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02 julho 2025

Um benefício inesperado das IFRS e como o Brasil está na convergência

 Eis a tradução do resumo:

Revelamos um novo efeito real da harmonização das normas contábeis sobre o comércio internacional: após a adoção obrigatória das Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS), exportadores que enfrentam mudanças mais significativas nos requisitos de reporte tornam-se mais bem-sucedidos em se defender contra processos antidumping em países estrangeiros. Esse efeito é mais forte quando há uma aplicação mais rigorosa das normas contábeis e permanece robusto mesmo ao se excluir exportadores de economias não orientadas pelo mercado. Discutimos os canais pelos quais a globalização das normas contábeis facilita um comércio mais eficiente, seja mitigando o protecionismo dos países importadores ou reduzindo as práticas de dumping por parte dos exportadores.

Eis um trecho interessante:

A figura apresenta a distribuição da distância em relação às IFRS entre as jurisdições, com o eixo x representando os nomes das jurisdições e o eixo y indicando as distâncias em relação às IFRS. O valor teórico máximo para a distância IFRS é 52.

O Painel A mostra a distância IFRS antes de uma jurisdição adotar as IFRS. A distância pré-adoção é determinada como a distância calculada entre os Princípios Contábeis Geralmente Aceitos (GAAP) locais e as Normas Internacionais de Contabilidade (IAS) para o país j, com base na pesquisa GAAP 2001. Para cada país ou região, atribui-se o código 1 se forem identificadas diferenças em relação a um item específico da IAS na norma indicada, e 0 caso contrário.


(O Brasil está na metade do gráfico)

O Painel B apresenta a distância IFRS após a adoção das IFRS por um país ou jurisdição. Para jurisdições que não adotaram as IFRS (isto é, Egito, Índia, Japão, Indonésia e Estados Unidos), a distância pós-adoção é a mesma que a distância pré-adoção.


O Brasil está no sexto, da esquerda para direita. Isso é um indicador que o país não é tão convergido assim. Uma das normas citadas no texto - para o caso do Brasil - é o IFRIC 15, referente a construtoras, e IAS 27. 

IA, Eficiência e preço de auditoria

 


Da Bloomberg (via aqui):

A PricewaterhouseCoopers LLP, uma das maiores empresas de consultoria profissional do mundo, cortou os preços de alguns serviços à medida que os clientes aumentavam o fato de a consultoria utilizar inteligência artificial para concluir o seu trabalho mais rapidamente.

“Os clientes nos ouviriam falando sobre o uso de IA e diriam: ‘Queremos nosso quinhão dessas eficiências, disse Dan Priest, diretor de IA da PwC, em entrevista à Bloomberg News. 

Formação e Alfabetização em IA, por país. Faz sentido?

Pesquisa da KPMG:

Países e conhecimento de IA. Quanto mais elevado no país no gráfico, maior o conhecimento de IA. E no topo está a Nigéria e Egito. O texto enfatiza a ignorância dos canadenses em IA. É a barra vermelha. Isso parece também não fazer sentido para você? 


Individualismo do auditor e comparabilidade do lucro

Nós examinamos se o individualismo do sócio de auditoria reduz a comparabilidade dos lucros nos Estados Unidos. Argumentamos que sócios de auditoria individualistas têm maior propensão a se desviar das regras internas de trabalho e a permitir maior flexibilidade aos clientes nas escolhas contábeis, o que, consequentemente, reduz a comparabilidade dos lucros desses clientes. Utilizando uma nova métrica de individualismo em nível de sócio, encontramos que, dentro das próprias firmas Big 4, os lucros são menos comparáveis entre uma empresa auditada por um sócio individualista e outra auditada por um sócio não individualista, em comparação com um par de empresas auditadas por sócios não individualistas. Nossas inferências são robustas a análises de mudanças, testes de falsificação e ao uso de pareamento por escore de propensão. Também constatamos que o efeito do individualismo do sócio é menos evidente quando a firma de auditoria está sob monitoramento regulatório mais rigoroso e quando os clientes são mais importantes, mas mais evidente quando os sócios individualistas estão mais confiantes em agir de forma diferente. Análises adicionais sugerem que nossas principais inferências permanecem robustas ao controle por diferenças culturais entre sócios e ao uso de pares de clientes auditados pelo mesmo sócio. Coletivamente, nosso estudo oferece evidências inéditas sobre o papel do individualismo do auditor na comparabilidade dos lucros.

Fonte: aqui

01 julho 2025

Padrão de planejamento tributário

Entrou em vigor hoje o International Ethics Standards Board for Accountants (IESBA)  Tax Planning Standards . O padrão pode ser encontrado em PDF aqui . O documento procurou fornecer uma estrutura baseada em princípios, que fosse aplicável a serviços e atividades relacionadas com o planejamento tributário. A apresentação fala em interesse público, reputação e outros termos. 

Nesse sentido, a entidade está preocupada com a questão da evasão fiscal prejudicando a credibilidade e reputação das empresas, provocando litígios e prejudicando o interesse público. Segundo o texto, "o objectivo fundamental destas normas é garantir uma base ética e credível para aconselhar sobre acordos de planeamento fiscal, restaurando assim a confiança pública e institucional num tema que é fundamental para o contrato social entre as empresas e o mercado que os apoia."

Interessante o termo "restaurando". Significa dizer que havia algo quebrado aqui. Mas não creio que o padrão irá corrigir isso. 

Em discussão a Estrutura Conceitual do Setor Público

O CFC colocou em audiência pública as minutas das novas Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBC TSP). Entre elas a NBC que trata da Estrutura Conceitual, na sua primeira revisão. O objetivo é promover o alinhamento com as normas internacionais.


Parece que existiu uma preocupação com esse alinhamento, o que pode ser interessante. Fazendo uma rápida leitura, percebi uma evolução enorme. Eis um trecho importante:

A estrutura conceitual estabelece os conceitos que fundamentam a elaboração e a divulgação dos Relatórios Contábeis de Propósito Geral das Entidades do Setor Público (RCPGs), os quais devem ser elaborados com base no regime de competência.

(Fica a pergunta sobre a legalidade dessa redação, dentro da existência da Lei 6404). Outro trecho interessante: 

A neutralidade é apoiada pelo exercício da prudência. Prudência é o exercício de cautela ao fazer julgamentos sob condições de incerteza. 

Esse trecho também está presente na EC da contabilidade financeira. O regulador fez uma grande ginástica para manter o termo prudência na estrutura, sem deixar de "apoiar" a neutralidade. 

O CFC quer receber comentários até o final de julho. Ou seja, deu 30 dias de prazo para que as pessoas possam ler e refletir sobre o assunto. (Foto: aqui)

Ganho de produtividade com IA

 

Tendo por base uma pesquisa com mais de quatro mil pessoas, o ganho de tempo com o uso de IA não pode ser desconsiderado. A pesquisa foi realizada com tarefas típicas do trabalho. A escrita, por exemplo, que o contador precisa fazer para produzir um relatório, ganhou um tempo substancial: de 80 minutos em média para 25 minutos. 

Dinheiro público para radio (e televisão) faz sentido?


A partir de uma reflexão de Bryan Caplan sobre o financiamento público da radiodifusão pelo governo, podemos também pensar no uso de verbas públicas no Brasil para empresas de rádio e televisão. Caplan parte de algo óbvio: o número de alternativas disponíveis para uma pessoa, em termos de conteúdo audiovisual, aumentou significativamente nas últimas décadas. Qual seria, então, a razão para o contribuinte financiar conteúdo que a maioria das pessoas jamais irá consumir?

Outro ponto é a captura ideológica. No entanto, há argumentos favoráveis à manutenção desses gastos. Um deles é que o valor destinado é reduzido. Mas é importante lembrar que a eliminação de gastos inadequados pode resultar na redução de outras coisas igualmente "desagradáveis", como os impostos.

O exemplo de Caplan também ilustra a inflexibilidade das despesas públicas, uma vez que certos gastos, como o financiamento de emissoras de rádio e televisão, tendem a se perpetuar independentemente da mudança nas condições tecnológicas, na demanda da população ou na existência de alternativas mais eficientes. Mesmo diante disso, o Estado continua destinando recursos a um modelo de comunicação que já não atende à maioria dos contribuintes. Essa rigidez orçamentária dificulta o redirecionamento de verbas para áreas mais prioritárias e reforça a ideia de que, uma vez estabelecido, um gasto público é difícil de eliminar — ainda que seu benefício marginal seja cada vez menor.

Foto: aqui

30 junho 2025

Fortuna no lixo


Em 2013, James Howells, um britânico de Newport, País de Gales, descartou acidentalmente um disco rígido contendo cerca de 8.000 bitcoins — hoje avaliados em aproximadamente 742 milhões de dólares. Desde então, ele travou uma longa batalha com as autoridades locais para obter permissão para escavar o aterro sanitário municipal onde acredita que o disco foi parar. Após anos de tentativas, planos elaborados e até propostas milionárias para financiar a busca, o conselho municipal negou definitivamente a autorização. Com isso, a busca foi oficialmente encerrada, e a fortuna perdida permanece irrecuperável.

Leia aqui também

Sentimento e Economia através das pinturas ao longo do tempo


O resumo é promissor: 

Este artigo analisa 630.000 pinturas produzidas a partir do ano 1400 para investigar como a arte visual reflete seu contexto socioeconômico. Os autores desenvolvem um algoritmo de aprendizado para prever nove emoções básicas expressas em cada obra e isolam um “efeito de contexto” — ou seja, o sinal emocional compartilhado entre obras criadas no mesmo local e ano — controlando por influências do artista, gênero e época. As distribuições dessas emoções codificam informações sutis, porém significativas, sobre os padrões de vida, a incerteza ou a desigualdade do contexto em que as obras foram produzidas. Os autores propõem essa medida baseada em emoções, derivada de obras de arte históricas, como uma nova forma de examinar como as sociedades vivenciaram grandes transformações socioeconômicas, incluindo variabilidade climática, dinâmicas comerciais, mudanças tecnológicas, transformações na produção de conhecimento e transições políticas.

A arte tem muito para dizer sobre uma época. E traduz os sentimentos, como na figura abaixo, retirada do artigo. Há emoção no quadro. 


A seguir, a identificação dessa emoção através do "calor" do software, onde a raiva (figura f) está nítido na expressão em torno dos olhos. 


Quando analisaram por país e ao longo do tempo, a arte reproduz esses sentimentos. Veja o caso do medo: 


O texto completo está aqui. Lembrou do livro de Jacob Soll, onde ele usa pinturas, ao longo do tempo, para contar um pouco sobre a história da contabilidade. 

Fórmula especial


O filme F1: The Movie, uma superprodução financiada pela Apple, estreou com grande repercussão global. Com um orçamento estimado entre US\$ 200 milhões e US\$ 300 milhões. A Apple financiou a produção e manteve os direitos de streaming para sua plataforma Apple TV+

Além disso, a detentora dos direitos da corrida está apostando que o filme possa reverter um recuo na popularidade da F1 no maior mercado de esportes do mundo, os Estados Unidos. A falta de competição em um campeonato recente reduziu o interesse. 

Mas o desempenho da Fórmula ainda é tímido em comparação a outros esportes: a NFL trouxe quase 7x mais receita do que a Fórmula 1 no ano passado, mesmo o automobilismo tendo 825 milhões de fãs em todo o mundo. 



Derrotando Barbie, Transformers e Hello Kitty


A Pop Mart, empresa chinesa de brinquedos colecionáveis, superou em valor de mercado gigantes como Mattel (Barbie), Hasbro (Transformers) e Sanrio (Hello Kitty), alcançando cerca de US\$ 34 a 46 bilhões. Seu sucesso se deve ao modelo de vendas “blind-box” — caixas surpresa com bonecos de design exclusivo — e à popularidade de personagens como o elfo Labubu, descrito como “feio, mas fofo”. Celebridades como Rihanna e Dua Lipa ajudaram a impulsionar a fama da marca globalmente, gerando filas e frenesi em lojas de cidades como Londres, Los Angeles e Seul. Em 2024, a Pop Mart dobrou suas vendas para US\$ 1,8 bilhão e triplicou seus lucros, sendo negociada a 33 vezes o lucro esperado, o que indica forte confiança do mercado. Apesar disso, analistas apontam que a sustentabilidade do crescimento depende de inovação constante e da expansão internacional, que hoje representa 39% das vendas.

29 junho 2025

Emissão de CO2


Até 2030, os centros de dados de IA poderão representar uma parcela maior das emissões de carbono do que os voos atualmente.

O boom da inteligência artificial trouxe uma série de efeitos colaterais, mas além das implicações sociais, geopolíticas e econômicas, o número crescente de centros de dados utilizados para alimentar essa tecnologia pode ter um impacto ambiental devastador — e isso pode acontecer mais cedo do que imaginávamos.

Novas projeções da Accenture, divulgadas pela Axios na quarta-feira, mostram que as emissões de carbono provenientes dos centros de dados de IA podem aumentar 11 vezes ao longo da década, representando uma participação de 3,4% no total das emissões globais de CO₂ até 2030, no cenário “base”.

Fonte: aqui 

Sobre as regras de contabilidade de cripto do Bacen

A proposta de regulamentação, anunciada na terça, 24, pela autoridade monetária, trata da definição de critérios de reconhecimento e mensuração, assim como do tratamento contábil, de ativos virtuais emitidos ou sob custódia. O documento também aborda temas como as exigências de notas explicativas sobre variações do valor.

A Resolução que será criada a partir da CP 122/2025 servirá para saber o valor realizável dos criptoativos detidos. “A Resolução proposta segue tendência internacional de regulamentação de práticas contábeis para registro de criptoativos e tem pontos que demandam atenção, como a alta volatilidade que a constante avaliação a valor justo causará nos resultados contábeis”, aponta [o advogado Guilherme Peloso] Araujo.

Apesar de tratar da regra de contabilidade, o texto não mencionou nenhum especialista não jurídico da área. 

Fim das agências bancárias físicas


Há 25 anos, bancos na Alemanha operavam cerca de 60 000 agências; dez anos atrás, eram 35 000; hoje restam apenas 18 933 — uma redução de quase dois terços em um quarto de século. Apenas em 2023, foram fechadas 560 agências, representando uma redução de 2,8% no ano. 

A união de digitalização, taxas de juros baixíssimas e a concorrência de serviços como o euro digital e stablecoins está levando os bancos a enxugar custos e migrar clientes para atendimento digital. 

Os números mostram que a digitalização das finanças europeias está acelerando o fechamento de agências físicas, enquanto projetos de moeda digital centralizada — como o digital euro — impõem ajustes contábeis e operacionais que podem custar bilhões aos bancos tradicionais.

Em termos de balanço, menos ativo imobilizado e mais investimento em intangível, como softwares. O fechamento irá significar efeito sobre o resultado das instituições financeiras. Outro ponto, provavelmente o que está ocorrendo na Alemanha deve estar ocorrendo também em outros países. 

O Caso Dinamarquês contra Deepfakes


É interessante notar que a discussão sobre redes sociais no Brasil encontra agora um certo paralelo na Dinamarca. O governo dinamarquês está propondo uma regra inovadora: o cidadão teria direito autoral sobre sua imagem, voz e traços faciais. Isso permitiria evitar o uso indevido por tecnologias como a de inteligência artificial. A proposta parece contar com apoio parlamentar e prevê que qualquer pessoa possa solicitar a remoção de conteúdo gerado por IA. As plataformas que não cumprirem a determinação estarão sujeitas a compensar os indivíduos prejudicados.

A norma será submetida à consulta pública ainda este ano e pode entrar em vigor até o final de 2025. Há uma exceção importante: paródias e sátiras continuarão protegidas, o que garante um espaço para a liberdade de expressão. O descumprimento da regra poderá resultar em multas e até em intervenção das autoridades. A Dinamarca espera que essa iniciativa sirva de exemplo para outros países, especialmente durante sua presidência no Conselho da União Europeia.

Essa proposta também traz implicações relevantes para a contabilidade, especialmente no que diz respeito ao reconhecimento de passivos nas plataformas digitais. Ao atribuir direitos autorais à imagem, voz e traços faciais dos indivíduos, cria-se a possibilidade de obrigações legais e financeiras que precisarão ser mensuradas e registradas.

    28 junho 2025

    Tecnologia que não muda

    Já que na postagem anteriormente foi mostrado um exemplo de tecnologia e sua evolução, eis três exemplos de tecnologia que não evoluíram com o tempo:




     

    Previsão sobre o telefone portátil em 1919

    De 1919
     

    A lição não aprendida da Wirecard


    No artigo Europe’s Short Sellers Are Still Unloved Post‑Wirecard, de Chris Hughes, o autor lembra o papel dos short sellers e indica que as regras da União Europeia, que exige divulgação de posições vendidas que atinjam 0,5 % ou mais sejam divulgadas individualmente, expondo os investidores, pode ser prejudicial para evitar novos escândalos. 

    O autor alerta que ambientes hostis podem enfraquecer a atividade dos short sellers, que exercem papel essencial na identificação de fraudes e desequilíbrios de mercado - como ocorreu em Wirecard. Para o autor, 

    a Wirecard conseguiu enganar seus auditores e inflar seus números por anos - algo que foi finalmente desmascarado graças à atuação de vendedores a descoberto e jornalistas investigativos.

    Assim, a lição da Wirecard parece que não foi apreendida pelo mercado europeu.

    Rir é o melhor remédio

    Fonte: aqui
     

    27 junho 2025

    Desvio de dinheiro público deixa de ser pena de morte no Vietnã


    O Vietnã aboliu a pena de morte para oito crimes - incluindo desvio de fundos públicos, fabricação de medicamentos falsos, espionagem e tráfico de drogas - como parte de uma reforma legal aprovada em 25 de junho de 2025 (via aqui). Sob a nova legislação, sua pena será convertida automaticamente em prisão perpétua sem possibilidade de condicional, após decisão final da Suprema Corte. A mudança também se estende a outros condenados ainda não executados até 1º de julho, que terão suas sentenças reduzidas para prisão perpétua . No entanto, o Vietnã ainda mantém a pena capital para dez crimes graves, como assassinato, abuso sexual de crianças, traição e terrorismo.

    A medida beneficia a empresária Truong My Lan, condenada à morte por envolvimento em um esquema de fraude financeira de US$ 12,5 bilhões, equivalente a quase 3% do PIB do país em 2022. Sobre essa empresária, postamos anteriormente o escândalo envolvendo a figura

    Rede Social 2: o filme


    O filme A Rede Social, que conta a história da criação e do sucesso do Facebook, terá uma sequência. Aaron Sorkin, responsável pelo roteiro do filme de 2010, deverá desenvolver a continuação. Desta vez, Sorkin usará reportagens do Wall Street Journal — os chamados "Facebook Files" — como inspiração para o novo enredo.

    Se for realmente esse o caminho, a história se passará em 2021, quando documentos internos revelaram que a empresa tinha conhecimento dos efeitos negativos que a rede social estava provocando nos usuários, mas optou por priorizar o lucro. O Facebook possuía estudos mostrando que jovens estavam sofrendo com o conteúdo publicado no Instagram e na própria plataforma. Além disso, a rede teria causado prejuízos a países em desenvolvimento, ao disseminar discursos de ódio em várias regiões.

    A pessoa que fez a denúncia, Frances Haugen (foto), chegou a ser acusada de fraude pela SEC. 


    EUA pune três instituições financeiras do México pelo comércio de fentanil


    A área de crimes financeiros do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos puniu três instituições financeiras do México por envolvimento na lavagem de dinheiro de cartéis ligados ao comércio de fentanil. As instituições são o CIBanco S.A., o Intercam Banco S.A. e a Vector Casa de Bolsa S.A. Juntas, elas administram ativos de 7, 4 e 11 bilhões de dólares, respectivamente.

    Os bancos teriam facilitado o pagamento de produtos químicos oriundos da China, utilizados na produção da droga. O CIBanco estaria ligado aos cartéis de Jalisco, Beltrán-Leyva e do Golfo; o Intercam, ao cartel de Jalisco; e a Vector, aos cartéis de Sinaloa e do Golfo.

    As punições estão fundamentadas no Fentanyl Sanctions Act e no FEND Off Fentanyl Act. Essas normas permitem que o Tesouro dos EUA puna operações de lavagem de dinheiro associadas ao tráfico de fentanil e de outros opioides sintéticos.

    Limites da IA

    Um artigo publicado agora pela Rand procura investigar os limites que os os computadores superinteligentes irão enfrentar. O texto acredita que a inteligência artificial irá revolucionar a capacidade de invenção tecnológica, mas existem leis da "física" que irá delimitar esse avanço. Com base nisso, os autores propõe uma estrutura para avaliar a chance de certas tecnologias se tornem viáveis ou permanentes, dadas as limitações da física. A tentativa é prever quais avanços terão uma barreira intransponível. 

    Fonte: Geist, E., & Moon, A. (2025). What even superintelligent computers can’t do: A preliminary framework for identifying fundamental limits constraining artificial general intelligence (RAND Working Paper WR-A3990-1). RAND Corporation. https://www.rand.org/pubs/working_papers/WRA3990-1.html


    Terceira onda de transformação digital


    Apesar do anglicismo desnecessário no início do texto, interessante o ponto de vista: 

    Esse shift [mudança] marca o início da terceira onda de transformação digital. A primeira foi web-first, centrada em sites. A segunda, mobile-first, baseada em apps. A terceira é conversational-first, protagonizada por agentes inteligentes, acessíveis a partir de qualquer canal de mensagem. E mais do que isso: hiperpersonalizados, contextuais, disponíveis 24 horas por dia e aprendendo continuamente a partir de grandes modelos de linguagem (LLMs) e dados acumulados ao longo de décadas.

    Fonte: aqui. Tenho dúvidas da afirmação do texto que o Whatsapp seria a tecnologia que pode avançar nesse novo mundo. 

    Rir é o melhor remédio

    Café, sempre café
     

    26 junho 2025

    IA e o ambiente

     


    Já sabemos do impacto ambiental da IA. Mas as vantagens precisam ser consideradas: 

    A IA está começando a desempenhar um papel cada vez maior na forma como observamos, analisamos e respondemos às mudanças climáticas. Em diferentes ecossistemas, que vão de densas florestas tropicais a oceanos profundos, a tecnologia está nos ajudando a monitorar o planeta com precisão e a agir com rapidez.

    Durante muitos anos, foram feitos esforços para tentar salvar diferentes espécies da extinção. No entanto, essas iniciativas sempre foram muito manuais, demoradas e difíceis. Agora, os exercícios de conservação estão recebendo um impulso importante com a ajuda da IA. Ferramentas com inteligência artificial conseguem analisar imagens de drones, armadilhas fotográficas e satélites para identificar diferentes espécies de animais, estimar o tamanho das populações e sinalizar padrões incomuns de movimento ou comportamento.

    Esses sistemas conseguem até detectar sinais de caça ilegal ou invasão de habitats, permitindo que guardas florestais e ambientalistas intervenham antes que seja tarde demais. O resultado? Respostas mais rápidas, menos achismos e uma proteção mais eficaz para espécies ameaçadas e ecossistemas frágeis.

    Continue lendo aqui

    Sobre o efeito da IA


    Em resposta para algumas pesquisas indicando efeitos nocivos da IA:

    A maioria das formas de tecnologia da informação, incluindo os modelos de linguagem (LLMs), permite que realoquemos nossas energias mentais conforme preferirmos. Se você usa um LLM para diagnosticar a saúde do seu cachorro (como minha esposa e eu fizemos), isso libera tempo para refletir sobre o trabalho e outros assuntos familiares de forma mais produtiva. Isso nos poupou uma ida ao veterinário. Da mesma forma, aguardo com expectativa um LLM que faça minha declaração de impostos, pois isso me permitiria gravar mais podcasts.

    Se você olhar apenas para a energia mental economizada com o uso de modelos de linguagem (LLMs), no contexto de um experimento artificialmente gerado e controlado, parecerá que estamos pensando menos e nos tornando mentalmente preguiçosos. E foi exatamente isso que o experimento do MIT fez, pois, se você realiza certas tarefas com mais facilidade, sua carga cognitiva provavelmente diminuirá.

    Mas é preciso também considerar, em um contexto do mundo real, o que fazemos com todo esse tempo e energia mental liberados. Esse experimento sequer tentou medir a energia mental que os participantes poderiam redirecionar para outras atividades; por exemplo, o tempo que economizariam em situações reais ao usar LLMs. Não é de se admirar que tenham parecido tão preguiçosos.

    Nós postamos sobre a pesquisa aqui. Mais críticas aqui

    Sobre o uso de IA

     


    A amostra é específica para um setor, mas são conclusões interessantes:

    Em dezembro de 2024, a IA escreveu cerca de 30,1% das funções Python de colaboradores dos EUA, contra 24,3% na Alemanha, 23,2% na França, 21,6% na Índia, 15,4% na Rússia e 11,7% na China. Os usuários mais recentes do GitHub usam mais a IA do que os veteranos, enquanto os desenvolvedores masculinos e femininos adotam taxas semelhantes. Os modelos (...) coloca o valor anual da codificação assistida por IA nos Estados Unidos em 9,6–$14,4 bilhões de dólares, aumentando para 64–$96 bilhões se assumirmos estimativas mais elevadas dos efeitos de produtividade relatados por ensaios de controle aleatórios. Além disso, a IA generativa estimula a aprendizagem e a inovação, levando a aumentos no número de novas bibliotecas e combinações de bibliotecas que os programadores utilizam. Em suma, o uso de IA já é generalizado, mas altamente desigual, e a intensidade do uso, não apenas o acesso, impulsiona ganhos mensuráveis na produção e na exploração.

    (Tradução do Vivaldi) Via aqui. A pesquisa original está aqui. Imagem aqui

    Como a lei pode realmente afetar o ambiente

    De uma postagem sobre fronteiras, eis duas imagens interessantes:

    Acima, a fronteira da Alemanha e República Checa. Ocorreu uma infestação de besouro nas árvores e a Alemanha adotou uma política ativa de proteção da fauna, mas a República Checa, do lado direito, nada fez. 

    Dois país que fazem parte da mesma ilha e o impacto das leis de proteção ambiental. Da esquerda, Haiti, sem proteção. Na direita, República Dominicana, com lei de proteção ambiental. 

    25 junho 2025

    Casamento e imposto

    Amanhã é o casamento de Bezos, em Veneza. Ele fundou e possui o controle da Amazon. A empresa é conhecida por ter um planejamento tributário que consegue a redução no pagamento de impostos. Se você pode alugar Veneza para seu casamento, você pode pagar mais impostos. 
     

    Rir é o melhor remédio

     

    O ano é 1967. A justificativa da licença para um soldado: Minha esposa está planejando engravidar neste fim de semana e eu realmente gostaria de estar presente quando isso acontecer.

    PCAOB multa Big Four na Holanda por fraude em exames

    A PCAOB (Public Company Accounting Oversight Board) multou as filiadas da Holanda da Deloitte e PwC em US$ 3 milhões cada, e da EY em US$ 2,5 milhões – totalizando US$ 8,5 milhões – por fraude massiva em exames internos, incluindo testes de ética, entre 2018 e 2022. Centenas de funcionários, desde auditores juniores até sócios, combinaram respostas ou fizeram os testes juntos. No caso da Deloitte, o diretor de qualidade renunciou após acessar respostas antes do exame; na PwC, um sócio deixou um cargo de liderança por comportamento semelhante. 

    A PCAOB ressaltou que a cultura dessas empresas permitiu corrupção ética. O órgão agradeceu a cooperação e destacou que os valores poderiam ter sido maiores sem isso. Em 2024, a KPMG Holanda havia sido multada em US$ 25 milhões por esquema similar . As empresas estão sob supervisão intensiva da autoridade neerlandesa AFM e adotando reformas – de advertências a demissões – para restaurar a integridade e confiança do mercado

    Fonte: aqui

    Trabalho no Egito Antigo: contabilidade como fonte de informação


    O artigo "Work, wages and apprenticeships: sifting for clues about the lives of girls in ancient Egypt", publicado no The Conversation, explora evidências arqueológicas que revelam aspectos da vida de meninas no Egito Antigo. Papiros e registros administrativos indicam que meninas participavam de atividades econômicas, como tecelagem e produção de alimentos, e algumas recebiam salários por seu trabalho. Há também indícios de que meninas podiam ser aprendizes em ofícios especializados, sugerindo que o aprendizado profissional não era exclusivo dos meninos. 

    Essas descobertas desafiam a visão tradicional de que as mulheres no Egito Antigo estavam restritas ao ambiente doméstico, mostrando que elas desempenhavam papéis ativos na economia e na sociedade. Uma das fontes da pesquisa, os registros administrativos, são os registros contábeis de pagamentos de salários. 

    24 junho 2025

    Tráfico de escravos, marinha real e ideologia


    Durante grande parte do século XIX, a Grã-Bretanha lutou para suprimir o tráfico transatlântico de escravos, enviando navios da Marinha Real para interceptar negreiros ao longo da costa africana. Ao digitalizar dados de arquivos históricos, mostramos que essa campanha de repressão começou de forma modesta, mas foi ganhando força ao longo do tempo, chegando a envolver mais de 14% da frota da Marinha. Explorando a distância entre as rotas dos navios negreiros e as bases britânicas, bem como o momento em que essas bases foram estabelecidas, constatamos que a campanha aumentou a probabilidade de captura dos negreiros, mas não conseguiu interromper o tráfico de escravos como um todo. Na verdade, as mudanças na demanda por escravos desempenharam um papel mais relevante no fim do tráfico. Por fim, fornecemos evidências sugestivas de que a Grã-Bretanha manteve sua custosa campanha naval por motivos ideológicos. 

    O papel da campanha foi importante, conforme destacam os autores em um determinado trecho:

    Para esclarecer o papel dos fatores do lado da demanda, exploramos uma mudança significativa de política em um dos principais destinos do tráfico negreiro: a promulgação da Lei Eusébio de Queiroz pelo Brasil, em 1850, que proibiu o tráfico de escravos com outras nações. Ao comparar o Brasil com outros países, observamos uma queda acentuada nas viagens de tráfico destinadas ao primeiro após a entrada em vigor da nova lei. Portanto, os fatores do lado da demanda foram cruciais para o fim do tráfico de escravos. No entanto, isso não significa que o trabalho da Marinha Real no lado da oferta tenha sido em vão. A mudança de política do Brasil pode ser atribuída, em parte, aos ataques da Marinha Real contra os negreiros brasileiros, uma ação que aumentou a pressão sobre o país para encerrar seu comércio de escravos. 

    O artigo original está aqui. O resumo foi obtido inicialmente aqui . Imagem aqui

    Competência do profissional expandida


    Em junho de 2025, o Institute of Management Accountants (IMA) anunciou a ampliação de seu Competency Framework para profissionais de contabilidade e finanças. A atualização incorpora habilidades essenciais para o ambiente de negócios atual, incluindo análise de dados, operações empresariais, tecnologia da informação e gestão de projetos. A nova versão será detalhada em conferências do IMA e da American Accounting Association, promovendo a integração entre contadores e profissionais de áreas correlatas. 

    O IMA é uma das maiores associações profissionais dedicadas à contabilidade gerencial. Fundado em 1919, promove educação, certificação e desenvolvimento profissional. Oferece a certificação CMA (Certified Management Accountant) e publica pesquisas, guias e frameworks que fortalecem competências estratégicas, financeiras e tecnológicas dos profissionais de finanças. 

    23 junho 2025

    Iasb propõe uma versão revisada do Relatório de Administração


    Em 23 de junho de 2025, o International Accounting Standards Board (IASB) publicou uma versão revisada da IFRS Practice Statement 1: Management Commentary. Essa atualização visa aprimorar a qualidade e a consistência global dos relatórios narrativos que acompanham as demonstrações financeiras, atendendo às demandas dos investidores por informações mais relevantes e específicas. O IASB colaborou estreitamente com o International Sustainability Standards Board (ISSB) para alinhar os requisitos de ambas as entidades, promovendo uma integração eficaz entre os relatórios financeiros e as divulgações relacionadas à sustentabilidade. A nova declaração incorpora inovações em relatórios narrativos, incluindo elementos do Integrated Reporting Framework, e destaca a importância de fornecer informações materiais sobre questões de sustentabilidade para compreender o desempenho e as perspectivas futuras da empresa. Além disso, a IFRS Foundation divulgou orientações sobre divulgações relacionadas à transição climática, auxiliando as entidades na aplicação do IFRS S2. Essas iniciativas reforçam o compromisso com a transparência e a integração das informações financeiras e de sustentabilidade, beneficiando investidores e outras partes interessadas. 

    Eneva divulga relato integrado de 2024

    Eis a notícia:


    A Eneva (ENEV3) divulgou nesta segunda-feira, 23, seu novo Relato Integrado, contendo, pela primeira vez, o Databook ESG (Environmental, Social, and Governance), que contempla os indicadores das diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI), do Sustainability Accounting Standards Board (SASB) e do Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD). Neste ciclo a companhia também revisou suas metas públicas de ESG a fim de garantir um melhor alinhamento dos compromissos com o seu modelo de negócios, uma abordagem mais pragmática e permitir uma mensuração mais clara do impacto de suas operações nas comunidades e ambientes em que atua. Segundo a companhia, o novo plano estratégico está fundamentado em três pilares essenciais, diretamente alinhados ao seu modelo de negócios, ao seu propósito e ao foco de seus projetos socioambientais, que se desdobram em eixos de atuação com metas e indicadores específicos, com prazos definidos. 
     

    O relatório pode ser obtido aqui. Mais sobre a empresa aqui

    A habilidade desejável no mundo da IA


    Quais habilidades os modelos de IA como o ChatGPT tornarão mais importantes? (...) sua resposta [de John List] foi “habilidades de pensamento crítico”! (...)

    Mas para mim, ainda mais importante do que essa resposta foi seu raciocínio econômico: o pensamento crítico é mais essencial do que nunca porque os modelos de IA reduziram o custo de criar informações para quase zero. Nas próprias palavras do professor List, “no passado havia valor na criação de grandes quantidades de informação. Isso agora é sem custos. A nova moeda é como gerar, assimilar, interpretar e tornar essa grande quantidade de informação acionável. 

    Fonte: aqui 

     

    Incerteza Regulatória pode melhorar a qualidade


    Eis o resumo 

    Os responsáveis pela elaboração de demonstrações financeiras frequentemente equilibram o benefício de reportar estimativas enviesadas com as potenciais penalidades por informações incorretas. Ao fazer esse equilíbrio, esses profissionais frequentemente enfrentam incertezas sobre possíveis mudanças nas normas contábeis (“incerteza regulatória”), que podem afetar os benefícios futuros do reporte enviesado. Nosso experimento documenta dois efeitos comportamentais inéditos da incerteza regulatória sobre as estimativas dos preparadores. Primeiro, a incerteza faz com que os preparadores produzam estimativas menos enviesadas, mesmo que a redução do viés contrarie seus incentivos financeiros no nosso contexto. Segundo, a incerteza aumenta a sensibilidade dos preparadores à imprecisão das mensurações, o que é fundamental para a qualidade dos relatórios financeiros. Embora a incerteza regulatória seja frequentemente criticada, nossa teoria e nossos resultados sugerem que ela pode gerar, de forma não intencional, um aumento na qualidade dos relatórios financeiros, como consequência natural de um processo normativo criterioso e deliberativo.

    O artigo (The Effect of Uncertainty About Future Accounting Standards on Financial Reporting Quality - Ben Van Landuyt & Brian White, Management Science) ainda não foi publicado. Dica daqui

    Onde estão os imigrantes

     

    Os dados do mapa acima mostram que os países onde a população de imigrantes é maior. É surpreendente saber que na América o país com maior número percentual de imigrante é Antigua e Barbuda

    Veja que o Brasil, que no passado era conhecido por receber muitos imigrantes,  já não se destaca - quanto mais azul a cor, menos imigrantes. Já fomos atrativos, com garantia de emprego e riqueza. 

    22 junho 2025

    Contador e o desenvolvimento


    Contador faz bem para economia:  

    Investigamos se e como o aumento no número de contadores afeta a atividade econômica, utilizando dados de mais de 1,1 milhão de estabelecimentos. Aplicando o método de Bartik (1991) para lidar com endogeneidade, constatamos que o aumento do emprego contábil em um condado leva a um crescimento do produto interno bruto, do emprego, da atividade empresarial e dos salários. Além disso, os contadores contribuem incrementalmente para o crescimento econômico em comparação com profissionais de negócios ou de outras ocupações. A melhora na atividade econômica agregada está relacionada ao aumento na criação de empregos e na abertura de estabelecimentos, ao crescimento dos empréstimos para pequenas empresas e aos ganhos de produtividade. Reforçamos nossas conclusões utilizando o requisito de 150 créditos para o exame de CPA e a loteria de vistos H-1B como choques no emprego contábil. Nossos resultados destacam os benefícios econômicos de aumentar o número de contadores na economia.

    O texto pode ser encontrado aqui, a partir da dica daqui . No Brasil, há uma pesquisa equivalente, aqui.

    IA e o Impacto no cérebro

    Pesquisadores do MIT fizeram uma pesquisa entre usuários do ChatGPT e avaliaram a influência sobre a cognição dos usuários. A pesquisa ainda não foi publicada, mas as conclusões estão disponíveis. Basicamente há diferenças entre a atividade cerebral das pessoas que usam o GPT para escrever e as pessoas que não usam. 

    Usando uma amostra de 54 adultos, com idades entre 18 e 39 anos, os pesquisadores solicitaram a um grupo que usasse o GPT para ajudar a escrever um texto, a outro grupo que utilizasse o Google para ajudar na escrita e outro que não usava tecnologia de IA. O estudo demorou quatro meses e cada grupo deveria escrever um ensaio por mês. 


    O grupo de usou o GPT apresentou um desempenho neural inferior, assim como linguístico e comportamental. As descobertas são novas, mas pode ser um alerta sobre o efeito da IA sobre o cérebro e a mente das pessoas. Mas é preciso notar que a pesquisa ainda não foi revisada por pares e a amostra usada foi relativamente pequena. 

    Grande vazamento de senhas


    O maior vazamento de dados da história expôs mais de 16 bilhões de senhas e logins, segundo a Cybernews. O material foi compilado a partir de 30 bases de dados diferentes, muitas delas recentes, e inclui credenciais obtidas principalmente por meio de golpes de phishing, infostealers (malwares que roubam dados) e ataques de ransomware. Cerca de 3,5 bilhões dos registros seriam de usuários de língua portuguesa. As informações ficaram disponíveis por pouco tempo, mas foram rapidamente copiadas e estão sendo comercializadas na dark web. Empresas como Apple, Google e Meta foram questionadas, mas não confirmaram oficialmente o incidente. Especialistas alertam para os riscos de sequestro de contas, fraudes, roubo de identidade e ataques a sistemas bancários e governamentais. As recomendações incluem trocar senhas, usar gerenciadores de senhas, ativar autenticação de dois fatores e manter sistemas atualizados. O caso revela a gravidade dos riscos digitais e a falta de percepção pública sobre o problema. 

    Fonte: aqui 

    Sobre a obra de Jensen

    Um texto de Fama e French sobre a obra do falecido Jensen 

     Grande parte da pesquisa de Mike Jensen é fundamental, incluindo suas primeiras publicações, que se concentram na precificação empírica de ativos. Por exemplo, o alfa de Jensen, que ele desenvolve em Jensen (1968 e 1969) para avaliar gestores de fundos mútuos, é a base para a maioria das métricas de desempenho de investimentos. Da mesma forma, em Fama et al. (1969), Jensen e seus coautores apresentam o primeiro estudo de evento. A partir daí, os estudos de evento passam a desempenhar um papel central nas pesquisas em finanças, contabilidade e direito. Por fim, Black, Jensen e Scholes (1972) desenvolvem uma percepção chave sobre a importância da interdependência dos erros amostrais na precisão dos testes de precificação de ativos.

    21 junho 2025

    Os efeitos da guerra na Gazprom

    A Gazprom, uma das grandes empresas russas, está enfrentando uma grave crise em razão da guerra com a Ucrânia. Os governos da Europa deixaram de comprar o produto da empresa e isso representava 40% da sua receita. Além disso, a explosão dos gasodutos NordStream contribuiu para a redução. 

    Os dados indicam que em 2023 a empresa teve prejuízo, o primeiro desde 1999, de 583 bilhões de rublos ou algo em torno de 7 bilhões de dólares. Os números de 2024 são divergentes, existindo estimativa de prejuízo do dobro do ano anterior e também estimativa de lucro, no mesmo valor. 

    A empresa tenta reduzir custos, cortando cargos administrativos e reduzindo despesas administrativas. Mas provavelmente somente uma paz pode contribuir para um período de bonança para a empresa. 

    Contabilidade e a idade medieval europeia

    A escrituração contábil durante a Idade Média evoluiu em várias direções distintas. O desenvolvimento, no norte da Itália, das sociedades de risco e do comércio ultramarino levou ao surgimento do sistema de partidas dobradas que utilizamos hoje. É tentador fazer da história da contabilidade apenas a história da escrituração por partidas dobradas, ignorando rapidamente os mil anos entre a queda de Roma e a publicação da Summa de Arithmetica de Luca Pacioli, em 1494.

    Por estarem fora da linha de eventos que levou diretamente às partidas dobradas, os detalhes das práticas medievais fora da Itália tendem a ser negligenciados ou tratados apenas como curiosidade histórica.

    Em contraste com os procedimentos contábeis codificados do Império Romano, os registros medievais eram geralmente locais e centrados em uma série de instituições especializadas. Embora seja difícil isolar as influências romanas, em ambos os períodos os registros eram mantidos, principalmente, porque os empregadores precisavam monitorar seus subordinados que atuavam como seus agentes.

    O paralelo mais próximo do método romano de escrituração está na contabilidade de recebimentos e pagamentos da Igreja Católica, que, por centenas de anos, cobrava e arrecadava impostos em toda a Europa. Já no século VI, diáconos eram designados para administrar as propriedades da Igreja e prestar contas de suas receitas. Agentes do tesouro papal estavam localizados nas províncias e tinham a responsabilidade de enviar os recebimentos para Roma.

    O valor da contabilidade como ferramenta para a gestão sistemática de propriedades foi reconhecido desde cedo. No século IX, Carlos Magno elaborou o Capitulare de Villis, uma série de instruções detalhadas para seus administradores sobre a supervisão das terras reais e o envio de relatórios ao soberano. Embora os métodos de cálculo fossem primitivos e os períodos contábeis irregulares, Jack (1966) observou que “Carlos Magno enfatizava a necessidade de organização, de agrupar temas semelhantes sob um único título e de revisar de forma ordenada as prováveis fontes de receita”. Fazia-se um inventário anual das propriedades e dos bens móveis do rei. Receitas e despesas eram registradas em livros separados, e qualquer saldo era enviado ao monarca.

    Na Inglaterra pré-normanda, a alfabetização era tão rara — até mesmo entre a nobreza — que um sistema escrito de contabilidade dificilmente justificaria seus custos. Até o século XI, os dados financeiros eram quase sempre comunicados e verificados oralmente, sendo os documentos escritos apenas complementares à palavra falada, que era considerada mais importante. Naquela época, a introdução do ábaco e outras melhorias nas técnicas aritméticas coincidiu com um renascimento do interesse pela linguagem escrita. Um sistema de registros escritos foi, então, gradualmente formalizando uma tradição contábil que até então era essencialmente oral.

    Os métodos contábeis medievais ingleses merecem atenção por diversas razões. Os primeiros registros fiscais do governo e os livros de contas senhoriais estão entre os documentos mais antigos preservados na língua inglesa, e as abordagens adotadas para resolver problemas nessas áreas possuem paralelos evidentes na prática moderna. A contabilidade de agência da Idade Média lançou as bases para os atuais princípios de stewardship (responsabilidade fiduciária) e conservadorismo. Ela também ajudou a criar as condições para o rápido avanço das tecnologias contábeis ocorrido durante a Renascença.

    Além disso, a ampla disseminação e durabilidade desses sistemas sugerem que a contabilidade por partidas dobradas não é a única forma eficiente de organizar dados financeiros — e que, em muitos casos, métodos mais simples podem produzir resultados igualmente úteis.

    A sociedade feudal é frequentemente representada como uma pirâmide em múltiplos níveis, na qual os indivíduos de cada nível inferior recebiam certos direitos em troca do cumprimento de determinados deveres. Esse sistema exigia diversas delegações de autoridade e a transferência de direitos sobre terras dos proprietários nominais para os possuidores e usuários efetivos. O problema contábil característico desse contexto era o da comunicação e verificação vertical entre o principal e seu agente.

    Nas finanças reais inglesas, isso levou ao sistema de proffer, utilizado para registrar e verificar a arrecadação de impostos, enquanto na contabilidade dos feudos deu origem ao demonstrativo de charge and discharge, preparado pelo administrador da propriedade (steward) em nome de seu senhor.

    Até o final da Idade Média, o trabalho humano era o fator produtivo mais dinâmico, e os sistemas sociais feudais eram projetados para manter a mão de obra fixa na terra. Os manors — as propriedades da nobreza — eram as fazendas e oficinas da Grã-Bretanha medieval. A contabilidade senhorial na Inglaterra descrevia os recebimentos e pagamentos de uma entidade econômica autossuficiente, e os resultados de suas transações com terceiros eram classificados como “externos” nas contas.

    Outra característica da vida senhorial era a administração por procuração. O senhor feudal, como um duque ou conde, frequentemente dependia, para seu sustento, da produtividade de grandes extensões de terra e dos esforços de centenas de pessoas que ele não podia supervisionar pessoalmente. A gestão do dia a dia ficava, normalmente, a cargo de uma hierarquia de funcionários e chefes de departamento. O incentivo do senhor para manter registros contábeis surgia de sua necessidade de fiscalizar a integridade e a confiabilidade de seus administradores, evitar perdas e furtos, e, de modo geral, estimular a eficiência. Do ponto de vista do steward, os registros contábeis serviam como prova de que ele havia cumprido suas obrigações de forma honesta e adequada.

    A autossuficiência dos feudos e a relação de agência são fundamentais para compreender as diferenças entre os registros patrimoniais da época e os registros contábeis atuais. A independência econômica e a ausência de necessidade de prestar contas a terceiros significavam que pouco do que hoje chamamos de contabilidade financeira era necessário. As vendas a crédito eram raras. Os ativos eram inventariados, mas balanços patrimoniais dificilmente eram elaborados. As ferramentas do senhor podiam ser contabilizadas juntamente com os bens pessoais de seus arrendatários, e os valores monetários, às vezes, eram combinados com quantidades físicas de bens nas demonstrações de ativos do feudo. Não havia uma distinção clara entre despesas de capital e despesas operacionais — o custo de um cavalo era registrado da mesma forma que o custo do feno que ele consumia.

    As despesas podiam ser alocadas em detalhes entre várias atividades, de modo a demonstrar os resultados de cada uma, mas o lucro ou prejuízo geral normalmente tinha pouca relevância. Por vezes, a narrativa das contas era interrompida para incluir estimativas sobre o que poderia ter sido obtido caso uma decisão diferente tivesse sido tomada.

    Os administradores senhoriais mantinham registros não em benefício da entidade econômica, como se faz hoje, mas sim para sua própria proteção. Em grandes propriedades, um surveyor (fiscal de terras) organizava um livro contendo os aluguéis de terras e taxas devidas, que era utilizado pelo receiver-general, responsável pela arrecadação efetiva dessas receitas e pelo seu registro por fontes. Outros funcionários pagavam e controlavam salários e despesas. Auditores examinavam periodicamente e resumiam todas essas contas, que eram essencialmente registros dos indivíduos envolvidos, e não do feudo em si. Como seu objetivo era apenas demonstrar que as obrigações haviam sido devidamente cumpridas, havia uma tendência natural para que cada administrador registrasse apenas os itens pelos quais era responsável, apresentando cada tipo de receita em contraposição aos respectivos pagamentos.

    Poderia haver ainda mais diversidade na escrituração medieval do que, de fato, existiu. As razões modernas para a consistência e a comparabilidade contábil praticamente não existiam. No entanto, parece que o ambiente feudal, como qualquer outro, favorecia certas técnicas. Governos municipais, propriedades monásticas e laicas, residências e guildas de ofício — ou worshipful companies — compartilhavam uma tradição de escrituração no modelo de charge and discharge e auditorias de prestação de contas. Todos os tipos de registros eram sincronizados com os ciclos agrícolas, sendo o dia de Michaelmas (29 de setembro) a data que marcava a colheita e o encerramento do ano contábil natural.

    A escrituração de entrada simples no Japão feudal seguia um padrão semelhante de registros descentralizados, uso do ábaco para numeração visual, ênfase no controle e responsabilização pessoal dos agentes encarregados da contabilidade.

    A autossuficiência do feudo impôs limites ao seu desenvolvimento como instituição. A Inglaterra, que havia sido isolada geograficamente do comércio com o Oriente Próximo durante a Renascença, encontrou-se em uma posição mais favorável após a descoberta da América. No século XVII, as cidades começaram a substituir os feudos como centros da vida econômica, e os fabricantes independentes passaram a competir com os artesãos rigidamente regulamentados pelas guildas. A expansão do comércio ultramarino criou novos mercados e fontes de suprimento. O foco passou da administração dos ativos senhoriais para a proteção dos investidores corporativos e para questões relativas à apuração de resultados e ao pagamento de dividendos.

    A contabilidade de agência permaneceu, mas começou a assumir a forma sofisticada que já havia se desenvolvido, séculos antes, no norte da Itália, onde a acumulação de capital e as longas distâncias comerciais favoreciam operações por filiais, arranjos de crédito e transações por consignação.

    Não se pode culpar os contadores senhoriais por não produzirem dados de que não precisavam. O executivo típico da Idade Média praticamente não escrevia e lia muito pouco. As contas do Exchequer (Tesouro Real) e dos feudos eram mantidas, normalmente, sob o pressuposto de que nem o rei nem o barão jamais as leriam. Assim, a contabilidade tendia a se encerrar no ponto em que o chefe de cada departamento dispunha de informação suficiente para seu próprio uso.

    Homens desse contexto dificilmente desenvolveriam um método contábil que colocasse ativos e patrimônios líquidos em oposição, porque não possuíam um conceito real de capital. O feudo era o seu capital. A terra raramente era comprada ou vendida; eles só podiam atribuir-lhe valor com base em algum múltiplo da produção líquida anual. Com a produção tão interligada ao consumo, havia pouco incentivo para determinar a renda total. Tampouco havia necessidade de uma contabilidade de custos sistemática, pois a maioria dos feudos seguia um padrão repetitivo e pouco variável de receitas e despesas.

    No entanto, nas áreas de controle interno e auditoria, a prática senhorial estava muito à frente do “Método de Veneza” de Pacioli. Demonstrava como registros feitos principalmente para apurar um balanço anual podiam ser adaptados para ajudar na gestão diária dos negócios. A doutrina do conservadorismo era uma forma de autoproteção para o administrador do feudo (steward) diante da auditoria; essa mesma tendência à subavaliação é central na contabilidade corporativa moderna. Inventariantes e administradores de bens continuam utilizando o demonstrativo de charge and discharge para prestar contas da gestão de ativos sob sua responsabilidade fiduciária.

    Até mesmo o sistema moderno de pesos e medidas — com todas as suas imperfeições — tem origem naquela época, quando uma jarda correspondia à distância do nariz do rei até a ponta de seu braço estendido. Se muitas coisas mudaram, há ainda semelhanças suficientes que fazem com que nossa herança contábil da Idade Média seja rica em formas, técnicas e ideias.


     

    Michael Chatfield - The History of Accounting

    Preferi não usar o termo "grandes civilizações" aqui, pois o verbete trata de várias situações, especialmente Inglaterra e, em menor quantidade, o Japão. Mas é interessante a posição do autor, que destaca a importância da contabilidade medieval e o fato de cumprir seu papel.  Imagem: aqui