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10 abril 2018

Governo e o valor das empresas

Sendo o governo o grande financiador de longo prazo, capaz de alocar recursos a juros subsidiados, a simples informação de um empréstimo é capaz de mudar o valor da empresa, conforme demonstrado por Fioresi e Galdi:

Grande parte do financiamento de longo prazo no Brasil é realizado por intermédio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Comparado às outras alternativas do mercado este crédito é mais barato por ser subsidiado pelo governo. A presente pesquisa teve como intuito investigar se a captação de recursos com custo de capital subsidiado por meio de linhas de financiamento diferenciadas ofertadas pelo BNDES exerce influência no valor da empresa. O estudo foi desenvolvido com a utilização da metodologia estudo de eventos, que calcula os retornos anormais ocorridos ao redor de um determinado evento. A amostra deste estudo considera empresas listadas na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo (BM&FBOVESPA) que contrataram crédito junto ao BNDES de 2002 a 2015. Para o cálculo do retorno anormal foram usados dois modelos de estimação dos retornos anormais: o Modelo CAPM e o Modelo de Mercado. Os resultados indicam que a média dos retornos anormais das empresas que contrataram crédito junto ao BNDES é significativamente diferente de zero em torno da data do anúncio da contratação podendo-se concluir que a captação de recursos com custo subsidiado possui conteúdo informacional suficiente para influenciar o valor da empresa, confirmando a teoria do tradeoff das fontes de capital e a hipótese desta pesquisa.

12 outubro 2014

Juros Altos

Claudia Safatle faz um texto interessante sobre os motivos dos juros serem tão elevados no Brasil: subsídio cruzado. Ou seja, existe um grupo de favorecidos (tomadores de empréstimos do BNDES, programa habitacional e outros) e os demais.

No primeiro grupo estão os clientes, pessoas físicas e jurídicas que contratam empréstimos com recursos que os bancos captam no mercado. Para eles, os juros médios são de 32,2% ao ano e o spread - a margem dada pela diferença entre o que os bancos pagam para o investidor e cobram do tomador - é de 11,2%.

No segundo grupo estão as empresas e pessoas físicas com acesso ao BNDES, aos financiamentos agrícolas e ao programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. Para eles os juros médios são de 8% ao ano e o spread, 2,8%.


Mais adiante:

O Tesouro emite papéis à taxa Selic (11% ao ano) e o BNDES empresta às empresas com base na Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) de 5% ao ano. A diferença representa subsídios do Tesouro, estimados em R$ 30 bilhões por ano. A maior parte desses subsídios não consta do Orçamento da União, correm à parte dos gastos primários e à revelia do Congresso, a quem cabe discutir e aprovar o Orçamento.

Metade das operações de crédito no Brasil não obedece à taxa básica de juros (Selic) e, portanto, não está sujeita aos efeitos da política monetária do Banco Central. Os juros atuam somente sobre o crédito livre.


Um problema crucial, pouco explorado por Safatle, é que a escolha dos beneficiados não é totalmente transparente e isto inclui os critérios. Um burocrata decide ajudar uma empresa, mas não outra. Isto distorce todo mecanismo de mercado.

30 maio 2014

Argentina paga

O governo da presidente Cristina Kirchner anunciou nesta quinta-feira que fechou um acordo com o Clube de Paris para encerrar o calote pendente desde o dia 23 de dezembro de 2001.Naquela ocasião, o então presidente provisório Adolfo Rodríguez Saá - que ficou apenas uma semana no poder - decretou a suspensão dos pagamentos da dívida pública.

Durante os últimos 13 anos, o governo argentino não pagou a dívida com o Clube de Paris, que originalmente era de US$ 6,5 bilhões. Segundo anunciou o governo Kirchner, o acordo com o Clube de Paris implica no pagamento do capital inicial de US$ 6,5 bilhões mais os juros acumulados.

A Argentina terá que pagar à entidade financeira que reúne um grupo de países credores um total de US$ 9,7 bilhões. O primeiro pagamento será realizado de forma desdobrada, em duas partes.

A Argentina terá que pagar à entidade financeira que reúne um grupo de países credores um total de US$ 9,7 bilhões. O primeiro pagamento será realizado de forma desdobrada, em duas partes.

O primeiro desembolso ocorrerá de forma imediata, no valor de US$ 650 milhões, enquanto que a outra parte será em maio do ano que vem, no valor de US$ 500 milhões, na reta final do governo de Cristina Kirchner.

No entanto, o resto dos pagamentos, isto é, os outros US$ 8,6 bilhões, ficará a cargo do próximo presidente da Argentina, que será eleito em outubro do ano que vem.


Fonte: Aqui

Eis um exercício interessante: qual a taxa de juros do calote?

01 outubro 2010

Taxa de juros

O Conselho Monetário Nacional decidiu nesta quinta-feira (30/9) estender a obrigatoriedade de informar o Custo Efetivo Total (CET) a financiamentos oferecidos a pequenas e micro empresas.

A decisão entra em vigor a partir de 2 de maio de 2011. Segundo o Banco Central (BC), a medida reduz a assimetria de informações e estimula a concorrência.

O CET é a taxa percentual mensal ou anual que inclui, além dos juros, todos os encargos envolvidos em uma operação financeira, como impostos e outras tarifas. Atualmente os bancos são obrigados a informar a taxa apenas financiamentos oferecidos a pessoas físicas.

O CMN, autoridade máxima do sistema financeiro nacional, é composto pelo presidente do BC e pelos ministros da Fazenda e Planejamento.


CMN estende dado global de taxas para pequenas empresas
Felipe Peroni - Brasil Econômico - 30/09/10

29 setembro 2010

Valor do dinheiro no tempo

Como afirmado pela doutrina e jurisprudência, de forma reiterada, o pagamento feito em dinheiro ou em cartão de crédito se equivalem, pois ambos devem ser considerados como pagamento à vista.


Cristina Stringari Pasqual - Cartão é dinheiro - Brasil Econômico - 27/09/10

Sem discutir a questão legal, afirmar que uma compra no cartão equivale a um pagamento à vista é simplesmente falta de conhecimento básico de matemática financeira. Leiam Irving Fisher. (Já temos uma candidata ao prêmio Valor do Dinheiro no Tempo, deste blog)

01 setembro 2010

Governo e juros

(...) Com a saída das companhias grandes e sadias, que pagavam taxas menores que o restante do mercado, o juro médio verificado em todas as operações subiu pela maior influência das empresas de menor porte, que pagam juros mais elevados. Para esse grupo, a taxa é maior porque o risco de calote é mais elevado, justamente por isso tais clientes não conseguem facilmente acesso ao BNDES.

(...) Altamir Lopes explica que, com menos empresas de baixo risco nos bancos, naturalmente a carteira de crédito que remanesce nessas instituições teria maior potencial de calote. Por isso, o spread bancário aumenta. Além disso, pode ter havido alguma tentativa de recomposição da margem de lucro para compensar a perda de alguns clientes que liquidaram empréstimos e migraram para o BNDES.

Capital de giro. O analista da Tendências Consultoria Alexandre Andrade destaca que, ao contrário do que acontecia antes da crise, o BNDES tem maior presença em linhas de crédito corriqueiras, como o capital de giro, competindo com os bancos comerciais também nesse mercado.

Na instituição, vale lembrar, o discurso sempre foi que o investimento é o foco principal. Algumas operações de capital de giro do banco de fomento têm juro mínimo que se aproxima de 10% ao ano, muito inferior à média de 29,9% nos bancos comerciais. Essa diferença, somada à ação mais agressiva no investimento, explica o crescimento de 45% das operações de crédito do BNDES nos últimos 12 meses.


BNDES mexe com juros de mercado - Fernando Nakagawa, Fabio Graner - 25 Ago 2010 -
O Estado de São Paulo

20 outubro 2009

Taxa de Juros comparada


Fonte: Aqui

Diz respeito a taxa de juros do banco central de diferentes países da América Latina. Observe que durante todo o período, o Brasil adotou taxa de juros acima dos outros países.

01 junho 2009

Spread no Brasil

Spread bancário: uma contribuição para o debate
26 Maio 2009
Valor Econômico

O spread bruto é elevado no Brasil, mas disso não decorre necessariamente que o spread e o lucro líquido também o sejam

"Para problemas complexos, sempre existem soluções simples... e erradas". A frase parece ajustar-se como uma luva no debate sobre o spread bancário no Brasil, que vem aparecendo com frequência no noticiário econômico, mas quase sempre de forma superficial e limitada. Este artigo é uma tentativa de contribuir para esse debate, esclarecendo alguns aspectos, de natureza técnica, que podem ajudar a termos um melhor entendimento do assunto. Vamos a eles:

1) Dados parciais: os dados do Banco Central (BC) consideram apenas parte das operações bancárias, as do chamado mercado livre de crédito, que em geral são de prazo menor e que correspondem a cerca de 45% das operações do sistema. As restantes são, em geral, de spread mais baixo, como financiamento imobiliário, leasing e repasses do BNDES. Nossos cálculos indicam que a inclusão dessas operações reduziria em cerca de 7,4 pontos percentuais (pp) o spread bancário bruto referente a março.

2) Spread bruto: embora spread bruto e lucros do setor financeiro sejam com frequência tratados como sinônimos, são conceitos bastante distintos. O spread calculado pelo BC equivale à diferença entre as taxas de captação, pagas pelos bancos, e as taxas cobradas nas operações de empréstimo. Spreads elevados podem ou não implicar em lucros elevados, a depender de outros fatores, entre eles a taxa de inadimplência e a carga tributária. Para se chegar ao spread líquido, que seria uma melhor aproximação do lucro líquido, é necessário descontar os demais custos que incidem sobre as operações de crédito.

3.1) Inadimplência - cálculos do BC indicam que só a inadimplência responde por algo como 37% do spread bancário, certamente um dos mais elevados níveis do mundo. O custo é alto porque a qualidade da informação no Brasil é deficiente, elevando muito o risco para o emprestador. Assim, bons pagadores pagam pelos maus e é por isso que o setor bancário defende o cadastro positivo e todas as iniciativas que possam melhorar a qualidade da informação disponível aos agentes econômicos. Os custos associados à inadimplência também são elevadíssimos se incluirmos gastos com a cobrança judicial, a demora na recuperação de garantias etc. Destaque-se a evidência de que nas linhas com melhores garantias, como o crédito consignado e o financiamento de veículos, os spreads são bem menores.

3.2) Carga tributária: o Brasil é provavelmente o único país que tributa a intermediação financeira, onerando poupadores e tomadores de crédito. Sobre as operações de crédito incide uma alíquota de 3,65% referente a PIS/ Cofins e outra, de IOF, que pode atingir até 1,88% ao ano. Na tributação direta, além do IR os bancos recolhem a alíquota diferenciada de CSLL de 15%. Segundo o BC, os tributos diretos e indiretos respondem por cerca de 18,5% do spread bruto nas operações de crédito livre.

3.3) Compulsórios: é provável que o Brasil tenha os maiores níveis de depósitos compulsórios do mundo. Sobre depósitos à vista o percentual é de 47% comparativamente a, por exemplo, 10% nos EUA e 3% na zona do euro. Também há compulsórios sobre depósitos a prazo, o que é uma clara distorção em relação aos demais países. Esse nível de compulsório até ajudou o Banco Central a injetar liquidez rapidamente no sistema após o agravamento da atual crise externa, mas é inegável que se trata de mais um custo que infla o spread, onera os tomadores de crédito e eleva as despesas de captação dos bancos.

3.4) Custos administrativos/operacionais - no cálculo do BC, esses custos respondem por 13,5% do spread, mas avaliamos que este percentual pode estar subestimado. A metodologia do BC só considera os custos "alocáveis" a um número limitado de operações, os 45% citados no item 1. Ficam de fora outros custos, inclusive o das operações obrigatórias, como o crédito rural. Se os incluirmos de alguma forma, certamente teremos uma elevação deste percentual.

É importante mencionar que os percentuais aqui citados correspondem a um estudo do BC para o ano de 2007, feito para as operações do mercado livre de crédito. Mas, feita esta ressalva, achamos que essa metodologia pode nos ajudar a pelo menos chegar a um cálculo mais correto sobre o spread líquido do setor bancário no Brasil.

E qual seria este número? De acordo com os dados do BC para março de 2009, o spread bruto para as operações de crédito livre foi de 28,5%. Incluídas outras operações de crédito direcionado e de taxas controladas, de acordo com a metodologia da Febraban, este spread cairia para 21,1%

Ainda segundo o BC, o spread ou resíduo líquido corresponde a cerca de 27% do spread bruto (27% de 21,1%), o que daria, portanto, 5,7% ao ano. É provável que este número seja ainda mais baixo, já que em nossa avaliação os custos administrativos parecem subestimados na metodologia utilizada pelo BC. De todo modo, é o spread líquido (5,7% ao ano) e não o spread bruto, que deveria ser utilizado na comparação com o desempenho do setor financeiro em outros países (em tempos normais) e com a rentabilidade de outros setores da economia brasileira.

O spread bruto é elevado no Brasil, mas disso não decorre necessariamente que o spread e o lucro líquido também o sejam. Uma discussão séria para reduzir o spread bruto deveria ser centrada nos fatores estruturais listados acima. Análises apressadas e pouco técnicas podem até render boas manchetes, mas não contribuirão para que se encontrem as soluções corretas para este problema.

Rubens Sardenberg é economista-chefe da Febraban. Foi diretor de Finanças do Banco Nossa Caixa (2003/2007 ) e secretário-adjunto do Tesouro Nacional (2000/2002).

08 maio 2009

Retrocesso

Se já não bastasse a constituição ter tentado impor limites aos juros, agora uma jurisprudência do STJ tenta fazer o mesmo. Os juízes e seus assessores precisam urgente de um curso sobre economia, matemática financeira e finanças.

STJ limita juros de contratos bancários em 1% ao mês
30 Abril 2009 - Gazeta Mercantil

São Paulo, 30 de Abril de 2009 - Três súmulas publicadas ontem pela Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e que estão relacionadas a contratos bancários, estão dividindo o meio jurídico. Esses mecanismos não têm efeito vinculante, ou seja, não precisa necessariamente serem seguidos pelas instâncias inferiores, mas advogados reconhecem que modificar uma súmula é tarefa difícil. A primeira delas, e a mais polêmica, é a Súmula 379, que limita os juros mensais de contratos bancários. De acordo com esta orientação, nos contratos bancários não regidos por legislação específica, os juros moratórios poderão ser fixados em até 1% ao mês. Segundo informações do site do STJ, ficam de fora da abrangência do novo mecanismo legal contratos como os da cédula rural.

13 abril 2009

Bancos brasileiros

Especialista questiona "ascensão" de bancos brasileiros em ranking
Valor Econômico - 13/4/2009

A crise global colocou os bancos brasileiros em destaque nos rankings internacionais de lucro, rentabilidade e valor de mercado. Mas, o professor Alexandre Assaf Neto, do Instituto Assaf, que faz análises financeiras e econômicas, alerta que os bancos brasileiros ganharam destaque por motivos equivocados.

O fato de serem pouco alavancados, por exemplo, elogiado por analistas em contraposição à política de assumir riscos exagerados dos bancos americanos, é consequência de uma distorção do mercado brasileiro, diz Assaf Neto. "Os bancos brasileiros parecem conservadores porque o juro alto lhes permite ganhar dinheiro aplicando em títulos públicos. Mas, é uma característica de banco ganhar com a alavancagem", afirmou.

Para ele, a política de juro elevado é fruto de um "período irregular" da economia; e os bancos não devem montar sua estratégia com base em uma situação de "desequilíbrio". "Distorções do mercado validaram políticas erradas. O que era nosso patinho feio virou mérito. Mas isso é fruto de um período irregular", acrescentou.

Estudo feito por Assaf Neto com base no balanço dos três maiores bancos brasileiros - Itaú Unibanco, Banco do Brasile Bradesco - mostra baixa participação do crédito nos ativos totais, apesar do forte crescimento das carteiras em 2008.

O BB é o banco mais alavancado dos três, com ativos totais 16,4 vezes maiores do que o patrimônio líquido. No Bradesco, o índice é de 13,5 vezes; e no Itaú, de 9,9 vezes.

O crescimento médio do crédito nos três bancos foi de 27,9% em 2008. A maior carteira é a do BB, com R$ 166,3 bilhões; Itaú Unibanco e Bradesco têm carteiras exatamente iguais, de R$ 133,4 bilhões cada. Ainda assim, a carteira de crédito representou na média 34,4% dos ativos totais, oscilando de 30,4% no caso do Bradesco a 37,4% no do BB. Em outras palavras, para cada R$ 100,00 investidos, R$ 34,40 estão aplicados em crédito, "atividade básica do negócio". Para o professor, quando os juros caírem mais, os bancos terão que dar mais crédito para ter lucro.

Os bancos brasileiros também apresentaram elevada rentabilidade em relação ao patrimônio líquido. Em levantamento feito pela Economatica, eles mostraram os maiores retornos entre instituições das Américas no balanço de 2008. O líder da região é o BB, com retorno sobre o patrimônio de 32,5% (32,4%, segundo Assaf Neto); em seguida vem o Bradesco, com 23,6%. Itaú Unibanco, com 21,5% (21,9%, segundo Assaf Neto), fica ligeiramente abaixo do Santander chileno, que teve retorno de 21,8% e foi na região o que mais se aproximou dos brasileiros.

Mas, Assaf Neto contrapõe que o elevado retorno do BB é "fruto principalmente da baixa participação do capital próprio". Segundo levantamento do Banco Central, o patrimônio líquido do Banco do Brasil era de R$ 29,9 bilhões no fim de 2008, enquanto o do Bradesco era de R$ 4,7 bilhões e o do Itaú Unibanco, R$ 44,8 bilhões.

Em relação a 2007, o lucro líquido dos três bancos cresceu, em média, 28,6%. O destaque foi o crescimento no Banco do Brasil (74%) e a redução do lucro líquido do Bradesco (4,86%) em 2008. O retorno sobre ativos dos bancos no país é o dobro da média mundial de 1%, atingindo 1,97% na média dos três bancos, com 1,74% no Bradesco, 1,98% no BB e 2,21% no Itaú Unibanco.

O estudo do Instituto Assaf também avaliou a eficiência dos bancos. As instituições financeiras analisadas utilizaram, em média, 35,9% de suas receitas de intermediação financeira para cobrirem as despesas administrativas e de pessoal em 2008. O banco mais eficiente neste indicador gastou 28% das receitas, e o menos eficiente, o equivalente a 42,7% das receitas financeiras. A diferença de eficiência entre as duas instituições é grande, podendo-se prever a existência de espaço para os bancos ganharem maior margem operacional numa eventual redução do spread, avalia Assaf Neto.

Outra forma de se demonstrar a eficiência operacional de uma instituição é calcular quanto cada uma gastou por dia útil em que manteve suas agências funcionando. Em média, as instituições financeiras gastaram R$ 81,6 milhões por dia útil de funcionamento em 2008.

Das receitas financeiras apropriadas em 2008, 13,8% dos recursos foram direcionados, em média, para cobrir devedores duvidosos. As despesas de pessoal e as despesas administrativas e operacionais consumiram 35,9% das receitas de intermediação dos bancos.

Os bancos apuraram em 2008 o equivalente a 20,5% de suas receitas de intermediação na cobrança de serviços e tarifas de seus clientes. As receitas de serviços e tarifas representam, em média, a 147,8% das despesas com pessoal.

As instituições obtiveram, em 2008, uma margem líquida 14,2%. Em outras palavras, do total das receitas de intermediação obtidas no exercício, restaram 14,2% na forma de lucro líquido, sendo o restante consumido pelos custos e despesas.

Do total da riqueza gerada pelos bancos no exercício de 2008, 34,6% foram destinados à remuneração de pessoal, 27,1% no pagamento de tributos, e 38,3% para remuneração dos acionistas (lucro líquido).

22 março 2009

Banco Brasileiro é exceção

Banco brasileiro é exceção, diz ''Economist''

Evitam risco tolo pois lucram muito?

Os bancos brasileiros estão seguros e seriam uma "exceção" no setor em meio à crise, segundo reportagem publicada pela revista britânica Economist que chegou às bancas ontem.

Ao comentar o corte de 1,5 ponto porcentual da taxa de juros Selic na semana passada que reduziu a taxa básica para 11,25% ao ano, a revista afirma que o Banco Central conseguiu cortar as taxas "dura e rapidamente", e que mais cortes são esperados para os próximos meses.

"Esta é uma novidade bem vinda: no passado, a frágil moeda e a alta inflação impediam que o país adotasse medidas anticíclicas como esta", afirma a reportagem.

Mas a revista destaca que os cortes nas taxas não estão sendo repassados para os clientes, alimentado a discussão sobre os altos lucros dos bancos com seus spreads (a diferença entre as taxas cobradas sobre o dinheiro que o banco toma emprestado e que ele empresta aos seus clientes).

"Os bancos brasileiros podem ser caros, mas pelo menos eles estão seguros", diz a Economist. "Até agora, nenhum deles teve problemas com a crise financeira mundial. Isso pode ser porque seus lucros com as atividades diárias são tão altos que eles não precisaram assumir riscos tolos." Os números da Economática (veja quadros acima) sobre rentabilidade mostram que a revista está certa sobre a lucratividade dos bancos brasileiros.

A Economist afirma que, segundo cálculo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), o Brasil tem os spreads bancários mais altos do mundo.

O cálculo, no entanto, é contestado pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), que alega que os spreads são inflados pelos impostos cobrados sobre as transações bancárias.

De acordo com a revista, a segurança também se deve ao fato de a regulamentação do sistema bancário do país ser mais dura desde que vários bancos quebraram quando a inflação foi domada, em meados dos anos 90.

A revista se refere ao sistema bancário depois da adoção por medida provisória do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro Nacional (Proer). A medida utilizada para para responder à nova realidade advinda com o Plano Real e promover o enxugamento do sistema financeiro através de fusões entre bancos, bem como aquisições, reorganizações societárias, e reestruturações.

A Economist comenta ainda que os bancos HSBC e Citibank, que enfrentam problemas no resto do mundo, vão bem no Brasil.

"De uma maneira ou de outra, o sistema bancário do Brasil parece que vai continuar a ser a lucrativa exceção aos desastres em outros lugares", conclui a reportagem.BBC

10 março 2009

Recado ao BACEN

Presidentes, primeiros-ministros e príncipes muçulmanos conclamaram ontem o mundo islâmico a adotar práticas financeiras para superar a crise global e instou bancos islâmicos realizar "trabalho missionário", no oeste de promover o sharia bancário.

Quase todos os oradores na abertura do quinto Fórum Econômico Mundial Islâmico (WIEF) em Jacarta lamentaram os excessos do "irresponsável e não regulado mercado financeiro ocidental" para o desencadeamento da crise, e consideraram o sharia bancário como a abordagem para um sistema financeiro global mais estável.

(...) Instituições financeiras islâmicas não pagam juros e exigem operações de ser sustentada por ativos reais. Seus ativos compreendem apenas alguns por cento da indústria bancária mundial, mas têm sofrido menos do que os seus homólogos convencionais por não usar de subprime ou complexos produtos estruturados.

Susilo Bambang Yudhoyono, o presidente indonésio, disse a 1550 delegados de 36 países islâmicos que "agora devemos ser capaz de assumir um papel de liderança". "Banqueiros islâmicos devem, portanto, fazer alguma obra missionária no mundo ocidental para promover o conceito da sharia bancário (...)”

Standard & Poor's, agência de notação, disse na semana passada que, embora as instituições financeiras islâmicas tenham fortes perspectivas de longo prazo, o futuro imediato era incerto. (...)


Islamic banks urged to show west the sharia way forward
John Aglionby in Jakarta - 3 March 2009 - Financial Times - USA Ed1 - 03

22 dezembro 2008

Polêmica

O jornal O Globo de 17 de dezembro discute a polêmica na contabilidade do Rio de Janeiro (Paes continua sem saber quanto terá em caixa, O Globo, 19, Luiz Ernesto Magalhães). O prefeito eleito, Eduardo Paes, não sabe a situação financeira da prefeitura.

A razão está na divergência entre a posição do Tribunal de Contas do Município e a contabilidade a prefeitura.

Um dos motivos refere-se ao fato da prefeitura ter anulado 60 milhões de dívidas com fornecedores, tendo por base um parecer da Controladoria Geral do Município (CGM). O TCM tem dúvidas sobre esta posição.

Mas achei interessante foi um depoimento do prefeito eleito:

— É difícil ter uma informação precisa sobre a situação financeira atual. Veja o caso da Cidade da Música: a prefeitura vai deixar R$34 milhões em caixa para quitar dívidas da obra. Se os recursos existem, por que a dívida não é paga logo — questionou Paes. (...)


Se for só isto, alguém precisa explicar para Paes uma coisa chamada “valor do dinheiro no tempo”.

18 setembro 2008

Juro Zero


(...) Uma simulação feita pelo Valor, com base em dados fornecidos por concessionárias em São Paulo, mostra que o tal do juro zero pode custar até 16% num intervalo de três anos.Nesta temporada, são principalmente os carros mais caros, com valor acima de R$ 50 mil, e a categoria luxo, a partir de R$ 70 mil, os alvos das ofertas.

A ilusão do juro zero - 12/09/2008 - Valor Econômico

O texto cita várias situações onde o juro não é efetivamente zero:
=> O anúncio traz o preço de tabela cheio. Num processo de negociação, o investidor com dinheiro a vista pode obter descontos
=> O juro zero pode ser interessante para indústria, quando reduz a capacidade ociosa e, por conseqüência o custo unitário
=> O ganho pode estar na venda de serviços (auto-peças, acessórios, manutenção etc)

Faltou considerar o fato de que “promoções de juro zero” atraem clientes afobados que não comprariam um carro novo, mas o fazem, em razão da promoção. Este assunto foi explorado no livro “Previsivelmente irracional”, de Dan Ariely. É uma armadilha.