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03 março 2025

Imposto mínimo global sob ameaça

A notícia talvez seja um pouco antiga, mas, como parece ter passado despercebida, é importante registrá-la aqui. Com a subida ao poder de Donald Trump, o presidente retirou os Estados Unidos do acordo fiscal global liderado pela OCDE.

Há tempos existe uma insatisfação de diversos países com o agressivo planejamento tributário das empresas multinacionais. A carga tributária variável entre os países faz com que essas empresas busquem nos paraísos fiscais um refúgio para encaminhar os recursos advindos de suas receitas.

Esse cenário levou a OCDE, uma entidade que reúne algumas das nações mais importantes da economia mundial, a conduzir um movimento para impor uma alíquota mínima global. Isso poderia evitar a transferência de lucros para paraísos fiscais.

Os países mais pobres estão se sentindo excluídos e exigem que a condução das negociações seja realizada pela ONU. Logo após o anúncio de Trump sobre a retirada dos EUA do acordo da OCDE, a ONU retomou as negociações nesse mesmo sentido.

Naturalmente que a contabilidade é muito importante nessa conversa: afinal tributar qual lucro? Os padrões contábeis podem esclarecer tal fato. 

PCAOB absorvido pela SEC?

Logo após o escândalo da Enron, o Legislativo dos Estados Unidos começou a discutir o que poderia ser feito para evitar que a situação se repetisse. Um esforço conjunto dos dois maiores partidos políticos daquele país e das duas casas de representantes resultou em um novo conjunto de regras, que incluía algumas novidades, como a assinatura das demonstrações pelo principal executivo da empresa e a fiscalização do trabalho das empresas de auditoria.

A questão da fiscalização representava, de fato, uma grande mudança. Havia a crença de que a reputação seria suficiente para garantir que as auditorias fossem cuidadosas em sua tarefa. Se o trabalho não fosse adequado, a reputação da auditoria sofreria no mercado e o auditor perderia clientes. Isso parece bastante lógico em um mundo ideal. Na prática, porém, há um custo muito alto para trocar de auditor, e essa mudança é um processo bastante demorado. Ademais, nem sempre há interesse na substituição.

Apesar de a auditoria sofrer com eventuais quedas na qualidade, parece que o simples medo de perder reputação não era suficiente para manter o trabalho do auditor dentro de um padrão aceitável. No conjunto de medidas adotadas, foi criada uma entidade responsável pela fiscalização do trabalho dessas empresas: o PCAOB.

Mais de vinte anos depois, o PCAOB já foi alvo de escândalos envolvendo seus funcionários, desenvolveu um sistema de fiscalização que resultou em algumas multas e se impôs perante o mercado.


Agora, um novo governo, que nomeou um novo presidente para a SEC, a comissão que regula o mercado de capitais dos Estados Unidos, dá sinais de mudança. O nomeado deu a entender que defende a eliminação do PCAOB. As tarefas atualmente desempenhadas pelo PCAOB seriam assumidas pela própria SEC, o que representaria uma mudança na direção da contabilidade dos Estados Unidos.

Talvez, neste momento, fosse importante recorrer ao mundo acadêmico e verificar as evidências disponíveis sobre o trabalho realizado pela entidade. Quem sabe ali se encontre uma resposta mais adequada para essa questão.

02 março 2025

Felicidade e casamento


As pesquisas para descobrir o que influencia a felicidade das pessoas continuam. Um estudo de 2023, baseado em uma ampla base de dados — o General Social Survey — de 1972 a 2018, permitiu quantificar o "prêmio do casamento". Esse conceito representa a diferença entre a felicidade das pessoas casadas e a das não casadas.

A pesquisa revelou que esse prêmio é positivo, ou seja, os casados são mais felizes do que os não casados. Além disso, o prêmio se manteve estável ao longo do tempo e entre diferentes grupos demográficos, incluindo gênero, idade, raça, escolaridade e renda.

No entanto, não foi encontrada relação entre o prêmio do casamento e fatores como ter filhos ou a atividade sexual. Permanece um mistério o fato de o prêmio ter se mantido estável ao longo de um período marcado por grandes mudanças na estrutura social. Também não é possível estabelecer com clareza a relação de causalidade: o casamento torna as pessoas mais felizes ou a felicidade favorece o casamento?

Fonte: aqui

Diversidade e Big Four

A Deloitte dos EUA, uma das Big Four, determinou que funcionários em contratos governamentais removam pronomes de gênero das assinaturas de e-mail e encerrou programas de diversidade e inclusão. A medida segue uma ordem executiva de Trump que elimina iniciativas DEI em órgãos públicos.


A empresa justificou a mudança como uma exigência para manter a conformidade com regras governamentais. Desde 2016, a Deloitte já enfrentava críticas da ala conservadora, após um executivo vazar mensagens desfavoráveis a Trump.

Enquanto isso, a Deloitte do Reino Unido reafirmou seu compromisso com a diversidade.

Nos EUA, a decisão é vista como pragmática — ou oportunista —, já que a empresa faturou $3,54 bilhões em contratos governamentais em 2024, o que representa 11% de sua receita total no país.

01 março 2025

Um artigo polêmico de vencedores do Nobel

O resumo


Documentamos uma associação estatística entre a severidade da perseguição, deslocamento e assassinato em massa de judeus pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial e os resultados econômicos e políticos de longo prazo na Rússia. As cidades que sofreram mais intensamente com o Holocausto cresceram menos, e tanto as cidades quanto os distritos administrativos (oblasts) onde o impacto do Holocausto foi maior apresentam piores resultados econômicos e políticos desde o colapso da União Soviética.

Dos três autores, dois receberam recentemente o prêmio Nobel. A distinção origina de um artigo de 2001, denominado The Colonial Origins of Comparative Development. O artigo que deu a premiação sofre críticas de fraqueza metodológica, viés de seleção e outros problemas. Dois anos antes do Nobel para essa pesquisa, muitas críticas para premiação de Bernanke.

O artigo acima foi questionado pelo fato de ser assertivo com um R2 muito baixo.

KPMG é uma empresa de advocacia nos EUA


A KPMG recebeu autorização do estado do Arizona para abrir um escritório de advocacia e imediatamente anunciou a novidade em um comunicado. A empresa lançou a KPMG Law US, tornando-se a primeira firma de advocacia nos EUA pertencente a uma das Big Four.

A iniciativa busca aproveitar o crescimento do mercado jurídico, oferecendo serviços legais aliados à tecnologia e à expertise da KPMG. A nova firma atuará com inteligência artificial e a plataforma KPMG Digital Gateway, expandindo a prática de Legal Business Services já existente. Além disso, trabalhará em conjunto com a rede global de escritórios de advocacia da KPMG em mais de 80 países, fornecendo serviços de consultoria jurídica operacional, gestão legal e inovação tecnológica.

A oportunidade surgiu após uma decisão da Suprema Corte do Arizona em 2020, que permitiu estruturas de negócios alternativas (ABSs), permitindo a propriedade de escritórios de advocacia por não advogados para incentivar a inovação e tornar os serviços jurídicos mais acessíveis.

Baseado aqui

Um mundo mais estável politicamente

Os dados são de um centro da Universidade de Illinois e mostram o número de golpes e conspirações para derrubar um governo ao longo do tempo, desde o instável mundo dos anos setenta até a calmaria do início do milênio. Nos últimos anos, o número de golpes aumentou após a pandemia, mas ainda assim permanece abaixo dos valores anteriores.

Em 2024, estão na lista eventos relacionados a Bangladesh, Síria e Haiti. No entanto, os números também incluem fatos que não parecem golpes, como a dissolução do parlamento do Kuwait pelo emir. Os eventos de 6 de janeiro de 2021, nos Estados Unidos, fazem parte da lista.

Na base de dados, o Brasil aparece nos anos de 1945, 1954, 1955, 1959, 1961, 1963, 1964, 1969, 2022 e 2023. Os três eventos mais recentes foram classificados como conspiração (2022) e tentativa de golpe.












Quando os humanos fazem diferença nas transações do mercado

Muito importante e interessante. Há mais informação que os números captam. Do Journal of Finance:


 Embora o trading algorítmico domine atualmente os mercados financeiros, algumas bolsas continuam a utilizar traders humanos no pregão. Em 23 de março de 2020, a NYSE suspendeu as negociações no pregão devido à COVID-19. Usando uma análise de diferença-em-diferenças em torno do fechamento do pregão, descobrimos que os traders humanos desempenham um papel importante na qualidade do mercado. A suspensão das negociações no pregão levou a spreads mais elevados e a erros de precificação maiores para as ações tratadas em comparação com as ações de controle. Para explorar o mecanismo, analisamos duas reaberturas parciais do pregão com características distintas. Nossos achados sugerem que a interação humana presencial facilita a transferência de informações valiosas que os algoritmos não conseguem captar.

Filmes e mercado acionário

Parece não fazer sentido, mas imaginando que um filme blockbuster pode ser uma métrica do "humor" ...


Este estudo apresenta uma métrica inovadora de humor – o lançamento de filmes blockbuster – e investiga sua correlação com a dinâmica do mercado de ações. Documentamos uma correlação positiva significativa entre o lançamento de filmes blockbuster e os retornos do mercado de ações dos EUA na semana seguinte. Esse padrão permanece robusto em diversos testes de robustez, tanto dentro quanto fora da amostra. As variações na receita semanal de bilheteria e o aumento nas buscas na Internet por termos relacionados a filmes reforçam ainda mais essa relação. Além disso, os lançamentos de filmes blockbuster preveem menor volatilidade esperada do mercado e menor aversão ao risco. O efeito preditivo positivo nos retornos do mercado também é evidente em mercados internacionais. 

Fonte: aqui

Valor justo no governo

O Governmental Accounting Standards Board (GASB) publicou um relatório de revisão pós-implementação sobre a Pronunciamento nº 72, que trata da mensuração e aplicação do valor justo. O relatório concluiu que a norma atingiu seus objetivos principais:​ a) atendeu ao propósito declarado, resolvendo questões de avaliação do ponto de vista de relatórios financeiros.; b) Os custos e benefícios associados estão alinhados com as expectativas iniciais; c) O conselho seguiu adequadamente seu processo de definição de normas.​

Além disso, a aplicação do pronunciamento fornece aos usuários informações úteis para a tomada de decisões, como mensurações de valor justo utilizadas na análise de informações financeiras governamentais e divulgações relacionadas ao valor justo. A norma agora está apta a passar por procedimentos de revisão pós-implementação mais extensos, culminando em um relatório final.


Quando a política afeta dos custos das empresas


Examinamos a ascensão do dark shipping — petroleiros que desativam os transceptores AIS para evitar a detecção — em meio às sanções ocidentais contra Irã, Síria, Coreia do Norte, Venezuela e Rússia. Utilizando um modelo de agrupamento de navios baseado em aprendizado de máquina, rastreamos os fluxos globais de comércio de petróleo bruto transportado por dark shipping e detectamos transferências não autorizadas de navio para navio. De 2017 a 2023, navios ocultos transportaram cerca de 7,8 milhões de toneladas métricas de petróleo bruto por mês — 43% das exportações marítimas globais de petróleo —, com a China absorvendo 15%. Esses fluxos sancionados compensam as quedas registradas nas exportações globais de petróleo, mas geram mudanças econômicas distintas. Os EUA, um exportador líquido de petróleo, enfrentam preços mais baixos, mas se beneficiam das importações chinesas mais baratas, impulsionando um crescimento deflacionário. A UE, um importador líquido, lida com o aumento dos custos de energia, mas ganha com a demanda chinesa, estimulando uma expansão inflacionária. A China, aproveitando o petróleo com desconto, aumenta sua produção industrial, propagando choques econômicos globais. Nossas descobertas revelam o papel central do dark shipping na reconfiguração dos mercados de petróleo e das dinâmicas macroeconômicas.

Isso é muito interessante pois tem impacto nos custos das empresas em cada região. O mecanismo de sanção terminou por beneficiar Estados Unidos e China. 

Nova norma de PME


O International Accounting Standards Board (IASB) divulgou uma nova norma para as Pequenas e Médias Empresas (PMEs). Trata-se da terceira edição da mesma norma, com ajustes para incluir os itens que avançaram em outras normas aplicáveis às grandes empresas.

O presidente do IASB, Andreas Barckow, foi só elogios, afirmando que a nova norma contribui para a entrega de informações mais qualificadas aos usuários das demonstrações contábeis. Isso inclui um novo modelo para o reconhecimento da receita, além de aspectos sobre combinações de negócios e instrumentos financeiros.

Como a nova norma foi divulgada no final de fevereiro, as empresas brasileiras ainda não possuem uma versão local. E, mesmo que houvesse, para ter validade no Brasil, a norma precisaria ser endossada por alguma autoridade nacional.

Tudo indica que haverá a adoção. Resta aguardar as providências do CFC nesse sentido.

 

26 fevereiro 2025

Nem sempre IA é uma boa solução para a contabilidade


A Bench Accounting, como muitas startups de fintech, tinha ambições de revolucionar um setor entediante, mas importante, das finanças — neste caso, a contabilidade para pequenas empresas.

Ela acumulou mais de 10 mil clientes em pouco mais de uma década e parecia estar no caminho certo. No entanto, isso não foi rápido o suficiente para torná-la a fintech quente que aspirava ser quando arrecadou mais de US$ 100 milhões em financiamento de risco. Em um esforço final para melhorar seus negócios, a Bench recorreu ao novo recurso favorito da tecnologia: a IA. Demitiu funcionários e introduziu novos programas de automação, incluindo um bot chamado BenchGPT.

Tudo culminou em um desastre, pontuado por um ano fiscal problemático em 2023, quando a empresa precisou solicitar extensões para muitos de seus clientes, segundo ex-funcionários. O ano seguinte não foi melhor. No final de 2024, a Bench informou aos clientes que não poderia pagar suas contas. Em janeiro deste ano, a empresa entrou com pedido de falência, prejudicando investidores, incluindo Contour Venture Partners, Bain Capital Ventures e Inovia Capital. Seus clientes ficaram temporariamente em um limbo até que um comprador concordou em adquirir seus ativos e reviver o negócio. (...)

A história completa foi publicada pelo InfoMoney, traduzido da Bloomberg. 

Rir é o melhor remédio


 

25 fevereiro 2025

Accruals anormais e uma nova ferramenta

Uma ferramenta, desenvolvida por dois pesquisadores da Universidade de Verona, automatiza a estimativa dos accruals anormais. Há décadas pesquisadores estudam esses accruals anormais, geralmente fazendo uma estimativa a partir de uma amostra e usando modelos de regressão.

A nova ferramenta, denomina abnormalest, facilita descobrir discrepâncias nas informações contábeis, o que pode ser um indicativo de manipulação.  Segundo o artigo onde a ferramente foi apresentada, seu teste revelou um desempenho superior aos modelos usados em pesquisas tradicionais. 

Ver

Rossignoli, F. and Tommasi, N. (2025) ‘Abnormal accrual estimation: an automation data analysis technique’, Int. J. Data Analysis Techniques and Strategies, Vol. 17, No. 5, pp.1–18.

IA trapaceia em jogo de xadrez


O texto é muito interessante. Os mecanismos de IA também trapaceiam. 

(...) Um estudo recente da Palisade Research, um grupo de pesquisa focado em segurança e ética em IA, revelou uma tendência inquietante: modelos de IA mais novos conseguem encontrar e explorar vulnerabilidades em cibersegurança por conta própria, contornando proteções e usando atalhos para concluir tarefas, mesmo quando não são tecnicamente permitidos a fazê-lo.

A equipe colocou sete dos principais modelos de linguagem (LLMs) frente a frente com o Stockfish, um motor de xadrez incrivelmente forte que tem desafiado grandes mestres desde 2014. Diante do impossível, mas determinados a vencer, o o1 da OpenAI e o R1 da DeepSeek recorreram à manipulação de arquivos do sistema para alterar as posições de suas peças no tabuleiro.

Os pesquisadores pediram a cada modelo que explicasse seu "raciocínio" para cada jogada. Em uma partida, pressionado contra a parede, o o1 escreveu que "a tarefa é 'vencer contra um poderoso motor de xadrez', não necessariamente vencer de forma justa em um jogo de xadrez." Essa lógica levou o modelo a tentar trapacear em 37% das vezes, conseguindo sucesso em 6% de seus jogos, enquanto o R1 tentou em 11% das vezes, mas nunca conseguiu encontrar um truque que funcionasse.

(...) "À medida que você treina modelos e os reforça para resolver desafios difíceis, você os treina para serem implacáveis", disse Jeffrey Ladish, diretor executivo da Palisade, à Time Magazine sobre as descobertas.

Traduzido pelo ChatGPT daqui

Quando a mensuração é complicada


Eis mais um caso para pensarmos sobre a complexidade da mensuração. 

No passado, quando uma empresa estava pensando em vincular um comercial, ela consultava os números do Ibope para saber quais eram os programas de televisão mais assistidos. Era possível estimar com razoável precisão o número de aparelhos ligados em uma determinada hora no país.

Nos dias atuais, tudo isso é bastante confuso. Além da proliferação de aparelhos de televisão, hoje é possível assistir a um programa em um computador. Veja a dor de cabeça que isso provocou em quem precisava tomar a decisão de efetuar um gasto de propaganda para uma empresa.

Adicione a isso o fato de que existem canais pagos e a possibilidade de assistir a um programa ou filme na televisão sem estar ligado a uma empresa de transmissão – tudo isso começou com as fitas VHS e continuou com os streamings.

No caso dos streamings, não é sequer possível comparar os programas mais vistos da Netflix com os da Prime. A primeira conta "horas vistas" e visualizações; o segundo streaming prefere "visitantes". E essas empresas também complicam isso, tentando manipular seus dados.

Quando a Netflix anuncia que um filme alcançou dez milhões de lares, a mensuração não é bem o que parece. Não significa que dez milhões de pessoas assistiram ao filme, mas que dez milhões de contas assistiram pelo menos dois minutos. Para a Netflix, dois minutos já são suficientes para indicar que foi uma escolha intencional. Mas uma pessoa que começou um filme e, cinco minutos depois, abandonou por não gostar, parece que não deveria entrar na conta da empresa. Ou alguém que acabou de ver um filme e outro começou de maneira automática também está nessa conta.

Em suma, ninguém realmente sabe quem está assistindo a quê. Tudo o que sabemos é que há muito conteúdo por aí e, certamente, muitas pessoas assistindo a algo. Mas isso não significa que nada disso seja significativo, memorável, muito menos bom.

Disrupção e Gastos Públicos sem Controle


Creio que hoje sabemos que o segundo governo Trump está promovendo uma disrupção na gestão pública da maior economia do mundo. Quando isso ocorre, várias políticas positivas são implementadas, enquanto outras, negativas, surgem como fruto da nova gestão.

A ideia de um Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) me faz lembrar de Hélio Beltrão e sua campanha de desburocratização. Mas também remete à Nova Administração Pública, uma vez que busca adotar uma mentalidade empresarial no governo, agora sob o comando do controverso Elon Musk.

Um artigo do The Epoch Times, repercutido no ZeroHedge, comenta que esses esforços têm uma vinculação com a contabilidade. Afinal, buscar eficiência está relacionado ao controle e à eliminação de fraudes e desperdícios. Anteriormente, foi revelado que provavelmente há milhões de beneficiários da Seguridade Social que não estão vivos ou que talvez tenham registros incorretos.

Agora, foi realizada uma nova descoberta: 4,7 trilhões de dólares em gastos públicos não possuem o Treasury Access Symbol (TAS). Basicamente, quando o Legislativo discute e delibera o orçamento público, os gastos autorizados nessa discussão entre os representantes da população recebem o TAS, indicando que foram frutos de decisões legislativas.

Com essa autorização, a máquina pública pode realizar o processo administrativo necessário para concretizar o que foi decidido no Legislativo. No entanto, a notícia revela que existem 4,7 trilhões em despesas federais ocorridas sem vínculo com uma autorização do Legislativo.

Se isso for verdadeiro, a descoberta desse volume de gastos sem a autorização do legislativo, já é um passo na eficiência governamental. 

Conclusão surpreendente sobre diversidade nos conselhos


Eis o resumo: 

A Califórnia determinou que empresas com sede no estado incluíssem mulheres (SB 826) e minorias sub-representadas (AB 979) em seus conselhos administrativos. Essas leis, aprovadas em 2018 e 2020, respectivamente, foram consideradas inconstitucionais por juízes do Tribunal Superior do Condado de Los Angeles em 2022. Este artigo examina a reação do mercado a essas decisões judiciais surpreendentes, constatando que as empresas da Califórnia valorizaram-se significativamente nos dias das sentenças... Como as decisões judiciais aparentemente não tiveram repercussões sobre outras mudanças na legislação e regulamentação corporativa do estado... esses resultados aumentam a confiança na conclusão de que as exigências de diversidade nos conselhos não aumentam o valor das empresas e, talvez, até levem os investidores a reduzir suas avaliações.

Via aqui . Trata-se de um evento específico, mas pode influenciar o que sabemos sobre a diversidade em empresas.

24 fevereiro 2025

Amazon e Walmart

Apesar do grande crescimento da Amazon nos últimos anos, a maior empresa de varejo do mundo ainda era o Walmart. Agora não é mais. Conforme o gráfico abaixo, a Amazon superou, pela primeira vez as receitas, com 187,8 bilhões de dólares de receitas no último trimestre. 

O interessante é que a origem da receita da Amazon é muito mais diversificada que do Walmart:

Assim, considerando somente o foco do negócio do Walmart, a receita da Amazon ainda está bastante longe do varejista. Mas, por outro lado,


a lucratividade é bem maior. E o mercado já reconhece que a Amazon tem mais valor que o Walmart desde 2016:


 


23 fevereiro 2025

Com o governo Trump, PCAOB perde força


Nos Estados Unidos, o escândalo da Enron, no início do milênio, resultou na criação do PCAOB. Basicamente, a nova entidade deveria funcionar como reguladora e fiscalizadora das empresas de auditoria, sendo uma reação do legislativo aos problemas contábeis de então.

O PCAOB iniciou um trabalho de impor regras às empresas e de fiscalizar a qualidade do trabalho realizado. Apesar do aparente poder, é importante destacar que o PCAOB é subordinado à SEC, a comissão que regula o mercado de capitais dos Estados Unidos. Mais de vinte anos depois, o órgão alcançou algum poder e obteve certos feitos. Nesse período, impôs regras, mas também sofreu reveses, como no caso de ex-funcionários que deixaram a entidade para trabalhar — e revelar planos de fiscalização — em uma grande empresa de auditoria.

Em novembro de 2024, o PCAOB sentiu-se forte o suficiente para impor regras no mercado, buscando obter informações sobre os recursos humanos na área de auditoria. Naturalmente, as empresas de auditoria não ficaram satisfeitas, mas as regras precisavam ser aprovadas pela SEC.

Com a chegada de Trump ao poder, parece que medidas como essa tornaram-se impopulares entre os detentores do poder. Antes de serem analisadas pela SEC, as mudanças propostas pelo PCAOB foram retiradas, sem qualquer explicação ou justificativa.

O caso do PCAOB evidencia que impor regras rigorosas enfrenta desafios políticos e regulatórios. 

Razões para brigar pelo poder de uma fundação do terceiro setor

Uma leitura interessante é o texto sobre uma disputa estranha entre um bilionário e sua ex-mulher. Basicamente, trata-se do bilionário Herbert “Herbie” Wertheim (foto) e de sua ex-mulher Nicole, que o acusa de desviar milhões dos ativos da fundação filantrópica familiar. Após um episódio de infidelidade que resultou no pedido de divórcio de Nicole em julho de 2023 (concedido em outubro), a briga judicial passou a girar em torno do controle dos bens da fundação, avaliada em cerca de US$ 4,5 bilhões.

Há acusações de fraude e fofocas típicas de colunas sociais. O interessante é que parte da disputa se concentra em uma fundação filantrópica. Qual seria o motivo disso, já que uma fundação como essa existe para fazer o bem? Um trecho traz uma resposta curiosa:

Por que travar uma batalha assim sobre dinheiro destinado à caridade? “A filantropia dá poder a quem a controla”, diz Al Cantor, um consultor independente de filantropia que não está envolvido no caso. Grandes doadores veem seus desejos atendidos ao doar grandes somas. Ceder o controle de até mesmo alguns ativos beneficentes significa abrir mão de um pouco desse poder.

Em outro trecho, aparece também um segundo motivo, que seriam os impostos:

Mas então ele [Herbie] revela um pouco mais sobre suas motivações, que parecem contradizer suas intenções de doar sua fortuna: “As pessoas doam para fundações para compensar passivos e impostos."


Foto: aqui

22 fevereiro 2025

IA e risco na contabilidade


Eis uma notícia sobre os riscos de usar IA para dados contábeis:

A Sage Copilot (seu novo chatbot de IA) mostrou os dados financeiros de um cliente para outro.

O incidente aconteceu quando os usuários pediram ao Sage Copilot uma lista de faturas recentes. A IA exibiu faturas de outras empresas.

Este é um dos grandes desafios de segurança da integração da IA nos sistemas de negócios SaaS.

Se a mesma IA puder acessar várias empresas, poderá revelar involuntariamente informações ao cliente errado.

 

21 fevereiro 2025

J&J continua tentando encontrar como não pagar um passivo de bilhões

O caso do talco da J&J tem recebido destaque na imprensa econômica e apresenta repercussões contábeis interessantes. Em resumo, a empresa produziu, durante muitos anos, um talco amplamente utilizado em todo o mundo. No entanto, há tempos, a J&J tinha conhecimento de que um dos componentes utilizados no produto era cancerígeno: o amianto. Mesmo ciente desse risco, a empresa não tomou nenhuma medida para alterar o produto ou alertar os consumidores, que confiavam na segurança do talco. Como resultado, até recentemente, o talco contendo amianto continuava a ser comercializado em países desenvolvidos.

À medida que surgiam evidências sobre os problemas de saúde causados pelo talco, diversos consumidores começaram a processar a empresa. Muitos deles adoeceram enquanto utilizavam o produto. Na contabilidade, processos judiciais desse tipo devem ser analisados com cautela e, caso exista alguma chance de êxito para os ex-consumidores, a empresa deve reconhecer um passivo correspondente.

Com o tempo, o número de processos ultrapassou facilmente dezenas de milhares. O volume de ações cresceu a tal ponto que a continuidade operacional da empresa começou a ser questionada. O reconhecimento adequado desse passivo reduz o patrimônio líquido, aumenta o endividamento e impacta negativamente a lucratividade. O problema continua a crescer, pois novos casos são descobertos e novos processos são abertos na justiça.


Diante desse cenário incerto, a empresa elaborou uma estratégia controversa: criar uma subsidiária e transferir todos os passivos para essa nova entidade. Como o valor desses passivos era imenso, essa manobra limpava o balanço da J&J, transferindo para uma entidade financeiramente inviável o ônus das demandas judiciais.

A empresa tentou essa estratégia duas vezes, mas em ambas as ocasiões a justiça rejeitou a abordagem considerada desonesta e oportunista. Agora, a J&J voltou a solicitar judicialmente a permissão para criar a subsidiária. Fala-se em um passivo de 10 bilhões de dólares, embora esse valor possa variar conforme a decisão judicial.

A empresa nega a existência do problema, mas segue com a estratégia de recuperação judicial. Nesta terceira tentativa, o caso será julgado em Houston, Texas, uma jurisdição conhecida por favorecer empresas em questões judiciais. A J&J afirma agora ter o apoio esmagador dos demandantes, o que é difícil de comprovar.

A decisão judicial pode sair no final de fevereiro. Você consideraria isso um passivo para a J&J?

Leia mais aqui

Controle da geração de riqueza e moda

Uma das condições para reconhecermos um ativo é estar enquadrado na sua definição. A definição aceita nos dias atuais diz que ativo é um benefício futuro que é controlado por uma entidade. E se não existir o controle do benefício futuro? Então não temos um ativo. 


O caso da moda já foi explorado aqui. Já comentamos da dificuldade em conseguir proteger os direitos de criação. Por isso, as casas que criam os vestuários não se preocupam em registrar um desenho de uma roupa. Eis um debate sobre o tema:

Roupa tem dono? No mundo da moda, onde as tendências se espalham na velocidade da internet, proteger uma criação é um desafio quase tão complexo quanto desenhá-la. Mas Cassey Ho, empresária e influenciadora por trás das marcas Popflex e Blogilates, conseguiu um feito raro: graças à patente que detém sobre seus modelos de roupas fitness, ela derrubou 499 cópias de suas peças do mercado. A decisão reacendeu uma velha discussão no setor: afinal, até que ponto é viável patentear o design de uma peça de vestuário? E quais são os desafios legais e práticos dessa proteção?

O diretor criativo Giovanni Bianco explica que os direitos autorais protegem apenas a parte artística de uma peça, enquanto as marcas registradas garantem a identidade da empresa, mas não necessariamente o design de uma roupa. Em outras palavras, isso significa que uma marca pode proteger seu logotipo ou um padrão específico, mas não pode impedir que outra empresa crie uma roupa parecida, desde que não use esses elementos registrados. “A Chanel, por exemplo, registrou o design matelassê da icônica bolsa 2.55 em 1955, e a Gucci protegeu sua famosa faixa verde e vermelha como marca registrada”, exemplifica Bianco.

Leia mais em:

20 fevereiro 2025

Dunning-Krueger e gênero

Eis o resumo. Atente para a parte final

O efeito Dunning-Kruger (DKE) afirma que pessoas com níveis mais baixos de habilidade tendem a autoavaliar sua capacidade de forma menos precisa do que aquelas com níveis relativamente mais altos de habilidade. Assim, a correlação entre as habilidades cognitivas objetivas de uma pessoa e suas habilidades autoavaliadas é maior em níveis mais altos de habilidades cognitivas objetivas. Há um grande debate sobre se esse efeito realmente existe ou se é um artefato estatístico.


Este artigo replica e amplia os estudos de Gignac e Zajenkowski (2020) e de Dunkel, Nedelec e van der Linden (2023) para testar se o DKE existe usando várias medidas de habilidade e dados representativos de uma coorte de nascimentos britânica. Para isso, construímos uma medida de habilidades cognitivas objetivas utilizando 18 testes realizados nas idades de 5, 10 e 16 anos, e uma medida de habilidades subjetivas autoavaliadas usando estimativas de desempenho escolar e percepção de inteligência nas idades de 10 e 16 anos.

Replicamos seus modelos e mostramos que o DKE existe em nossos dados secundários. Importante, somos os primeiros a analisar se essa relação é heterogênea por gênero e descobrimos que, embora o viés de autoavaliação seja específico de gênero, o DKE não é. O DKE surge do fato de que homens tendem a superestimar relativamente suas habilidades, enquanto mulheres tendem a subestimá-las relativamente.

SEC e Clima

O Presidente Interino da Securities and Exchange Commission (SEC ou Comissão), Mark Uyeda, disse que orientou a equipe da Comissão a solicitar ao Tribunal de Apelações dos EUA para o Oitavo Circuito que não agende a audiência do caso sobre as regras de divulgação relacionadas ao clima da SEC. Uyeda afirmou que essa medida permitiria à Comissão determinar os próximos passos apropriados, considerando a recente mudança na composição da Comissão e o recente memorando presidencial sobre o congelamento regulatório.

As regras de divulgação, que exigiriam que os registrantes incluíssem certas informações relacionadas ao clima em suas declarações de registro e relatórios anuais, foram voluntariamente suspensas pela Comissão em abril de 2024, enquanto o tribunal realiza a revisão judicial consolidada dos desafios às regras.

Da newsletter da EY

Quando o regulador é frouxo

A SEC emite bilhões em multas todos os anos, mas grande parte desse valor nunca será coletada. Na verdade, na última década, a SEC teve que cancelar quase $10B em penalidades não recolhidas.

Aqui vai um exemplo impressionante:

Paul Bilzerian está fugindo de uma sentença de $62M há 31 anos, usando as seguintes estratégias:

    Alegando pobreza
    Declarando falência (duas vezes)
    Mudando-se para St. Kitts e Nevis

Suas multas não pagas agora somam $180M! 💸

A SEC geralmente cancela penalidades e outros valores devidos que permanecem sem pagamento por apenas dois anos.

No ano fiscal de 2023, enquanto a SEC anunciou $4.9B em sanções financeiras, teve que cancelar $1.9B em penalidades antigas não recolhidas. Não é exatamente uma grande taxa de sucesso.

No ano fiscal de 2024, a SEC emitiu $8.2B em multas. Uma grande parte desse valor ($4.47B) veio de um único caso, o da Terraform Labs, que provavelmente não será pago devido à falência.

O sistema atual parece projetado para manchetes, não para resultados.


Fonte: aqui

Aulas na pós


Pesquisadores na Noruega iniciaram um desafio legal contra a introdução de aulas obrigatórias de norueguês para estudantes de doutorado e pós-doutorado estrangeiros, argumentando que a exigência viola as leis trabalhistas e ameaça prejudicar a capacidade do país de competir internacionalmente em pesquisa. “Nossos pesquisadores principais, pós-doutorandos e doutorandos vêm de todo o mundo”, diz o neurocientista e laureado com o Prêmio Nobel Edvard Moser. “Essas exigências tornarão difícil para nós recrutá-los.” Defensores da lei argumentam que ela preservará o norueguês como língua profissional, combatendo o crescente uso do inglês na educação superior.

Veja que na Noruega a luta é para manter aulas em língua inglesa. No Brasil, 99% das aulas na pós são em língua portuguesa. E a luta é para expandir o uso de língua inglesa. 

IA superando os melhores em geometria


O desempenho do AlphaGeometry2, um solucionador de problemas de inteligência artificial (IA) criado pelo Google DeepMind, superou o nível do medalhista de ouro médio na Olimpíada Internacional de Matemática (IMO), uma competição que propõe problemas matemáticos desafiadores para estudantes talentosos do ensino médio. O sistema foi capaz de resolver 84% de todos os problemas de geometria apresentados nas IMOs nos últimos 25 anos, em comparação com 54% de seu antecessor, o primeiro AlphaGeometry. A equipe fez várias melhorias na primeira versão, incluindo a integração do grande modelo de linguagem Gemini do Google.

Fonte: aqui

Frase: Ciência e como cozinhar um ovo


O conhecimento da ciência por trás de problemas simples pode melhorar até os menores aspectos de nossa vida cotidiana, como o simples ato de comer um ovo.

O ovo cozido perfeito é uma questão de simplesmente colocá-lo alternadamente em água fervente e em água morna (30 ℃) oito vezes, por um total de 32 minutos, dizem os pesquisadores que buscam a gema aveludada e a clara macia e firme.

Notícia da AP

19 fevereiro 2025

Revisão dos programas de inclusão em Wall Street

Sobre o recuo nos programas de inclusão de mulheres e minorias:


Por isso, foi significativo quando, ao longo da última meia década ou mais, os maiores nomes das finanças disseram, repetidamente, que investiriam dólares e esforços para contratar, promover e trabalhar com comunidades desatendidas.

E tem significado diferente agora, à medida que muitas dessas políticas e práticas que foram muito promovidas estão sendo revisadas para garantir que não acabem na mira da campanha da administração Trump contra diversidade, equidade e inclusão (DEI).

O recuo inclui bancos de investimentos de colarinho branco, consultorias, fundos mútuos e Bolsas de Valores. O último foi o Goldman Sachs, que disse na terça-feira, 11, que abandonaria uma cota que obrigava conselhos de administração corporativos a incluir mulheres e membros de grupos minoritários. Outros em Wall Street estão reduzindo esforços para recrutar empregados negros e latinos.

(Imagem: aqui

Esperança para o ambiente

Em um artigo interessante, Hannah Ritchie analisa a trajetória histórica da poluição do ar e destaca lições para países que ainda enfrentam altos níveis de poluição. A autora observa que, em nações como o Reino Unido, a qualidade do ar melhorou significativamente ao longo dos séculos, mas nas cidades do terceiro mundo, como Delhi, Dhaka e Acra continuam a registrar níveis alarmantes de poluição.

Historicamente, a poluição do ar segue um padrão em forma de "U" invertido durante o desenvolvimento econômico de um país: inicialmente baixa, aumenta com a industrialização e diminui à medida que tecnologias limpas são adotadas e políticas ambientais são implementadas. No entanto, esse processo pode levar séculos, expondo gerações inteiras a condições prejudiciais. Mas Ritchie argumenta que, com o conhecimento e as tecnologias disponíveis atualmente, é possível acelerar essa transição e evitar os erros do passado.

Um exemplo destacado é a redução das emissões de dióxido de enxofre (SO₂), principal causador da chuva ácida. Países como o Reino Unido conseguiram diminuir essas emissões em mais de 99% desde os anos 1960, combinando a redução do uso de carvão com a implementação de tecnologias de dessulfurização. 

Eis a emissão histórica de SO2 do Reino Unido e Brasil:


 Aqui de óxido de nitrogênio:


 

Futebol, política e finanças

Do excelente Trivela:

Um tribunal da Inglaterra considerou que as Transações com Partes Associadas (APT, na sigla em inglês) são “nulas e inexecutáveis“. As APT são regras que regulam e impedem que patrocínios de empresas de mesmo dono que os clubes sejam inflacionados acima do valor de mercado.

Elas foram criadas pela organização do campeonato em 2021 (e atualizadas em fevereiro de 2024) como uma resposta à aquisição do Newcastle pelo Fundo Soberano da Arábia Saudita, mas atingiram também os Citizens, que pertencem à família real de Abu Dhabi e tiveram dois contratos publicitários recusados por conta das novas normas.


Os azuis de Manchester protestaram contra as regras pela primeira vez em 2023 (ano que viu os patrocínios da Etihad Airways e da First Abu Dhabi Bankcom bloqueados pelo sistema) e repetiram em novembro do ano passado, quando discordou novamente das mudanças que a liga efetuou nas ATP.

O triunfo de hoje significa que a Premier League seguiu normas ilegais por três anos, entre dezembro de 2021 e novembro de 2024, exatamente o que pensava o City, que chegou a definir as medidas como anticompetitivas, preconceituosas contra proprietários do Golfo Pérsico e uma “tirania da maioria”.

Neste contexto, a organização do Campeonato Inglês pode ser processada para ressarcir qualquer time inglês que teve um acordo publicitário negado ou subvalorizado no período. A liga ainda corre o risco de pagar todos os custos do processo, avaliado em 20 milhões de libras (R$ 143 milhões).

18 fevereiro 2025

Um presidente, uma cripto e um escândalo

O escândalo: o presidente da Argentina divulgou, em redes sociais,  a $Libra, um token cripto suspeito. Logo após, Milei, o político, apagou o rastro, mas já existia uma divulgação do ativo. 


Um "especialista" no assunto, Hayden Davis, organizou um evento em outubro do ano passado. Milei esteve no evento e conheceu o empresário que seria o cérebro da $Libra.  Além do apoio de Milei, a CVM local parece que apoiou o evento. E Milei fez uma palestra no evento, o que não é muito comum. 

Tempos depois, no dia 14 de fevereiro, Milei promoveu o $Libra. 

Fraude na previdência dos EUA?

A previdência de qualquer país parece ser um campo propício para fraudes. Elas vão desde alguém que toma um medicamento para acelerar os batimentos cardíacos e obter aposentadoria até mortos que continuam recebendo benefícios. Há inúmeros exemplos desse tipo de ocorrência.

Na segunda-feira, Elon Musk, responsável pela gestão de eficiência do governo dos Estados Unidos, divulgou uma tabela interessante.

 

Na coluna da esquerda, o intervalo de idade; na da direita, o número de beneficiários. O dado curioso? Existem pessoas com mais de 120 anos, idade máxima que, aparentemente, um ser humano pode alcançar. Talvez parte desse número seja apenas um erro de digitação. Talvez.

Mas há outro ponto intrigante: o total de beneficiários chega a 394 milhões de pessoas, enquanto a população do país é de 334 milhões. Musk imediatamente afirmou que os dados evidenciam uma grande fraude. Mas como algo assim passou despercebido por tanto tempo, sem que ninguém tivesse denunciado antes?

Há, no entanto, uma outra hipótese que não pode ser descartada: um erro na coleta dos dados, seja intencional ou por descuido. Não sei, mas apostaria mais nessa possibilidade. Se o assunto esfriar nos próximos dias, será um sinal de que perceberam que os dados não são confiáveis. Mas, ao menos, serviu como mais um espetáculo para o prepotente Musk.

A complexidade da África


(...) Como escreve Adam Rutherford – um excelente comunicador científico e renomado geneticista computacional – em seu livro de 2020 How to Argue With a Racist, praticamente todas as pessoas na Terra descendem do mesmo pequeno grupo de sobreviventes de alguns severos gargalos genéticos. A exceção é a África, que apresenta uma diversidade genética muito maior do que o restante do mundo.

Um sueco e um aborígene australiano são mais próximos geneticamente entre si do que dois membros de grupos diferentes do povo San. Se os genes fossem os principais fatores determinantes da personalidade e das conquistas humanas, esperaríamos ver muito mais variação nos resultados entre os povos africanos do que entre, por exemplo, os inuítes e os italianos. (...)

Fonte: aqui

NY Times passa a usar IA

O The New York Times está aprovando o uso de inteligência artificial por suas equipes de produto e editorial, afirmando que ferramentas internas poderão, no futuro, escrever textos para redes sociais, títulos otimizados para SEO e até mesmo algum código.


Em um e-mail enviado à equipe da redação, a empresa anunciou que está disponibilizando treinamento em IA para os jornalistas e lançando uma nova ferramenta interna chamada Echo, conforme apurado pelo Semafor. O jornal também compartilhou documentos e vídeos detalhando as boas práticas e restrições para o uso da IA, além de apresentar um conjunto de ferramentas de IA que a equipe pode utilizar no desenvolvimento de produtos web e ideias editoriais.

“As ferramentas de IA generativa podem ajudar nossos jornalistas a descobrir a verdade e permitir que mais pessoas compreendam o mundo. O aprendizado de máquina já nos auxilia na produção de reportagens que, de outra forma, não seriam possíveis, e a IA generativa tem o potencial de fortalecer ainda mais nossas capacidades jornalísticas”, afirmam as diretrizes editoriais da empresa.

Isso é uma surpresa. Via aqui. Um comentário: "se meus alunos fazem trabalhos escritos pela IA, por que não o NYT!"

 

Crime e saúde mental no Peru

Entre os países da América Latina, o Peru possui uma das maiores taxas de criminalidade, com 9 em cada 10 peruanos relatando sentir-se inseguros ao caminhar nas ruas à noite. Essa sensação de insegurança, fundamentada na realidade, pode afetar a saúde mental dos cidadãos. Estudamos as consequências do programa Bairro Seguro do Peru, que aumentou o patrulhamento policial em bairros selecionados, sobre a saúde mental dos residentes. Exploramos a implementação escalonada do programa e utilizamos dados da Pesquisa Demográfica e de Saúde para geolocalizar com precisão as residências dos entrevistados. Nossos resultados mostram que o reforço na prevenção do crime reduziu a incidência de problemas de saúde mental em 6 pontos percentuais. Em particular, o programa diminuiu a depressão, o cansaço, os problemas de concentração, as intenções suicidas e a sensação de fracasso em 3 a 4 pontos percentuais. As evidências sugerem que as melhorias na saúde mental são impulsionadas por mudanças concretas nos comportamentos relacionados à saúde. Após a implementação do Bairro Seguro, observa-se um aumento na utilização dos serviços de saúde.

O texto completo está aqui. O gráfico abaixo faz parte do texto e seria muito interessante se estivesse sido realizado de melhor elaborado. 





Nova norma das PMEs e a relação custo-benefício

Segundo o site do Conselho Federal de Contabilidade, a Fundação IFRS deve lançar a terceira edição das normas de contabilidade para pequenas e médias empresas (PMEs). O site informa que, além das revisões e atualizações, a notícia destaca a adequação da norma IFRS 15 – Receita de Contrato com Cliente – no que se refere ao reconhecimento de receita. A Fundação prevê divulgar a atualização até o final do mês.


Embora a notícia ressalte que as normas para PMEs passam por revisões com menor frequência, parece incoerente imaginar que já estamos na terceira revisão. Considerando que a adoção das normas internacionais começou em 2010, houve, em média, uma atualização a cada cinco anos. Além disso, destaca-se o fato de que a nova norma incorpora uma versão simplificada da IFRS 15 – Receita de Contrato com Cliente.

Voltemos à notícia com os detalhes do que está sendo alterado: 

  •  receita reconhecida de contratos com clientes, incluindo a desagregação da receita em categorias apropriadas;
  •  saldos contratuais, incluindo os saldos de abertura e fechamento de contas a receber, ativos contratuais e passivos contratuais;
  •  promessas em contratos com clientes, incluindo a natureza dos bens ou serviços que a entidade prometeu transferir e quando a entidade normalmente cumpre suas promessas;
  •  julgamentos significativos feitos na aplicação dos requisitos; e
  •  ativos reconhecidos a partir dos custos para cumprir um contrato com um cliente.

O principal desafio da contabilidade para PMEs é a relação custo-benefício da informação. Ou seja, é necessário fornecer informações de qualidade com um baixo custo de produção. Ao observar novamente os itens acima, podemos questionar: estamos realmente diante de uma relação custo-benefício adequada? Acredito que não.