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26 setembro 2022

Taxa de juros de longo prazo

 

Eis o resumo:

Taking advantage of key recent advances in long-run financial and economic data, this paper analyzes the statistical properties of global long-maturity real interest rates over the past seven centuries. In contrast to existing consensus, which has overwhelmingly concentrated on short samples for short-maturity rates, we find that long-maturity real interest rates across advanced economies are in fact trend stationary, and exhibit a persistent downward trend since the Renaissance. We investigate structural breaks in real interest rates over time using multiple statistical approaches, and find that only the Black Death and the "Trinity default" of 1557 appear as consistent inflection points in capital markets on both global and country levels. While a 1914 break is also suggested in multiple series (though less robust than existing literature would lead one to expect), the evidence for an inflection point in 1981 appears much weaker. We further examine trends in persistence, as well as commonly-invoked drivers of global real rates: exploiting significant data advances, we argue that historically, demographic and productivity factors appear to show no promising causal role, and in fact diverge from real interest rates over the long run.

21 maio 2014

Manipulação

A Comunidade Europeia acusou o JPMorgan Chase, o HSBC e o Crédit Agricole de manipulação da taxa de juros. Como esta taxa de juros era usada para determinar os custos dos empréstimos bancários, o prejuízo pode ter sido de trilhões de dólares. Em dezembro a União Européia já tinha multado um grupo de instituições financeiras no valor de 2,3 bilhões de dólares.

Os bancos que reconheceram a participação na manipulação tiveram um desconto nas multas em 10%. E outros bancos já tinham feito um acordo prévio: Barclays, Deutsche Bank, Royal Bank of Scotland e Société Générale.

08 março 2013

Malditos preços, benditos preços

Os preços atraem muita emoção quando se mexem. É natural, alguns ganham e outros perdem. Mas os preços fazem parte do funcionamento das economias. Há preços dos bens e serviços, mas também do trabalho (salário), do dinheiro e do tempo (juros), das empresas (ações) e até da nossa moeda em relação às outras (câmbio). A tentação dos governos é mantê-los sob mira curta, por diversas razões. Certamente para combater a inflação e evitar excessos derivados de monopólios, porém, em alguns casos, para tentar influenciar os rumos da economia.

A questão é que os preços têm um papel público também: eles sinalizam quando sobra ou falta algo. Afinal, a lei mais conhecida da economia é a da demanda e oferta, em que os preços sobem quando falta o produto e caem quando sobra. Um preço subindo pode não ser apenas sinal de injustiça ou inflação, mas de escassez ou ineficiência que mereça atenção. A liberdade dos preços traz a transparência necessária para ajudar na correção de rumos, muitas vezes de forma natural, quando eles sobem para reduzir o consumo e aumentar a oferta (ou vice-versa).

É mais fácil concordar com a liberdade de preços de peixes, frutas e verduras do que de outros preços da economia. Estocar esses produtos é difícil e requer flutuação dos preços para equilibrar o mercado. Todavia também é importante permitir a flutuação de alguns preços menos óbvios, cuja informação é relevante para a economia.

Um exemplo clássico é o preço da gasolina. Muitos países têm regras para determiná-lo. Mas se o preço da gasolina se afasta da cotação internacional por muito tempo acaba gerando distorções. O consumo não se adapta ao preço internacional mais alto (relacionado ao que pode ser importado ou exportado). E quem vai ofertar não tem o sinal do preço correto para decidir quanto investe na produção. No limite, as estatais podem ser obrigadas a importar por valor mais alto do que vendem no mercado doméstico, o que pode levar a prejuízos importantes.

Prejuízos alteram outro preço significativo da economia: o das ações de empresas. Quedas sistemáticas e relevantes das ações refletem mudança do valor das empresas, um sinal de alerta importante. É necessário avaliar o que está causando a destruição desse valor e, caso necessário, realizar mudanças fundamentais.

Os juros básicos, determinados pelo Banco Central, são também um preço importante da economia. Quando os juros sobem, normalmente é sinal de pressões inflacionárias e de ciclo de atividade em alta. Quando caem, o inverso: inflação recuando e/ou atividade fraca. O Banco Central faz bem em insistir que os ciclos ainda não foram abolidos no Brasil, sinalizando que os juros podem eventualmente subir ou descer, apesar da mensagem básica de que devem ficar no atual patamar por um tempo prolongado.

Outro preço importante é a taxa de câmbio, que reflete o valor dos nossos bens relativos aos preços internacionais (ou comercializáveis, aqueles determinados no mercado internacional). No curto prazo, o câmbio pode ser determinado pelo governo, tanto mais quanto mais reservas tiver e mais controles de capitais introduzir. No longo prazo, o câmbio vai ser o que equilibrar as necessidades da economia, isto é, o câmbio consistente com um saldo na balança comercial e de serviços, compatível com persistentes entradas de capitais que, por sua vez, ajudem a financiar os investimentos necessários para o crescimento sustentado da economia. Uma taxa de câmbio mais depreciada que o equilíbrio de longo prazo (que leve a uma balança mais alta e a uma escassez de poupança externa, dado o investimento necessário) vai acabar gerando uma inflação corretiva, devolvendo o valor do câmbio real ao seu equilíbrio.

O salário é o preço do trabalho na economia. Reflete o excesso ou a escassez de mão de obra. Nos últimos anos os salários têm subido acima da inflação, refletindo crescimento maior da demanda que da oferta. A demanda tem aumentado por causa do crescimento mais forte dos setores intensivos em mão de obra (serviços, por exemplo), enquanto a oferta tem sido afetada por um crescimento mais lento da força de trabalho (por questões demográficas, entre outras). Reduzir os encargos da folha de pagamentos pode aliviar as empresas, individualmente, contudo não altera a falta de oferta e a necessidade de maior produtividade da mão de obra. Medidas que incentivem maior demanda por trabalho podem exacerbar o descompasso atual com a oferta. A competitividade da economia depende de a produtividade crescer acima (ou na proporção) do aumento dos salários.

Finalmente, os preços da energia elétrica também variam, apesar de ser um setor naturalmente mais regulado pelo governo. Quando há sobra (ou falta) de energia, esta é vendida no mercado livre a preços menores (ou maiores). Com os reservatórios das hidrelétricas mais baixos no final do ano, os preços no mercado livre subiram, sinalizando oferta menor. Da mesma forma, quando as termoelétricas, mais caras, são ligadas, em momentos de escassez, preços maiores acabam sendo repassados ao consumidor. Esse aumento é necessário para o consumidor agir a fim de economizar o necessário.

Os preços ajudam-nos a identificar escassez e ineficiências e a desenhar políticas para correção de rumos. Muitas vezes há exageros. A regulação dos mercados é fundamental. Mas não podemos dispensar o sistema de preços como um guia importante do que acontece na economia. É necessário observar os preços da economia para sinalizar escassez, excessos ou ineficiências e tomar medidas fundamentais para corrigir os problemas. Sem isso o risco é de gerar distorções na economia maiores do que qualquer flutuação excessiva de preços pudesse ter ocasionado.

28 dezembro 2012

Política fiscal: o desafio para 2013


Entre 1991 e 2011, o gasto primário do governo federal (exclusive transferências a Estados e municípios) saiu de 11,1% para 17,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Apesar desse crescimento, o País passou, sistematicamente, a gerar superávits primários para pagar os juros da dívida interna e externa a partir de 1999. No entanto, essa maior responsabilidade fiscal foi baseada no crescimento da receita - a arrecadação quebrou a barreira dos 25% do PIB (1970-1994) e chegou a 35% do PIB, em 2011.
Nesse debate é bom ter claro que todos os presidentes brasileiros, desde 1990, terminaram os seus mandatos com a despesa primária como proporção do PIB maior do que aquela do seu antecessor. O crescimento do gasto foi mais intenso na primeira metade da década de 1990, quando em apenas três anos (1991 a 1994) a despesa primária cresceu quase três pontos porcentuais do PIB pelo "efeito Constituição". O crescimento foi particularmente concentrado no gasto com pessoal e nas despesas com INSS.
No período mais recente, desde 1999, o gasto público não financeiro do governo federal continuou sua trajetória de expansão. Mesmo com a aceleração do crescimento da economia entre 2004 e 2010, conseguimos a proeza de continuar elevando o gasto público não financeiro (% do PIB) sem aumentar o investimento público (que está por volta de 1% do PIB).
Por outro lado, quando se analisa o comportamento do gasto público, nota-se que as razões para o seu aumento são sempre meritórias.
Por exemplo, quando se olham os dados para 1999 a 2011, não há dúvida de que, como porcentagem do PIB, 87% do crescimento do gasto primário de 1999-2011 é explicado pelo aumento das despesas do INSS e gastos de custeio ligados a programas sociais (seguro-desemprego, abono salarial, Loas e Bolsa Família). Todas estas despesas são afetadas diretamente pelos reajustes reais do salário mínimo.
No período mais recente, de 2007 a 2011, se olharmos o gasto público não financeiro (custeio, pessoal e investimento) classificado por função, o maior crescimento da despesa pública do governo federal ocorreu com a função educação: crescimento nominal de 140% neste período. Até outubro de 2012, o investimento do Ministério da Educação foi de R$ 8,3 bilhões, com crescimento de 60% em relação ao mesmo período do ano passado.
Os gastos com saúde e educação têm regras constitucionais para o seu crescimento que tornam impossível qualquer economia com essas funções. O governo federal tem de gastar, no mínimo, 18% da sua arrecadação de impostos, líquida de transferências, com a manutenção e o desenvolvimento do ensino. Na média de 2002 a 2004, o governo federal gastava muito mais do que isso: 29,7%. No entanto, com o crescimento da carga tributária, o governo federal gastou com a manutenção e o desenvolvimento do ensino, em 2011, uma parcela de 19,3% da sua receita líquida de impostos. Não há mais quase nenhum "espaço legal" para economizar com essa despesa, a não ser que haja uma queda permanente da arrecadação.
Neste ano até outubro, a despesa não financeira do governo federal cresceu R$ 71 bilhões e, desse total, as despesas com investimento responderam apenas por R$ 9,4 bilhões, incluindo aqui os subsídios ao Minha Casa Minha Vida, que foram responsáveis por R$ 5,4 bilhões desse crescimento. Da mesma forma, em 2009 as despesas não financeiras do governo federal cresceram R$ 74,2 bilhões e o investimento público ficou com apenas R$ 5,9 bilhões. Assim, tanto em 2009 quanto em 2012, o setor público sai maior de anos de baixo crescimento.
Em 2009, a despesa primária aumentou 1,2 ponto porcentual do PIB e, com o crescimento excepcional do PIB de 7,5% em 2010, a despesa recuou apenas 0,2 ponto porcentual. No conjunto dos dois anos, portanto, o gasto primário ficou um ponto do PIB maior. Algo semelhante, mas não na mesma magnitude, deverá acontecer novamente em 2012 e 2013. De onde virá então o espaço fiscal para as fortes desonerações anunciadas pelo governo?
Muitos falam que a redução das taxas de juros para o atual nível de 7,25% ao ano criaria o espaço fiscal para a suposta diminuição planejada da carga tributária e, com juros menores, não seria necessária a geração de superávits primários de 3,1% do PIB. Há dois equívocos nessas afirmações. Primeiro, o que importa nesse debate são os juros (implícitos) da Dívida Líquida do Setor Público (DLSP), que continua elevada, perto de 15% ao ano. A magnitude de queda desta taxa não será a mesma observada para a taxa de juros Selic e, portanto, a economia fiscal será muito menor, inclusive porque o Tesouro continua aumentando sua dívida para emprestar ao BNDES e aumentando os subsídios do Programa de Sustentação do Investimento (PSI). Esse tipo de operação aumenta o custo da DLSP.
Segundo, o superávit primário do setor público em 12 meses até outubro já foi reduzido para 2,2% do PIB, apesar do fraco crescimento do investimento público do governo, como destacado acima. Assim, o superávit primário foi reduzido sem que tenha ocorrido ainda o forte crescimento esperado do investimento público.
Nas circunstâncias atuais, até mesmo alcançar um superávit primário entre 2% e 2,5% do PIB no próximo ano será um desafio. A redução das taxas de juros não será suficiente para criar espaço fiscal para desonerações e aumento do investimento público. E os novos programas de empréstimos de bancos públicos para investimento nos Estados contribuirão também para a redução do superávit primário.
Assim, em 2013, o maior desafio para o governo federal será desatar o nó fiscal que ele próprio criou ao priorizar o crescimento dos gastos que, anteriormente, conseguia acomodar com uma economia que crescia acima de 4% ao ano - e, mesmo assim, com crescimento da carga tributária. Sem um "boom" de commodities e com o crescimento menor do mundo, não há como fazer mais do mesmo. Em 2013, o Brasil precisará começar a fazer escolhas ou a tão sonhada redução de carga tributária não ocorrerá nos próximos anos.

13 outubro 2012

Taxa de juros e fundos de pensão


Fundos de pensão: a escolha de sofia
Fábio Giambiagi
Fonte: Valor Econômico, 09/10/2012
A queda da taxa Selic era uma antiga aspiração nacional, por várias razões, pelo fato de estimular a produção, melhorar o nível de emprego, mitigar a apreciação da taxa de câmbio e reduzir a despesa de juros.
Contudo, é necessário atentar para o outro lado da moeda, associado a aspectos em relação aos quais a redução da Selic pode causar problemas potenciais, como resultado da inércia dos agentes negativamente afetados por esse fenômeno. Um desses aspectos, com repercussões significativas sobre a economia, é a saúde dos fundos de pensão. Para entender isso, peço ao leitor um pouco de paciência para desenvolver um raciocínio matemático, ainda que simples.
Imaginemos uma situação em que não haja inflação, a taxa de juros real seja nula e um homem solteiro autônomo comece a trabalhar aos 20 anos, aposentando-se aos 55 anos e vivendo até os 80 anos de idade. Se ele separar todos os meses R$ 500 de contribuição, no final de 35 anos terá na sua conta o valor de R$ 500 x 12 x 35 = R$ 210 mil. Esse valor acumulado, gasto posteriormente ao longo dos últimos 25 anos de vida da pessoa (300 meses) possibilitará a esta uma renda mensal de R$ 210 mil / 300 = R$ 700. No mundo real, porém, a taxa de juros costuma ser positiva, de modo que com seus depósitos sendo remunerados, o juro faz parte do trabalho que, na ausência de remuneração financeira, seria feito apenas pelo esforço de poupar.
Em outras palavras, para um assalariado que quiser ter uma aposentadoria complementar, quanto maior for a taxa de juros, menor precisará ser a parcela poupada do salário. Pela mesma razão, dada uma taxa de juros que gera uma necessidade de contribuição para ter uma certa aposentadoria complementar, quanto maior for a queda dos juros, maior terá que ser o aumento da contribuição.
É arriscada a ideia de que a redução dos juros pode ser compensada com uma exposição maior na renda variável
Com Felipe Vilhena Amaral, tentamos mensurar as consequências de uma redução dos juros sobre a alíquota de equilíbrio de planos de pensão. O artigo, bastante técnico, publicado na “Revista Brasileira de Direito Previdenciário” (número 6, 2011), refere-se aos planos de Benefício Definido (BD), mas o pano de fundo é o mesmo que afeta os planos de Contribuição Definida (CD), com a diferença de que aquilo que nos planos BD gera a necessidade de medidas compensatórias para preservar o benefício, nos planos CD implica uma redução deste.
Em qualquer caso, uma menor remuneração das aplicações afeta os participantes, aumentando a alíquota requerida para o plano continuar equilibrado ou exigindo uma redução dos benefícios ou ainda um aumento do período contributivo, para que o plano não se torne insolvente. É uma escolha difícil.
Na tabela, extraída do citado artigo, apresentam-se as alíquotas de contribuição sobre o rendimento para o caso de um indivíduo solteiro que começa a trabalhar com 20 anos de idade, contribui 35 anos e se aposenta com 55, recebendo uma renda complementar igual ao último salário por outros 25 anos, renda essa indexada à inflação. A tabela apresenta resultados para diferentes combinações de taxas de desconto e de incremento da remuneração real na data-base.
A flexibilidade para escolher a taxa de desconto pode permitir inicialmente que alguns fundos agravem a situação futura dos mesmos caso resolvam “driblar” a necessidade de medidas corretivas (como aumento da contribuição ou elevação da idade de aposentadoria), mas não há dúvidas de que todos os participantes terão que se ajustar, cedo ou tarde. É bom ressaltar que quanto mais demorar o ajuste, mais drástico ele terá que ser depois.
A simples redução da taxa de desconto de 6% para 5% gera uma necessidade de elevação da alíquota de equilíbrio entre 4 e 6 pontos percentuais. A ideia de que a redução dos juros poderá ser compensada mediante uma maior exposição na renda variável é arriscada, porque é improvável que tenhamos outro ciclo de prosperidade da Bolsa como o do pós-Real ou o de 2003/2008. Os fundos serão obrigados a se adaptar à realidade de juros menores e fazer a sua “escolha de Sofia”..

27 dezembro 2011

Juros ao longo da história

O gráfico mostra a evolução histórica da taxa de juros de curto prazo, desde 1831, nos Estados Unidos. Na metade do gráfico, um linha aponta a criação do Banco Central daquele país, que aparentemente reduziu o valor desta taxa.

20 novembro 2010

Juros do Panamericano

Nas instituições médias, a taxa do crédito pessoal não chega a 3% ao mês; no banco de Silvo Santos juro mensal supera os 4%

A burocracia para conseguir um crédito pessoal no Banco Panamericano é mínima se comparada à exigida em outras instituições. A facilidade ao cliente, no entanto, é compensada com o pagamento de um dos juros mais altos do mercado.

Segundo dados do Banco Central, a taxa média praticada pelo banco de Silvio Santos no crédito pessoal é de 4,15% ao mês. Instituições de porte semelhante não chegam em 3% ao mês. O banco Votorantim, por exemplo, cobra taxa mensal de 2,19%; o Cruzeiro do Sul 1,59%; o BMG 2,20% e o Daycoval 1,97%.

“A instituição, que trabalha com um crédito massificado direcionado para quem tem uma renda mais baixa, assume um risco maior”, explica o professor José Pereira da Silva, do Centro de Contabilidade, Finanças e Controle da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A história da aposentada Maria Carmem Martins, de 56 anos, ilustra bem o nível de risco que o Panamericano assume ao conceder crédito com baixo nível de exigência burocrática. Ela, que já acumula há alguns meses prestações de outros empréstimos atrasadas, saiu animada na tarde de ontem da agência do Panamericano na Avenida Paulista. “Aqui eu consegui empréstimo.”

A ex-funcionária da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) não consegue contar nos dedos de uma mão a quantidade de instituições em que está inadimplente. “Nossa Caixa, agora o Banco do Brasil, no Real, uma outra financeira... E ainda tem outras mais”, diz.

Questionada sobre qual será a taxa de juros cobrada no novo empréstimo, feito no Banco Panamericano, Maria Carmem diz que não sabe. “A atendente esqueceu de me falar essa parte.”

Pereira, da FGV, reforça que “as taxas de juros elevadas cobrem o risco do crédito”. Ele diz que cada vez mais a concorrência nesse mercado tem ficado acirrada o que, de alguma forma, pode beneficiar o consumidor, desde que ele pesquise as melhores taxas.

Manuel Enriquez Garcia, professor de economia da Universidade de São Paulo (USP), confirma que os bancos comerciais, como o Panamericano, têm uma política diferente das instituições maiores. “Os grandes bancos adotam regras mais seguras para o empréstimo.”

Profissionais liberais, como taxistas e motoboys, também são atraídos pelo Panamericano, uma vez que não há necessidade de comprovação de renda fixa. Clerto Barbosa financiou seu novo táxi há oito meses por meio do banco. “Foi o vendedor que me levou ao Panamericano para fazer o empréstimo”, conta. “Ele disse que lá o financiamento era liberado mais rápido.” Dito e feito: duas horas depois, Clerto já estava dando a partida no novo carro.

Regulamentação. No Brasil, o Banco Central funciona como o regulador da liberação do crédito. Os principais bancos adotam o que é denominado de ‘boas práticas’. Dessa forma, eles exigem dos clientes comprovação de renda e endereço e fidelidade ao banco, o que torna o empréstimo mais seguro.

Apesar de recomendar as melhores práticas para o empréstimo, o Banco Central libera às instituições para aplicarem as normas de crédito da forma mais conveniente.

Na avaliação do professor Garcia, da USP, ocorre um “afrouxamento nas regras de empréstimo”. “Às vezes uma pessoa tem o nome sujo na praça e o banco não checa o antecedente dela”, afirma.


Banco Panamericano tem a taxa de juro mais alta - Roberta Scrivano e Luiz Guilherme Gerbelli - 20 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

01 outubro 2010

Taxa de juros

O Conselho Monetário Nacional decidiu nesta quinta-feira (30/9) estender a obrigatoriedade de informar o Custo Efetivo Total (CET) a financiamentos oferecidos a pequenas e micro empresas.

A decisão entra em vigor a partir de 2 de maio de 2011. Segundo o Banco Central (BC), a medida reduz a assimetria de informações e estimula a concorrência.

O CET é a taxa percentual mensal ou anual que inclui, além dos juros, todos os encargos envolvidos em uma operação financeira, como impostos e outras tarifas. Atualmente os bancos são obrigados a informar a taxa apenas financiamentos oferecidos a pessoas físicas.

O CMN, autoridade máxima do sistema financeiro nacional, é composto pelo presidente do BC e pelos ministros da Fazenda e Planejamento.


CMN estende dado global de taxas para pequenas empresas
Felipe Peroni - Brasil Econômico - 30/09/10

01 setembro 2010

Governo e juros

(...) Com a saída das companhias grandes e sadias, que pagavam taxas menores que o restante do mercado, o juro médio verificado em todas as operações subiu pela maior influência das empresas de menor porte, que pagam juros mais elevados. Para esse grupo, a taxa é maior porque o risco de calote é mais elevado, justamente por isso tais clientes não conseguem facilmente acesso ao BNDES.

(...) Altamir Lopes explica que, com menos empresas de baixo risco nos bancos, naturalmente a carteira de crédito que remanesce nessas instituições teria maior potencial de calote. Por isso, o spread bancário aumenta. Além disso, pode ter havido alguma tentativa de recomposição da margem de lucro para compensar a perda de alguns clientes que liquidaram empréstimos e migraram para o BNDES.

Capital de giro. O analista da Tendências Consultoria Alexandre Andrade destaca que, ao contrário do que acontecia antes da crise, o BNDES tem maior presença em linhas de crédito corriqueiras, como o capital de giro, competindo com os bancos comerciais também nesse mercado.

Na instituição, vale lembrar, o discurso sempre foi que o investimento é o foco principal. Algumas operações de capital de giro do banco de fomento têm juro mínimo que se aproxima de 10% ao ano, muito inferior à média de 29,9% nos bancos comerciais. Essa diferença, somada à ação mais agressiva no investimento, explica o crescimento de 45% das operações de crédito do BNDES nos últimos 12 meses.


BNDES mexe com juros de mercado - Fernando Nakagawa, Fabio Graner - 25 Ago 2010 -
O Estado de São Paulo

20 outubro 2009

Taxa de Juros comparada


Fonte: Aqui

Diz respeito a taxa de juros do banco central de diferentes países da América Latina. Observe que durante todo o período, o Brasil adotou taxa de juros acima dos outros países.

02 junho 2009

Como fazer 40% num Maçante Título de Governo

Veja um artigo interessante (grifo no original):

Desde 1917, o governo dos EUA tem um “triplo A” de rating de crédito. Até a última semana, seus títulos eram considerados “livre de risco”.

Mas o governo dos EUA tem programas com elevados gastos que pode resultar na perda do seu rating, conforme o legendário investidor Bill Gross.

Bill conhece como ninguém no mundo o crédito do governo. Ele é um dos maiores investidores do mundo, controlando três quartos de um trilhão de dólares, muitos deles investidos em dívidas de governo. Em resumo, ele sabe o que está falando.

E a matemática é simples. O enorme déficit do governo nos próximos anos irá resultado numa dívida do governo em 100% do PIB. Como a dívida grande, você não pode chamar livre de risco.

Se você nunca investiu seu dinheiro for a dos EUA antes, agora pode ser o momento…

Pense sobre isto, por favor...

Qual país você poderia colocar seu dinheiro, nos Estados Unidos que paga 0% de juros ou no país X que paga 10%?

Não responda já…

Olhe a tabela abaixo e qual o país parece mais seguro para você conseguir uma taxa de juros decente para seu dinheiro nos próximos dois anos:



O status do País X parece bom, não é? Ou dizendo de outra forma, a finança dos EUA parece ruim, não parece? E com esses números podemos realmente escolher o País X... Sua dívida está prevista para cair a 20% do PIB, enquanto a dívida dos EUA deve aumentar para 100% do PIB.
Por alguma razão, nós americanos tem deixado todo nosso dinheiro nos Estados Unidos.
Eu sugiro que você coloque pelo menos algum dinheiro no país X pelo próximos anos.

Quem é o país X? É a Suíça? Não, taxa de juros não são elevadas ali. Mas espere. Vou deixar que você saiba quem é após eu contar uma história...

País X é uma oportunidade incrível agora...

Na grande crise dos EUA no final de 2008, as taxas de juros do país X subiram. Isso porque grandes investidores dos EUA tiveram que vender os investimentos no País X para saldar suas dívidas com os seus credores.

Isso aumentou a subida da taxa de juros no país X. Isto também fez com que o valor da moeda reduzisse. (...)

Moeda do País versus o Dólar


(...) Então você pode fazer retorno de dois dígitos de três formas diferentes: juros, ganhos de capital e moeda.

Adiciona juros de 12%, mais ganhos de dois dígitos nos títulos e a moeda … e você está olhando para um potencial de ganho de 40% ao ano. Num maçante título do governo.

País X, você irá surpreender em saber, é o Brasil. Eu sei, eu sei da velha piada sobre o Brasil entre os investidores: “Brasil é o próximo grande país... e sempre será.” Brasil é incrivelmente rico – terras cultiváveis, agua potável, ferro e petróleo. (...)

Brasil parece uma aposta mais segura que os EUA nos próximos anos. Como um americano, eu infelizmente tenho que dizer isso. Mas é verdade.

How to Make 40% a Year in Boring Government Bonds - Steve Sjuggerud é um articulista do DailyWealth

01 junho 2009

Spread no Brasil

Spread bancário: uma contribuição para o debate
26 Maio 2009
Valor Econômico

O spread bruto é elevado no Brasil, mas disso não decorre necessariamente que o spread e o lucro líquido também o sejam

"Para problemas complexos, sempre existem soluções simples... e erradas". A frase parece ajustar-se como uma luva no debate sobre o spread bancário no Brasil, que vem aparecendo com frequência no noticiário econômico, mas quase sempre de forma superficial e limitada. Este artigo é uma tentativa de contribuir para esse debate, esclarecendo alguns aspectos, de natureza técnica, que podem ajudar a termos um melhor entendimento do assunto. Vamos a eles:

1) Dados parciais: os dados do Banco Central (BC) consideram apenas parte das operações bancárias, as do chamado mercado livre de crédito, que em geral são de prazo menor e que correspondem a cerca de 45% das operações do sistema. As restantes são, em geral, de spread mais baixo, como financiamento imobiliário, leasing e repasses do BNDES. Nossos cálculos indicam que a inclusão dessas operações reduziria em cerca de 7,4 pontos percentuais (pp) o spread bancário bruto referente a março.

2) Spread bruto: embora spread bruto e lucros do setor financeiro sejam com frequência tratados como sinônimos, são conceitos bastante distintos. O spread calculado pelo BC equivale à diferença entre as taxas de captação, pagas pelos bancos, e as taxas cobradas nas operações de empréstimo. Spreads elevados podem ou não implicar em lucros elevados, a depender de outros fatores, entre eles a taxa de inadimplência e a carga tributária. Para se chegar ao spread líquido, que seria uma melhor aproximação do lucro líquido, é necessário descontar os demais custos que incidem sobre as operações de crédito.

3.1) Inadimplência - cálculos do BC indicam que só a inadimplência responde por algo como 37% do spread bancário, certamente um dos mais elevados níveis do mundo. O custo é alto porque a qualidade da informação no Brasil é deficiente, elevando muito o risco para o emprestador. Assim, bons pagadores pagam pelos maus e é por isso que o setor bancário defende o cadastro positivo e todas as iniciativas que possam melhorar a qualidade da informação disponível aos agentes econômicos. Os custos associados à inadimplência também são elevadíssimos se incluirmos gastos com a cobrança judicial, a demora na recuperação de garantias etc. Destaque-se a evidência de que nas linhas com melhores garantias, como o crédito consignado e o financiamento de veículos, os spreads são bem menores.

3.2) Carga tributária: o Brasil é provavelmente o único país que tributa a intermediação financeira, onerando poupadores e tomadores de crédito. Sobre as operações de crédito incide uma alíquota de 3,65% referente a PIS/ Cofins e outra, de IOF, que pode atingir até 1,88% ao ano. Na tributação direta, além do IR os bancos recolhem a alíquota diferenciada de CSLL de 15%. Segundo o BC, os tributos diretos e indiretos respondem por cerca de 18,5% do spread bruto nas operações de crédito livre.

3.3) Compulsórios: é provável que o Brasil tenha os maiores níveis de depósitos compulsórios do mundo. Sobre depósitos à vista o percentual é de 47% comparativamente a, por exemplo, 10% nos EUA e 3% na zona do euro. Também há compulsórios sobre depósitos a prazo, o que é uma clara distorção em relação aos demais países. Esse nível de compulsório até ajudou o Banco Central a injetar liquidez rapidamente no sistema após o agravamento da atual crise externa, mas é inegável que se trata de mais um custo que infla o spread, onera os tomadores de crédito e eleva as despesas de captação dos bancos.

3.4) Custos administrativos/operacionais - no cálculo do BC, esses custos respondem por 13,5% do spread, mas avaliamos que este percentual pode estar subestimado. A metodologia do BC só considera os custos "alocáveis" a um número limitado de operações, os 45% citados no item 1. Ficam de fora outros custos, inclusive o das operações obrigatórias, como o crédito rural. Se os incluirmos de alguma forma, certamente teremos uma elevação deste percentual.

É importante mencionar que os percentuais aqui citados correspondem a um estudo do BC para o ano de 2007, feito para as operações do mercado livre de crédito. Mas, feita esta ressalva, achamos que essa metodologia pode nos ajudar a pelo menos chegar a um cálculo mais correto sobre o spread líquido do setor bancário no Brasil.

E qual seria este número? De acordo com os dados do BC para março de 2009, o spread bruto para as operações de crédito livre foi de 28,5%. Incluídas outras operações de crédito direcionado e de taxas controladas, de acordo com a metodologia da Febraban, este spread cairia para 21,1%

Ainda segundo o BC, o spread ou resíduo líquido corresponde a cerca de 27% do spread bruto (27% de 21,1%), o que daria, portanto, 5,7% ao ano. É provável que este número seja ainda mais baixo, já que em nossa avaliação os custos administrativos parecem subestimados na metodologia utilizada pelo BC. De todo modo, é o spread líquido (5,7% ao ano) e não o spread bruto, que deveria ser utilizado na comparação com o desempenho do setor financeiro em outros países (em tempos normais) e com a rentabilidade de outros setores da economia brasileira.

O spread bruto é elevado no Brasil, mas disso não decorre necessariamente que o spread e o lucro líquido também o sejam. Uma discussão séria para reduzir o spread bruto deveria ser centrada nos fatores estruturais listados acima. Análises apressadas e pouco técnicas podem até render boas manchetes, mas não contribuirão para que se encontrem as soluções corretas para este problema.

Rubens Sardenberg é economista-chefe da Febraban. Foi diretor de Finanças do Banco Nossa Caixa (2003/2007 ) e secretário-adjunto do Tesouro Nacional (2000/2002).

12 fevereiro 2009

Ponto de Vista Interessante


O exame da jurisprudência que vem se consolidando no Superior Tribunal de Justiça (STJ) revela a inclinação das cortes brasileiras em favor dos tomadores, sendo frequentes os casos em que se julgam abusivas as taxas contratualmente fixadas, determinando-se sua redução. Segundo o STJ, estando os contratos bancários sujeitos à legislação consumerista, a abusividade das taxas de juros remuneratórios neles previstas há de ser declarada quando discrepar em muito da média do mercado. (...)

Ao alterar as bases contratuais de uma operação de crédito específica, reduzindo as taxas de juros sem que se cogite das circunstâncias do caso concreto, a atuação jurisdicional acaba sendo vista pelo mercado como um fator de risco adicional, levando ao aumento das taxas cobradas em operações futuras e ao enrijecimento do procedimento de concessão de crédito. Como se costuma dizer em economia, "não há almoço de graça". Ou seja, se alguém usufrui de um direito é porque outra pessoa, de algum modo, pagará por isso. No presente caso, a revisão judicial das taxas de juros, ao menos da forma hoje proposta pelo STJ, gera efeitos negativos sobre o mercado de crédito como um todo e acaba prejudicando o próprio consumidor a quem o juiz busca proteger.

Legislação & Tributos
Crise financeira, juros e o Poder Judiciário
Fabiano Jantalia
11/2/2009
Valor Econômico

18 setembro 2008

Juro Zero


(...) Uma simulação feita pelo Valor, com base em dados fornecidos por concessionárias em São Paulo, mostra que o tal do juro zero pode custar até 16% num intervalo de três anos.Nesta temporada, são principalmente os carros mais caros, com valor acima de R$ 50 mil, e a categoria luxo, a partir de R$ 70 mil, os alvos das ofertas.

A ilusão do juro zero - 12/09/2008 - Valor Econômico

O texto cita várias situações onde o juro não é efetivamente zero:
=> O anúncio traz o preço de tabela cheio. Num processo de negociação, o investidor com dinheiro a vista pode obter descontos
=> O juro zero pode ser interessante para indústria, quando reduz a capacidade ociosa e, por conseqüência o custo unitário
=> O ganho pode estar na venda de serviços (auto-peças, acessórios, manutenção etc)

Faltou considerar o fato de que “promoções de juro zero” atraem clientes afobados que não comprariam um carro novo, mas o fazem, em razão da promoção. Este assunto foi explorado no livro “Previsivelmente irracional”, de Dan Ariely. É uma armadilha.