(...) Entre as acusações sobre os envolvidos no esquema investigado estão sonegação fiscal, remessa ilegal de dinheiro ao exterior, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, falsidade ideológica e corrupção ativa e passiva."O problema é que se trata de um cardápio de acusações muito ruim para o mercado", afirma Edison Garcia, superintendente da Associação de Investidores do Mercado de Capitais. Ele acredita que o caso pode gerar cautela adicional por parte dos aplicadores. Além disso, pode afastar investidores que pensavam em colocar dinheiro na bolsa. "O caso terá que ser averiguado em profundidade e, para isso, terão de ser usados todos os procedimentos de regulação e auto-regulação. Que se façam as punições necessárias."
João Batista Fraga, superintendente de relações com empresas da Bovespa, também admite que o impacto para o mercado de capitais brasileiro é negativo. "Acusações desse tipo sempre têm reflexo ruim. Não há como ser diferente."
(...) Até então, a desvalorização era fruto dos problemas de liquidez financeira da companhia. Ao final de março, a empresa tinha dívida de R$ 1,2 bilhão, dos quais mais de 80% venciam em doze meses. Para honrar esses compromissos, contava com um caixa de R$ 52,5 milhões. Para tentar aliviar as dificuldades, planejava uma possível nova emissão de ações, da qual poderia obter cerca de R$ 110 milhões - antes do tombo da sexta-feira.A companhia já estava entre as piores histórias de abertura de capital. O fato de ter sido assessorada por instituições com larga experiência no processo de abertura de capital não impediu que decepcionasse logo na estréia. No primeiro dia, os recibos de ações (BDRs) da companhia caíram 14,23%. Atuaram na coordenação da Agrenco na bolsa o banco Credit Suisse, os escritórios Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados e Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados.
(...) É, porém, de amplo conhecimento que os bancos e escritórios de advocacia também estimularam essa expansão. Bateram na porta de companhias e ofereceram a abertura de capital como um produto: promessa de crescimento e liquidez para parte do patrimônio dos controladores.
No auge das estréias na Bovespa, os investidores começaram a criticar alguns modelos usados pelas novatas. Um dos mecanismos alvo dessas críticas foram os empréstimos fornecidos às empresas pelos bancos que coordenavam as emissões de ações. A Agrenco está justamente entre as companhias que vieram à mercado com essa estrutura. De acordo com o prospecto da oferta de ações, 67,5% da captação na bolsa foi usada para pagar empréstimos e 24,5% para abastecer a empresa de capital de giro - o que já indicava a fragilidade financeira. Dos R$ 425,5 milhões dedicados a honrar as dívidas, mais da metade foi destinado ao Credit Suisse, coordenador da abertura de capital, principal credor da companhia.
(...) Ao iniciar as conversas preliminares sobre a estréia na bolsa, a faixa de preço pensada era de R$ 16 a R$ 21 por ação. Quando efetivamente foi lançada a oferta, esse intervalo foi reduzido para R$ 13 a R$ 17. Mas os BDRs foram vendidos a R$ 10,40. Na sexta-feira, os papéis da Agrenco estavam cotados a R$ 1,25, quando veio a suspensão das transações. (...) (Colaborou Célia de Gouvêa Franco, de São Paulo)
Escândalo da Agrenco testará mercado
23/06/2008
Valor Econômico
24 junho 2008
Agrenco: teste do mercado?
Agrenco: Reação da Empresa
SÃO PAULO, 23 de junho de 2008 - A Agrenco informou ao mercado que a prisão de três de seus executivos pela Polícia Federal, na última sexta-feira, causou "surpresa e estranheza". Em comunicado enviado ao mercado, a empresa informa desconhecer a natureza das acusações relativas a estes profissionais ou as razões que motivaram a detenção, visto que a companhia ainda não teve acesso aos autos da investigação. "Porém a Agrenco se compromete a divulgá-las ao mercado tão logo tenha ciência destas", afirma o documento.
AGRONEGÓCIO: Para Agrenco, prisão de executivos é 'surpresa'
23/06/2008 - Gazeta Mercantil News (Tempo Real)
Escândalo da Agrenco
O grupo Agrenco, que abriu seu capital em outubro do ano passado, teve seus principais executivos presos na operação Influenza da Polícia Federal (Executivos de megaexportadora de soja estão entre os presos, Patrícia Cançado , O Estado de São Paulo, 21/06/2008) .
As acusações são de estelionato, formação de quadrilha, falsidade ideológica, uso de documentos falsos e lavagem de ativos.
A partir da constatação de que a empresa recolhia ISS em Itajaí, apesar de não operar no porto de Santa Catarina, chamou a atenção e iniciou as investigações.
Conforme normas brasileiras, a empresa Agrenco, que é uma empresa com ações na Bovespa, foi considerada vítima pois os três sócios estariam lesando os outros acionistas.
A conseqüência é que no dia anterior o preço das ações caiu quase 50%, o que determinou a suspensão das negociações.
Em outro texto (PF prende 24 por crime financeiro, Júlio Castro, 21/06/2008, O Estado de São Paulo) a imprensa detalha mais os problemas da empresa:
Como todo bom escândalo, na véspera a negociação dos papeis da empresa foi anormal:
(Veja também a reportagem no Wall Street Journal que mostra a participação do Credit Suisse (aqui)
As acusações são de estelionato, formação de quadrilha, falsidade ideológica, uso de documentos falsos e lavagem de ativos.
A partir da constatação de que a empresa recolhia ISS em Itajaí, apesar de não operar no porto de Santa Catarina, chamou a atenção e iniciou as investigações.
Num dos golpes, há indícios de que os três sócios da Agrenco simularam compra de grãos desse produtor e pegaram nota fiscal inidônea. “Em vez de pagar a fatura para o produtor, o dinheiro era dado a um laranja, que distribuía os lucros para todos. O laranja, por acaso, é parente do produtor. Ele recebeu algumas dezenas de milhares de dólares para emprestar a conta bancária”, explica o delegado, que pediu anonimato.
Segundo informações do último balanço financeiro da companhia, a Agrenco é responsável por quase 15% da soja exportada pelo Brasil. Caso as investigações comprovem as operações fictícias, apenas uma parte desse volume realmente foi comprada e vendida.
Os sócios também são acusados de trazer dinheiro de suas contas particulares no exterior para o Brasil por meio de contratos fictícios de prestação de serviços de consultoria. Segundo a PF, as empresas eram criadas para esse fim e desfeitas após a distribuição do dinheiro.( Executivos de megaexportadora de soja estão entre os presos, Patrícia Cançado , O Estado de São Paulo, 21/06/2008)
Conforme normas brasileiras, a empresa Agrenco, que é uma empresa com ações na Bovespa, foi considerada vítima pois os três sócios estariam lesando os outros acionistas.
A conseqüência é que no dia anterior o preço das ações caiu quase 50%, o que determinou a suspensão das negociações.
Para manter a saúde aparente da empresa, os sócios teriam forjado documentos, segundo investigação da PF. No começo do ano, a KPMG, responsável pela auditoria da Agrenco, identificou cerca de 60 irregularidades no balanço, que depois teriam sido sanadas, afirma a polícia. Em 2007, o grupo faturou R$ 3,4 bilhões e teve um prejuízo de R$ 123 milhões. Sua dívida supera R$ 1 bilhão.
A contabilidade da Agrenco é naturalmente complexa. O grupo, criado há 16 anos na França por Iafelice, é formado pela Agrenco do Brasil S.A.; pela Terlogs, que opera o Terminal Marítimo de São Francisco do Sul; por empresas de distribuição na Itália, Reino Unido, Cingapura e Ilha da Madeira, em Portugal; pela Agrenco Argentina; pela Agrenco Shipping and Chartering, do ramo de fretes marítimos; pela Finacom (com sede em Malta), de serviços financeiros. Na Noruega, possui ainda 40% do capital da Danofa, uma das principais processadoras e distribuidoras de soja do norte europeu. ( Executivos de megaexportadora de soja estão entre os presos, Patrícia Cançado , O Estado de São Paulo, 21/06/2008)
Em outro texto (PF prende 24 por crime financeiro, Júlio Castro, 21/06/2008, O Estado de São Paulo) a imprensa detalha mais os problemas da empresa:
Segundo a PF, a organização fazia operações cambiais ilegais, ocultava bens, rendas e movimentações financeiras com a participação de “laranjas”, além de operações comerciais simuladas com o uso de documentos falsos e fraudes em licitações. Há indícios de que a quadrilha corrompia servidores públicos de todas as esferas e níveis para alcançar seus objetivos, notadamente nos portos das cidades catarinenses de São Francisco do Sul e de Itajaí.
A PF apurou a existência de fortes indícios de fraudes em licitações promovidas pelo Porto de Itajaí/SC, como ajuste prévio de vencedora, afastamento irregular das demais concorrentes e superfaturamento dos serviços contratados. Além disso, os presos articulavam-se para praticar crimes contra o mercado acionário, ou seja, adquiriam papéis da empresa Agrenco SA, visando ao lucro indevido. A empresa exporta e importa grãos. As penas previstas para os crimes ultrapassam 50 anos de prisão, além de multas.
Como todo bom escândalo, na véspera a negociação dos papeis da empresa foi anormal:
Segundo um analista, a companhia é alvo de desconfiança há alguns dias. O volume médio de negociações, sempre abaixo de R$1 milhão, chegou a R$13 milhões na segunda-feira. A Bovespa pediu esclarecimentos, e a empresa alegou que a oscilação se deveria à convocação de uma assembléia, em 11 de julho, para discutir a emissão de 25 mil novas ações. No mesmo dia, a produtora de equipamentos Hunter do Brasil pediu a falência de uma subsidiária da Agrenco.(PF prende 24 pessoas por lavagem de dinheiro em SP e Santa Catarina, 21/06/2008, O Globo, p. 34, Adriana Baldissarelli*e Juliana Rangel)
(...) O banco Credit Suisse tem participação de 6,89%. Ontem, no Brasil, ele foi o que mais vendeu ações, num total de R$3,2 milhões.
No ano passado, o banco emprestou US$120 milhões à empresa. Em troca, coordenou o lançamento das ações na Bolsa, quando foram captados R$670 milhões. Na época, recebeu US$10 milhões em dinheiro, além de US$30 milhões em comissão. Além disso, ficou com uma participação acionária na empresa.
(Veja também a reportagem no Wall Street Journal que mostra a participação do Credit Suisse (aqui)
Abertura de capital no Brasil e o lado perverso
O texto abaixo é de 20 de junho de 2008 e foi publicado no Wall Street Journal Americas. Fala das ofertas públicas no mercado acionário e a decepção com os preços após a oferta inicial.
A partir daqui o texto usa o caso da Agrenco para exemplificar a situação das IPOs no Brasil:
A seguir o texto faz um relato de como é a situação nos Estados Unidos:
A questão, para o Journal, diz respeito aos empréstimos captados antes da abertura de capital:
Febre de aberturas de capital no Brasil tem um lado perverso
Antonio Regalado, The Wall Street Journal, de São Paulo
20 June 2008
The Wall Street Journal Americas
(...) Dois terços dessas companhias têm ações negociadas agora abaixo do preço da oferta pública. E alguns investidores reclamam dos bancos, dizendo que eles adotaram uma abordagem de Velho Oeste, faturando com o frenesi por mercados emergentes ao apressar as ofertas públicas iniciais de companhias que não estavam preparadas para isso. Ao mesmo tempo, dizem os investidores, os bancos adotaram práticas questionáveis, como fazer grandes empréstimos a algumas empresas antes da abertura de capital delas e então receber remunerações extras no dia em que elas chegam ao pregão.
(...) Mesmo nos mercados mais maduros, as ofertas públicas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) sempre foram apostas de risco — afinal, as companhias que captam recursos no mercado aberto pela primeira vez tendem a ser pequenas e com pouca experiência. Tradicionalmente, os investidores eram duplamente cautelosos com operações desse tipo nos mais voláteis mercados emergentes. Como a tolerância dos investidores para risco aumentou nos últimos anos, mais deles estavam dispostos a mergulhar no mundo especialmente arriscado das aberturas de capital de mercados emergentes. Esses países representaram 44% de todo o capital levantado mundialmente com emissões iniciais no ano passado, segundo a firma de pesquisa Dealogic.
Agora, alguns investidores estão lamentando sua ousadia. Mais de 60% das novas ações de 2007 na Índia valem menos do que no dia em que estrearam nas bolsas. Na China, uma das poucas economias emergentes onde ainda há novas emissões, a autoridade do mercado está receosa que investidores pessoa física estejam sendo prejudicados por terem acesso limitado às ações até que elas já tenham subido. O governo começou recentemente a observar as aberturas de capital mais atentamente, estabelecendo inclusive novas regras para apertar a fiscalização sobre bancos. Empresas que recebem uma grande injeção de recursos agora têm de esperar um ano antes de abrir o capital.
(...) As dificuldades que o mercado brasileiro confrontam mostram como um ambiente regulamentar menos rigoroso pode ter ajudado a alimentar a febre. No ano passado, cerca de uma em cada nove companhias que abriram o capital no Brasil o fizeram depois de receber grandes empréstimos dos subscritores que coordenaram suas ofertas públicas. Os empréstimos foram usados para preparar as empresas rapidamente para uma emissão de ações, em alguns casos com a compra de novos ativos. Em troca dos empréstimos, os coordenadores líderes receberam remunerações extras depois da oferta inicial, seja na forma de dinheiro ou de opções de ações.
Esses empréstimos têm o potencial de criar enormes conflitos de interesse. O papel de um subscritor (normalmente um banco) é agir como um intermediário, assessorando uma empresa para definir o preço da oferta e reunindo investidores para a compra dessas ações. Ele então embolsa uma pequena comissão para cada ação que vende. Mas quando um banco tem um interesse maior do que o normal no resultado da oferta — como um grande empréstimo que quer recuperar ou a promessa de ações — especialistas dizem que ele pode definir preços muito altos ou apressar a operação de uma empresa despreparada.
Os bancos “pegaram empresas sem credenciais e lhes deram as credenciais”, diz Octavio Castello Branco, sócio responsável pela assessoria corporativa da gestora Pátria Investimentos.
A partir daqui o texto usa o caso da Agrenco para exemplificar a situação das IPOs no Brasil:
Veja-se o caso da Agrenco LTD., uma empresa de commodities agrícolas cuja ação caiu 78% desde a abertura de capital, em outubro. O Credit Suisse, que é o líder em subscrições de ofertas públicas iniciais no Brasil, levou a Agrenco ao mercado numa transação de R$ 666 milhões. O banco conseguiu investidores e fixou o preço da oferta a R$ 10,40 por ação.
Oito meses antes da operação, o Credit Suisse emprestou à empresa, que já estava bastante endividada, US$ 120 milhões para a construção de duas fábricas esmagadoras de soja e uma unidade de biodiesel, que foram os principais ativos alardeados depois aos investidores.
Em troca do empréstimo, a Agrenco concordou em pagar ao Credit Suisse um bônus em dinheiro de US$ 11,5 milhões e 6,9% de suas ações, caso tivesse uma abertura de capital bem-sucedida. No dia da estréia na bolsa, essas ações acabaram valendo R$ 110 milhões. (O Credit Suisse ainda não vendeu suas ações, que valeriam cerca de R$ 27 milhões hoje.) Além disso, a Agrenco pagou ao banco R$ 30 milhões em comissões de subscrição. Entre a liquidação do empréstimo original, bônus e comissões, a conta da Agrenco chegou a quase 60% do dinheiro que captou na oferta.
“Foi sem dúvida bem caro”, diz o diretor de relações com os investidores da Agrenco, Marco Antônio de Modesti.
Os investidores, por sua vez, ficaram com ações de uma empresa que não cumpriu as expectativas. Mesmo com o salto nos preços dos grãos, o lucro da Agrenco em 2007 ficou em R$ 43 milhões, 50% abaixo do que havia sido prometido. A companhia argumenta que perdeu dinheiro com a disparada do preço do milho, entre outras causas.
O Credit Suisse afirma que em seu papel como financiador e coordenador líder da oferta, não é responsável pelo fraco desempenho da Agrenco. O banco argumenta que, se a Agrenco tivesse esperado para obter um empréstimo mais barato do governo, não teria sido capaz de crescer na mesma velocidade.
Antonio Quintella, presidente do Credit Suisse no Brasil, disse num email que, em transações nas quais o banco emprestou dinheiro a empresas cuja abertura de capital depois coordenou, “os clientes queriam assessoria, financiamento e acesso aos mercados de capitais, todas áreas nas quais somos fortes, e portanto tínhamos a oportunidade de satisfazer todas as necessidades deles em várias frentes”.
A seguir o texto faz um relato de como é a situação nos Estados Unidos:
Nos Estados Unidos, uma série de regras limita a capacidade de um banco de fazer um grande empréstimo a uma empresa e depois subscrever a oferta pública inicial desta. Por exemplo, se uma companhia usa mais de 10% do dinheiro que capta com a venda de ações para pagar um empréstimo a seu subscritor, um subscritor independente tem de ser trazido à mesa para determinar se o preço da oferta foi definido corretamente.
Os bancos de investimento nos EUA tampouco podem cobrar comissões de mais de 9% do valor total de uma oferta. Isso inclui comissões de subscrição, prêmios em ações e quaisquer outras remunerações especiais relacionadas a um empréstimo recente.
Essa supervisão independente da definição do preço de uma oferta não é exigida no Brasil, nem há limites para os bancos. Autoridades de mercado dizem que o único requerimento é que os prospectos ofereçam a informação completa sobre empréstimos e pagamentos especiais.
A questão, para o Journal, diz respeito aos empréstimos captados antes da abertura de capital:
No Brasil, empresas que receberam grandes empréstimos antes da abertura de capital tiveram desempenho bem inferior ao de outras ações em ofertas iniciais. Essas ações caíram cerca de 52%, em média, desde seu lançamento.
O UBS, que concorre ferozmente com o Credit Suisse no país, também fez empréstimos para os controladores de empresas que depois levou ao mercado aberto, como o Banco Cruzeiro do Sul. A instituição tinha um patrimônio líquido de R$ 287 milhões antes de estrear na bolsa. Mais de metade daquilo — R$ 150 milhões — vinham de um empréstimo do UBS apenas três meses antes, segundo o prospecto da oferta. A ação do Cruzeiro do Sul caiu 51% desde a emissão, em junho.
O UBS se negou a responder a questões sobre ofertas específicas. Numa declaração por email, informou: “O UBS oferece uma ampla gama de produtos e serviços de assessoramento a nossos clientes. Nosso objetivo principal é determinar soluções mais apropriadas às necessidades dos clientes.”
Fausto Guimarãos, diretor de relações com os investidores do Banco Cruzeiro do Sul, diz que o empréstimo do UBS “teve o efeito de preparar o banco para a abertura de capital e aumentar seu tamanho”. Guimarães diz que a operação foi bem e que até agora os resultados do banco estão “de acordo com as projeções antes da oferta pública”. Ele atribuiu a culpa pelo declínio na ação do banco a uma retração geral do mercado causada pela crise do “subprime” americano.
(Colaboraram James T. Areddy e Romit Guha)
23 junho 2008
22 junho 2008
Rir é o melhor remédio
Meia idade
=> Você sabe que está chegando à meia-idade quando tudo dói e o que não dói não funciona.
=> Meia-idade é quando sua idade começa a aparecer na cintura!.
=> Meia-idade é quando seu médico lhe recomenda exercício ao ar-livre e você pega o carro e sai guiando com a janela aberta.
=> Na meia-idade, jantares a luz de velas não são mais românticos porque não se consegue ler o cardápio.
=> Meia-idade é quando em vez de pentear os cabelos você começa a "arrumar" os que sobram.
=> Infância: época da vida em que fazemos caretas para o espelho. Meia-idade: a época da vida em que o espelho se vinga.
=> Há três períodos na vida: infância, juventude e "você está com uma aparência esplêndida".
=> Você sabe que está na meia-idade quando tudo aquilo que a Mãe Natureza te deu
o Pai Tempo começa levar embora.
=> Meia-idade é quando paramos de criticar a geração mais velha e começamos a criticar a mais nova.
=> Meia-idade é quando sabemos todas as respostas e ninguém nos pergunta nada.
Enviado por Matias (grato)
=> Você sabe que está chegando à meia-idade quando tudo dói e o que não dói não funciona.
=> Meia-idade é quando sua idade começa a aparecer na cintura!.
=> Meia-idade é quando seu médico lhe recomenda exercício ao ar-livre e você pega o carro e sai guiando com a janela aberta.
=> Na meia-idade, jantares a luz de velas não são mais românticos porque não se consegue ler o cardápio.
=> Meia-idade é quando em vez de pentear os cabelos você começa a "arrumar" os que sobram.
=> Infância: época da vida em que fazemos caretas para o espelho. Meia-idade: a época da vida em que o espelho se vinga.
=> Há três períodos na vida: infância, juventude e "você está com uma aparência esplêndida".
=> Você sabe que está na meia-idade quando tudo aquilo que a Mãe Natureza te deu
o Pai Tempo começa levar embora.
=> Meia-idade é quando paramos de criticar a geração mais velha e começamos a criticar a mais nova.
=> Meia-idade é quando sabemos todas as respostas e ninguém nos pergunta nada.
Enviado por Matias (grato)
21 junho 2008
Montadoras em dificuldades
Chryler - A agência Moody's mudou a perspectiva de "estável" para "negativa".
Moody's Revisa Perspectiva Da Chrysler Para Negativa - 20 Junho 2008
DJ em Portuguese
Ford
A agência Moody's revisou a perspectiva de "estável" para "negativa".
Moody's Revisa Perspectiva Do Rating Da Ford Para Negativa
DJ em Portuguese
GM
John D. Stoll, The Wall Street Journal, de Detroit
20/06/2008
"Durante o mês de maio, esta mudança na demanda do consumidor destacou os desafios de competitividade que a Chrysler enfrenta: a participação geral da companhia no mercado de veículos leves caiu para 10,7%, de 12,7% na comparação anual, em grande medida devido a erosão na posição de sua carteira de carros e declínio nos embarques de frota. Conforme a demanda do consumidor muda dos caminhões e SUVs para os carros, a participação da Chrysler no segmento carros caiu de 8,8% para 5,7%. Em contraste, a participação da companhia no mercado em contração de caminhões leves e SUVs aumentou modestamente de 16,9% para 17,6%. Enquanto o mercado geral dos EUA tenha um mix carros/caminhões de aproximadamente 60/40, o mix carros/caminhões da Chrysler estava ao redor de 32/68. Além disso, considerando o lançamento de 2008 da nova pickup Dodge Ram - tradicionalmente um veículo de alta rentabilidade para a Chrysler - a habilidade da companhia em competir com as mudanças em andamento na demanda do consumidor vão se mostrar desafiadoras", disse a agência. As informações são da Dow Jones. (Suzi Katzumata)
Moody's Revisa Perspectiva Da Chrysler Para Negativa - 20 Junho 2008
DJ em Portuguese
Ford
A agência Moody's revisou a perspectiva de "estável" para "negativa".
A agência observou que, como resultado, da deterioração dos fundamentos do mercado, a Ford anunciou mais cedo que: seu desempenho em 2008 será pior do que de 2007, quando teve um prejuízo pré-impostos de US$ 1,8 bilhão, excluindo Jaguar e Land Rover e itens especiais; a Ford Credit vai incorrer em um prejuízo operacional pré-impostos em 2008; é improvável que a companhia alcance um equilíbrio financeiro durante 2009; e o ritmo de dois anos de "cash burn" (capital consumido pela companhia) para 2008 e 2009 vai exceder o nível estimado anteriormente de US$ 12 bilhões a US$ 14 bilhões.
"A perspectiva negativa para a Ford Credit reflete os negócios e conexões com a Ford e o impacto do declínio dos valores dos veículos usados (em particular caminhões e utilitários SUV) na qualidade de ativo da companhia. Espera-se que este declínio nos valores dos veículos usados venha a resultar em custos de crédito mais altos e despesas de depreciação adicional na Ford Credit, pressionando o resultado operacional. A Ford Credit espera reportar um prejuízo pré-impostos em 2008, excluindo qualquer pagamento potencial relacionado ao acordo de manutenção de lucro da Ford", diz a agência. Contudo, a agência avalia que a Ford Credit possui recursos adequados para honrar suas demandas de caixa no curto prazo. As informações são da Dow Jones. (Suzi Katzumata)
Moody's Revisa Perspectiva Do Rating Da Ford Para Negativa
DJ em Portuguese
GM
A General Motors Corp. suspendeu o desenvolvimento de quase todos os veículos programados para os Estados Unidos nos próximos 18 a 24 meses, para reavaliar se a nova linha atende à demanda numa era de combustível bem mais caro, segundo pessoas a par da questão.GM reavalia todo plano de veículos para os EUA
Uma das medidas, a de cancelar a nova geração de picapes e utilitários esportivos, é considerada sintomática de como as modificações na montadora podem ser drásticas. “Eu nunca vi uma mudança tão grande e tão rápida no planejamento dos ciclos de uma empresa deste tamanho”, disse um executivo de um importante fornecedor da GM.
A GM estuda lançar uma picape derivada de um carro de passeio que possa representar uma alternativa às picapes maiores e busca meios de prolongar o ciclo da atual linha de picapes grandes e utilitários em pelo menos três a quatro anos, disseram pessoas que foram informadas sobre o plano. Além disso, a GM está buscando em suas operações asiáticas — como Coréia do Sul e China — carros pequenos que possam ser transportados para os EUA ou eventualmente produzidos no país, para atender à demanda crescente por carros com consumo menor de combustível.
A montadora também tem estudado mais como expandir rapidamente a sua oferta de carros elétricos, que planeja lançar no fim de 2010. “É como agarrar o volante e dar uma guinada à esquerda”, disse um executivo de uma fornecedora que foi informado sobre os planos da empresa.
A mudança de estratégia começou a tomar forma umas duas semanas atrás, na mesma época em que Frederick Henderson foi escolhido pelo conselho para ser o diretor operacional. Henderson e seu porta-voz não responderam a pedidos de entrevista.
Juntamente com seu chefe, o diretor-presidente Rick Wagoner, Henderson está apostando alto que o mercado americano continuará a preferir carros de consumo menor.
John D. Stoll, The Wall Street Journal, de Detroit
20/06/2008
20 junho 2008
Alstom

Investigação sobre Alstom foca-se num misterioso Claudio Mendes
David Crawford, Antonio Regalado e David Gauthier-Villars, The Wall Street Journal, de Berlim, São Paulo e Paris
The Wall Street Journal Americas - 19/06/2008
Promotores envolvidos numa investigação de abrangência mundial sobre supostas propinas da gigante francesa da engenharia Alstom SA já começaram a identificar uma rede financeira envolvendo um misterioso intermediário, que pode ter acertado pagamentos para políticos brasileiros em troca de contratos de obras públicas para a empresa.
Investigadores europeus dizem que entre 1998 e 2003 a Alstom usou um homem conhecido como Claudio Mendes — provavelmente um pseudônimo — como o principal canal para supostos pagamentos de propinas no Brasil.
Segundo os promotores, a Alstom transferiu centenas de milhões de dólares a intermediários como Mendes para ganhar contratos na América do Sul e Ásia, através de uma rede clandestina digna de um livro de espionagem.
A Alstom, uma grande fabricante de turbinas elétricas, trens de alta velocidade e vagões de metrô, nega ter feito qualquer coisa errada. Mas há muito em jogo para ela. Se os promotores conseguirem montar um caso contra a empresa, ela pode ser obrigada a pagar multas pesadas ou até ser banida de participar de licitações públicas em mercados de rápido crescimento, como o Brasil.
(...) Mas documentos apreendidos pelas autoridades e aos quais o Wall Street Journal teve acesso mostram que a rede empregada pela Alstom para pagar consultores independentes no Brasil era administrada por integrantes do alto escalão da empresa, em Paris. Promotores também dizem que o esquema, que transferia recursos através de empresas fantasma e contas em bancos suíços, servia para apagar os indícios de participação da Alstom no pagamento das propinas.
(...) Nos dois casos, os investigadores acreditam que as empresas violaram até as próprias leis de suborno da Europa, relativamente brandas. Até uns dez anos atrás, muitos países europeus permitiam não só que as empresas pagassem “comissões” a autoridades estrangeiras, como também as descontassem do imposto. A Alemanha proibiu a prática em 1999 e a França em 2000. (...)
Num memorando posterior, Bernard Metz, executivo da Alstom em Paris, explicou que Mendes era íntimo do então governador Mário Covas e podia agilizar as coisas. Metz, já falecido, reproduziu a promessa de Mendes de que poderia obter o apoio do “partido político no poder” do estado, na época o PSDB, do “gabinete do Tribunal de Contas” e “da Secretaria de Energia” em troca de uma comissão de 7,5% do valor do contrato, segundo o memorando.
Mais baixa no Citigroup

Citigroup deve registrar novas reduções em valores de ativos no 2º trimestre
FolhaNews - 19/06/2008
O diretor-financeiro do gigante americano Citigroup, Gary Crittenden, disse nesta quinta-feira que o banco deve registrar reduções "substanciais" nos valores de ativos ligados a hipotecas de risco (chamadas de "subprime") e que os custos das linhas de crédito ao consumidor podem "continuar a aumentar ao longo do ano.
"Continuaremos a ter adendos adicionais substanciais em nossa exposição aos "subprime´ neste trimestre", disse. Segundo Crittenden, o Citigroup irá fazer reservas de capital maiores que as que fez no primeiro trimestre para cobrir as eventuais perdas com esses ativos.
(...) Desde o início da crise, no ano passado, o Citigroup já registrou mais de US$ 40 bilhões em perdas com créditos de risco e reduções de valor em ativos --como os CDOs (collateralized debt obligations, títulos de dívida lastreados em outros ativos).(...)
Vale e custo
A Vale do Rio Doce enfrenta dificuldades para limitar o aumento de custos nos projetos em carteira. O resultado pode ser a elevação dos investimentos previstos no plano estratégico da empresa para o período 2008-2012, de US$ 59 bilhões. Ontem o presidente da mineradora, Roger Agnelli, disse que a empresa tem feito esforço para manter "a inflação de custos" em 20%, 25% em relação ao orçamento original. "Se não tomar cuidado, (o aumento) vira 40%, 50%, 60%", disse Agnelli. Ele admitiu que a pressão de custos pode ter elevado a necessidade de investimentos da companhia em um horizonte de cinco anos para US$ 62 bilhões ou US$ 63 bilhões. (...)
Mas reconheceu: "Está muito difícil porque há escalada de custos nos projetos." Para economizar, a mineradora está simplificando projetos de engenharia e tentando antecipar a entrada em operação de projetos de expansão. Os projetos novos (green field) estão passando por nova especificação. Agnelli reafirmou que dos US$ 59 bilhões programados, cerca de US$ 45 bilhões serão realizados no Brasil. Segundo ele, tanto a dimensão quanto o cronograma dos projetos podem ser afetados, sobretudo os empreendimentos novos: "Os fornecedores de equipamentos estão com dificuldades de entrega, há falta de aço e problemas com oferta de mão-de-obra", disse Agnelli.
Ele também citou a demora nos licenciamentos ambientais. "Uma LI (licença de instalação) tem demorado mais de 30 meses. Nos projetos 'brownfield1 (ampliação) é mais simples", comparou Agnelli. Ele afirmou que, para executar o plano de investimentos, a Vale precisa manter a "flexibilidade" financeira, daí que a empresa tenha decidido fazer um aumento de capital por meio de uma oferta de ações avaliada em US$ 15 bilhões. Agnelli negou que a operação tenha relação direta com futuras aquisições: "Não vamos comprar ninguém, estamos quietos. O que a gente quer agora é fazer a operação de aumento de capital." O executivo reconheceu, porém, que a Vale tem a obrigação de avaliar qualquer aquisição ou possibilidade de negócio maior. E acrescentou: "Se a gente achar que vale a pena algum movimento, a Vale está pronta para fazer." O objetivo, segundo ele, é buscar oportunidades, mas de forma cuidadosa porque os ativos estão caros.
"Aceleramos os projetos de investimento porque o crescimento orgânico é mais eficaz, a não ser que em outra oportunidade, no futuro, possa aparecer outra coisa", disse Agnelli. Ele afirmou que hoje os investimentos em projetos de expansão são os que maior retorno garantem aos acionistas da empresa. (...)
Custos afetam projetos da Vale, afirma Agnelli - Valor Econômico - 20 Junho 2008
Contador

A sócia-diretora de Recursos Humanos da Catho Sônia Costa destaca a grande expansão também das áreas técnicas, especialmente do segmento de engenharia química e contábil. "As empresas têm procurado muito por profissionais de contabilidade, visto que tem havido uma fiscalização maior dos órgãos, e também para avaliar possibilidades de redução de custos", enfatiza.
Novas profissões o mercado - 20/06/2008
Jornal do Commércio do Rio de Janeiro
19 junho 2008
Rir é o melhor remédio
Seu chefe fica te vigiando no computador?
Seu chefe ou seu colega chato vive esticando o pescoço pra xeretar sua vida?
Você não agüenta mais ter que minimizar telas para poder acessar a internet sem chamar a atenção?
Você não suporta as câmeras de segurança do seu setor te bisbilhotando como se você estivesse no Big Brother?
Não consegue nem mesmo dar uma espiadinha naqueles sites de entretenimento educacionais (orkut, jogos, MSN, Mp3, pornôs, etc....)?
Você não consegue ver direito os e-mails educativos enviados pelo Marlon?
Seus problemas acabaram!!!
Chegou o novo e revolucionário:
Visualizator Computer Camuflator Tabajara!!!
Seu chefe ou seu colega chato vive esticando o pescoço pra xeretar sua vida?
Você não agüenta mais ter que minimizar telas para poder acessar a internet sem chamar a atenção?
Você não suporta as câmeras de segurança do seu setor te bisbilhotando como se você estivesse no Big Brother?
Não consegue nem mesmo dar uma espiadinha naqueles sites de entretenimento educacionais (orkut, jogos, MSN, Mp3, pornôs, etc....)?
Você não consegue ver direito os e-mails educativos enviados pelo Marlon?
Seus problemas acabaram!!!
Chegou o novo e revolucionário:
Visualizator Computer Camuflator Tabajara!!!
IFRS no Japão
Segundo a Nikkei (Intl Accounting Rules Exert Growing Impact On Pension Plans) a adoção da IFRS pode aumentar o custo de pensão das empresas japonesas:
The internationalization of Japanese accounting rules is likely to increase the effect that corporate pension programs have on the financial condition and earnings of host companies more than ever.
An entertainment-related company listed on the first section of the Tokyo Stock Exchange booked liabilities in excess of assets in fiscal 2007 under international accounting criteria. The negative net worth was not seen in the earnings report for the year that the company compiled and released based on Japanese accounting rules, but was recorded under the international standards the firm also uses because its biggest shareholder is a listed Western company.
Under Japanese rules, a company does not need to immediately register on its balance sheet part of a shortage in pension reserves and is allowed to treat it as off-the-books debt. International standards, however, usually require the company to immediately reflect the shortfall on its balance sheet.
Companies in the U.S. were required to promptly register the shortages on their balance sheets starting in fiscal 2006, and Japan is highly likely to introduce a similar regulation sooner or later. In such a case, the status of corporate pension funds will greatly affect the balance sheets of Japanese companies each business period.
The realignment of accounting rules for pension programs toward international standards may affect profit/loss statements as well.
Losses on pension funds under management are written off either in a single year or over a number of years under Japanese rules, which allow companies to choose between the two approaches.
Vale e a expansão do capitalismo brasileiro
Dez bancos apóiam Vale em compra
Daniele Carvalho e Monica Ciarelli
O Estado de São Paulo - 19/6/2008
A Vale já deu a partida para fazer uma grande aquisição internacional e se tornar a maior mineradora do mundo, ultrapassando a anglo-australiana BHP Billinton. Desde o mês passado, a Vale tem enviado equipes técnicas a minas e usinas da Anglo American, no Brasil e em países como África do Sul, Colômbia e Austrália. A orientação dada a essas equipes é a observar os ativos sob a ótica de uma eventual compra, buscando sinergias para cortar custos e obter ganhos de escala.
A Anglo está na mira da Vale, mas também figuram como possíveis alvos as americanas Freeport McMoRan, segunda maior produtora de cobre do mundo, e a Alcoa, uma das líderes na fabricação de alumínio, como o Estado informou na semana passada.
No início dessa semana, o assunto ganhou força depois que o jornal britânico Observer informou que grandes acionistas da Anglo estão dispostos a aceitar uma possível oferta da Vale, caso supere em, pelo menos, 25% o valor de mercado da companhia, estimado em cerca de US$ 85 bilhões.
A Vale está reforçando o caixa para a aquisição. Na semana passada, a empresa anunciou uma oferta de ações no valor de US$ 14 bilhões para se capitalizar. Agora, fontes ligadas à empresa dizem que a Vale está costurando um pacote bilionário de financiamento com bancos.
(...) O Estado apurou que o pacote de financiamento dos bancos sai até o dia 30 de junho. A oferta de ações deverá fechar no dia 15 de julho. É provável que a oferta da Vale pela Anglo - ou outra grande mineradora - seja feita entre as duas datas. O que já está definido na Vale é que ela fará uma oferta por um grande grupo, com o objetivo de se tornar a líder em mineração.(...)
Lei 11.638 e Tributação 3
Nova lei deve trazer efeito fiscal em 2008
Valor Econômico - 19/6/2008
Conformismo. Essa é a palavra que parece definir o atual status da discussão a respeito de possíveis impactos tributários da nova lei contábil brasileira, depois de tanto se falar da neutralidade fiscal.
Já se comenta abertamente a perspectiva de efeitos sobre o pagamento das impostos pelas companhias neste ano.
Durante seminário realizado pelo Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri), os especialistas já tratavam da questão como certo que, pelo menos sobre o balanço de 2008, haverá impactos fiscais sim, ao contrário do previsto e acordado durante a discussão da legislação.
Mais uma vez, o fato de a Lei 11.638 ter sido aprovada no apagar das luzes de 2007, para vigência neste ano, foi apontado como causa principal do ambiente de incertezas em que o processo de normatização está inserido.Reginaldo Alexandre, vice-presidente da associação de analistas de São Paulo, Apimec-SP, e membro do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), lembra que a expectativa por uma posição da Receita Federal definitiva sobre a questão preocupa. No entanto, explica que qualquer ato normativo do Fisco só deve ter validade sobre os números de 2009, ou seja, o desempenho deste ano ficaria descoberto. Ainda assim, mantém a aposta na possibilidade de se alcançar a neutralidade fiscal a partir do próximo ano. "Tudo indica que há intenção do governo de trabalhar por isso (ausência de impactos). "Francisco Papellás, presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) e sócio da Deloitte, explica que a Receita não pode simplesmente isentar as companhias. É preciso resolver a questão adequadamente. O problema, segundo ele, é que as normas da Receita remetem à Lei das Sociedades Anônimas, mas essa foi reforma pela Lei 11.638, aprovada no final do ano passado. Ainda não foram criadas as normas ligando a Receita à nova lei e, quando forem, valerão só para o próximo ano.
"A Lei (11.638) e as normas da Receita deveriam ter sido aprovadas juntas", diz Wanderlei Olivetti, sócio da área de auditoria da Deloitte. Juntas, novas regras fiscais e a lei reformada tornariam o cenário atual menos conturbado. Ele apontou os pontos cruciais dentro discussão sobre os impactos fiscais. Os ajustes por conta de contratos de leasing e ainda o ágio de aquisições de empresas são dois dos principais temas. Quanto ao leasing, Olivetti é mais otimista. Acredita que a regra atual da Receita oferece espaço para manutenção do cenário praticado, até então, em que as parcelas mensais desses contratos eram tratadas como despesas, para efeito fiscal. Porém, em relação ao ágio, as margens para questionamento quanto à manutenção dos benefícios fiscais são mais duvidosas. Isso porque o benefício existe sobre a amortização que a companhia decide contabilizar. Como pela nova regra, a amortização deixa de existir, não haveria como garantir a sustentação das economias fiscais sem uma posição clara da Receita.
Olivetti acredita que, para algumas questões, a figura do balanço para fins tributários criado pela lei reformada, o chamado Laluc - Livro de Apuração do Lucro Contábil - pode resolver. No entanto, ele não oferece solução para todos os aspectos. O artigo 177 da nova lei contábil garante isenção para os ajustes que forem feitos exclusivamente para harmonização contábil. O texto da legislação refere-se ao processo de convergência das normais brasileiras ao padrão internacional de contabilidade (IFRS) que a 11.638 deu início. No entanto, as lacunas existentes são de pontos específicos, como o do ágio. A despeito do discurso pela neutralidade fiscal, as companhias, internamente, acreditam pouco no sucesso pleno dessa medida. A Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) promete brigar por esse aspecto, pilar que sustentou sua decisão de apoiar a reforma da lei.
18 junho 2008
E o ensino da Contabilidade Internacional?
Se estamos caminhando para a convergência, o que deverá ocorrer com o ensino da contabilidade internacional? Talvez o texto Dying for a Date, de Marie Leone, para CFO (aqui) seja um bom início de discussão.
Leone discute como ficaria o ensino da contabilidade internacional nos Estados Unidos, em termos de livros, professores e testes CPAs.
Nos Estados Unidos o problema é agravado pelo aumento no número de estudantes e a redução no número de faculdades. Mais ainda, pela idade média do professor de contabilidade, de 56 anos. Sabemos que provavelmente um professor mais idoso terá mais dificuldade de fazer a mudança do US Gaap para o IFRS.
A questão dos livros também é importante. Segundo Leone, o tempo para lançar uma nova edição de um livro texto nos Estados Unidos é de dois a três anos. Mas a transição passa pelos livros. Além disso, nesse momento o ensino seria simultâneo entre as regras norte-americanas e o IFRS. E isso também reflete no exame de CPA, que deverá incluir questões sobre a contabilidade internacional somente em 2011.
E o Brasil? Provavelmente a idade média do professor é menor, em razão da expansão recente da pós-graduação. Isso favorece a possibilidade de adoção de temas sobre contabilidade internacional. Entretanto, o professor de contabilidade no Brasil divide suas atividades didáticas com as atividades profissionais. Significa dizer que sobra pouco tempo para a dedicação à preparação das aulas, a leitura de novos livros e a atualização de assuntos da sua disciplina (geralmente o professor foca nos temas centrais da disciplina, mas nos “marginais”, que inclui o IFRS, provavelmente).
Teremos também problema de atualizar o nosso ensino de contabilidade para adotar a contabilidade internacional. (O recente curso de Niyama no CFC para professores de contabilidade talvez seja uma exceção) Quanto às obras, em razão do mercado editorial reduzido, o lançamento de obras sobre o assunto é provavelmente mais difícil do que nos Estados Unidos.
Nos últimos anos cresceu o número de alunos de graduação e o número de faculdades. Ou seja, o problema se agravou.
Leone discute como ficaria o ensino da contabilidade internacional nos Estados Unidos, em termos de livros, professores e testes CPAs.
Nos Estados Unidos o problema é agravado pelo aumento no número de estudantes e a redução no número de faculdades. Mais ainda, pela idade média do professor de contabilidade, de 56 anos. Sabemos que provavelmente um professor mais idoso terá mais dificuldade de fazer a mudança do US Gaap para o IFRS.
A questão dos livros também é importante. Segundo Leone, o tempo para lançar uma nova edição de um livro texto nos Estados Unidos é de dois a três anos. Mas a transição passa pelos livros. Além disso, nesse momento o ensino seria simultâneo entre as regras norte-americanas e o IFRS. E isso também reflete no exame de CPA, que deverá incluir questões sobre a contabilidade internacional somente em 2011.
E o Brasil? Provavelmente a idade média do professor é menor, em razão da expansão recente da pós-graduação. Isso favorece a possibilidade de adoção de temas sobre contabilidade internacional. Entretanto, o professor de contabilidade no Brasil divide suas atividades didáticas com as atividades profissionais. Significa dizer que sobra pouco tempo para a dedicação à preparação das aulas, a leitura de novos livros e a atualização de assuntos da sua disciplina (geralmente o professor foca nos temas centrais da disciplina, mas nos “marginais”, que inclui o IFRS, provavelmente).
Teremos também problema de atualizar o nosso ensino de contabilidade para adotar a contabilidade internacional. (O recente curso de Niyama no CFC para professores de contabilidade talvez seja uma exceção) Quanto às obras, em razão do mercado editorial reduzido, o lançamento de obras sobre o assunto é provavelmente mais difícil do que nos Estados Unidos.
Nos últimos anos cresceu o número de alunos de graduação e o número de faculdades. Ou seja, o problema se agravou.
Economia de escala na Música
Em Máquina de produzir estrelas da Disney prepara sua nova aposta, de Peter Sanders para The Wall Street Journal, 17/06/2008, discute a produção de novos astros pela Walt Disney Co.
Enquanto uma rara tempestade primaveril tamborilava nas janelas, executivos da Hollywood Records, da Disney, trabalhavam recentemente com Demi Lovato e sua equipe de empresários para completar seu disco solo de estréia, que será lançado no fim do ano. Até lá, a empresa tem a esperança de que Lovato já será um nome conhecido no mundo dos pré-adolescentes, graças a uma ofensiva multimídia que é agressiva até para os padrões da Disney.
Para a Disney, há poucas tarefas tão cruciais quanto descobrir e desenvolver artistas talentosos que possam dar prosseguimento ao que se tornou uma das maiores minas de ouro de Hollywood: estrelas juvenis cuja capacidade de cantar, dançar e atuar pode ser aproveitada em várias plataformas. (...)
No coração do esforço para o lançamento de Lovato está “Camp Rock”, um musical do Disney Channel. O musical será lançado hoje em “pay per view” na TV a cabo nos EUA antes de ser veiculado em rápida seqüência no Disney Channel, Disney.com, na rede ABC e no canal a cabo ABC Family, quando será transmitido simultaneamente pela rádio Disney. A promoção também se estenderá a produtos com a marca “Camp Rock”, assim como à trilha sonora do filme. (...)
A Disney tem uma longa tradição de lançar jovens estrelas que ficam conhecidas durante anos, tanto de maneira positiva quanto negativa. Justin Timberlake, Christina Aguilera, Keri Russell, America Ferrera, Shia LaBeouf e — talvez a mais famosa da turma — Britney Spears, todos foram estrelas da Disney.
A empresa construiu nos últimos tempos uma série de franquias lucrativas que começam no Disney Channel e depois passam pelas várias divisões da empresa.
(...) Executivos da Disney negam que o sucesso seja resultado de uma linha de montagem de atores mirins. Em vez disso, dizem, é o produto de um longo processo de peneira no qual a empresa encontra bom material e então busca os atores apropriados, em geral em testes de seleção.
Banana: Custo e Consumo Futuro

Um texto interessante de Dan Koeppel (Yes, We Will Have No Bananas, New York Times, 18/06/2008, p. 21) mostra o predomínio da banana no gosto do estadunidense que custa para o consumidor a bagatela de um dólar o pound. O consumidor não pensa como isso é possível. A banana é originária de países tropicais, que ficam distantes do mercado consumidor. O custo de transporte é elevado, pois exige containers climatizados e não sobrevive muito tempo depois que são colhidas. Enquanto isso a maça, fruta tradicional de clima frio e do hemisfério norte, é produzida perto do consumidor, pode ficar meses sem perder e custa mais que a banana.
Talvez o nome responsável por esse milagre seja a United Fruit Company, hoje conhecida como Chiquita. A empresa construiu uma infra-estrutura de transporte que ajuda a explicar o custo reduzido da banana. Mas o controle exercido sobre a produção nos países da América Latina é relevante. No passado, exércitos foram usados para permitir manter o custo num nível baixo, como ocorreu em 1954 na Guatemala .
Outro aspecto é a questão genética. Os importadores vendem somente uma variedade de fruta, apesar de existirem mais de mil variedades de bananas. A Cavendish (foto) é um tipo de fruta que permite maior eficiência na produção, padroniza a qualidade e, com isso cria economia de escala.
Entidade e CNPJ
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) pretende flexibilizar a separação entre operadoras de banda larga e de telefonia fixa, no caso da compra da Brasil Telecom pela Oi. Na proposta divulgada ontem pela Anatel não está especificado se os serviços de voz e transmissão de dados serão feitos separando-se apenas a contabilidade das empresas ou se exigirá um CNPJ diferente para as duas operações.
Proposta de marco regulatório pode mudar – Gazeta Mercantil – 18/6/2008
Observe que o texto foi feliz em separar a questão da entidade do CNPJ. Veja também o exercício 1, do capítulo 4 (p. 112) do livro de Teoria da Contabilidade
Prêmio ou Desconto?
A oferta da Inbev de compra de ações da Anheuser-Busch por 65 dólares representa um prêmio de 35% sobre o preço de mercado. Para Felix Salomon representa na verdade um desconto de 25% devido a gestão amadora da empresa. O problema administrativo, segundo Salomon, deve-se não a discussão entre a família e a gestão da empresa, mas dentro da família.
IASCF
17 junho 2008
Links
1. Os problemas dos patrocinadores do Jogos Olímpicos
2. As empresas estão tentando manter sua liquidez
3. A relação entre a existência de marcadores no automóvel (decalques, dizeres etc) e o motorista agressivo
4. O universo é feito de matemática?
5. Photoshop na academia
4. Por que a InBev não quer que a Bud faça um acordo com o Grupo Modelo
5. Estratégia de investimento – perigo de investir em empresas perto de casa
6. No tratamento aos acionistas, a dona da Bud ganha um “D”
7. Citibank não contabilizou adequadamente o impacto da crise Argentina em 2001
8. Reservas do Brasil perdem para juniors do Atlético Mineiro
2. As empresas estão tentando manter sua liquidez
3. A relação entre a existência de marcadores no automóvel (decalques, dizeres etc) e o motorista agressivo
4. O universo é feito de matemática?
5. Photoshop na academia
4. Por que a InBev não quer que a Bud faça um acordo com o Grupo Modelo
5. Estratégia de investimento – perigo de investir em empresas perto de casa
6. No tratamento aos acionistas, a dona da Bud ganha um “D”
7. Citibank não contabilizou adequadamente o impacto da crise Argentina em 2001
8. Reservas do Brasil perdem para juniors do Atlético Mineiro
Incobráveis
O Jornal de Notícias pergunta se o valor dos incobráveis deve estar incluso na tarifa de eletricidade (Transferir incobráveis pode ser ilegal, 17/06/2008) em Portugal.
Além do aspecto da legalidade (ilegalidade) o texto chama atenção para um aspecto interessante.Ao repassar para tarifa, o esforço da empresa elétrica em receber seria menor. Assim, a empresa não teria incentivo para melhorar a área de cobrança.
Desta consulta pública há-de resultar se esta transferência de custos deve ou não ser integrada na tarifa e em caso afirmativo de que forma deve ser repartida entre os consumidores e a empresa. "Impossível" e "impensável" foi como o referido deputado considerou esta proposta, para quem a simples invocação de um aumento de tarifas com a justificação dos incobráveis "viola tudo o que está na lei civil". Até porque, lembrou, a EDP, mesmo sendo obrigada a firmar um contrato de fornecimento de electricidade, pode sempre cortar o fornecimento. E num caso de falência nada a impede de ser mais tarde ressarcida.
Sem aceitar que as ineficiências dos serviços de cobrança da EDP possam ser imputados aos consumidores, o secretário-geral da Deco mostra-se favorável a que a questão se discuta. É que, lembra Jorge Morgado, tendo em conta que são sempre os consumidores que pagam tudo, é provável que os custos dos incobráveis já estejam a ser pagos de forma "encapotada". O JN contactou a EDP, mas a empresa não comenta a proposta.
Além do aspecto da legalidade (ilegalidade) o texto chama atenção para um aspecto interessante.Ao repassar para tarifa, o esforço da empresa elétrica em receber seria menor. Assim, a empresa não teria incentivo para melhorar a área de cobrança.
Maldição dos Recursos Naturais
Esse assunto já foi objeto de blogs anteriores (aqui e aqui): ter recursos naturais pode não ser bom.
‘Maldição dos recursos naturais’ aflige exportadores de commodities
John Lyons, The Wall Street Journal
The Wall Street Journal Americas - 16/06/2008
Com a alta dos preços, seria de se esperar que os países que importam alimentos e petróleo estejam sofrendo. É só lembrar dos protestos no Haiti contra a inflação dos alimentos. Mas a alta também criou desafios complexos para os exportadores — países que deveriam estar comemorando.
Dos Emirados Árabes Unidos com seu petróleo à África do Sul, rica em minerais, os países exportadores lutam para conter a tensão social e resolver espinhosos dilemas políticos. A América Latina é um bom exemplo. Na Bolívia e na Argentina surgiram conflitos entre políticos e produtores sobre quem fica com o lucro das exportações. A inflação foi às alturas na Venezuela, rica em petróleo. A alta do real está prejudicando a indústria do Brasil, que também enfrenta a aceleração do desflorestamento na Amazônia, à medida que fazendeiros cortam a floresta para dar mais espaço à soja e ao gado.
Todas essas complicações revelam um fenômeno econômico curioso: períodos de boom das exportações também têm conseqüências negativas. Os economistas usam o termo “maldição dos recursos naturais” para identificar problemas que geralmente atormentam os exportadores de commodities, como moeda supervalorizada, má administração dos recursos e disputas pela receita obtida. A inflação está alimentando esses problemas e criando outros novos, com resultados imprevisíveis para essas sociedades.
“É muito difícil para um governo administrar um boom das exportações”, diz a cientista política Terry Lynn Karl, da Universidade de Stanford, que analisou o problema num livro de 1997 chamado “The Paradox of Plenty: Oil Booms and Petro-States” (“O Paradoxo da Fartura: Booms do Petróleo e Estados Petrolíferos”).
Períodos de alta são férteis para a geração de tensões sociais, por exemplo. A disparidade de renda aumenta porque raramente a riqueza é distribuída igualmente. Enquanto isso, os pobres são prejudicados pela alta do petróleo e dos alimentos.
No pior estágio, essa situação pode criar uma receita para violência. A desigualdade econômica é uma das maiores fontes de descontentamento que motivaram a onda de assassinatos de imigrantes em favelas da África do Sul, país que vem se beneficiando da exportação de seus minérios. Protestos violentos por aumentos de salários nos Emirados Árabes Unidos, ricos em petróleo e com a economia em crescimento, mostram como o fenômeno está atingindo o Oriente Médio.
Alguns governos sentem-se tentados a distribuir a riqueza através de maiores gastos. Mas até esse tiro pode sair pela culatra. A Venezuela aumentou os gastos sociais num ritmo acelerado, mas a maior parte dos benefícios foi anulada pela inflação de 31,4%. Enquanto isso, o orçamento inchado levou a ineficiência e corrupção.
Há também o exemplo da Argentina, o terceiro maior exportador mundial de soja. A presidente Cristina Kirchner aumentou os impostos sobre as exportações de soja para poder financiar um aumento dos gastos públicos. Os produtores reagiram com meses de protestos contra a elevação dos impostos.
As greves, que causaram desabastecimento de alimentos no início do ano, erodiram a confiança no governo Kirchner. Em maio, os argentinos de classe média sacaram quase US$ 2 bilhões da poupança para comprar dólares, num indício clássico de que já temem o pior.
Algo parecido está acontecendo na Bolívia. A alta dos preços inflamou uma rivalidade cultural entre a capital La Paz, nos Andes, e as baixas planícies aluviais do leste do país, que contam com terras férteis e as segundas maiores reservas de gás natural da América do Sul.
O presidente Evo Morales quer uma nova constituição para centralizar os royalties do gás natural em La Paz e obter o poder para redistribuir as terras entre seus partidiários, de maioria indígena e pobre. Uma por uma as províncias vêm declarando autonomia, numa sucessão de acontecimentos que alguns temem que levará a um violento conflito civil.
Mesmo assim, a alta das commodities alimentou o crescimento e permitiu que países como Rússia e Brasil pagassem dívidas e juntassem um bom colchão nas suas reservas.
Mas até mesmo os países mais estáveis enfrentam problemas políticos causados pelo boom. Um bom exemplo é o Brasil, o segundo maior exportador de soja do mundo e o primeiro na exportação de ferro, açúcar, café, carne e frango.
O Banco Central tentou conter a pressão inflacionária gerada pelo crescimento econômico acelerado com um aumento dos juros. Mas, ao fazer isso, o BC está fortalecendo ainda mais uma moeda que já se valorizou 45% perante o dólar desde 2004, em meio a um boom das exportações. A moeda forte está começando a danificar outros setores importantes da economia, como o industrial. A Empresa Brasileira de Aeronáutica SA, a quarta maior fabricante de aviões do mundo, anunciou que a margem bruta de lucro foi de 13% no primeiro trimestre, ante 19% no mesmo período um ano antes, por causa da valorização do real, que aumentou seus custos de produção em dólares.
Uma conseqüência do aumento do custo do combustível
A alta no custo do transporte está forçando algumas indústrias dos Estados Unidos a transferir a produção de volta à América do Norte e a congelar planos para enviar trabalho para o exterior.
“Meu custo de transportar um contêiner da China para cá só tem aumentado — e eu não acho que vá melhorar logo”, diz Claude Hayes, presidente da divisão de aquecedores da Desa LLC. Ele ressalta que o custo aumentou 15% desde janeiro, para cerca de US$ 5.300, e deve aumentar de novo mês que vem para US$ 5.600.
(...) A migração de fábricas para países de baixo custo cada vez mais distantes teve duas facetas distintas para a economia americana: fez com que trabalhadores perdessem empregos industriais bem remunerados mas ao mesmo tempo derrubou o preço dos bens de consumo. Mas essa marcha está perdendo força.
O custo de transportar um contêiner de 40 pés da Ásia à Costa Leste dos EUA já triplicou desde 2000 e vai dobrar novamente se o petróleo se aproximar de US$ 200 o barril, diz Jeff Rubin, economista-chefe do banco canadense de investimentos CIBC World Markets. Rubin calcula que os transportes já equivalem a uma sobretaxa de 9% nos produtos importados que chegam aos portos americanos, ante apenas 3% quando o petróleo era vendido a US$ 20 o barril, em 2000.
“Num mundo de preços do petróleo na casa dos três dígitos, a distância custa dinheiro”, escreveu Rubin num relatório recente. Ele estima que para cada aumento de 10% na distância de uma viagem, os custos com combustível aumentam 4,5%.
O custo do transporte é apenas mais um dos elementos na onda inflacionária que assola a indústria mundial, já acuada pela alta das matérias-primas, como aço e resinas. O custo de operar na China, especialmente, tem crescido, à medida que os trabalhadores exigem salários mais altos e o governo aumenta a fiscalização sobre violações ambientais. O iuane chinês também se valorizou perante o dólar.
Para muitas empresas, o petróleo acima de US$ 130 o barril foi o ponto de desequilíbrio. (...)
Custo do transporte faz empresas dos EUA levar produção de volta ao país
Timothy Aeppel, The Wall Street Journal
16/06/08 - The Wall Street Journal Americas
Qual o passivo da Gol? Qual o ativo?
Eis um exemplo de como a contabilidade é complexa!:
Gol já admite perder a Varig na Justiça
LEONEL ROCHA
Jornal do Commércio do Rio de Janeiro - 17/06/2008
A direção da Gol Linhas Aéreas Inteligentes trabalha com a possibilidade de perder a Varig por decisão da Justiça Federal no final do processo que analisa um dos maiores e mais importantes negócios dos últimos anos no Brasil.
Nas próximas semanas, para decidir sobre o futuro da transação, o juiz José Paulo Magano, da 17ª Vara Civil de São Paulo, vai analisar a documentação da formação acionária da Volo do Brasil, empresa criada pelo fundo norte-americano Matlin Patterson e três investidores brasileiros para comprar o grupo Varig em 2006. A Gol decidiu comprar a Varig em março do ano passado, por US$ 320 milhões.
São fortes os indícios de irregularidades no negócio que, se for anulado, fará com que a transferência acionária da Varig para a Gol seja obrigatoriamente revertida. "Se a Justiça anular a compra original da VarigLog pela Volo do Brasil, a revenda da marca Varig para a Gol necessariamente também será cancelada, porque teria sido contaminada por um negócio ilegal na origem", comentou um ministro de tribunal superior que preferiu o anonimato, porque pode vir a julgar o caso. Oficialmente, a Gol não admite que o cancelamento do negócio possa ocorrer.
A possível anulação da compra da VarigLog pelo Matlin Patterson e pelos brasileiros Marcos Michel Haftel, Marco Antônio Audi e Luiz Eduardo Gallo obrigará o retorno das ações de todo o grupo Varig para a antiga Fundação Rubem Berta, dona original da companhia. Isto obrigará a Gol a entrar na Justiça brasileira e buscar, até nos tribunais internacionais, receber de volta milhões pagos pela empresa concorrente, que estava em processo falimentar. A briga vai parar em tribunais superiores.
O cancelamento do negócio provocará desdobramentos, inclusive para a saúde financeira do fundo Aeros, dos funcionários da Varig, que vendeu o equivalente a R$ 100 milhões das debêntures emitidas pela companhia aérea e também compradas pela Gol, que negociou um deságio no valor dos papéis e antecipou o pagamento previsto para os próximos 10 anos.
Outro temor já discutido por todas as empresas envolvidas é a contaminação das antigas dívidas da Varig com a contabilidade da Gol. Mesmo com a separação da parte "podre" da Varig pela Justiça – a dívida de quase R$ 7 bilhões da companhia com a Previdência Social e Infraero e fornecedores foi transferida para a parte do grupo empresarial que continuou com a Fundação Rubem Berta –, o risco de sucessão de dívidas existe porque a Gol teve que readmitir um sindicalista registrado na antiga Varig, demitido no processo de transferência de controle acionário. "Se a Gol foi obrigada a assumir uma parte da dívida trabalhista, mesmo referente a apenas um funcionário da antiga Varig, por que não deveria assumir o restante das demais dívidas?", questiona um consultor do mercado de aviação.
O grupo Gol ainda vai enfrentar outro problema. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) até hoje não aprovou a fusão da companhia com a Varig. Um extenso processo que tramita no conselho sobre a união das duas empresas vai provocar demora na análise da situação, já que o Cade vai debater se a concentração de linhas aéreas nas mãos de duas empresas – Gol e TAM – deixa o setor excessivamente concentrado ou não. O conselho não tem data para julgar o caso. Diante da repercussão política da transação, só deverá incluir o tema na pauta no próximo ano.
Auditoria de ONGs
TCE faz pente-fino em repasses de verba para ONGs
Fausto Macedo
O Estado de São Paulo - 17/06/2008
O Tribunal de Contas do Estado (TCE) de São Paulo deu início a um pente-fino nos processos de repasse de dinheiro público para organizações sociais e organizações sociais de interesse público, popularmente chamadas de ONGs (organizações não-governamentais). A auditoria mira o exercício de 2007, ano em que dezenas de prefeituras efetuaram 8.932 transferências que somaram R$ 798 milhões em favor das entidades. A projeção para 2008 é que esse montante alcance R$ 1,6 bilhão, valor que inclui liberações também do governo estadual.
Para executar a mais ampla investigação já realizada sobre ONGs, o TCE criou o Sistema de Repasses Públicos ao Terceiro Setor (SisRTS), por meio do qual os auditores começaram a inspecionar as organizações em suas próprias sedes para constatação de atividade, consulta de livros de contabilidade e cruzamento de dados relativos ao fluxo de caixa - entrada e saída de dinheiro.
(...) Os fiscais devem apurar se os valores recebidos foram contabilizados e depositados em instituição financeira, se existe registro e controle de atendimentos, se o conselho fiscal da entidade é atuante, se a estrutura física é adequada. Também vão checar se o objetivo social é compatível com a natureza dessas transferências, se a entidade apresentou plano de trabalho e se as atividades desenvolvidas e os valores despendidos atendem a esse programa. (...)
Revolução Contábil
Esse texto tinha passado desapercebido (mas não pelo Ricardo Viana, que chamou a atenção. Grato, novamente)
Novas regras prometem emoções fortes
Por Nelson Niero, de São Paulo
Valor Econômico - 13/06/2008
Com a discrição que lhes é peculiar, os contadores prepararam uma revolução. Ela já está em curso desde o primeiro dia do ano, quando entrou em vigor a Lei 11.638, que reforma a parte contábil da Lei das Sociedades por Ações, de 1976.
Não se engane, não é mais um calhamaço de regras esotéricas. É um coquetel molotov que promete "reinventar a profissão", nas palavras de Nelson Carvalho, o representante brasileiro no Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês), a entidade com sede em Londres responsável pela nova ordem mundial das demonstrações financeiras.
A invocação "contadores do mundo, uni-vos" pode ser ouvida pelos quatro cantos do planeta e agora também em qualquer seminário perto de você. Sim, são vários, especialmente das firmas de auditoria e consultoria que se preparam para um ano de muito trabalho e honorários.
Só a BDO Trevisan, sociedade do empresário Antoninho Marmo Trevisan com a multinacional BDO, planeja nada menos que 100 neste ano. Na segunda-feira, a empresa lança seu "guia de bolso" para a lei, intitulado "Uma revolução na contabilidade das empresas". Dois dias depois, a Trevisan Escola de Negócios promove um curso intensivo de contabilidade internacional com foco em IFRS - sigla em inglês para as normas internacionais de informações financeiras.
Imagine que as suas concorrentes, principalmente as chamadas "quatro grandes" - Deloitte, Ernst & Young, KPMG e PwC - também estejam cheias de planos para o futuro e teremos o ano recorde para a locação de auditórios.
Mas centenas de seminários não vão evitar que o ano seja "uma bagunça", como previu um acadêmico durante um dos muitos encontros realizados nos últimos meses para discutir o assunto. Ele não se referia só às mudanças visíveis, como a troca de um conjunto de contas por outro e pontos polêmicos como marcação de ativos pelo valor mercado. A confusão se dará por uma mudança radical na postura de quem faz os balanços. Essência sobre a forma, este é o mantra entoado pelos gurus da nova religião contábil.
Não se trata de uma tarefa simples mudar a maneira como pensam auditores, contadores e acadêmicos para que adotem o "subjetivismo responsável", termo criado por Sérgio de Iudícibus, professor aposentado pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo.
O tempo do "check list" acabou, dizem os arautos da revolução que vem sendo tramada desde o começo da década de 90 - e, depois de várias várias concessões, foi aprovada no fim de 2007. Não basta cumprir as regras, "consultar os papeizinhos com fórmulas no bolso", segundo Nelson Carvalho, que, além de membro do Iasb, também é professor da USP. Mais poder e responsabilidade para os contadores, quase uma redenção de uma categoria sempre relegada ao segundo plano nas decisões empresariais.
Mas a "harmonização" com os países que usam as regras internacionais (entre os quais, diga-se, não estão os Estados Unidos, o principal mercado de capitais do mundo) não é exatamente harmônica entre os profissionais brasileiros. Olívio Konder, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, diz que a nova lei desrespeita os princípios fundamentais da contabilidade e defende uma nova reforma contábil. Antônio Lopes de Sá, mentor de uma corrente chamada "neopatrimonialismo" e conhecido por sua prolífera produção literária, tem vários artigos na sua página na internet desancando a harmonização das regras contábeis.
Valor Econômico
Legislação e Lei 11.638
Recebi o seguinte e-mail do Jomar sobre a questão da tributação e a Lei 11.638 (aqui, aqui e aqui):
Eis o texto:
Não me segurei ao ler a reportagem sobre o caso da tributação, comentado pela Superintendência da Receita Federal no Estado do Rio Grande do Sul. Então, me resguardei nas normas estabelecidas pela Lei 11.638/07.
Em primeiro lugar, a Lei 6.385/76, (Art. 8º, inc I) delega a CVM a responsabilidade "em regulamentar, com observância da política definida pelo Conselho Monetário Nacional, as matérias expressamente previstas nesta Lei e na lei de sociedades por ações".
Assim, a CVM emitiu a IN/CVM 469/08 (02/05/2008), o qual trata da contabilização dos prêmios recebidos na emissão de debêntures e as doações e subvenções (texto abaixo).
Esta contabilização, para o ano de 2008, não será contabilizada em resultado, mas sim em Resultados de Exercícios Futuros. Propositalmente, a CVM emitiu esta norma até que se regulamente a receitas que, anterior a nova lei contábil, não eram tributadas.
Acredito que a Superintedência da Receita no Estado do Rio Grande do Sul se precipitou.
Um abraço,
Jomar
Eis o texto:
INSTRUÇÃO CVM Nº 469, DE 2 DE MAIO DE 2008 Dispõe sobre a aplicação da Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera as Instruções CVM n° 247, de 27 de março de 1996 e 331, de 4 de abril de 2000.
(...)
Saldos das Reservas de Capital Alteradas pela Lei nº 11.638, de 2007
Art. 3º Os prêmios recebidos na emissão de debêntures e as doações e subvenções, decorrentes de operações e eventos ocorridos a partir da vigência da Lei nº 11.638, de 2007, serão transitoriamente registrados em contas específicas de resultado de exercícios futuros, com divulgação do fato e dos valores envolvidos, em nota explicativa, até que a CVM edite norma específica sobre a matéria.
Parágrafo único. Os saldos das reservas de capital referentes a prêmios recebidos na emissão de debêntures e doações e subvenções para investimento, existentes no início do exercício social de 2008, poderão ser mantidos nessas respectivas contas até a sua total utilização, na forma prevista em lei.
Vale: nova aquisição?
Os rumores são fortes: a Vale do Rio Doce estaria preparando uma nova aquisição (aqui e aqui)
Os possíveis alvos: Freeport-McMoran Copper (FCX), Alcoa e Anglo American. Uma das análises cita o jornal Estado de S. Paulo, que informou que a empresa está preparando uma proposta de aquisição.
A Vale já fez 14 aquisições desde 2001, que inclui o takeover da Inco em 2006.
Os possíveis alvos: Freeport-McMoran Copper (FCX), Alcoa e Anglo American. Uma das análises cita o jornal Estado de S. Paulo, que informou que a empresa está preparando uma proposta de aquisição.
A Vale já fez 14 aquisições desde 2001, que inclui o takeover da Inco em 2006.
16 junho 2008
Rir é o melhor remédio
Baixo custo do álcool no Brasil
O Los Angeles Times (Human cost of Brazil's biofuels boom, Patrick J. McDonnell, 16/06/2008) explica a razão da competitividade do álcool brasileiro: o baixo custo da mão-de-obra.
E o segredo é as condições primitivas dos trabalhadores que cortam cana, que recebem um tratamento degradante (segundo termos da reportagem).
E o segredo é as condições primitivas dos trabalhadores que cortam cana, que recebem um tratamento degradante (segundo termos da reportagem).
Contabilidade pública e LDO
Mudança na LDO abre porta para superfaturamento de obras
Sérgio Gobetti - O Estado de São Paulo - 16/06/2008
A troca de apenas uma palavra - “unitários” por “globais” - no texto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) encaminhada recentemente pelo governo ao Congresso pode abrir a porta para o superfaturamento de obras públicas com recursos federais. Tradicionalmente, o texto da LDO dizia: “Os custos unitários de materiais e serviços de obras executadas com recursos do Orçamento...”. E agora a lei de 2009 diz: “Os custos globais de obras e serviços...” A mudança promovida pelos técnicos do governo permite que os órgãos da União contratem serviços e comprem materiais com preço unitário superior à média do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), desde que o custo global não seja mais alto do que aquele obtido pela mesma pesquisa de preços.
Trocando em miúdos, a proposta da LDO para 2009 possibilita que alguns itens de uma obra sejam orçados a preços mais elevados do que a média apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e isso seja compensado com custos mais baixos em outros itens.
Atualmente, essa forma de “compensação” não é permitida, porque a LDO veda “custos unitários” maiores do que a chamada mediana do Sinapi, o banco de dados da Caixa alimentado pelas pesquisas do IBGE.
Desde 2003 a legislação utiliza os preços do Sinapi como limite para os “custos unitários” das obras executadas com recursos federais. No primeiro ano em que a regra foi aplicada ainda houve uma margem de tolerância de 30% sobre esse limite, mas, nos últimos cinco anos, o teto tem sido aplicado de forma absoluta para cada item do projeto básico de uma obra, do cimento a peças mais complexas utilizadas nas construções.
(...) De acordo com parecer do Tribunal de Contas da União (TCU), obtido pelo Estado, a aprovação do projeto do governo facilitaria o denominado “jogo de planilhas” por parte das empreiteiras contratadas.
“Esse jogo consiste em adotar preços mais elevados para itens e serviços sujeitos a acréscimo de quantitativos no decorrer da obra e preços mais baixos para os itens sujeitos a decréscimos, o que acaba por frustrar o procedimento licitatório e promover o superfaturamento do empreendimento”, diz o texto do TCU.
O controle de custos globais, segundo os técnicos, não funciona porque às vezes as empreiteiras chegam a propor a exclusão ou a substituição dos itens do projeto que, propositalmente, tiveram seus preços fixados em patamar mais baixo. Como exemplo, é citado o caso do Aeroporto de Vitória, cujo projeto original previa a utilização de concreto convencional e recentemente foi alterado para estruturas pré-moldadas.
“As decisões que o Congresso recebe do TCU demonstram o absoluto descaso com que são executadas as obras públicas do País”, critica Kátia Abreu. No ano passado, 78 obras federais fiscalizadas pelo órgão apresentaram indícios de irregularidade grave (veja quadro). “De cada 400 obras analisadas por ano, 20% apresentam problema grave.” A polêmica sobre os custos das obras levou o Ministério do Planejamento a promover, na semana passada, uma reunião de conciliação entre a Caixa e a CGU. O gerente nacional de Engenharia da Caixa, Clóvis Marcelo Bueno, disse que o governo deverá propor um novo texto que mantém o controle dos custos unitários sobre os itens “mais significativos” do projeto.
“A Caixa tem hoje 35 mil operações ativas em 27 unidades da Federação, e controlamos a curva de custos a partir de 80% dos itens mais significativos”, diz Bueno. O controle exclusivamente por custos unitários “não agrega segurança, além de criar grandes obstáculos”, explica. “Posso ser impossibilitado de repassar recursos para a construção de um hospital por causa do preço de uma dobradiça de porta”, argumenta o engenheiro.
ESTRADAS
Os técnicos do TCU, no entanto, dizem que o risco de “jogo de planilhas” é mais acentuado em obras de estradas, que nem passam pelo sistema de controle da Caixa. Nesses casos, eles avaliam que todos os itens precisam ser monitorados e até mesmo o preço de referência do Sinapi oferece margem para superfaturamento, já que se trata de uma média do mercado. Essa conclusão é derivada de uma experiência prática: nas licitações com grande competitividade, os preços praticados ficam 20% abaixo do Sinapi.
Além disso, o projeto do governo também permite que, no caso de os itens do projeto não serem pesquisados pelo IBGE, haja a utilização de “tabelas de custo de órgãos oficiais locais” de confiabilidade duvidosa, em detrimento dos índices editados por órgãos federais. “Não podemos aceitar que o mesmo gestor que licita obras tenha a função de atualizar as tabelas de custo”, afirma Kátia Abreu.
Lei 11.638 e Tributação 2
Sobre a questão da nova lei contábil (Lei 11.638) e o impacto fiscal:
Ainda sobre esse assunto:
Receita espera estudo sobre nova lei contábil
Valor Econômico - 16/06/2008
Tem fundamento o temor de elevação da carga tributária das empresas decorrente da nova lei contábil. A Receita Federal acaba de orientar suas superintendências regionais a evitarem respostas às consultas sobre o tema enquanto não forem concluídos os estudos sobre a legislação que vai regulamentar as novas normas, o que deve ocorrer em pouco tempo. Em 30 de junho, encerra-se o prazo do grupo que recebeu essa tarefa na Receita. (...)
Há, no mínimo, outros quatro temas que podem impor às empresas maior carga tributária. São eles: os tratamentos do leasing e do ágio, o valor presente dos bens das companhias e a variação cambial sobre as controladas no exterior. A Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) garante que "vai às últimas conseqüências" para que seja honrado o acordo político que prometia neutralidade tributária para as novas normas contábeis. O vice-presidente da entidade, Alfried Plöger, afirmou ao Valor que isso "não será levado na maciota". A insegurança jurídica está instalada e a resposta da Superintendência Regional da Receita reforça os temores das empresas. (...)
O grupo de estudos da Receita começou seus trabalhos em fevereiro. Todos os principais atores envolvidos na questão serão ouvidos. Como exemplo, ela cita Banco Central (BC), Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Conselho Federal de Contabilidade e o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon).
Ainda sobre esse assunto:
O fiscal sempre prevaleceu sobre o contábil
Valor Econômico - 16/06/2008
Contadores, analistas, auditores e a Comissão de Valores Mobiliários esperaram mais de dez anos para levar o Brasil para o mundo globalizado das informações financeiras. Agora, correm o risco de ver o sonho da "harmonização" desaparecer num piscar de olhos.
Desde o anteprojeto de 1996 até a aprovação no fim do ano passado, a reforma da parte contábil da Lei das S.A. foi um trabalho árduo. Não faltaram rixas internas e lobbies no Congresso dos inimigos externos da nova lei, que mexe com assuntos sensíveis como a publicação dos balanços das companhias fechadas de grande porte. Mas tudo isso é irrelevante perto da ameaça tributária. A lei original, de 1976, tentou evitar a interferência da Receita sobre a contabilidade, criando registros auxiliares para fins de Imposto de Renda.
Não deu certo.Desta vez, criou-se um "livro de apuração do lucro contábil": a empresa faz um balanço pela legislação fiscal, que será entregue à Receita, e depois ajusta os números pela legislação societária.
Aparentemente, tudo foi combinado com os russos. Representantes do Fisco participaram das discussões do projeto e teria havido um "acordo de cavalheiros" para que prevalecesse os princípios da contabilidade - que garantem uma informação de melhor qualidade - sobre a conhecida sanha arrecadadora da Receita. No entanto, o histórico não é favorável e a nova lei corre sérios de riscos de seguir o mesmo caminho da velha.
O Brasil mudou muito desde 1976, e o país está muito mais exposto aos olhos de investidores estrangeiros para que esse atropelo contábil passe despercebido. Mas, por outro lado, talvez a Receita não tenha mudado o suficiente.
15 junho 2008
Ativos dos museus
A questão da contabilidade dos museus é interessante. Como considerar um quadro como ativo? Em 'Heritage assets' scheme could see Stonehenge appearing on the books, Jennifer Hughes (Financial Times, 14/06/2008, London Ed2, p. 04) informa que UK Accounting Standards Board - que é responsável pelas normas contábeis na Inglaterra para o terceiro setor, propôs regras para evidenciação dos ativos e seu potencial valor:
Previous attempts to make museums account more clearly for their holdings have met with fierce opposition and this week's proposal is, in fact, a rare second draft after parts of its predecessor drew criticism.
The ASB's argument centres around the fact that heritage assets, be they ancient artefacts or vintage cars, are just that - assets - which have an economic value to the institution that holds them and should therefore appear in the books, at least in the footnotes.
But museums and galleries claim that producing values for each of their holdings is a time-consuming and costly process and of little benefit to anyone.
The National Gallery, for example, last year reported balance sheet assets of just £318m, of which heritage assets made up £65m, courtesy of a change to the rules in 2001 that forced institutions to report acquisitions and disposals after that date.
Its footnotes, however, made clear its disapproval. "The collection . . . is inalienable, unique, irreplaceable, ancient, fragile and very valuable. It is truly 'priceless' in that it cannot be valued meaningfully," it added.
Accountants are divided on the issue. Most appreciate the theoretical value of putting assets clearly on the books but concede the practical difficulties in these cases.
"Does Stonehenge have a value? I bet Disney would buy it. But would that value really mean anything? Probably not," said Ken Wild, national director of accounting at Deloitte.
"There are those who say there's no point putting some things in when so much will still be off the books, but is it then right that none of it appears when it clearly has some economic value."
Museums have made much of the fact that it is hard to find a proper value and even where there are markets, such as for paintings, prices are still subjective.
"I'm not sure a numerical value really adds much unless you were planning to sell," said Steve Taylor, a valuation specialist at Ernst & Young.
"You could end up trying to use cash flow from gate receipts, or some other measure for something like the Rosetta Stone [a tablet that unlocked the meaning of Egyptian hieroglyphics]. But what if there was a terrorist attack on London and there were less tourists? Would reported values then fall?"
14 junho 2008
Links
1. SEC anuncia uma comissão para modernizar a contabilidade de empresas de petróleo e gás (SEC Staff Recommends Commission Action to Modernize Oil and Gas Reporting Requirements)
2. O Fasb anunciou planos para melhorar (o que não é muito difícil) o FAS 133, Accounting for Derivative Instruments and Hedging Activities, reduzindo as mais de 800 páginas de regras e orientações. Data proposta da nova regra: 2009
3. Dois bancos suíços encerram sua participação no caso Parmalat
4. Rede Globo manipula o som do jogo Coríntians e Sport para parecer que a torcida corintiana era maior aqui e aqui
2. O Fasb anunciou planos para melhorar (o que não é muito difícil) o FAS 133, Accounting for Derivative Instruments and Hedging Activities, reduzindo as mais de 800 páginas de regras e orientações. Data proposta da nova regra: 2009
3. Dois bancos suíços encerram sua participação no caso Parmalat
4. Rede Globo manipula o som do jogo Coríntians e Sport para parecer que a torcida corintiana era maior aqui e aqui
Inbev e Bud 3
Anheuser tem poucas opções para defender-se da oferta da InBev
David Kesmodel, Matthew Karnitschnig e Dana Cimilluca, The Wall Street Journal
The Wall Street Journal Americas - 13/06/2008
A Anheuser-Busch Cos. parece despreparada para enfrentar uma oferta indesejada, a de US$ 46,35 bilhões feita pela InBev NV, o que aumenta as chances de mais uma conhecida empresa americana ser digerida por uma empresa estrangeira.
Mas enquanto a cervejaria americana, que tem sede em St. Louis, recolhia-se ontem para estudar a oferta da InBev, da US$ 65 por ação, surgiu a informação de que ela iniciou negociações preliminares com a mexicana Grupo Modelo SA para uma união que pudesse ajudá-la a rechaçar a oferta, segundo pessoas a par do assunto.
A Anheuser já tem 50% da Modelo e se comprasse o resto provavelmente se tornaria uma empresa cara demais para a InBev.
(...) As opções da Anheuser para fugir à oferta da InBev são limitadas, dizem analistas. A melhor defesa da cervejaria pode ser fazer um acordo com a mexicana Grupo Modelo SA. A Anheuser já tem 50% da Modelo e se comprar o resto provavelmente se tornaria uma empresa cara demais para a InBev comprar.
(...) Não está claro que tipo de transação a Anheuser e a Modelo teriam discutido, e há enormes obstáculos a qualquer união. A Modelo teria de estar disposta a perder sua valorizada independência para permitir que a Anheuser mantivesse a dela. Ambas as empresas também teriam de deixar de lado anos de hostilidade e ressentimentos que surgiram ao longo de sua parceria, que remonta ao início dos anos 90.
(...) A InBev afirma que quer negociar amigavelmente com a Anheuser. Mas, se refutar essa abordagem, a Anheuser não parece bem posicionada para enfrentar uma oferta hostil. Para começar, os conselheiros dela são eleitos a cada ano, o que facilita para um comprador hostil removê-los. A Anheuser também não dispõe da chamada “pílula de veneno”, que muitas empresas usam para manter compradores indesejados ao largo.
A companhia poderia tentar usar sua influência política para organizar uma oposição, sob o argumento de que estrangeiros não deveriam poder adquirir a maior cervejaria americana. Embora haja poucos obstáculos legais para evitar que a Anheuser seja adquirida por estrangeiros, pessoas envolvidas no negócio dizem que pressão política poderia complicar a questão para alguns acionistas da Anheuser. Warren Buffett, segundo maior investidor da Anheuser, com 4,99%, é conhecido por não gostar de situações hostis.
Os alvos de ofertas hostis costumam buscar os tais cavaleiros brancos, ou um comprador amigável. Mas no caso da Anheuser a chegada de um parece improvável. Isso se deve em parte ao fato de as maiores cervejarias do mundo já terem se fundido recentemente. A Heineken NV, uma possível sócia para a Anheuser, acabou de fechar um acordo com a Carlsberg AS para comprar e dividir os ativos da gigante britânica Scottish & Newcastle PLC. A combinação da Anheuser com a Heineken também poderia ter questões antitruste nos EUA porque a Heineken tem uma presença significativa no mercado americano. A Heineken também poderia se opor a ter mais exposição a um mercado cervejeiro que cresce tão pouco quanto o dos EUA, dizem analistas.
Outro possível sócio numa aquisição, a gigante londrina de destilados Diageo PLC, é pouco provável que se interesse pela Anheuser, dizem analistas. A Diageo, apesar de vender a Guinness e outras cervejas, concentra-se principalmente no setor de destilados e está interessada em expandir-se em mercados emergentes.
Enquanto isso, a SABMiller PLC, de Londres, que é a maior cervejaria do mundo em volume, está no meio de uma fusão de sua unidade americana Miller Brewing com a da Molson Coors Brewing Co. Prevê-se que esse negócio seja concluído no fim deste mês.
“Não acho que haja nenhuma cervejaria por aí que seja um cavaleiro branco”, disse Carrie Schloss, um analista de ações da Talon Asset Management em Chicago, que detém ações da Anheuser.
Analistas disseram esperar que a Anheuser vá considerar a oferta da InBev baixa demais e recusá-la, o que poderia levar a InBev a tentar uma aquisição hostil. Analistas dizem que o preço pela Anheuser poderia subir até US$ 70 por ação, mas que um preço assim tão alto exigiria enormes cortes de custos na Anheuser que seriam difíceis de realizar sem prejudicar as marcas da cervejaria e sua fatia de mercado nos EUA.
Subsídio ao futebol

Kevin Zhou discute em Subsidized Soccer Stadium Proposal Deserves a Red Card a justiça/injustiça do subsídio a construção de um estádio de futebol. Construir um estádio com subsídio do governo, algo comum no Brasil, deveria analisado sob a ótica econômica, comparando se o uso do capital é mais produtivo do que em outras alternativas. Mas em geral o subsídio beneficia os dirigentes dos clubes (que no Brasil se apropriam da riqueza dos clubes – geralmente de forma ilícita) e os jogadores, além de uma pequena parcela de fãs.
Entretanto, já se sabe que esportes recebe uma cobertura desproporcional da imprensa, indicando que o público gosta de esportes (mas provavelmente não de contabilidade). Mas Zhou pergunta se é justo os outros contribuintes pagarem por isso.
Partida Dobrada
Um exemplo das partidas dobradas, onde uma operação entre duas entidades deve aparecer deve ter registro contábil em ambas:
Banrisul: me dê motivo
O Estado de São Paulo - Direto da fonte - Sonia Racy - 13/06/2008
Banrisul: me dê motivo
Yeda Crusius [governandora do Rio Grande do Sul] irritou tão profundamente acionistas minoritários do Banrisul que eles prometem agir. Em reunião do conselho de administração do banco, segunda-feira, votou-se por esperar mais dados do Tribunal de Contas do Estado para afastar ou punir diretores da instituição. O relatório de 97 páginas não foi considerado definitivo ou suficiente.
Não é o que acham os minoritários. Pelo que se vê no relatório obtido por esta coluna, há 13 irregularidades claramente especificadas pelo TCE gaúcho. Exemplo? Contratos com empresas cujos serviços não foram prestados, mas foram pagos pelo Banrisul. E pior. Na contabilidade das empresas prestadoras de serviços, não consta o... pagamento feito pelo banco gaúcho.
O Estado de São Paulo - Direto da fonte - Sonia Racy - 13/06/2008
13 junho 2008
Assinar:
Comentários (Atom)




