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31 dezembro 2025

Busca de um avião, receita e despesa


Eis uma situação real e um bom caso para discutir a questão da probabilidade no resultado contábil. O voo MH370 desapareceu em 2014. Até hoje não se sabe o que ocorreu, com hipóteses variando desde atentado aéreo até suicídio do piloto. A notícia de agora:

Uma nova busca conduzida pela Ocean Infinity, empresa de robótica marítima com sede no Reino Unido e nos Estados Unidos, havia começado no início deste ano, mas foi interrompida em abril devido ao mau tempo. O Ministério dos Transportes da Malásia anunciou neste mês que a busca no fundo do mar será realizada de forma intermitente ao longo de 55 dias, a partir de 30 de dezembro. A Ocean Infinity firmou com a Malásia um contrato do tipo “no find, no fee” (sem descoberta, sem pagamento), segundo o qual a empresa irá vasculhar uma nova área oceânica de 5800 milhas quadradas (15000 km²) e receberá 70 milhões de dólares (£52 milhões) apenas se destroços forem encontrados. A empresa se recusou a comentar sobre a busca mais recente. 

A questão da incerteza está presente tanto nas receitas quanto nas despesas. Caso o avião seja encontrado, a empresa receberá pelo resultado, mas isso também poderá gerar um goodwill relevante, na forma de receitas futuras e ganho de imagem. A receita, contudo, só deveria ser reconhecida ao longo das buscas se houver um grau elevado de certeza quanto ao desfecho positivo.

Já as despesas dependem do princípio da confrontação. Na ausência de receita — caso a busca fracasse —, a despesa deve ser reconhecida imediatamente no resultado. O contador, porém, precisa efetuar o lançamento da despesa no momento em que ela ocorre, não podendo condicioná-lo a um resultado que pode se materializar apenas meses à frente. Nessas situações, a prudência mostra-se útil: reconhecer a despesa de imediato pode ser uma solução adequada. Ou não?

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