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27 abril 2025

Grandes nomes da história da contabilidade mundial: May

May, George Oliver (1875–1961)


George Oliver May nasceu em 22 de maio de 1875, em Teignmouth, Devonshire, Inglaterra. Ingressou no escritório de Londres da Price Waterhouse em 1897 e, ainda naquele ano, mudou-se para os Estados Unidos, onde se juntou à equipe da Jones, Caesar and Company, uma firma afiliada à Price Waterhouse nos EUA. Foi admitido como sócio da Price Waterhouse em 1902, nomeado sócio sênior em 1911 e continuou nessa função até 1927, quando se afastou da prática ativa para dedicar suas energias a questões profissionais, principalmente através do American Institute of Accountants. Aposentou-se da Price Waterhouse em 1940, mas continuou ativo na profissão quase até sua morte, em 25 de maio de 1961.

Suas contribuições mais significativas para o desenvolvimento do pensamento contábil ocorreram após sua saída da prática ativa em 1927, coincidindo com o que provavelmente foi o período mais importante no desenvolvimento da contabilidade — a década de 1930. May era um intelectual interessado em uma ampla variedade de áreas além da contabilidade, incluindo economia, tributação, direito e filosofia.

Provavelmente devido à sua formação britânica, May era pragmático. Sua influência pragmática é claramente visível no trabalho do Special Committee on Cooperation with Stock Exchanges (1932–1934), presidido por ele. Essa influência também se reflete nos resultados do Committee on Accounting Procedure, do qual May foi o líder ativo nos primeiros quatro anos desde sua criação em 1936 e do qual permaneceu membro até 1944.

May considerava seu trabalho no Special Committee on Cooperation with Stock Exchanges como sua maior contribuição para a profissão. A correspondência entre esse comitê e o Committee on Stock List da Bolsa de Valores de Nova York reflete claramente suas ideias. May acreditava ser importante educar o público sobre tanto a importância quanto as limitações das demonstrações financeiras. Ele argumentava que essas demonstrações refletem eventos que ocorrem em um mundo de incertezas e, portanto, não podem transmitir um grau de certeza maior do que o dos próprios eventos. May enfatizava a natureza convencional da contabilidade e defendia que as corporações deveriam escolher seus próprios métodos contábeis, divulgá-los e aplicá-los de forma consistente. Acreditava que a contabilidade é amplamente convencional, deve servir a um propósito social útil e deve evoluir conforme mudam as condições econômicas e as políticas sociais.

A influência pragmática de May foi sentida na abordagem adotada pelo Committee on Accounting Procedure no desenvolvimento dos princípios contábeis. Uma corrente de pensamento defendia que nada fosse publicado até que se acumulasse um corpo de doutrina. May, por outro lado, sustentava que o comitê deveria tratar de questões individuais até que um corpo razoável de doutrina fosse alcançado. Foi esta última abordagem que o comitê adotou. Ele se opunha a qualquer tentativa de promulgar regras uniformes de contabilidade. Acreditava que padrões uniformes significariam necessariamente padrões mais baixos e estava convencido de que a contabilidade uniforme levaria à criação de burocracias para sua imposição, o que seria prejudicial tanto ao interesse público quanto à profissão contábil. Em seu julgamento, o apropriado seria desenvolver novos métodos de análise e apresentação que resultassem em demonstrações financeiras mais significativas, além de adaptar a prática contábil às necessidades de três classes de corporações. Ele as classificava como: pequenas corporações, grandes corporações de capital aberto e corporações reguladas.

May acreditava que não haveria vantagem em aplicar padrões uniformes às pequenas corporações e que, dado que as grandes corporações estavam em constante crescimento e mudança, qualquer tentativa de uniformidade sustentada seria fútil. Além disso, argumentava que qualquer tentativa de uniformidade encerraria o progresso no desenvolvimento da profissão e enfatizaria a forma em detrimento do conteúdo. Em sua opinião, havia o risco de se criar a crença em um grau de uniformidade e comparabilidade que não poderia ser alcançado.

Ao longo de sua vida profissional, May manteve interesse na determinação do lucro, dedicando considerável reflexão ao tema. Em 1947, foi fundamental na organização do Study Group on Business Income e atuou como consultor de pesquisa do grupo até a publicação de seu relatório final em 1952. May enfatizava a necessidade de uma abordagem interdisciplinar para definir o conceito de lucro e acreditava que o papel do contador era aconselhar e cooperar com membros de disciplinas correlatas na formulação dessa definição, além de implementar o conceito aceito. O contador deveria tornar claro para os demais o significado da renda apurada.

May estava principalmente interessado no conceito de lucro empresarial e acreditava que ele consistia em dois componentes — um gerado pelas operações do negócio e um segundo oriundo de lucros e perdas resultantes de mudanças no nível de preços. Observava que o método LIFO (last in, first out) de avaliação de estoques, essencialmente, permitia a apuração do lucro em valores correntes. Defendia que a depreciação deveria ser tratada da mesma maneira — um afastamento do princípio do custo histórico.

Devido à estreita relação com a determinação do lucro, May também se interessava profundamente por tributação e acreditava que os impostos deveriam ser divulgados como item separado na demonstração de resultados. Em sua opinião, o principal valor das demonstrações de resultados estava na luz que lançavam sobre a capacidade futura de geração de lucros. Essas demonstrações deveriam destacar tendências significativas, sendo o aumento da tributação uma tendência relevante nas décadas de 1930 e 1940.

George Oliver May foi uma luz orientadora para a profissão.

Por Henry Francis Stabler para o verbete The History of Accounting

O verbete da Wikipedia destaca que a influência de May foi responsável pela SEC, criada nos anos 30, delegasse para profissão contábil a responsabilidade de emitir as normas contábeis, fato esse que influenciou a contabilidade nas décadas seguintes. É importante lembrar que May está no Hall of Fame, uma honraria para alguns grandes nomes da contabilidade dos Estados Unidos. Mais do que isso, foi um dos três primeiros homenageados, juntamente com Patton e Montgomery 

Apesar do impacto de May ter ocorrido especialmente nos Estados Unidos, estou usando nessas postagens o local de nascimento para classificá-lo como um grande nome da história da contabilidade mundial. 

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