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23 janeiro 2019

Solução para o Oligopólio?

O professor da Universidade de Oxford, Karthik Ramanna, apresentou alguns comentários sobre a crise do setor de auditoria na Inglaterra. Esta crise começou com os problemas da empresa Carillion, que prestava serviços para o governo. Todas as quatro grandes empresas de auditoria tinha algum tipo de envolvimento com a empresa. Isto provocou uma reação por parte das autoridades britânicas, que começaram a pensar seriamente em reduzir o oligopólio das Big Four no mercado. Havia (há ?) uma clara ameaça ao poder da KPMG, EY, PwC e Deloitte.

Um dos aspectos que não ajudou muito, segundo Ramanna, foi a mudança nas regras contábeis. Durante anos existia uma regra de prudência, onde as pessoas deveriam ser cétidas com respeito ao que a administração de uma empresa informava. A regra da prudência protegeu os investidores contra os otimistas e os desonestos. E ajudou, por muito tempo, o auditor a fazer seu trabalho.

Mas a prudência foi eliminada como parte de um projeto bizarro que despojou os princípios contábeis da necessidade de ser "confiável".

Mas o Reino Unido não irá conseguir quebrar o oligopólio, principalmente em um momento que se discute a saída da Comunidade Europeia. Para Ramanna, mais norma não é a solução.

De fato, pode-se argumentar que não é a falta de regulamentação, mas sim a captura de reguladores por auditores que permitiu que a indústria operasse como tem feito. Se assim for, a proposta de mais regulamentação simplesmente lança óleo no fogo.

(...) Eu suspeito que a concorrência radical e disruptiva da tecnologia fará mais para que a transpiração Big Four agregue valor do que qualquer nova regulamentação. No entanto, eu ficaria muito surpreso se qualquer grande governo, com a possível exceção de Cingapura, fosse tão corajoso a ponto de considerar tal experimento.

23 novembro 2018

Concentração no mercado de auditoria

Os gráficos mostram a participação das grandes empresas de auditoria nos principais mercados de valores da Europa.Em quase todos eles a participação é acima de 70%. E este percentual tem se alterado muito pouco nos últimos anos. Veja o caso do mercado escandinavo, onde mais de 80% das empresas são auditadas pelas Big Four.
A França parece ser uma exceção, já que a participação das Big Four é de 50% e parece estar diminuindo. Pelo menos duas outras grandes empresas são atuantes neste mercado: Mazar e Grant. Isto pode ser em razão de uma questão cultural, mas as regras de atuação no setor também ajudam.
A seguir o mercado italiano, alemão e londrino.



02 outubro 2018

Big Four

O gráfico mostra as 23 maiores empresas de auditoria em termos de receita. Na esquerda, as Big Four, com receitas acima de 25 bilhões de dólares. A quinta, menos de 10 bilhões. Valores de 2017.

24 agosto 2018

Futuro das Big Four na Bretanha

A Grã-Bretanha está pensando seriamente em adotar medidas para reduzir o poder das grandes empresas de auditoria. Segundo notícia da Reuters haverá uma reunião dos reguladores para discutir a limitação da participação do mercado das empresas. Esta reunião é decorrente de solicitação de parlamentares que querem a cisão das empresas sob a acusação de oligopólio depois do colapso da Carillion.

A discussão parece contar com apoio dos executivos das empresas e pode levar a fixação de um teto para quantas das maiores empresas britânicas as big four poderão trabalhar. Outra possibilidade é o regulador indicar o auditor para as empresas, tarefa esta que hoje é realizada pelo comitê de auditoria.

30 novembro 2011

Bernier

Michel Bernier (foto abaixo) é o comissário europeu para serviços financeiros. Desde 2010 Bernier vem indicando que o “status quo não é a solução” para o setor de auditoria. Segundo o Financial Times, Bernier acionou o alerta vermelho das empresas de auditoria.

Anteriormente, no ínicio de 2010, Bernier propôs reformar o Iasb, colocando em cheque a independência deste organismo. Mais ainda, ameaçou cortar a ajuda concedida pela Comunidade Européia ao Iasb. Ele chegou a ser candidato a vaga de David Tweedie.

Mas sua grande luta é com respeito ao monopólio das Big Four. Em fevereiro voltou a ameaçar estas empresas. Em setembro comentava-se sobre um projeto que seria apresentado em novembro para o setor. O projeto previa auditoria compartilhada, rodízio e proibição de venda de serviços de consultoria. Já em novembro, anunciou-se um atraso no projeto, em razão da crise. O atraso colocou em alerta as empresas de auditoria que queriam a reforma, com receio de um recuo na proposta diante da pressão das Big Four.

Os chefes das Big Four fizeram pressão e conseguiram, por enquanto, que a auditoria conjunta fosse voluntária. Caso não exista esta auditoria conjunta, haverá um rodízio obrigatório a cada nove anos.

27 outubro 2011

KPMG

(...) No mês passado, veio à tona que a Comissão Europeia está preparando novas e duras regras para tornar as auditorias mais independentes de seus clientes. Bruxelas está "cutucando" as firmas de auditoria supostamente por elas não terem conseguido alertar os investidores para o colapso do setor bancário, que começou em 2007.


Mais notavelmente, Bruxelas está flertando com a ideia de proibir as firmas de auditoria de prestar serviços extras de consultoria para seus clientes - por exemplo, em tributação -, ao mesmo tempo em autenticam sua contabilidade. Bruxelas poderá até mesmo obrigar grandes redes de auditoria a se dividir em firmas independentes de auditoria e de consultoria.


No Reino Unido, por outro lado, as agências regulamentadoras de concorrência estão investigando o predomínio das Quatro Grandes no mercado de auditoria. A regulamentação está sendo apertada também nos EUA.


Qualificando a posição da Comissão Europeia como uma "surpresa total", Andrews insiste em que a KPMG manterá juntas suas atividades de auditoria e de consultoria, mesmo que isso signifique abandonar oportunidades de trabalho. Não é de surpreeender que ele defenda mudanças mais superficiais, como fazer com que agências regulamentadoras e auditorias conversem mais entre si.


Ele nega que as quatro grandes estejam pagando por sua recusa arrogante a fazer concessões às agências competentes: "Eu não acho que haja arrogância. Acho que estamos muito abertos a discussões em torno de mudanças."


Mas seu apoio, mesmo a pequenas reformas, pode parecer relutante. Ele diz que os critérios de divulgação e transparência nos relatórios de auditoria podem ser melhorados, mas Andrews é bastante seletivo sobre quais informações adicionais são necessárias: "Nós só não queremos algum modelo repleto de 'disclaimers'."


Na mesma veia, um eventual mea culpa relacionada à crise financeira, que vitimou, entre outras, a New Century Financial, a Countrywide Financial e a HBOS, todas auditadas pela KPMG, limita-se à observação de que a KPMG, como outras auditorias, poderia ter feito mais para alertar as pessoas para níveis perigosos de endividamento.

KPMG faz da Ásia seu diferencial para ganhar espaço das rivais Por Adam Jones | Financial Times, de Londres - Publicado no Valor Econômico - 25 out 2011

15 fevereiro 2011

Auditores na Europa

O comissário de Mercado Interno da União Europeia, Michel Barnier, disse em conferência em Bruxelas que terão de ser promovidas mudanças na forma como a profissão funciona, especificamente para assegurar sua independência e tornar o mercado por seus serviços mais competitivo. (...)

Barnier delineou áreas gerais de preocupação, entre as quais o papel dos auditores e até que ponto esse papel deve ir além da tarefa restrita à empresa sendo auditada e seus investidores, estendendo-se também a clientes, funcionários e autoridades reguladoras.

Outro foco deverá ser a independência da profissão. Entre as possíveis formas de avanço nessa área, segundo Barnier, podem ser incluídas restrições ao grau de combinação permitido entre as funções de auditoria e não auditoria que essas empresas detêm; uma rotatividade regular das firmas de auditoria que cuidam das contas de uma empresa; leilões regulares e abertos de concorrência; e um maior papel para as comissões de auditoria das empresas na seleção das empresas de auditoria.

Uma terceira área em análise, acrescentou Barnier, é determinar como possibilitar mais opções no mercado de auditoria, dominado pelas quatro grandes firmas internacionais, Deloitte, PwC, Ernst & Young e KPMG.

Nessa questão, o comissário disse que as ideias apresentadas em resposta ao recente documento para discussão elaborado por Bruxelas trouxeram à luz várias possibilidades.

As opções vão desde determinar um limite para a participação de mercado das grandes firmas de auditoria no trabalho com as empresas de capital aberto até uma auditoria conjunta, em que o trabalho seria divido por duas firmas, com uma delas não sendo necessariamente uma das quatro grandes.

Fonte: Valor Online - Via Blogabilidade

Somente através de uma medida num mercado como o europeu será possível reduzir o oligopólio do setor de auditoria. Devemos lembrar que nos Estados Unidos, na década de oitenta, existia basicamente uma empresa de telefonia, a AT&T. Em 1982 o Departamento de Justiça ordenou a divisão da empresa em empresas menores, denominadas Baby Bells. Anteriormente, em 1911, o regulador interferiu no mercado de petróleo, forçando a divisão da Standard Oil. A história mostra que é possível o regulador interferir no mercado.

12 maio 2009

Risco da Consolidação

O que pode acontecer a economia brasileira caso o Bradesco esteja em dificuldades financeiras? Isto representaria uma ameaça para o mercado de capitais e deveria ser evitado pelas autoridades governamentais. A possibilidade de falência de um grande banco no Brasil pode ter influencia sobre o comportamento da economia.

Esta é a essência de um alerta de Nassim Taleb, autor de Cisne Negro, que não foi escutado no Brasil. Diz respeito ao risco da consolidação no setor financeiro. A frase “muito grande para falir” traduz um aumento no risco sistêmico da economia. Ou seja, Taleb explora a necessidade dos órgãos reguladores em combater a consolidação bancária.

A idéia é muito simples. Considere a situação atual do Brasil, onde temos alguns poucos bancos detendo a maior parte dos ativos do sistema financeiro. A falência de uma grande instituição bancária provocará um custo enorme ao mercado de capitais, como já ocorreu no passado com o Econômico e o Nacional. Em lugar disto, a existência de mais bancos, com menor número de ativos, pode reduzir o risco sistêmico, já que a quebra não teria o efeito devastador sobre a economia.

Em geral quando ocorre um processo de consolidação num setor econômico existe um significativo ganho de escala. Mas no setor financeiro, a consolidação é acompanhada pelo aumento no risco sistêmico. Na Islândia, recentemente, três grandes bancos dividiam o mercado bancário.
Leia mais aqui e aqui

25 novembro 2008

Acredite se quiser


O processo de transformação dos grandes bancos de varejo do País em conglomerados financeiros não deve inibir a concorrência no segmento, que deverá ser estimulada por três fatores.

Os dois primeiros têm relação direta com a consolidação, que diminui o espaço para compras de novas instituições e de folhas de pagamentos de funcionários públicos. O terceiro fator é a portabilidade das contas-salário. A partir de janeiro do próximo ano, os funcionários de empresas privadas poderão escolher em que banco receberão seus salários. Em 2012, o mesmo ocorrerá com os funcionários públicos de todo o País. "Acabou a vida fácil de crescer comprando folhas de pagamento e outros bancos", sentencia o sócio-diretor da CVA Solutions, Sandro Cimatti. "Com a diminuição da maior barreira para mudar de instituição, os bancos terão de ser mais agressivos na manutenção e busca de novos clientes", projeta o especialista.

Competitividade deve aumentar, diz estudo
Gazeta Mercantil - 21/11/2008

Foto: Life

17 novembro 2008

Agência de Risco e O Mercado

O texto As agências de risco e seus conflitos de interesse, de Rodrigo Constantino (Valor Econômico, 14/11/2008), apresenta uma visão interessante das agências de risco e o processo que as transformou num oligopólio protegido pelo governo dos EUA. Selecionei dois trechos do texto que mostram o que ocorreu com estas agências:


No começo dos anos 1980, existiam sete dessas agências reconhecidas como NRSRO, mas com as fusões o número caiu para três nos anos 1990. O setor passou a contar com um "monopólio regulatório", criado justamente pelo governo. Vários investidores grandes, como os bancos e fundos de pensão, sofrem restrições regulatórias em suas decisões de alocação de capital. A idéia é controlar o risco de suas posições por meio de limites impostos pela SEC. Esses investidores não podem, por exemplo, investir em instrumentos cuja nota de crédito está abaixo de certo nível. Como apenas as NRSRO contam na avaliação do crédito para efeito regulatório, o resultado foi uma enorme barreira à entrada de novos participantes, garantindo o oligopólio das três grandes: Standard & Poor's, Moody's e Fitch. Isso levou a um aumento da negligência dessas agências na avaliação de risco. (...)

Qual é o grande ativo de uma agência de risco? Sem sombra de dúvida, é a sua credibilidade. Somente com a confiança dos investidores uma agência de risco pode sobreviver no livre mercado. Se a agência sacrificar sua credibilidade para obter um ganho imediato concedendo uma nota mais elevada do que deveria para um cliente, ela não irá sobreviver muito tempo, pois ninguém mais levará a sério suas avaliações futuras. No entanto, o governo resolveu blindar as três grandes agências desse risco. Assim, elas podem dar a nota que for, que seu negócio está protegido, pois os instrumentos financeiros continuam precisando de suas notas para acessar os grandes investidores. No mercado financeiro, poucos ainda levam a sério essas agências. Elas são totalmente atrasadas, alterando as notas de risco somente quando as mudanças já foram colocadas nos preços dos ativos pelos investidores. No livre mercado, isso jamais seria possível. Mas como o governo exige o selo dessas agências, elas conseguem não apenas sobreviver, como prosperar. (...)

24 outubro 2007

Preocupação com oligopólio na auditoria

La Comisión Europea sigue una nueva pista para intentar facilitar la aparición de nuevos rivales en el mercado internacional de la auditoría de las grandes empesas cotizadas. El objetivo es paliar la concentración del sector en los cuatro grandes: KPMG, Ernts & Young, PwC y Deloitte. Bruselas hizo público ayer un estudio independiente que analiza los pros y los contras de darle un vuelco a la reglamentación actual sobre propiedad y control de estos grupos.


Bruselas estudia desregular control y propiedad de las auditoras
Antonio León - El Economista - 24/10/2007 - Página 22

30 agosto 2007

Fortuna de Slim e a ajuda do governo

Uma reportagem do NY Times, publicada no Estado, mostra uma visão da fortuna do bilionário mexicano Slim. Apesar de fazer uma comparação entre o valor de sua fortuna (que corresponderia, a grosso modo, ao ativo) com o PIB do México (que seria o equivalente a receita), uma comparação que os mais puristas não concordam, o texto é ilustrativo dos efeitos do oligopólio.

Fortuna de Slim cresce com ajuda do governo
Empresário ainda é dono de 90% da telefonia fixa no México
Eduardo Porter THE NEW YORK TIMES
O Estado de São Paulo - 29/08/2007

Mexicanos pagam acima da média pela telefonia e pelo acesso à internet

E no início deste mês a revista Fortune informou que Carlos Slim Helú, um mexicano, tinha ultrapassado Bill Gates, tornando-se o homem mais rico do mundo - corroborando uma informação que havia sido divulgada em julho pelo portal mexicano Sentido Común -, com uma fortuna avaliada em US$ 59 bilhões.

Para se ter uma perspectiva desse valor, o tesouro de Slim é equivalente a pouco menos de 7% da produção total de bens e serviços do México - US$ 1 para cada US$ 14 de bens produzidos por toda a população no país. (...)

Como um barão ladrão, um oligarca russo ou um executivo da Enron, Slim faz-nos lembrar as palavras de Honoré de Balzac: "Por trás de cada grande fortuna há um crime." O pecado de Slim, mesmo que tecnicamente ele não seja um criminoso, é como o de Rockefeller, o pecado do monopolista. Em 1990, o governo do presidente Carlos Salinas de Gortari vendeu ao amigo Slim a empresa telefônica estatal mexicana Telmex, tendo sido firmado um compromisso de que ele ficaria com o seu monopólio por anos. E depois concedeu à Telmex a única licença nacional para explorar a telefonia celular.

Quando os concorrentes conseguiram finalmente entrar no mercado, a Telmex os manteve à distância usando alguns subterfúgios bastante criativos, como conseguir que um juiz emitisse um mandado de prisão contra o principal advogado de uma das empresas concorrentes. Hoje, a Telmex ainda controla 90% dos serviços de telefonia por linha terrestre e quase três quartos do mercado de telefonia celular no México.

EXPANSÃO

Os monopólios tendem a gerar muito dinheiro. Slim, um investidor astuto, utilizou esse dinheiro muito bem, comprando centenas de empresas mexicanas e entrando nos mercados de telefonia sem fio em toda a América Latina. Difícil passar um dia sem que um mexicano lhe propicie algum dinheiro.

Mas o México tem pago por isso, e muito. Em 2005, existiam menos de 20 linhas de telefone fixo para cada 100 mexicanos e menos da metade possuía telefones celulares. Apenas 9% das casas tinham acesso à internet. Os mexicanos pagam muito acima da média por todos esses serviços.