Antes de iniciar, é importante distinguir Suméria, Mesopotâmia e Babilônia. A Suméria foi um reino que existiu anteriormente. A Mesopotâmia é uma região geográfica. Já a Babilônia foi a cidade central de uma civilização localizada na Mesopotâmia, atual Iraque. Era um centro econômico e cultural, com um impressionante desenvolvimento arquitetônico — o mais famoso deles, os Jardins Suspensos. Na prática, é comum tratar Suméria e Babilônia conjuntamente, como faz Chatfield no verbete sobre o assunto em The History of Accounting.
Falar da Babilônia é também falar de Hamurábi, rei da primeira metade do século XVIII a.C., e de Nabucodonosor (605–562 a.C.). Os vestígios da vida na cidade que sobreviveram ao tempo revelam uma intensa atividade econômica, com registros de empréstimos, operações comerciais e partilhas de herança. A cidade tem presença marcante na Bíblia: com a Torre de Babel, com Nabucodonosor e como símbolo do pecado, em uma conotação negativa.
Uma das principais influências da cidade é o Código de Hamurábi, um conjunto de leis provavelmente redigido pelo rei de mesmo nome, por volta de 1772 a.C. Fisicamente, trata-se de uma pedra, encontrada em 1901, com escrita cuneiforme e 282 leis (ou 281, já que a de número 13 foi omitida por superstição) distribuídas em cerca de 3.600 linhas. A mais conhecida é o princípio do talião (do latim talis, “tal” ou “igual”): olho por olho, dente por dente. O código traz diversas normas sobre o comércio, como aquelas relativas ao não cumprimento de contratos. Trata-se do primeiro corpo legal conhecido, e o fato de estar inscrito em pedra tem uma forte carga simbólica: a lei é imutável, nem mesmo o rei poderia alterá-la.
O fato de os habitantes da Babilônia serem obcecados por registros contábeis, conforme destaca Michael Chatfield, é uma influência importante. Os códigos enfatizam essa prática. O Código de Hamurábi determinava que, ao vender uma mercadoria, o comerciante deveria entregar ao comprador um documento com os preços; se não o fizesse, o acordo poderia ser legalmente contestado. Assim, as transações comerciais eram registradas por escrito, com as assinaturas das partes e das testemunhas.
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