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15 junho 2025

Grandes civilizações e contabilidade: Índia

Índia (1600 a.C. – 1856 d.C.) Por muitos séculos, o subcontinente que hoje compreende as áreas da atual Índia, Paquistão e Bangladesh esteve sob domínio provincial. O governo central era raro, embora, ocasionalmente, uma província forte dominasse sua própria região e outras áreas desse vasto e populoso território.

O primeiro império indiano (325–150 a.C.) foi governado pela dinastia Maurya. Um livro escrito nesse período, o Arthsastra, descrevia a economia política. A base financeira do sistema imperial era sustentada pela arrecadação de impostos sobre a terra e, em menor escala, pelo comércio. Parece ter existido um corpo significativo e bem estruturado de administradores, incluindo cargos de tesoureiro, responsável pela manutenção das contas, e de coletor-chefe, encarregado dos registros de arrecadação. O imperador enviava oficiais para inspeção a cada cinco anos, realizando auditorias adicionais e supervisionando a administração provincial. A aldeia era a unidade administrativa básica.

Esse modelo administrativo permaneceu ao longo dos anos sob outras dinastias, incluindo os Gupta no norte da Índia (320–540 d.C.), a Hegemonia Muçulmana (1200–1526 d.C.), a dinastia Bahmani (1347–1527 d.C.), o Império Vijayanagar (1336–1646 d.C.) e o Império Mogol (1526–1761 d.C.). O imposto sobre a terra manteve-se, de forma constante, como a principal fonte de receita. Por volta de meados do século XVIII, as influências europeias tornaram-se bastante fortes; no final do mesmo século, os britânicos passaram a dominar a região por meio da Companhia das Índias Orientais. O domínio britânico trouxe consigo registros empresariais no modelo ocidental. Em 1857, os britânicos assumiram o controle político completo da Índia.

Assim como no caso da Grécia e de Roma antigas, estudiosos da contabilidade examinaram fontes históricas na tentativa de identificar a presença de um sistema de partidas dobradas na Índia. Em um artigo de 1986, B.M. Lall Nigam, da Delhi School of Economics (Índia), procurou relacionar as referências contábeis presentes no Arthsastra e no Manu Samhita ao sistema de partidas dobradas, embora seus argumentos tenham sido contestados no ano seguinte em um artigo de Christopher W. Nobes, da University of Reading (Reino Unido). Em 1992, Michael E. Scorgie, da La Trobe University (Austrália), e Somendra Chandra Nandy, historiador de Calcutá (Índia), não conseguiram encontrar evidências documentais da existência do método das partidas dobradas, embora tenham realizado uma análise detalhada da contabilidade indiana no final do século XVIII. Independentemente da questão das partidas dobradas, a literatura indiana oferece evidências da importância da contabilidade e dos contadores na administração dos primeiros governos.



Richard Vangermeersch para The History of Accounting

O verbete não destaca o papel da criação dos números hindus (figura), que é a base da nossa numeração moderna. Há autores que enfatizam a relevância da adoção dos números nas cidades italianas como um dos requisitos para a adoção das partidas dobradas.  

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