China
A China foi, em determinado momento, uma líder na área da contabilidade. A história da contabilidade na China abrange cerca de 10.000 anos, desde sua origem até o desenvolvimento de um estilo chinês de escrituração em partidas simples e partidas dobradas.
Por volta de 7.000 a.C., em Xian, já existia um sistema de cálculos relativamente complexo. Durante esse período primitivo, os contadores chineses gravavam registros contábeis em ossos e tábuas de madeira. Isso representava uma forma inicial de escrituração em partidas simples. Houve avanços na escrituração durante a Dinastia Shang (1650–1100 a.C.) e a Dinastia Zhou (1100–256 a.C.). Confúcio (551–479 a.C.) iniciou sua carreira como funcionário responsável pela contabilidade de armazéns.
O governo chinês adotou o método de “registro de recebimentos/pagamentos”, no qual a equação receitas – despesas = superávit era utilizada para balancear as contas. Esse processo era denominado sanzhufa (o método de “contabilidade de três colunas”). Durante a Dinastia Zhou, foi estabelecida uma organização financeira e contábil bastante completa. O grande tesoureiro (dafu) era o mais alto cargo no tesouro. O auditor do tesouro nacional era denominado zaifu. O contador-chefe (sikuai) era o mais alto oficial contábil, contando com três tesoureiros subordinados, responsáveis pelos registros de entradas, saídas e superávit da Corte Imperial.
Em consonância com o princípio financeiro e contábil de “planejar os gastos de acordo com as receitas”, a corte da Dinastia Zhou dava grande importância ao orçamento e aos relatórios contábeis. Todos os anos, a corte definia suas despesas orçamentárias com base nas receitas previstas, controlando os gastos para garantir o equilíbrio fiscal. Havia relatórios a cada 10 dias, mensais, anuais e um relatório final a cada período de três anos. Esse relatório final era submetido ao rei. O sistema era denominado shangji (grande cálculo). O rei de Zhou e o zaifu tomavam decisões sobre recompensas ou punições com base no relatório geral final (shouji). Esse processo de reporte, que se desenvolveu ao longo dos anos, provavelmente não tinha equivalente, na época, nos procedimentos de controle interno, orçamento e auditoria (Chatfield, 1974).
As Dinastias Qin (221–207 a.C.) e Han (207 a.C.–220 d.C.) marcaram a fase de desenvolvimento da sociedade feudal na China. Tornou-se necessário desenvolver um sistema contábil que abrangesse desde o governo central até os governos locais. A expansão do comércio nessas dinastias exigiu o desenvolvimento da contabilidade comercial. Métodos fundamentais para o cálculo de lucros e perdas no comércio, bem como métodos simples para o cálculo dos custos de produtos manufaturados, foram desenvolvidos. Por exemplo, na indústria de processamento de vinho, os custos de matérias-primas, combustível e mão de obra eram calculados separadamente e utilizados como base para a avaliação.
Durante a próspera Dinastia Tang (618–906 d.C.), tanto a contabilidade governamental quanto a comercial fizeram avanços notáveis. Foi criado um departamento de contabilidade como parte da administração nacional. Um departamento de auditoria independente, o Bibu, foi estabelecido e teve um papel relevante na gestão dos aspectos financeiros e contábeis da corte imperial. Os sistemas de controle interno foram ainda mais aperfeiçoados. Na Dinastia Tang, foi instituído um sistema de cruzamento de informações entre o departamento de contabilidade, a tesouraria, o tesouro nacional, o departamento de impostos, a auditoria e os órgãos reguladores econômicos.
Em vez do princípio de “planejar os gastos com base nas receitas”, o financista Yang Yan, da Dinastia Tang, implementou o princípio de “controlar os gastos com base nas receitas”, no qual todas as despesas eram primeiramente orçadas, e, em seguida, as receitas eram projetadas. Isso exigiu que a corte imperial desenvolvesse um orçamento geral. Na Dinastia Song (960–1279 d.C.), o departamento de contabilidade registrava e conferia todas as contas com base no orçamento equilibrado.
Dois tipos de equações contábeis eram amplamente utilizados: a fórmula do “balanço de quatro colunas” (saldo inicial + entradas = saídas + saldo final) e a fórmula da “diferença de quatro colunas” (entradas – saídas = saldo final – saldo inicial). O método das quatro colunas passou, então, a ser o núcleo da metodologia contábil chinesa.
No final da Dinastia Ming (1368–1644 d.C.) e início da Dinastia Qing (1644–1912 d.C.), começaram a surgir inovações na escrituração comercial, impulsionadas pela lenta emergência do capitalismo. Uma versão chinesa da contabilidade por partidas dobradas, chamada de conta Longmen, foi desenvolvida a partir do método das quatro colunas. A conta Longmen adotou uma abordagem dual para registrar ganhos e perdas, enquanto o método das quatro colunas se baseava no conceito de ativos – passivos = capital. Embora os princípios fossem semelhantes aos da contabilidade ocidental, a ausência de um desenvolvimento pleno do sistema econômico capitalista na China fez com que a contabilidade por partidas dobradas se desenvolvesse apenas parcialmente. Assim, foi necessário importar a contabilidade de partidas dobradas ocidental no início do século XX.
Em 1905, Cai Xiyong escreveu um manual de contabilidade que iniciou a disseminação da contabilidade por partidas dobradas no padrão ocidental na China. Em 1907, esse método já era utilizado por alguns bancos. Durante o período da República da China (1912–1949), contadores chineses como Pan Xulun, Xie Lin, Xu Yongzuo, Yong Jiayuan, An Shaoyun e Zhao Xiyu se dedicaram à introdução da contabilidade ocidental adaptada à realidade chinesa. Esses profissionais reformaram a contabilidade chinesa e contribuíram significativamente para a consolidação do campo contábil na China.
Após a fundação da República Popular da China em 1949, a contabilidade entrou em uma nova fase histórica, caracterizada por reformas organizacionais, legislativas, filosóficas e teóricas. Para enfrentar os desafios da globalização, a contabilidade desempenhará um papel ainda mais relevante na economia do século XXI.
Guo Daoyang - The History of Accounting
O verbete foi escrito nos anos 90 e a parte final mostra os desafios. Recentemente, a China foi o primeiro país a ativar, através de regulação, os dados. O crescimento da economia chinesa e o tamanho populacional do país despertam a atenção atual da contabilidade. Imagem: aqui
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