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24 abril 2025

Francisco e o mundo dos negócios

À medida que o mundo enfrenta o falecimento do Papa Francisco, parte de seu legado claro é seu contato com — e críticas à — comunidade empresarial global.

Desde o início de seu sacerdócio, mergulhado na teologia jesuíta, o ex-Jorge Mario Bergoglio sempre enfatizou as preocupações dos pobres. Mas como um embaixador global do catolicismo romano, Francisco frequentemente se encontrou com líderes empresariais globais, construindo pontes ao mesmo tempo em que repreendia o que via como excessos do capitalismo moderno.

(Isso é além de seus encontros com líderes políticos nacionais, mais recentemente com o Vice-Presidente JD Vance ontem, após o pontífice criticar políticas anti-imigração, visto como um repreensão à administração Trump.)

Francisco se encontrou frequentemente com líderes corporativos, incluindo magnatas da tecnologia como Tim Cook da Apple e Eric Schmidt, antes da Alphabet; chefes financeiros como Brian Moynihan do Bank of America e Steve Schwarzman da Blackstone; e líderes da Exxon Mobil, Chevron e BP.

Ele também firmou alianças com grandes empresas, incluindo a bênção a um grupo focado em causas ambientais, o Conselho para o Capitalismo Inclusivo com o Vaticano, que trabalhou com empresas avaliadas em trilhões de dólares em valor de mercado.

O papa elogiou elementos do negócio moderno. Ele descreveu a internet como um "presente de Deus" em 2014, examinou as promessas da inteligência artificial e descreveu o negócio de forma ampla como uma "vocação nobre".

Sua disposição para se aproximar preocupou alguns críticos, que temiam que suas raízes teológicas o tornassem antagonista do capitalismo.

Mas Francisco consistentemente lembrou aos líderes corporativos para não esquecerem os pobres. "Nunca devemos permitir que a cultura da prosperidade nos endureça, nos torne incapazes de 'sentir compaixão diante do clamor dos pobres, chorar pela dor dos outros e sentir a necessidade de ajudá-los, como se tudo isso fosse responsabilidade de outra pessoa e não nossa própria'", escreveu ele em uma carta ao Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça, em 2016.


No ano passado, ele disse a um grupo de empresários que "um pouco de filantropia" não era suficiente para compensar as obrigações das empresas com os necessitados.

O foco de Francisco nas questões climáticas incluiu pressionar CEOs de energia e seus investimentos para trabalharem rumo a um futuro com menos carbono. "Não temos o luxo de esperar que outros deem o primeiro passo ou de priorizar benefícios econômicos de curto prazo", disse ele em 2019.

Ele também alertou sobre como a inteligência artificial poderia ampliar a desigualdade global e contribuir para uma "crise crescente da verdade no fórum público". Em um discurso na reunião de Davos deste ano, Francisco afirmou: "A dignidade humana nunca deve ser violada em nome da eficiência".

O próximo papa seguirá essa abordagem? Francisco elevou muitos dos cardeais que escolherão seu sucessor, embora alguns tenham sido céticos em relação aos seus esforços para se envolver com o mundo secular. Os principais candidatos ao trono de São Pedro, de acordo com o mercado de previsões online Polymarket, incluem o Cardeal Pietro Parolin, visto como um candidato de continuidade; e Luis Antonio Tagle, que é considerado estar no mesmo molde teológico de Francisco.

Também vale ressaltar: Francisco reformou as finanças do Vaticano. Isso incluiu a retirada de um escritório poderoso de significativos ativos financeiros após anos de investimentos duvidosos terem provocado uma investigação por corrupção. 

Da newsletter do NYTimes

Verde e Dívida nos Brics


Eis o resumo

Este estudo tem como objetivo analisar a relação entre práticas de inovação verde e desempenho ESG na estrutura de dívida de empresas nos países BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), considerando o nível de governança desses países. Utilizamos regressão multinível em uma amostra de 854 empresas desses cinco países emergentes de 2009 a 2019. Os resultados mostram que inovação verde, construção sustentável e certificação ISO14001 estão negativamente relacionadas com a dívida da empresa. O desempenho ESG reduz restrições financeiras e eleva a dívida para patrimônio líquido e prazo longo, quando seus respectivos países têm melhor qualidade de governança. O estudo preenche uma lacuna na literatura ao abordar as implicações da inovação verde e do desempenho ESG na dívida corporativa no contexto dos BRICS. Portanto, os resultados podem contribuir para verificar o impacto das práticas de inovação verde nas dívidas das empresas para identificar quais recursos elas estão utilizando para financiar projetos ambientais e se aspectos de governança ajudam a reduzir as restrições de recursos. As evidências encontradas neste estudo fornecem suporte aos gestores em suas estratégias de dívida, em um cenário onde as demandas estão crescendo para alinhar as ações corporativas aos objetivos de desenvolvimento sustentável.

Como as pessoas estão usando a IA?

Muito interessante a pesquisa. Um ponto que sempre foi destacado é que a IA deixaria para o ser humano a criatividade. Mas na lista, em nono, a criatividade. Quando colocado em grandes temas, apareceu o seguinte: 
Quase um terço das pesquisas é apoio profissional e pessoal. 

Valor do animal de estimação

Um estudo recente descobriu-se que ter um animal de estimação tem um impacto aproximadamente equivalente na felicidade a passar tempo com amigos ou parentes humanos. Dois pesquisadores ingleses pesquisaram mais de 2500 famílias no Reino Unido. Os participantes foram convidados a dar uma nota da sua vida, sendo 1 corresponde a nada satisfeito e 7 completamente satisfeito. 

Os autores obtiveram outros dados, que foram controlados no momento de estudar o efeito de um animal de estimação, para isolar o impacto na nota dada. A pesquisa concluiu que a presença de animais de estimação geram um impacto na nota dada para satisfação da vida. Veja que os participantes não foram questionados se os animais produziam felicidade, retirando um viés nas resposta. 

Como já se sabe que dinheiro ajuda na felicidade, os autores concluiram que a presença de um animal de estimação corresponde a ter uma renda extra de 70 mil libras.

Via aqui. O trabalho está aqui

23 abril 2025

Dupla listagem da JBS


A JBS informou na terça-feira (22) que seu conselho de administração aprovou convocação para 23 de maio de assembleia extraordinária de acionistas sobre o plano de dupla listagem de ações, segundo fato relevante ao mercado.


A companhia, maior produtora de carnes do mundo, pretende listar ações na bolsa de Nova York, algo que deve dar à empresa uma base mais ampla de investidores e de capital. Atualmente, a listagem primária da JBS está no Brasil.

(...) O anúncio foi feito após o pedido da dupla listagem ter sido aprovado pela SEC, o regulador de mercados dos EUA. A operação também depende da aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).(...)

Na assembleia do dia 23, a JBS afirmou que a pauta envolverá os assuntos que incluem a contratação da KPMG para elaboração do laudo de avaliação do valor das ações da JBS SA e aprovação do laudo que calculou em R$ 44,78 bilhões o valor de patrimônio líquido contábil da JBS SA.

Segundo comunicado da JBS, os acionistas minoritários terão total poder de decisão sobre a dupla listagem.

A JeF, holding da família Batista, e a BNDESPar, os dois principais acionistas em volume de papeis, vão se abster de votar, o que deixará a decisão a cargo de detentores de pouco mais de 30% do free float da companhia.

No passado, a empresa tentou fazer esse movimento, mas não obteve sucesso. A empresa é uma das maiores empresas brasileiras, seja pelo valor de mercado ou por receita. Mas confesso que não entendo a posição do BNDESPar, que usa dinheiro público, de abster da votação. Ele deveria ter uma posição se o fato é positivo ou não. 

Multa da Comunidade Europeia


A Comissão Europeia multou a Apple e a Meta, a empresa-mãe do Facebook e do Instagram, por violarem a legislação comunitária sobre Mercados Digitais. Bruxelas anunciou nesta quarta-feira que aplicará uma multa de 500 milhões de euros à empresa de tecnologia [Apple] por não permitir que os desenvolvedores se comuniquem diretamente com os usuários em sua loja de aplicativos. A outra multa, no valor de 200 milhões de euros, aplicada à dona das redes sociais [Meta], está relacionada ao modelo conhecido como "consentir ou pagar", pois a multinacional não fornecia aos usuários outra opção senão ceder seus dados ou pagar pelo uso de suas plataformas.

Fonte: aqui

A Natureza da Firma – Por que Empresas Existem?

Na década de 1930, Ronald Coase, em sua obra seminal "A Natureza da Firma", questionou algo fundamental para a economia: por que as empresas existem se o mercado é tão eficiente na alocação de recursos? Coase, posteriormente laureado com o Prêmio Nobel de Economia em 1991, destacou os custos de transação como peças-chave nesse quebra-cabeça econômico.

A teoria de Coase explora como as empresas surgem para reduzir os custos envolvidos na utilização do mercado. Enquanto o mercado, com seu sistema de preços, coordena ações dispersas entre indivíduos desconhecidos, as firmas internamente coordenam atividades através de ordens diretas e decisões centralizadas. Essa estrutura permite economias internas, como a eliminação dos custos de busca de fornecedores, negociação de contratos e supervisão constante.


O argumento possui exemplos concretos: a Apple, por exemplo, opta por desenvolver internamente certos componentes do iPhone para manter o controle de qualidade e inovação, enquanto a Amazon inicialmente terceirizava sua logística, mas internalizou operações para ganhar em controle e eficiência.

No entanto, há limitações para o crescimento das firmas. Coase observa retornos decrescentes à medida que as empresas se expandem, aumentando os custos gerais de gestão e a dificuldade na alocação de recursos. Assim, o tamanho ideal de uma firma equilibra os benefícios de redução de custos transacionais com os desafios de uma organização interna complexa.

A teoria de Coase não apenas questiona a suposta eficiência total do mercado, mas também redefine a firma como uma resposta econômica racional aos custos relativos de transação. A compreensão desses princípios fundamentais é essencial para analisar não apenas a economia das empresas, mas também os modelos de coordenação econômica em escala global.

No contexto da terceirização dos serviços de contabilidade, os conceitos de Ronald Coase sobre os custos de transação oferecem uma perspectiva esclarecedora. Para empresas de menor porte, terceirizar a contabilidade muitas vezes é mais eficiente, pois não há volume suficiente para justificar a manutenção de um departamento contábil interno. Externalizar esses serviços reduz os custos de transação associados à busca por especialistas, negociação de contratos e revisão contínua. À medida que a empresa cresce, no entanto, a complexidade contábil aumenta, exigindo uma análise mais detalhada dos custos e benefícios de manter serviços internamente versus terceirizar. 

Resenha: A Grande Falácia


Este é um livro bastante rigoroso de duas autoras londrinas que expõem o funcionamento da indústria da consultoria. Com mais de 200 páginas, são listados os problemas de empresas como McKinsey, BCG, EY, Deloitte, PwC, KPMG e outras. Alguns casos lembram uma peça de teatro do absurdo, mas o domínio dessas empresas sobre contratos públicos e privados merece atenção.

Devo ressaltar dois pontos negativos sobre o livro. Primeiramente, apesar de ter sido escrito a partir da Inglaterra e incluir relatos da África do Sul, Alemanha nazista, Coreia do Sul e outros países, não há nenhum relato sobre fatos do Brasil, o que parece estranho. Aqui nós conhecemos o impacto dos conselhos dados por essas empresas aos governos e empresas nacionais, incluindo o caso da Sadia e o recente exame de suficiência, onde uma prova ficou abaixo do padrão adequado para um profissional contábil. Nada é mencionado sobre as fundações de apoio de universidades ou os consultores de gestão que influenciam empresas como a Ambev. Há duas referências a Angola, três a Ruanda, três ao Chile, mas os casos brasileiros foram deixados de lado pelas autoras.

Em segundo lugar, o alerta para os problemas das consultorias é importante, mas a visão apresentada parece muito maniqueísta. Existem casos em que as consultorias contribuíram para melhorar a eficiência empresarial, mas o livro foca exclusivamente nos aspectos negativos das consultorias.

Apesar desses pontos, é uma leitura recomendada para quem deseja obter insights críticos sobre as grandes consultorias globais.

Resenha: Motivação 3.0


Um bom livro sobre motivação deve realmente inspirar o leitor. Se você procura algo superficial, com ideias previsíveis e sem exemplos convincentes que impulsionem a leitura, esta é uma boa opção. O livro está dividido em três partes. A primeira introduz um novo sistema operacional para pensar sobre motivação, embora a ideia não seja exatamente "novo", como percebemos quando Pink lista autores que ele chama de líderes empresariais - todos conhecidos e renomados na lista dos mais vendidos.

A segunda parte aborda três elementos principais em três capítulos: autonomia, excelência e propósito. Por fim, a terceira parte apresenta um conjunto de ferramentas, incluindo recomendações de livros, autores, dicas, um resumo, um glossário e muito mais. Esta seção ocupa aproximadamente 70 páginas. Uma vantagem é que, se você descobrir que o livro não atende às suas expectativas, pode ir diretamente para a seção de "resumo" e não perderá seu tempo.

Um presente adequado para alguém que você não aprecia muito.

22 abril 2025

Trump e os impostos

O mandato do presidente Trump chamou muita atenção pela imposição de tarifas de importação sobre produtos estrangeiros. No entanto, em outra área, a nova gestão também está impactando a arrecadação de tributos: na declaração de imposto de renda.


Nos Estados Unidos, os softwares de declaração são desenvolvidos e comercializados pela iniciativa privada. Uma das empresas, a Intuit, lucra consideravelmente com essa área, chegando ao ponto de anunciar durante o Super Bowl, um dos intervalos publicitários mais caros do mundo. Isso mostra que existem interesses poderosos que dificultam uma gestão tributária mais eficiente.

Enquanto isso, o Serviço de Receita Federal dos EUA (IRS) vinha desenvolvendo um programa piloto nos últimos três anos, semelhante ao nosso conceito de declaração pré-preenchida. Esse programa permite que os contribuintes entreguem suas declarações sem necessidade de serem especialistas na área, contratar profissionais ou adquirir softwares de empresas como a Intuit.

O programa piloto estava sendo bem recebido pelos contribuintes, mas a administração Trump decidiu encerrá-lo.

O Partido Republicano da Câmara, influenciado por interesses da indústria de preparação de impostos, pressionou pelo fim do Direct File.

Uma boa notícia vinda de Paris

Eis o resultado que ocorreu em Paris, de 2007, 2010, 2015, 20,17, 2020 e 2024, depois que a cidade trocou ruas por ciclovias, adicionou espaço verde e cortou 50 mil vagas de estacionamento. O gráfico mostra a concentração de dióxido de nitrogênio, onde a cor vermelha significa mais microgramas por metro cúbico e o verde menos. 
 

Mudança na mensuração das emissões provoca impacto em minas na Austrália


Uma mudança contábil nas emissões das minas de carvão está causando um impacto significativo no relatório de carbono de várias grandes instalações na Austrália. Minas como Collinsville e Clermont da Glencore na Bacia Bowen, Queensland, reportaram reduções de emissões de 52% e 59%, respectivamente, para o ano fiscal de 2023-24. Essas reduções drásticas não foram acompanhadas por mudanças equivalentes na produção ou eficiência operacional das minas.

A mudança para um novo método de medição de metano em minas a céu aberto permitiu avaliações mais específicas no local, substituindo o método anteriormente usado que extrapolava números agregados estaduais. Isso traz preocupações sobre a confiabilidade dos dados de emissões, argumentando que a mudança no método de cálculo pode comprometer a credibilidade das reduções registradas.

Veja a notícia aqui

Rir é o melhor remédio

Mas eu sou o contador ....
 

Bolsas de apoio à pesquisa: inscrições até 30 de abril

 Divulgando informações de uma chamada de bolsas no país pelo CNPq:

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) está com inscrições abertas para a chamada de concessão de bolsas no país. Com um valor global de R$ 125 milhões, a chamada contempla seis modalidades de apoio à pesquisa, em cronograma único. O prazo para submissão das propostas vai até 30 de abril de 2025.

As bolsas estão distribuídas entre os programas de Pós-Doutorado Junior (PDJ), Pós-Doutorado Empresarial (PDI), Pesquisador Visitante Especial (PVE), Pesquisador Visitante (PV), Doutorado Sanduíche Empresarial (SWI) e Doutorado Sanduíche no País (SWP). As bolsas devem ter início de 1º de dezembro de 2025 a 15 de junho de 2026.

Entre as novidades da chamada, destaca-se a substituição da modalidade de Pós-Doutorado Sênior (PDS) pela modalidade Pesquisador Visitante (PV), cujas regras foram ampliadas, permitindo que doutores com mais de sete anos de conclusão do doutorado possam se candidatar.

Além disso, a modalidade Pesquisador Visitante Especial (PVE), que não estava disponível nas edições anteriores, foi incluída nesta edição, oferecendo uma nova oportunidade para pesquisadores de destaque.

As modalidades Doutorado Sanduíche no País (SWP) e Doutorado Sanduíche Empresarial (SWI) contam agora com novos benefícios, como taxa de bancada e auxílios para deslocamento e instalação, para os casos em que a distância entre a origem e o destino seja superior a 350 km. Os valores específicos para cada modalidade podem ser consultados nas tabelas de bolsas e taxas no País, conforme a Portaria 1502/2023.

As propostas de bolsas nas modalidades PDJ e PDI devem ser enviadas diretamente pelos candidatos, enquanto as propostas para as modalidades PV, PVE, SWP e SWI devem ser submetidas pelos anfitriões, supervisores ou orientadores nas instituições de origem.

Acesse a Chamada a CNPq Nº 49/2024 – Bolsas no País.

21 abril 2025

Ser educado com o Chat


Segundo o Futurim, dizer "por favor" e "obrigado" pode significar milhões de dólares para as empresas de chatbots. Pelo menos é essa a opinião de Altman, o CEO da OpenIA. Já um gestor da Microsoft diz que tratar um chat de forma respeitosa ajuda a gerar saídas respeitosas e colaborativas. 

E uma pesquisa de 2024 descobriu que muitas pessoas são educadas com seus chatbots. E uma parcela substancial acredita que a educação pode ajudar a combater uma "revolta" dos chats. Mas o excesso de educação, expresso no por favor, decorre do impacto da geração de palavras em um texto. Eis um caso simples: Se você enviasse um e-mail de IA por semana ao longo de um ano, você usaria um 7,5kWh, aproximadamente igual a uma hora de eletricidade consumida por 9 famílias em Washington DC.

Uma consequência disso é que os data centers usados para alimentar esses chatbots já sugam cerca de 2% do consumo de energia do mundo.

Lembrei de uma pesquisa que li, clássica já, que mostrava um computador "puxando o saco" de uma pessoa. E as pessoas reagiam diferente quando isso acontecia. Naquela época parecia tão ridículo, que reproduzi em outra pesquisa na nossa área, onde a empresa fazia o mesmo com seus "investidores racionais". E dava certo. Eles gostavam disso. (O artigo foi publicado na Revista Mineira de Contabilidade). 

Rir é o melhor remédio


 Caminhos do meu jeito. 

Face e Insta e efeito na saúde


Estimamos o efeito da desativação das mídias sociais no estado emocional dos usuários em dois grandes experimentos randomizados antes da eleição dos EUA em 2020. As pessoas que desativaram o Facebook nas seis semanas anteriores à eleição relataram uma melhora de 0,060 desvios padrão em um índice de felicidade, depressão e ansiedade, em relação aos controles que desativaram apenas as primeiras dessas seis semanas. As pessoas que desativaram o Instagram por essas seis semanas relataram uma melhoria de desvio padrão de 0,041 em relação aos controles. A análise exploratória sugere que o efeito do Facebook é impulsionado por pessoas com mais de 35 anos, enquanto o efeito Instagram é impulsionado por mulheres com menos de 25 anos.

Cronômetro e influência na navegação e urbanização


O cronômetro, uma das maiores invenções da era moderna, permitiu pela primeira vez a medição precisa da longitude no mar. Examinamos o impacto dessa inovação na navegação e urbanização. Nossa estratégia de identificação aproveita o fato de que os benefícios de navegação fornecidos pelo cronômetro variaram em diferentes regiões marítimas, dependendo das condições climáticas locais prevalecentes. Utilizando dados de alta resolução sobre clima, rotas de navios e urbanização, argumentamos que o cronômetro alterou significativamente as rotas de navegação transoceânicas. Isso, por sua vez, teve efeitos profundos sobre a expansão do Império Britânico e a distribuição global de cidades e populações fora da Europa.

Trabalho pode ser encontrado aqui

Certeza, Tolerância e Fé

do filme Conclave: 



deixe-me dizer-lhes que o pecado que vim a temer mais do que todos foi a certeza. A certeza é o grande inimigo da união. A certeza é o inimigo mortal da tolerância. Mesmo Cristo não tinha certeza quando chegou seu fim. "Eli, Eli, lama sabachtani?" Isso foi o que ele gritou em sua agonia, na nona hora da Cruz. "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" Nossa fé é uma coisa viva precisamente porque ela caminha de mãos dadas com a dúvida. Se existisse apenas a certeza, e não houvesse dúvida alguma, não haveria o mistério, e, em consequência, não haveria a necessidade da fé.

20 abril 2025

Grandes nomes da história da contabilidade dos EUA: um resumo


Foram 22 postagens de grandes nomes da história da contabilidade dos Estados Unidos. A base foi o excelente livro The History of Accounting, com as devidas adaptações (por exemplo, aqueles que faleceram depois da edição do livro) e fotografias das pessoas. 

A seleção procurou focar nos nomes mais conhecidos. Quantos desses nomes você já tinha lido sobre sua contribuição? 

A partir daqui iremos começar a série Grandes Nomes da História Mundial da Contabilidade. 

Andersen

Beaver 

Canning

Chambers

Demski

Devine

Donaldson Brown 

Edwards 

Gantt

Horngren

Kaplan

Kohler 

Littleton

Mautz 

Moonitz 

Paton

Previts

Sprague 

Sterling 

Taylor 

Vatter 

Zimmerman 


Grandes nomes da Historia da contabilidade dos EUA: Taylor

Frederick Winslow Taylor (1856–1915) - Engenheiro mecânico norte-americano considerado o pai da administração científica, Frederick Winslow Taylor implementou esse modelo de gestão em diversas fábricas nos Estados Unidos. Nascido na Filadélfia, Taylor estudou engenharia no Stevens Institute of Technology, em Hoboken, Nova Jersey. Trabalhou em várias fábricas, incluindo a Midvale Steel Company, onde introduziu, pela primeira vez, seu sistema de controle por ordens de produção. Posteriormente, atuou como consultor na implantação de seu sistema em outras indústrias. Faleceu em 1915, no auge do movimento pela eficiência nos Estados Unidos.


Entre seus escritos mais influentes está o artigo “Principles and Methods of Scientific Management”, publicado na Journal of Accountancy entre junho e julho de 1911. Também escreveu diversos livros, entre eles The Principles of Scientific Management e Shop Management, ambos publicados em 1911.

A administração científica foi um sistema que buscava aumentar a eficiência dos trabalhadores por meio do estabelecimento de padrões para a força de trabalho, a qualidade dos equipamentos e os métodos de execução do trabalho. Também conhecido como “sistema Taylor”, o modelo propunha a sistematização, organização e padronização de todos os métodos operacionais nas indústrias. A base para atingir esses padrões era o estudo de tempos e movimentos, que decompunha cada tarefa para definir um referencial na criação dos padrões operacionais.

Taylor implementou a administração científica em diversas fábricas, como Midvale Steel Company, Tabor Manufacturing Company, Bethlehem Steel Company, Link Belt Company, H.H. Franklin Company e Manufacturing Investment Company. Dentre essas, apenas a Link Belt e a Tabor instalaram o sistema Taylor em todas as suas unidades.

A Sociedade Americana de Engenheiros Mecânicos (American Society of Mechanical Engineers – ASME), entre 1880 e 1912, foi o principal fórum de discussão sobre sistemas de incentivo salarial para trabalhadores e sobre o movimento da administração científica. Taylor escreveu sobre um novo método de pagamento por produção em “A Piece Rate System” (1895), que serviu de base para seus estudos posteriores. Esses conceitos foram debatidos na sociedade por membros como Henry Laurence Gantt, H.R. Towne e E.A. Halsey, que também desenvolveram sistemas próprios de remuneração por desempenho.

O sistema salarial de Taylor exigia estudos de tempo e movimento para determinar quanto tempo levaria para concluir cada tarefa. O esquema de remuneração baseava-se no estabelecimento de padrões realistas de produção e em sua implementação no processo fabril. Todas as operações, desde os procedimentos de manutenção até o suprimento de equipamentos, eram padronizadas.

O sistema de Taylor definia padrões de produtividade, e os sistemas contábeis das fábricas eram vistos como ferramentas para informar a gestão sobre os custos de produção. Para definir preços em contratos por licitação, era necessário prever ou estimar custos. Por isso, a contabilidade também passou a seguir os princípios da padronização. A atuação pública de Taylor na contabilidade de custos começou em 1886, com comentários feitos na reunião anual da ASME. Em 1906, foi presidente da entidade, e seu discurso presidencial, intitulado The Art of Cutting Metals, resumiu seus 26 anos dedicados à promoção da administração científica.

A administração científica foi popularizada pelo Eastern Rate Case de 1910–1911. No último quartel do século XIX, as ferrovias estavam entre as maiores corporações empresariais. Elas desempenharam um papel central na transformação dos Estados Unidos de uma economia agrária para uma economia industrial. À medida que as ferrovias cresciam, também surgia a necessidade de controlar melhor seus custos — elemento essencial da administração científica.

Louis D. Brandeis, que mais tarde se tornaria juiz da Suprema Corte dos EUA, foi o advogado que representou os embarcadores ferroviários do Leste nas audiências tarifárias perante a Interstate Commerce Commission. Ele argumentou que os custos operacionais poderiam ser reduzidos com a aplicação dos princípios da administração científica de Taylor. Gantt, Harrington Emerson e Frank Gilbreth — todos engenheiros industriais de renome — também prestaram depoimentos nessas audiências públicas, que foram eficazes para tornar a administração científica um conceito amplamente conhecido.

As discussões sobre “eficiência” tornaram-se frequentes na imprensa popular entre 1910 e 1920. Realizaram-se conferências, e inúmeros artigos foram escritos tratando da eficiência em todos os aspectos da vida.

A administração científica exigia que os procedimentos de trabalho fossem decompostos em unidades mínimas de tempo e estruturas de custo. Assim, cada elemento do trabalho — como o custo da mão de obra necessário para produzir uma viga de aço — era detalhado em minutos, segundos e dólares. Os custos de materiais eram definidos e calculados com precisão. Engenheiros e contadores precisavam trabalhar juntos para desenvolver um sistema capaz de fornecer à gestão as informações necessárias para um planejamento e controle mais eficazes.

O desenvolvimento da administração científica criou a necessidade de novos sistemas contábeis que fossem capazes de decompor os custos de produção em seus diversos componentes e estimar os custos da produção futura. Era necessário um sistema contábil capaz de apurar os custos reais e compará-los com os padrões previamente estabelecidos pelos engenheiros. Era preciso, ainda, que os custos pudessem ser associados a esses padrões de desempenho. A contabilidade de custos padrão (standard cost accounting) foi esse sistema. Ela foi desenvolvida como resultado direto do trabalho de Taylor e do movimento da administração científica.

Embora, após a morte de Taylor, o movimento tenha perdido força, contadores como Alexander Hamilton Church, G. Charter Harrison, Harrington Emerson e John Whitmore continuaram a desenvolver e aprimorar a metodologia da contabilidade de custos padrão. Ainda assim, o trabalho de Taylor pode ser reconhecido como a base da contabilidade de custos moderna.

Tradução por ChatGPT - Verbete escrito por Marc J. Epstein para The History of Accounting

Grandes nomes da história da contabilidade dos EUA: Vatter

Vatter, William Joseph (1905–1990)

Professor na Universidade de Chicago e na Universidade da Califórnia em Berkeley, e autor da obra The Fund Theory of Accounting and Its Implications for Financial Reports (1947), William Joseph Vatter desenvolveu uma teoria com o objetivo de evidenciar a lógica subjacente à contabilidade moderna.


Vatter considerava insatisfatórias tanto a teoria proprietária quanto a teoria da entidade, pois ambas personalizavam a unidade para a qual se mantém registros contábeis. Como consequência, essas teorias não favoreciam a objetividade — uma qualidade essencial para qualquer análise quantitativa, especialmente no contexto da contabilidade gerencial, onde os gestores precisam tomar decisões constantes entre alternativas. É justamente nesse campo que as limitações da contabilidade tradicional se tornam mais evidentes.

Em sua teoria, o conceito de “fundo” é a ideia central utilizada para alcançar a objetividade. Um “fundo” representa uma área de operações, um centro de interesse ou de atenção. Em um exemplo ilustrativo, Vatter apresentou seis conjuntos de demonstrações: fundo de caixa e bancos, fundo operacional geral, fundo de investimentos, dois fundos de amortização (um para itens correntes e outro para investimentos) e um fundo de capital. Para cada fundo, ele apresentou um balanço patrimonial, com formato convencional, e uma demonstração das operações do fundo. Cada demonstração operacional incluía: (1) receitas e despesas, conforme definição usual; (2) transações de financiamento, como movimentações de caixa classificadas, emissão e resgate de títulos, doações ou baixas de ativos fixos; e (3) efeitos das forças de mercado, como valorização ou desvalorização de estoques.

A teoria de Vatter é igualmente aplicável a entidades públicas e privadas, com ou sem fins lucrativos, bem como a departamentos, divisões ou filiais, além de entidades combinadas ou consolidadas. Como consequência, o conceito e a mensuração do lucro não eram ingredientes essenciais em sua contabilidade. Nenhum lucro líquido aparecia nas demonstrações, embora fosse possível calculá-lo com base nos dados apresentados.

Outra consequência era sua definição flexível de “patrimônio” (ou seja, passivos e patrimônio líquido), que ele identificava simplesmente como “restrições” sobre os ativos do fundo. Essas “restrições” podiam ser legais, equitativas, econômicas ou até baseadas em considerações gerenciais. Como entendia que a “avaliação” não era exclusivamente uma questão contábil, Vatter omitiu qualquer tratamento sistemático desse tema.

A influência direta de Vatter foi mais evidente nos livros-texto publicados nas duas décadas posteriores ao lançamento de Managerial Accounting, em 1950. Sua influência sobre a contabilidade financeira foi menos clara, mas suas críticas profundas às teorias e práticas existentes anteciparam desenvolvimentos como as demonstrações financeiras segmentadas, as críticas aos relatórios emitidos por conglomerados e o interesse do Financial Accounting Standards Board (FASB) na necessidade de “desagregação dos dados” em demonstrações financeiras consolidadas.

Tradução por ChatGPT . Texto de Maurice Moonitz para The History of Accounting

Grandes nomes da história da contabilidade dos Estados Unidos: Sterling

Sterling, Robert R. (1931–2010) - Professor americano de contabilidade e teórico da área, Robert R. Sterling foi um dos principais pensadores cuja obra contribuiu para que as décadas de 1960 e 1970 fossem conhecidas como a “Era de Ouro da Teoria da Contabilidade”. Durante esse período, Sterling e seus contemporâneos abordaram os problemas da contabilidade tradicional baseada em custos históricos, alocações e previsões.


As principais contribuições de Sterling para a reforma da prática contábil por meio do desenvolvimento de uma teoria sólida incluíram os livros Theory of the Measurement of Enterprise Income (1970) e Toward a Science of Accounting (1979). Em Enterprise Income, Sterling avaliou rigorosamente métodos alternativos de avaliação de ativos e mensuração de resultados, incluindo a abordagem contábil tradicional. Aplicando os critérios de relevância (ou seja, em relação a modelos de decisão econômica) e veracidade (isto é, conformidade com a realidade e confiabilidade), ele concluiu que o método de avaliação de mercado com base em preços ou valores de saída era superior.

Enterprise Income foi não apenas a base das obras de Sterling, como também a origem de seu erro mais notório: a crença de que o requisito de veracidade das informações seria claro e evidente para todos. Grande parte de sua carreira subsequente foi dedicada a corrigir esse equívoco.

Toward a Science of Accounting foi um tratado cuidadosamente desenvolvido sobre a seleção de um atributo dos ativos e passivos a ser usado na contabilidade e na apresentação de demonstrações financeiras. Com base nos critérios de relevância e testabilidade empírica (uma reformulação do critério da veracidade), Sterling concluiu que os contadores deveriam usar valores de saída como base para a contabilidade financeira e a elaboração de relatórios.

Como resultado dessas e de outras obras, Sterling tornou-se amplamente reconhecido como um dos principais defensores da contabilidade baseada em valores de saída. De fato, muitos contadores — tanto acadêmicos quanto profissionais — o associavam unicamente a essa abordagem. Essa percepção, no entanto, era equivocada, pois os valores de saída não eram o verdadeiro foco de seu trabalho.

Considerado um teórico normativo, Sterling foi também um empirista de senso prático, com raízes intelectuais na economia e na filosofia da ciência. Seu uso dos valores de saída não era uma premissa não examinada que ele defendia por meio de teorias, mas sim uma conclusão inevitável que decorria da aplicação de princípios científicos à contabilidade. O que importava para Sterling não era o uso dos valores de saída em si, mas sim o uso de um atributo dos ativos e passivos que tivesse um referencial empírico e fosse relevante para decisões econômicas.

Robert R. Sterling foi bacharel em Economia (1956) e mestre em Administração (1958) pela Universidade de Denver. Obteve o doutorado em Economia pela Universidade da Flórida (1965) e foi bolsista de pós-doutorado em Filosofia da Ciência na Universidade de Yale (1966–1967). Além de lecionar durante seus programas de graduação e pós-graduação, foi professor de contabilidade na Universidade do Kansas (1967–1974), na Rice University (1974–1980), na Universidade de Alberta (1980–1981) e na Universidade de Utah (1983–1992). Também atuou como pesquisador sênior na divisão de pesquisa do Financial Accounting Standards Board (1981–1983).

Tradução por ChatGPT. Verbete de Kevin H. McBeth do livro The Accounting History. Foto aqui

Sterling está no Accounting Hall of Fame. 

19 abril 2025

Rir é o melhor remédio

 

Resumindo uma série em uma imagem. 

Grandes nomes da história da contabilidade dos EUA: Previts


Gary John Previts (1942- ) foi um dos fundadores e o primeiro presidente (1973–1975) da Academy of Accounting Historians. Recebeu o Hourglass Award da entidade em 1980. Previts atuou como editor do Accounting Historians Journal (1987–1989), Research in Accounting Regulation (1987– ), da série Modern Accounting Perspectives and Practices (1978– ) e da Accounting History Classic Series (1988–). Também integrou o SEC Regulations Committee do American Institute of Certified Public Accountants (AICPA) a partir de 1988, além de ter servido duas vezes no Governing Council da AICPA. Obteve seu doutorado pela Universidade da Flórida em 1972.

Previts e Barbara D. Merino (1979) contextualizaram a contabilidade americana em perspectivas econômicas, institucionais, políticas e sociais, desde os primeiros assentamentos europeus nos Estados Unidos até os dias atuais. Robert Mednick e Previts (1987), em artigo publicado na edição do centenário do Journal of Accountancy da AICPA, analisaram a abrangência dos serviços prestados pelos contadores certificados (CPAs). Em um trecho interessante, contrastaram as visões cautelosas de George Oliver May com a postura mais expansiva de Arthur Andersen. Mark Moran e Previts (1984) analisaram a relação geralmente complementar, mas por vezes conturbada, entre a profissão contábil e a Securities and Exchange Commission (SEC).

Previts, Parker e Coffman (1990) destacaram as perspectivas do “foi-é-deveria ser” na história da contabilidade, no artigo "Accounting History: Definition and Relevance." Posteriormente, no mesmo ano, aprofundaram suas reflexões sobre o objeto e a metodologia da pesquisa em história da contabilidade no trabalho "An Accounting Historiography? Subject Matter and Methodology."

Gary Previts é certamente reconhecido como um historiador da contabilidade de tipo “ativo”, engajado tanto na pesquisa quanto na construção institucional do campo.

Verbete de Richard Vangermeersch para The History of Accounting. 

Previts recebeu o título de Hall of Fame em 2011

Grandes nomes da história da contabilidade dos EUA: Kaplan


Robert Samuel Kaplan
 (1940- ) é reconhecido internacionalmente por revitalizar a contabilidade de custos e redefinir o papel da contabilidade na gestão empresarial e no planejamento estratégico. Nascido em Nova York, Kaplan cresceu no Bronx. Em 1957, ingressou no Massachusetts Institute of Technology (MIT), obtendo os graus de B.S. e M.S. em engenharia elétrica. Cursou o doutorado em pesquisa operacional da Universidade Cornell, onde concluiu o seu Ph.D. em 1968 e juntou-se ao corpo docente da Universidade Carnegie Mellon. Exceto por um ano como professor visitante na Universidade de Chicago, permaneceu na Carnegie Mellon por quinze anos, servindo como reitor da escola por seis anos. Em 1984, após um ano como professor visitante, integrou-se à Graduate School of Business Administration da Universidade Harvard.

Kaplan é um pesquisador criativo e escritor prolífico, tendo publicado mais de uma dúzia de livros e mais de 125 artigos em periódicos acadêmicos e profissionais. Utilizando sua formação em matemática e estatística, seu trabalho inicial enfatizou a aplicação de técnicas quantitativas à contabilidade, incluindo estudos sobre contabilidade de custos, auditoria e uso de dados contábeis financeiros no mercado de capitais. 

Fonte: American Accounting Association

O resumo acima deixa de citar a contribuição de Kaplan para o ABC e o balanced scorecard

Grandes nomes da história da contabilidade dos EUA: Chambers


Raymond John Chambers (1917-1999) é amplamente reconhecido como um dos principais contribuintes acadêmicos para a profissão contábil. Sua pesquisa promoveu a contabilidade como uma disciplina universitária. Seu objetivo foi aprimorar a prática contábil, expondo a natureza assistemática das práticas convencionais e a ineficácia do produto que elas geravam. O fortalecimento da relação necessária entre prática, pesquisa e ensino foi o tema dominante e consistente na obra de Chambers desde a década de 1940. Sua produção acadêmica é vasta — com mais de 230 artigos e nove livros de grande importância.

Sua obra seminal, Accounting, Evaluation, and Economic Behavior (1966), propôs uma base teórica abrangente para um estilo de contabilidade denominado continuous contemporary accounting (CoCoA), ou contabilidade continuamente contemporânea, que buscava mitigar erros e eliminar muitas das falhas e impropriedades da prática contábil. Em 1986, uma coleção em cinco volumes com seus principais artigos foi publicada pela Garland Publishing. Chambers foi o fundador da revista acadêmica Abacus.

O CoCoA foi apresentado de forma aprofundada em Accounting, Evaluation, and Economic Behavior em 1966. É coerente com vasta literatura econômica sobre moeda, preços, níveis e estruturas de preços, os princípios da teoria da mensuração e as regras de bom senso do cálculo financeiro. Assim, a riqueza de uma entidade é medida como o montante do poder de compra geral, corrente e livre de restrições, que ela detém; o lucro de um período corresponde ao aumento dessa riqueza; e o prejuízo, à sua diminuição. A riqueza é calculada como o total dos valores nominais de caixa e ativos líquidos, somado ao equivalente em caixa dos ativos físicos, subtraindo-se o valor contratual das obrigações. O equivalente em caixa de um ativo físico é indicado, preferencialmente, pelo seu preço de venda corrente.

Sob muitos aspectos, o CoCoA se assemelha à contabilidade ao custo histórico: o princípio das partidas dobradas é aplicado de forma consistente; transações à vista e a crédito são registradas da mesma forma; e o princípio da competência é utilizado sistematicamente. O lucro do período no CoCoA tem três componentes: receitas líquidas (recebimentos menos pagamentos), ajuste por variação de preços (alterações líquidas nos equivalentes em caixa dos ativos físicos) e ajuste de manutenção de capital (valor necessário para reexpressar a riqueza do início do período com base no poder de compra da moeda ao final do período). Este último é um ajuste de escala para refletir a variação do poder de compra da unidade monetária.

Preocupado em explicar suas ideias a públicos céticos, Chambers recorreu a métodos inovadores de exposição e ensino. Um dos mais significativos foi o uso, nos anos 1960, de notação matemática para demonstrar como seu sistema contábil acomodava simultaneamente mudanças em preços específicos e no nível geral de preços. Essa notação passou a fazer parte de diversas análises e relatórios profissionais, governamentais e educacionais no campo conhecido como “contabilidade para inflação”.

Em toda a sua obra, a ligação entre observação e prescrição é clara e assumidamente expressa. Assim como a conexão entre pesquisa, ensino e prática. O contexto pós-Segunda Guerra Mundial — com crescimento empresarial, fusões, internacionalização de empresas, novas formas organizacionais, métodos financeiros complexos, falências inesperadas e contabilidade questionável — situa e reforça a relevância das contribuições de Chambers. As chamadas por regulamentação estatal foram respondidas com apelos à autorregulação. Práticas contábeis se tornaram mais sistemáticas, baseadas em princípios e traduzidas em normas — mas ainda assim, falhas e práticas duvidosas persistiram.

Chambers buscou inspiração livremente em outras áreas do saber, como economia, direito, mensuração, comunicação e teoria da informação. Uma característica incomum, especialmente em contabilidade, é que sua teoria, o CoCoA, representa a convergência dessas disciplinas afins. (...)

Tradução parcial GPT do verbete de Frank L. Clarke e Graeme W. Dean para The History of Accounting

Grandes nomes da história da contabilidade dos EUA: Horngren


Horngren, Charles T. (1926–2011) é amplamente considerado o mais influente contador de custos e de gestão da segunda metade do século XX. Horngren foi autor ou coautor de quatro livros didáticos de grande impacto desde 1962: Cost Accounting: A Managerial Emphasis, Introduction to Management Accounting, Introduction to Financial Accounting e Accounting

O foco tradicional da contabilidade de custos era a acumulação de custos para fins de cálculo do custo dos produtos e da valoração dos estoques. Com seu livro Cost Accounting: A Managerial Emphasis, Horngren foi a força dominante na mudança desse foco, direcionando a contabilidade de custos para o fornecimento de informações úteis à tomada de decisão, ao planejamento e ao controle gerencial.

Horngren introduziu duas ideias-chave que são amplamente ensinadas e praticadas até hoje. A primeira é “custos diferentes para finalidades diferentes” — a ideia, por exemplo, de que gestores podem escolher um método de alocação de custos para tomar decisões e outro distinto para influenciar o comportamento de subordinados. Essa noção levou Horngren a definir e desenvolver o conceito de “custos relevantes”, que forma a base de grande parte do ensino atual de contabilidade de custos e gerencial. A segunda ideia é que os sistemas de contabilidade gerencial são bens econômicos sujeitos ao critério de custo-benefício. Ou seja, ao se avaliar sistemas de contabilidade gerencial, os custos da informação contábil devem ser comparados com os benefícios decorrentes de melhores decisões tomadas pelos gestores com base nessas informações. Essas ideias foram fundamentais para deslocar o pensamento contábil do foco na “verdade absoluta” para uma orientação baseada na “economia da informação contábil”.

Horngren obteve o título de MBA pela Universidade Harvard em 1952 e o doutorado pela Universidade de Chicago em 1955. Foi professor nessa universidade de 1959 a 1966, quando ingressou na faculdade da Universidade de Stanford, onde continuou lecionando. Foi membro do Accounting Principles Board (1968–1973), do Conselho Consultivo do FASB – Financial Accounting Standards Board (1976–1980) e da Financial Accounting Foundation (1984–1989). Foi presidente da American Accounting Association em 1976–1977 e membro do Conselho de Regentes do Institute of Management Accounting. Tornou-se membro do Accounting Hall of Fame em 1990.

Charles Thomas Horngren faleceu em 23 de outubro de 2011, com 84. 

Tradução por: ChatGPT. Texto original por: Srikant M. Datar para The History of Accounting. 

Rir é o melhor remédio

"Uma borboleta que bate asas na China, provoca um furacão no México"
 

18 abril 2025

O Contador 2


No dia 25 de abril deve estrear o filme O Contador 2. Com o mesmo ator no papel principal, o filme é mais uma história de ação, do que uma discussão sobre lançamentos contábeis. 

Quando um velho conhecido é assassinado, deixando para trás uma mensagem enigmática para “encontrar o contador”, Christian Wolff é obrigado a resolver o caso. Ele percebe que medidas mais extremas são necessárias e por isso recruta seu irmão distante para ajuda-lo. 

Trum aperta o cerco contra Harvard


O Departamento de Educação dos Estados Unidos está exigindo que a Universidade de Harvard forneça registros detalhados sobre doações e contratos estrangeiros. Com isso, a administração Trump busca intensificar a fiscalização sobre instituições de ensino superior. Durante seu primeiro mandato, o presidente Trump iniciou auditorias em cerca de 20 universidades de pesquisa, incluindo Harvard. 

A secretária de Educação, Linda McMahon, acusou Harvard de não ser "totalmente transparente ou completa em suas divulgações", o que considera "inaceitável e ilegal". Mas Jason Newton, porta-voz de Harvard, afirmou que a universidade cumpre as exigências legais.

No texto, o Departamento de Educação solicita uma lista de todos os presentes, subvenções e contratos com fontes estrangeiras desde 1º de janeiro de 2020, incluindo nomes e registros de comunicação com doadores estrangeiros, detalhes sobre pesquisadores envolvidos em projetos internacionais e informações sobre estudantes e acadêmicos estrangeiros associados à universidade nos últimos 15 anos. Harvard tem um prazo de 30 dias para atender a essas solicitações.​

Rir é o melhor remédio


 Excel, quem já usou entenderá. 

Restrição nos fundos de uma entidade do terceiro setor: Harvard


A fúria de Trump contra Harvard encontrou uma instituição de ensino que possui um fundo patrimonial gigantesco. Isso tem sido usado por alguns como uma garantia que Harvard teria como resistir à pressão do presidente. Mas há uma questão que não está sendo considerada, que o texto a seguir explorou bem: muitos fundos de entidade do terceiro setor possuem restrição no seu uso. Assim, o impressionante tamanho do fundo de Harvard talvez não seja uma garantia de que a instituição possa resistir ao fúria. Eis o trecho

Nas últimas semanas, Harvard tem avaliado a possibilidade de recorrer ao seu fundo patrimonial, de US$ 53 bilhões — o maior do ensino superior —, para resistir à retaliação do governo federal.

No entanto, a maior parte desse fundo é “restrita”, ou seja, destinada a fins específicos definidos pelos doadores. As universidades evitam usar até mesmo as partes “livres” de seus fundos — cerca de de US$ 10 bilhões, no caso de Harvard —, tratando esses valores mais como contas de aposentadoria das quais dependem para cobrir despesas operacionais anuais do que como reservas de emergência. 

Trump ameaçou que alterar o status de Harvard como uma entidade do terceiro setor, o que implicaria em carga tributária para a instituição, mas também para os doadores. Ele pode fazer isso? Sim, mas talvez a justiça force a voltar atrás. Mas o estrago já estará feito. 

17 abril 2025

Rir é o melhor remédio

Fonte: aqui
 

Post Office

Em 1999 a Post Office instalou um sistema informatizado para gerenciar as contas das agências postais. O sistema foi desenvolvido pela empresa Fujitsu e apresentava erros que considerava a existência de déficits financeiros falsos. Uma consequência foi que gerentes de agências postais foram acusados de furto, fraude ou má gestão, muitos deles sendo demitidos. 


Em abril de 2015, a BBC apresentou uma investigação sobre as falhas no sistema de contabilidade Horizon. O texto mostrava que os Correios do Reino Unido, ou Post Office não estava ajudando na descoberta dos problemas. Além disso, recusava a considerar que existia uma grande no sistema Horizon. 

E o governo fez pior, ao promover a chefe executiva do Post Office, Paula Vennells, e até conceder uma honraria para ela pelos serviços prestados no Post Office, em 2019. (Esse ano a honraria foi revogada pelo rei Carlos III)

E agora a mesma BBC traz que a EY - novamente uma big four - está sendo investigada no escândalo. A empresa fazia auditoria no Post Office e a investigação adequada do sistema de gestão Horizon deveria ser uma das tarefas da auditoria. Financial Reporting Council (FRC), o regulador contábil do Reino Unido, disse que irá verificar se a EY atendeu aos seus padrões.

Cerca de 900 pessoas foram atingidas pelo escândalo. Já se sabe que desde 2011 a direção do Post Office sabia que o software era um risco real. 

Relatório Anual do FAF


Foi divulgado (aqui) o relatório anual da Financial Accounting Foundation (FAF), entidade que apoia as atividades dos reguladores nos Estados Unidos. Anteriormente o blog tinha divulgado um comparativo entre essa fundação e a Fundação IFRS. Os números que trabalhamos são basicamente os mesmos; ou seja, a FAF possui um bom volume de caixa, está gerando caixa das operações e tem um ativo bastante robusto. Em outras palavras, bom desempenho financeiro. 

Desorganização digital

Eis um tema interessante:

Embora muitas pessoas estejam familiarizadas com o quão desorganizados ou confusos espaços físicos podem afetar coisas como produtividade, ansiedade e níveis de estresse, o mundo moderno introduziu um novo espaço onde a desordem pode ter impactos semelhantes: sua vida digital. 

Coisas como notificações e mensagens não lidas, bem como aplicativos não utilizados, arquivos e mídias antigas, como fotos e vídeos, podem ocupar espaço em dispositivos como smartphones e computadores, impactando o desempenho do dispositivo e dificultando a localização de itens que os usuários realmente precisam.


Para descobrir o quão difundida e intrusiva é a desordem digital para a pessoa média, a All About Cookies entrevistou 1.000 adultos dos EUA. Descobrimos quantas mensagens e notificações não lidas a pessoa média tem, quantas pessoas sentem que a desordem digital tem um impacto negativo perceptível em suas vidas e muito mais.

Resumo:

Uma pessoa média tem mais de 1.000 e-mails não lidos.

Um desastre digital: 77% das pessoas sentem que a desordem digital afeta negativamente sua vida.

50% das pessoas dizem que ficam frustradas porque a desordem digital dificulta a localização de aplicativos e arquivos de que precisam.

Quase um terço das pessoas (31%) pagou para atualizar um dispositivo para um com mais armazenamento por causa da desordem digital.

Além dos e-mails, os entrevistados relataram ter, em média, 12 mensagens de texto não lidas, 17 notificações de redes sociais não visualizadas e 15 abas de navegador abertas simultaneamente.​

Você pode ser mais aqui

16 abril 2025

Máquina de escrever


Hoje, na minha aula na universidade, comentei sobre o desenvolvimento tecnológico e a contabilidade. Falei da criação da máquina de datilografia, do teclado QWERTY - um exemplo de regulação privada, dos primeiros computadores e como a contabilidade convive com a tecnologia há mais de cem anos. 

E deparo com um longo artigo da BBC sobre pessoas que ainda utilizam a máquina de escrever nas atividades diárias. É bem verdade que o texto, como é praxe em qualquer texto jornalístico, traz alguns exemplos e faz inferências gerais sobre as pessoas que ainda usam o equipamento. Mas há algumas histórias interessantes. 

Uma delas fala que em razão da vigilância de agências de inteligência, a máquina voltou a ser usada por autoridades ciosas em evitar a espionagem. Em 2013, o Serviço de Guarda Federal da Rússia (FSO0 voltou a usar a máquina com o receio da espionagem. O mesmo ocorreu com autoridades alemãs. 

Mas o mais interessante foi saber que a empresa Royal ainda hoje fabrica máquinas de escrever, vendendo cerca de 20 mil máquinas elétricas e 40 mil mecânicas. 

O Michelangelo do Microsoft Excel

A planilha que tem sua origem no uso pela contabilidade, revela novas utilidades.

Frase


Não são as honrarias e prêmios da vida que, no fim das contas, nutrem nossa alma. É saber que podemos ser confiáveis, que nunca precisamos temer a verdade, que a base do nosso ser é feita de coisa boa.

(Mister Rogers)

Fonte: 1440 Newsletter, 20 de março de 2025

Os itens mais esquecidos no Uber

Já esqueceu algo em um Uber? A empresa fez um levantamento dos itens perdidos, e a lista inclui desde um chifre viking para bebida até uma tartaruga viva. O levantamento foi realizado nos Estados Unidos e no Canadá, mas a lista de outros países talvez não seja tão diferente assim.


No ano passado, 1,7 milhão de passageiros deixaram seus celulares no carro. Eis algumas curiosidades:

Itens mais incomuns: motosserra, placa com a frase “Annie casou”, orelhas do Shrek, um buquê com 100 rosas vermelhas, um cone de trânsito, uma varinha do Harry Potter, máquina de costura, papéis de divórcio, dez lagostas vivas, entre outros.

Os campeões de esquecimento: celular, carteira, chaves, bagagem, fones de ouvido, óculos, roupas, passaporte, cigarro eletrônico e garrafa d’água. A empresa divulgou que 1,7 milhão de iPhones e Androids foram esquecidos nas viagens.

O dia 26 de outubro leva a coroa como o dia com mais itens perdidos. Talvez não seja coincidência que tenha caído justamente no sábado do fim de semana de Halloween... E o horário mais comum para esquecimentos é entre 23h e meia-noite, quando a noite está chegando ao fim.

Rir é o melhor remédio


 

15 abril 2025

Eficiência e Imposto de Renda

Alguém da DOGE notou que o botão de login do site do IRS estava enterrado no meio da página, em vez de no canto superior direito, onde todos esperam.

Um engenheiro do IRS disse que o mais rápido que essa correção básica poderia acontecer através de canais normais era 1o de julho, a 103 dias de distância. Mas quando DOGE entrou em cena para excluir a burocracia, o mesmo engenheiro a consertou em apenas 71 minutos.

Fonte: aqui

Isso poderia chegar aqui. Especialmente na Capes, nos relatórios de avaliação, no horroroso sistema Sucupira. Em lugar de escrever milhares de palavras nesse sistema que é para doidos, tudo poderia ficar resumo em uma redação de quatro páginas, em um documento. Não seria uma maravilha? 

Turismo e efeito da política

 

Gráfico aqui. O declínio de europeus viajando para os Estados Unidos caiu substancialmente. 

Exceção nada pequena

Da coluna de Nate Silver:

Na noite de sexta-feira, após o fechamento do mercado, o presidente Trump isentou da aplicação das tarifas recentemente implementadas as importações de equipamentos eletrônicos, incluindo celulares, semicondutores e computadores — inclusive as tarifas de três dígitos sobre a China.² Trata-se de uma exceção nada pequena. Equipamentos eletrônicos são a maior categoria de importações dos EUA vindas da China, representando 127 bilhões de dólares em compras em 2024 — cerca de 400 dólares por consumidor americano.