Anatomia do pânico com o Morgan Stanley
Susan Pulliam, Liz Rappaport, Aaron Lucchetti, Jenny Strasburg e Tom McGinty, The Wall Street Journal - 25/11/2008 - The Wall Street Journal Americas - 2
Dois dias depois que a Lehman Brothers Holdings pediu concordata, espalhou-se um boato explosivo: outra grande firma de Wall Street, o Morgan Stanley, estava prestes a quebrar. O que se dizia no mercado naquele 17 de setembro é que o Deutsche Bank AG tinha cancelado uma linha de crédito de US$ 25 bilhões para o banco de investimento.
Não era verdade, mas o boato ajudou a desencadear uma cascata de apostas contra o Morgan Stanley. O diretor-presidente John Mack queixou-se amargamente de que operadores desejosos de lucros estavam semeando o pânico. Mas faltava uma informação essencial: quem, exatamente, estava por trás dessas transações?
Registros de transações examinados pelo Wall Street Journal oferecem agora uma resposta parcial. Esses documentos revelam que algumas das maiores firmas de Wall Street — Merrill Lynch & Co., Citigroup Inc., Deutsche Bank e UBS AG — estavam apostando pesado contra o Morgan. A estratégia dessas firmas era usar complicados instrumentos financeiros chamados swaps de crédito, uma forma de seguro contra perdas com crédito.
Um exame dessas transações feito pelo WSJ também revela que os swaps tiveram papel importante ao amplificar a avaliação pessimista do mercado sobre o Morgan Stanley, o que, por sua vez, levou os operadores a investir contra as ações da firma, vendendo-as a descoberto. A inter-relação entre as transações com swaps e a venda a descoberto acelerou a espiral descendente da firma.
Este relato foi elaborado a partir dos registros das transações e de mais de 70 entrevistas com executivos de Wall Street, operadores, corretores, administradores de fundos de hedge, investigadores e autoridade reguladoras.
Durante anos, a venda de swaps de crédito foi uma mina de ouro para Wall Street. Mas, por ironia, naqueles dias tumultuados de setembro, o mercado de swaps virou-se contra o Morgan Stanley como um Frankenstein financeiro. Esse mercado se tornou um termômetro bem visível do Pânico de 2008, insuflando a crise que acabou exigindo a intervenção do governo.
Outras firmas também estavam negociando com swaps do Morgan em 17 de setembro: Royal Bank of Canada, Swiss Re e vários fundos de hedge, como King Street Capital Management LLC e Owl Creek Asset Management LP.
A pressão também se intensificou em outra frente: houve um aumento nas vendas a descoberto — apostas contra as ações da Morgan — por parte de grandes fundos de hedge. No fim do dia, a ação do Morgan tinha caído 24%, e as autoridades temiam que investidores com práticas predatórias estavam mirando os bancos de investimento.
Esse tipo de transação, que já havia derrubado Bear Stearns Cos. e Lehman, fez com que as ações do Citigroup desabassem 60% na semana passada, o que forçou novo socorro do governo.
Os investigadores estão tentando identificar o que causou o caos do mercado em meados de setembro e saber se os swaps de crédito ou as ações do Morgan Stanley foram negociados de forma imprópria. O procurador-geral de Nova York, Andrew Cuomo, o escritório em Manhattan da Procuradoria-Geral dos Estados Unidos e a comissão de valores mobiliários americana (SEC) estão investigando se houve manipulação do mercado por parte de corretores que teriam divulgado intencionalmente falsos boatos para lucrar com suas apostas. As investigações também querem verificar se os operadores compraram swaps por altos preços para provocar o medo quanto à estabilidade do Morgan e assim lucrar em outras aplicações, e se as transações envolveram cotações falsas e fechamento de negócios inexistentes, segundo pessoas a par do assunto.
Ainda não surgiu publicamente nenhuma prova de que qualquer firma tenha feito algo de errado em relação às ações ou swaps do Morgan Stanley. A maior parte das firmas afirma que comprou os swaps simplesmente para se proteger contra eventuais prejuízos com vários tipos de negócios que estavam fazendo com o Morgan. Algumas garantem que suas aplicações em swaps foram pequenas em relação a todas as transações desse tipo ocorridas naquele dia.
Provar que o preço de qualquer papel foi manipulado é extraordinariamente difícil. O mercado de swaps não é nada transparente: as transações são feitas por telefone e email entre os corretores, sem cotações públicas.
Erik Sirri, um diretor de mercados da SEC, afirma que o mercado de swaps é vulnerável à manipulação. "Transações de baixo volume em um mercado relativamente pequeno podem ser usadas para (...) sugerir que um crédito é considerado fraco pelo mercado", disse ele em depoimento ao Congresso americano no mês passado. Sirri disse que a SEC temia que as transações com swaps estivessem causando investimentos prejudiciais às ações.
O Morgan tinha começado setembro em boa forma. Teve lucro nos dois primeiros trimestres fiscais, até 31 de maio. Ao contrário da Lehman, não tinha muita exposição aos créditos imobiliários residenciais de alto risco, embora estivesse exposto ao mercado de imóveis comerciais e de empréstimos alavancados. Mack sabia que os lucros do terceiro trimestre seriam maiores do que o esperado.
Em 14 de setembro, enquanto a Lehman se preparava para pedir concordata, Mack disse aos funcionários, em memorando interno, que o Morgan estava "em uma posição única para ter sucesso neste ambiente tão cheio de desafios". No dia seguinte, a firma conseguiu alguns novos clientes de fundos de hedge que estavam fugindo da Lehman.
Mas os rumores corriam soltos, com operadores preocupados com qual firma de Wall Street seria a próxima a cair. A conversa nos fundos de hedge, segundo alguns operadores, é que o Morgan Stanley tinha US$ 200 bilhões em risco devido às suas transações com a seguradora American International Group Inc., então prestes a pedir concordata. Isso não era verdade. O Morgan informou à SEC que sua exposição à AIG era "irrelevante".
Alguns corretores do J.P. Morgan Chase & Co. estavam sugerindo a clientes do Morgan Stanley que era arriscado manter contas nessa firma, segundo pessoas a par do assunto. Mack queixou-se a James Dimon, diretor-presidente do J.P. Morgan, que pôs fim às conversas, segundo essas pessoas. Deutsche Bank, UBS e Credit Suisse também ofereceram seus serviços a fundos de hedge atendidos pelo Morgan, segundo pessoas a par do assunto.
No dia 16, a ação do Morgan desabou durante o dia, mas com uma recuperação no final do pregão. Alguns fundos de hedge retiraram seus recursos da firma, temendo que o Morgan seguisse os passos da Lehman no tribunal de falências, com risco de imobilizar os ativos dos clientes. Em um esforço para amainar as preocupações, o Morgan divulgou seus resultados naquela tarde, às 16h10, um dia antes do previsto.
"É muito importante devolver um pouco de sanidade ao mercado", disse Colm Kelleher, diretor financeiro do Morgan, em teleconferência com investidores. "As coisas estão realmente saindo de controle, e boatos ridículos estão sendo repetidos."
Glenn Schorr, analista do UBS, perguntou a Kelleher sobre o alto custo de proteção da dívida do Morgan Stanley no mercado de swaps. A proteção para US$ 10 milhões em dívidas do Morgan tinha subido para US$ 727.900 por ano, ante US$ 221.000 em 10 de setembro, segundo a CMA DataVision.
"Certas pessoas estão se concentrando nos swaps de crédito como desculpa para olhar para as ações", respondeu Kelleher, sugerindo que os operadores que investiam nos swaps também estavam vendendo a descoberto ações do Morgan Stanley, apostando que elas cairiam.
É impossível saber com certeza qual era a motivação dos que compravam swaps do Morgan. Eles receberiam pagamentos caso o Morgan não pagasse títulos e empréstimos. Alguns desses compradores, sem dúvida, possuíam créditos do banco e estavam simplesmente tentando proteger-se contra uma eventual insolvência.
Mas os swaps também eram uma boa maneira de especular, para operadores que não detiam esses créditos. O valor do swap aumenta com o medo da inadimplência. Os operadores que apostavam no aumento dos temores sobre o Morgan Stanley podiam usar os swaps para obter um lucro rápido.
Em meio às incertezas daquele 16 de setembro, a Millennium Partners LP, fundo de hedge com US$ 13,5 bilhões, pediu para retirar US$ 800 milhões dos mais de US$ 1 bilhão que mantinha no Morgan, segundo pessoas a par dessas retiradas. Em separado, a Millennium também tinha vendido a descoberto ações do Morgan Stanley — parte de uma série de apostas na queda das ações de firmas financeiras, disse uma dessas pessoas. Além disso, a fundo de hedge comprou opções de venda, que lhe davam o direito de vender ações do Morgan no futuro a um preço determinado.
"Escute, nós precisamos proteger nossos ativos", disse Israel Englander, presidente da Millennium, a um executivo do Morgan Stanley, segundo uma pessoa a par da conversa. "Não é nada pessoal." Essas apostas na queda das ações, pequenas em comparação com o volume total de transações da Millennium, subiam de valor à medida que caíam as ações do Morgan.
Na manhã do dia 17, David "Tiger" Williams, presidente da Williams Trading LLC, que presta serviços de transações para fundos de hedge, ouviu um de seus operadores dizer que certo fundo havia transferido uma conta de US$ 800 milhões do Morgan Stanley para uma firma rival. O operador, que estava ao telefone com o gestor do fundo que retirou o dinheiro, perguntou por quê. O Morgan estava quebrando, respondeu o cliente.
Pressionado a dar detalhes, o administrador do fundo repetiu o rumor sobre o cancelamento da linha de crédito de US$ 25 bilhões por parte do Deutsche Bank. Williams passou a dar vários telefonemas, mas suas fontes no mercado opinaram que se tratava de um boato falso.
Mas o estrago já estava feito. Às 7h10, um operador do Deutsche Bank cotou em US$ 750.000 a compra de proteção para US$ 10 milhões em dívida do Morgan. Às 10h, o Citigroup e outros operadores já cotavam preços de US$ 890.000. E à medida que se alastrava o boato sobre o Deutsche, as ações do Morgan despencaram, de cerca de US$ 26 às 10h para perto de US$ 16 às 11h30.
Antes do meio-dia, operadores de swap começaram a cotar o custo de seguro para o Morgan em "pontos adiantados" — jargão de Wall Street para transações em que os compradores têm de pagar pelo menos US$ 1 milhão adiantado, mais um prêmio anual, para segurar US$ 10 milhões em dívida. No caso do Morgan Stanley, alguns operadores estavam exigindo mais de US$ 2 milhões adiantados.
Durante o dia, a Merrill comprou swaps para cobrir US$ 106,2 milhões em dívida do Morgan Stanley, segundo os documentos das transações. A King Street comprou swaps que cobriam US$ 79,3 milhões; o Deutsche Bank, US$ 50,6 milhões; a Swiss Re, US$ 40 milhões; a Owl Creek, US$ 35,5 milhões; UBS e Citigroup; US$ 35 milhões cada; Royal Bank of Canada, US$ 33 milhões; e ACM Global Credit, um fundo de investimento operado pela AllianceBernstein Holding, US$ 28 milhões, segundo os documentos.
No dia seguinte, 18 de setembro, algumas dessas mesmas firmas estavam de volta ao mercado. A Merrill comprou proteção para outros US$ 43 milhões em dívida do Morgan; o Royal Bank of Canada, US$ 36 milhões; a King Street, US$ 30,7 milhões; e o Citigroup, US$ 20,7 milhões, indicam os registros.
Nenhuma das firmas comenta quanto pagou pelos swaps, ou se lucraram com as operações.
"A proteção que compramos foi um simples hedge, não baseado em nenhuma visão negativa do Morgan Stanley", diz John Meyers, um porta-voz da AllianceBernstein. Um porta-voz do Royal Bank of Canada diz que o banco comprou os swaps para administrar seu "risco de crédito" com o Morgan Stanley e que não estava "apostando contra o Morgan Stanley nem realizou apostas na baixa de sua ação".
A King Street, um fundo de hedge com US$ 16,5 bilhões, comprou os swaps para cobrir sua exposição ao Morgan Stanley, que incluía títulos de renda fixa, segundo uma pessoa ligada ao fundo. O fundo não tinha uma posição vendida na ação, diz essa pessoa.
Porta-vozes de Deutsche Bank e Citigroup dizem que as transações deles foram relativamente pequenas e com o propósito de proteger contra perdas em outros investimentos relacionados ao Morgan, e para atender a ordens dos clientes. Um porta-voz da Owl Creek diz que ela comprou os swaps "para segurar o colateral que tínhamos no Morgan Stanley na época", e que continua a fazer negócios com a firma.
Merrill, UBS e Swiss Re negaram-se a prestar comentários.
Durante o frenesi de transações em 17 de setembro, Mack havia começado a discutir uma fusão com o Wachovia Corp. Quatro dias depois, o Morgan Stanley alterou o curso, tornando-se uma holding bancária e ganhando maior acesso a recursos do governo. No mês passado, depois de captar US$ 9 bilhões do japonês Mitsubishi UFJ Financial Group, o Morgan recebeu US$ 10 bilhões do governo americano.
O Morgan Stanley precisa agora revisar sua estratégia para lidar com um ambiente avesso a risco e com a supervisão mais rígida do governo que acompanha a condição de holding bancária. Este mês, o banco anunciou que demitiria 2.300 empregados, ou 5% do total.
O custo de segurar sua dívida caiu. Ontem sua ação subiu 33,13% e fechou a US$ 13,38.
26 novembro 2008
Apostaram no pânico
O texto a seguir mostra como a crise do Morgan Stanley pode ter sua origem na especulação de investidores gananciosos.
Sonegação
A Polícia Federal e a Receita fizeram uma operação numa grande rede varejista para combater a sonegação de imposto. Segundo O Globo (Polícia Federal e Receita fazem operação em grande rede varejista, Erica Ribeiro, 25/11/2008) a estimativa é de uma sonegação de R$100 milhões pela empresa Casa & Vídeo, além de débito com a previdência de 40 milhões. A sonegação era feita da seguinte forma, segundo a Polícia e a Receita:
(...) os produtos importados entravam no Brasil por meio de uma rede de importadores que seriam intermediários da Casa & Vídeo e ligados à rede varejista. A PF estima que mais de 50 empresas estariam envolvidas no esquema, atuando como "laranjas" para importação de produtos da China. Segundo Jacinto, muitas destas empresas tinham sede em paraísos fiscais, como as Ilhas Virgens Britânicas.
De acordo com o superintendente, os recursos para compra dos produtos importados da China vinham dos paraísos fiscais, o que configura lavagem de dinheiro.
- A estimativa é de que a empresa sonegou aproximadamente R$ 100 milhões. A rede de lojas fazia um planejamento de compras de produtos na China. Uma outra empresa que tinha ligação com a rede comprava a mercadoria, pagando o preço acertado com os exportadores, e emitia nota fiscal subfaturada. Ou seja, a mercadoria chegava com um preço muito abaixo do que era pago lá fora. A mesma rede de empresas fornecia notas frias por trabalhos não prestados que entravam na contabilidade da Casa & Vídeo para abater imposto de renda - explicou o superintendente. (...)
25 novembro 2008
Links
1. Justiça já aceita prova virtuais – Valor Econômico – 21/11/2008
2. Internacionalização de empresas avança – Valor Econômico – 21/11/2008
3. Sobre o legado de Itô
4. Como Angelina Jolie cuida bem da sua imagem (com ajuda da imprensa)
5. Sped Fiscal - Está chegando a hora
6. Vestidos exóticos
7. Pinturas mais caras do mundo
2. Internacionalização de empresas avança – Valor Econômico – 21/11/2008
3. Sobre o legado de Itô
4. Como Angelina Jolie cuida bem da sua imagem (com ajuda da imprensa)
5. Sped Fiscal - Está chegando a hora
6. Vestidos exóticos
7. Pinturas mais caras do mundo
Citigroup 3
EUA resgatam Citibank em pacote bilionário
Gazeta Mercantil - 25/11/2008
25 de Novembro de 2008 - Os reguladores federais aprovaram um plano radical para estabilizar o Citgroup, em um acordo complexo no qual o governo poderia absorver dezenas de bilhões de dólares em perdas no problemático banco, conforme anunciou o governo do EUA. O plano exige que o governo financie cerca de US$ 306 bilhões em empréstimos e títulos e invista diretamente cerca de US$ 20 bilhões no grupo.
O plano, que emergiu depois de uma semana angustiante nos mercados financeiros, seria a terceira tentativa do governo em três meses de conter a crise econômica que se aprofunda. Embora as negociações estivessem ocorrendo na noite de domingo, a proposta, se aplicada a outros bancos, poderia estabelecer um precedente para outros resgates financeiros bilionários.
Pelo acordo, o governo irá assumir até US$ 306 bilhões em empréstimos do setor imobiliário residencial e comercial que estão na carteira do banco, além de outros ativos, que vão permanecer no balanço do banco. O Citigroup vai arcar com perdas sobre os US$ 29 bilhões desse portfólio.
Quaisquer perdas remanescentes serão divididas entre o Citigroup e o governo. O banco absorverá 10% e o governo 90%. O Departamento do Tesouro vai usar seu fundo para resgate financeiro para assumir até US$ 5 bilhões em perdas. Caso seja necessário, o FDIC vai arcar com os próximos US$ 10 bilhões em perdas.
Em troca, o Citigroup vai emitir US$ 20 bilhões em ações preferenciais a agências do governo, uma medida que daria aos contribuintes um benefício, mas que poderia prejudicar os acionistas existentes. As ações preferenciais vão pagar um dividendo de 8%.
O Citigroup também vai concordar com certas restrições à compensação de executivos e colocar em ordem o plano de modificação de empréstimos do FDIC, que é similar àquele no qual o grupo embarcou recentemente.
O governo disse que estava dando um passo para reforçar economia enquanto protege os contribuintes. "Vamos continuar a usar todos os nossos recursos para preservar a força de nossas instituições bancárias e promover o processo de reparação e recuperação e administrar os riscos", disseram os reguladores em um comunicado.
Os executivos do Citigroup apresentaram o plano às autoridades federais na tarde de sexta-feira, depois que a queda de uma semana no preço da ação do banco ameaçou afundar outras grandes instituições. Em negociações tensas que duraram todo o dia, depois de se estenderem pela semana, ficou claro que a crise de confiança tinha de ser neutralizada ou os mercados financeiros poderiam despencar ainda mais.
Se o plano de resgate mais recente vai ajudar a acalmar os mercados é incerto, dado o estresse no sistema financeiro causado pelas perdas cada vez maiores no Citigroup e em outros bancos. Cada esforço prévio inicialmente parecia acalmar os investidores, levando ao otimismo de que o sistema bancário havia se estabilizado. Mas essas esperanças desapareceram à medida que o panorama econômico piorou, aumentando as preocupações de que mais empréstimos bancários provavelmente não seriam pagos.
Novo presidente
O presidente eleito, Barack Obama, também esteve trabalhando durante a semana passada para sustentar a confiança na economia que cede rapidamente. Obama sinalizou que vai perseguir um plano muito mais ambicioso de cortes de gastos e impostos que havia esboçado durante sua campanha. Enquanto isso, alguns democratas no Congresso exigiam que o governo gaste US$ 700 bilhões para estimular a economia nos próximos dois anos.
A escolha de Obama para o secretário do Tesouro, Timothy F. Geithner, presidente do Federal Reserve de Nova York, teve um papel crucial nas negociações na sexta-feira, mas aconteceu nos bastidores, uma vez que notícias de sua indicação começaram a circular. Enquanto o foco inicial das autoridades governamentais era o de ajudar o Citi, elas podem também tentar formular um plano que envolva o setor industrial como um todo e que poderia ajudar outros bancos.
Sob a proposta, o governo assumiria as perdas no Citigroup caso elas excedessem certos níveis, de acordo com pessoas que receberam informações a respeito das conversações, que falaram na condição de que não seriam identificadas porque o plano ainda estava em discussão.
Se o governo tivesse de assumir as perdas maiores, ele receberia uma participação no Citigroup que poderia prejudicar potencialmente os acionista existentes, cujas ações despencaram 87% neste ano. Um ano atrás elas, eram negociadas em cerca de US$ 30. Na sexta-feira, fecharam em US$ 3,77. O plano poderia introduzir uma outra mudança no resgate financeiro do governo.
O departamento do Tesouro propôs primeiramente comprar ativos de bancos com problemas, mas mudou de política e começou a injetar capital diretamente em instituições financeiras. Entretanto, nenhum dos planos restaurou a confiança dos investidores por muito tempo. "Tem sido um anúncio depois do outro. Anúncios com conteúdo, mas sem força para enfrentar a crise", disse Charles R. Geisst, historiador financeiro e professor da Manhattan College. "Ao intervir, estão dando ao mercado alguma força para afastar temporariamente o medo".
Autoridades do setor bancário disseram que a decisão de apoiar o Citigroup receberia críticas de instituições menores que não são grandes o suficiente para serem salvas.
Ver também pág. B3(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(The New York Times, com agên cias internacionais)
Citigroup 2
Valor de mercado do Citi despenca US$ 216,65 bi
São Paulo, 25 de Novembro de 2008 - Há pouco mais de um ano o Citigroup (Citi) era o maior banco em valor de mercado, se consideradas as instituições de capital aberto dos Estados Unidos e América Latina. O banco norte-americano valia US$ 237,2 bilhões em 9 de outubro de 2007, quando o Dow Jones alcançou seu valor máximo. De lá para cá perdeu US$ 216, 65 bilhões, mostra pesquisa da Economatica, e fechou na sexta-feira em US$ 20,5 bilhões, 9 lugar no ranking e atrás de instituições menos globalizadas, como os brasileiros Itaú e Bradesco, na 6 e 7 posição, respectivamente.
A queda decorre das perdas e prejuízos oriundas da crise do subprime e o socorro do governo dos Estados Unidos tenta salvar da falência a instituição, uma das mais antigas do cenário financeiro mundial, fundada em 1812. No Brasil, chegou há 93 anos e, ao contrário do derretimento da matriz, aqui os negócios vão bem. Tanto que é considerado como uma das "noivas mais atrativas" nesse momento de consolidação do setor, intensificado também por causa da crise, alvo de compra de Bradesco ou Banco do Brasil, se estivesse à venda, o que não ocorre, segundo já informou.
Não à toa. Até junho, conforme dados do Banco Central, a subsidiária registrou lucro líquido de R$ 1,2 bilhão e ostenta a 12 posição no ranking brasileiro das 50 maiores instituições por ativos, com R$ 39,41 bilhões. Se o desempenho da matriz não impactar os resultados, o banco pode crescer mais no Brasil, onde tem em curso um plano de expansão, orgânica e por aquisições. Neste ano, inclusive, já fechou a compra da Corretora Intra
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Iolanda Nascimento)
Citigroup 1
Citigroup pode criar um ‘banco ruim’
David Enrich e Carrick Mollenkamp, The Wall Street Journal, de Nova York e Londres
The Wall Street Journal Americas - 24/11/2008
O Citigroup Inc. está perto de um acordo com autoridades do governo americano para criar uma estrutura que abrigaria parte dos ativos mais arriscados do grupo, segundo pessoas a par da situação.
Embora as discussões continuem voláteis e possam não resultar num acordo, as conversas progrediam ontem para que houvesse a criação do que seria essencialmente um “banco ruim”. Essa estrutura ajudaria o Citigroup a limpar seu balanço de bilhões de dólares de ativos potencialmente podres, disseram essas pessoas.
O banco ruim também poderia absorver ativos das entidades fora de balanço do Citigroup, que detêm US$ 1,23 trilhão. Alguns desses ativos são atrelados a hipotecas, e os investidores temiam que tais créditos poderiam provocar grandes perdas se parassem no balanço patrimonial do banco. O Citigroup também tem cerca de US$ 2 trilhões em empréstimos a receber, valores mobiliários e outros ativos em seu balanço de 30 de setembro.
Por trás da iniciativa há um amplo esforço para aumentar a confiança no banco nova-iorquino, cuja ação desabou 60% na semana passada, para seu nível mais baixo em 16 anos.
Pelos termos que estão sendo discutidos, o Citigroup concordaria em absorver perdas de ativos cobertos pelo acordo até um certo limite. O governo americano cobriria perdas além daquele nível, disseram pessoas familiarizadas com a questão. Uma pessoa disse que a nova entidade deve ter ativos de cerca de US$ 50 bilhões.
Uma porta-voz do Citigroup se negou a comentar as discussões.
Não está claro se o governo americano assumirá uma participação acionária no Citigroup em troca de dar um suporte financeiro. Também não está claro se o Citi receberia um empréstimo do governo para financiar a entidade. O governo adotou essa estratégia com a seguradora American International Group Inc. no fim de setembro.
Não se sabia ontem à tarde se o Citigroup terá de fazer mudanças em sua diretoria, conselho de administração ou outras partes dentro da companhia em troca da ajuda do governo.
As partes esperavam anunciar um acordo ainda ontem à noite, depois das discussões entre executivos do Citi e funcionários do Federal Reserve, o banco central, e do Departamento do Tesouro.
Depois da queda das ações do Citi na semana passada, o diretor-presidente Vikram Pandit e outros executivos insistiram que a queda não era uma ameaça porque a companhia tem muito capital e liquidez. Mas na sexta-feira diretores do banco esperavam alguma expressão pública de confiança por parte do governo.
Para pagar o passivo
ABInBev lança ações para pagar dívida
Gazeta Mercantil - 25/11/2008
Genebra, 25 de Novembro de 2008 - A Anheuser-Busch InBev (ABInBev), formada na semana passada com a fusão das maiores cervejarias da Europa e das Américas, reativaram a venda de ações, para pagar a dívida de US$ 54,8 bilhões, depois que seus controladores se dispuseram a desembolsar mais dinheiro.
Até 986,1 milhões de novas ações estão sendo vendidas para os atuais investidores, a ? 6,45 cada, para captar ? 6,36 bilhões (US$ 8,05 bilhões), informou a empresa. Os investidores poderão subscrever oito novas ações para cada cinco que já tinham até 9 de dezembro.
Ontem, depois que o preço foi anunciado, as ações caíram 19,90%, ou 4,10, para E16,50 no pregão da Bolsa de Bruxelas, fechando no menor valor desde março de 2003. A empresa disse que os seus controladores, executivos brasileiros e famílias belgas, vão gastar E2,8 bilhões em ações para manter sua condição de majoritários, mais do que o dobro de suas intenções no mês passado. "Eles acreditam na empresa e também precisam concluir o negócio", disse Giuliu Lombardi, analista da Fitch Ratings, em Londres. "Eles não podem esperar até que a situação do mercado financeiro melhore", disse. (...)
(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 6)(Bloomberg News)
Para resolver a crise
Segundo a revista Forbes, 12 passos são necessários para resolver a crise econômica (
12 Steps to Economic Recovery; Has a 12-step recovery program for the economy, Rich Karlgaard, 8/12/2008, Forbes, 29, Volume 182 Issue 12). Existem medidas imediatas, para o próximo ano e para um futuro próximo. A primeira medida imediata é, segundo a revista, admitir nossos erros, que inclui a marcação a mercado:
12 Steps to Economic Recovery; Has a 12-step recovery program for the economy, Rich Karlgaard, 8/12/2008, Forbes, 29, Volume 182 Issue 12). Existem medidas imediatas, para o próximo ano e para um futuro próximo. A primeira medida imediata é, segundo a revista, admitir nossos erros, que inclui a marcação a mercado:
(...) Immediate Steps
1. Admit our mistakes. Retool mark-to-market accounting rules. Eliminate naked short-selling and reinstate the uptick rule. The damage from these three policy boners has mostly been done, but it would be good to admit our errors and fix them anyway. If our goal was to destroy the banking system as we know it, there was no surer way than to (a) insist on mark--to-market accounting valuations of thinly traded distressed assets during a panic, (b) allow any hedge fund to short bank stocks without borrowing the stock first and (c) let short-selling careen downhill without brakes. That's how a market gets violent short raids. Yet this is exactly what the U.S. government--the FASB, the SEC and the Treasury--allowed to happen throughout 2008. The victims--Bear Stearns, AIG and Lehman Brothers--were cash-flow-positive right up until the point they declared bankruptcy. Did you know that?
Custo dos ex-presidentes
Ex-presidentes custam ao País mais de R$ 3 milhões por ano
Gazeta Mercantil – 24/11/2008
São Paulo, 24 de Novembro de 2008 - Enquanto governo e oposição se articulam para as eleições de 2010, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já se prepara para desfrutar dos benefícios a que todo ex-presidente da República tem direito. Decreto assinado por Lula no dia 27 de fevereiro de 2008 amplia de seis para oito o número de servidores disponíveis para segurança aos ex-presidentes, além de estender a proteção a bens e direitos, fato inédito na história do País, segundo especialistas consultados pela Gazeta Mercantil.
De acordo com dados da ONG Contas Abertas, um ex-presidente custa aos cofres públicos R$ 63.438,53 por mês. Este valor inclui despesas com servidores (41.284,38), a contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) (R$ 10.733, 94) e o salário que cada ex-ocupante do Palácio do Planalto tem direito (R$ 11.420,21).
Se somados os gastos com os dois veículos oficiais que estão à disposição, a despesa individual sobe para R$ 69.076,03, segundo estimativas da ONG Contas Abertas. Anualmente, isso representa um gasto de R$ 828.912,35. Ou seja, os presidentes eleitos desde a redemocratização (José Sarney, Fernando Collor de Mello, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso) custam ao País R$ 3.315.649,38 por ano. Em 2011, quando o presidente Lula deixar o cargo, essa quantia irá crescer para R$ 4.114.561,73.
"É justo que ex-presidentes tenham certa proteção do Estado. Até porque tomam decisões que desagradam muitas pessoas. O que se pode questionar é a quantidade de funcionários à serviço dos presidentes", afirma Gil Castelo Branco, consultor da Contas Abertas. O advogado tributarista Ives Gandra Martins considera "exagerado" a quantidade de servidores responsáveis pelas atividades de segurança e proteção aos ex-presidentes. Mesmo assim, não enxerga o decreto como um casuísmo autêntico.
"Todos os presidentes têm o mesmo direito. Agora, Lula apenas utiliza mais do que FHC as mordomias do cargo", avalia Ives Gandra. O advogado André Carlos Magalhães, especialista nas áreas de direito administrativo/público, consumidor, financeiro e bancário, lembra que o aumento do número de servidores à disposição dos ex-presidentes já fazia parte de medida provisória editada pelo governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), quando o tucano instituiu o gabinete de transição.
A Casa Civil explicou que o governo Lula apenas regulamentou a Lei 10.609, de 2002, que alterou a Lei 7.474, de 1986. Os dois novos cargos comissionados são do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores (DAS de nível 5) no valor de R$ 8.400,00. Além desses comissionados, os ex-presidentes dispõem de dois funcionários DAS-1 (com remuneração de R$ 1.977,31 cada), dois DAS-2 (R$ 2.518,42) e dois DAS-4 (R$ 6.396,04). Segundo a Casa Civil, no primeiro semestre de 2008, Sarney, Collor, Itamar e FHC mantiveram preenchidos os oito cargos.
Além disso, por ser senador, Sarney recebe R$ 12.700 de salário, R$ 3.800 de auxílio-moradia, R$ 15 mil verba indenizatória e até R$ 80 mil para contratar funcionários comissionados. Também senador, Collor terá direito aos mesmos benefícios, em janeiro de 2009, quando promete retornar da licença de 120 dias.
Proteção patrimonial
"A grande novidade entre o decreto de Lula e os anteriores é a destinação de servidores para a proteção patrimonial de ex-presidentes. Nenhum outro decreto - nem mesmo a Lei originária - tratava de proteção de bens e direitos", analisa Magalhães. Segundo ele, o decreto é um avanço na medida em que a residência de um ex-presidente é um depósito de informações da história do Brasil.
"O que parece um retrocesso na verdade pode representar um avanço, já que as memórias, cartas e mensagens recebidas durante as campanhas, as anotações particulares, depoimentos, biblioteca, honrarias e títulos outorgados ao presidente da República compõem um acervo histórico que não é guardado em bancos, mas em casa. Embora pertença ao ex-presidente, faz parte da história do País e merece proteção", justifica Magalhães. Ele defende que os benefícios sejam estendidos, em menor grau, aos vices.
"A história recente do País mostra que por duas vezes um vice assumiu o lugar do titular", lembra o advogado. Em abril de 1985, o senador José Sarney tornou-se presidente após o falecimento de Tancredo Neves. Na época, o político mineiro encabeçava a chapa que superou o então candidato Paulo Maluf nas eleições indiretas para o Palácio do Planalto. Primeiro presidente eleito por voto direto após o regime militar, em 1989, Fernando Collor de Mello renunciou ao cargo, em 1992, para evitar um processo de impechment. A renúncia, contudo, não evitou a cassação de Collor pelo Senado sob acusações de corrupção.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 10)(Fernando Taquari Ribeiro)
Bibliotecas de luxo

As bibliotecas presidenciais americanas abrigam muito mais do que livros e documentos dos chefes de governo dos Estados Unidos. Cinco delas contém em seus limites, os restos mortais de seus fundadores. São 12 as instituições deste gênero que têm a chancela do governo do país, recebendo orçamentos próprios com dinheiro público. Homenageiam desde o ex-presidente Herbert Hoover (1920-33) até William Clinton (1993-2001). Somadas, elas consumirão, em 2008, US$ 312,800 milhões (R$ 749,500 milhões) em custos operacionais, garantidos por verbas aprovadas pelo Congresso. Esta quantia pode parecer extraordinária, mas é preciso considerar que, além dos corpos de alguns mortos, estes monumentos nacionais abertos aos cidadãos guardam tesouros de valor histórico incalculável.
Mais adiante
"Acho que a Biblioteca de W. Bush poderia ser um armário de banheiro. Ele já disse que não gosta de ler. Não vai doar todos seus documentos. Para que precisa de um prédio? É verdade que sua mulher, a primeira-dama Laura Bush, é formada em bibleoteconomia, mas não acho que ela seja capaz de montar uma biblioteca com tão puco material", diz o humorista Chris Rock.
Tesouro dos EUA banca de livros a restos mortais - Gazeta Mercantil - 24/11/2008
Fonte da Foto: Life
Divórcio

Bernie Ecclestone, chefão da Fórmula 1, pode ter o divórcio mais caro do mundo. Sua fortuna é estimada em 3,5 bilhões de dólares e boa parte num offshore trust que ele criou para fugir dos impostos. Mas este trust é controlado por Slavica, modelo croata e esposa de Bernie (foto, ao lado, de Bernie e Slavica). Os especialistas acreditam que ela não sairá do processo com alguns trocados, mas talvez até com boa parte da fortuna.
Mais detalhes, aqui.
Acredite se quiser

O processo de transformação dos grandes bancos de varejo do País em conglomerados financeiros não deve inibir a concorrência no segmento, que deverá ser estimulada por três fatores.
Os dois primeiros têm relação direta com a consolidação, que diminui o espaço para compras de novas instituições e de folhas de pagamentos de funcionários públicos. O terceiro fator é a portabilidade das contas-salário. A partir de janeiro do próximo ano, os funcionários de empresas privadas poderão escolher em que banco receberão seus salários. Em 2012, o mesmo ocorrerá com os funcionários públicos de todo o País. "Acabou a vida fácil de crescer comprando folhas de pagamento e outros bancos", sentencia o sócio-diretor da CVA Solutions, Sandro Cimatti. "Com a diminuição da maior barreira para mudar de instituição, os bancos terão de ser mais agressivos na manutenção e busca de novos clientes", projeta o especialista.
Competitividade deve aumentar, diz estudo
Gazeta Mercantil - 21/11/2008
Foto: Life
Nova Marca
(...) A fusão das duas instituições financeiras oferece uma oportunidade rara de acompanharmos no dia-a-dia como os condutores dessas marcas irão superar uma série de desafios e manter intactos dois ícones vencedores. Se do ponto de vista econômico, trata-se de uma complexa transação, do ponto de vista da imagem corporativa certamente será fonte para inúmeras lições.
O primeiro e mais complexo desafio é como fazer para que, juntas agora, as duas marcas possam valer ainda mais. Afinal, a lógica de uma fusão é fortalecer as operações, criar vantagens competitivas - e isso vale também para o bem intangível da marca. O ponto mais delicado, sabemos, é que fusões são feitas para aquilo que, com eufemismo típico, os financistas chamam de "capturar sinergias". Ou seja, cortar custos, eliminar sobreposições, ganhar eficiência. Isso se faz de inúmeras formas. A mais dolorosa é eliminando postos de trabalho.
Seguindo um planejamento cuidadoso, todo o arsenal de comunicação do negócio ressaltou na largada que a fusão não será seguida de demissões. Sinal de que a equipe dos dois bancos está atenta para preservar a marca de arranhões, mas a realidade dos próximos meses continuará sendo desafiadora, pois fusões só fazem sentido econômico graças às "sinergias", claro. (...)
Vida Executiva - Os desafios da mais nova megamarca - 21/11/2008 - Gazeta Mercantil
Caderno C - Pág. 9 - Mário Rosa
Apesar de interessante, destaco que "capturar sinergias" não é o que o autor afirma no texto.
Um Estudo de Caso em Controladoria
O texto a seguir foi originalmente publicado no New York Times (Citigroup Pays for a Rush to Risk, Eric Dash e Julie Creswell, 23/11/2008, Late Edition - Final, 1) e traduzido e publicado no Brasil pelo Estado de São Paulo. É um excelente estudo de caso sobre controladoria (ou talvez sobre auditoria).
Banco está pagando o preço por ter flertado com o risco
Eric Dash e Julie Creswell, The New York Times
O Estado de São Paulo - 24/11/2008
Em setembro de 2007, quando Wall Street enfrentava uma crise provocada pelas inadimplências hipotecárias, os executivos do Citigroup se reuniram para avaliar sua própria situação.
Velhas amizades impediram análise isenta de responsáveis por supervisão
Acompanhe on line as últimas notícias sobre o Citigroup
Veja a cronologia da crise financeira internacional
Ali, pela primeira vez, o presidente da instituição, Charles O. Prince III, soube que o banco tinha cerca de US$ 3 bilhões em ativos relacionados a hipotecas. E perguntou para Thomas G. Maheras, que supervisionava as operações do banco, se tudo estava correndo bem.
Maheras disse ao patrão que não existia nenhuma perspectiva de grandes perdas, de acordo com fontes presentes na reunião, que pediram para não ser identificadas.
Por meses, as garantias dadas por Maheras a outros executivos dentro do Citigroup acalmaram as preocupações internas sobre as vulnerabilidades do banco. Mas desta vez, uma equipe de administração de riscos foi criada para examinar com rigor os enormes ativos do banco vinculados a hipotecas.
Contudo, já era tarde; algumas semanas depois, o Citigroup anunciaria prejuízos de bilhões de dólares. Normalmente, um grande banco nunca permite que a palavra de um único executivo tenha tanto peso. Em vez disso, despacha seus gestores de risco para examinar ativamente tudo o que possa estar ocorrendo sorrateiramente e se proteger contra excessos no seu setor de empréstimos e operações no mercado financeiro.
Mas, segundo várias pessoas próximas do Citigroup, os administradores de risco nunca realizaram uma investigação com a profundidade necessária. Por causa das velhas amizades, fato que atrapalhou o seu julgamento, os encarregados de supervisionar as pessoas incumbidas dos negócios do banco, ávidas para aumentar os ganhos a curto prazo - e também as bonificações multimilionárias dos executivos -, não conseguiram pôr um freio em tudo isso.
Hoje, o Citigroup, que foi a maior e mais poderosa instituição financeira do país, se vê subjugado por US$ 65 bilhões em dívidas, baixas contábeis de ativos podres e provisões por conta de perdas futuras. Mais da metade desse valor provém de títulos lastreados por hipotecas criados pela equipe de Maheras - os mesmos produtos que inquietavam Prince, que chamou sua atenção na reunião de 2007.
As ações do Citigroup despencaram, atingindo seu preço mais baixo em mais de uma década, de US$ 3,77 na sexta-feira. A esse preço, a instituição vale hoje apenas US$ 20,5 bilhões, um queda significativa em comparação com os US$ 244 bilhões que ela valia há dois anos. Uma onda de demissões acompanharam esse mergulho, com 75.000 postos de trabalho já eliminados ou previstos para desaparecer, de um quadro de funcionários que chegava a 375.000 um ano atrás.
Sobrecarregado pelas perdas e pela crise de confiança, o futuro do Citigroup é tão incerto que as autoridades reguladoras em Nova York e Washington realizaram uma série de reuniões de emergência no fim da semana para discutir maneiras de ajudar o banco a se erguer.
E, como a crise de crédito parece entrar numa nova fase perigosa, apesar do pacote de US$700 bilhões, os problemas do Citigroup são emblemáticos da administração caótica e da pressa para ganhar dinheiro rápido, que tomou conta de Wall Street. Em todas as atividades bancárias, o lucro fácil e o mercado imobiliário em expansão levaram financistas conhecidos a negligenciar perigos a que se estavam se expondo.
Para os críticos, embora grande parte dos danos sofridos pelo Citigroup e pela economia de modo geral tenha sido provocada pela intensa atividade dentro do mercado financeiro e por uma supervisão negligente das operações , os membros do escalão mais alto do banco também são responsáveis. No início deste ano, num relatório enviado à instituição, o Federal Reserve (Fed) censurou o Citigroup por manter uma fiscalização das operações e controles de risco medíocres.
A ruína do banco já vinha sendo preparada há anos, e envolveu muita gente dentro da sua hierarquia, particularmente Prince e Robert E. Rubin, diretor e conselheiro sênior que tinham grande influência dentro da empresa. Segundo analistas, Prince e Rubin têm grande responsabilidade pelos problemas atuais da instituição, ao escolherem e favorecerem uma estratégia que levou o banco a assumir riscos financeiros muito maiores para expandir suas operações e lucrar ainda mais.
24 novembro 2008
Links
1. Pessoas obesas tem direito a dois assentos no avião no Canadá
2. As melhores orquestras do mundo
3. A diferença entre as finanças comportamentais e as finanças tradicionais (vídeo-propaganda)
4. Morreu Kiyoshi Ito, matemático com contribuição na teoria da probabilidade e em estudos sobre aleatoriedade
2. As melhores orquestras do mundo
3. A diferença entre as finanças comportamentais e as finanças tradicionais (vídeo-propaganda)
4. Morreu Kiyoshi Ito, matemático com contribuição na teoria da probabilidade e em estudos sobre aleatoriedade
Citibank
Segundo notícias, o Tesouro dos EUA irá aportar 20 bilhões de dólares em capital no Citigroup, podendo absorver mais perdas. Mas os termos ainda não são claros.
Uma das possibilidades é criar uma entidade para absorver os créditos podres do Citi.
As notícias são desencontradas, sendo difícil afirmar o que é verdade.
Uma das possibilidades é criar uma entidade para absorver os créditos podres do Citi.
As notícias são desencontradas, sendo difícil afirmar o que é verdade.
Valor Justo
Considerações sobre o valor justo dos ativos
Gazeta Mercantil - 24/11/2008
Com alterações na legislação societária, promovidas pela Lei 11.638/07, um tema já muito abordado nas normas internacionais e aplicável às instituições financeiras passou a fazer parte da realidade das sociedades brasileiras em geral: o registro contábil de instrumentos financeiros seguindo o "fair value" (valor justo), que pode ser entendido como o valor pelo qual um ativo pode ser negociado, ou um passivo liquidado, entre partes interessadas, conhecedoras do negócio e independentes entre si, com a ausência de fatores que pressionem a liquidação da transação ou que caracterizem uma transação compulsória.
A nova legislação societária, no art. 183, determinou que os instrumentos financeiros, inclusive derivativos, direitos e títulos de créditos, devem ser avaliados pelo seu valor de mercado ou equivalente ("fair value"), em caso de aplicações destinadas à negociação ou disponíveis para venda.
Observe-se que esta prática já é aplicável para as instituições financeiras e outras entidades desde 2002. Assim, a atual alteração promove a uniformização de critérios contábeis para os agentes da atividade financeira, possibilitando que as duas partes envolvidas elejam o mesmo tratamento para uma mesma operação.
A exemplo da realidade brasileira, o "fair value" ganhou relevância nas normas internacionais nos últimos anos provocando discussões acaloradas acerca de seu conceito e forma de mensuração. A literatura destaca como principais vantagens de sua aplicação: (i) informações mais interessantes para investidores uma vez que a contabilidade espelharia o preço pelo qual ativos e passivos disponíveis para venda poderiam ser negociados, (ii) transparência em relação à substância econômica de ativos e passivos, (iii) desvinculação do valor de ativos e passivos a fatores específicos de uma entidade em particular, uma vez que estariam avaliados por razões de mercado, propiciando condição de comparação entre diferentes entidades.
Por outro lado, especialistas também destacam desafios relacionados à sua aplicação: (i) elevado grau de subjetividade dos critérios de mensuração, dependente de premissas,(ii) complexidade dos métodos de cálculo, (iii) reflexo imediato, nas demonstrações contábeis, de oscilações bruscas oriundas de momentos extremos, (iv) possibilidade de difusão nas demonstrações contábeis de eventuais equívocos de mensuração.
Em relação aos dois últimos itens, a crise financeira mundial é exemplo dos reflexos contábeis imediatos, extremamente relevantes, decorrentes da alteração brusca do valor de mercado de ativos ou passivos. Muitas perdas verificadas contabilmente não representam reflexos imediatos nos fluxos de caixa, mas geram dúvidas quanto à capacidade de sua realização pelas sociedades que as divulgam. A questão é tão relevante que no "projeto" aprovado pelo Senado dos EUA, há exigência de análise por parte da Comissão de Valores Mobiliários (SEC, na sigla em inglês) da relação direta entre a regra contábil do valor justo e a falência de várias instituições financeiras. Face à exigência, cabe ponderar que a contabilidade, por um lado, deve colher a fotografia fidedigna da situação patrimonial em determinada data-base, com transparência e uniformidade de critérios, por outro, o leitor dessa informação deve estar ciente que o efeito pode ser meramente transitório, não impactando de forma definitiva o resultado da empresa ou mesmo seu fluxo de caixa.
Em relação aos aspectos tributários, a norma atual para instituições financeiras e demais sujeitas à regra desde 2002 estabelece que os valores relativos à marcação a mercado de ativos e passivos que afetarem seus resultados só devem ter reflexo tributário quando efetivamente realizados. A medida confere justiça vez que impede que oscilações contábeis não configurem como ganhos ou perdas definitivas para fins de apuração das bases dos tributos (IRPJ, CSL, PIS e Cofins).
Em relação à alteração promovida pela lei societária, diferentemente do que ocorreu em 2002, em que a lei tributária imediata e adequadamente foi adaptada, não houve, até o momento qualquer alteração o que tem gerado dúvidas quanto à tributação de eventuais ajustes positivos e negativos oriundos da avaliação a mercado dos ativos e passivos detidos por sociedades não financeiras submetidas ao novo critério.
Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3 - Luciana Aguiar, Adriano Silva e Tatiana Fernandes - Gerentes da PwC
A definição do valor justo é do CPC 02.
LBV e Filantropia
No jornal O Globo:
O que fez a LBV? O jornal faz um resumo dos problemas que foram encontrados na entidade no passado:
Sete anos depois de protagonizar um dos maiores escândalos da filantropia brasileira, a Legião da Boa Vontade (LBV) tem hoje um histórico "limpo", graças à brecha jurídica que anulou todas as provas que apontavam para desvio de recursos e outras irregularidades, informa a repórter Leila Suwwan na edição desta segunda-feira do Globo. Há dois anos, sem alarde, conseguiu recuperar seu certificado de entidade beneficente (Cebas) e garantir a isenção tributária retroativa. E agora, com a edição da MP da Filantropia pelo governo, ganhou mais uma benesse: 15 recursos que ameaçavam a atual proteção contra as cobranças foram sumariamente extintos, sem chance de recurso pela União.
A brecha usada pelos advogados da LBV foi a falta de notificação, com três dias de antecedência, das diligências realizadas pelo INSS.
Brecha jurídica anula processo da LBV - O Globo - 24/11/2008
O que fez a LBV? O jornal faz um resumo dos problemas que foram encontrados na entidade no passado:
Numa série de reportagens publicadas a partir de março de 2001 — Prêmio Esso de Reportagem —, O GLOBO mostrou que a Legião da Boa Vontade (LBV), maior entidade não-governamental do país, desviava parte dos R$215 milhões que arrecadava anualmente para a assistência a crianças e idosos carentes a fim de garantir mordomias a seus dirigentes. O diretor-presidente da entidade, José de Paiva Netto, era o principal favorecido. Ele tinha à sua disposição seis moradias de luxo, algumas com piscina, circuito interno de TV e segurança, além de carros importados e jatinhos fretados.
O GLOBO também revelou o resultado de uma fiscalização extraordinária do INSS no ano anterior, que encontrou irregularidades em 350 das 400 unidades da LBV no país. Segundo a fiscalização, só em 2000 a LBV sonegou R$2 milhões em contribuições previdenciárias que ela descontou de seus 5.450 funcionários e não repassou ao INSS.
Além disso, a LBV devia mais R$8,4 milhões ao INSS referentes a períodos anteriores ao ano de 2000, e R$4,5 milhões pelo não recolhimento do FGTS de seus empregados. Foi constatado ainda que a entidade remunerava indiretamente seus dirigentes, o que é proibido por lei. Os fiscais comprovaram ainda que a LBV usou notas fiscais frias para justificar despesas de R$2,6 milhões. Segundo a fiscalização, a contabilidade da LBV registrava que as despesas em programas sociais não passaram de 3,5% do total gasto em 1999.
Em conseqüência da série de reportagens, a LBV teve o registro de entidade filantrópica cassado pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). Em junho de 2001, o conselho indeferiu o pedido de renovação do registro de entidade filantrópica por irregularidades fiscais.
Império de mordomias
23 novembro 2008
Sobre a importância da Contabilidade nos dias de hoje
Apuntes contables
El País - Nacional - 23/11/2008 - UN (Única) - 42
En la actual crisis financiera, la contabilidad parece haber cobrado una importancia significativa. No sólo nos ha obligado a entender una nueva semántica, sino que también nos ha generado dudas sobre los mecanismos de conexión entre los apuntes contables en balances o cuentas de resultados y las causas y soluciones de la crisis.
Una modificación en el valor de activos o pasivos puede variar la situación patrimonial de una entidad, y los desajustes en la valoración de ambos pueden llevar a desequilibrios difícilmente sostenibles. De aquí el debate sobre la idoneidad de la utilización del valor razonable para la valoración de determinados activos o pasivos en el balance y, adicionalmente, la dificultad para estimar dicho valor y el alcance de dicha razonabilidad.
Caídas en el valor de los activos de las entidades llevan directamente bien a reconocer pérdidas, bien a reducir sus recursos propios. Pero no debemos perder de vista que existe una asimetría entre la valoración de activos y de pasivos. Mientras que para los primeros, por prudencia, parece oportuno calcular el valor de realización de los mismos, en los pasivos no parece razonable reconocerlos por el valor por el que se podrían liquidar, ya que este principio llevaría a que cuanto peor fuese la solvencia de una entidad, menos pasivo habría que reconocer, lo que, paradójicamente, llevaría a generar beneficios. Esta asimetría lleva, en periodos de caída de valor de los activos financieros como el que vivimos, a que los inversores reconozcan un menor valor de sus activos mientras que los emisores de los instrumentos sigan reconociéndolos por su valor de reembolso, en un juego de clara suma negativa.
Este juego ha llevado a los supervisores a buscar soluciones al tratamiento contable de determinadas inversiones. No es sólo cuestión de reconocer las dificultades de valorar muchos activos cuando no existe mercado, sino también de plantearse si tiene sentido dicho desacompasamiento en la valoración de activos y pasivos. Cualquier medida en este sentido no será la solución a la crisis, pero sí ayudará a que las entidades financieras puedan contar con un mayor margen de maniobra para afrontar el escenario actual. -
22 novembro 2008
Valor justo pode não ser substituído

Segundo a Reuters News (Fair value accounting should not be replaced-US panel, Rachelle Younglai), a regra contábil do valor justo, considerada por alguns como responsável pela crise financeira, pode não ser substituída. Participantes de um encontro na sexta-feira sugeriram que os bancos revelem mais informações sobre como eles avaliaram seus ativos.
Apesar do encontro sugerir a preservação do valor justo, existiu um certo consenso de modificar as atuais regras:
"Maybe more information is needed in the valuation process... so users can assess whether it's a good number or not," said Wayne Landsman, professor of accounting at the Kenan-Flagler Business School, the University of North Carolina. Landsman suggested more details on where the "numbers come from."
Donald Nicolaisen, the SEC's former chief accountant, said "You do need enough information in the market place so the market can absorb, digest and compare" companies.
Nicolaisen, who serves on a number of boards including Morgan Stanley, said there are ways to encourage disclosures. "They don't have to go in the footnotes, they don't have to go in elaborate write-ups, they can appear on websites," he said.
Dane Mott, a senior equity analyst at JP Morgan covering U.S. accounting and valuation, said additional details should be included in regulatory filings and said it creates complexity if you expect investors to know it's on a web site.
James Gilleran, former Office of Thrift Supervision director, argued against increasing disclosure just for disclosure purposes. "I don't think that is a fair disclosure of information," he said.
The SEC is required to submit the study by early January.
Foto: Life
Crise, Iosco e SEC

Comitê da Iosco se reúne na segunda para avaliar venda a descoberto(Foto: Life)
21 November 2008 - Valor + News
O presidente da Securities and Exchange Commission (SEC), Christopher Cox, convocou hoje um encontro do comitê técnico da Iosco (entidade que reúne os órgãos reguladores do mercado de capitais nacionais) - presidido por ele - para avaliar possíveis novas medidas com relação à crise financeira. A reunião será realizada via teleconferência na próxima segunda-feira, dia 24 de novembro.
O objetivo do encontro será "discutir questões regulatórias urgentes" ligadas à atual crise no mercado de crédito.
Na pauta da reunião estarão: venda a descoberto de ações; regulação de derivativos de balcão e outros instrumentos financeiros; agências de rating; e a adoção de um padrão contábil internacional.
"Ao lidar com as condições turbulentas do mercado, é essencial que os reguladores atuem não apenas contra violações das normas vigentes no mercado, incluindo venda a descoberto de ações de forma abusiva, mas também que haja uma forte coordenação entre os mercados internacionais para evitar buracos regulatórios e consequências indesejadas", disse Cox.
Em relação à venda a descoberto, o presidente da SEC sugere que os membros do comitê técnico da Iosco avaliem o efeito da recente suspensão de algumas práticas abusivas desta estratégia em certos países. A idéia é reduzir as manipulações, mas sem banir completamente o instrumento. A divulgação da posição "vendida" ao mercado a obrigação de que o aluguel da ação seja feito antes da venda do papel devem estar entre as recomendações.
Sobre mercados pouco regulados ou não regulados, Cox propõe que se desenvolva normas para que haja maior transparência na negociação de derivativos de balcão (OTC - over-the-counter) e de outros instrumentos financeiros, para que se possa aumentar a proteção do investidor e mitigar o risco sistêmico.
Em relação às agências de rating o encontro tratará do processo de adoção das regras do código de conduta revisado da Iosco. Sobre contabilidade, a Cox sugere que os membros da entidade global se certifiquem de que o processo de desenvolver um padrão contábil internacional continua a levar em conta os interesses dos investidores.
(Valor Online)
21 novembro 2008
Links

1. Os bandidos do mercado financeiro
2. Aronian, um dos maiores jogadores de xadrez da atualidade, afirma que “mulher não pode jogar xadrez”
3. Carro dos sonhos
4. A vida em Novo Paraíso, Amazonia, segundo a The Economist
5. Crença na prostituição muda com a idade na Inglaterra (figura ao lado)
6. Países mais ricos são mais saudáveis?
7. O uso do xadrez como arma política na União Soviética
8. A relevância do conceito da continuidade na situação atual
Crise e Citigroup
O maior investidor individual do Citigroup deu ao banco um novo apoio nesta quinta-feira ao afirmar que planeja ampliar ligeiramente sua participação na instituição. O anúncio, porém, não foi suficiente para reparar a confiança do mercado e as ações do banco despencavam mais de 20% na tarde de ontem.
Príncipe elevará fatia no Citi
Gazeta Mercantil - 21/11/2008
Dois links sobre a crise no Citi:
1. Pandit corta a tripulação, mas o problema é mais embaixo
2. Os números do Citi
Risco Brasil
(...) Desde que a Lehman Brothers entrou em concordata e a crise de crédito internacional se agravou, o risco-Brasil subiu 187%. Seu pico foi de 600,8 pontos básicos em 23 de outubro.(...)
Risco-Brasil explode - Valor Econômico - 21/11/2008
A matemática ajuda a solucionar um mistério musical

Um mistério solucionado pela matemática. Segundo o Scientific Blogging (Another major mystery solved) a transformação de Fourier ajudou a esclarecer o mistério dos acordes na música A Hard Day´s Night, dos Beatles .
A música começa com
"It’s been a hard day’s night
And I’ve been working like a dog"
Mas até então, ninguém sabia que acordes Harrison estava tocando. Decompondo o som com o uso de computadores, Jason Brown obteve a resposta precisa.
Foto: Life
Congresso e Montadoras
Congresso dos Estados Unidos nega ajuda a montadoras
Ana Conceição, da Agência Estado
WASHINGTON - O Congresso não irá aprovar nesta semana uma legislação de emergência para socorrer as montadoras norte-americanas, mas pode voltar a se reunir em dezembro se as empresas apresentarem um plano viável para sua sobrevivência, afirmou o senador Larry Reid (Partido Democrata/Nevada), líder da maioria no Senado dos EUA.
Reid e a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi (Partido Democrata/Califórnia), disseram que as montadoras não apresentaram até agora uma estratégia viável para resolver seus problemas financeiros.
Um acordo preliminar, aprovado mais cedo por um grupo bipartidário de senadores, para alocar mais empréstimos às montadoras sob um programa do Departamento de Energia (DoE) parece morto. Reid afirmou que os senadores com base política em Detroit chegaram a se comprometer com um acordo, mas que ele não seria aprovado nem pela Câmara nem pelo Senado. "Queremos ter certeza de que há viabilidade", disse Reid. "Podemos oferecer socorro apenas se as montadoras estiverem dispostas a ajudar a si mesmas".
O Congresso pode sair do recesso parlamentar na semana do dia 8 de dezembro, segundo Reid e Pelosi, mas apenas se as montadoras oferecerem um plano aceitável.
Alguns democratas ficaram decepcionados com as propostas apresentadas pelas chamadas "Três Grandes de Detroit": General Motors, Ford e Chrysler. "Esses homens voando em seus jatos corporativos não enviaram uma boa mensagem", disse Reid, referindo-se às notícias de que os executivos das montadoras usaram jatos privados para viajar a Washington, onde negociariam um acordo no Congresso.
Reid disse que o presidente do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, o democrata Barney Frank, e o também democrata Christopher Dodd, presidente do comitê de Finanças do Senado, trabalhariam nos detalhes de um novo plano de socorro. Frank e Dodd devem presidir novas audiências sobre o estado da indústria automotiva na semana do dia 2 de dezembro. "Até lá, vamos ouvir idéias, se elas fizerem sentido", disse Dodd.
Frank atribuiu o fracasso em aprovar um pacote de resgate para as montadoras nesta semana ao ceticismo criado pela rapidez com que o Congresso aprovou o pacote de resgate de US$ 700 bilhões para Wall Street em outubro.
As ações de GM e Ford que subiram forte no início da tarde com a notícia de um possível socorro, reduziam a alta. Ford subia 1,59% e GM avançava 7,89% na Bolsa de Nova York.
Caixa: eis a questão

A revista The Economist discute a questão da necessidade que as empresas possuem de “ter caixa”. Em All you need is cash (The Economist, 20/11/2008) o texto faz um retrospecto da história recente das empresas, onde ter caixa era sinal de ineficiência. Hoje o foco é a “queima de caixa”, ou seja, o quanto as empresas estão consumido do seu caixa e a duração que este caixa terá nos próximos meses (o índice “queima de caixa” e sua explicação pode ser encontrado no livro de Administração do Capital de Giro, de Assaf Neto e Tibúrcio Silva, pela Atlas).
Em termos macro-econômicos, como as empresas estão cortando o gasto discricionário, o resultado será o que Keynes denominava de “paradox of thrift”: cada empresa corta seu gasto e isto influencia no processo de recessão da economia. O ótimo individual não corresponde ao ótimo coletivo.
Além disto, o momento é ótimo para as empresas predadoras, que possuem recursos, como é o caso da Microsoft, que atualmente tem 21 bilhões, e as empresas farmacêuticas (Eli Lilly, Roche, Merck e Bristol-Myers Squibb), que podem adquirir as empresas de biotecnologia.
É interessante notar que um texto da CFO (GM Controller to Peers: Watch Your Assets, David McCann, CFO.com, 20/11/2008) mostra a situação da empresa General Motors. E comenta que a empresa está sendo gerenciada, nos dias atuais, pelo caixa. O raciocínio é: tenho pagamentos a fazer e devo tomar medidas para converter meus ativos em caixa.
Foto: Life
Antes da Crise, minha remuneração

Uma pesquisa do Wall Street Journal (Before the Bust, These CEOs Took Money Off the Table, Mark Maremont, John Hechinger e Maurice Tamman, 20 November 2008 - A1) constatou que diversos executivos de grandes empresas aproveitaram dos anos de bonança para encher o bolso de dinheiro. O problema é que alguns desses administradores estão comandando empresas que hoje estão desacreditadas no mercado, como a Lehman Brothers e a Bear Stearns. Isto gera uma grande desconfiança do público em geral, que acredita que esses gestores são vilões mal-intencionados.
Um dos problemas é o proprio sistema de remuneração, que incentiva maiores pagamentos quando a situação econômica é melhor. Os exemplos do WSJ são interessantes, mas prefiro usar o caso da Exxon.
Nos últimos anos, esta empresa de petróleo bateu o seu recorde de lucratividade. Mérito dos executivos? Não, pois a lucratividade depende de um fator externo, o preço do petróleo. Como parte da remuneração é variável, dependendo do resultado da empresa, gerenciar uma empresa num momento de alta do seu produto é mais fácil do que roubar um doce de uma criança.
Conforme comente o professor de finanças Roy Smith, “o sistema tende a premiar pessoas que participam das bolhas”. Os executivos defendem sua remuneração, argumentando que a parte variável depende da avaliação que o mercado faz da empresa. Se o mercado achar que a empresa é boa, as ações valorizam e o executivo é premiado.
E o Brasil? Não sabemos, pois a política de remuneração geralmente não é evidenciada. Praticamente não sabemos nada sobre a qualificação dos executivos que trabalham nas empresas nacionais, exceto que uma grande parcela está vinculada, por razões genéticas, ao controlador.
Mas polêmica nunca é demais. A The Economist discute a questão da remuneração e aponta uma expectativa de redução dos bônus em torno de 70% para os executivos das corporações.
Foto: Life, executivo da American Airlines
Aquisição
Um levantamento feito por Heidi Moore (Today’s Deal Strategy: Losing by Winning) mostra algumas recentes ofertas de aquisição e o preço atual de cada ação. É interessante como executivos deixaram passar excelentes oportunidades de vender suas empresas, alardeando a independência. O mais interessante deles:
Microsoft-Yahoo
Oferta: US$ 31 por ação
Preço atual da ação do Yahoo: US$9.13
Microsoft-Yahoo
Oferta: US$ 31 por ação
Preço atual da ação do Yahoo: US$9.13
Banco do Brasil e Nossa Caixa

Com a aquisição da Nossa Caixa pelo BB, o sistema financeiro brasileiro tornou-se mais concentrado. Isto pode aumentar o risco global do sistema já que os dez principais bancos representam 87,1% do total. E a concentração promete continuar.
Aqui notícia do NYTimes sobre o assunto. O BB pretende fechar 30 agências (=menos competição), segundo o Estado de S. Paulo
Aqui o fato relevante e aqui a briga pelo primeiro lugar.
Finalmente, aqui uma opinião sobre o objetivo de uma empresa (aumentar receita ou agregar valor)
Fonte da Fotografia: Life
20 novembro 2008
Qual o objetivo de uma empresa?
Tradicionalmente ensinamos aos nossos alunos que o objetivo de uma empresa, sob a ótica financeira, é maximizar valor. A palavra Valor deve ser o foco de atenção de uma gestão. Na prática, no entanto, parece que isto nem sempre é verdade. Os gestores tendem o focar sua gestão em outro objetivo financeiro: maximizar receita.
Uma possível razão para que isto ocorra talvez esteja nas características comportamentais dos executivos, que consideram os negócios uma competição contra seus concorrentes onde ganha quem tiver a empresa com maior receita.
Na semana passada o mercado financeiro ficou sabendo da aquisição do Unibanco pelo Itaú. Com isto, a nova instituição financeira passou a ser a primeira em certos critérios, deixando o Banco do Brasil em segundo lugar. Qual a reação dos executivos do BB? Em lugar de observar a qualidade dos seus investimentos e preocupar-se com a agregação de valor, o foco passou a ser suplantar o novo líder.
Isto está muito claro na afirmação do presidente da república (lembre-se que o governo brasileiro ainda é o principal acionista do BB), que afirmou:
Os acionistas minoritários do BB perceberam que a busca pelo primeiro lugar no ranking pode não ser interessante sob o ponto de vista de valor da empresa (e valorização do preço da ação, por conseqüência):
Uma possível razão para que isto ocorra talvez esteja nas características comportamentais dos executivos, que consideram os negócios uma competição contra seus concorrentes onde ganha quem tiver a empresa com maior receita.
Na semana passada o mercado financeiro ficou sabendo da aquisição do Unibanco pelo Itaú. Com isto, a nova instituição financeira passou a ser a primeira em certos critérios, deixando o Banco do Brasil em segundo lugar. Qual a reação dos executivos do BB? Em lugar de observar a qualidade dos seus investimentos e preocupar-se com a agregação de valor, o foco passou a ser suplantar o novo líder.
Isto está muito claro na afirmação do presidente da república (lembre-se que o governo brasileiro ainda é o principal acionista do BB), que afirmou:
"O Banco do Brasil era o principal banco do Brasil. Com a fusão do Itaú e do Unibanco, o Banco do Brasil passou a ser o segundo banco e nós queremos que o Banco do Brasil seja muito maior do que qualquer outro banco no Brasil" (Empenhado em fazer BB voltar ao topo, Lula recebe governador de SP, Valor Econômico, 19/11/2008) [Um comentário próximo também saiu na Gazeta Mercantil, em Para Lula, Banco do Brasil tem de ser a maior instituição do País: "Queremos que o Banco do Brasil seja muito maior que qualquer outro banco do Brasil", 19/11/2008, Finanças & Mercados - Pág. 1, Ayr Aliski]
Os acionistas minoritários do BB perceberam que a busca pelo primeiro lugar no ranking pode não ser interessante sob o ponto de vista de valor da empresa (e valorização do preço da ação, por conseqüência):
A União Nacional dos Acionistas Minoritários do Banco do Brasil (Unamibb) considera que o governo está agindo por vaidade ao decidir a favor da compra do Nossa Caixa pelo Banco do Brasil. "Com a fusão do Unibanco com o Itaú, Lula não quer que o BB caia do galho, mas crises não se resolvem assim. A crise financeira no mundo está associada à falha de regulamentação e não à falta de estatização", afirma a vice-presidente da Unamibb, Isa Musa.(Governo age por vaidade, diz associação de minoritários do BB , Estado de S. Paulo, 20/11/2008)
O futuro da Yahoo
Sobre o estilo de gerenciamento, um texto mostra como isto pode afetar o futuro de uma empresa:
Durante 17 meses, el cofundador y presidente ejecutivo Jerry Yang trató de enderezar a Yahoo con un simple mantra de gestión: conseguir que los altos ejecutivos dejaran de lado sus diferencias e hicieran lo que es mejor para la compañía. Pero fuentes dentro y fuera de la firma californiana dicen que la incapacidad de Yang para tomar decisiones difíciles en cualquier ámbito, desde temas de productos y acuerdos a cómo definir la compañía de Internet, puso en tela de juicio su competencia e impidió que Yahoo saliera de su oscuro túnel.
(...) La predilección de Yang por dejar que los empleados llegaran a un consenso en vez de tomar decisiones por sí mismo a veces lo perjudicó, creando debates improductivos entre el personal que no se traducían en resultados tangibles.
La junta también está buscando a un líder más involucrado en las discusiones, dicen personas cercanas. Mientras se negociaba con Time Warner Inc. la fusión con AOL, reinaba la percepción de que era reacio a apretar el gatillo, dicen fuentes. “Lo que Yahoo necesita es alguien que pueda tomar decisiones y al que no le incomode tomarlas rápidamente”, dice un ex ejecutivo.
El difícil futuro de Yahoo en la era post-Jerry Yang
Jessica E. Vascellaro y Joann S. Lublin
The Wall Street Journal Americas - 19/11/2008
Como mentir com Estatística
Este é o título de um conhecido livro que mostra como é possível engar o leitor com números e estatísticas. Na discussão sobre as montadoras, o governador de Michigan, Jennifer M Granholm, afirmou que o setor de automóveis nos EUA é responsável por 1 de cada 10 empregos naquele país. Ele completa afirmando que se esta indústria for a falência, existirá um severo efeito sobre a economia dos EUA. Temos aqui um exemplo simples de como mentir com a estatística, conforme destaca o NY Times (via J Perry, How Many Jobs Depend on the Big Three?)
Se as três grandes que estão em dificuldade possuem 48% do mercado, isto significa 1 de cada 22 empregos, não 1 de cada 10.
Se as três grandes que estão em dificuldade possuem 48% do mercado, isto significa 1 de cada 22 empregos, não 1 de cada 10.
Quem defende e quem ataca a ajuda as montadoras
No universo dos economistas, alguns defendem a ajuda as montadoras e outros atacam. Em Big Three Bankruptcy: For and Against, R.M. Schneiderman faz a seguinte lista:
Pela Bancarrota:
- Mitt Romney
- Gary Becker
- David Brooks
- George Will
- Martin Feldstein
- Edward L. Glaeser
- Justin Fox
- Megan McArdle
- Andrew Ross Sorkin
- Steven Pearlstein
Contra
- Robert Samuelson
- Paul Krugman (search on ‘Motors’)
- Michael Gerson
- Jonathan Cohn
- Jeffrey Sachs
Pela Bancarrota:
- Mitt Romney
- Gary Becker
- David Brooks
- George Will
- Martin Feldstein
- Edward L. Glaeser
- Justin Fox
- Megan McArdle
- Andrew Ross Sorkin
- Steven Pearlstein
Contra
- Robert Samuelson
- Paul Krugman (search on ‘Motors’)
- Michael Gerson
- Jonathan Cohn
- Jeffrey Sachs
Sobre a crise nas montadoras

O texto a seguir traz um excelente resumo da situação das montadoras
Maior parque automotivo do mundo está falido
Valor Econômico – 19/11/08
O governo injetou crédito nos bancos das montadoras para evitar que sua falta derrube muito as vendas de carros. Em outubro, elas declinaram 11%, mas o mês foi atípico para a economia como um todo, com o agravamento da crise financeira internacional. A ajuda dos governos federal e estaduais, porém, não indica nem de longe que as montadoras estejam em apuros. Suas vendas serão recordes já com os resultados de apenas dez meses do ano: 2,44 milhões de carros. Com a desaceleração econômica, seu desempenho não será tão brilhante quanto os 30% de expansão anual dos últimos dois anos, mas ainda assim não serão desapontadores. Mercados emergentes, como o Brasil, Índia, China e Rússia, sustentaram as grandes montadoras mundiais em tempos difíceis. Algumas delas estão em franco declínio, especialmente na terra do automóvel, os Estados Unidos - General Motors, Ford e Chrysler não escaparão da bancarrota sem um auxílio do governo.
Desde o início de 2007, quando a DaimlerBenz desfez sua fracassada aliança com a Chrysler, a situação das montadoras americanas é pré-falimentar. De lá para cá elas sofreram pancadas que podem ser fatais. Até antes do agravamento da crise financeira, elas perderam receitas e posições de mercado por uma série de decisões erradas. Planos de aposentadoria ultragenerosos trouxeram uma conta demasiadamente pesada para a GM e a Ford em um momento em que a concorrência com os japoneses se acirrou. As "big three" de Detroit perderam fatias para os japoneses da Toyota em seu próprio mercado e sofreram cerrado ataque a suas posições nos demais mercados no mundo. Bem defendidas por um forte lobby em Washington, elas adiaram o quanto possível o desenvolvimento de novos modelos menos poluentes e, o pior de tudo, quando os altos preços do petróleo mostraram que haviam chegado para ficar, elas dependiam muito das receitas provenientes de veículos grandes e consumidores vorazes de combustível. Enquanto os agressivos concorrentes japoneses e europeus, como a Renault, buscavam carros econômicos e baratos, para atuar também nos mercados em ebulição dos países emergentes, as montadoras americanas continuavam enredadas com seu modelo caro de produzir carrões que os clientes passaram a rejeitar cada vez mais A crise financeira tornou insustentável uma situação financeira já crítica. GM, Ford e Chrysler foram abalroadas por um rápido declínio do mercado - queda de 15% nas vendas, que voltaram aos níveis dos anos 1980. Seus balanços não param de sangrar. No último trimestre, a GM perdeu US$ 4,2 bilhões e queimou US$ 6,9 bilhões de seu caixa para manter suas operações. O desempenho da Chrysler foi desesperador, com queda de 26% nas vendas. O Cerberus Capital Management, que a arrebatou da Daimler, procura vender a montadora e não encontra comprador. A negociação para fusão com a GM não prosperou por motivos óbvios - nenhuma delas tem mais recursos para investir e estão perdendo dinheiro como nunca. A GM já avisou a seus acionistas que só tem dinheiro para operar até o fim do ano. A ajuda governamental tornou-se necessária para evitar um drama inimaginável até então - a falência do tradicional parque automotivo americano, o maior do mundo. O presidente eleito, Barack Obama, quer ajudar as montadoras e algum pacote de auxílio - as necessidades imediatas das três beiram os US$ 50 bilhões - deve ser aprovado logo pelo Congresso. Muitos analistas da indústria consideram a concordata das empresas como uma falsa saída, já que haveria um abandono em massa dos consumidores para as montadoras concorrentes, diante de um futuro incerto. Outros estimam que a solução capitalista ideal, a quebra pura e simples, traria uma perda em impostos e empregos com um custo tão grande que os US$ 50 bilhões pareceriam nada. É bem possível que junto com o auxílio financeiro venha a demissão em massa dos executivos que contribuíram para que a indústria automobilística americana chegasse a um lamentável estado. O mapa da produção de carros continua mudando e o vácuo momentâneo aberto pelas companhias americanas abre chances antes impensáveis aos concorrentes.
19 novembro 2008
Links

1. 80 anos de Mickey Mouse
2. 100 maiores cantores do Pop: 1) Aretha Franklin, 2) Ray Charles, 3) Elvis Presley, 4) Sam Cooke, 5) John Lennon, 6) Marvin Gaye, ...
3. Novo símbolo da Anheuser-Busch agora Anheuser-Busch InBev [FIGURA]
4. O Boato voltou - A Microsoft pode comprar a Yahoo Microsoft & Yahoo: The Terrible M&A Strategy That Worked , Heidi N. Moore)
A fotos da Life

Para quem conheceu, a Life era o paraíso da fotografia. O seu arquivo, com mais de 10 milhões de fotos, está disponível no Google, através deste endereço (dica, via Lifehacker). A foto de Brasília e a Catedral.
Harmonização e Tributação
Mudanças contábeis: um divisor das águas tributárias no Brasil
Valor Econômico - 19/11/2008
Roberto Haddad (KPMG no Brasil)
Assunto dos mais quentes na área tributária hoje em dia, as mudanças seqüenciais e a toque de caixa que vêm sendo feitas na área contábil continuam sem respaldo na área tributária. Apesar disso, a cada nova orientação contábil aprovada em audiência pública, nota-se uma tendência real de harmonização dos princípios contábeis brasileiros às normas internacionais no curto prazo. E grande parte dessa harmonização já impacta os balanços do ano de 2008 a serem publicados no início do ano que vem. A grande questão é: isso vai aumentar a carga tributária das empresas?
Uma resposta simplista diria que não uma vez que a Lei nº 11.638, de 2007, que desencadeou esse processo de mudança das regras contábeis, e que alterou a Lei das Sociedades Anônimas de 1976, define que os lançamentos de ajuste efetuados exclusivamente para harmonização das normas contábeis não poderão ser base de incidência de impostos e contribuições nem ter quaisquer outros efeitos tributários.
O caso é que, na prática, através de uma análise mais profunda das mudanças que ocorrerão nos balanços, vemos que podemos estar diante de um aumento de carga tributária (indireta) dependendo, claro, da disposição e vontade dos legisladores e das autoridades fiscais. Isso porque, historicamente, a apuração dos impostos corporativos - notadamente imposto de renda e contribuição social sobre o lucro (CSLL) - segue a apuração do lucro líquido contábil, ainda que com alguns ajustes de adições e exclusões fiscais. Assim, a menos que haja ajustes específicos definidos na legislação tributária, qualquer mudança contábil gera uma mudança e impacto tributário.
Quando da edição da nova lei, muitos acreditavam que o Brasil estaria caminhando para a apuração dos impostos de uma forma parecida com o que ocorre em outros países como os Estados Unidos, ou seja, haveria dois balanços, um para a apuração contábil e outro para a apuração fiscal, com critérios e resultados diferentes. Enquanto o mercado especializado inteiro discutia esse assunto, a 10ª Região Fiscal da Receita Federal responde a uma consulta formal feita por um contribuinte tratando do efeito fiscal decorrente da mudança contábil trazida pela nova lei, no qual os incentivos fiscais reconhecidos pelas empresas beneficiadas deveriam ser contabilizados como receita - aumento do lucro - e não mais como reserva - conta patrimonial que não aumenta o lucro do período -, como era a prática contábil anterior. A conclusão do fisco foi que não há suporte legal para se excluir essa receita e, consequentemente, a mesma deveria ser tributada. Ora, mas e a disposição expressa que garante que não haverá impacto tributário em decorrência das mudanças contábeis para a harmonização internacional? Há outro caso de absoluta sensibilidade que se refere ao ágio pago por empresas que adquirem outras empresas por preço superior ao valor contábil. De acordo com a norma fiscal que vem sendo aplicada há anos, esse ágio, após um processo de incorporação, por exemplo, e dependendo do seu motivo econômico (expectativa de rentabilidade futura ou mais valia de ativos), pode ser amortizado e considerado dedutível na apuração fiscal. Essa possibilidade surgiu quando o país vivia o período das grandes privatizações, como um incentivo aos investidores que estavam adquirindo as empresas por valores muito superiores aos valores contábeis das empresas. E, não resta dúvida que a possibilidade dessa dedução continua sendo um dos grandes atrativos que o Brasil pode oferecer aos investidores nacionais e internacionais, especialmente em um país onde a elevada carga tributária, assim como sua enorme complexidade, não nos favorece quando comparamos as cargas e sistemas tributários de outros países.
A Deliberação nº 553 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aprova o pronunciamento técnico do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) nº 4, que trata de ativos intangíveis. De acordo com esse pronunciamento, o ágio derivado de expectativa de rentabilidade futura não pode ser amortizado por não poder ser identificável ou alocado aos ativos específicos da empresa adquirida. Caso não haja uma regra fiscal permitindo a utilização do referido ágio para dedução na apuração fiscal, acaba o benefício e o incentivo para os investidores, na maioria dos casos. Isso porque, em muitas aquisições, o ágio decorre dessa expectativa de lucros futuros da empresa adquirida, especialmente quando esta é uma empresa de serviços ou qualquer empresa cujo valor está na capacidade intelectual ou comercial das pessoas que lá trabalham e não nas cadeiras e portas do escritório.
Em termos práticos, na maioria dos casos, os preços das aquisições são baseados em cálculos financeiros direcionados para o que se chama de Ebitda ("earnings before income tax, depreciation and amortization") e para os lucros que aquele investimento vai gerar nos anos seguintes, avaliando-se em quanto tempo o valor investido poderá ser recuperado ("discounted cash flow"). Não precisamos entrar na discussão contábil sobre esse tema, mas devemos sim entrar na discussão fiscal, uma vez que, na essência, o negócio foi feito e o ágio foi pago com um sólido fundamento econômico o que, por sua vez, deveria permitir a dedução fiscal, considerando a regra fiscal atual - a Lei nº 9.532, de 1997 - e, independentemente da não-amortização para fins contábeis. O que preocupa mesmo é o fato que, mesmo tendo-se passado meses desde a edição da nova lei e, com tantas mudanças na área contábil, o fisco simplesmente não se manifesta, mantendo um incômodo silêncio que traz insegurança para todos os negócios e operações que estão sendo feitos nesse ano de 2008. A única manifestação, que ainda não pode ser considerada como sendo institucional por ter sido feita através de resposta a um contribuinte específico e por uma região fiscal específica, foi frontalmente contrário ao espírito da Lei nº 11.638, no que se refere aos impactos tributários das mudanças contábeis. Finalmente, aguarda-se com ansiedade e esperança um posicionamento formal do fisco brasileiro quanto aos reflexos fiscais de todas essas mudanças para a harmonização dos padrões contábeis brasileiros com os padrões contábeis internacionais. Também é esperado bom senso, na medida em que deve ser avaliado o momento de crise global que estamos presenciando. Nesse sentido, deveríamos aproveitar para fortalecer ainda mais o país como um participante relevante para onde os investidores devem ir. Poderia parecer incoerente termos um aumento de carga tributária indireta, decorrente do exposto neste artigo, em um momento onde os investimentos estão escassos e em que o Brasil deve se posicionar ativamente para aproveitar as oportunidades que possam surgir dessa crise.
Destruição de Capital
Segundo Will Wilkinson (Breathtaking Capital Destruction) na década de 1980 GM e Ford fizeram investimentos que destruiram em 465 bilhões o capital. Com este valor, GM e Ford poderiam fechar suas fábricas (deficitárias) e comprar as ações da Honda, Toyota, Nissan e Volks.
Em outra postagem (Making Sense on Detroit) Wilkinson lembra que um dólar investido em ações há 20 anos renderia três hoje; mas se investido na GM o seu valor seria 7 centavos.
Em outra postagem (Making Sense on Detroit) Wilkinson lembra que um dólar investido em ações há 20 anos renderia três hoje; mas se investido na GM o seu valor seria 7 centavos.
Equador
Auditoria quer default da dívida externa do Equador
Valor Econômico – 18/11/2008
A comissão que auditou a dívida externa equatoriana disse que detectou irregularidades vinculadas a quase todas as emissões de bônus pelo país e que recomendará que o Equador declare default de sua dívida de US$ 10,3 bilhões. Após um ano de investigações, auditores descobriram "sinais de ilegalidade, abusos e ilegitimidade" nos contratos de empréstimos e processos de negociação, disse Hugo Arias, coordenador da Comissão Especial de Auditoria da Dívida Externa. Arias disse que a dívida tornou-se "um monstro gigante e impagável" e o não-pagamento dos compromissos relacionados com os bônus - em poder de governos estrangeiros, investidores privados e organizações multilaterais - será "um marco histórico para o país". No sábado, o Equador adiou o pagamento de US$ 30,6 milhões em juros relativos a bônus com vencimento em 2012, valendo-se de um período de carência de 30 dias para avaliar os resultados da auditoria que gerou um relatório de 30 mil páginas e deverá ser divulgado amanhã.
O anúncio fez despencar os bônus referenciais equatorianos e provavelmente congelará os já apertados fluxos de crédito e freará o interesse dos investidores nos setores petrolífero e minerador do país. Com a notícia, a Standard & Poor´s rebaixou em três níveis a classificação da dívida de longo prazo do Equador, para CCC. (...)
O texto é claramente favorável ao default da dívida. Mas Salmon (Ecuador Approaches Default, Felix Salmon, 18/11/2008) lembra que os títulos já estão por um preço baixo e que talvez o default não seja considerado em razão do elevado custo econômico (comércio multilateral, linha de crédito e problemas internacionais) para uma dívida relativamente pequena.
Mas o mercado está considerando isto fortemente pois o spread dos títulos do Equador (EMBI) é de 4.457 sobre o título do tesouro dos EUA (mais arriscado que o Paquistão - 2073 – ou Argentina, 1834). E agora o Equador não tem uma assessoria de advogados compatível com a dificuldade da discussão atual.
Olimpíadas
"Se soubéssemos o que sabemos hoje, teríamos nos candidatado?", indaga a ministra britânica Tessa Jowel , a propósito da realização dos Jogos Olímpicos de 2012 em Londres. E responde: "Quase certamente que não". A ministra, encarregada de organizar os jogos, reflete o pensamento cada vez mais comum entre os inglesas de que, com a crise econômica, sediar as Olimpíadas pode não ser bom negócio.
Como informa a agência Lusa, o descontentamento dos ingleses começou a crescer quando o orçamento provisório da organização das Olimpíadas passou de £ 2,4 bilhões para £ 9,3 bilhões , quase quatro vezes mais. Os organizadores estão revendo o organograma de obras, e já admitem que o basquete ou as provas eqüestres possam não ocorrer nas infra-estruturas anunciadas.
Sete patrocinadores oficiais dos Jogos Olímpicos de Londres já assinaram contratos, mas ainda faltam £ 250 milhões. Na semana passada, o presidente da British Airways, Martin Broughton, disse que, se a crise tivesse sido antecipada, não teria assinado contrato.
Ingleses já vêem Olimpíada de 2012 como mau negócio
Gazeta Mercantil – 18/11/2008
E alguns políticos brasileiros insistem no Rio de Janeiro para 2016. De qualquer forma, é um assunto interessante para a contabilidade pública.
Estoques de Mercadorias e Crise
A crise trouxe algumas mudanças na gestão de estoque de algumas empresas. Como a cadeia de suprimento tornou-se mais global nos últimos anos, a crise terminou por atingir tanto pequenos quanto grande fornecedores. O Brasil como um país dependente das commodities para ter o seu equilíbrio financeiro, pode sentir os efeitos dos acontecimentos.
No jornal Financial Times de 17/11/2008 (Sum of the parts, Richard Milne, Asia Ed1, 12) este aspecto da crise mereceu uma análise detalhada e interessante. Uma frase de Aaron Davis, da Schneider Eletric, é interessante: “é fantástico como a conversação mudou nos últimos meses”.
As linhas de crédito nos bancos estão mais caras e a crise em grandes empresas pode impor corte no preço dos fornecedores e aumento de prazo para recebimento. Mas para evitar que a crise atinja a cadeia de suprimentos, algumas empresas estão pensando em criar linhas de crédito especiais para reduzir o risco dos fornecedores. Um exemplo ocorreu em 2002 com a Land Rover, quando o fornecedor de chassi faliu e a empresa parou a produção, a um custo de 12 milhões de libras.
Neste momento, as fraquezas do Just-in-time aparecem pois o problema com um elo da cadeia pode levar ao caos em todo sistema, afirma Milne. E os fabricantes ocidentais começam a analisar a substituição de empresas asiáticas distantes por produtores da Europa oriental e México. O efeito é o fechamento de mais de 67 mil indústrias na China no primeiro semestre do ano.
O texto afirma que a crise também pode induzir a redução nos níveis de estoque por dois motivos. Primeiro, é a expectativa de redução de preço dos insumos. Além disto, na crise, ter dinheiro em caixa é um sinal de saúde financeira; então, as empresas estão tentando aumentar caixa, sacrificando os estoques.
No jornal Financial Times de 17/11/2008 (Sum of the parts, Richard Milne, Asia Ed1, 12) este aspecto da crise mereceu uma análise detalhada e interessante. Uma frase de Aaron Davis, da Schneider Eletric, é interessante: “é fantástico como a conversação mudou nos últimos meses”.
As linhas de crédito nos bancos estão mais caras e a crise em grandes empresas pode impor corte no preço dos fornecedores e aumento de prazo para recebimento. Mas para evitar que a crise atinja a cadeia de suprimentos, algumas empresas estão pensando em criar linhas de crédito especiais para reduzir o risco dos fornecedores. Um exemplo ocorreu em 2002 com a Land Rover, quando o fornecedor de chassi faliu e a empresa parou a produção, a um custo de 12 milhões de libras.
Neste momento, as fraquezas do Just-in-time aparecem pois o problema com um elo da cadeia pode levar ao caos em todo sistema, afirma Milne. E os fabricantes ocidentais começam a analisar a substituição de empresas asiáticas distantes por produtores da Europa oriental e México. O efeito é o fechamento de mais de 67 mil indústrias na China no primeiro semestre do ano.
O texto afirma que a crise também pode induzir a redução nos níveis de estoque por dois motivos. Primeiro, é a expectativa de redução de preço dos insumos. Além disto, na crise, ter dinheiro em caixa é um sinal de saúde financeira; então, as empresas estão tentando aumentar caixa, sacrificando os estoques.
Assinar:
Comentários (Atom)






