. De repente apareceu um risco que pegou as empresas desprevenidas e elas terão dificuldades.
Valor: Em sua opinião, quais são as razões dessa crise?
Barbassa: Hoje algumas avaliações são de que o grande erro dos Estados Unidos foi deixar o Lehman Brothers quebrar, porque a partir daí a crise se acelerou. A situação hoje é como disse o Barack Obama: vai piorar muito antes de melhorar.
Valor: Como o mundo vai sair dessa?
Barbassa: O consumo e o investimento é que vão manter a engrenagem funcionando. Porque se houver desestímulo a engrenagem funciona invertidamente, é o multiplicador de Keynes. Pode ir para cima ou para baixo. Agora a tendência é de ir para baixo porque todo mundo está puxando o freio. Mas a empresa que puxar o freio pode ser prejudicada na volta seguinte, porque a demanda do seu produto vai cair.
Valor: Os problemas no mercado financeiro e a redução do caixa significam que a Petrobras vai reduzir o ritmo de investimentos no pré-sal? A Petrobras tem dinheiro para esses investimentos?
Barbassa: Vamos investir R$ 50 bilhões no ano que vem. Não se esqueça que o que temos programado para o pré-sal não vai mudar. É uma plataforma pequena que já está alugada e vai chegar em março para teste e mais uma segunda plataforma que será instalada até 2010. Para ela produzir vamos precisar de cinco poços. Isso é um investimento mínimo e faltam dois anos. As plataformas vão começar a ser instaladas lá perto de 2013 e 2014 como piloto. As dez que compramos são para ser instaladas em 2015, precisam começar a ser construídas em 2012 e estamos no final de 2008. Então, o pré-sal vai acontecer, essencialmente, após essa crise, eu espero. E eu espero que essa crise não dure mais que dois anos.
Valor: Os analistas não estão satisfeitos com a situação do caixa da Petrobras e também apontam aumento de despesas.
Barbassa: Eu sei que eles estão preocupados com isso, acham que não vamos conseguir financiamento para bancar os investimentos, mas estão enganados. Meu ebitda [resultado das operações] deste ano já está em R$ 35 bilhões e com mais um trimestre vou passar de R$ 50 bilhões então. E como estou investindo R$ 50 bilhões, para investimento eu tenho. Preciso apenas rolar minha dívida que vence esse ano, que é de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões, o que é fácil. Tenho que pagar ainda cerca de R$ 8 bilhões em dividendos.
Valor: Porque o resultado do terceiro trimestre frustrou investidores?
Barbassa: O ebitda foi menor que o do trimestre anterior por por duas razões básicas, uma delas foi a importação de derivados a preços maiores que os de venda aqui, o que obrigou a pegar dinheiro do caixa. Outro efeito foi causado pela desvalorização cambial, que gerou um ganho contábil sobre o qual incidiram impostos. Mas isso foi apenas um efeito no terceiro trimestre.
Empresas e Caixa
A indústria petrolífera mundial se prepara para tomar algumas decisões difíceis, já que a queda no preço do petróleo começa a forçá-las a reconsiderar como gastarão seus recursos. E a nova prioridade é conservar o caixa.
Poucos meses atrás, importantes produtoras de petróleo e gás batiam recordes de faturamento com o boom mundial da demanda por energia, e o barril do petróleo chegou a US$ 145 em julho. As petrolíferas não precisavam escolher entre pagar dívidas, aumentar o dividendo, rechear o caixa ou expandir o orçamento para despesas de capital. Elas podiam fazer tudo isso ao mesmo tempo.
Mas agora a crise econômica mundial está sufocando a demanda por petróleo e gás natural, e o preço do barril de referência caiu para a faixa dos US$ 50 na semana passada pela primeira vez desde 2005 — e tem estado nessa faixa desde então. A notícia, ontem, de que as reservas de emergência dos Estados Unidos estão maiores do que o previsto abortou um ensaio de recuperação dos preços.
Se a cotação não melhorar bastante nas próximas semanas, especialistas do setor prevêem que um dos primeiros passos das petrolíferas será passar a faca em generosos programas de recompra de ações, que ajudaram a protegê-las do brutal declínio das bolsas nos últimos meses.
(...) Para administrar o caixa, algumas petrolíferas de médio porte começaram a enxugar os planos para despesas de capital. Até agora, as multinacionais estão mantendo os planos, embora tenham decidido adiar certos projetos, na esperança de que os custos de engenharia e construção — que foram às alturas nos últimos anos — cairão juntamente com o enfraquecimento da expansão do setor.
Para resistir à crise sem cortar o financiamento para projetos que permitam crescimento no futuro, as empresas provavelmente vão gastar suas reservas enormes e aumentar o endividamento, disse Jason Gammel, analista do setor de energia da Mcquarie Securities. Ele ressalta que a Exxon pode financiar suas despesas de capital durante um ano e meio com os US$ 37 bilhões que possuía em caixa no fim de setembro. (...)
Petrolíferas agora têm de preservar caixa
Russell Gold, Colaborou Ben Casselman, The Wall Street Journal
The Wall Street Journal Americas - 27/11/2008 - 1
O fim da governança corporativa?
UMA CONVERSA que ficou bem desmoralizada nesta crise foi a da "governança corporativa". A conversa fiada é velha, assim como a da racionalidade do mercado, na qual até o bom economista-padrão não acredita mais faz duas décadas, embora não fale muito sobre o assunto quando discute política e esparge ideologia mercadista.
(...) A "governança" chegaria depois ao Brasil. Mesmo com seu alto teor de conversa fiada, a difusão da idéia e até de alguma exigência prática de "governança" foi um avanço nesta selva. Desde 2003, a Bovespa fez o bom trabalho de exigir mínimos de publicidade, de controle das diretorias e de respeito a acionistas. A Bolsa até começou a tomar jeito de mercado de capitais. Houve propaganda marqueteira vulgar, sim, na onda de IPOs e de commodities que inflou o Ibovespa. Mas era alguma coisa.
Porém a crise revelou o quanto (muito) havia de impostura na "governança" brazuka também. O prejuízo cambial, o bafafá e a obscuridade dos casos Aracruz, Votorantim e Sadia, para ficar nos mais evidentes, são o escárnio da transparência.
Mostram ainda a inércia da CVM, que ao ritmo de cágado exige normas mais decentes de prestação de contas. Aliás, para a CVM o mercado brasileiro é mais limpinho que o dos EUA, onde financistas muita vez e outra são algemados -por aqui, isso não rola. Enfim, a bola passou sob as pernas do Banco Central, que não viu bancos armando a porcaria dos derivativos. Não tinham como fiscalizar? Sorry, para quem quer tanta autonomia, a desculpa não cola.
Agora há bancos estatais a auxiliar empresas. Pode ser útil. Ou não. Estatais não prestam contas da qualidade e do custo de seus créditos até que virem rombos, ao menos nos diz a história. Há muito subsídio e chororô por aí. Múltis que nadavam em lucros pedem socorro. Há o risco de empresas do cassino do câmbio taparem rombos com verba subsidiada. Há o estranho caso da Petrobras com a Caixa. Foi recriado o caldo de cultura em que a bactéria da desgovernança privada pode proliferar no dinheiro açucarado do governo.
Empresas desgovernadas - Vinicius Torres Freira - 28/11/2008 - Folha de São Paulo
27 novembro 2008
SPED e tributação

SPED: o grande desafio do empresário é o ônus fiscal
Gazeta Mercantil - 27/11/2008 - Eduardo Maciel
As empresas têm hoje que se adequar ao novo modelo contábil e fiscal em vigor no Brasil, denominado Sistema Público de Escrituração Digital (SPED). Esta adequação, estruturada para ser feita em três grandes fases - Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), Escrituração Fiscal Digital (EFD) e Escrituração Contábil Digital (ECD) - segue uma ordem específica de prioridades e tem um calendário apertado para ser implementada. Por isso, as empresas devem estar atentas a estas mudanças. O objetivo do SPED é possibilitar ao governo (nas três esferas) um acompanhamento mais eficaz sobre as transações de compra e venda realizadas pelo mercado, contribuindo assim para um maior controle sobre a evasão fiscal e receita pública oriunda dos tributos inerentes às relações comerciais.
A emissão de NF-e já é obrigatória desde abril de 2008 para fabricantes e distribuidores de cigarros; produtores, formuladores, importadores e distribuidores de combustíveis líquidos; e transportadores e revendedores retalhistas. A partir de dezembro de 2008, novas empresas passarão a ter que emitir também a NF-e. Porém, em abril de 2009, mais empresas terão que se enquadrar na nova determinação. Um dos maiores esforços para a inclusão das empresas no SPED se refere à otimização de dados de impacto fiscal circulantes na Cadeia de Suprimentos. À primeira vista, pode parecer que me refiro apenas a alíquotas e dados de faturamento. No entanto, o grande desafio é determinar o ônus tributário. Para isso, precisa-se entender corretamente o que se está tributando. Assim, se pensarmos, por exemplo, no Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) , percebemos que, antes de identificar a alíquota referente a um determinado material, precisamos conhecê-lo mais a fundo, em todos os seus atributos essenciais e características marcantes. Somente assim poderemos determinar qual a correta alíquota indexada ao valor do item.
No setor automotivo, por exemplo, já temos conhecimento de pelo menos 100 mil itens. No setor siderúrgico, são mais de 70 mil itens. No setor de mineração atingimos mais 350 mil itens. No setor de bebidas, com mais de mil empresas e faturamento total de mais de R$ 20 bilhões de reais, chegam a mais de 30 mil itens.
Considerando overlaps, podemos falar em um número total absoluto de mais de 700.mil itens conhecidos nesses segmentos. Por isso, a necessidade de uma implementação muito bem estruturada para que as alíquotas sejam calculadas e aplicadas corretamente. Apenas em 2008, as atividades de data management da Webb alcançaram o montante de 152 mil itens otimizados no que se refere às suas descrições técnicas, para adequação ao SPED. E ainda é só o início.
Foto: Life
Futebol brasileiro

O texto a seguir mostra a dependência dos clubes de futebol no Brasil das vendas de jogadores. Uma questão contábil interessante é se esta transação seria operacional ou não operacional.
Perto do hexa, São Paulo dá prejuízo
Folha de São Paulo – 27/11/2008
Eduardo Arruda e Paulo Cobos
O clube de maior sucesso do país vai entrar em 2008 numa vala comum do futebol brasileiro. Às vésperas de conquistar o inédito hexacampeonato nacional, o São Paulo vai fechar o ano no vermelho pela primeira vez na atual gestão.
A previsão da diretoria é que o clube encerre com prejuízo de cerca de R$ 12 milhões. É o primeiro ano deficitário com o presidente Juvenal Juvêncio, que assumiu em 2006.
Será a primeira vez também que os são-paulinos não produzem lucro desde 2004, quando o time não conquistou títulos e encerrou a temporada com R$ 2 milhões de prejuízo. Nos anos seguintes, os resultados financeiros foram todos positivos.
"Isso acontece porque neste ano nós não vendemos jogadores, como ocorreu nas temporadas anteriores. A crise está aí para todo mundo", afirma o diretor financeiro do São Paulo, Osvaldo Vieira de Abreu.
"Quem não consegue vender um ou dois jogadores no ano não fecha a conta", declara o presidente Juvenal Juvêncio.
Com a crise global, ele sustenta que só há uma saída para os clubes brasileiros: o investimento nas categorias de base. "Quem não revelar jogadores está morto", avalia o cartola.
E justamente o investimento na formação de jogadores contribuiu, segundo Vieira de Abreu, para o resultado negativo deste ano. Ele conta que os gastos com o CT de Cotia comprometeram parte do orçamento. O centro consome US$ 3 milhões por ano. O clube agora conseguiu R$ 13,8 milhões da lei de incentivo ao esporte para tocar projetos do CT.
Um outro fator para o insucesso financeiro, na avaliação da diretoria, foi a eliminação na Libertadores nas quartas-de-final, diante do Fluminense.
"Foi uma saída precoce. Deixamos de arrecadar cerca de R$ 20 milhões que poderíamos ter ganho com o título", afirma o diretor financeiro, levando em conta arrecadação com bilheteria e premiações pelo título.
Em 2005, por exemplo, ano em que ganhou a Libertadores e o Mundial da Fifa, o clube do Morumbi foi o que mais gerou receitas com direitos de transmissão (R$ 93,5 milhões).
Levantamento da Casual Auditores mostra que o São Paulo elevou seu faturamento, mas não com a venda de atletas, e sim com bilheteria e premiações, além de cotas de TV.
As negociações de jogadores representaram somente 23% do faturamento total. O superávit foi de R$ 10 milhões.
No ano seguinte, o do primeiro Brasileiro vencido por Muricy Ramalho, os são-paulinos fecharam com R$ 2,5 milhões de lucro. O resultado em 2007 foi ainda mais positivo.
Na temporada do bicampeonato, o superávit foi de R$ 3,8 milhões. No ano passado, o clube negociou R$ 76 milhões em jogadores. Só com a venda de Breno para o Bayern de Munique, os são-paulinos embolsaram mais de R$ 40 milhões.
Em 2008, que deve marcar o terceiro campeonato seguido e o sexto Nacional, o São Paulo só lucrou com a venda do zagueiro Alex Silva ao Hamburgo. Mesmo assim, foi pouco -cerca de R$ 3 milhões pelos 20% que detinha dos direitos do jogador.
Foto: Life
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