Raymond John Chambers (1917-1999) é amplamente reconhecido como um dos principais contribuintes acadêmicos para a profissão contábil. Sua pesquisa promoveu a contabilidade como uma disciplina universitária. Seu objetivo foi aprimorar a prática contábil, expondo a natureza assistemática das práticas convencionais e a ineficácia do produto que elas geravam. O fortalecimento da relação necessária entre prática, pesquisa e ensino foi o tema dominante e consistente na obra de Chambers desde a década de 1940. Sua produção acadêmica é vasta — com mais de 230 artigos e nove livros de grande importância.
Sua obra seminal, Accounting, Evaluation, and Economic Behavior (1966), propôs uma base teórica abrangente para um estilo de contabilidade denominado continuous contemporary accounting (CoCoA), ou contabilidade continuamente contemporânea, que buscava mitigar erros e eliminar muitas das falhas e impropriedades da prática contábil. Em 1986, uma coleção em cinco volumes com seus principais artigos foi publicada pela Garland Publishing. Chambers foi o fundador da revista acadêmica Abacus.
O CoCoA foi apresentado de forma aprofundada em Accounting, Evaluation, and Economic Behavior em 1966. É coerente com vasta literatura econômica sobre moeda, preços, níveis e estruturas de preços, os princípios da teoria da mensuração e as regras de bom senso do cálculo financeiro. Assim, a riqueza de uma entidade é medida como o montante do poder de compra geral, corrente e livre de restrições, que ela detém; o lucro de um período corresponde ao aumento dessa riqueza; e o prejuízo, à sua diminuição. A riqueza é calculada como o total dos valores nominais de caixa e ativos líquidos, somado ao equivalente em caixa dos ativos físicos, subtraindo-se o valor contratual das obrigações. O equivalente em caixa de um ativo físico é indicado, preferencialmente, pelo seu preço de venda corrente.
Sob muitos aspectos, o CoCoA se assemelha à contabilidade ao custo histórico: o princípio das partidas dobradas é aplicado de forma consistente; transações à vista e a crédito são registradas da mesma forma; e o princípio da competência é utilizado sistematicamente. O lucro do período no CoCoA tem três componentes: receitas líquidas (recebimentos menos pagamentos), ajuste por variação de preços (alterações líquidas nos equivalentes em caixa dos ativos físicos) e ajuste de manutenção de capital (valor necessário para reexpressar a riqueza do início do período com base no poder de compra da moeda ao final do período). Este último é um ajuste de escala para refletir a variação do poder de compra da unidade monetária.
Preocupado em explicar suas ideias a públicos céticos, Chambers recorreu a métodos inovadores de exposição e ensino. Um dos mais significativos foi o uso, nos anos 1960, de notação matemática para demonstrar como seu sistema contábil acomodava simultaneamente mudanças em preços específicos e no nível geral de preços. Essa notação passou a fazer parte de diversas análises e relatórios profissionais, governamentais e educacionais no campo conhecido como “contabilidade para inflação”.
Em toda a sua obra, a ligação entre observação e prescrição é clara e assumidamente expressa. Assim como a conexão entre pesquisa, ensino e prática. O contexto pós-Segunda Guerra Mundial — com crescimento empresarial, fusões, internacionalização de empresas, novas formas organizacionais, métodos financeiros complexos, falências inesperadas e contabilidade questionável — situa e reforça a relevância das contribuições de Chambers. As chamadas por regulamentação estatal foram respondidas com apelos à autorregulação. Práticas contábeis se tornaram mais sistemáticas, baseadas em princípios e traduzidas em normas — mas ainda assim, falhas e práticas duvidosas persistiram.
Chambers buscou inspiração livremente em outras áreas do saber, como economia, direito, mensuração, comunicação e teoria da informação. Uma característica incomum, especialmente em contabilidade, é que sua teoria, o CoCoA, representa a convergência dessas disciplinas afins. (...)
Tradução parcial GPT do verbete de Frank L. Clarke e Graeme W. Dean para The History of Accounting
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