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13 novembro 2008

Contabilidade não ortodoxa


Ao comentar a situação do clube de futebol Celta (da Espanha) em El celtismo reprueba a quienes llevaron el club a la ruina económica (La Voz de Galicia, 12/11/2008) o terceiro maior acionista do clube, Javier Alonso, acredita queos problemas do clube foram ocultados «mediante una contabilidad no ortodoxa».

No mesmo setor (o futebol) outra notícia interessante é sobre a União de Coimbra, através da Agência Lusa (Desporto: Ex-presidente do União de Coimbra e clube condenados por crime fiscal, 11/11/2008), cujo ex-presidente e o clube foram condenados

“cada um, ao pagamento de uma coima de 30 mil euros, por crimes de fraude e abuso de confiança fiscal, mas ponderam recorrer da sentença. (...) Recorde-se que no passado dia 27 de Outubro o ex-presidente havia confessado todos os factos da acusação, no que diz respeito à retenção de verbas relativas a impostos, nomeadamente o IRS de funcionários e atletas, o IVA, incluindo facturas falsas de empresas fictícias para injectar dinheiro na contabilidade, para suprir as dificuldades financeiras do clube.


Foto: Flickr

12 novembro 2008

Rir é o melhor remédio



Fonte: Aqui. Sobre Al Jaffee, aqui

Normas internacionais

CVM: Novas normas de contabilidade são aprovadas
Gazeta Mercantil News (Tempo Real) - 11/11/2008

SÃO PAULO, 11 de novembro de 2008 - O Colegiado da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aprovou hoje cinco normas que fazem parte do processo de adaptação da contabilidade brasileira aos padrões internacionais. A partir de 2010, os balanços das companhias brasileiras deverão se ajustar às normas estrangeiras. O novo diretor da autarquia, Eliseu Martins, que tomou posse hoje, informou que os documentos serão divulgados amanhã (12).

Ele disse que esse processo prevê a adoção de cerca de 40 documentos para que os balanços das empresas brasileiras possam se ajustar às normas internacionais de contabilidade. Falta ainda um conjunto de 18 normas, que serão analisadas ao longo de 2009.

Segundo Martins, o cronograma inicialmente previsto está sendo cumprido, e o Brasil deverá ficar entre os primeiros países a ter todos os balanços individuais (de uma empresa) de acordo com as normas internacionais. Quanto aos balanços consolidados (de várias empresas de um mesmo grupo econômico, com controle único), ele disse que a União Européia se adequou às normas internacionais em 2005.

Por determinação da Superintendência de Seguros Privados (Susep), CVM e Banco Central, todas as seguradoras, instituições financeiras e companhias abertas estarão com os balanços consolidados 100% de acordo com as normas internacionais. 'O esforço que estamos fazendo agora é para que, em 2010, os balanços individuais também estejam de acordo com as normas internacionais.'

Para Martins, que retorna à autarquia depois de 23 anos, o país que está mais próximo de atingir a meta de ajustamento dos balanços individuais às normas internacionais é a Inglaterra. Ele disse que a convergência às normas dará maior transparência aos demonstrativos financeiros das empresas brasileiras, aumentando a qualidade das informações.

Martins ressaltou que a Lei 11.638/07, que substituiu a Lei das Sociedades Anônimas, permitirá balanços mais transparentes. Ele ressaltou que a antiga Lei das S/A impedia que os balanços reproduzissem os instrumentos financeiros e, em particular, os derivativos, pelo seu valor de mercado. 'O grande salto de qualidade da informação, da transparência, vai ser dado no balanço de 31 de dezembro de 2008', que já será ajustado à nova lei.

A CVM, que é vinculada ao Ministério da Fazenda, aprovou também norma sobre os ativos intangíveis, referente à contabilização de marcas, patentes, direitos de franquia e direitos de exploração. Pela norma, só os intangíveis que são adquiridos de terceiros pela empresa serão apresentados nos balanços. Martins apontou outra mudança significativa na área: os gastos com pesquisa para desenvolvimento de produto, mercado e projetos serão obrigatoriamente considerados como despesa nos balanços. Já os gastos com o desenvolvimento de produtos poderão ser considerados ativos intangíveis só depois de atendidas algumas regras, que Martins classificou de 'muito duras'.

Outra norma aprovada diz respeito às subvenções governamentais. Martins explicou que, pela lei anterior, os benefícios apurados por uma empresa que tinha incentivo fiscal não eram computados como parte do lucro. Pelas normas internacionais, no entanto, todas as subvenções passam a fazer parte do resultado.

Novas normas da CVM


(...) "Estamos tão contentes com a chegada do Eliseu que vamos soltar logo cinco normas em conjunto com o CPC", afirmou, Maria Helena Santana, presidente da autarquia. Ela explicou que as cinco instruções que integram o pacote de mudanças que adequará as regras contábeis brasileiras ao padrão internacional, o IFRS, serão publicadas hoje. De acordo com o novo diretor, não foram feitas muitas mudanças nos textos que foram à audiência pública e os que serão formalmente editados. Os cinco pronunciamentos dizem respeito aos ativos intangíveis, às demonstrações do valor adicionado, às subvenções governamentais, às transações e prêmios para emissão de debêntures e ao arrendamento mercantil. Martins vai terminar o mandato de Durval Soledade, que deixa a diretoria por questões de saúde. "Há 20 anos, quando eu e Eliseu nos cruzamos pela primeira vez na CVM, a grande bandeira dele era a correção monetária nos balanços", lembrou Soledade, apontando que muita coisa evoluiu desde então. Agora, na agenda de regulação da autarquia estão o grande pacote das normas da convergência, que serão 18 ao todo em 2009, e ainda o debate sobre os derivativos e a transparência, que surgiu com a crise. Para Martins, será muito útil, nessa evidenciação de riscos das companhias, a regra que está em audiência pública sobre instrumentos financeiros e que prevê a obrigação de que as empresas informem o chamado quadro de análise de sensibilidade. Nesse quadro, a companhia deverá deixar clara a projeção de perda com cada operação em cada um dos cenários projetados (provável, possível e remoto). No balanço de 31 de dezembro de 2008 já deverá valer a regra, que foi adaptada a partir de uma opção que a regra internacional (IAS 39) oferece. "Veja como são as coisas, se não tivéssemos tido esses eventos recentes, é possível até que o mercado estivesse reclamando das exigências dessa regra", lembrou. O novo diretor da CVM avalia que, caso a publicação dos quadros já fosse obrigatória às empresas este ano, os riscos teriam ficado mais explícitos para os investidores e analistas. Ele afirmou, porém, que transparência não é a única questão, pois é preciso também que as companhias tenham boas regras de governança e gestão, além de mecanismos que garantam o cumprimento dessas normas. "É preciso ter uma governança bem elaborada e processos internos nas companhias que detalhem qual é a política e os limites para assumir riscos, além de um sistema de acompanhamento forte para que essa política seja cumprida", concluiu o diretor. (*Valor Online)

Sob nova direção, CVM edita hoje cinco regras
Valor Econômico - 12/11/2008

Ainda GM

Segundo GM shares plunge after analyst sees them hitting zero, as ações da GM cairam 30% na segunda depois da análise do Deutsche Bank.

Mas achei muito interessante a observação do excelente blog Footnoted. Este blog faz uma postagem por dia, analisando as entrelinhas dos textos das demonstrações financeiras das empresas com ações na bolsa dos EUA. Ou seja, é um blog único por analisar TEXTOS, não números. Em GM’s incredibly sobering 10-Q… o blog lembra que dentro das 337 páginas do 10Q da GM o termo “going concern” foi utilizado 15 vezes!.

E, apenas no caso se ainda há dúvidas sobre exatamente quanto a GM está com problemas (...) a empresa menciona as palavras "em continuidade" - um termo contábil que causa arrepios na maior parte dos investidores - nada menos do que 15 vezes no texto


Para mais notícia, veja este artigo da CFO sobre os termos “going concern” e “eventos subseqüentes” conforme proposta de minuta do Fasb.

AIG e Luxo

Os problemas críticos da AIG já foram comentados diversas vezes aqui nos últimos meses. Em Another AIG Resort "Junket": Top Execs Caught on Tape, Brian Ross e Joseph Rhee (10/11/2008) relatam alguns gastos de seus executivos num resort de luxo em Phoenix, na última semana. A ABC pegou executivos da AIG no Pointe Hilton Squaw Peak Resort fazendo um grande esforço em ajudar a empresa a sair da situação problemática. O programa incluía uma aparição de um jogador de futebol americano para autógrafos.

Segundo Peter Cohan (Your $150 billion pays for another AIG executive junket) os gastos podem ter sido de 343 mil dólares.

O encontro, que segundo Berr (AIG should fire CEO over junket mess) toda traço da empresa AIG foi removido, gerou uma grande avalanche de publicidade negativa para a empresa.

Mais sobre a AIG aqui

Aposentadoria em Educação

O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu ontem (29) o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3772, proposta contra o artigo 1º da Lei Federal 11.301/06, que estabeleceu aposentadoria especial para especialistas em educação que exerçam direção de unidade escolar, coordenação e assessoramento pedagógico. A decisão garantiu o benefício da aposentadoria especial às atividades em discussão, desde que exercidas por professores.
A questão foi trazida a julgamento com a apresentação do voto-vista do ministro Eros Grau, que acompanhou a divergência inaugurada pelo ministro Ricardo Lewandowski. Eles, somados aos ministros Marco Aurélio, Celso de Mello, Cezar Peluso e Menezes Direito formaram maioria e votaram no sentido de dar interpretação constitucional que não retirasse o benefício da aposentadoria especial de outras categorias de profissionais da educação.
'Interpreto esse texto de modo a afirmar que o tempo de serviço prestado pelo professor no exercício de função de direção de unidade escolar e de coordenação e assessoramento pedagógico não pode ser concebido como tempo de serviço fora da sala de aula', considerou o ministro Eros Grau em voto lido na sessão de ontem.
Sobre a matéria, o relator, ministro Carlos Ayres Britto, já tinha se pronunciado. Ele afirmou que, ao tratar do benefício, a Constituição (parágrafo 5º do artigo 40 e parágrafo 8º do artigo 201) utiliza a palavra professor e não o 'fraseado aberto' profissionais da educação.
Para ele, a Constituição Federal exige que o professor se dedique exclusivamente às funções de magistério para ter direito à aposentadoria especial. 'Não quero esvaziar as salas de aula, quero que os professores se realizem na sua verdadeira vocação', disse.
No entanto, Ayres Britto ficou vencido junto com os ministros Joaquim Barbosa e Cármen Lúcia Antunes Rocha, que votaram pela procedência total da ação. A ministra Ellen Gracie também foi voto vencido, porém ela entendeu ser totalmente improcedente o pedido da ADI
Assim, a maioria dos ministros votou pela procedência parcial da ação, a fim de conferir interpretação conforme a Constituição Federal, garantindo o benefício da aposentadoria especial, desde que os cargos de diretores, coordenadores e assessores pedagógicos sejam exercidos por professores.
Súmula 726
No exercício da Presidência do Supremo, o vice-presidente, ministro Cezar Peluso, observou que a decisão abriu uma ressalva à Sumula 726 da Corte, segundo a qual 'para efeito de aposentadoria especial de professores não se computa o tempo de serviço prestado fora da sala de aula, salvo o de diretor'.


Enviado por Marcos Cesar dos Santos (grato) Fonte: aqui

A Convergência é crucial agora

(…) E isso é o que ela [a contabilidade] realmente é: uma língua, definida por regras e convenções, utilizada para definir a fotografia financeira de uma empresa. O sucesso de uma estrutura contábil vem de uma aceitação generalizada de que constitui uma base razoável para avaliar o desempenho passado e as previsões futuras dos retornos. Isso exige também que a estrutura contábil contribua para a compreensão da variabilidade do retorno: risco, em outras palavras.

Como seria muito mais simples se todo mundo pudesse entender perfeitamente uns aos outros? A crise atual tem aumentado o foco no que tem funcionado bem e no que não tem. Isso reforça a necessidade de avançar em conjunto para tornar as coisas melhores, e estamos vendo um verdadeiro impulso para a consecução compartilhada linguagem universal da contabilidade. É por isso que a convergir para um conjunto de normas de contabilidade nunca foi mais importante e que a atual crise dos mercados financeiros está agindo como um catalisador para acelerar esse caminho.

To converge to a single set of standards is now crucial
Douglas Flint (HSBC)
Financial Times – 6/11/2008 - Asia Ed1 - 20

11 novembro 2008

Rir é o melhor remédio


A crise das montadoras

Rir é o melhor remédio


Sobre a AIG e o uso do dinheiro dos contribuintes.

Links

1. Jornais do mundo e Obama

2. Como o IFRS afeta seu sistema de informação

3. O Roadmap da SEC não apareceu na sexta. Quando virá?

4. AIG necessita de mais dinheiro

5. Britannica pergunta: O blog está morrendo?

AIG


Ainda a questão da AIG, que para o WSJ não é somente uma seguradora. A reação ao aumento da ajuda a empresa foi resumida pelo jornal.

A ilustração é do New York Times e diz muito sobre a questão.

Mais sobre a AIG pode ser encontrado aqui, aqui e aqui

Santander também

Depois que o executivo chefe do Santander afirmou que o banco não necessita de mais capital, o New York Times destaca (Santander’s U-Turn) o nervosismo dos investidores com o banco.

Montadoras

A saga da indústria automobilística dos EUA continua. O New York Times enfatiza que o Obama pediu a Bush que ajude já o setor (Obama Asks Bush to Provide Help for Automakers).

O Wall Street Journal (via Barry Ritholtz) fala de duas indústrias automobilísticas. A tradicional, representada pela GM, Ford e Chrysler, sindicalizada e com grandes obrigações com os pensionistas. A outra não é sindicalizada, possui poucos aposentados e uma grande variedade de vantagens. Uma ajuda do governo seria adiar o inevitável.

Mas a opinião mais forte teve origem no Deutsche Bank (aqui a notícia do WSJ) que afirmou publicamente o que muitos "blogueiros" já diziam: a empresa está muito mal. Para este banco, o preço da ação da GM é zero. Atualmente a ação está cotada a 3,26, o menor preço desde a segunda guerra mundial. A empresa teria poucas opções fora uma intervenção do governo. E o caixa existente não é suficiente para empresa operar até dezembro.

Eliseu Martins

Outra entrevista do prof. Eliseu Martins:

Derivativos impõem desafios à regulação global
Valor Econômico - 11/11/2008

Aplaudido de pé pela platéia quando sua nomeação foi anunciada publicamente pela presidente da CVM, Maria Helena Santana, num evento em São Paulo, Eliseu Martins é uma dessas raras unanimidades no mundo da contabilidade. É dele, por exemplo, a idéia do Livro de Apuração de Lucro Contábil (Laluc). Apelidado de balanço secreto, o documento criado pela Lei 11.638 visava garantir que a convergência não trará efeitos tributários - nem para mais, nem para menos - um dos maiores desafios desse processo no Brasil. A empresa faria primeiro esse balanço, apresentaria à Receita Federal, e depois o ajustaria para a nova legislação - versão para divulgação. Dilemas da Receita, porém, enterraram o Laluc. No lugar dele, a medida provisória que garantirá a neutralidade fiscal e que está prestes a sair colocou o Lalur no lugar, da década de 70. "O Laluc ficou como a Viúva Porcina [da novela Roque Santeiro]. Foi sem nunca ter sido", diverte-se ele.

A seguir a continuação da entrevista concedida ao Valor:

Valor: Ainda restam normas para sair neste ano?
Martins: Todas já foram para audiência pública. Do que tinha programado, só ficou de fora a regra do Laluc porque, em principio, ele deve desaparecer, com a medida provisória da Receita Federal [cujo objetivo é garantir a neutralidade fiscal da nova contabilidade]. Estamos esperando a medida provisória. A expectativa é que saia rapidamente. Mas a idéia que está contida na minuta da medida e com a qual todos estão de acordo é que o Laluc não será mais necessário.

Valor: Por quê?
Martins: Lá atrás foi criado o Lalur, que servia para ter uma contabilidade societária e outra fiscal. Mas na década de 70, a Receita restringiu o uso do Lalur e então veio a alternativa do Laluc no projeto da atualização da lei. Mas tanto na minuta quanto em entrevistas, eles deram a entender que vão dar ao Lalur o uso original. Então, estamos voltando a essa origem: você faz a contabilidade, escritura de acordo com regras contábeis e aí todas as divergências com regras tributárias são ajustadas no Lalur. O Laluc era a mesma coisa só que ao contrário. Mas o caminho do Lalur é o preferível porque é menos caro e menos trabalhoso. O Laluc perdeu seu objeto, virou aquele que foi sem nunca ter sido (risos). Mas ainda assim acabou cumprindo o seu papel.

Valor: A neutralidade fiscal também ficou garantida?
Martins: A própria Receita, numa medida simplesmente espetacular, conseguiu garantir isso já desde 2008, inclusive. Por isso é tão importante sair essa medida provisória neste ano.

Valor: E isso vai exigir ajustes nas regras que já foram divulgadas?
Martins: Está em audiência pública a minuta de adoção inicial da Lei 11.638 [CPC 13]. Seguramos o quanto foi possível, esperando que saísse a MP da receita para que já incluísse as questões. Como precisamos colocar em audiência pública, fizemos sem computar as regras da MP. Mas o CPC colocou no início da minuta que ela poderá sofrer modificações caso saia a nova legislação. Se isso ocorrer, não haverá tempo para ter mais 30 dias para audiência pública. Tem uma outra regra, que é a de combinação de negócios que está em audiência pública no pressuposto de que em casos de fusão e incorporação com alienação de controle os ativos da incorporada sejam avaliados a mercado. Como isso tem uma proposta de modificação na MP, também poderá ter uma modificação.

Valor: Mas isso modifica a questão do ágio?
Martins: Não, nisso não muda nada. Para efeito do cálculo do ágio, só pode ser pelo valor de mercado, como já era.

Valor: Com a crise, há uma discussão mundial sobre o valor justo. Como o sr. vê esse debate?
Martins: A grande discussão é sobre a aplicação desse conceito. Antes, ele era chamado de valor a mercado, então, obviamente só podia ser usado quando havia mercado. Como há certas situações em que não há mercado para um ativo, resolveu-se ampliar o conceito, aplicando certos modelos matemáticos e valores calculados estatisticamente. E ainda há a alternativa de usar o conceito de fluxo de caixa descontado. Além disso, há um outro caso, dos instrumentos financeiros que não são avaliados a valor justo quando a empresa tem intenção e prova que tem condições financeiras de manter o título até o vencimento. Nesse caso se contabiliza pela curva, porque não é para ser vendido. O problema estava na rigidez das classificações. O que o Iasb fez [em norma recente] foi permitir a reclassificação dos títulos. Não mudaram os conceitos.

Valor: Mas o valor de mercado está na berlinda...
Martins: Existe uma situação que não é técnica, mas política e ética, que é a seguinte: avaliar a mercado é dar uma transparência muito forte e muito rápida. Aí vem aquela questão, isso pode acabar determinando o processo de quebra da empresa? Marcou a mercado, tem volatilidade. O balanço balança mesmo. Alguns dizem que essa volatilidade não é boa, porque começa a levar temores para uma situação que pode ser temporária. Então, é mais interessante não marcar tanto a mercado e não mostrar essas oscilações mais bruscas ou deixar isso claro?

Valor: Qual é a resposta?
Martins: A Europa continental sempre foi mais conservadora e contra a volatilidade. A União Européia aceita quase todas as regras do Iasb, mas não adota integralmente o IAS 39, que são justamente essas normas. O discurso era que os aplicadores não estão acostumados com a volatilidade dos lucros dos bancos e seguradoras. Já os ingleses e americanos estão completamente acostumados a ver prejuízos. Na época da crise bancária japonesa, ela sempre foi sentida, falada, mas, se você olhasse os balanços dos bancos, absolutamente não existia. O que aconteceu agora de diferente foi que, dentro dos Estados Unidos, que estão acostumados com o uso do valor de mercado e com a volatilidade há anos, surgiram vozes dizendo que o problema da crise era a regra contábil.

Valor: Existe um meio-termo ?
Martins: Marcar a mercado corretamente e de repente não marcar a mercado porque não tem mais mercado é uma coisa. Outra coisa é ser meio absolutista, seguidor da forma, e considerar qualquer operação como mercado também. Isso também está errado. O presidente do Iasb mesmo disse: gente, as regras já estão aí, elas já permitem deixar de marcar se o mercado não existir mais. Mas há o medo, porque isso exige da empresa uma tomada de decisão.

Valor: Então já existia a prerrogativa, o que o Iasb fez foi tornar mais explicito?
Martins: O mercado pediu que autorizasse mudar de categoria do título de marcado a mercado para carregar até o vencimento.

Valor: Se o Brasil já tivesse o padrão global e a marcação a mercado, o risco dos derivativos teria ficado mais claro?
Martins: Não tenho dúvida disso. Mas a lei anterior impedia a adoção dessa contabilização. Isso foi uma das mudanças trazidas pela 11.638.

Valor: Então, daria para prever melhor os acontecimentos recentes com as empresas?
Martins: Não conheço os casos concretos. Mas, falando de maneira genérica, três meses é um tempo enorme. Uma empresa pode publicar o balanço de 30 de junho perfeitinho, todo ajustadinho. E, em agosto, essa mesma empresa pode estar com um problema enorme. Eu me lembro muito bem de quando eu aprendi análise de balanço que se dizia para acompanhar muito bem a empresa porque ela não quebrava do dia para a noite. Não é mais assim. A partir dos derivativos, desses contratos financeiros que permitem assumir riscos tão grandes, qualquer instituição, brasileira, inglesa, de qualquer nacionalidade, em questão de dias pode ter um problema enorme sem que qualquer regra contábil tenha podido detectar porque não deu tempo.

Valor: Qual é o desafio dos órgãos reguladores que tem como função proteger o investidor?
Martins: Acho que é nisso que cada órgão regulador do mundo está pensando seriamente. Ouvi de um advogado que o estatuto de uma empresa dizia que vender um imóvel de R$ 10 mil precisava de autorização do conselho, mas assumir contratos de derivativos muito maiores não precisava. Estamos, de repente, trabalhando com estatutos do século XIX. Estamos com um sistema de informação hoje que precisa ser repensado, porque era muito bom tempos atrás.

Valor: O conceito de auto-regulação está sendo rediscutido no mundo todo. Há riscos para o Iasb?
Martins: O Iasb mostrou-se muito ágil num momento crítico como esse. Mesmo sem fazer grande mudança na essência, fez coisas que acalmaram. Em toda aquela crise americana lá atrás [Enron e WorldCom, em 2001], foi criado aquele PCAOB [Public Company Accounting Oversight Board] como órgão de Estado para ditar normas e dizer coisas técnicas sobre como auditar. Agora o que foi mudado na auto-regulação contábil? Nada. Porque não é esse o problema. O problema está na aplicação das regras. Então acredito que o Iasb vai passar por essa crise com seu poder não tocado porque vem mostrando que sabe fazer bom uso do sua capacidade de auto-regulação.

Valor: Podemos dizer que os instrumentos financeiros e os derivativos estão oferecendo um enorme desafio para os reguladores e para a contabilidade do ponto de vista da aplicação das normas?
Martins: Sim. Mas talvez hoje um dos maiores problemas esteja na divulgação dos riscos dos instrumentos financeiros, principalmente os derivativos. As empresas têm programas internos de governança corporativa para limitar os riscos. O órgão regulador exige a transparência, ele não entra no mérito se a empresa está tendo boa governança ou não, mas sim se ela está tendo transparência.

Valor: A possibilidade de as empresas não apresentarem o comparativo completo do balanço de 2008, conforme a regra colocada em consulta pública na semana passa, não prejudica os usuários?
Martins: As empresas terão que fazer uma nota explicativa para dizer os efeitos de toda essas modificações. Então, qualquer usuário, pegando essa nota explicativa, vê o que mudou naquele balanço e tem a condição de comparar.

Valor: Mas fica muito mais difícil essa comparação...
Martins: É, mas acredito que muitas empresas vão fazer o comparativo, o que elas não estão é obrigadas. Mas há alguns problemas sérios de quase impossibilidade de fazer isso [balanço comparativo de 2007]. Por exemplo: como vai fazer o valor de mercado de instrumentos financeiros em dezembro de 2007 para fazer uma aplicação completamente comparativa?

Eliseu Martins


A chegada de Eliseu Martins à CVM foi comemorada pelo Valor Econômico com uma entrevista interessante sobre as normas internacionais.

O homem que contabiliza volta à CVM
Valor Econômico - 11/11/2008

Não foi fácil convencer o professor Eliseu Martins a sentar na cadeira que assume por um ano a partir de hoje na diretoria da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Ele chegou a negar o convite para o cargo, que já ocupou na década de 80, mas foi sensibilizado pelo momento. O processo de convergência contábil, com a migração para o padrão internacional (IFRS, na sigla em inglês), já seria motivo suficiente. Mas a aprovação da reforma pela Lei 11.638 no apagar das luzes de 2007 impôs desafios infinitamente maiores aos órgãos de regulação e auto-regulação. A surpresa de dezembro reduziu em um ano o tempo para desenvolvimento e aprovação de toda a normatização dos princípios da contabilidade internacional para o Brasil. Só neste ano, para permitir a aplicação da nova legislação no balanço anual de 2008, a CVM realizou 16 consultas públicas de regras totalmente novas e para 2009 devem ser mais 18.

A sensibilização de Eliseu contou com um empurrão adicional de ninguém menos que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que tinha uma alternativa ao nome do professor da USP. Mas Mantega deixou claro ao professor que a opção ao seu nome era de um profissional sem a mesma experiência na área contábil, carência maior da autarquia no atual momento. Martins, que além de professor já ocupou cargos no Banco Central e na própria CVM, então, cedeu, também incentivado pela família. Já com o nome anunciado, o contabilista tornou-se ainda mais imprescindível com o que até agora pareceu ser o ápice da crise financeira nos EUA, que colocou a contabilidade de instrumentos financeiros e o método de marcação a mercado dos ativos no centro das discussões. "Os derivativos estão impondo desafios aos órgãos reguladores no mundo todo", diz o novo diretor. Ele defende, porém, que a questão passa pelas regras de divulgação e não dos conceitos técnicos das normas contábeis. "Três meses é um tempo grande, hoje a empresa pode divulgar uma informação trimestral perfeita e no mês seguinte estar com problemas", pondera ele, que admite que talvez o sistema de informações das companhias abertas precise ser debatido globalmente.

Valor: O senhor chega à CVM num momento de revolução nas normas contábeis brasileiras.
Eliseu Martins: Estamos neste processo de convergência, com um plano ambicioso que é o de termos, em 2010, as regras contábeis das demonstrações financeiras no padrão global. O grande objetivo é conseguir que não só as demonstrações consolidadas, como está determinado pela CVM, mas também as individuais estejam nesse padrão. É uma corrida contra o tempo. Eu digo ambicioso porque nem mesmo a União Européia está com essa igualdade entre as demonstrações consolidadas e as individuais. Cada país está num estágio completamente diferente.

Valor: Ainda são muitas as regras a ser emitidas.
Martins: O volume de trabalho para conseguir emitir todas as normas já foi muito grande em 2008, mas vai ser maior ainda em 2009 para conseguir atingir isso e não termos duas contabilidades, com um resultado diferente no individual e no consolidado.

Valor: O IFRS tem sido adaptado localmente na aplicação em mais de 110 países. Como vai ser aqui?
Martins: As diferenças entre as as normas que saíram até agora no Brasil e as do Iasb [Comitê de Normas Internacionais de Contabilidade, que emite as regras do IFRS] são mínimas e a conseqüência disso é desprezível. Nosso objetivo é que as normas brasileiras possam ser atestadas como estando dentro do Iasb, o que não quer dizer que necessariamente todas tenham que ser idênticas. Há casos em que a regra internacional dá alternativas e, às vezes, acabamos não adotando as mesmas alternativas de lá. Mas as que adotamos estão contidas na norma internacional.

Valor: Já há casos assim?
Martins: O exemplo mais clássico é reavaliação de ativos. As normas internacionais dizem que os ativos imobilizados podem ser reavaliados. O Brasil admitia isso, mas a lei agora proibiu. Então, nossos balanços não vão ter mais reavaliações novas, mas ainda assim ficam dentro do IFRS. Mas, mesmo permitindo, menos de 2% das empresas européias estão usando a reavaliação. Nossa politica é adotar a norma do Iasb mesmo que a gente aqui discorde. Quando isso acontece, comunicamos nossa divergência e pedimos que eles [Iasb] estudem o tema. Tem uma norma que achamos absurda. Ela manda reclassificar dívida de longo prazo para curto, caso ocorra algum evento extraordinário [como desenquadramento de limites previstos no contrato da dívida, o que anteciparia seu vencimento]. Essa determinação vale mesmo que, entre a data de fechamento do balanço e sua divulgação, a empresa tenha feito acordo e a dívida voltado a ser de longo prazo. O que entendemos aqui é que o balanço deveria reclassificar de novo para longo, antes de ser divulgado. Mas o Iasb não: diz que tem que continuar como de curto prazo e explicar a situação em nota explicativa.

Valor: E como esse assunto, especificamente, será tratado aqui?
Martins: Vamos reeditar a regra para alinhá-la com o que diz o Iasb, mesmo que a gente não concorde. Nossa política é só fazer diferente somente quando existir opção.


Foto: Flickr

10 novembro 2008

Rir é o melhor remédio



Fonte: aqui

Ford também com problemas

A Ford apresentou um prejuízo operacional de 2,98 bilhões de dólares e usou 7,7 bilhões em caixa. Até então, a queima de caixa não era um problema da Ford (mas da GM), informou o blog Global Economic Analysis (Ford Has $2.98 Billion Operating Loss)

A Ford justificou este resultado do caixa como sendo em decorrência da promoção da nova pick-up F150 (Automaker Says U.S. Cash Is Best Hope, Bill Vlasic e Nick Bunkley, 8/11/2008)

Os problemas da Ford podem-se agravar se existir contágio da GM.

GM

Rakesh Saxena (Why General Motors Should Be Delisted) acredita que a ajuda a GM poderá criar uma empresa igual a Gazprom. A Gazprom é uma empresa privada, mas quase-governo pois depende do estado.

A contas da empresa, segundo a própria GM afirmou (vide em Why GM Says Bankruptcy Is an Impossibility, WSJ) inclui um saldo de caixa de 16,2 bilhões e necessidade mensal de 11 a 14 bilhões de dólares para pagar as contas. Ou seja, a GM precisa de dinheiro. Conforme um analista afirmou para o WSJ, “o resultado do terceiro trimestre tornou claro que, sem intervenção do governo, a GM irá a bancarrota”. Esta possibilidade é ruim para a empresa, pois pessoas não compram carros de empresas com problemas financeiros.

Heidi N Moore faz a análise da GM em outro sentido: o novo presidente irá ajudar a GM, a Chrysler e a Ford? (Will Obama Bail Out GM, Chrysler and Ford? ). Aparentemente sim, conforme revelou na primeira conferência a imprensa após sua eleição, quando chamou as montadoras de espinha dorsal da indústria dos EUA. Mas Obama espera que esta indústria produza carros mais eficientes em termos de gasto de combustível.

Rick Newman (General Motors: Beginning the Endgame?) lembra que a questão da bancarrota na GM é recorrente: todo ano o CEO Rick Wagoner insiste em afirmar que a empresa não irá declarar bancarrota e que esta não é a opção da GM. Newman considera que existe uma alternativa (e não é a fusão com a Chrysler): a ajuda do governo. O grande trunfo da empresa é o fato de ser uma das maiores empresas dos EUA, com 140 mil empregados.

Newman lembra que a GM é vítima de fatores fora do seu controle, como a crise financeira, que impede o financiamento dos compradores de automóveis.

David Gaffen (Live-Blogging the GM Earnings Call) lembra que a empresa queimou 6,9 bilhões em caixa no último trimestre. E faz uma análise da conferência aos acionistas quando da divulgação do recente prejuízo. O gráfico mostra a situação de liquidez da empresa (cada vez pior).



O blog Global Economic Analysis faz uma análise interessante entre os argumentos da GM e o seu significado. Uma constatação amarga é que a GM queimou 4,8 bilhões num trimestre e, neste ritmo, o seu caixa será suficiente para o final de 2009.

Para complicar a situação, o mesmo texto lembra que a GMAC possui 15 bilhões de Smart Notes e que num processo de falimentar possuem um valor de 40% do valor de face.

Já o CalculatedRisk enfatiza o comunicado a imprensa (Press Release) onde a GM fala em montante mínimo necessário para operar:

Even if GM implements the planned operating actions that are substantially within its control, GM's estimated liquidity during the remainder of 2008 will approach the minimum amount necessary to operate its business.


Ja Michael Rainey comenta que a ação da GM caiu 12% após a apresentação das demonstrações contábeis. “A GM tem que parar de dizer que a bancarrota não é um opção” (GM 3Q earnings: The cash keeps burning, Michael Rainey)

Já o New York Times (Automaker Says U.S. Cash Is Best Hope, Bill Vlasic e Nick Bunkley, 8/11/2008) o governo dos Estados Unidos está diante de uma escolha dificil. Se ajuda a GM, não existe garantia de que ela não irá de precisar de mais dinheiro mais tarde. O jornal lembra que as empresas de Detroit estão fazendo pressão para ajuda do governo.

O NYT lembrou o principal trunfo das montadoras: 3 milhões de empregos diretos, segundo o Center for Automotive Research.

Mais dinheiro na AIG

O New York Times revela (A.I.G. May Get More in Bailout, Andrew Ross Sorkin e Mary W Walsh, 9/11/2008) que o governo Bush está tendo problemas em recuperar a seguradora AIG. O volume de recursos do contribuinte já ultrapassa a $100 bilhões de dólares e a reestruturação pode necessitar de 150 bilhões.

Mas o Wall Street Journal (via Economist´s View) considera que o plano de ajuda do governo é mais punitivo que parece ser.

O plano do governo Bush era aplicar 700 bilhões para reduzir a crise.

Mais sobre a AIG: 1, 2, 3, 4

Cartão de Crédito

Cada plástico dá lucro de R$ 60 para os bancos
Valor Econômico - 10/11/2008

Um cartão de crédito dá lucro médio antes dos impostos de R$ 60 para os bancos após cinco anos de uso, revela o estudo "Rentabilidade em meios eletrônicos de pagamento", elaborado pela CardMonitor e obtido com exclusividade pelo Valor. Dentro dos cartões, o crédito é o mais lucrativo. Um cartão de loja, que só pode ser usado naquele estabelecimento, tem lucro médio antes dos impostos de R$ 7. Já um cartão "híbrido", emitido por uma loja, mas com bandeira da Visa ou MasterCard, dá ganho de R$ 20 para o emissor após cinco ano. Isso porque o gasto médio de um cartão de crédito convencional é de R$ 2,5 mil por ano, enquanto no de loja é de R$ 436. Os 60 meses para o banco conseguir esse retorno decorrem dos investimentos que a instituição faz para adquirir o cliente, que inclui desde propagandas, telemarqueting, acordos com lojas e malas diretas, conta José Roberto Neves, sócio da CardMonitor e um dos autores do levantamento. No início, o cartão dá prejuízo, por conta desses gastos.

No 27º mês, o plástico deixa de dar prejuízos e começa a gerar ganhos (o chamado "payback"). A partir daí, é só lucro. O estudo mostra também que a anuidade ainda é fonte importante de receita para os bancos. Responde por 19% do que a área de cartões arrecada. A maior fonte de recursos são as receitas financeiras, como os juros cobrados no crédito rotativo, por exemplo. Para ganhar consumidores, alguns bancos vêm oferecendo cartões sem anuidade. "A prática é excelente para ganhar mercado, mas compromete a rentabilidade", diz José Antonio Camargo de Carvalho, sócio da CardMonitor. O lucro médio de R$ 60 após cinco anos cairia para R$ 40 com isenção da primeira anuidade e para R$ 6 com isenção total. A razão é que a anuidade tem impacto direto no lucro, porque a ausência dessa taxa não reduz nenhum custo. Assim, toda queda na receita é transferida diretamente para o lucro. O estudo mostra ainda que quando uma loja decide colocar uma bandeira como Visa ou MasterCard em seu cartão, os gastos daquele plástico aumentam em média 70%. Dependendo do setor, o aumento chega a 120%.

Efeitos da LRF

Alterações na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) são defendidas geralmente por gestores em dificuldade para arranjar recursos destinados a investimentos e outras despesas. Voz dissonante entre os especialistas em finanças públicas, o ex-secretário de Finanças de São Paulo, Amir Khair, vê razões para o caminho inverso do sugerido pelo atual secretário da capital paulista,o economista Walter Aluísio Moraes Rodrigues. "Tenho defendido a redução do limite de endividamento de estados e municípios dos atuais 1,2 vezes a receita corrente líquida para a metade disso", afirma Khair.

A diminuição do limite, sob a ótica de Khair, traria para baixo os gastos com os serviços da dívida. "Os juros ou os serviços da dívida são recursos que saem dos cofres públicos sem que a população seja beneficiada por isso", argumenta o consultor.

O especialista reconhece que a LRF precisa ser alterada, mas não no que diz respeito à capacidade de endividamento. "Acho que a LRF precisa ser revista, como o artigo 42, que abre uma enorme brecha para os gestores deixarem heranças muito ruins para seus sucessores", defendeu Khair. Ele acredita ainda que a lei deve deixar "mais claras e maiores" as penalidades para os que desobedecem as regras. O artigo referido pelo consultor veda ao "titular do Poder" - especialmente prefeitos e governadores - nos dois últimos quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito".

Parte integrante das normas que regem especialmente a transição de contas públicas em ano eleitoral, o artigo, na opinião de Khair, abre uma brecha na LRF. "Diante da lei, os prefeitos e governadores exploram ao máximo a possibilidade de assinar contratos dentro do prazo estabelecido, sobrecarregando o caixa da prefeitura ou do governo de estado", avalia. Para o consultor, "quem entra quer fazer sucesso político, mas deixa a conta para o próximo pagar". "Para simplificar, a lei deveria obrigar o gestor a gerir com os seus próprios recursos", defende Khair.

Especialmente sobre o aumento do limite de endividamento, não são os municípios que apresentam problemas, mas sim os estados. "Com os acordos de refinanciamento das dívidas dos estados em 1997, sob a batuta do então ministro da Fazenda Pedro Malan, a situação dos estados piorou muito", critica o consultor. A piora veio com o tempo. Os estados e municípios refinanciaram suas dívidas assinando acordos de parcelamento corrigidos pelo IGP-DI. No caso do município de São Paulo, a situação piorou durante o governo de Paulo Maluf. "Sem recursos para investir, Maluf emitiu letras do tesouro municipal corrigidas pela Selic o que fez a dívida paulistana virar uma bola de neve", acrescentou o consultor.

Juros não dão retorno para população
Gazeta Mercantil - 10/11/2008
Caderno A - Pág. 9 - M.S.

09 novembro 2008

Rir é o melhor remédio


Fonte: aqui

Rir é o melhor remédio

Após a vitória de Obama, sua primeira missão:



Fonte: aqui

Inbev e Bud

A Anheuser-Busch foi adquirida pela Inbev pelo preço de $70 a ação. O gráfico a seguir mostra o comportamento da ação da AB nos últimos meses:



Apesar da crise, a ação continua bem cotada no mercado, mas ainda assim abaixo dos $70 que a Inbev irá pagar.

Já a cotação da Inbev no mercado internacional apresenta o seguinte comportamento:



Ou seja, os acionistas da empresa comprada claramente se beneficiaram do negócio.

07 novembro 2008

Rir é o melhor remédio


O Cartoon da semana da The Economist, sobre a eleição de Obama e o que lhe espera em 2009.

Links

1. Pesquisa com CFO sobre crise

2. Os acidentes mais caros da história (obviamente não foram corrigidos)

3. Risco e o fator humano

4. Planilha Excel e Valor Justo

5. Um vídeo engraçado: partida de xadrez entre Kasparov e Short, 1993 (via Susan Polgar Blog)

6. The Economist analisa a situação econômica do Brasil e a fusão do Itau e Unibanco

7. Investidor defende valor justo

IFRS nos EUA

Mesmo com a crise, existe a expectative de que a SEC informe p cronograma para as empresas dos EUA em termos da utilização do IFRS, informa a CFO (IFRS back on Track? Tim Reason, CFO.com 6/11/2008). Se isto ocorrer, tem-se um atraso de dois meses em relação ao que foi originalmente previsto.

Desde então, a crise financeira e a crítica ao valor justo fizeram com que o cenário se alterasse profundamente. Reason lembra também que o Chairman da SEC, um republicano, foi criticado por não previnir a crise financeira. (Apesar do cargo não ser político, ou seja, o Chairman pode continuar no governo após a mudança política)

Alguns críticos querem mais tempo para a convergência, alegando que a pressa é mais por uma razão política do que para beneficiar o mercado de capitais.
Mais sobre o assunto, aqui.

Comentário adicional: O Wall Street Journal anuncia que John White, diretor da divisão de corporation-finance está deixando a SEC (SEC Exodus May Soon Accelerate, Kara Scannell , 7 de novembro de 2008). E que Cox, o atual Chairman, tem planos de sair da SEC até o final da administração Bush.

Crise e contabilidade

Balanços mostrarão estragos da crise
Valor Econômico – 6/11/2008
Os resultados da Gafisa abrem a esperada safra de balanços do setor de construção civil. Investidores aguardam, ansiosos, para saber a exata dimensão dos efeitos da crise financeira sobre os números das companhias - que padecem da falta de liquidez e de crédito. O setor tinha dificuldades pontuais, mas depois de deflagrada a crise nenhuma empresa escapou. Os papéis derreteram desde meados de setembro. As empresas mais prejudicadas tiveram quedas de mais de 60%, como Abyara, Klabin Segall e Rodobens. A Agra caiu 83%, também influenciada pelo fim do acordo com a Cyrela. Mas as grandes também assistiram a um drástico recuo das ações. Cyrela caiu 38% desde 15 de setembro, Gafisa, 33%, PDG, 41% e MRV, 55%. As prévias divulgadas por sete das 21 empresas de capital aberto já sinalizam um recuo médio de 25% nas vendas em relação ao segundo trimestre. Até a Cyrela, maior do setor, registrou queda de 43% nas vendas, surpreendendo o mercado.
Até as empresas com foco na baixa renda - consideradas como as mais blindadas na crise pelas garantias de financiamento com recursos da poupança e do fundo de garantia - venderam menos entre julho e setembro. A primeira medida tomada pelas empresas - mesmo antes da crise - foi a redução da projeção de lançamentos. A euforia do ano passado e início deste deu lugar à cautela. Levantamento realizado pelo Valor mostra que, para 2008, o encolhimento das projeções de lançamento já está em 28% e, para 2009, o ajuste será ainda maior: de 34%. As oito empresas que ajustaram lançamentos previam R$ 16 bilhões em novos empreendimentos só neste ano. Agora, reduziram a meta para R$ 11,6 bilhões. Por enquanto, apenas empresas médias e pequenas corrigiram metas, mas analistas já prevêem algumas das grandes na mesma direção. Diante da drástica mudança de cenário e da importância do setor, principal empregador do país, o governo resolveu agir. Depois de desagradar as empresas dizendo que a medida provisória 443 valia também para o setor e que o governo poderia comprar participação nas empresas em dificuldade, anunciou um pacote mais "amistoso". Os bancos poderão cumprir parte da exigibilidade de financiamento ao setor com recursos da poupança por meio de operações de capital de giro para as construtoras, o que não era permitido. Mas o fato é que as construtoras não esperaram o governo para aumentar a liquidez ou para tentar melhorar o desempenho das ações: fizeram aumento de capital ou programa de recompra. A Even conseguiu que três novos sócios, além dos antigos, colocassem R$ 150 milhões na companhia por meio de um aumento de capital. Em outras empresas, os sócios capitalizados - muitos deles em função de ofertas secundárias na bolsa - injetaram dinheiro no caixa. Rossi e Agra fizeram aumento de capital de R$ 100 milhões cada. Outra saída foi a recompra de ações, opção usada por PDG, JHSF, Trisul e Eztec. A intenção é mostrar ao mercado que os papéis estão com desconto exagerado e que consideram o próprio negócio como o melhor investimento. (DD)

iPod Nano e a paridade da moeda

Assim como a The Economist utiliza o Big Mac para verificar a paridade da moeda, existe também o iPod Nano (8 giga) como parâmetro (aqui). O Brasil só perde para Argentina em valorização da moeda. Vide aqui também, apesar da justificativa focar os impostos (e não o câmbio).

Convergência

Segundo uma pesquisa da Moody´s (em Will a Single Accounting Standard Help?, Marie Leone, CFO, 6/11/2008), os efeitos das mudanças nas demonstrações financeiras quando uma empresa adota as normas internacionais é ilusório.

A Moody´s analisou 30 grandes empresas européias e encontrou que a mudança para IFRS gerou um aumento de lucro de 30 bilhões de dólares. Mas muito deste valor deveu-se a amortização do goodwill. Ainda segundo o texto da CFO, “o IFRS perde alguma de sua utilidade pois pode criar falsa volatilidade e complexidade em excesso”.

P.S. O relatório da Moody´s, de 23 páginas, está disponível para venda pela bagatela de 550 dólares. Para os interessados, clique aqui
Notícia do jornal Estado de S Paulo divulga um processo contra o Santos. Consultei o balanço do clube, que apresenta a seguinte nota explicativa:


Provisão para Contingências

Refere-se à provisão para fazer face às perdas estimadas em processos em curso. Os valores provisionados estão baseados em estimativas efetuadas por advogados do Clube que acompanhamas respectivas causas e que a Administração entende ser suficiente para cobrir eventuais perdas. Na esfera trabalhista, em 2007, diversas ações foram concluídas comêxito ou, ainda, pactuados acordos comex-atletas ou funcionários do Clube, o que permitiu substancial redução no valor da provisão para contingência respectiva. Em 2007, os valores referentes a Imposto de Renda na Fonte e outros tributos foram objeto de reparcelamento de saldo, através da adesão ao programa especial da Lei nº 11.345 de 14/09/2006 (Timemania), conformemencionado na nota explicativa nº 13.


O Parecer da auditoria não faz qualquer ressalva a esta provisão. O valor desta provisão é de 1,8 milhão no final de 2007. Ou seja, a contabilidade não fez o registro deste passivo. Além disto, a empresa de auditoria (Directa) não fez ressalva neste item.

Fraude cambial

Santos acaba condenado por fraude cambial
Sônia Filgueiras e Sanches Filho
O Estado de São Paulo – 6/11/2008

Clube terá de pagar multa equivalente a R$ 3,5 milhões por negociação irregular de Alessandro ao exterior

O Santos Futebol Clube foi condenado a pagar uma multa de US$ 1.665.000,00 (correspondentes a R$ 3,5 milhões, na cotação de ontem) por fraude cambial na venda, em junho de 1999, ao Porto, de Portugal, do jogador Alessandro Andrade de Oliveira, o “Alessandro Cambalhota”. A multa foi aplicada pelo Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, apelidado de “Conselhinho”, em sessão realizada no último dia 28.

O Conselhinho concluiu que a operação de venda do passe do jogador passou por cima da legislação cambial em vigor. De acordo com as informações do processo, a venda foi feita, mas os dólares não ingressaram no sistema financeiro brasileiro por meio de um banco, como exigiam as normas da época. Administrativamente, essa operação é chamada de “sonegação de cobertura cambial”.

Composto por representantes do governo e do mercado financeiro e de capitais, o Conselhinho julga, em última instância, processos administrativos iniciados pelo Banco Central (BC). Do ponto de vista administrativo, a punição aplicada ao Santos pelo conselho foi uma decisão final - não há mais possibilidade de recurso, a menos que surja um fato novo. Agora, o clube tem dois caminhos a seguir: pagar a multa ou tentar a anulação da penalidade por intermédio de uma ação na Justiça.
Foi a segunda condenação do Santos no conselho. Em um julgamento realizado em agosto de 2002, o órgão manteve multa equivalente a US$ 600 mil aplicada pelo BC em outra negociação realizada pelo clube paulista.

PROCESSO ARRASTADO

De 2006 para cá, atendendo a uma demanda dos exportadores, o governo deixou de considerar irregulares as transações cambiais que não trazem para o Brasil os dólares ganhos nas operações comerciais com o exterior - a chamada regra da “cobertura cambial”. No processo, o Santos informou que parte dos dólares recebidos pela venda do passe de Alessandro não chegou a ingressar no País porque foi utilizada para pagar outros negócios do clube realizados no exterior.

O problema é que a venda do jogador aconteceu sete anos antes da nova regra, a que permite deixar os dólares lá fora.

Portanto, em 1999, a operação não foi devidamente registrada nos controles do BC e os dólares não entraram nas reservas cambiais do País.

O Conselhinho divergiu do Banco Central, que, na primeira instância, havia arquivado o processo administrativo sem aplicar a multa. A transação ocorreu, mas o BC, entre outros aspectos, entendeu que a irregularidade não estava suficientemente caracterizada.

Na sessão de terça-feira da semana passada, porém, os integrantes do conselho concluíram que as evidências de fraude na venda de Alessandro Cambalhota eram robustas - e condenaram o clube.

Embora seja permitido, não havia advogado do Santos participando do julgamento. Procurado, o clube preferiu não se pronunciar a respeito porque, segundo sua assessoria, não foi notificado sobre a punição.

Além do Santos, Cambalhota passou pelo Vasco e por outros clubes da Segunda Divisão do futebol brasileiro.


O texto é complementado por estas informações:

Processos contra outros clubes
Sônia Filgueiras
O Estado de São Paulo – 6/11/2008

Na mesma sessão que multou o Santos em R$ 3,5 milhões, o “Conselhinho” manteve a multa de US$ 97,4 mil (R$ 206 mil) aplicada pelo Banco Central (BC) contra outro clube, o pequeno Grêmio Esportivo Glória, de Vacaria (RS). Considerou-se que, na negociação do passe de um dos atletas do Glória, houve “falta de comprovação de regular negociação de moeda estrangeira”.

A maior parte das penalidades aplicadas a clubes de futebol teve origem em uma operação de fiscalização do BC realizada em 2000, quando foram abertos 22 processos administrativos contra diferentes agremiações esportivas. O objetivo era checar a legalidade de negócios realizados com clubes estrangeiros, especialmente venda de jogadores.

A soma das multas aplicadas de 2001 para cá chegava a US$ 31,9 milhões contra 17 clubes. Com as duas multas aplicadas na última semana, a conta sobe para US$ 33,7 (aproximadamente R$ 71,6 milhões).

Derivativos na Aracruz

Aracruz marca reunião para processar ex-diretor
Valor Econômico - 7/11/2008

O conselho de administração da Aracruz Celulose marcou assembléia geral extraordinária para o próximo dia 24 para decidir sobre a abertura de um processo de responsabilidade civil contra seu ex-diretor financeiro Isac Roffé Zagury. A assembléia ocorrerá na sede da empresa, no município de Aracruz (ES). A fabricante de celulose, que teve perdas bilionárias em operações com derivativos, invocou o artigo 159 da Lei das S.A. que define as regras de responsabilização do administrador em prejuízos causados ao patrimônio. Diretor desde 2003, Zagury se licenciou no dia 25 de setembro quando as perdas vieram à tona. A Aracruz teve prejuízos de US$ 2,1 bilhões. Os membros do conselho, formado em sua maior parte por representantes dos controladores, adotaram a estratégia de atribuir toda a responsabilidade ao ex-diretor financeiro. A convocação é assinada pelo presidente do conselho de administração, Carlos Alberto Vieira, do grupo Safra.

Os conselheiros não pretendem alegar desconhecimento das operações com derivativos (do tipo "target forward"). Devem dizer que sabiam da sua existência mas que foi Zagury que tomou a decisão de ampliar a exposição da companhia a um nível irracional, apurou o Valor. Na versão dos conselheiros, Zagury teria acobertado o tamanho da exposição. (...)

06 novembro 2008

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

Questão de Estilo em Ciência

Acompanho o endereço sobre produtividade na academia com muito interesse. Na postagem denominada “Writing style” vs. “content”: Watson & Crick’s example uma discussão interessante sobre estilo e conteúdo.

O texto compara dois artigos científicos: o trabalho de Watson e Crick (WC), sobre o DNA e o trabalho de Avery et al (AV, também na área de química. O primeiro é largamento conhecido ainda hoje. Qual a razão? Estilo e retórica, responde o blog. WC são concisos (900 palavras é o tamanho do artigo), enquanto AV é verborrágico (7500 palavras). WC usam a primeira pessoa, AV usam “os autores”. WC informam a importância do trabalho no primeiro parágrafo, enquanto AV não informa a sua relevância.

Num trecho, um aspecto importante:

“escrita pobre é quase sempre a razão freqüente para rejeitar um manuscrito”.

IFRS no Brasil 2

Novo modelo trará testes à governança das companhias
Gazeta Mercantil - 6/11/2008

São Paulo, 6 de Novembro de 2008 - Os sistemas de governança corporativa das empresas brasileiras, cujas falhas foram evidenciadas nos recentes episódios de perdas com derivativos, terão um teste permanente até 2010. Durante o período, as companhias do País enfrentarão o desafio da convergência contábil. A necessidade deve, segundo especialistas, reforçar os papéis e responsabilidades de administradores e conselheiros. Isso deve ocorrer devido ao maior nível de subjetividade a que os balanços estarão submetidos sendo preparados pelo modelo International Financial Reporting Standards (IFRS). (...)

Com o uso do IFRS, desaparecem tetos, pisos e regras prontas para elaborar balanços. Ambos darão lugar à tentativa de fazer as melhores escolhas contábeis para situações específicas da vida das empresas. Será puro julgamento. Isso significa que conselhos fiscais e de administração terão de estar prontos para interpretar cenários. "Um bom sistema de governança corporativa tem de contar com diversidade. As empresas precisarão manter em seus quadros especialistas nas temáticas contábeis para que as coisas aconteçam da melhor maneira", diz Heloisa Bedicks, diretora executiva do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).

O grande desafio, porém, será encontrar profissionais que dêem conta da tarefa. A mão-de-obra é escassa. Afinal, até mesmo as principais empresas de auditoria com atuação no Brasil têm enfrentado o problema. "O que tem acontecido é que os Conselhos fiscal e de administração das companhias têm se apoiado bastante nos serviços de auditoria. Os profissionais que entendem de convergência e normas internacionais em profundidade são considerados moscas brancas pelo mercado", brinca André Coutinho, sócio da KPMG.

O IFRS trouxe outra novidade considerável às atividades de contadores e auditores. "Esses profissionais no Brasil são apaixonados pelo conservadorismo, o que entra em confronto direto com o princípio de neutralidade contido no espírito das normas internacionais", diz Nelson Carvalho.

Mudanças no direito

O processo de convergência contábil para as empresas brasileiras, que foi reforçado pela aprovação da lei 11.638, no fim do ano passado, também trouxe novidades para advogados especializados em mercado de capitais. A maior delas é harmonizar as distinções entre os sistemas de direito no Brasil e na Europa, de onde originaram-se as normas IFRS. "Temos no País a tradição de um direito formal e escrito, baseado em regras. Esse é o maior choque com a incorporação do novo modelo, que se orienta mais por práticas, necessidades e costumes", compara Ana Claudia Utumi, especialista em direito tributário do escritório TozziniFreire .

Paulo Aragão, um dos sócios do Barbosa Müssnich & Aragão, cita outras dificuldades que surgirão para os advogados que estarão próximos ao processo de convergência contábil. "Os mundos do direito e da contabilidade passarão por um inevitável confronto", afirma. "Não há nada mais difícil para um advogado brasileiro do que ter de lidar com comportamentos e condutas. Vai ser difícil aprender a pensar a expressão do fenômeno econômico. Só assim será possível entender por que e como se faz contabilidade", afirma Aragão.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 4)(Luciano Feltrin)

Novas medidas do CPC

Quatro regras em discussão no mercado
Gazeta Mercantil - 6/11/2008

6 de Novembro de 2008 - O processo que possibilitará à contabilidade das companhias brasileiras o alinhamento às melhores práticas internacionais continua sendo colocado em prática. Ontem, por exemplo, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Comitê de Pronunciamentos Contábeis colocaram em período de audiência pública quatro minutas que tratam de diferentes temas em regulação.

O primeiro deles refere-se ao pronunciamento sobre pagamento baseado em ações. Seu objetivo é fixar diretrizes que permitam às empresas entender que efeitos terão em seus balanços as transações realizadas com funcionários em negócios envolvendo pagamentos em opções de papéis. Pelo documento, colocado à disposição para sugestões do mercado pelo período de 30 dias, determina a contabilização pelo valor justo das ações nesses acordos.

Os dois órgãos também colocaram em audiência pública a minuta da instrução que aborda o ajuste a valor presente das diversas classes de ativos e passivos das empresas.

Um terceiro tema abordado em instrução é a combinação de negócios. Na prática, o documento tem como intenção regular quais procedimentos contábeis terão de adotar companhias que estiverem envolvidas em processos de fusão, aquisição ou mudança de controle acionário.

O último dos pontos disponibilizados ontem pelo órgão regulador do mercado de capitais e o CPC - o pronunciamento 13 - tem relação direta com a próprio conjunto de normas contábeis implementadas ao final de 2007 pela lei n 11.638. E deve permitir a migração completa ao IFRS.

Sem comparação

Balanço de 2008 poderá ficar sem comparação
Valor Econômico - 6/11/2008

O balanço anual de 2008 das companhias abertas, que estreará a aplicação da nova lei contábil, pode ficar ainda mais difícil de ler. O resultado acumulado do exercício trará a adoção completa das normas emitidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que completam as diretrizes de convergência ao padrão internacional IFRS inseridas pela Lei 11.638. Além de enfrentar a nova linguagem, os leitores dos balanços poderão ficar sem o balanço de 2007 comparativo para interpretar a tendência de desempenho do negócio. A CVM, por conta da "urgência de normatização" e do "momento especial" do processo de convergência no país, colocou em audiência pública uma norma que faculta às companhias apresentarem apenas ajustes no lucro e no patrimônio de 2007 para efeito comparativo. Dessa forma, as empresas não seriam obrigadas a refazer as demonstrações financeiras completas do ano passado, de acordo com a nova legislação e normas.

As contribuições e comentários para essa sugestão poderão ser enviadas até 4 de dezembro. "Pedimos atenção especial do mercado para essa questão e esperamos muita contribuição para tomarmos essa decisão", afirmou Paulo Roberto Gonçalves Ferreira, analista da superintendência de normas contábeis da autarquia. O processo brasileiro de adoção do IFRS começou atrapalhado. Após sete anos no legislativo, a reforma da lei contábil foi aprovada em 28 de dezembro e publicada em edição especial do Diário Oficial de 31 de dezembro de 2007, para vigência a partir deste ano. Com isso, pegou a todos de surpresa, inclusive a CVM e o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), que tiveram prazo muito mais curto para normatizar a versão nacional do IFRS.

Questionado se a flexibilização oferecida às companhias não deixará a conta do atropelo desse processo para o investidor, Gonçalves Ferreira enfatizou a importância da consulta pública. "Tecnicamente fica mais adequado apresentar o comparativo completo. Mas entendemos quão custoso e trabalhoso é processo de reprocessar as informações de 2007." A consulta pública iniciada pela CVM da qual consta essa flexibilização diz respeito à norma do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) 13. O documento trata de todo o procedimento que deve ser seguido pelas empresas para adoção inicial do balanço de acordo com a Lei 11.638. Junto com o CPC 13, foram levados à consulta pública mais outros três pronunciamentos - 10, 12 e 15. Com eles, a CVM e o CPC encerram o cronograma de normatização previsto para este ano. A autarquia ainda precisa emitir a versão final de seis regras cujas minutas já estiverem em audiência. Além dessas já encerradas, há outras seis consultas em curso. Portanto, até o fim de dezembro, o regulador têm 12 pronunciamentos contábeis para aprovar - e as companhias para aplicar. No total, com os outros quatro pronunciamentos já emitidos ao longo do ano, a CVM e o CPC terão colocado no mercado 16 novas regras referentes ao processo de convergência para o IFRS. Para o biênio 2009/2010, de acordo com Gonçalves Ferreira há mais 18 normas a serem emitidas pelos reguladores. Mas a finalização do cronograma de regras não acaba com a agonia das companhias, que precisam das normas para se prepararem para a nova realidade contábil.

O que mais tem deixado os empresários ansiosos continua pendente: a medida provisória da Receita Federal que garantirá que a aplicação das novas normas não afetará a base de tributação (nem para cima e nem para baixo) - a tão propagada neutralidade fiscal da lei. As outras normas colocadas em audiência pela CVM dizem respeito à contabilização dos planos de opções de ações para executivos (CPC10), à aplicação do conceito de ajuste a valor presente (CPC 12) e ainda à combinação de negócios (CPC 15). Todas seguem as diretrizes das normas do Comitê Internacional de Normas Contábeis (Iasb), que elabora as diretrizes do IFRS. Quanto à norma sobre a combinação de negócios, o alinhamento do Brasil ao padrão internacional ocorrerá em duas etapas. A primeira fase, tratada na norma levada à consulta, determina como deve ser o registro contábil de fusões, aquisições e do ágio gerado nesses negócios, entre outros pontos.

Preço de Venda


Pão de Açúcar e Sendas divergem sobre preço de venda
Valor Econômico - 6/11/2008

Antes mesmo do desmoronamento das bolsas, que tornou muito mais incerta a avaliação dos ativos nos processos de aquisição, o grupo Pão de Açúcar e a família Sendas já possuíam fortes divergências sobre quanto vale a Sendas Distribuidora, joint venture que fundiu as duas redes de supermercados no Rio de Janeiro. Depois do dia 15 de setembro - a "segunda-feira negra" - as discordâncias entre as duas partes só tendem a se acentuar e não são pequenas as chances de que a disputa vá parar, pela segunda vez, em um tribunal de arbitragem. Arthur Sendas vendeu metade do capital de sua rede de supermercados, a maior do Rio de Janeiro, para o Pão de Açúcar em 2004, quando a sua empresa enfrentava dificuldades financeiras. Há cerca de dois anos, o empresário decidiu exercer o direito de vender sua participação na Sendas Distribuidora para a sócia paulista. Mas as negociações entre eles têm sido duras.

Após o grupo francês Casino ter elevado para 50% sua participação no Pão de Açúcar, em 2005, Sendas recorreu ao tribunal arbitral por entender que Abilio Diniz havia se desfeito do controle da empresa, o que lhe garantia, por contrato, condições especiais nas negociações envolvendo a venda de sua participação na Sendas Distribuidora. Mas o empresário carioca perdeu a disputa. O Pão de Açúcar entende que o valor de mercado da Sendas Distribuidora é de R$ 480 milhões, o que equivale a 40% das vendas brutas da rede carioca em 2006, de R$ 1,28 bilhão, menos as dívidas da companhia, que somavam R$ 800 milhões.

A família Sendas pensa bem diferente, segundo apurou o Valor. Em 2007, Arthur Sendas acreditava que sua companhia valia R$ 1,28 bilhão. Daniela Bretthauer, analista do Goldman Sachs, afirma que há uma divergência entre as companhias sobre o termo "valor da empresa", que possui um significado mais amplo do que o termo inglês "enterprise value" (valor de mercado mais dívidas). "Estamos discutindo neste momento o preço e a forma de saída [da família Sendas] da empresa", afirmou ontem Enéas pestana, vice-presidente financeiro do Grupo Pão de Açúcar, em conferência com analistas de investimentos.

Além das divergências de preço, a morte de Arthur Sendas, que foi assassinado no mês passado por um ex-motorista, complicou ainda mais o processo de aquisição da rede carioca ao tornar mais complexos os trâmites burocráticos. Enéas admite que o falecimento de Sendas deve provocar um "atraso" no processo. O executivo também não descartou a possibilidade de que a discussão volte para a câmara de arbitragem. "Mas esperamos que as negociações possam ser retomadas em breve e vamos fazer o possível para chegarmos a um acordo amigável", disse Pestana, que espera não precisar recorrer aos árbitros instituídos pelas duas partes quando o acordo foi firmado. Os resultados da Sendas agora são animadores. No terceiro trimestre deste ano, a rede cariocas representou 16% das vendas totais do Pão de Açúcar e gerou uma receita bruta de R$ 801,5 milhões. Nos últimos quatro anos, a operação carioca vinha apresentando fracos desempenhos operacionais.

Esse fato, afirmam fontes do setor, teriam contribuído para azedar as relações de Sendas com o Pão de Açúcar, que passou a ser o gestor dos negócios em 2004. Mas, segundo os executivos do Pão de Açúcar, o relacionamento entre as duas empresas sempre transcorreu sem problemas. No terceiro trimestre deste ano, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização da Sendas cresceu 141,5% em relação a igual período de 2007, totalizando R$ 55,8 milhões. A cifra atingiu 8% das vendas líquidas. A margem é equivalente à obtida pelo próprio Pão de Açúcar e é bem superior à registrado em igual trimestre de 2007, quando foi de apenas 3,5%. Com o desempenho do último trimestre, a varejista cumpre uma promessa feita ao mercado quando associou-se ao Sendas, há quatro anos. Naquela época, a sócia paulista acreditava que poderia elevar a rentabilidade da rede carioca em um ano. Não foi o que aconteceu. Pelo contrário, a empresa encontrou um grau de competição no Rio mais alto do que esperava e houve trimestres em que a margem lajida da Sendas chegou a ser de 0,9%. A virada na Sendas é atribuída ao trabalho feita na empresa em 2007 por Claudio Galeazzi, consultor que viria a assumir neste ano todo o comando do Pão de Açúcar. Além de promover uma forte redução nos custos, Galeazzi trancou os cofres da varejista para reforçar a sua estrutura de capital. A empresa, que começou o ano com R$ 700 milhões em caixa, hoje possui R$ 1,4 bilhão, montante superior ao valor de todas as suas dívidas. Segundo Enéas, a companhia "está preparada" para enfrentar cenários econômicos mais adversos.


Fonte da Foto: Ficker

Crise cambial

O FMI e a crise cambial que veio do leste
Valor Econômico - 6/11/2008 - Mariam Dayoub

(...) Nas últimas semanas, os mercados de moedas mostraram movimentos bruscos há tempos não vistos. As moedas emergentes sofreram forte depreciação, enquanto o dólar americano, o iene e o franco suíço se apreciaram. Do nosso ponto de vista, isso reflete a desalavancagem global, o desmonte das apostas baseadas na expectativa de que o crescimento mundial continuaria robusto mesmo com a recessão americana, grande parte financiadas via carry trade, e a liquidação de contratos de derivativos cambiais. Indo além, o fortalecimento do dólar americano desde meados de julho indica a reversão nas tendências de investimento que prevaleceram no período de crédito abundante e barato, crescimento mundial robusto e baixa volatilidade nos mercados. A forte depreciação das moedas locais indica que os países emergentes enfrentarão crises cambiais. Desta vez, não é uma crise cambial na América Latina ou na Ásia, mas uma crise cambial com dimensões globais. O epicentro está nos países do leste europeu, cujo sistema financeiro estava à beira do "derretimento". Como trabalham com bandas cambiais atreladas ao euro, a forte saída de capital estrangeiro aponta para inconsistências entre a política macroeconômica e a política cambial locais, o que leva à forte desvalorização de suas moedas. Com o estouro de crises cambiais, cerca de 12 países estão em negociação com o FMI, que, na 2ª quinzena de outubro, emprestou US$ 2,1 bilhões à Islândia, US$ 16,5 bilhões à Ucrânia e US$ 25,1 bilhões à Hungria. Os problemas advindos da crise financeira dos países desenvolvidos, a desalavancagem dos fundos de hedge e o contágio mais rápido e brutal dos países emergentes são problemas que se retroalimentam.

Conservadorismo e Vida da empresa

Gestão financeira conservadora é pilar de empresas centenárias
Valor Econômico - 6/11/2008

O conservadorismo aplicado na gestão financeira durante séculos de história e uma forte ligação com a família são apontados por companhias tradicionais como os dois principais pilares de sobrevivência no mundo corporativo. Essa foi uma das conclusões do seminário Empresas de Vida Longa, organizado pelo Valor, que aconteceu ontem em São Paulo. No mundo inteiro, segundo Miguel Juan Bacic, professor de economia de empresas Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp, 70% das empresas fecham as portas antes mesmo de completarem 20 anos de existência. No Brasil, a realidade é mais dramática: a maioria morre antes de três anos. "Aqui, uma empresa com mais de 30 anos já pode ser considerada longeva." Durante o evento, executivos das seculares Stora Enso, companhia de incríveis 720 anos, da Saint-Gobain, que começou fabricando vidro, na França em 1665, e também do Banco do Brasil, que completou 200 anos no mês passado, ressaltaram a importância da cautela como diretiva de administração.

"No caso do grupo Saint-Gobain, a recomendação não é ser conservadora. Mas sim muito conservadora", disse Laurent Guillot, delegado geral para o Mercosul e Chile da multinacional francesa. Arie de Geus, escritor e ex-diretor da Shell presente no seminário, contou que na década de 80 a Shell elaborou um estudo sobre as companhias mais antigas do mundo, destacando entre outras Dupont, Mitsui, Stora Enso. No total, se encaixaram no estereótipo 27 companhias. Em comum, pelo menos dois princípios de gestão: conservadorismo, proximidade com a comunidade. "Essa empresas relutaram em buscar recursos de terceiros", disse.

É o que acontece, por exemplo, com a fabricante cearense de cachaça, Ypióca. "Somos uma companhia com endividamento zero, que cresce com seus próprios recursos", disse, Aline Telles Chaves, diretora de marketing do grupo, que completou em 2008 162 anos, uma das palestrantes. Como membro da quinta geração da família fundadora da empresa. Aline ressalta também que além do traço conservador, uma base familiar é importante para uma empresa que quer ter vida longa. "A grande maioria das empresas centenárias são também familiares ou pelo menos mistas", afirmou ela. A Cedro Cachoeira, de 136 anos, mistura a gestão familiar e a chamada "profissionalização". "No mundo de hoje, a empresa que quer crescer não pode ficar apenas nas mãos da família que a fundou. É preciso trazer gente de fora, mesclar", disse Renato Bernhoeft, especialista em sucessão empresarial familiar. Fábio Mascarenhas, diretor administrativo e de relação com os investidores da Cedro Cachoeira, concorda. "Ter uma ligação familiar é fundamental pois ela dá aos gestores o sentimento de que o negócio tem de se tornar perene." A Droga Raia é outro exemplo. "Somos uma empresa aberta mas 70% de nosso capital é familiar", afirmou Antonio Carlos Pipponzi, presidente da Droga Raia, empresa com 103 anos. A proximidade com as comunidades que cercam a empresa e a participação nas decisões políticas da região também são outra característica das empresas duradouras. "Muitas delas acabam caracterizando a cidade onde foram fundadas", disse o professor Bacic. É o caso da fabricante de máquinas Romi, de Santa Bárbara D'Oeste (SP). A diversificação dos negócios também é um ingrediente para a longevidade, segundo o escritor Geus. Ele relatou que durante sua passagem pela petrolífera, a dúvida recorrente entre os funcionários era o que fazer quando o petróleo acabar. Segundo ele, foi neste momento, em meados dos anos 30, que a Shell passou a atuar no setor químico. "Depois fomos até para o ramo de energia nuclear. Enfim, diversificação era a palavra de ordem na empresa", lembrou.

Na Stora Enso, a atividade que marcou o início da companhia, em 1288 foi a extração de cobre, passando para o minério de ferro e só depois chegando ao cultivo de florestas. E mesmo este, atual ramo da empresa, é colocado em xeque. "A comunicação eletrônica tem reduzido o uso do papel", diz Otavio Pontes, vice-presidente para a América Latina da Stora Enso. Segundo ele, esta é uma tendência natural, hoje compensada pelo consumo dos países emergentes, com potencial de crescimento. á o Banco do Brasil, projeta para os próximos anos a consolidação do sistema bancário, que na visão de Francisco Djalma Oliveira, gerente-executivo, tende a ser acelerada após a fusão do Itaú e do Unibanco. "Claro que nós e outros competidores, como o Bradesco, vamos nos mexer em busca de oportunidades", observou Oliveira.



Tenho duas observações:
1. Não faz sentido incluir o Banco do Brasil como exemplo já que é uma entidade estatal (e a sobrevivência não depende das forças do mercado e sim de vontade política) e que não possui, efetivamente, 220 anos. (Faliu durante sua história e isto deveria contar)
2. A teoria de Arie de Geus não destaca somente dois aspectos, como apresenta a reportagem. Um dos fatores de De Geus percebeu foi a mudança de rumo das entidades. Este aspecto, inclusive, é ressalvado no texto com os exemplos da Stora Enso e outros.

Aqui uma postagem anterior sobre uma empresa de 1428 anos que fechou em 2007. Aqui sobre a Casio.

Política e Bolsa


O gráfico (fonte aqui) mostra como se comportou o mercado um dia depois do resultado da eleição nos EUA. Foi a pior reação do mercado da história. (Clique na imagem para ver melhor)

O futuro da GM 3

Segundo o Calculate Risk (GM Exec says Next 100 Days "critical") e usando a Dow Jones, um executivo da GM afirmou na quarta que os próximos cem dias serão cruciais para a história da empresa e para a indústria de automóveis nos Estados Unidos.

A solução para empresa depende do governo dos EUA, que poderá ou não evitar a falência das empresas do setor. Os resultados da empresa serão divulgados na sexta.

Previsão pelo Mercado

Zubin Jelveh faz uma comparação do resultado da eleição dos EUA segundo os modelos econométricos, as pesquisas de opinião e a previsão pelo mercado.

O melhor desempenho foi a previsão pelo mercado até o momento.