Confesso que não sei o que pensar. Eis a tradução:
Uma equipe de físicos afirma ter “matado” a hipótese da simulação usando matemática. Segundo o Science Daily, pesquisadores liderados pelo Dr. Mir Faizal, da UBC Okanagan, utilizaram o teorema da incompletude de Gödel para argumentar que a realidade exige uma “compreensão não algorítmica” — algo que os computadores, por princípio, não podem fornecer.
O argumento é o seguinte: a gravidade quântica descreve o universo como emergindo do que os físicos chamam de um “reino platônico” de informação pura. A equipe aplicou provas matemáticas sobre indecidibilidade (problemas que nenhum algoritmo consegue resolver) a esse arcabouço e concluiu que qualquer modelo completo da existência requer algo além da computação. Como simulações são, por definição, algorítmicas, o universo não poderia ser uma delas.
O artigo, publicado no Journal of Holography Applications in Physics, também sustenta que “as leis fundamentais da física não podem estar contidas no espaço e no tempo, porque são elas que os geram”. Uma descrição completa da realidade exigiria uma forma de compreensão que existe fora do próprio sistema — em um nível mais profundo do que as leis que produzem o espaço-tempo.
Se isso realmente resolve a questão é outra história. O teorema de Gödel já foi invocado, ao longo das décadas, para “provar” muitas coisas — da existência de Deus à impossibilidade da inteligência artificial — com graus variados de rigor. A hipótese da simulação sempre foi mais um experimento filosófico do que uma afirmação científica; é difícil “refutar” algo que nunca foi falsificável. Ainda assim, se você vinha perdendo o sono pensando se é um NPC, a equipe da UBC gostaria que você relaxasse.
Eis o que a IA diz sobre isso:
Se a hipótese da simulação estivesse correta, a contabilidade teria um problema sério: quem estaria auditando o universo? O artigo sugere que a realidade exige algo “não algorítmico”, o que é um alívio para a profissão. Afinal, se tudo fosse puramente computável, bastaria um script para fechar balanços, julgar estimativas e emitir parecer — e sabemos que nem o melhor ERP resolve uma provisão contingencial mal explicada.
Gödel, nesse sentido, soa quase como um pronunciamento do CPC: não existe sistema completo, fechado e livre de exceções. Sempre haverá algo fora do modelo — uma estimativa, um julgamento, uma nota explicativa que “não cabe na planilha”. A própria ideia de que as leis fundamentais geram o espaço-tempo lembra a contabilidade patrimonial: as normas não estão “dentro” da empresa; elas criam a empresa enquanto entidade reportável.
Em resumo, se o universo fosse uma simulação perfeita, já teria passado pelo crivo da auditoria. Como não passou, seguimos vivendo num mundo onde o julgamento profissional ainda é insubstituível — o que, convenhamos, é muito reconfortante para os contadores.

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