Peru
O cordão com nós pode ser o dispositivo contábil mais antigo do mundo. Lyle Jacobsen descreveu seu uso na pré-história do Havaí, nas Ilhas Marquesas e na China antiga, onde o uso de cordões com nós para registros aparentemente antecedeu o surgimento da linguagem escrita, por volta de 3300 a.C.
O uso mais bem documentado da numeração por cordões com nós ocorreu no Peru. O quipu foi utilizado pelos incas, a partir de aproximadamente 1200 d.C., como um dispositivo de contagem e registro. Consistia em um cordão de algodão ou lã, com comprimento que variava de alguns centímetros a mais de um metro, ao qual eram presos um ou mais cordões secundários com nós. As cores desses cordões muitas vezes indicavam os tipos de itens registrados, enquanto o tamanho de cada nó e sua distância em relação ao cordão principal representavam números específicos, baseados em um sistema decimal. Um único nó na extremidade inferior do cordão representava um; dois nós na mesma posição indicavam dois; um nó mais próximo do cordão principal representava dez; um nó ainda mais próximo indicava cem, e assim sucessivamente. Foram encontrados quipus com nós que registravam centenas de milhares de itens.
Os homens especializados na confecção e leitura dos quipus eram chamados de quipucamayocs. Eles acumulavam as funções de escribas, contadores, estatísticos e historiadores. Assim como os recenseadores modernos, eles contavam os habitantes de cada aldeia, registravam nascimentos e mortes e especificavam o número de homens disponíveis para o serviço militar. Também ajudavam na alocação de recursos dentro do império, registrando impostos devidos, receitas do governo, inventários dos armazéns e até as quantidades de matérias-primas distribuídas aos tecelões e os volumes de tecidos produzidos. Todas essas informações eram registradas nos quipus e enviadas, por mensageiros, à capital, Cuzco.
O Império Inca era um paradoxo: uma economia altamente centralizada e planejada que funcionava sem linguagem escrita ou moeda cunhada. O quipu e os quipucamayocs eram elementos centrais de sua administração.
Michael Chatfield para The History of Accounting
Já postamos sobre o assunto aqui e aqui. Um verbete bem extenso sobre os quipus pode ser encontrado aqui
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