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05 outubro 2017

Teto dos gastos não vai funcionar

A Carta da Conjuntura deste mês, assinada pelo diretor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), Luiz Guilherme Schymura, da Fundação Getulio Vargas (FGV), considera que é preciso que a sociedade se prepare para "o momento bastante provável em que o teto de gastos do Executivo federal será rompido".

Schymura faz esse alerta depois de observar que, mesmo em um cenário em que o Congresso Nacional aprove a idade mínima para a Previdência Social, que o salário mínimo passe a ser corrigido apenas pela inflação e que os gastos com saúde e educação também acompanhem a inflação, ainda assim "o espaço fiscal do gasto discricionário terá desaparecido bem antes de 2025".

Com base nessas alterações no marco institucional e nas projeções do Ibre para as principais variáveis macroeconômicas, o espaço para as despesas discricionárias do Executivo teria que cair de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), para - 1,8% do PIB, em 2025, segundo cálculos da pesquisadora Vilma Pinto, do Ibre/FGV.

Na verdade, o espaço fiscal para os gastos discricionários zeraria já em 2021, de acordo com as projeções de Vilma. Isso significa que, daqui a quatro anos, a máquina pública ficaria inteiramente paralisada, sem recursos para poder oferecer serviços mínimos aos cidadãos - um verdadeiro "shutdown" do governo para usar o termo em inglês muito conhecido nos Estados Unidos.

Em sua Carta, o diretor do Ibre considera que o maior risco de descumprimento do limite das despesas, em uma perspectiva de médio prazo, "parece estar no teto que abriga debaixo de si o Poder Executivo federal", pois os outros Poderes financiam, basicamente, salários e custeio da máquina. "Nestes casos, aumentos salariais reais e contratações líquidas terão daqui para frente que se contrapor a economias no custeio, mas isto não parece impossível de se fazer", diz a Carta.

Para Schymura, o governo não deve tomar, precipitadamente, uma decisão deliberada de descumprir o teto, "porque o custo político e operacional seria muito elevado". Antes que isso aconteça, a Carta diz que "o país chegará a um nível visível e incômodo de paralisação da máquina pública, com cortes crescentes do custeio flexível para compensar o aumento irrefreável das despesas rígidas".

Neste momento, diz o texto, "é capaz que a ruptura do teto seja antecipada por um debate nacional sobre o dispositivo constitucional e os deveres do Estado, em meio a protestos e conflitos envolvendo tanto servidores como consumidores dos serviços públicos prejudicados pela contenção de despesas".

Uma vez violado o teto pelo Executivo federal, Schymura observa que entrarão em vigor todas as vedações previstas na emenda constitucional 95, que criou o limite para o gasto. Ficarão proibidos quaisquer reajustes de salários ou concessão de qualquer tipo de benefício adicional aos servidores civis e militares. O governo não poderá também fazer novas contratações de pessoal, criar ou mexer em carreiras, aumentar ou criar despesa obrigatória, ampliar financiamentos e nem subsídios creditício ou tributário.

Quando essas vedações entrarem em vigor, a Carta diz que várias questões serão levantadas. A primeira delas é saber como será elaborada a proposta orçamentária. Para fazê-la caber dentro do teto, a única forma será prever um nível de despesa que na prática significará a paralisação de grande parte dos serviços públicos.

O texto lembra que os cortes no Orçamento não poderão, no entanto, afetar uma longa lista de direitos constitucionais, como o direito à saúde, à educação, à alimentação, ao trabalho, à moradia, ao transporte, ao lazer, à segurança, à previdência social, à proteção à maternidade e à infância, e a assistência aos desamparados.

Schymura pergunta como o Executivo, o Legislativo e o Judiciário se comportarão "quando injunções constitucionais colidirem entre si". E questiona: "O Judiciário e, em última instância, o Supremo Tribunal Federal, na prática ditarão a gestão executiva do país?".

As perguntas não param por aí. É preciso saber qual será a reação das diversas carreiras de Estado, imaginando que ao longo de anos ficarão sem reajuste nominal ou qualquer nova contratação, observa o texto. O cenário será de greves e protestos? Principalmente porque essas categorias são sabidamente poderosas e influentes junto aos demais Poderes. "O Judiciário, em solidariedade a seus colegas, não acabará encontrando brechas e fórmulas para contornar o teto?", questiona. "O Legislativo, de forma similar, não buscará alternativas para flexibilizar as determinações da emenda constitucional 95?".

E o que ocorrerá se, além do Executivo, os órgãos do Poder Judiciário também romperem o teto de gasto? "Este Poder, que tem nas mãos a prerrogativa de interpretar os textos legais e constitucionais, vai assistir de forma passiva e imparcial os seus próprios ganhos e vantagens serem corroídos?", questiona.

[...]

A análise feita pelo Ibre fortalece a percepção de vários economistas de que, para reequilibrar as finanças públicas e produzir os superávits primários necessários para estabilizar a dívida em relação ao PIB, não bastará reduzir a despesa. Será inevitável uma elevação da receita, tanto aquela que virá em decorrência da recuperação econômica, como de um aumento da carga tributária.



Fonte: Aqui

Multinacionais, Europa e Impostos: Amazon e Apple

Duas notícias de ontem sobre multinacionais, Europa e impostos.

Amazon - A Comunidade Européia condenou a Amazon a pagar 250 milhões de euros (perto de 300 milhões de dólares ou 920 milhões de reais) referentes aos impostos que deveriam ter sido pagos em Luxemburgo, entre 2003 a 2011. O valor é bem menor que os 13 bilhões de euros da Apple (ver a seguir). E também é muito menor do que parecia ter sido originalmente estipulado, conforme noticiou a Reuters: 400 milhões de euros. Entretanto, o valor pode ser expressivo quando considera que a empresa Amazon trabalha com uma margem líquida muito reduzida, de 1,76%.

A Comunidade entendeu que Luxemburgo deu benefícios ilegais para a Amazon que reduziu bastante a carga tributária da empresa. Para Luxemburgo, um pequeno país da Europa, a Amazon é uma das maiores empregadoras. Este país tem concedido benefícios para empresas multinacionais e por isto outros processos parecidos podem surgir nos próximos meses; fala-se na McDonald´s e na Engie, uma empresa do setor de energia da França. Mas estes benefícios provocaram uma irritação em outros países, que tiveram uma queda na arrecadação de tributos nos últimos anos. Um aspecto estranho na história é que o atual dirigente máximo da Comunidade Européia “instituiu” esta política de incentivos.

A Amazon, num comunicado, disse que não recebeu nenhum tratamento especial de Luxemburgo e que iria pagar os impostos conforme a lei internacional.

Segundo o New York Times, o processo de redução de impostos envolvia o preço de transferência. A Amazon usava as transações ocorrida nos diferentes países da Europa para transferir receita, via o preço de transferência, para Luxemburgo, onde tinha uma taxação privilegiada. Quando a empresa comercializa produtos físicos, o fisco consegue controlar melhor a utilização excessiva deste mecanismo, impedindo o planejamento tributário. Mas no caso das empresas de tecnologia, como a Amazon e a Apple, a existência de intangíveis torna mais difícil este controle. A Amazon teria se aproveitado disto para reduzir sua carga tributária.

Apple - Este parece ser um caso mais "estranho". No passado a Comunidade Europeia decidiu que a Irlanda deveria receber 13 bilhões de euros da Apple (quase 50 bilhões de reais). O problema é que a Irlanda foi contra a decisão e entrou com uma apelação da decisão. Ou seja, temos um governo que não quer receber impostos. Numa nota divulgada ontem, a Comunidade Européia disse que a apelação não seria uma desculpa para que a Irlanda não recolhesse o tributo. A nota destacava a necessidade de preservar a competição.

O governo irlandês afirmou que embora discorde da decisão, estava buscando recolher os impostos. Entretanto, a decisão ocorreu há mais de um ano, conforme lembrou a Comunidade Europeia e que o prazo para implementar a decisão já tinha esgotado.

Links

TCU considera imprudente o aval da União para os estados entre 2012 e 2015

Os maiores memers da internet: Will Smith em primeiro, Obama em segundo

Matou uma python de 7 metros

A questão da Catalunha e o mercado: aumento do risco Espanha e queda na bolsa

Modelos magras e uma lei francesa 

Rir é o melhor remédio

Carlos Ruas fantástico

04 outubro 2017

Complexo de vira-lata

Dica do Vladmir para um artigo de Homero Junior que investiga um complexo de vira-lata na adoção das normas contábeis internacionais (IFRS):

o complexo de vira-lata se manifesta através de escolhas lexicais que caracterizam a adoção das IFRS como evidência de progresso, da descrição da tradição do direito civil (code law) como uma fraqueza, e da representação do sistema contábil brasileiro como inferior a estrangeiros baseada em modelos classificatórios desenvolvidos em países anglo-saxões. Dada a interligação entre o campo acadêmico e o campo profissional na contabilidade brasileira, tais resultados sugerem haver um elemento relevante de colonialidade na consolidação e legitimação das IFRS no Brasil.


Um dos textos citados:

a criação do CPC, em 2005, por exemplo, com o objetivo de cuidar dos assuntos referentes aos Pronunciamentos Técnicos inerentes à convergência da contabilidade brasileira aos padrões internacionais, foi um avanço considerável no país


Perto da conclusão o autor comenta:

Em conjunto, as caracterizações do direito civil como uma fraqueza, do sistema contábil brasileiro em condição de inferioridade e da adoção das IFRS como sinal de progresso são estratégias discursivas que evidenciam uma alta pervasividade do estrangeirismo na produção acadêmica brasileira, indicando haver um forte elemento de colonialidade na consolidação e legitimação das IFRS no país.


Talvez parte do discurso apontado pelo autor seja uma tentativa de "legitimar" a adoção das IFRS. De qualquer forma, o assunto é pertinente e muito atual. Fantástico.

Indenização

O Superior Tribunal de Justiça condenou o estado da Bahia por "conduta discriminatória" contra o jornal A Tarde. Anteriormente, o Tribunal de Justiça da Bahia também tinha entendido que cabia indenização para o jornal.

Há quase vinte anos o jornal fez reportagens sobre irregularidades que estavam ocorrendo no governo do estado. A partir de então, o jornal foi excluído de qualquer publicação oficial, mesmo sendo o veículo impresso de maior circulação no estado. O governo terá que pagar R$10,7 milhões para repor os prejuízos, além de indenização.

Acho que faltou uma penalidade aos governantes.

Disrupção

A The Economist é cética sobre isto:

A inovação digital desestabilizou pelo menos seis setores convencionais nas últimas duas décadas: música, locação de filmes, livros, táxis, jornais e varejo de moda. Em termos financeiros, as sobreviventes foram reduzidas a mera sombra do que haviam sido no passado. Os lucros da New York Times Company recuaram 67%. Coisa parecida aconteceu com a Barnes e Noble (76%) e a Universal Music (cerca de 40%). Ocorre que as empresas desses segmentos nunca foram exatamente gigantes. Em 1997, quando Mark Zuckerberg tinha 13 anos e as coisas iam às mil maravilhas nas seis áreas de atividade, suas representantes de maior porte eram responsáveis por apenas 2% dos lucros gerados por empresas do SP 500. 


A revista usa um índice para verificar isto:

Entre as empresas do SP 500, só em torno de 40 têm um índice preço/lucro (P/L) inferior a 12, visto como sinal de declínio iminente. Trata-se mais ou menos da mesma proporção observada há duas décadas.

Em muitos outros setores que supostamente estão na linha de tiro do Vale do Silício, a situação é bem mais tranquila. Considere-se o segmento de televisão, onde Amazon, Netflix, YouTube e Apple vêm gastando rios de dinheiro com aquisições e novas produções. Há, sem dúvida, preocupação com o fato de os consumidores estarem trocando o cabo pelo streaming, mas, em termos agregados, as ações das principais operadoras de TV a cabo e produtoras de conteúdo vêm sendo negociadas a múltiplos de 20 vezes, sinal de que os investidores apostam que seus fluxos de caixa continuarão crescendo. Da mesma forma, os grupos hoteleiros, em vez de estarem sendo massacrados pelo Airbnb e pelas agências de turismo online, apresentam índices P/L tão robustos como há dez anos.

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Stephen Schmitz Fonte: Aqui

03 outubro 2017

Links

Jogadora de xadrez do Irã é banida por não ter usado hijad (fotografia ao lado)

⇭Mundo louco: ações dos fabricantes de armas após a tragédia de Las Vegas

Auditores e a segurança dos dados da Equifax

HP deixou a Rússia olhar códigos de segurança

Abandone a significância estatística

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(Não entendeu? Embaixo, Danny Trejo, ator de Machete)

Empresas antecipam pagamento

Diante da reação da economia e já de olho nas eleições de 2018, empresas têm ido ao mercado para antecipar pagamentos e alongar dívidas para evitar potencial volatilidade de preços em meio à corrida pelo Palácio do Planalto. De janeiro a agosto, companhias captaram R$ 69,9 bilhões com a emissão de dívida – valor 32% maior que no mesmo período de 2016.

Continue lendo aqui

Indicador de Situação Previdênciária (ISP)

Preocupado com a piora das contas da Previdência dos servidores de Estados e municípios, o governo federal resolveu fazer um radiografia da situação e montou um ranking para acompanhar de perto o problema que ameaça a sustentabilidade das contas públicas. O Indicador de Situação Previdenciária (ISP), que lista 2.107 regimes próprios de Previdência em todo o País, revela que o desequilíbrio é maior nas regiões Norte e Nordeste.

Na primeira avaliação, o indicador médio nacional ficou em 0,583 numa escala de zero a 1. A nota leva em consideração o grau de cumprimento das normas de organização e funcionamento, o equilíbrio futuro da previdência dos servidores e a transparência das contas. Zero significaria a falência total do regime e quanto mais próximo de 1 mais eficiente e com as contas em dia está o plano. O resultado ruim coloca em xeque a eficiência da gestão previdenciária no setor público do País.


Fonte: aqui
 

02 outubro 2017

Números

Desde que veio a público a delação premiada, os irmãos Joesley e Wesley Batista já se desfizeram de praticamente metade dos negócios para salvar seu império.

As empresas vendidas até agora foram avaliadas em R$ 24,4 bilhões, enquanto o valor de mercado das companhias que ainda pertencem à família está em cerca de R$ 26,4 bilhões.

Banqueiros ponderam, no entanto, que os investidores vêm subavaliando a JBS, carro-chefe do grupo, enquanto o comprador da fabricante de celulose Eldorado pode ter sido otimista demais -o negócio foi avaliado em R$ 15 bilhões.

Uma evidência disso é que as empresas já vendidas têm juntas receita líquida equivalente a 9% dos cerca de R$ 170 bilhões da JBS.

A JBS vale na Bolsa R$ 23 bilhões, mas os especialistas do setor acreditam que poderia ser muito maior se ela abrisse capital no exterior -projeto que travou após a prisão dos dois irmãos.


Fonte: Aqui 

É necessário levar em consideração que as operações de venda entregaram o controle das empresas, o que não é possível, na maioria dos casos brasileiros. Assim, ao vender a Eldorado, a JBS estava vendendo o controle da empresa. O valor de 15 bilhões parece elevado, mas não conhecemos os termos da venda. (E para fazer inferências sobre os negócios dos irmãos Batista é necessário conhecer bem os termos da venda e toda informação relevante)

Marcas mais valiosas

Fonte: Aqui

Sem palavras...


Emissão direta de títulos feriu a LRF segundo parecer do TCU

O quadro acima corresponde as emissões diretas de títulos do Tesouro nos bancos estatais federais. Segundo o Valor Econômico, um parecer técnico do TCU considerou que este tipo de operação é irregular, pois fere a Lei de Responsabilidade Fiscal. O maior beneficiário foi o BNDES, com mais de 462 bilhões de reais. O parecer seria sigiloso e foi encaminhado para o relator do processo no TCU, para emitir seu parecer.

Links

Uma nova maneira de fazer previsões econômicas?

Fasb propõe correções para os padrões de leasing e instrumentos financeiros

Capitalistas abutres com filhas são mais bem sucedidos

A existência de filhas (entre 13 a 18 anos) e o divórcio (pesquisa na Holanda)

Santander e Operação Zelotes

Relatórios da Operação Zelotes, obtidos pelo Estado, apontam que o Santander teria obtido R$ 83 milhões em créditos tributários por meio de um esquema de pagamento de propinas na Receita Federal. Conforme a investigação, o banco contratou um escritório de consultoria em 2013, que teria comprado decisões favoráveis do Fisco.

Continue lendo aqui

Direito de ser dono

Desde o advento dos smartphones, os consumidores vêm tendo de se conformar com o fato de que não controlam os softwares de seus dispositivos. Têm apenas licença para utilizá-los. Mas, com os controles digitais apertando o cerco com número cada vez maior de engenhocas e traquitanas, dos automóveis e termostatos aos brinquedos eróticos, determinar quem é dono de quê e quem controla o quê está se tornando problemático. Os consumidores precisam tomar consciência de que alguns de seus direitos de propriedade estão sob ameaça.

O texto foi traduzido do The Economist e publicado no Estado. Para a contabilidade, o assunto tem um grande interesse. Originalmente, o conceito de ativo estava atrelado a sua propriedade. Recentemente, o entendimento era que o relevante seria "captar" o fluxo de caixa. As recentes mudanças nas normas de leasing mostram que o assunto ainda não está pacificado. O que o texto mostra é que a existência de softwares por um lado permite ter um produto de maior qualidade e funcionalidade. Mas por outro, restringe seu uso.

Tais intromissões deveriam servir para lembrar às pessoas de que elas devem zelar por seus direitos de propriedade. Os consumidores precisam brigar por seu direito de manipular como bem entenderem as coisas de que se tornam proprietários, modificando-as se o desejarem.

Apoio para KPMG da África do Sul

Recentemente a KPMG da África do Sul esteve envolvida num escândalo político e contábil que levou a demissão dos principais executivos naquele país. O problema envolvida a qualidade da auditoria feita pela KPMG e algumas atitudes ilegais da filial. Em razão dos escândalos, algumas empresas começaram a trocar de auditor, o que levantava dúvidas sobre a continuidade da auditoria no país africano.

A reação da KPMG foi, além de demitir executivos, destinar recursos para organizações que combatem a corrupção. Agora, segundo a Reuters, a unidade local da KPMG recebeu um apoio inesperado do banco central: a KPMG seria "too big to fail". Pela regra local, nenhum banco pode deixar ou contratar um auditor sem a aprovação do banco central e foi isto que foi dito para as instituições financeiras.

A Reuters tentou investigar este assunto com o Reserve Bank, que não respondeu diretamente. Mas mandou um comunicado de duas semanas, onde afirmava que iria fazer reuniões para "manter a estabilidade do sistema financeiro". A saída da KPMG prejudicaria, por exemplo, o sistema de rodízio existente.

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O de hoje vai em homenagem ao Alexandre Alcântara:

Fonte: Aqui

01 outubro 2017

Fato da Semana: Deloitte e os hackers

Fato da Semana: Deloitte e os Hackers

Data: O fato ocorreu março de 2017 e só foi divulgado agora

Contextualização - A Deloitte, uma grande empresa de auditoria, teve seu sistema de e-mail atacado na conta do administrador. A empresa informa que somente alguns clientes tiveram prejuízo com o problema e evitou dar detalhes sobre o problema. O fato ocorre justamente quando a SEC reconheceu um ataque que pode ter sido usado como insider information. Anteriormente, uma grande empresa de cadastro de crédito teve que reconhecer um problema parecido.

Relevância - Dois pontos tornam o aspecto relevante: o ataque foi na conta do administrador, que pode ter afetado muitos e-mails da entidade (a Deloitte nega); e a entidade de auditoria não forneceu muitas informações sobre o caso.

Notícia boa - Não. Segunda semana seguida com um escândalo de uma Big Four.

Desdobramento - A capacidade sobrevivência de uma Big Four é enorme e mais um "problema" será suplantado.

Mas a semana só teve isto? Semana intensa de fatos: (1) resolução do CFC tratando de lavagem de dinheiro; (2) leilão do setor elétrico; (3) desdobramentos do ataque de hacker na SEC; (4) novas normas de contabilidade do Setor Público.

Custo do aquecimento global

Um relatório divulgado pelo National Geographic estimou que nos últimos dez anos a economia dos Estados Unidos teve um custo de 240 bilhões de dólares por ano em razão das mudanças climáticas devido a queima de combustíveis fósseis. Nesta estimativa não está incluso os três últimos furacões e 76 incêndios florestais.

Links

Parlamento espanhol quer ter acesso a relatório da Deloitte que avaliou a venda do Banco Popular

Restauração do Big Ben irá custar 61 milhões de libras, o dobro da estimativa original (Efeito Concorde)

Volks aumenta provisão para cobrir escândalo do diesel

Filme: Billie Jean King e a batalha do sexo no tênis profissional

Monty Hall (1921 - 2017) (aqui sobre o problema Monty Hall) (aqui em português)

Timidez



Para completar vale reler a resenha sobre o livro "O Poder dos Quietos".

(E para os inquietos: aumentem a velocidade dos vídeos lá em "detalhes", aquela engrenagem ao lado do ícone da legenda que aparece no canto direito do vídeo)

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Fonte: Aqui

30 setembro 2017

Remuneração dos executivos de empresas brasileiras

Valores médios numa amostra de 243 empresas.

Usando os dados de 30 empresas, disponibilizados no site G1, é possível tentar fazer uma breve análise entre a remuneração e o desempenho de cada empresa. Num primeiro momento, calculei esta relação usando todas as variáveis disponíveis: remuneração média, mínima e máxima, além de uma constante. Somente a maior remuneração apresentou significância. Assim, há uma relação entre a maior remuneração de cada empresa e o resultado líquido obtido no período. Usando a maior remuneração, o coeficiente angular foi de 87,915: o resultado da empresa corresponde ao maior salário multiplicado por 88.

Uma razão para o valor da remuneração média não ter sido significado é o fato de cada empresa ter um número diferente de diretorias, que pode ter afetado o resultado.

Reshma Saujani:Ensine às meninas coragem, não perfeição

Estamos criando as meninas para serem perfeitas, e os meninos para serem corajosos, diz Reshma Saujani, fundadora do "Girls Who Code". Saujani assumiu a tarefa de educar as jovens para assumir riscos e aprender a programar, duas habilidades de que elas precisam para fazer a sociedade avançar. Para inovar verdadeiramente, não podemos deixar para trás metade da nossa população, diz ela. "Eu preciso que cada um de vocês diga às jovens que conhecem para sentirem-se bem com a imperfeição".

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Fonte: Aqui

29 setembro 2017

Valor do clube de futebol

A empresa de consultoria BDO anunciou os resultados dos clubes mais valiosos do Brasil. O Flamengo é considerado o clube mais valioso, com um valor “da marca” de R$ 1.693,8 milhões ou US$ 529 milhões, seguindo pelo Corinthians (1.594), Palmeiras (1.124), São Paulo (995), Grêmio (707), Internacional (627) e Atlético Mineiro (503).

Segundo o Valor Econômico, para “estimar esse valor, a consultoria BDO considera quase 40 indicadores, como receitas, tamanho e perfil da torcida e características econômicas da cidade-sede, por exemplo”.

O valor deveria corresponde a possibilidade de geração de valor. Sabemos que os clubes brasileiros não são gerenciados com essa finalidade.

Usando os dados da Forbes, que também possui um cálculo de valor e divulga a receita de cada clube, fiz uma relação entre receita e valor. O resultado foi o seguinte:

Valor = 3,91158 Receita R2 = 0,923 Fc = 228,368

Para os dois clubes temos:

Valor Flamengo = 624 milhões de dólares
Valor Corinthians = 593 milhões

Um pouco acima do valor encontrado pela BDO (+17% e +19% do valor). Parece existir uma coerência entre os resultados da Forbes e da BDO, imaginando que a diferença encontrada pode ser resultado do mercado consumidor brasileiro, que é menor que o Europeu.

O valor de 3,912 seria o múltiplo ou 3,25, considerando um “desconto” do mercado brasileiro.

Como contar dinheiro

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Fonte: Aqui

28 setembro 2017

Geraldo Rufino: o catador de sonhos


Ele já quebrou seis vezes e saiu de todas elas mais sábio – e mais rico.

É comum que as pessoas se abalem com mais facilidade quando enfrentam os revezes da vida, e, ainda pior, quando enfrentam uma crise muitas vezes desistem sem sequer tentar virar o jogo. De onde vem tanto desânimo, tanta falta de fé?

Geraldo Rufino é o exemplo de que basta mudar o modo de pensar e todos os caminhos podem se abrir. Não sem trabalhar muito, é claro. Trabalhar muito com o espírito e a mente é a formula do sucesso que Rufino conseguiu desenvolver. O homem que começou a vida como catador de lixo reciclável nunca perdeu o sucesso de vista, e hoje é presidente da JR Diesel, cujo faturamento é superior a 60 milhões de reais por ano.






Resolução do CFC sobre lavagem de dinheiro e outros assuntos

O Conselho Federal de Contabilidade estava “calado” diante das denúncias de corrupção e da participação de profissionais contábeis nas falcatruas divulgadas pela imprensa (por exemplo aqui). A Resolução 1530/2017, divulgada hoje no Diário Oficial, trata dos “procedimentos a serem observados pelos profissionais e organizações contábeis para cumprimento das obrigações previstas na Lei n.º 9.613/1998 e alterações posteriores”.

O texto começa com um frase interessante: “Considerando a necessidade de regulamentar o disposto nos artigos 9º, 10 e 11 da Lei n.º 9.613/1998 e suas alterações”. Quase vinte anos depois. Logo a seguir, parece tirar o corpo fora: “Considerando que o profissional da contabilidade não participa da gestão e das operações e transações praticadas pelas pessoas jurídicas e físicas; Considerando que os serviços profissionais contábeis devem estar previstos em contratos de acordo com a Resolução CFC n.º 987/2003; Considerando a diversidade dos serviços de contabilidade, que devem observar os princípios e as normas profissionais e técnicas específicas; Considerando a amplitude de valores constantes nas demonstrações contábeis geradas pelas diversas entidades, em decorrência de seu porte e volume de transações” E aí começa 19 artigos, separados em sete (??) seções:

II (não tem a seção I) política de prevenção
III - do cadastro de clientes
IV - do registro das operações
V - da análise de riscos
VI - da guarda e conservação de registro e documentos
VII - das disposições finais

Destaco o seguinte:

“As operações e propostas de operações, nos termos do Art. 1º, que se enquadrarem nas situações listadas a seguir, devem ser analisadas com especial atenção:

I - operação que aparente não ser resultante das atividades usuais do cliente ou do seu ramo de negócio;
II - operação cuja origem ou fundamentação econômica ou legal não seja claramente aferível;
III - operação incompatível com o patrimônio, com a capacidade econômica financeira, com a atividade ou ramo de negócio do cliente;
IV - operação com cliente cujo beneficiário final não é possível identificar;
V - operação ou proposta envolvendo pessoa jurídica domiciliada em jurisdições consideradas pelo Grupo de Ação contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do Terrorismo (Gafi) de alto risco ou com deficiências de prevenção e combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo, ou países ou dependências consideradas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) de tributação favorecida e/ou regime fiscal privilegiado;
VI - operação ou proposta envolvendo pessoa jurídica cujos beneficiários finais, sócios, acionistas, procuradores ou representantes legais mantenham domicílio em jurisdições consideradas pelo Gafi de alto risco ou com deficiências estratégicas de prevenção e combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo, ou países ou dependências consideradas pela RFB de tributação favorecida e/ou regime fiscal privilegiado;
VII - operação, injustificadamente, complexa ou com custos mais elevados que visem dificultar o rastreamento dos recursos ou a identificação do real objetivo da operação;
VIII - operação que vise adulterar ou manipular características das operações financeiras ou a identificação do real objetivo da operação;
IX - operação aparentemente fictícia ou com indícios de superfaturamento ou subfaturamento;
X - operação com cláusulas que estabeleçam condições incompatíveis com as praticadas no mercado;
XI - qualquer tentativa de fracionamento de valores com o fim de evitar a comunicação em espécie a que se refere o Art. 6º; e
XII - quaisquer outras operações que, considerando as partes e demais envolvidos, os valores, modo de realização e meio de pagamento, ou a falta de fundamento econômico ou legal, possam configurar sérios indícios da ocorrência dos crimes previstos na Lei n.° 9.613/1998 ou com eles relacionar-se.

A norma também estabelece um prazo de cinco anos para guarda da documentação.

Eldorado

Dois fatos sobre a Eldorado, empresa de celulose da J e F. Demonstrações contábeis publicadas sem o parecer do auditor mostram um prejuízo no segundo trimestre de 2017 de 1 milhão. Parte do resultado deveu-se a variação cambial no trimestre.

Os valores divulgados podem ser alterados já que o auditor, a BDO, não deu seu parecer.  A empresa também não apresentou os dados do primeiro trimestre. O problema com o auditor diz respeito as apurações de corrupção envolvendo a empresa e o atual grupo controlador, dos irmãos Batista. Especificamente com a empresa de celulose, há problemas com respeito a fraudes com os fundos de pensão.

O segundo fato refere-se ao andamento do processo de venda da empresa para o grupo Paper Excellence. A empresa da Indonésia pagou 1 bilhão de reais por 13% da empresa, num dos primeiros estágios para controlar a fábrica de celulose. O valor da operação deve chegar a R$15 bilhões em um ano.

Leilão do Petróleo

O Brasil ofereceu às companhias petrolíferas do mundo a possibilidade de explorar os direitos de perfuração nas suas águas na quarta-feira, e considerou os resultados encorajadores.

O lance, a primeira das nove rodadas, foi considerado um teste de confiança dos investidores nas iniciativas pró-mercado do presidente Michel Temer. Mas também foi uma medida do interesse da indústria em explorar os campos de petróleo em águas profundas, entre os mais caros de explorar, em um momento de preços baixos.

Mais de 30 companhias de petróleo inicialmente manifestaram interesse na licitação para 287 blocos de exploração que detêm até 10 bilhões de barris de reservas comprovadas. Mas no final, apenas 20 empresas de oito países fizeram lances. Dezessete empresas ganharam 37 blocos, incluindo a Exxon Mobil , que ganhou oito blocos, principalmente em parceria com a Petrobras , a empresa nacional de petróleo. A China National Offshore Oil Corporation e Repsol da Espanha também fizeram ofertas vencedoras. O governo levantou cerca de US $ 1,2 bilhão em pagamentos iniciais para direitos de exploração.

(...) Mas o resultado estava longe do potencial que as empresas petrolíferas viram para o Brasil há uma década, quando grandes reservas offshore foram descobertas. O preço do petróleo naquela época havia subido acima de US $ 100 por barril, a turbulência política atingiu o norte da África e o Oriente Médio, e as empresas petrolíferas buscaram novas reservas em países politicamente estáveis.

O Brasil decidiu em 2010 designar a Petrobras como o único operador nos principais campos offshore. A exploração despencou quando as empresas internacionais procuraram em outros lugares produzir. Então veio um frenesi de perfuração em campos de xisto americanos (...) Para tornar o Brasil ainda menos atraente, o México, a Guiana e vários países africanos abriram seus ricos campos de águas profundas para empresas estrangeiras, levando à expectativa de uma nova produção em grande escala na próxima década. E a Petrobras, paralisada por uma série de escândalos de corrupção , está agora endividada.

O leilão segue uma série de reformas iniciadas no ano passado, deixando a Petrobras de ser única operadora e reduzindo os requisitos para o conteúdo brasileiro atribuído em máquinas e construção para exploração e produção.

"O Brasil agora enfrenta concorrência", disse Jorge R. Piñon, ex-presidente da Amoco Oil Latin America. "Essa é uma boa notícia para as companhias de petróleo, porque o Brasil não pode mais exigir ser o operador, e eles precisam ser conscientes de que as companhias de petróleo têm capital limitado com o preço atual do petróleo em cerca de US $ 50".

O leilão não ofereceu as áreas mais cobiçadas, que ainda aguardam leilão. (...)


Fonte: Aqui

Links

Como Hollywood criou o "inimigo" Rotten Tomatoes 

A história da Sears antecedeu o que a Amazon está fazendo hoje (foto)

Toshiba vende fábrica de chip, mas há discordância entre os compradores

Aronian vence a Copa do mundo de Xadrez

Roubando a pipoca do príncipe

Leilão no setor elétrico

O governo federal realizou ontem um leilão de quatro usinas hidroelétricas. Com um lance mínimo em torno de 11 bilhões de reais, os lances vencedores permitiram que o preço de venda fosse de R$12 bilhões, um valor 10% a mais do que o lance mínimo.

Sucesso? - No dia de ontem o presidente da República comentou em rede social o seguinte:

Nós resgatamos definitivamente a confiança do mundo no Brasil. Leilão das usinas da Cemig rendeu R$12,13 bi, acima da expectativa do mercado


Afirmar que o leilão rendeu acima da expectativa do mercado é questionável. Afinal a comparação é feita sobre o lance mínimo, que não possui nenhuma relação com o “mercado”. Somente para lembrar, o preço mínimo é determinado por empresas de consultoria que observam o fluxo de caixa descontado previsto e determinam o valor a partir deste ponto. Mais ainda, num processo de leilão, o comprador mais otimista leva. Assim, tanto o preço mínimo não é mercado, como o leilão tende a trazer com ele a maldição do vencedor ou vitória de Pirro.

Quando analisamos o contexto, talvez as palavras do presidente não sejam descabidas. O setor elétrico brasileiro passou por um terremoto em 2012 quando o ex-mandatário decidiu baixar as tarifas e promoveu uma mudança estrutural. A medida eleitoreira foi muito ruim para o setor (1). Cinco anos depois, talvez possamos dizer que o investidor está voltando e novos participantes estão aparecendo. Mais ainda, existia uma certa incerteza jurídica já que as usinas leiloadas eram da Cemig, que brigou pela “renovação” do contrato. A empresa estatal mineira talvez tenha sido a grande perdedora: apostou que o leilão não iria ocorrer, não participou dos lances, tentou obstruir o processo e perdeu boa parte do parque.

Múltiplo - O leilão apresentou um resultado médio de R$4,175 milhões por megawatt de capacidade instalada. A usina de Jaraguá teve um resultado de R$5,189 milhões por megawatt e foi a mais cara. A de Miranda foi vendida por R$3,431 milhões por megawatt e foi a mais barata em termos de capacidade instalada, mas que teve o maior ágio (2).

(1) Além disto, como já mostramos aqui no blog, as empresas estatais do setor são destruidoras de valor. Os recursos alocados nestas empresas elétricas possuem um custo de oportunidade elevado.
(2) Considerando a capacidade instalada da Eletrobras de quase 47 mil megawatt, isto poderia gerar quase 200 bilhões de reais pela empresa. Entretanto duas ressalvas importantes: provavelmente nem toda empresa será privatizada; o valor elevado reduz o número de candidato, o que pode abaixar o valor ofertado.

Rir é o melhor remédio

Quando você casualmente dá indicações de livros a estranhos...

27 setembro 2017

SEC e os hackers

O presidente da SEC, Jay Clayton, esteve no Senado dos Estados Unidos. Originalmente estava programado para falar sobre a reforma do mercado de capitais, mas o assunto foi outro. Clayton falou e foi questionado pelos senadores sobre a invasão de hackers no sistema de divulgação de informações da entidade que regula o mercado de capitais daquele país. Clayton, que foi nomeado pelo atual presidente dos Estados Unidos no início do ano, somente tomou conhecimento do fato em agosto, quando o assunto surgiu numa outra investigação. Segundo Clayton, quando soube do assunto, determinou uma investigação. A partir daí, ainda segundo o presidente da SEC, ficou claro que a invasão pode ter gerado lucro para os hackers. Clayton também declarou não saber se o ex-presidente da SEC, Mary Jo White, sabia do caso.

No final de semana, a SEC divulgou o problema de forma pouco detalhada. A investigação ainda prossegue na SEC para determinar a extensão da invasão e o quanto o problema foi explorado pelos hackers. Esta não seria a primeira vez que hackers invadem o sistema EDGAR: em 2015 foram publicadas informações falsas sobre uma possível aquisição da Avon. E no ano anterior, comprovou-se que alguns usuários tinham acesso a informações 30 segundos antes de estarem disponíveis.

O presidente da SEC também foi questionado sobre a recente invasão numa empresa de crédito dos Estados Unidos, a Equifax. Quando questionado sobre uma possível utilização de executivos de informação confidencial para vender suas ações, o regulador não quis comentar o assunto. O fato de ter acontecido uma invasão na SEC pode ser uma desculpa para as empresas que também sofreram com o mesmo problema, como é o caso da Equifax. E pode fazer com que a SEC seja mais complacente com os problemas de segurança que irão ocorrer nas empresas. Mais ainda, talvez seja necessário rever as normas de insider trading para estas situações.

Ah, Clayton aproveitou para pedir mais dinheiro para SEC.

Contabilidade da Federação Espanhola de Futebol foi maquiada

Um dos mais proeminentes dirigentes do futebol na Europa, Ángel María Villar, presidente da federação de futebol da Espanha, vive dias complicados. Preso junto com seu filho, Gorka Villar, desde julho por diversas irregularidades, entre elas pagamentos irregulares e desvio de dinheiro da Federação Espanhola (RFEF), a história ganhou mais um capítulo nefasto nesta semana. Em uma ligação gravada, Gorka admite que a contabilidade da federação foi maquiada para esconder prejuízos.

Segundo o jornal El País, as contas foram maquiadas para mostrar lucro de € 2 milhões, quando na verdade deveriam mostrar um saldo negativo de seis ou sete milhões de euros. O filho do dirigente ajuda a organizar um esquema de pagamentos para compra de apoio a Ángel Maria Villar, que tinha inclusive o cargo de um dos vice-presidentes da Uefa.

Villar foi suspenso por um ano do cargo de presidente da Federação Espanhola de Futebol, mas se recusa a abdicar do cargo, mesmo tendo passado alguns dias preso, antes de pagar fiança para responder ao processo em liberdade. As acusações que pesam sobre o dirigente são parecidas com o que se faz na CBF, no Brasil: distribuição de dinheiro para dirigentes regionais para garantir o apoio, que fez Ángel María Villar estar no cargo por 29 anos.

Além da compra do apoio, o filho do dirigente, Gorka Villar, também era responsável por articular contratos com fornecedores que, sem nenhuma surpresa, geravam dinheiro que não ia para a federação. Basicamente, pagamento de propina. A polícia espanhola está desmantelando a operação que é feita dentro da entidade que dirige o futebol espanhol.

Por lá, o presidente da federação de futebol acabou na cadeia por uma investigação interna – ainda que ele se recuse deixar o cargo. Aqui, temos Marco Pólo Del Nero, presidente da CBF, que não sai do Brasil com medo de ser preso pelo FBI. Como já mostramos por aqui, ele está citado nos documentos do Fifagate.


Fonte: Aqui

Resposta da Deloitte

"Em resposta a um incidente cibernético, a Deloitte implementou seu protocolo de segurança abrangente e iniciou uma análise intensiva e completa, incluindo a mobilização de uma equipe de especialistas em segurança e confidencialidade dentro e fora da Deloitte. Como parte da revisão, a Deloitte esteve em contato com os poucos clientes afetados e notificou autoridades governamentais e reguladores ".

Fonte: Aqui. Leia mais aqui e aqui. Imagem: da Deloitte Holandesa

Aprendendo um idioma

A tecnologia moderna tem feito incrivelmente fácil para as pessoas conectarem e comunicarem uma com as outras. (...) Esses avanços tornam mais próximos o tradutor universal de Star Trek, onde podemos entender o que outra pessoa (ou aliem) está dizendo (...). Nós podemos pensar que aprender uma língua como nós conhecemos pode se tornar obsoleto. No Reino Unido, por exemplo, o número de estudantes que estão fazendo uma língua moderna caiu. Pesquisadores acreditam que é por causa do aumento de ferramentas como o Google Translate.

No entanto, ao mesmo tempo que os adolescentes estão virando as costas para línguas europeias tradicionalmente apreciadas, como alemão, francês e espanhol, na Grã-Bretanha está ocorrendo uma forte onda de interesse pelos idiomas locais. Houve uma aceitação de crianças aprendendo línguas como gaélico irlandês e escocês nos últimos cinco anos (...)

No entanto, esses fenômenos aparentemente contraditórios estão realmente relacionados: são simplesmente reações diferentes à automação e à globalização (...) À medida que nos tornamos mais conscientes do mundo que nos rodeia, também queremos voltar para as raízes locais (...)

Uma pesquisa recente de 15 países mostrou que uma linguagem comum é o fator mais importante na definição da identidade de uma nação. (...) Esta noção atrai muitas culturas, particularmente aquelas que foram oprimidas por serem negadas o acesso à sua língua


Continue lendo aqui

Links

Uma discussão sobre o candidato ideal a um PhD na área de artes e humanidades

A presença dos humanos no mercado acionário 

Maior banco francês e o genocídio de 1994 em Ruanda

O efeito da liberalização do trabalho sexual: experimento acidental

Taylor Swift está inovando na venda de ingressos e os economistas estão observando: é um tipo de leilão

Microsoft está associando Excel com AI

Rir é o melhor remédio

Gostei desta citação, pois lembrou o dilema do pesquisador, ao fazer um referencial teórico de um trabalho.

26 setembro 2017

Novas normas de contabilidade do setor público

O CFC informa que foram aprovadas cinco normas de contabilidade aplicada ao setor público:

NBC TSP 06 – Propriedade para Investimento - Esta norma define conceitos que abrangem terrenos e edifícios mantidos pelas entidades do setor público como forma de investimento, seja para fins de locação ou arrendamento. No conteúdo, são detalhados aspectos relacionados à mensuração, ao reconhecimento desse tipo de ativo e como o imóvel deve ser contabilizado como propriedade para investimento no balanço patrimonial da entidade pública.

NBC TSP 07 – Ativo Imobilizado - Trata dos ativos imobilizados, que são bens tangíveis e utilizados pela entidade com algum propósito. Exemplos de ativos imobilizados: terrenos, estradas, maquinário, pontes, viadutos, obras de arte e de engenharia, entre outros. Esses ativos englobam itens ligados à infraestrutura e abrangem também equipamentos militares especializados e ativos de contratos de concessão. A norma abrange, além das definições de ativos imobilizados, os critérios de reconhecimento, as formas e os modelos de mensuração e o que deve ser divulgado nas demonstrações contábeis.

NBC TSP 08 – Ativo Intangível - A norma trata do reconhecimento, mensuração e evidenciação de itens como softwares, direitos autorais, patentes, marcas, sistemas de licenças, propriedade intelectual e até itens do patrimônio cultural intangível. O conteúdo fornece subsídios aos profissionais da contabilidade no que tange ao correto reconhecimento e evidenciação do patrimônio público, ainda que esse patrimônio não tenha substância física.

NBC TSP 09 – Redução ao Valor Recuperável de Ativo Não Gerador de Caixa - Esta NBC determina como contabilizar ativos que não geram ingressos, ou seja, que não têm por finalidade gerar remuneração por sua utilização. Estabelece os procedimentos que devem ser aplicados para determinar se ocorreu perda por redução ao valor recuperável de um ativo não gerador de caixa, determinar seu valor, os critérios para reconhecer tal perda e revertê-la nas demonstrações contábeis.

NBC TSP 10 – Redução ao Valor Recuperável de Ativo Gerador de Caixa - Os ativos geradores de caixa são aqueles mantidos pela entidade pública com a finalidade principal, mas não única, de gerar retorno comercial. A norma define como mensurar a perda dos benefícios econômicos dos ativos, também chamada de redução ao valor recuperável, por meio do reconhecimento dos valores que excederem aos registros sistemáticos da depreciação, amortização ou exaustão do bem.

Resenha: Design para quem não é designer

Este livro de Robin Williams, da editora Callis, é surpreendente pelo capricho da editora e pela qualidade do texto. Vamos começar comentando a qualidade gráfica do livro. Na sua quarta edição, a obra é colorida, com papel de boa qualidade e um design caprichado feito por Williams no InDesign da Abode. É um livro que o leitor tem que comprar a edição impressa. A tradução, de Bárbara Menezes, opta por colocar em português somente os textos relevantes, deixando alguns exemplos no seu original. No final, o preço do livro, em torno de R$50 reais, é muito barato.

Com respeito ao seu conteúdo, é uma obra ideal para quem deseja aprender um pouco sobre letras, formatação de texto, distribuição do texto numa página e até fazer um cartão de apresentação decente. A autora traz seus conceitos com uma grande quantidade de exemplos e situações: um cartaz de uma peça de teatro é usado para mostrar a distribuição do texto e como fazer com que uma peça de propaganda seja mais atrativa, chamando a atenção para os principais elementos. E ao longo do texto lança desafios para o leitor tentar aplicar os conceitos apresentados. A imagem apresentada aqui (fotografa a partir do livro impresso pelo autor da postagem) mostra uma aplicação de um mantra da autora: não seja covarde. Usando uma série de letras, Williams recomenda fugir do Times e do Arial, arriscando em novas formas. Indica que não se deve ter medo de usar uma letra tamanho 18 ou 8; tudo depende da finalidade.

Vale a pena? Se você deseja comunicar melhor, este livro é ponto de partida para tentar entender a razão de não escolher a Arial num texto longo ou o motivo para dar um espaço entre parágrafos. Mesmo que você não aplique e se torne um especialista na área, conhecer alguns segredos da área é realmente importante. Sim, vale a pena.

Constrangimentos

Na semana passada e nesta semana tivemos a divulgação de dois ataques de hackers. O primeiro foi contra o regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos, a SEC. O segundo teve como alvo a Deloitte.

SEC - O ataque contra os computadores da SEC ocorreu em 2016. O atual presidente da SEC só empossado em maio e ficou sabendo do ataque em agosto. Deverá explicar o que ocorreu com a entidade. Segundo a Reuters, o ataque ocorreu no sistema onde as empresas postam suas informações financeiras, o EDGAR. Parece que as empresas “testam” o EDGAR, antes de colocar as informações; muitas empresas fazem os testes com dados fictícios, mas algumas usam os dados que serão divulgados logo após. Tudo leva a crer que o hackers tiveram acesso a estes dados de “testes”. Também existe a desconfiança que os hackers agiram a partir da Ucrânia.

Deloitte - A empresa de auditoria descobriu o ataque em março deste ano, mas o ataque pode ter ocorrido no final do ano passado. A empresa afirmou que muitos poucos clientes foram afetados. O ataque ocorreu no e-mail da empresa, na conta de administrador, o que permitiria, em tese, acesso a todas as áreas da empresa. Nesta conta existia um senha somente e não ocorria verificação em duas etapas. A empresa não sabe a origem e a autoria do ataque, mas provavelmente ocorreu a partir dos Estados Unidos. O Going Concern não descarta uma vingança contra a empresa: no ano passado foi acusada de manter uma equipe de espionagem para saber o que os concorrentes estavam fazendo.

🔻Constrangimento - Os dois casos causaram constrangimentos. A SEC tem investido contra empresas que possuem falhas de segurança nos sistemas de informação. A Deloitte vende soluções contra os ataques de harckers. Você adotaria uma solução de segurança de uma empresa onde o administrador do sistema não possui um requisito básico de segurança, como é a verificação em duas etapas? E o presidente da SEC, que só foi informado do problema meses depois?

Rir é o melhor remédio

Aqui o original

25 setembro 2017

Links

A expansão das Big Four no mercado jurídico

WalMart e o Big Brother "ajudando" você (assustador a proposta da empresa de entrar na sua casa, ver o que tem na geladeira ...)

Robô jornalista já escreveu mais de 800 artigo para Washington Post

Carro elétrico pode mudar o setor de automóveis

Três razões para nossa dependência do smartphone

Como a Guatemala e as Nações Unidas estão combatendo a corrupção

Mais injusto do que nunca: negócio da música

Hackers invadiram a Deloitte

A empresa de auditoria Deloitte descobriu em março que teve seus sistemas hackeados, informou o The Guardian (via aqui). Segundo a informação, os hackers tiveram acesso a mais de cinco milhões de e-mails e documentos da empresa, em todos os setores que opera. Isto inclui bancos, multinacionais, governo, entre outras entidades, clientes da Deloitte.

A empresa de auditoria manteve a notícia em segredo, informando somente alguns clientes, sócios e advogados. A Deloitte ainda não sabe a origem do ataque. Mas contratou, em abril, uma empresa de advocacia para analisar um “possível incidente de segurança cibernética”.

Risco e Retorno

A relação entre risco e retorno talvez a regra mais importante da teoria de finanças. Assim, quanto maior o risco, maior o retorno esperado. Quando nós usamos os dados dos últimos anos do mercado brasileiro esta regra parece não funcionar. Considerando um investidor que no passado estivesse na dúvida onde aplicar seus recursos, se no mercado acionário ou num título público, a decisão parecia ser deste tipo: se escolhe o mercado de ações optaria pelo maior risco e retorno; escolhendo o título público seria mais conservador, com menor retorno, mas menor risco.

Usando os dados dos últimos anos, entretanto, isto não seria correto. Escolhendo o mercado acionário, o investidor, além de assumir maior risco, teria menor retorno. Usando os dados mensais da Selic e do retorno do mercado acionário, obtidos no site do Banco Central, podemos comprovar isto. De janeiro de 2012 até julho de 2017 a diferença ainda foi maior para a Selic: 0,92% versus 0,33%. A diferença será sempre a maior para o título público, usando os últimos dez anos ou desde 2001. A exceção: a partir de 2016 esta situação inverte: nos últimos 18 meses o mercado acionário teve um desempenho melhor que o título público.

ex-Auditor do Vaticano começa a explicar sua saída da Santa Sé

Em junho de 2017 o primeiro auditor-geral do Vaticano renunciou. Agora, Libero Milone disse que foi forçado a renunciar depois de descobrir possíveis atividades ilegais. Ele afirma não ser possível dar detalhes do que encontrou em razão de compromissos de confidencialidade. A Reuters informou que um representante da Santa Sé disse que as afirmações de Milone são falsas e que se ele não renunciasse, Milone seria processado. Segundo o arcebispo Giovanni Angelo Becciu, Milone estava espionando a vida privada dos superiores. Domenico Giani, da polícia do Vaticano, fala em evidências esmagadoras contra Milone.

Anteriormente Milone trabalhou na Deloitte da Itália, para Nações Unidas e Fiat. Segundo Milone afirmou seus problemas começaram em setembro de 2015 quando passou a suspeitar que seu computador tivesse sido invadido. Ele contratou uma empresa externa para fazer uma verificação e foi informador que seu computador tinha sido alvo de acesso não autorizado e que o computador da secretaria tinha um spyware.

Becciu, do Vaticano, afirma que a empresa contratada estava ajudando a espionar outras pessoas.

Rir é o melhor remédio


24 setembro 2017

Fotografia da Vida Selvagem



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Fato da Semana: KPMG na África do Sul

Fato da Semana: KPMG na África do Sul

Data: 2016 e 2017


Contextualização - As grandes empresas de auditoria geralmente possuem filiais em muitos países do mundo. Há uma certa independência nestas filiais, mas as técnicas usadas são aproximadamente as mesmas e a matriz exerce algum tipo de controle sobre o desempenho. Eventualmente alguns problemas que ocorrem nas filiais podem prejudicar o nome da empresa em termos mundiais. Nos últimos anos vimos isto ocorrer na Índia, Moldávia, Espanha e até mesmo no Brasil. Agora chegou o momento da África do Sul.

A KPMG, uma destas grandes empresas mundiais, era responsável pela auditoria das empresas da família Gupta. Recentemente descobriu-se que a atuação da filial da África do Sul não agiu de maneira muito adequada. A principal acusação foi obter e usar informação contra um alto funcionário do governo que não estava atuando conforme os interesse dos Gupta. Esta informação tinha sua origem na receita do governo do país africano.

Relevância - A empresa tomou algumas medidas para reduzir o impacto do escândalo: demitiu os executivos, optou por doar para entidades que combatem a corrupção o dinheiro que ganhou na auditoria dos Gupta e renovou sua fé nos princípios éticos. Isto parece que não foi suficiente: há uma ameaça de expulsão da empresa do país.

Notícia boa - Não. Mais um escândalo para a lista das Big Four. É bem verdade, como destacamos várias vezes neste blog, que o processo é injusto com a empresa de auditoria: geralmente é revelado o erro cometido pela empresa, mas não é notícia as situações onde o auditor foi responsável por evitar algum tipo de problema, que talvez seja a grande maioria dos casos.

Desdobramento
- Depende da situação política do atual presidente do país. Se houver uma caça às bruxas, a KPMG poderá ser punida de forma mais severa. De qualquer forma, alguns clientes da auditoria na África do Sul já anunciaram que estão trocando de auditor.

Mas a semana só teve isto?
Semana muito movimentada com dados sobre desemprego do setor contábil (a crise continua), a informação que a SEC foi hackeada e informações podem ter sido usadas para especular no mercado acionário, as divulgação das notas da pós-graduação no Brasil e os problemas da Toy R Us nos Estados Unidos e da Ricardo Eletro no Brasil.