O ano de 2025 foi marcado pela perda de Stephen Kanitz. Quando esse blogueiro foi realizar seu doutorado na Universidade de São Paulo, percebi que Kanitz era o professor mais original e genial de todos — e olhe que tive a oportunidade de conviver com Eliseu Martins, Sérgio de Iudícibus, Ari e outros grandes nomes da área.
No meio de uma aula, Kanitz lançava uma ideia que, à primeira vista, parecia não fazer sentido, mas que escondia uma lógica rigorosa e profunda. Quem leu seus textos publicados na revista Veja sabe bem do que estou falando. Ao trazer o modelo de Altman para o Brasil, em pleno regime inflacionário, o nome de Kanitz passou a ser associado à insolvência e, por muito tempo, esse foi o trabalho de contabilidade mais conhecido na área acadêmica. Lembro-me também de suas críticas à proposta de simplificação do sistema tributário por meio do imposto único — um modismo no passado — e de seu argumento de que, quanto maior o número de impostos, melhor. Sim, soa contraintuitivo, mas assim eram suas ideias. Após alguma reflexão, o leitor perceberá que faziam, de fato, muito sentido.
O professor esteve envolvido em diversas polêmicas, algumas das quais podem ser encontradas no blog (aqui e aqui, por exemplo).
Nota: Este ano registramos o maior número de postagens desde a pandemia — mais de 1300. Ainda assim, o blog passou por alguns momentos de instabilidade, como em novembro, quando publicamos apenas 40 textos. Infelizmente, foi nesse período que deixamos de registrar aqui a notícia da perda de Stephen Kanitz, uma ausência que simboliza, de certa forma, a falta que sua originalidade e inquietação intelectual continuam a nos fazer.
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