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17 fevereiro 2014

Abertura secreta



Uma nova modalidade de abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) tem atraído cada vez mais interesse nos Estados Unidos. Duas em cada três empresas que querem lançar ações estão optando pelo que vem sendo chamado em Wall Street de IPO "secreto" ou "confidencial", no qual a companhia não precisa divulgar informações ao mercado durante o processo. Os dados só têm que vir a público poucos dias antes da estreia na bolsa de valores.

Em 2013, cerca de 70% das empresas que lançaram ações usaram a regra de confidencialidade, segundo dados da Renaissance Capital, especializada no mercado de IPOs. Uma das empresas mais conhecidas foi o microblog Twitter, em novembro. A MGM Holdings, dona dos estúdios de cinema Metro-Goldwyn-Mayer, também usou a regra e novos exemplos não param de surgir.

No último dia 7, a fabricante de câmaras para esportes radicais GoPro anunciou seu IPO por esta modalidade. A imprensa dos EUA cita ainda outras companhias que podem lançar ações pela regra ou que já podem até estar com o processo em andamento, como o site de aluguel de quartos e apartamentos Airbnb e o Spotify, criado para ouvir música online.

Acesso. A regra que permite o IPO secreto faz parte do "Jumpstart Our Business Startups Act" (Jobs, na sigla em inglês), lei sancionada pelo presidente Barack Obama em 2012. Como o mercado de ações andou de lado nos Estados Unidos naquele ano, as empresas só começaram a utilizar a nova medida mais intensamente em meados de 2013.

O objetivo é facilitar o acesso ao mercado de capitais das chamadas "empresas de crescimento emergente". Companhias com faturamento de até US$ 1 bilhão por ano podem fazer o pedido de um IPO e passar as informações para a SEC (a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos) de forma confidencial.

As trocas de correspondência entre o órgão regulador e a empresa são mantidas em sigilo. Os números da companhia, incluindo o balanço, só precisam ir a público até 21 dias antes do início das apresentações para investidores (roadshows). Empresas estrangeiras interessadas em lançar ações nos EUA também podem usar a regra.

Proteção. A intenção dos reguladores norte-americanos é evitar uma situação comum no mercado de capitais. A empresa faz um pedido de IPO e divulga informações financeiras e operacionais ao mercado que podem ser importantes para seus concorrentes.

Mas, nos meses de preparação, o mercado pode ficar mais volátil ou os planos da empresa podem mudar e ela precisa desistir ou adiar sua oferta de ações. Nesse caso, a empresa segue de capital fechado, mas seus dados estarão disponíveis. Com a nova regra, esse risco se reduz. O Twitter, por exemplo, entrou com a documentação na SEC para sua abertura de capital em julho, mas o prospecto com os números da empresa só foi divulgado em outubro, pouco antes da precificação e da estreia na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse), dia 7 de novembro.

Segundo estudo do escritório Latham & Watkins, um dos que aconselharam o governo na formulação da regra, a nova lei mudou "aspectos significativos" dos IPOs de uma empresa de menor porte. Ela pode, por exemplo, testar o mercado sem divulgar informações sensíveis aos concorrentes. Em média, as empresas começam os roadshows 126 dias depois de terem entrado com o pedido confidencial de IPO. Os setores mais interessados, segundo o estudo, são o de tecnologia, serviços financeiros, saúde e imobiliário.


Fonte: Aqui

13 fevereiro 2012

Desvantagens da abertura do capital

A literatura tem a tendência de valorizar a abertura de capital das empresas. Mas e as desvantagens? No recente anúncio onde Itaú informar que irá fechar o capital da Redecard, o seu presidente afirmou que:

o objetivo da incorporação é "ganhar agilidade" nos processos operacionais e reduzir o "conflito de interesses" nas negociações entre o controlador Itaú e controlada Redecard.


Ganhar agilidade pode ser entendido como "não ter o acionista minoritário questionando o que eu faço".

02 dezembro 2011

OPA

O gráfico mostra o número de ofertas públicas de ações no mercado brasileiro nos últimos anos. Em 2009, quando a bolsa teve um bom desempenho, o número de oferta caiu em relação a 2008, ano de melhor desempenho no número de ofertas, mas de uma queda na bolsa. Já em 2011, quando da bolsa não teve um bom desempenho, o número aumentou. Nos últimos anos não parece existir uma relação entre o desempenho da bolsa e a disposição das empresas em fazer ofertas de ações. 

21 setembro 2011

Normas de captação para empresas fechadas

SEC reavalia normas para captação de empresa fechada
Valor Econômico
Por Alexandra Alper Reuters, de Washington

A Securities and Exchange Commission (SEC), o principal órgão regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos, instaurou um comitê assessor para empresas de crescimento acelerado e fundos de compras de participações em empresas iniciantes de alto potencial de crescimento, num momento em que reavalia se precisará atualizar as normas que regulamentam a maneira pela qual as companhias fechadas podem recorrer ao público investidor.

O órgão regulador americano informou que está examinando suas normas sobre emissão de ações para empresas fechadas a fim de verificar se elas continuam relevantes diante das novas características do mercado.

A questão ganhou destaque recentemente, num instante em que os bancos e as bolsas eletrônicas de Wall Street passaram a oferecer aos investidores a oportunidade de comprar e negociar intensivamente participações em empresas de internet de grande sucesso, como o Facebook e o Twitter, antes de elas abrirem seu capital.

Os parlamentares também levantaram preocupações sobre se as restrições da SEC às empresas fechadas prejudicam a inovação e as contratações.

A SEC disse na terça-feira que o recém-criado comitê vai assessorar a agência em questões como captação de recursos, transações com papéis de companhias de crescimento acelerado e a divulgação pública de resultados dessas empresas. "Nossos mercados de capitais são uma fonte decisiva de financiamento para as empresas emergentes e as empresas negociadas em bolsa de menor porte", disse a presidente da SEC, Mary Schapiro, em comunicado. "Um elemento fundamental da missão da nossa agência é facilitar a formação de capital e, ao mesmo tempo, proteger os investidores."

O grupo especial da SEC será composto de representantes do setor privado, como Karyn Smith, vice-chefe do departamento jurídico da Zynga, fabricante de jogos eletrônicos para o Facebook com sede na Califórnia, que defende energicamente o financiamento em massa.

As empresas de capital fechado estão limitadas pela norma dos 500 acionistas, que determina que, quando uma companhia tem esse número de acionistas - e pelo menos US$ 10 milhões em ativos -, precisa divulgar as mesmas demonstrações de resultados financeiros que uma empresa aberta.

Mas há maneiras legalmente aceitáveis de contornar essas determinações. O Goldman Sachs lançou mão de veículos para fins específicos (SPVs, na sigla em inglês) para atrair novos clientes e evitar o limite de 500 a fim de possibilitar que os investidores aplicassem no Facebook, que ainda é uma empresa de capital fechado.

Bolsas privadas on-line, como a Second Market, também permitem que os investidores comprem e negociem participações em empresas como Groupon e Zynga antes de elas abrirem o capital.

Opositores dizem que essas estruturas de mercado prejudicam os investidores de varejo, que não atendem às altas exigências de renda anual ou de patrimônio líquido para participar das bolsas on-line.

E os investidores em compras de participações em empresas iniciantes, com alto potencial de crescimento - que normalmente lucram quando as companhias em que investiram abrem o capital - podem ser prejudicados pelo adiamento das ofertas públicas iniciais de ações, enquanto todos os investidores ficam mais vulneráveis a fraudes, alegam eles.

Outros participantes do mercado tendem mais a apoiar estratégias que dão às empresas privadas maior acesso ao capital sem obrigá-las a requerer uma oferta inicial de ações na SEC.

Sherwood Neiss, do Startup Exemption, diz que o financiamento em massa, a partir de compras de participações, tem capacidade para criar um total líquido de 1,5 milhão de novos postos de trabalho nos próximos cinco anos.

14 setembro 2011

Manchester United abre o capital

O Manchester United planeja conseguir até dois terços do U$ 1 bilhão planejado na sua oferta pública inicial em Cingapura por meio da venda de ações preferenciais - sem direito a voto. Com isso, o clube de futebol manteria até 88% do capital votante nas mãos da família Glazer, sua proprietária americana. 


Os planos em elaboração para a abertura do capital do clube são de que a Premier League inglesa venda um terço do patrimônio do clube - que está avaliado em cerca de US $ 3 bilhões -, sendo 12% na forma de ações ordinárias, parcela mínima de ações com direito a voto em circulação no mercado exigida pela Bolsa de Cingapura.

 Fonte: aqui. Foto, aqui

14 junho 2011

IPO






O gráfico acima mostra as taxas cobradas nos lançamentos de ações nos Estados Unidos (ponto preenchido) e Europa (ponto vazio. É possível perceber que os valores cobrados nos Estados Unidos aproximam-se de 7% do valor da operação. Já na Europa os valores variam num intervalo entre 2 a 6% (embora existam algumas poucas operações fora deste intervalo).

Um cálculo feito por Salmon (The US IPO Cartel) estima que se as IPOs nos Estados Unidos fossem realizadas com as taxas européias isto representaria uma economia de 1 bilhão de dólar por ano.

20 dezembro 2009

IPOs em 2009


No gráfico as bolsas com maiores IPOs. São Paulo (somando Novo Mercado) em quarto lugar. A surpresa de Hong Kong em primeiro.

28 outubro 2009

Resultado da Vale

Dúvidas sobre o lucro da Vale
Renata Batista - Brasil Econômico - 27/10/09

Balanço trimestral deve confirmar alta nas exportações, mas analistas divergem sobre o resultado líquido.

Depois da queda de braço com o governo federal por investimentos, a Vale divulga amanhã seu resultado do terceiro trimestre em meio a incertezas sobre o novo patamar de preço do minério de ferro e o impacto da apreciação do real diante do dólar.

A empresa, que desde o início da crise goza da boa vontade dos analistas, precisa mostrar agora se está de fato conseguindo ampliar o volume comercializado.

Se não resolve as dúvidas sobre a geração de caixa e o lucro, uma melhora significativa no volume embarcado pode confirmar a recuperação do mercado mundial.

"Esse será o trimestre mais forte do ano, provavelmente confirmando a recuperação do mercado da China, com venda de minério de ferro mais forte e o resultado da Vale também. Mas o nível ainda estará muito longe do que era antes da crise", afirma Patrick Corrêa, analista da Máxima.

Para Luís Felipe Magon, da BNY Mellon Arx, asset management do grupo BNY Mellon, o volume pode surpreender, passando das 54 milhões de toneladas embarcadas no segundo semestre para 65 milhões de toneladas.

A dúvida é qual o impacto sobre o resultado, já que não há clareza sobre os preços praticados nem sobre os custos envolvidos.

Corrêa, Magon e quase todos os analistas que acompanham a Vale temem o impacto de outros fatores sobre o resultado.

Caso do segundo trimestre, com os custos logísticos e a alta do real. O real continuou subindo, de R$ 2,50 para cerca de R$ 1,90 no fim de setembro.

"O frete internacional pode até diminuir com o câmbio, mas quase todos os custos da Vale são em reais. Ela depende de volume para diluir esse impacto", diz William Castro Alves, da XP Investimentos.

Não à toa, a projeção de lucro por ação da Vale chega a variar de R$ 0,40 a R$ 0,60 de uma instituição para outra. Mesmo as projeções de um único analista registram intervalos de até R$ 1 bilhão na expectativa de lucro total, que deve ficar abaixo de R$ 3 bilhões.

Para a margem Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações), as previsões superam os R$ 4 bilhões, bem abaixo dos R$ 11 bilhões verificados no período de 2008.

Embora ainda busquem respostas definitivas sobre o futuro do sistema de precificação por benchmark adotado pela empresa, os analistas enxergam sinais de melhora nos embarques para a Europa, mercado que praticamente parou depois da crise, obrigando a Vale a arcar com elevados custos de frete internacional para ampliar sua base de clientes na Ásia.

24 junho 2008

Caso Agrenco: responsabilidade de quem?

(...) O único especialista que acompanha a empresa é Luiz Otávio Campos, do Credit Suisse. Em relatório de 15 de maio, o analista recomendou a compra das ações da Agrenco e atribuiu preço-alvo de R$ 19,00. Mesmo depois do noticiário do final de semana, Campos não publicou nenhuma alteração em suas análises. O Credit Suisse coordenou a abertura de capital da empresa, em outubro. Além disso, é acionista do negócio, com uma fatia de quase 7%. Por fim, cerca de 40% dos R$ 666 milhões captados na oferta de ações foram usados para pagar empréstimo feito pelo banco à Agrenco, antes da listagem na bolsa. A instituição não foi a única a assinar a abertura de capital da companhia. Os escritórios Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados e Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados produziram o material da oferta. A KPMG é auditora dos números do balanço da empresa. Além de ter a estréia na bolsa chancelada por instituições renomadas, a companhia conta com José Guimarães Monforte, ex-presidente do conselho do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) como membro independente do conselho de administração da companhia. Foi eleito em agosto de 2007. Diretor comercial irá acumular cargos vagos - Valor Econômico 24/06/2008 - (Colaborou Nelson Niero)

Agrenco: teste do mercado?

(...) Entre as acusações sobre os envolvidos no esquema investigado estão sonegação fiscal, remessa ilegal de dinheiro ao exterior, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, falsidade ideológica e corrupção ativa e passiva."O problema é que se trata de um cardápio de acusações muito ruim para o mercado", afirma Edison Garcia, superintendente da Associação de Investidores do Mercado de Capitais. Ele acredita que o caso pode gerar cautela adicional por parte dos aplicadores. Além disso, pode afastar investidores que pensavam em colocar dinheiro na bolsa. "O caso terá que ser averiguado em profundidade e, para isso, terão de ser usados todos os procedimentos de regulação e auto-regulação. Que se façam as punições necessárias."

João Batista Fraga, superintendente de relações com empresas da Bovespa, também admite que o impacto para o mercado de capitais brasileiro é negativo. "Acusações desse tipo sempre têm reflexo ruim. Não há como ser diferente."

(...) Até então, a desvalorização era fruto dos problemas de liquidez financeira da companhia. Ao final de março, a empresa tinha dívida de R$ 1,2 bilhão, dos quais mais de 80% venciam em doze meses. Para honrar esses compromissos, contava com um caixa de R$ 52,5 milhões. Para tentar aliviar as dificuldades, planejava uma possível nova emissão de ações, da qual poderia obter cerca de R$ 110 milhões - antes do tombo da sexta-feira.A companhia já estava entre as piores histórias de abertura de capital. O fato de ter sido assessorada por instituições com larga experiência no processo de abertura de capital não impediu que decepcionasse logo na estréia. No primeiro dia, os recibos de ações (BDRs) da companhia caíram 14,23%. Atuaram na coordenação da Agrenco na bolsa o banco Credit Suisse, os escritórios Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados e Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados.

(...) É, porém, de amplo conhecimento que os bancos e escritórios de advocacia também estimularam essa expansão. Bateram na porta de companhias e ofereceram a abertura de capital como um produto: promessa de crescimento e liquidez para parte do patrimônio dos controladores.

No auge das estréias na Bovespa, os investidores começaram a criticar alguns modelos usados pelas novatas. Um dos mecanismos alvo dessas críticas foram os empréstimos fornecidos às empresas pelos bancos que coordenavam as emissões de ações. A Agrenco está justamente entre as companhias que vieram à mercado com essa estrutura. De acordo com o prospecto da oferta de ações, 67,5% da captação na bolsa foi usada para pagar empréstimos e 24,5% para abastecer a empresa de capital de giro - o que já indicava a fragilidade financeira. Dos R$ 425,5 milhões dedicados a honrar as dívidas, mais da metade foi destinado ao Credit Suisse, coordenador da abertura de capital, principal credor da companhia.

(...) Ao iniciar as conversas preliminares sobre a estréia na bolsa, a faixa de preço pensada era de R$ 16 a R$ 21 por ação. Quando efetivamente foi lançada a oferta, esse intervalo foi reduzido para R$ 13 a R$ 17. Mas os BDRs foram vendidos a R$ 10,40. Na sexta-feira, os papéis da Agrenco estavam cotados a R$ 1,25, quando veio a suspensão das transações. (...) (Colaborou Célia de Gouvêa Franco, de São Paulo)

Escândalo da Agrenco testará mercado
23/06/2008
Valor Econômico

Escândalo da Agrenco

O grupo Agrenco, que abriu seu capital em outubro do ano passado, teve seus principais executivos presos na operação Influenza da Polícia Federal (Executivos de megaexportadora de soja estão entre os presos, Patrícia Cançado , O Estado de São Paulo, 21/06/2008) .

As acusações são de estelionato, formação de quadrilha, falsidade ideológica, uso de documentos falsos e lavagem de ativos.

A partir da constatação de que a empresa recolhia ISS em Itajaí, apesar de não operar no porto de Santa Catarina, chamou a atenção e iniciou as investigações.

Num dos golpes, há indícios de que os três sócios da Agrenco simularam compra de grãos desse produtor e pegaram nota fiscal inidônea. “Em vez de pagar a fatura para o produtor, o dinheiro era dado a um laranja, que distribuía os lucros para todos. O laranja, por acaso, é parente do produtor. Ele recebeu algumas dezenas de milhares de dólares para emprestar a conta bancária”, explica o delegado, que pediu anonimato.
Segundo informações do último balanço financeiro da companhia, a Agrenco é responsável por quase 15% da soja exportada pelo Brasil. Caso as investigações comprovem as operações fictícias, apenas uma parte desse volume realmente foi comprada e vendida.
Os sócios também são acusados de trazer dinheiro de suas contas particulares no exterior para o Brasil por meio de contratos fictícios de prestação de serviços de consultoria. Segundo a PF, as empresas eram criadas para esse fim e desfeitas após a distribuição do dinheiro.( Executivos de megaexportadora de soja estão entre os presos, Patrícia Cançado , O Estado de São Paulo, 21/06/2008)



Conforme normas brasileiras, a empresa Agrenco, que é uma empresa com ações na Bovespa, foi considerada vítima pois os três sócios estariam lesando os outros acionistas.

A conseqüência é que no dia anterior o preço das ações caiu quase 50%, o que determinou a suspensão das negociações.

Para manter a saúde aparente da empresa, os sócios teriam forjado documentos, segundo investigação da PF. No começo do ano, a KPMG, responsável pela auditoria da Agrenco, identificou cerca de 60 irregularidades no balanço, que depois teriam sido sanadas, afirma a polícia. Em 2007, o grupo faturou R$ 3,4 bilhões e teve um prejuízo de R$ 123 milhões. Sua dívida supera R$ 1 bilhão.
A contabilidade da Agrenco é naturalmente complexa. O grupo, criado há 16 anos na França por Iafelice, é formado pela Agrenco do Brasil S.A.; pela Terlogs, que opera o Terminal Marítimo de São Francisco do Sul; por empresas de distribuição na Itália, Reino Unido, Cingapura e Ilha da Madeira, em Portugal; pela Agrenco Argentina; pela Agrenco Shipping and Chartering, do ramo de fretes marítimos; pela Finacom (com sede em Malta), de serviços financeiros. Na Noruega, possui ainda 40% do capital da Danofa, uma das principais processadoras e distribuidoras de soja do norte europeu. ( Executivos de megaexportadora de soja estão entre os presos, Patrícia Cançado , O Estado de São Paulo, 21/06/2008)


Em outro texto (PF prende 24 por crime financeiro, Júlio Castro, 21/06/2008, O Estado de São Paulo) a imprensa detalha mais os problemas da empresa:

Segundo a PF, a organização fazia operações cambiais ilegais, ocultava bens, rendas e movimentações financeiras com a participação de “laranjas”, além de operações comerciais simuladas com o uso de documentos falsos e fraudes em licitações. Há indícios de que a quadrilha corrompia servidores públicos de todas as esferas e níveis para alcançar seus objetivos, notadamente nos portos das cidades catarinenses de São Francisco do Sul e de Itajaí.
A PF apurou a existência de fortes indícios de fraudes em licitações promovidas pelo Porto de Itajaí/SC, como ajuste prévio de vencedora, afastamento irregular das demais concorrentes e superfaturamento dos serviços contratados. Além disso, os presos articulavam-se para praticar crimes contra o mercado acionário, ou seja, adquiriam papéis da empresa Agrenco SA, visando ao lucro indevido. A empresa exporta e importa grãos. As penas previstas para os crimes ultrapassam 50 anos de prisão, além de multas.


Como todo bom escândalo, na véspera a negociação dos papeis da empresa foi anormal:

Segundo um analista, a companhia é alvo de desconfiança há alguns dias. O volume médio de negociações, sempre abaixo de R$1 milhão, chegou a R$13 milhões na segunda-feira. A Bovespa pediu esclarecimentos, e a empresa alegou que a oscilação se deveria à convocação de uma assembléia, em 11 de julho, para discutir a emissão de 25 mil novas ações. No mesmo dia, a produtora de equipamentos Hunter do Brasil pediu a falência de uma subsidiária da Agrenco.
(...) O banco Credit Suisse tem participação de 6,89%. Ontem, no Brasil, ele foi o que mais vendeu ações, num total de R$3,2 milhões.
No ano passado, o banco emprestou US$120 milhões à empresa. Em troca, coordenou o lançamento das ações na Bolsa, quando foram captados R$670 milhões. Na época, recebeu US$10 milhões em dinheiro, além de US$30 milhões em comissão. Além disso, ficou com uma participação acionária na empresa.


(PF prende 24 pessoas por lavagem de dinheiro em SP e Santa Catarina, 21/06/2008, O Globo, p. 34, Adriana Baldissarelli*e Juliana Rangel)

(Veja também a reportagem no Wall Street Journal que mostra a participação do Credit Suisse (aqui)

Abertura de capital no Brasil e o lado perverso

O texto abaixo é de 20 de junho de 2008 e foi publicado no Wall Street Journal Americas. Fala das ofertas públicas no mercado acionário e a decepção com os preços após a oferta inicial.


Febre de aberturas de capital no Brasil tem um lado perverso
Antonio Regalado, The Wall Street Journal, de São Paulo
20 June 2008
The Wall Street Journal Americas

(...) Dois terços dessas companhias têm ações negociadas agora abaixo do preço da oferta pública. E alguns investidores reclamam dos bancos, dizendo que eles adotaram uma abordagem de Velho Oeste, faturando com o frenesi por mercados emergentes ao apressar as ofertas públicas iniciais de companhias que não estavam preparadas para isso. Ao mesmo tempo, dizem os investidores, os bancos adotaram práticas questionáveis, como fazer grandes empréstimos a algumas empresas antes da abertura de capital delas e então receber remunerações extras no dia em que elas chegam ao pregão.
(...) Mesmo nos mercados mais maduros, as ofertas públicas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) sempre foram apostas de risco — afinal, as companhias que captam recursos no mercado aberto pela primeira vez tendem a ser pequenas e com pouca experiência. Tradicionalmente, os investidores eram duplamente cautelosos com operações desse tipo nos mais voláteis mercados emergentes. Como a tolerância dos investidores para risco aumentou nos últimos anos, mais deles estavam dispostos a mergulhar no mundo especialmente arriscado das aberturas de capital de mercados emergentes. Esses países representaram 44% de todo o capital levantado mundialmente com emissões iniciais no ano passado, segundo a firma de pesquisa Dealogic.

Agora, alguns investidores estão lamentando sua ousadia. Mais de 60% das novas ações de 2007 na Índia valem menos do que no dia em que estrearam nas bolsas. Na China, uma das poucas economias emergentes onde ainda há novas emissões, a autoridade do mercado está receosa que investidores pessoa física estejam sendo prejudicados por terem acesso limitado às ações até que elas já tenham subido. O governo começou recentemente a observar as aberturas de capital mais atentamente, estabelecendo inclusive novas regras para apertar a fiscalização sobre bancos. Empresas que recebem uma grande injeção de recursos agora têm de esperar um ano antes de abrir o capital.

(...) As dificuldades que o mercado brasileiro confrontam mostram como um ambiente regulamentar menos rigoroso pode ter ajudado a alimentar a febre. No ano passado, cerca de uma em cada nove companhias que abriram o capital no Brasil o fizeram depois de receber grandes empréstimos dos subscritores que coordenaram suas ofertas públicas. Os empréstimos foram usados para preparar as empresas rapidamente para uma emissão de ações, em alguns casos com a compra de novos ativos. Em troca dos empréstimos, os coordenadores líderes receberam remunerações extras depois da oferta inicial, seja na forma de dinheiro ou de opções de ações.

Esses empréstimos têm o potencial de criar enormes conflitos de interesse. O papel de um subscritor (normalmente um banco) é agir como um intermediário, assessorando uma empresa para definir o preço da oferta e reunindo investidores para a compra dessas ações. Ele então embolsa uma pequena comissão para cada ação que vende. Mas quando um banco tem um interesse maior do que o normal no resultado da oferta — como um grande empréstimo que quer recuperar ou a promessa de ações — especialistas dizem que ele pode definir preços muito altos ou apressar a operação de uma empresa despreparada.

Os bancos “pegaram empresas sem credenciais e lhes deram as credenciais”, diz Octavio Castello Branco, sócio responsável pela assessoria corporativa da gestora Pátria Investimentos.




A partir daqui o texto usa o caso da Agrenco para exemplificar a situação das IPOs no Brasil:

Veja-se o caso da Agrenco LTD., uma empresa de commodities agrícolas cuja ação caiu 78% desde a abertura de capital, em outubro. O Credit Suisse, que é o líder em subscrições de ofertas públicas iniciais no Brasil, levou a Agrenco ao mercado numa transação de R$ 666 milhões. O banco conseguiu investidores e fixou o preço da oferta a R$ 10,40 por ação.

Oito meses antes da operação, o Credit Suisse emprestou à empresa, que já estava bastante endividada, US$ 120 milhões para a construção de duas fábricas esmagadoras de soja e uma unidade de biodiesel, que foram os principais ativos alardeados depois aos investidores.

Em troca do empréstimo, a Agrenco concordou em pagar ao Credit Suisse um bônus em dinheiro de US$ 11,5 milhões e 6,9% de suas ações, caso tivesse uma abertura de capital bem-sucedida. No dia da estréia na bolsa, essas ações acabaram valendo R$ 110 milhões. (O Credit Suisse ainda não vendeu suas ações, que valeriam cerca de R$ 27 milhões hoje.) Além disso, a Agrenco pagou ao banco R$ 30 milhões em comissões de subscrição. Entre a liquidação do empréstimo original, bônus e comissões, a conta da Agrenco chegou a quase 60% do dinheiro que captou na oferta.

“Foi sem dúvida bem caro”, diz o diretor de relações com os investidores da Agrenco, Marco Antônio de Modesti.

Os investidores, por sua vez, ficaram com ações de uma empresa que não cumpriu as expectativas. Mesmo com o salto nos preços dos grãos, o lucro da Agrenco em 2007 ficou em R$ 43 milhões, 50% abaixo do que havia sido prometido. A companhia argumenta que perdeu dinheiro com a disparada do preço do milho, entre outras causas.

O Credit Suisse afirma que em seu papel como financiador e coordenador líder da oferta, não é responsável pelo fraco desempenho da Agrenco. O banco argumenta que, se a Agrenco tivesse esperado para obter um empréstimo mais barato do governo, não teria sido capaz de crescer na mesma velocidade.

Antonio Quintella, presidente do Credit Suisse no Brasil, disse num email que, em transações nas quais o banco emprestou dinheiro a empresas cuja abertura de capital depois coordenou, “os clientes queriam assessoria, financiamento e acesso aos mercados de capitais, todas áreas nas quais somos fortes, e portanto tínhamos a oportunidade de satisfazer todas as necessidades deles em várias frentes”.


A seguir o texto faz um relato de como é a situação nos Estados Unidos:

Nos Estados Unidos, uma série de regras limita a capacidade de um banco de fazer um grande empréstimo a uma empresa e depois subscrever a oferta pública inicial desta. Por exemplo, se uma companhia usa mais de 10% do dinheiro que capta com a venda de ações para pagar um empréstimo a seu subscritor, um subscritor independente tem de ser trazido à mesa para determinar se o preço da oferta foi definido corretamente.

Os bancos de investimento nos EUA tampouco podem cobrar comissões de mais de 9% do valor total de uma oferta. Isso inclui comissões de subscrição, prêmios em ações e quaisquer outras remunerações especiais relacionadas a um empréstimo recente.
Essa supervisão independente da definição do preço de uma oferta não é exigida no Brasil, nem há limites para os bancos. Autoridades de mercado dizem que o único requerimento é que os prospectos ofereçam a informação completa sobre empréstimos e pagamentos especiais.



A questão, para o Journal, diz respeito aos empréstimos captados antes da abertura de capital:

No Brasil, empresas que receberam grandes empréstimos antes da abertura de capital tiveram desempenho bem inferior ao de outras ações em ofertas iniciais. Essas ações caíram cerca de 52%, em média, desde seu lançamento.

O UBS, que concorre ferozmente com o Credit Suisse no país, também fez empréstimos para os controladores de empresas que depois levou ao mercado aberto, como o Banco Cruzeiro do Sul. A instituição tinha um patrimônio líquido de R$ 287 milhões antes de estrear na bolsa. Mais de metade daquilo — R$ 150 milhões — vinham de um empréstimo do UBS apenas três meses antes, segundo o prospecto da oferta. A ação do Cruzeiro do Sul caiu 51% desde a emissão, em junho.

O UBS se negou a responder a questões sobre ofertas específicas. Numa declaração por email, informou: “O UBS oferece uma ampla gama de produtos e serviços de assessoramento a nossos clientes. Nosso objetivo principal é determinar soluções mais apropriadas às necessidades dos clientes.”

Fausto Guimarãos, diretor de relações com os investidores do Banco Cruzeiro do Sul, diz que o empréstimo do UBS “teve o efeito de preparar o banco para a abertura de capital e aumentar seu tamanho”. Guimarães diz que a operação foi bem e que até agora os resultados do banco estão “de acordo com as projeções antes da oferta pública”. Ele atribuiu a culpa pelo declínio na ação do banco a uma retração geral do mercado causada pela crise do “subprime” americano.
(Colaboraram James T. Areddy e Romit Guha)

04 abril 2008

Emissão de ações

Gasto com oferta de ações deixará de afetar balanço
Graziella Valenti
03/04/2008

As despesas que as empresas têm com emissão de ações e outros títulos mobiliários deixarão de impactar seus resultados. Até hoje, os gastos com essas operações são tratados como despesas. Porém, as normas a serem emitidas pelas Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por conta da nova lei contábil, a 11.638, modificarão essa prática.

Com isso, as companhias que abrirem capital ou se capitalizarem via ações - ou com outros títulos - não precisarão mais confundir o investidor com a publicação de dois lucros. É comum o balanço do primeiro ano como empresa aberta das novatas vir com ajustes. Trata-se da exclusão das despesas com o lançamento das ações na Bovespa do desempenho operacional do negócio. Em 2007, 67 empresas listaram papéis na bolsa. Portanto, foram 67 balanços com asteriscos, notas explicativas adicionais e ajustes.

Após a norma, os gastos com ofertas de ações serão apenas subtraídos do aumento de capital que a operação gerar e não mais transitarão pela demonstração de resultado. Trata-se dos pagamentos para os bancos e advogados que trabalham para estruturar e concretizar as operações no mercado de capitais. A partir da nova norma, essa contabilização deixará de ocorrer. A mudança faz parte da nova realidade contábil brasileira, que caminha para o padrão internacionais IFRS, desde a aprovação da legislação, em dezembro.

Pelo cronograma criado recentemente pela CVM junto com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), este é um dos próximos temas a serem normatizados. A consulta pública sobre o assunto está prevista para o mês de junho. "A questão será regulada junto com o prêmio sobre debêntures", disse Ariovaldo dos Santos, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi).

O caso da PDG Realty é emblemático para demonstrar o tamanho do impacto. A companhia recorreu à Bovespa duas vezes em 2007. Inaugurou as estréias do Novo Mercado do ano passado com uma captação de R$ 432 milhões e uma oferta secundária de R$ 216 milhões. Em outubro, a empresa voltou a emitir ações, obtendo R$ 575 milhões. O resultado de 2007, portanto, sofreu com o custo de duas operações.

O efeito dos gastos com as captações foi significativo. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (lajida) da PDG no ano passado foi de R$ 161,1 milhões, mas a contabilização das despesas com as operações em bolsa reduz esse valor a R$ 53,1 milhões. Já o lucro líquido acumulado em 2007 cai de R$ 129,5 milhões para R$ 42,8 milhões, nessa mesma comparação.

"O objetivo com a mudança de regra é que o atual acionista da empresa não seja penalizado pela decisão da companhia de se capitalizar", enfatiza Eliseu Martins, também professor da Fipecafi e vice-coordenador técnico do CPC, referindo-se aos dividendos, que são distribuídos aos investidores com base no lucro do negócio.

Na administradora de shoppings centers BR Malls, que também realizou duas captações na Bovespa em 2007, além de diversas aquisições, o efeito dessas operações reduziu o lajida em quase R$ 15 milhões, de R$ 140,5 milhões para R$ 125,2 milhões. Já para a companhia de educação Kroton, a abertura de capital custou R$ 7,3 milhões, o que diminuiu o indicador de lucro da atividade de R$ 29,1 milhões para R$ 21,8 milhões, após uma colocação de R$ 479 milhões numa oferta mista - primária e secundária. Quanto menor a empresa, maior o efeito causado sobre a rentabilidade do negócio.

Quando se tratar apenas de oferta secundária (venda de ações dos sócios), a companhia não deverá ter nenhum efeito no resultado ou no caixa. "Nesse caso, se passar pelo balanço é fraude. Mesmo na regra de hoje não deveria estar lá", enfatiza Martins. O argumento do professor deve-se ao fato de a oferta secundária de ações não agregar novo recurso à empresa. Normalmente, é uma operação realizada pelo interesse do acionista, pois é ele quem recebe o dinheiro pela venda dos papéis.


Valor Econômico
Enviado por Ricardo Viana

23 outubro 2007

Leilão e capital aberto

Vencedor de leilão no rio Madeira terá de manter capital aberto
Valor Econômico - 23/10/2007

A sociedade montada após o leilão da usina Santo Antônio, primeira das duas hidrelétricas do rio Madeira, deverá fazer uma oferta pública de ações e manter capital aberto. Também precisará seguir regras de governança corporativa que restringem o poder de construtoras e fornecedores de equipamentos nas decisões societárias. Essas determinações estão em portaria do Ministério de Minas e Energia com as diretrizes finais para o edital de licitação da usina. (...)

11 outubro 2007

Abertura de capital

Regras mais rigorosas para abrir capital
ANA PAULA CARDOSO
Jornal do Commércio do Rio de Janeiro - 11/10/07

A revisão da instrução 202 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) – que dispõe sobre o registro de companhia para negociações de seus valores mobiliários em Bolsa de Valores ou no mercado de balcão – está na pauta de prioridades da atual presidente da Autarquia, Maria Helena Santana. De acordo com Maria Helena, as normas poderiam ser um pouco mais rígidas. “Trata-se de uma regulamentação um pouco antiga, que precisa ser atualizada”, disse ontem em entrevista coletiva á imprensa no Rio de Janeiro.

Para a presidente da CVM, uma amostra da direção pela qual a instrução 202 pode ser atualizada é o conteúdo do prospecto que está na instrução 400. Na parte das informações, o emissor é obrigado a prestar mais informações na hora de a oferta pública de valores mobiliários do que àquelas relativas à oferta em si. ”As informações obrigatórias pela instrução 400 são relativas ao próprio emissor e à atividade da empresa. Há na instrução 400 muito mais detalhes do que aquelas que hoje são exigidas pela instrução 202”, completou Maria Helena. (...)

03 outubro 2007

Abertura do Capital

Vale a pena abrir o capital?
Gazeta Mercantil - 03/10/2007

(...) A primeira coisa para se ter em mente antes de cogitar a abertura de capital é que o custo de capital próprio é mais caro que o de dívida. Uma companhia que não possui dívidas dificilmente está fazendo a melhor opção ao procurar o mercado.

Naturalmente, existe um limite para a alavancagem de uma companhia e se a necessidade de capital for muito grande em relação ao tamanho da própria companhia, aí sim, seria importante buscar a abertura de capital. (...)

É praticamente desnecessário dizer, mas, se vai ser feita uma captação de recursos, é preciso ter um plano para utilizar esse dinheiro, ponto que tem sido cada vez mais crítico para os investidores porque muitas empresas que fizeram a operação de abertura de capital continuam com o dinheiro captado em caixa.

Outro ponto relevante para uma companhia pensando em abrir o capital é que suas contas terão que ser aprovadas em auditoria. Claro que isso envolve uma questão de processos e rotinas contábeis, mas isso é relativamente simples de resolver - apesar de consumir bastante tempo e trabalho.

Por outro lado, isso quer dizer que a empresa não poderá mais manter "esqueletos no armário" de qualquer tipo, o que é um grande problema para determinadas companhias médias. Desse modo, todo faturamento da empresa deverá ser devidamente contabilizado, todos os impostos deverão ser pagos religiosamente e não poderá haver pendências trabalhistas ou jurídicas relevantes. Para determinados setores que operam fortemente embasados em caixa dois e evasão fiscal, corrigir esses pontos seria o fim de suas operações ou, no mínimo, uma redução drástica de sua rentabilidade. De um modo ou de outro, essas questões podem inviabilizar ou pelo menos atrasar a operação.

(...) Uma vez aberta, a companhia não é mais uma companhia pertencente ao sócio controlador. Como o próprio nome sugere, ele pode continuar a ser o controlador, até pelo seu expertise, mas não é mais o único dono, ele passa a ter sócios. Uma vez que você tem sócios, não se pode mais administrar a companhia como se fosse uma extensão de sua casa.

Isso quer dizer que decisões de gestão que antes eram tomadas individualmente segundo a lógica do controlador, agora precisam ser submetidas ao escrutínio dos sócios.

Não estamos sequer falando de empresas que mandam o técnico da companhia trocar a lâmpada de casa - esse exemplo mostra uma empresa completamente não profissional e sequer deveria cogitar abrir o capital. Um exemplo que poderia ser considerado legítimo antes da abertura seria o controlador decidir a distribuição de dividendos segundo suas necessidades de caixa. Após a abertura, o critério de distribuição de lucros precisa ficar mais clara e profissional para os demais sócios do que, simplesmente, "quando o controlador precisar de dinheiro". Esse critério de distribuição de lucros tem que estar ligado às necessidades de investimento da companhia aberta, à sua geração própria de caixa, entre outros fatores. (...)

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 4, Márcio Veríssimo)

27 julho 2007

Infraero

Sobre o lançamento de ações da Infraero (aqui também), uma notícia do Valor Econômico faz um apanhado das dificuldades que serão enfretadas pelo governo:


Hoje, há um enorme desconhecimento sobre os resultados da empresa, além de muita desconfiança quanto à gestão atual da companhia, tida como ineficiente, sujeita a pressões políticas e vulnerável à corrupção. No entanto, se o governo conseguir mudar esse quadro - e, principalmente, se convencer o mercado de que as mudanças são para valer -, os analistas acreditam que a operação poderá ser bem-sucedida. O ponto é que os investidores são, acima de tudo, pragmáticos.Para ter sucesso na abertura de capital, o governo terá de deixar claro que a gestão será profissional e não haverá ingerência política na empresa, diz o presidente da Associação dos Investidores do Mercado de Capitais (Amec), Luiz Fernando Figueiredo.

(...) Figueiredo lembra, porém, que as ações de empresas estatais muitas vezes são negociadas com desconto, porque o grau de independência não é o mesmo de uma companhia privada, devido ao risco de ingerência política . Como o governo não pretende, ao que tudo indica, abrir mão do controle da Infraero, há uma possibilidade não desprezível de que os investidores imponham um deságio aos papéis da Infraero, avaliam participantes do mercado.

(...) O timing da operação também é um ponto delicado. O setor aéreo passa por crise grave e a credibilidade da Infraero está baixíssima. A empresa é vista como ineficiente e vulnerável à corrupção.


Mercado vê empresa como grande incógnita - Valor Econômico - 27/07/2007

25 julho 2007

Abrir o capital resolve?

Notícia dos jornais de 25/07/2007 informa que o governo pretende abrir o capital da Infraero como uma alternativa para obter recursos para fazer certos investimentos no setor.

Dois problemas básicos quanto a esta possível solução. Em primeiro lugar, o processo de abertura de capital é algo que precisa ser considerado com cautela. Não é uma decisão tomada de forma agressiva e súbita, para resolver um problema como este. Mas isto não significa dizer que a abertura não possa trazer benefícios.

Em segundo lugar, conforme notícia publicada anteriormente, o governo hoje arrecada 1,5 bilhões de reais por dia. É preciso dizer mais?