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28 junho 2023

Nova Estrutura Conceitual do IFAC para o setor público

O IFAC, em maio de 2023, divulgou uma alteração na estrutura conceitual para o setor público. O documento que apresenta os elementos das demonstrações financeiras tem 40 páginas, enquanto o documento que aborda as considerações sobre o processo de mensuração possui 175 páginas. Neste texto, iremos analisar somente o primeiro documento, destacando seus principais elementos.

Inicialmente, o IFAC considera seis elementos nas demonstrações financeiras: ativo, passivo, receita, despesa, contribuição do proprietário e distribuição do proprietário. Portanto, não há uma definição separada para o patrimônio líquido, seguindo a mesma lógica da estrutura anterior. Além disso, não existe uma categoria "separada" para superávit e déficit, os quais serão abordados posteriormente.

Ativo:

Anteriormente, o ativo era definido como um recurso controlado no presente pela entidade como resultado de um evento passado (do livro "Teoria da Contabilidade", quarta edição, p. 214). Na proposta apresentada, o ativo é um recurso atualmente controlado pela entidade como resultado de eventos passados. Ou seja, a definição continua essencialmente a mesma.

Conforme mostrado no capítulo sobre ativo do livro "Teoria da Contabilidade", há três elementos principais na definição mais conhecida de ativo: a capacidade de gerar riqueza no futuro, decorrente de um evento passado e controlado atualmente pela entidade. Portanto, na definição clássica de ativo, temos o passado, o presente e o futuro. No entanto, existe uma vertente da teoria que contesta a necessidade do evento passado, dando maior destaque à capacidade do ativo em gerar riqueza.

No caso de uma entidade pública, essa capacidade não recebe tanto destaque, uma vez que existem ativos no setor público cuja finalidade não é gerar riqueza. No entanto, a definição mantém o termo "recurso", embora não o qualifique como "econômico". Isso diferencia a definição da proposta recente do IFR4NPO, que considera um ativo como um recurso econômico presente, controlado pela ONG, como resultado de eventos passados.

Portanto, para o setor público, um ativo é um recurso atualmente controlado pela entidade como resultado de eventos passados. Assim como ocorreu na estrutura conceitual do setor privado, que no Brasil recebeu a denominação "CPC 00", é necessária uma definição de recursos. Na estrutura do IFAC, um recurso é um direito tanto ao potencial de prestação de serviços quanto à capacidade de gerar benefícios econômicos, ou um direito a ambos. Essa definição não muda substancialmente em relação à estrutura anterior.

Em termos de redação, há duas mudanças. A primeira foi a colocação do termo "eventos passados" no plural. Isso parece ser um detalhe sem importância. Há outra diferença no fato de o termo "presente" estar vinculado ao controle, no setor público, enquanto seu vínculo maior, na definição da IFRS, é com o recurso econômico. Portanto, a definição final é a seguinte: recurso é um direito tanto ao potencial de prestação de serviços quanto à capacidade de gerar benefícios econômicos, ou um direito a ambos.

No entanto, é importante observar que existem três componentes principais na definição de recurso: direito, potencial de serviço e benefício econômico, e controle atual decorrente de eventos passados. Vamos abordar cada um deles na ordem.

Os direitos podem estar associados ou não a uma obrigação da outra parte. Por exemplo, um direito que envolve uma obrigação da outra parte é o direito de receber dinheiro, bens ou serviços. Mas há direitos que não correspondem a uma obrigação da outra parte, como os direitos sobre propriedades. A mera existência do direito não garante que um item seja considerado um ativo. Isso também é válido para uma entidade privada. É necessário que a definição completa de ativo seja atendida, e não apenas parte dela. Em outras palavras, um ativo precisa ser um direito, mas também deve ter potencial de serviço ou benefício econômico e ser controlado pela entidade. Portanto, um direito que está disponível para todas as pessoas sem custo significativo, como o acesso a certos bens públicos ou conhecimento de domínio público, não é considerado um ativo.

Um mesmo ativo pode dar origem a vários "direitos". Por exemplo, a propriedade de um terreno pode gerar o direito de vendê-lo, o direito de usar o imóvel ou o direito de oferecê-lo como garantia. No entanto, para fins contábeis, o ativo é tratado como único. Na verdade, o que caracteriza o terreno como ativo são exatamente esses conjuntos de direitos, e não o objeto físico em si. Isso é destacado adequadamente na estrutura do IFAC.

O segundo elemento é o potencial de serviço do ativo. No setor público, isso significa fornecer serviços que ajudem a alcançar os objetivos da entidade. Ao contrário do setor privado, não é necessário gerar fluxo de caixa. Por exemplo, a construção de um parque é um ativo que não gerará fluxo de caixa, mas pode atender aos objetivos do setor público. O mesmo ocorre com serviços comunitários, segurança pública, entre outros.

A prestação do serviço pode ocorrer em atividades em que não há interesse do setor privado. Apesar dessa característica, nada impede que o setor público tenha ativos que geram entradas de caixa. Aqui, faço uma ressalva ao documento, que manteve o conceito de benefício econômico no título e no item 5.10. Embora os itens anteriores parecessem deixar claro que a produção de benefício econômico não é a essência do ativo no setor público, a presença desse termo no título e em um item específico torna o texto confuso.

O terceiro elemento do ativo é o fato de ser controlado atualmente pela entidade como resultado de eventos passados. Isso significa que a entidade deve ter a capacidade de usar o recurso para obter o potencial de serviço. A questão do controle pode envolver não apenas os ativos que estão dentro do escopo da entidade, mas também aqueles em que existe questionamento sobre o controle.

Determinar o controle de um ativo envolve verificar a propriedade legal, o acesso ao recurso, o uso do recurso para alcançar os objetivos e a existência de um direito.

O IFAC considera, assim como a Fundação IFRS, que é necessário que esse controle seja decorrente de uma ou mais transações ou eventos que ocorreram no passado. Um aspecto específico do setor público é que um ativo pode surgir de uma transação não comercial, como o exercício de poderes soberanos. Isso inclui, por exemplo, o poder de emitir uma licença para um terceiro. Quando o setor público concede a uma empresa a possibilidade de explorar a telefonia celular, isso representa um poder específico do setor público, que pode ser considerado um ativo caso seja usado.

Nesse caso, o setor público deve ter a capacidade de estabelecer uma lei ou criar um direito reconhecido que possa resultar na obtenção de recursos futuros.

Em resumo, a definição do ativo para o setor público manteve a essência da Estrutura Conceitual do Iasb. Talvez fosse interessante observar a definição do Fasb: ativo é um direito presente a um benefício econômico. Caso fosse necessária uma adaptação para o setor público, talvez pudesse considerar o ativo como sendo um direito presente a um serviço potencial.

Passivo

Na estrutura anterior, o passivo estava definido como sendo uma obrigação presente, derivada de um evento passado, cuja extinção deva resultar na saída de recursos da entidade. Assim como no ativo, a definição nova sofreu alterações sutis. Senão, vejamos: passivo é uma obrigação presente da entidade de transferir recursos, como resultado de eventos passados. Permanecemos com o triângulo do passado (eventos), presente (obrigação) e futuro (transferir recursos). Assim, a crítica da definição ser redundante – afinal, se a obrigação é presente isto decorre de um evento passado – não foi considerada aqui. É bom lembrar que o Fasb já fez esta eliminação.

Duas pequenas alterações que passariam despercebidas. A primeira é a troca do termo “saída de recursos” por “transferir recursos”, que parece ampliar o escopo do conceito. Uma concessão talvez não seja, na sua essência, uma saída de recursos. A segunda pequena alteração é o plural para eventos passados.

Vamos começar analisando o fato do passivo ser uma obrigação. É importante salientar que um passivo pode ser exigido por lei. Entretanto, há o poder soberano, onde o governo pode criar, alterar ou revogar disposições legais. Neste sentido, há autores – vide o livro de Teoria, nos seus exercícios – que lembram deste fato para indicar que a existência de um passivo no setor público não é relevante. A EC considera que a figura do poder soberano não é suficiente para excluir uma obrigação em razão de não atender à definição de passivo. Esta parte da EC ainda não conseguiu resolver algumas questões como a existência de uma obrigação, na constituição, de que o governo deva assumir certos passivos, embora na prática o faça. Neste caso, a constituição já seria suficiente para reconhecer o passivo?

O texto da EC do IFAC realmente é confuso na questão das obrigações, criando termos como “obrigações não legalmente vinculativas” e “obrigações legais”. O primeiro termo considera que a outra parte não pode tomar medidas legais para exigir a liquidação, ao contrário das obrigações legais.

O segundo aspecto da definição de passivo é a transferência de recursos da entidade. Para isto é necessário que se exista algo que possa exigir da entidade o ato de transferir recursos. Não há aqui uma necessidade associada a uma probabilidade. A EC evita esta discussão considerando que existe um passivo mesmo que a chance seja reduzida. Isto seria objeto das orientações sobre o reconhecimento e mensuração, mas não estaria vinculada à definição.

A transferência de recursos pode ocorrer através do pagamento em dinheiro, do fornecimento de serviços, entre outros. Uma das hipóteses prevista na EC é a possibilidade da transferência seja através de troca de recursos em termos desfavoráveis. Isto parece muito estranho, pois admitir, na definição do passivo, esta possibilidade parece perigoso para qualquer governo que adote o texto da estrutura do IFAC.

Uma forma possível de liquidar um passivo, também existente em uma entidade do terceiro setor, é através da liberação da obrigação. Mas também é possível transferir a obrigação para terceiro ou substituir por outra obrigação.

Finalmente, o passivo está vinculado ao passado. Isto pode surgir em diversos momentos do tempo como durante as eleições, no anúncio de um programa de governo, na aprovação do orçamento, entre outros momentos. Ou seja, deve existir uma responsabilidade por parte do setor público em cumprir com a obrigação.

Conforme afirma o texto da EC, o momento em que a obrigação gera uma responsabilidade para o setor público irá depender da natureza da obrigação. Basicamente, a entidade pública não deve ter muitas formas de evitar que a obrigação seja cumprida. Uma promessa eleitoral talvez não seja motivo suficiente para a existência do passivo. Mas em alguns casos, este anúncio pode ter tanto apoio, que há pouca opção ao governo na sua desistência.

Após a definição do passivo, a EC do IFAC apresenta uma novidade, em termos do documento: conceito e aplicação de unidade de conta.

Unidade de Conta

De uma maneira simplificada, a unidade de conta é o ativo ou passivo onde os critérios de reconhecimento e mensuração são aplicados. Apesar da definição – a EC não aborda isto, o reconhecimento e a mensuração serem independentes, a escolha da unidade de conta é influenciada pela relevância e representação fiel das informações. É importante lembrar que estes dois elementos (relevância e representação fiel) são dois elementos desejados da informação, conforme definido no próprio documento.

Também neste item, a EC chama a atenção para um termo técnico, que não possui correspondente razoável em língua portuguesa: offsetting de ativos e passivos. Esta é uma situação onde ativo e passivo são reconhecidos e mensurados em contas separadas, mas agrupados, para fins de evidenciação no balanço patrimonial, em um único valor. Significa classificar itens diferentes juntos, não sendo recomendado. Isto é diferente de considerar um ativo e um passivo dentro de uma única conta.

É interessante notar que este tópico, apesar de estar logo após a definição de ativo e passivo, também se refere às receitas e despesas. Aqui parece que o documento foi infeliz em posicionar o tema. Além disso, não consigo deixar de pensar que a escolha de discutir este tema extrapola uma estrutura conceitual, sendo um elemento muito mais operacional.

Patrimônio Líquido ou melhor Posição Financeira Líquida

Na EC do Iasb há um momento onde apresenta-se a definição de patrimônio líquido. Bom, chamar o texto de definição talvez seja muito. É muito mais o anúncio de que o patrimônio líquido é fruto de uma equação. Na EC do IFAC há um item chamado de posição financeira líquida, outros recursos e outras obrigações.

A posição financeira líquida – leia-se patrimônio líquido – refere-se a diferença entre ativos e passivos, após adicionar outros recursos e subtrair outras obrigações reconhecidas no balanço patrimonial. Parece diferente do conceito do patrimônio líquido. O que seriam estes outros recursos e outras obrigações? Em termos bem simples é o recurso ou obrigação que não atende a definição existente na estrutura conceitual, mas o que o IPSASB entende que seja importante reconhecer nas demonstrações financeiras. E isto pode acontecer quando for desenvolvida ou revisada uma norma.

Assim, temos outro conceito: a posição financeira líquida é a diferença entre ativos e passivos, após adicionar outros recursos e deduzir outras obrigações reconhecidas no balanço patrimonial.

Antes de prosseguir, é importante salientar que a EC já tinha esta figura de outros recursos e outras obrigações. Mas há acréscimos na EC para elucidar melhor a questão. Entretanto, não podemos deixar de admitir que esta opção afasta a contabilidade do setor público das demais entidades.

Vamos agora tratar da Receita e Despesa.

Receita e Despesa e Resultado

Não ocorreu nenhuma mudança na definição da receita e da despesa. A rigor não temos uma definição aqui, mas simplesmente algo resultante da famosa equação contábil: Ativo = Passivo mais Situação Financeira. Assim, a receita é algo que será somado na situação financeira e a despesa é algo que será subtraído. Ou conforme a estrutura conceitual, receita é o aumento na posição financeira líquida da entidade, excluindo aumentos decorrentes de contribuições de proprietários. Despesa é a diminuição na posição financeira líquida da entidade, excluindo diminuições decorrentes de distribuições aos proprietários.

(Uma curiosidade aqui é que o texto do IPSAS usa o termo “Revenue”, ao contrário da EC do Iasb que usa o termo “Income”. Ponto para o IFAC)

Apesar das definições serem oriundas da equação básica, acho que esta escolha sábia. Afinal, quanto mais simples, melhor. No Fasb a definição contempla a origem da receita e despesa. Isto ficou de fora da definição da EC do setor público do IFAC. Mas logo a seguir, o texto informa que tanto a receita quanto a despesa podem surgir de transações de troca e não troca, eventos como aumentos e diminuições não realizados no valor de ativos e passivos e consumo de ativos (como depreciação).

E como seria de esperar, o resultado, denominado aqui de superávit ou déficit do período, será obtido pela diferença entre a receita e a despesa – ambos termos no singular – do período e como apresentada na demonstração do desempenho financeiro.

Contribuições e Distribuições dos proprietários

Fiz uma tradução pessoal aqui. O documento usa o termo "Ownership”, que corresponde à propriedade. Conforme a wikipedia, "is the state or fact of legal possession and control over property, which may be any asset, tangible or intangible". Mas isto me pareceu muito estranho, assim como é estranho a adaptação que fiz aqui. Afinal estamos falando do setor público, onde a figura do proprietário não deveria existir.

Mas minha escolha está coerente com o texto da atual estrutura (a NBC-TSP de setembro de 2016) que usa “contribuição dos proprietários e distribuição aos proprietários”. Esta expressão está lá na definição de receita e despesa do CPC 00 e aqui também. Um exemplo grosseiro dos dois seria o aumento de capital e os dividendos.

Mas a estrutura do setor público diz que as contribuições “são entradas de recursos em uma entidade, fornecidas por partes externas na qualidade de proprietários, que estabelecem ou aumentam a participação na posição financeira líquida da entidade”. E as distribuições seriam o oposto, ou seja, “são saídas de recursos da entidade, distribuídas a partes externas na qualidade de proprietários, que reduzem a participação na posição financeira líquida da entidade”.

Além dos exemplos citados dois parágrafos antes, a transferência de ativo ou passivo entre entidades do setor público estaria nesta condição.

Ozônio é um caso de sucesso na questão ambiental


Um novo relatório da ONU indica que a camada de ozônio da Terra está se recuperando e caminha para uma cura nas próximas décadas. O progresso alcançado é resultado dos esforços humanos, principalmente por meio do Protocolo de Montreal, um acordo internacional estabelecido no final da década de 1980 para regular substâncias químicas produzidas pelo homem que estavam prejudicando a camada protetora. O Protocolo de Montreal foi implementado após a descoberta de um buraco na camada de ozônio em 1985, causado principalmente por substâncias como os clorofluorocarbonetos (CFCs). Desde então, as emissões de substâncias prejudiciais ao ozônio diminuíram significativamente, chegando a uma redução de cerca de 80% até 2014.

Fonte: aqui

27 junho 2023

O significado das normas de sustentabilidade

A emissão de duas novas normas de relatórios sobre sustentabilidade e mudanças climáticas, pelo ISSB, teria como objetivo de melhorar a confiança nas divulgações das empresas sobre o assunto. O International Sustainability Standards Board (ISSB) deixa agora a pressão para as empresas, que precisam divulgar como as mudanças climáticas afetam seus negócios.

O IFRS S1 seria uma "base global" na comunicação para os investidores dos riscos e oportunidades da empresa em relação à sustentabilidade. O IFRS S2, que deve usado junto com o IFRS S1, exige divulgações específicas sobre o clima. 

Ambas as normas contaram com recomendações do Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD), bem como o trabalho do Climate Disclosure Standards Board (CDSB) e do Sustainability Accounting Standards Board (SASB), entidades que já existiam. Segundo dados do ISSB, atualmente cerca de 42% das quatro mil maiores empresas do mundo não fornecem dados sobre emissões de carbono do Escopo 1 e 2.

Segundo Emmanuel Faber, presidente do ISSB: "Hoje representa o resultado de mais de 18 meses de trabalho intenso para fornecer um conjunto inaugural de normas de divulgação de sustentabilidade para os mercados de capitais globais. As normas do ISSB foram projetadas para ajudar as empresas a contar sua história de sustentabilidade de maneira robusta, comparável e verificável."

"Consultamos de perto o mercado para garantir que as normas sejam proporcionais e resultem em divulgações relevantes para a tomada de decisões de investimento. Sabemos que informações melhores levam a decisões econômicas melhores. A publicação de hoje é apenas o ponto de partida, à medida que consultamos sobre nossas prioridades futuras, além do clima."

Agora é preciso convencer os países na sua adoção. Isso incluirá a criação de um "grupo de implementação de transição" para apoiar as empresas que aplicam as normas.



Helen Brand, diretora executiva da ACCA, disse: "O lançamento dessas duas primeiras normas globais de sustentabilidade é um passo importante e significativo no relato empresarial, fornecendo uma base global para informações comparáveis sobre questões de sustentabilidade, o que ajudará investidores, mercados financeiros e a sociedade em geral.

"A ênfase que eles fornecem ajudará a impulsionar as mudanças positivas de que precisamos na forma como as empresas operam diante da ameaça das mudanças climáticas."

Michael van der Lof, líder global de serviços de relatórios corporativos da EY, disse: "A finalização do IFRS S1 e do IFRS S2 representa um avanço significativo na criação de um conjunto abrangente e de alta qualidade de normas de divulgação de sustentabilidade."

Como a Comunidade Européia não quis esperar e também lançou suas normas, é necessário agora evitar a duplicidades entre os documentos emitidos pela Europa e pelo ISSB. 

Fonte (adaptado): aqui. Foto: Markus Spiske

IFRS S1

O International Sustainability Standards Board (ISSB) publicou o IFRS S1 'Requisitos Gerais para Divulgação de Informações Financeiras Relacionadas à Sustentabilidade'. O IFRS S1 estabelece os requisitos gerais com o objetivo de exigir que uma entidade divulgue informações sobre seus riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade que sejam úteis aos usuários primários de relatórios financeiros de propósito geral para tomar decisões relacionadas ao fornecimento de recursos à entidade. O IFRS S1 é eficaz para períodos de relatório anuais iniciados em ou após 1º de janeiro de 2024.

Principais requisitos


Os principais requisitos no IFRS S1 refletem amplamente as propostas no ED/2022/S1 'Requisitos Gerais para Divulgação de Informações Financeiras Relacionadas à Sustentabilidade', com alterações introduzidas nas seguintes áreas:

O conceito de 'valor da empresa' 

A abrangência da divulgação exigida 

O uso do termo 'significativo' para riscos ou oportunidades relacionados à sustentabilidade 

Identificação de riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade relevantes e informações a serem divulgadas (incluindo o uso do trabalho de outros definidores de padrões) 

Aplicação da avaliação de materialidade 

Informações relacionadas 

Conexões Freqüência (ou cronograma) de divulgação 

Informações comparativas e estimativas atualizadas 

Proporcionalidade dos requisitos 

Efeitos financeiros atuais e antecipados dos riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade e às mudanças climáticas no desempenho financeiro, posição financeira e fluxos de caixa de uma entidade.

Os principais requisitos são os seguintes:

Objetivo: O objetivo do IFRS S1 é exigir que uma entidade divulgue informações sobre seus riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade que sejam úteis aos usuários primários de relatórios financeiros de propósito geral para tomar decisões relacionadas ao fornecimento de recursos à entidade. O IFRS S1 exige que uma entidade divulgue informações sobre todos os riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade que possam razoavelmente afetar os fluxos de caixa da entidade, seu acesso a financiamento ou custo de capital a curto, médio ou longo prazo. 

Escopo: O IFRS S1 se aplica aos riscos relacionados à sustentabilidade aos quais a entidade está exposta (riscos físicos relacionados à sustentabilidade e riscos de transição relacionados à sustentabilidade) e às oportunidades relacionadas à sustentabilidade

Resumido daqui. Foto: aqui

IFRS S2

O Conselho Internacional de Normas de Sustentabilidade (ISSB) publicou a norma IFRS S2 'Divulgações relacionadas ao clima'. A IFRS S2 estabelece os requisitos para identificar, mensurar e divulgar informações sobre riscos e oportunidades relacionados ao clima que sejam úteis aos principais usuários de relatórios financeiros de propósito geral para tomar decisões relacionadas ao fornecimento de recursos à entidade. A IFRS S2 entra em vigor para períodos de relatório anuais iniciados em ou após 1º de janeiro de 2024.

Antecedentes:

O ISSB foi criado em novembro de 2021 com o objetivo de desenvolver um conjunto abrangente de normas de divulgação de sustentabilidade de alta qualidade para atender às necessidades de informações dos investidores. Em março de 2022, o ISSB lançou uma consulta sobre os projetos iniciais das Normas de Divulgação de Sustentabilidade IFRS (IFRS S1 e IFRS S2). Após um período de consulta de 120 dias, o ISSB reexaminou as propostas nas normas preliminares e decidiu finalizá-las.

Principais requisitos:

Os principais requisitos da IFRS S2 refletem amplamente as propostas no projeto ED/2022/S2 'Divulgações relacionadas ao clima', com alterações introduzidas nas seguintes áreas:

Estratégia e tomada de decisão, incluindo planejamento de transição

Resiliência climática

Emissões de gases de efeito estufa

Requisitos baseados em setores

Proporcionalidade dos requisitos

Efeitos financeiros atuais e futuros de riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade e ao clima no desempenho financeiro, posição financeira e fluxos de caixa de uma entidade.

Principais requisitos:

Objetivo: O objetivo da IFRS S2 é exigir que uma entidade divulgue informações sobre seus riscos e oportunidades relacionados ao clima que sejam úteis aos principais usuários de relatórios financeiros de propósito geral para tomar decisões relacionadas ao fornecimento de recursos à entidade. Esses são riscos e oportunidades relacionados ao clima que razoavelmente poderiam afetar os fluxos de caixa da entidade, seu acesso a financiamento ou custo de capital no curto, médio ou longo prazo.

Âmbito: A IFRS S2 se aplica aos riscos relacionados ao clima aos quais a entidade está exposta (riscos físicos relacionados ao clima e riscos de transição relacionados ao clima) e às oportunidades relacionadas ao clima disponíveis para a entidade.

Governança: O objetivo das divulgações financeiras relacionadas ao clima sobre governança é permitir que os usuários de relatórios financeiros de propósito geral entendam os processos, controles e procedimentos de governança que uma entidade utiliza para monitorar, gerenciar e supervisionar os riscos e oportunidades relacionados ao clima. A norma estabelece as divulgações necessárias para alcançar esse objetivo.

Estratégia: O objetivo das divulgações financeiras relacionadas ao clima sobre estratégia é permitir que os usuários de relatórios financeiros de propósito geral entendam a estratégia de uma entidade para gerenciar os riscos e oportunidades relacionados ao clima. A norma estabelece as divulgações necessárias para alcançar esse objetivo.

Gestão de riscos: O objetivo das divulgações financeiras relacionadas ao clima sobre gestão de riscos é permitir que os usuários de relatórios financeiros de propósito geral entendam os processos de uma entidade para identificar, avaliar, priorizar e monitorar os riscos e oportunidades relacionados ao clima, incluindo se e como esses processos estão integrados e informam o processo geral de gestão de riscos da entidade. A norma estabelece as divulgações necessárias para alcançar esse objetivo.

Métricas e metas: O objetivo das divulgações financeiras relacionadas ao clima sobre métricas e metas é permitir que os usuários de relatórios financeiros de propósito geral entendam o desempenho de uma entidade em relação aos seus riscos e oportunidades relacionados ao clima, incluindo o progresso em direção a quaisquer metas relacionadas ao clima que tenha estabelecido e quaisquer metas que seja obrigada a cumprir por lei ou regulamento. A norma estabelece as divulgações necessárias para alcançar esse objetivo.

Data efetiva e transição:



Uma entidade deve aplicar a IFRS S2 para períodos de relatório anuais iniciados em ou após 1º de janeiro de 2024. A aplicação antecipada é permitida. Se uma entidade aplicar a IFRS S2 antecipadamente, ela deve divulgar esse fato e aplicar a IFRS S1 ao mesmo tempo.

As seguintes disposições transitórias estão disponíveis:

Informações comparativas: Uma entidade não é obrigada a divulgar informações comparativas no primeiro período de relatório anual em que aplicar a IFRS S2.

Protocolo de Gases de Efeito Estufa: Se, no período de relatório anual imediatamente anterior à data de aplicação inicial, a entidade utilizou um método para medir suas emissões de gases de efeito estufa que não seja o 'Protocolo de Gases de Efeito Estufa: Um Padrão Contábil e de Relato Corporativo (2004)', a entidade poderá continuar utilizando esse outro método no primeiro período de relatório anual em que a entidade aplicar a IFRS S2.

Emissões de gases de efeito estufa do Escopo 3: No primeiro período de relatório anual em que uma entidade aplicar a IFRS S2, ela não será obrigada a divulgar suas emissões de gases de efeito estufa do Escopo 3, que inclui, se a entidade participar de atividades de gestão de ativos, banco comercial ou seguros, informações adicionais sobre suas emissões financiadas.

Fonte: IASPLUS. Foto: Egor Vikhrev

Duas normas de sustentabilidade

O Conselho Internacional de Normas de Sustentabilidade (International Sustainability Standards Board - ISSB) finalizou suas duas primeiras normas na segunda-feira, uma referente a requisitos gerais de divulgação de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade e outra sobre divulgações relacionadas ao clima, em um esforço para unificar conjuntos de recomendações concorrentes de várias organizações ao redor do mundo.

O conselho propôs as versões preliminares das duas normas em março de 2022. Após ouvir comentários e feedback de grupos ao redor do mundo e formar um conselho composto por líderes experientes em definição de padrões e sustentabilidade, o ISSB está lançando as normas finalizadas na segunda-feira durante uma série de eventos na Bolsa de Valores de Nova York e em outras bolsas de valores ao redor do mundo, incluindo Frankfurt, Alemanha; Joanesburgo, África do Sul; Lagos, Nigéria; Londres; e Santiago, Chile. O Fórum de Mercados de Capital da ASEAN também está sediando um evento de lançamento em Cingapura.

A norma IFRS S1 oferece um conjunto de requisitos de divulgação projetados para permitir que as empresas comuniquem aos investidores os riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade que enfrentam no curto, médio e longo prazo. A norma IFRS S2 estabelece divulgações específicas relacionadas ao clima e foi projetada para ser usada em conjunto com a IFRS S1. Ambas as normas incorporam integralmente as recomendações do Grupo de Trabalho sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima do Conselho de Estabilidade Financeira, também conhecido como TCFD (Task Force on Climate-related Financial Disclosures).

Fonte: aqui

Usando AI generativa sem conhecimento da empresa

Empresas como Accenture, PwC e Morgan Stanley anunciaram grandes iniciativas para fazer com que seus funcionários usem ferramentas de I.A. generativas, como chatbots e geradores de imagens. Mas mesmo nos empregadores que não introduziram essas ferramentas, muitos funcionários as estão usando - e talvez não estejam mencionando isso.


Em uma pesquisa com 4.491 trabalhadores de colarinho branco realizada pela empresa de consultoria Oliver Wyman, 39% dos que usam ferramentas de I.A. generativas disseram que o fizeram sem o conhecimento do empregador nos últimos três meses.

Há riscos se os funcionários usarem essas ferramentas sem treinamento, inclusive de compartilharem dados privados da empresa ou não entenderem que as ferramentas de I.A. podem produzir trabalhos imprecisos. (Veja: o advogado que acabou citando casos judiciais inventados em um relatório jurídico).

Mas também pode haver potencial. Em um relatório desta semana, a McKinsey estimou que a I.A. generativa poderia acrescentar de US$ 2,6 trilhões a US$ 4,4 trilhões à economia global. A pesquisa analisou 63 casos de uso de I.A. generativa em 850 ocupações, descobrindo que 60% a 70% de todas as tarefas de trabalho poderiam ser automatizadas pela tecnologia disponível atualmente.

"O interesse dos funcionários, especialmente entre as gerações mais jovens, provavelmente está à frente de muitos de seus gerentes", disse Ana Kreacic, diretora de operações do think tank da Oliver Wyman, em um e-mail para o DealBook. "Algumas organizações estão liderando e outras estão se atualizando, mas leva tempo para que as melhores práticas evoluam em diferentes setores."

Fonte: NYT newsletter

O que conta como clima?


Centenas de projetos desenvolvidos e financiados pelo Banco Mundial com o objetivo declarado de abordar a mudança climática na verdade contribuem pouco ou nada para resolver o problema, de acordo com um estudo publicado na quinta-feira pelo Center for Global Development, um grupo de estudos.

Entre 2000 e 2022, o Banco Mundial financiou 2.554 projetos relacionados ao clima no valor total de US$ 119 bilhões. Muitos deles têm uma ligação clara com a redução das emissões de carbono ou com a adaptação aos impactos climáticos: Recuperação de ciclones em Bangladesh, energia solar no Vietnã, transporte público de massa nas Filipinas.

Mas 829 dos projetos listam sua contribuição para o clima como menos de 20% de seu valor e não fornecem detalhes sobre qualquer vínculo com a mitigação ou adaptação: Processamento de pagamentos digitais no Afeganistão, educação primária rural em Camarões e resposta à COVID-19 no Iêmen são alguns exemplos. De modo geral, em quase todos os casos em que um projeto alegou reduzir as emissões, nenhuma estimativa específica de cortes foi fornecida.

As descobertas sugerem que o portfólio de financiamento climático do Banco Mundial é muito menor do que parece, e que há pouca supervisão ou responsabilidade pelo benefício climático real do portfólio. Corrigir essa situação é uma prioridade declarada do novo Presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, que terá a chance de oferecer algumas soluções concretas (...).

Para começar, os projetos que afirmam marcar a caixa "clima" devem ser muito mais específicos, especialmente no que se refere à quantificação das reduções de emissões, disse Vijaya Ramachandran, coautor do estudo, à Semafor: "Não acho que isso afetaria a quantidade de dinheiro que fluirá para esses esforços e os tornará mais impactantes."

O estudo mostra pelo menos quatro projetos no Brasil. Fonte: Semafor

Conexão mente-corpo

Do livro Emocional, de Leonard Mlodinow (Zahar, 2022, p 99)

cientistas reuniram estatísticas sobre 1112 casos envolvendo oito juízes com uma média de 22 anos e meio de experiência no trabalho. E constataram que, em média, 60% das vezes em que os juízes concederam liberdade eram ou o primeiro caso apresentado no dia, ou o primeiro após o intervalo para o café/almoço. Como mostra o gráfico a seguir, a taxa em que a liberdade condicional foi concedida caiu consistentemente nos sucessivos casos, até que, entre aqueles ouvidos antes do intervalo seguinte, a liberdade condicional quase nunca foi concedida. 

A pesquisa citada é de Shai Danzinger et al, Extraneous Factors in Judicial Decisions, PNAS, v. 108, p. 6889-92, 2011. 


26 junho 2023

Quem ganha e quem perde com o ChatGPT

Este é um dos melhores textos que li sobre o ChatGPT (tradução feita pelo chat, por sinal): 


Geralmente, tecnologias específicas ajudam alguns tipos de personalidade e prejudicam outros. Por exemplo, o surgimento de computadores, programação e internet ajudou os nerds analíticos. Hoje em dia, você pode estar em alta demanda como programador ou administrar sua própria startup e ganhar riquezas. Mas nos anos 1960, você poderia ter tido sorte em conseguir um emprego na NASA e obter uma renda de classe média. Anteriormente, o surgimento da indústria manufatureira e do emprego em fábricas ajudou trabalhadores do sexo masculino capacitados, que tinham entusiasmo pelo trabalho físico.

Uma característica marcante dos novos sistemas de IA é que você precisa sentar-se para usá-los. Pense no ChatGPT, Stable Diffusion e serviços relacionados como tutores individualizados, entre suas outras funções. Eles podem ensinar matemática, história, como escrever melhor e muito mais. Mas nenhum desses conhecimentos é transmitido automaticamente. Há um ganho relativo para pessoas que são boas em sentar-se na cadeira e se manterem focadas em algo. A iniciativa se tornará mais importante como uma qualidade para o sucesso.

Os retornos para a durabilidade do esforço também estão aumentando. Se você desistir no meio da execução do seu projeto concreto auxiliado por IA, os novos serviços de IA se tornarão, para você, brinquedos em vez de investimentos no seu futuro.

Os retornos para o conhecimento factual estão diminuindo, seguindo uma tendência que começou com bancos de dados, motores de busca e a Wikipedia. Não é mais tão lucrativo ser um advogado que conhece uma grande quantidade de jurisprudência acumulada. Em vez disso, as habilidades de síntese e persuasão são mais cruciais para o sucesso.

O ChatGPT se destaca na produção de prosa comum e burocrática, escrita em um estilo aceitável, porém não descritivo. Por sua vez, é provável que compreendamos melhor o quanto nossa sociedade está organizada com base nisso, desde folhetos corporativos até regulamentações e jornalismo de segunda categoria. As recompensas e o status diminuirão para aqueles que produzem tal escrita hoje em dia, e as recompensas pela originalidade excepcional provavelmente aumentarão. O que exatamente você pode fazer para se destacar da multidão de chatbots?

Nossas visões subjacentes podem se tornar mais elitistas. Se você é um programador que é apenas um pouco melhor do que os bots, pode perder respeito e renda. Os programadores e escritores excepcionais, que não podem ser facilmente copiados, receberão mais atenção e status. E à medida que as gerações sucessivas dos GPTs melhoram, essas recompensas serão distribuídas para uma porcentagem cada vez menor de seres humanos.

É alegado que os novos bots não têm originalidade. No entanto, por mais verdadeiro que isso possa ser, essa observação acaba direcionando sua atenção para a questão de quantos seres humanos possuem essa mesma originalidade.

A maioria dos escritores provavelmente perderá parte de seu público, mesmo que seja porque potenciais leitores estarão ocupados brincando com os bots. Um perigo mais profundo, ainda não presente, mas talvez não esteja longe, é que os bots serão capazes de copiar efetivamente nossos escritores e criadores mais conhecidos.

Uma estratégia comum atual é disponibilizar gratuitamente muita escrita ou imagens na web e usar a publicidade resultante para construir uma audiência para produções mais comerciais, como livros, palestras e obras de arte. No futuro, isso pode trazer problemas, pois os bots copiarão você e, essencialmente, estará treinando seus concorrentes de graça. Isso funcionará apenas se você puder gerar carisma e celebridade, duas características que aumentarão em importância. A estratégia "antiga" de lançar edições limitadas, não disponíveis na internet e não totalmente definidas por suas qualidades digitais, pode ganhar importância, pois será mais difícil para a IA copiar tais produções.

A geração anterior de tecnologia da informação favorecia os introvertidos, enquanto os novos bots de IA tendem a favorecer os extrovertidos. Você precisará estar mostrando o tempo todo que é mais do que "um deles". A originalidade, incluindo a originalidade "na sua cara", será um diferencial. Se você tem medo de ser um "exibido" desse tipo, como o mundo saberá que você é algo mais do que um bot com um rosto humano?

Alternativamente, muitos seres humanos fugirão completamente dessas lutas competitivas. Atualmente, os bots são muito melhores em escrever do que, por exemplo, se tornar um mestre jardineiro, que também requer habilidades de execução física e movimentação em espaços abertos. Poderemos, assim, ver um grande florescimento de talento na área de jardinagem e em outras áreas de difícil replicação, se apenas para proteger a reputação e a propriedade intelectual dos bots.

Os atletas, no sentido amplo desse termo, podem assim subir em status. Escultura e dança podem ganhar em importância cultural e criatividade em relação à escrita. Contra intuitivamente, se você deseja que nossa cultura se torne mais real e visceral em termos do que comanda a atenção e inspiração do público, talvez os bots sejam exatamente o que você estava procurando.

Fonte: Tyler Cowen, Marginal Revolution

Markowitz (1927-2023)

Harry Markowitz nasceu em 1927, nos Estados Unidos, e faleceu na quinta feira. Seu momento de glória foi o Nobel de Economia em 1990 pelas contribuições fundamentais para a teoria moderna de finanças e gestão de portfólios.

Em 1952, Markowitz publicou um artigo intitulado "Portfolio Selection", no qual introduziu o conceito de diversificação e o famoso modelo de otimização de carteiras. O trabalho revolucionou a forma como os investidores percebem e constroem suas carteiras de investimentos. Com a diversificação os investidores podem minimizar o risco e maximizar o retorno esperado. Um dos grandes achados foi intuir uma maneira de mensurar o risco de um investimento. 

O modelo de Markowitz, conhecido como "fronteira eficiente", permitiu que os investidores entendessem como combinar diferentes ativos financeiros em um portfólio de forma a obter a melhor relação entre risco e retorno. Ele destacou a importância da diversificação para reduzir o risco de uma carteira.

A contribuição de Harry Markowitz para a teoria de finanças e gestão de portfólios estabeleceu as bases para muitos dos modelos e estratégias utilizados pelos profissionais do mercado financeiro atualmente. 

A teoria de finanças modernas começa com Markowitz. 

Medalha Clark para trabalho em Impostos

A medalha Clark é um prêmio dado a economistas destacados com menos de 40 anos. No ano de 2023, essa premiação foi concedida a Gabriel Zucman. O trabalho de Zucman tem foco em uma área de grande interesse para a contabilidade, que é a questão dos impostos. Um de seus estudos estimou que 8% da riqueza global está escondida em paraísos fiscais, utilizando análise das contas nacionais de diferentes países. Esse número é impressionante. Em outra pesquisa, Zucman e outros pesquisadores estimaram que 36% dos lucros de empresas multinacionais estão nos paraísos fiscais. Zucman e seus colegas, com base nos dados revelados nos Panama Papers, demonstraram que os indivíduos mais ricos têm um alto índice de evasão fiscal. Em parceria com Saez, ele publicou um livro intitulado "O Triunfo da Injustiça", com o subtítulo "Como os ricos evadem impostos e como fazê-los pagar". O livro foi publicado antes das eleições presidenciais de 2020.


No entanto, o trabalho de Zucman tem sido alvo de críticas e controvérsias. Diversas estimativas feitas por ele foram revisadas, geralmente para valores menores. Isso tem levantado dúvidas, em certa medida, sobre suas escolhas metodológicas nas pesquisas realizadas.


Quando o fim da pandemia pode atrapalhar os negócios

A Deloitte Haskins & Sells renunciou como auditora da Think & Learn Pvt., mais conhecida como Byju's, citando atraso na apresentação das demonstrações financeiras. A Deloitte não conseguiu iniciar a auditoria devido aos atrasos, o que terá um "impacto significativo" em sua capacidade de "planejar, projetar, executar e concluir" a auditoria conforme os padrões, afirmou a carta enviada ao Registro de Empresas da Índia.

A renúncia agrava os problemas da empresa de edtech indiana fundada pelo ex-professor Byju Raveendran (foto), que em um momento chegou a atingir uma avaliação de US$ 22 bilhões como exemplo proeminente da incipiente economia da internet na Índia.

Os negócios cresceram durante a pandemia, com o número de usuários de seu aplicativo principal ultrapassando 100 milhões. A startup gastou pesadamente em marketing, como patrocínio à seleção nacional de críquete da Índia e à Copa do Mundo da FIFA.

No entanto, a demanda por tutoria online diminuiu após a reabertura das escolas, e a Byju's vem há meses negociando com os credores de sua dívida de US$ 1,2 bilhão, depois de ter violado as proteções do investidor ao não cumprir o prazo para divulgação dos resultados financeiros anuais.

A Byju's informou em comunicado na quinta-feira que nomeou a MSKA & Associates, membro da rede internacional de contabilidade BDO, como auditores estatutários. Um porta-voz da Deloitte não estava disponível para comentar.

Fonte: aqui

Rir é o melhor remédio

Quantos contadores são necessários para trocar uma lâmpada?

.... Quantos você gostaria que fossem?

.... Que tipo de resposta você tinha em mente?

.... Hmmm.... deixe-me fazer alguns cálculos e retorno em um instante.

.... Dois. Um para trocar e outro para garantir que isso seja feito dentro do orçamento.

.... Dois. Um para trocar e outro para auditar o trabalho feito

.... Apenas um, mas eles precisarão depreciar a lâmpada antiga primeiro.

.... Isso depende da complexidade do processo de troca da lâmpada. Precisaremos criar um plano de projeto detalhado e alocar recursos de acordo.

.... Precisaremos de um comitê para discutir a solução de iluminação ideal, realizar uma análise de custo-benefício e apresentar um relatório abrangente antes de tomar qualquer ação.

.... Quantos forem necessários para garantir uma documentação precisa do processo de substituição da lâmpada para fins de auditoria.

.... Não se trata apenas de trocar a lâmpada. Também precisaremos avaliar as implicações fiscais, atualizar as demonstrações financeiras e calcular o impacto no resultado final da empresa.

Com uma pequena adaptação daqui

25 junho 2023

Declínio da era de ouro da Pixar

O gráfico mostra as notas dos críticos para os filmes da Pixar, por ano de lançamento. O tamanho do círcuclo corresponde ao valor arrecadado. É fácil perceber que os últimos lançamentos da empresa não caíram no gosto do público. 

A análise da Chartr é a seguinte:

Em 2017, The Atlantic causou alvoroço com "Como a Pixar Perdeu o Rumo", um artigo que decretava o fim da era de ouro da Pixar - o estúdio de animação que praticamente sozinho reinventou a arte da narrativa animada com histórias envolventes para crianças e adultos. Com o benefício do retrospecto, esse prognóstico provavelmente estava correto, embora talvez alguns anos antes do tempo, já que o estúdio ainda conseguiu sucesso nas bilheterias com sequências como Toy Story 4 e Os Incríveis 2, seguidas por esforços bem avaliados durante a pandemia, como Soul e Luca.

No entanto, os filmes mais recentes da Pixar têm lutado para recriar a magia dos clássicos originais como Toy Story, Procurando Nemo e Monstros S.A. O mais recente esforço do estúdio, Elemental, arrecadou apenas cerca de US$ 30 milhões nas bilheterias no último fim de semana, a segunda menor abertura na história da Pixar. Isso se soma ao lançamento decepcionante de Lightyear - a história de origem de um dos personagens mais icônicos do estúdio -, aumentando a quantidade de evidências de que os anos dourados da Pixar ficaram para trás.

Diagnosticar a situação da Pixar é difícil. Seria fácil dizer que as coisas deram errado após a aquisição da empresa pela Disney em 2006, mas os megassucessos não pararam de repente.

Um fator é simplesmente a concorrência. Os estúdios se apressaram em reproduzir a magia da Pixar... e eventualmente conseguiram. O próprio estúdio de animação da Disney se destacou com blockbusters como Frozen e Zootopia, enquanto o sucesso recente de Super Mario Bros. prova que ainda há muito espaço para filmes animados.

Conquistar os críticos parece não ser um problema. Mas o público - e isto afeta a receita da empresa - é outro problema aqui. 

Rir é o melhor remédio


 Senha incorreta. 

24 junho 2023

Dados interessantes

 Dados interessantes, retirados daqui. Iniciando pela relação entre pessoas que acreditam em fantasmas e nível educacional. Há uma relação inversa aqui, já que mais anos de estudos faz com que as pessoas acreditem menos em fantasmas. 


Uma das grandes vantagens do Facebook é o lembrete de aniversário. Parece que o "feliz aniversário", via Facebook, está caindo em desuso, ano a ano. 

Regularmente a imprensa divulga a lista dos bilionários do mundo. A fortuna deles é menor que o fundo soberano da Noruega, derivado da receita de petróleo. 

Gostei muito deste. As maiores cidades da América Latina são hoje mais seguras que diversas grandes cidades dos Estados Unidos. Veja a queda substancial do número de mortes, por habitantes, de São Paulo (linha verde claro) 
Em 1995 as pessoas namoravam através dos amigos. O cúpido era de carne e osso. Em 2017 a maioria dos encontros foram acertados via aplicativo. 

Bom final de semana

Quem paga a conta das buscas?

Recentemente, um grupo de bilionários decidiu realizar uma viagem para observar o Titanic. Esses empresários embarcaram em um submersível chamado Titan (foto), que acabou implodindo com cinco pessoas a bordo, resultando em suas mortes. Uma questão que me intrigou foi a operação de resgate e busca do submersível, e como isso poderia afetar os gastos públicos. Essa dúvida foi esclarecida em um breve texto publicado no jornal "O Estado de S. Paulo", escrito pela jornalista Christine Chung.

As estimativas são de que as despesas desse resgate foram bastante grandes, mas não está claro ainda se os contribuintes dos países envolvidos, em última instância, serão obrigados a pagá-las — nem quanto vai dar a conta. Os passageiros do submarino pagaram US$ 250 mil cada um pela experiência de mergulhar rumo ao Titanic.

“Essas pessoas pagaram muito dinheiro para fazer algo extraordinariamente arriscado e difícil de se recuperar”, disse Chris Boyer, diretor executivo da Associação Nacional de Busca e Resgate, uma organização sem fins lucrativos que se concentra em resgates na natureza. A missão de resgate, disse ele, “provavelmente custou milhões”.

Nos EUA, os esforços de busca e resgate – quem os conduz e quem paga por eles – dependem de onde ocorrem, disse Boyer. Alguns Estados, como New Hampshire, cobram de indivíduos por resgates se as pessoas forem consideradas imprudentes.


Cynthia Hernandez, porta-voz do National Park Service, disse em comunicado que a agência não cobra pelas operações de busca e resgate que ocorrem em seus parques porque as considera um serviço público. O serviço do parque realizou 3.428 buscas e resgates no ano passado.

Mas, segundo ela, quando o custo dos esforços de busca e resgate “passa de um certo limite, os fundos podem ser desviados de fundos do parque para outros tipos de programas ou projetos”.

Não se sabe se a OceanGate Expeditions, a empresa que forneceu a excursão às ruínas do Titanic, exigia que seus participantes contratassem algum seguro de viagem.

Os organizadores de expedições arriscadas e aventureiras, incluindo operadoras como Abercrombie & Kent e Black Tomato, disseram que exigem extensas apólices de seguro.

Peter Anderson, diretor administrativo do serviço de concierge de luxo Knightsbridge Circle, disse que a empresa trabalha com serviços como a Covac Global, que pode “retirar e repatriar seus membros para emergências médicas”. Mas mesmo a apólice mínima, de US$ 100 mil, não chegaria nem perto de pagar pelos esforços atuais.

Resumindo: tudo leva a crer que será o contribuinte. 

Rir é o melhor remédio

 

Um pedido de um cliente é uma ordem. Afinal, o cliente tem sempre razão. No cabeleireiro. 

23 junho 2023

Um resumo do escândalo da PwC na Austrália

A PwC (PricewaterhouseCoopers), na Austrália, foi notícia nos últimos dias em razão de um escândalo envolvendo alguns funcionários da Big Four. O escândalo começou quando o chefe de impostos da PwC, Peter Collins, compartilhou informações confidenciais do governo. Collins usou as informações para ajudar a PwC a conquistar novos clientes, oferecendo soluções que burlavam as leis fiscais que ele mesmo estava ajudando o governo a redigir.

No início, a PwC minimizou o incidente, afirmando que era um caso isolado ocorrido em 2014 e que Collins já havia deixado a empresa. No entanto, a situação se agravou quando foram revelados e-mails internos da PwC que mostravam o envolvimento de vários funcionários da empresa, que usaram as informações confidenciais do Tesouro. Essa revelação levou a uma intensa cobertura da mídia e resultou na renúncia do CEO da PwC.


Após esses acontecimentos, a empresa enfrentou repercussões significativas. O Departamento de Finanças da Austrália revisou todos os contratos com a PwC, e muitos contratos foram reduzidos ou cancelados. Além disso, clientes corporativos da PwC, como a empresa Lendlease, suspenderam processos de licitação e revisaram sua relação com a empresa.

A investigação sobre o escândalo revelou falhas no sistema regulatório, com o Escritório de Impostos da Austrália (ATO) e o Conselho de Praticantes de Impostos (TPB) compartilhando informações de maneira inadequada. Houve críticas ao ATO por não investigar adequadamente o comportamento da PwC e por não informar o Tesouro sobre as violações.

Internamente, a PwC passou por um período de turbulência, com a revelação de que vários funcionários da empresa estavam envolvidos no vazamento de informações confidenciais. Isso levou a tensões e descontentamento dentro da empresa, com muitos funcionários questionando a liderança e considerando deixar a empresa.

A reputação da PwC foi prejudicada e seu futuro na Austrália ficou incerto.

Leia mais aqui

Ação afirmativa em uma universidade brasileira (UFBA)

Eis o resumo traduzido, via ChatGPT:

A ação afirmativa no ensino superior pode levar a uma discrepância, onde os estudantes admitidos por meio de tratamento preferencial enfrentam dificuldades acadêmicas devido à preparação inadequada antes da faculdade. Embora alguns estudantes possam enfrentar desafios iniciais, ao proporcionar acesso à educação de qualidade para indivíduos talentosos que de outra forma poderiam ser negligenciados devido a desvantagens sistêmicas, esses programas podem permitir que os estudantes diminuam a diferença e alcancem seus colegas. Neste estudo, examinamos os efeitos de uma política de ação afirmativa do tipo cota nas disparidades nos resultados universitários entre beneficiários em potencial e não beneficiários. Utilizando dados administrativos abrangentes de uma universidade brasileira líder, que implementou ação afirmativa em 2005, descobrimos que, em comparação com seus colegas não cotistas, os beneficiários em potencial das cotas têm menos probabilidade de progredir tranquilamente na faculdade e menos probabilidade de se formar, um resultado que é principalmente impulsionado por aqueles que não seriam admitidos na universidade de outra forma. No entanto, vale ressaltar que a maioria dessas diferenças diminui à medida que os estudantes avançam na faculdade, sugerindo um efeito de recuperação entre esses grupos. Embora os estudantes cotistas em potencial enfrentem desafios iniciais, resultando em uma carga horária reduzida nos primeiros anos da faculdade, eles compensam fazendo mais créditos nos anos posteriores para, no final, se formarem.

O estudo foi realizado na UFBA, a segunda do país a adotar cotas de ação afirmativa. A primeira foi a Universidade de Brasília. 

Eu destaquei dois trechos. Há uma diferença entre o cotista e o não cotista. Veja o gráfico abaixo:

Mas teria aqui um efeito recuperação, pequeno e perceptível em alguns dos índices. 

Igualdade de Gênero no mundo e no Brasil

 

Os dados são do Relatório de Lacunas de Gênero do Fórum Econômico Mundial, que mostra os efeitos na paridade de gênero, incluindo os efeitos da pandemia. O relatório indica o número de anos para eliminar a diferença mundial de gênero em 131 anos, em 2023.

Os países  escandinavas foram classificadas como as que mais se aproximaram de fechar a lacuna de gênero. Isto é obtido através de fatores como a participação e oportunidade econômicas, desempenho educacional, saúde e sobrevivência e empoderamento político. Além da Islândia, alguns países bem posicionados no ranking são surpresas, como é o caso da Nicarágua, da Namíbia, da Lituânia e Ruanda. O Brasil ficou em 57o. lugar, com uma péssima classificação para igualdade salarial para trabalho similar: 110o. E mulheres no parlamento (109o.). 

O percentual de mulheres nos boards ainda é bastante reduzido (16,9%). 


Rankings

 

Dinamarca, Irlanda e Suíça foram consideradas as economias mais competitivas do mundo na Classificação Mundial da Competitividade 2023, do Instituto Internacional para o Desenvolvimento Gerencial (IMD). A Irlanda foi a grande surpresa, pois saiu do 11o. para o segundo lugar.

Há algo em comum nas primeiras colocações: são economias relativamente pequenas, permitindo que eles reajam mais rapidamente no ritmo acelerado de hoje economia globalizada.

O Brasil ficou em 60o. lugar, tendo perdido uma posição. O melhor item foi o desempenho da economia. O mapa a seguir deixa claro que a maioria dos países do mundo não são computadas no ranking, o que faz com que a nossa posição não seja algo para orgulho. 



Rir é o melhor remédio


 Abandonando o emprego após ganhar na loteria. 

22 junho 2023

Sobre o efeito negativo do ensino virtual durante a pandemia

Um artigo, recentemente publicado, discute os efeitos da pandemia de COVID-19 na educação nos Estados Unidos. Devido aos riscos de contágio, muitos administradores escolares adotaram o ensino virtual em vez das aulas presenciais. No entanto, os autores do estudo constataram que essas medidas contribuíram significativamente para a queda nas taxas de aprovação dos alunos em testes padronizados durante o ano escolar de 2020-2021.

Os resultados são baseados em dados de avaliações estaduais de matemática e língua inglesa, para alunos entre 3 a 8 anos de idade, em 11 estados. O gráfico, apresentado no estudo, mostra a queda nas taxas de aprovação durante a pandemia em comparação com anos anteriores. O gráfico revela pouca variação nas taxas de aprovação de 2016 a 2019, seguida de uma queda significativa em todos os estados e grupos demográficos em 2021. No geral, as taxas de aprovação médias entre 2019 e 2021 caíram 12,8 pontos percentuais em matemática e 6,8 em língua inglesa.

Os autores observam uma relação clara entre a quantidade de aulas presenciais e a magnitude da queda nas taxas de aprovação em matemática. Quanto mais dias de aulas presenciais as escolas ofereciam, menor era a queda nas taxas de aprovação. Um padrão semelhante, embora menos pronunciado, é observado em língua inglesa.

Por meio de uma análise de regressão de efeitos fixos, os pesquisadores mostram que os distritos com ensino totalmente presencial tiveram quedas médias menores do que os distritos que eram totalmente virtuais - 13,4 pontos percentuais a menos em matemática e 8,3 pontos percentuais a menos em língua inglesa.

Os resultados demonstram que o ensino híbrido e virtual não pode sustentar a aprendizagem dos alunos da mesma forma que a instrução totalmente presencial. Essas descobertas podem ajudar os administradores escolares e formuladores de políticas educacionais a considerar melhor os trade-offs ao recorrer a métodos de ensino virtual no futuro.

Baseado aqui

“Pandemic Schooling Mode and Student Test Scores: Evidence from US School Districts” appears in the June 2023 issue of the American Economic Review: Insights.

30 anos de ABC

Nossa, faz 30 anos que estamos usando o ABC. Ainda lembro do Relevance Lost, dos artigos de Cooper e de Kaplan, do livro de Gerencial deste último autor e da aversão que o sistema trouxe para os que achavam ter uma solução mais adequada para o problema de custos. 


Um estudo analisou os artigos publicados entre 1988 a 2019, constantes do Scopus. Uma conclusão importante: o sistema ainda é útil e há interesse crescente. Eis o resumo:

After more than 30 years of using Activity-Based Costing (ABC) to determine costs, just a few studies have analyzed its publications. This article aims to conduct a systematic, comprehensive literature review analyzing papers on ABC to overview what has been researched and give future research directions. The study includes descriptive, relational and content analyses of 1,260 articles retrieved from Scopus over 32 years (1988–2019). Our research shows publication trends, the most influential journals, authors and countries, citations, H-index, authorship, objectives, keywords co-occurrences, and research methods. Moreover, twelve objective categories are proposed. The results show a still-growing interest in ABC, especially in health and manufacturing, where there have been more practical applications. The case study is the most used research methodology, and the United States is the leading country regarding academic productivity and citations. The study provides useful information for professionals and business managers, and academics.

O perigo das correlações apressadas nas pesquisas realizadas na pandemia

A publicação rápida e não criteriosa de correlações durante a pandemia de COVID-19 pode ter gerado algumas pesquisas com qualidade duvidosa. Um estudo relacionou o aumento de eventos cardiovasculares graves em Israel durante a vacinação contra a COVID-19, em pessoas com menos de 40 anos. Embora a correlação pareça estatisticamente significativa, tudo leva a crer que é clinicamente irrelevante.

Muitas publicações durante a pandemia foram apressadas, possivelmente sem uma revisão rigorosa por pares, levando ao desperdício de esforços científicos. Na estatística temos vários exemplos de correlações sem sentido, como a relação entre o consumo de chocolate e o número de ganhadores do Prêmio Nobel, para ilustrar o problema de interpretação incorreta dos dados de correlação. Este é o fenômeno de correlação espúria, que já destacamos várias vezes no blog. 


O estudo de Israel, por exemplo, possui várias falhas na análise estatística e as conclusões não são sustentadas pela metodologia adequada. Publicar correlações é válido, desde que não sejam interpretadas erroneamente ou consideradas como evidências científicas ou relevantes para políticas.

As correlações devem ser publicadas, mas é importante interpretá-las corretamente e evitar conclusões equivocadas.

Baseado aqui. Foto Oliver Roos

Crescimento da Inteligência Artificial

Nos últimos anos, a tecnologia de inteligência artificial (IA) tem se tornado cada vez mais poderosa e tem se inserido em diversos domínios do nosso mundo. O interessante que isso foi alcançado apesar da disponibilidade limitada de recursos. Até recentemente, os investimentos em termos de capital e esforços científicos eram pequenos. No entanto, nos últimos anos, houve um aumento significativo nos investimentos corporativos e o campo científico cresceu em tamanho.

O gráfico abaixo mostra o crescimento do investimento empresarial no tópico. 


Este outro gráfico apresenta o crescimento das publicações científicas sobre o assunto no mundo. 


Considerando o rápido desenvolvimento da IA no passado, é de se esperar que a tecnologia se torne mais poderosa nas próximas décadas. Um dos principais impulsionadores desse avanço é o aumento do investimento. Além disso, o crescimento do campo científico da IA, com mais pesquisadores e cientistas dedicados ao tema, contribui para acelerar o progresso tecnológico.

A disponibilidade de maior poder computacional também tem desempenhado um papel fundamental. Hardware poderoso, como as unidades de processamento gráfico (GPUs) e chips especializados em IA, possibilitam o processamento de grandes volumes de dados e algoritmos complexos em velocidades muito mais rápidas. 

Além disso, o acesso a grandes conjuntos de dados e os avanços em algoritmos de aprendizado de máquina têm contribuído significativamente para o progresso da IA. Os algoritmos de IA aprendem a partir de uma grande quantidade de dados, permitindo que façam previsões e tomem decisões precisas. A capacidade de coletar e analisar enormes volumes de dados melhorou consideravelmente o treinamento e o desempenho dos sistemas de IA, tornando-os mais poderosos e eficazes.

Rir é o melhor remédio

Desenho preciso
 

21 junho 2023

Salário do baixo escalão da contabilidade e qualidade dos relatórios financeiros

Um artigo de pesquisadores da Stanford Graduate School of Business e da University of Washington descobriu uma relação entre o salário dos contadores de baixo escalão e a qualidade do seu trabalho. Ao contrário das pesquisas anteriores, que geralmente se concentram nos executivos de alto escalão, esse estudo examinou os incentivos contratuais dos funcionários de nível inferior e sua influência no comportamento e nos relatórios financeiros das empresas.

Os pesquisadores descobriram que as empresas que pagam bem seus funcionários de contabilidade tendem a emitir relatórios financeiros de maior qualidade. E quando a remuneração desses funcionários é contingente, em vez de fixa, a qualidade dos relatórios tende a ser inferior. Além disso, essa relação é mais acentuada em empresas cujos executivos seniores têm mais incentivos para produzir relatório de maneira inadequada. Isso destaca a importância dos funcionários de contabilidade de baixo escalão, que têm acesso direto e maior envolvimento nos processos contábeis e de controle da empresa.


Os pesquisadores argumentam que são os funcionários de nível inferior que têm um papel mais direto na produção dos relatórios financeiros. Mesmo que os executivos tenham motivos para manipular os números, são os seus subordinados que executam as alterações necessárias para efetivar essa manipulação. No entanto, esses funcionários podem ter incentivos para tomar ações corretivas ou denunciar as irregularidades.

Os pesquisadores examinaram um conjunto de dados com a remuneração dos contadores de 384 empresas de capital aberto nos EUA entre 2000 e 2004. Eles descobriram uma relação positiva entre os incentivos contratuais dos contadores e a qualidade dos relatórios financeiros de suas empresas. 

O estudo também revelou que a Lei Sarbanes-Oxley (SOX) teve um efeito positivo nos salários dos contadores. As empresas que tiveram menor qualidade nos relatórios financeiros antes da implementação da SOX tiveram que gastar mais e aumentar a remuneração de seus contadores para cumprir as regulamentações. Essas empresas apresentaram melhorias significativas na qualidade dos relatórios financeiros após a implementação da lei.

O estudo está limitado ao mercado dos Estados Unidos, mas nada impede que o mesmo seja replicado no Brasil, para as empresas que divulgam o salário dos funcionários. 

Via Goingconcern

Carlos Ghosn tenta dar a volta por cima

O ex-chefe da Nissan Carlos Ghosn, de 69 anos, processa a montadora japonesa por demiti-lo em 2018 e por providenciarem sua prisão por suposta má conduta financeira. Ele pede mais de US$ 1 bilhão por “danos profundos” em suas finanças e reputação.



O ex-executivo, responsável pela aliança entre a montadora Nissan com a Renault e a Mitsubishi Motors, apresentou suas queixas ao promotor público no Tribunal de Cassação do Líbano, onde vive desde sua saída dramática do Japão no final de 2019 para fugir do julgamento. (...)

O processo reivindica US$ 588 milhões em compensações e custos perdidos e também US$ 500 milhões em medidas punitivas. Os acionistas da Nissan também sofreram perdas depois que a empresa desperdiçou sua vantagem de pioneirismo em relação aos veículos elétricos. O ex-executivo não faz mais parte do corpo de acionistas da empresa japonesa. (...)

Em 2020, um painel da Organização das Nações Unidas (ONU) concluiu que a detenção de Ghosn em uma prisão japonesa por mais de 100 dias não era necessária e violava seus direitos. A decisão de prender Ghosn quatro vezes seguidas para estender sua detenção foi “fundamentalmente injusta”, de acordo com o Grupo de Trabalho sobre Detenção Arbitrária do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. (...)

Fonte: Exame. Foto: John Cameron

Isabel condenada por desvio na Sanangol

A empresária Isabel dos Santos e alguns de seus colaboradores foram condenados pelo Tribunal de Recurso de Amsterdã, nos Países Baixos, pelos crimes de gestão danosa e falsificação de documentos. A condenação ocorreu devido ao desvio de 52,6 milhões de euros da Sonangol, a petrolífera estatal angolana. 


A queixa foi apresentada em novembro de 2022 pela Sonangol, por meio de sua subsidiária Esperaza. Segundo a investigação, Isabel dos Santos teria desviado esse valor da Esperaza, empresa controlada pela Sonangol em 60% e pela Exem Energy, pertencente a Isabel dos Santos e seu falecido marido, Sindika Dokolo, em 40%. A Esperaza detém 45% da Amorim Energia, a maior acionista da Galp Energia. 

Um relatório preliminar constatou que as deliberações relacionadas ao suposto desvio foram baseadas em datas falsas e foram consideradas nulas, uma vez que foram tomadas após a destituição de Isabel dos Santos da presidência da Sonangol. Além disso, a investigação concluiu que Isabel dos Santos agiu em conflito de interesses, realizando atos jurídicos em nome da Sonangol que beneficiaram suas próprias empresas.

Fonte: aqui. Leia mais aqui. Foto: Jorge Sá Pinheiro

Fundos Anti-ESG

Assim como existe os fundos voltados para os investimentos em práticas ambientais, sociais e de governança de qualidade, o mercado de capitais mundial criou os chamados fundos contrários. Estes fundos anti-ESG tiveram uma popularidade grande no terceiro trimestre de 2022, com depósitos adicionais de 377 milhões de dólares somente nos Estados Unidos. 

Mas parece que o interesse por estes fundos está diminuindo, já que no primeiro trimestre de 2023 o acréscimo nos investimentos ficou em 188 milhões. Isto é muito pouco em comparação com os fundos ESG. 

Os fundos anti-ESG foram criados pelos críticos dos investimento nas práticas ESG. Apesar da redução do interesse, os ativos totais dos fundos chegaram a 2,1 bilhões no final do primeiro trimestre. Um ano antes, esse valor era de aproximadamente US$ 282 milhões. Todos os dados são válidos para o mercado dos Estados Unidos. 

Acredita-se que os fundos anti-ESG continuarão a existir devido à polarização mais profunda da população em alguns países. Já se observou que a oposição republicana tem enfraquecido propostas de acionistas voltadas para práticas ESG.

Hunter Biden, filho do presidente dos EUA, admite sonegação fiscal

Hunter Biden (foto) é um advogado e empresário americano, filho do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Ele ganhou destaque na mídia devido a problemas relacionados aos impostos.

Em outubro de 2020, pouco antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, surgiram relatos sobre a investigação federal em andamento sobre as finanças de Hunter Biden. De acordo com esses relatos, Hunter estava sob investigação sobre possíveis irregularidades fiscais, lavagem de dinheiro e negócios internacionais suspeitos.

A investigação concentrou-se principalmente em suas atividades financeiras no exterior, especialmente na Ucrânia e na China. Hunter Biden era membro do conselho de uma empresa de energia ucraniana chamada Burisma Holdings, o que levantou questões sobre conflito de interesses devido à posição política de seu pai, na época em que era vice-presidente dos Estados Unidos.



Além disso, surgiram alegações de que Hunter Biden recebeu grandes somas de dinheiro de empresas e indivíduos estrangeiros, o que levantou preocupações sobre possíveis influências indevidas em relação às políticas dos Estados Unidos.

Ontem foi notícia que Hunter fez acordo com Departamento de Justiça para se declarar culpado de acusações envolvendo sonegação de imposto de renda e admitir formalmente que comprou ilegalmente uma arma de fogo, segundo documentos divulgados nesta terça-feira.

As acusações foram resultado de uma investigação liderada por David Weiss, procurador dos EUA em Delaware, estado natal do presidente. Espera-se que o Departamento de Justiça recomende a liberdade condicional para as acusações fiscais, o que significa que Hunter Biden não enfrentará uma pena de prisão efetiva.

As acusações afirmam que Hunter não apresentou suas declarações de imposto no prazo estabelecido, referentes a ganhos superiores a 1,5 milhão de dólares em 2017 e 2018. Durante esses dois anos, ele acumulou uma dívida de mais de 100.000 dólares em imposto de renda.

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Vale a pena investir em uma empresa "verde"? Não ...

Pode parecer contraditório, mas existe uma resposta não tão óbvia para a pergunta: é válido investir em uma empresa verde?


Se você pensou em responder "sim", talvez essa não seja a resposta correta, de acordo com alguns especialistas. Afinal, as empresas verdes são, em sua maioria, empresas de serviços, como o Spotify ou o Itaú. O Itaú, por exemplo, é considerado uma empresa verde por ser um banco, e espera-se que um banco não seja uma fonte de poluição. No entanto, é importante notar que uma empresa verde que tem acesso fácil a capital provavelmente não terá muito incentivo para mudar seu status atual.

E quanto às empresas poluidoras? Se o investimento for direcionado para essas empresas, o investidor pode ter a oportunidade de atuar dentro da empresa e influenciar uma mudança de direção. Além disso, ao fornecer capital para essas empresas, pode-se criar uma fonte de recursos necessários para projetos que possam alterar a forma de funcionamento dessas empresas.

Foto: Greg Rosenke. Leia mais aqui

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