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14 junho 2008

Inbev e Bud 3

Anheuser tem poucas opções para defender-se da oferta da InBev
David Kesmodel, Matthew Karnitschnig e Dana Cimilluca, The Wall Street Journal
The Wall Street Journal Americas - 13/06/2008

A Anheuser-Busch Cos. parece despreparada para enfrentar uma oferta indesejada, a de US$ 46,35 bilhões feita pela InBev NV, o que aumenta as chances de mais uma conhecida empresa americana ser digerida por uma empresa estrangeira.

Mas enquanto a cervejaria americana, que tem sede em St. Louis, recolhia-se ontem para estudar a oferta da InBev, da US$ 65 por ação, surgiu a informação de que ela iniciou negociações preliminares com a mexicana Grupo Modelo SA para uma união que pudesse ajudá-la a rechaçar a oferta, segundo pessoas a par do assunto.

A Anheuser já tem 50% da Modelo e se comprasse o resto provavelmente se tornaria uma empresa cara demais para a InBev.

(...) As opções da Anheuser para fugir à oferta da InBev são limitadas, dizem analistas. A melhor defesa da cervejaria pode ser fazer um acordo com a mexicana Grupo Modelo SA. A Anheuser já tem 50% da Modelo e se comprar o resto provavelmente se tornaria uma empresa cara demais para a InBev comprar.

(...) Não está claro que tipo de transação a Anheuser e a Modelo teriam discutido, e há enormes obstáculos a qualquer união. A Modelo teria de estar disposta a perder sua valorizada independência para permitir que a Anheuser mantivesse a dela. Ambas as empresas também teriam de deixar de lado anos de hostilidade e ressentimentos que surgiram ao longo de sua parceria, que remonta ao início dos anos 90.

(...) A InBev afirma que quer negociar amigavelmente com a Anheuser. Mas, se refutar essa abordagem, a Anheuser não parece bem posicionada para enfrentar uma oferta hostil. Para começar, os conselheiros dela são eleitos a cada ano, o que facilita para um comprador hostil removê-los. A Anheuser também não dispõe da chamada “pílula de veneno”, que muitas empresas usam para manter compradores indesejados ao largo.

A companhia poderia tentar usar sua influência política para organizar uma oposição, sob o argumento de que estrangeiros não deveriam poder adquirir a maior cervejaria americana. Embora haja poucos obstáculos legais para evitar que a Anheuser seja adquirida por estrangeiros, pessoas envolvidas no negócio dizem que pressão política poderia complicar a questão para alguns acionistas da Anheuser. Warren Buffett, segundo maior investidor da Anheuser, com 4,99%, é conhecido por não gostar de situações hostis.

Os alvos de ofertas hostis costumam buscar os tais cavaleiros brancos, ou um comprador amigável. Mas no caso da Anheuser a chegada de um parece improvável. Isso se deve em parte ao fato de as maiores cervejarias do mundo já terem se fundido recentemente. A Heineken NV, uma possível sócia para a Anheuser, acabou de fechar um acordo com a Carlsberg AS para comprar e dividir os ativos da gigante britânica Scottish & Newcastle PLC. A combinação da Anheuser com a Heineken também poderia ter questões antitruste nos EUA porque a Heineken tem uma presença significativa no mercado americano. A Heineken também poderia se opor a ter mais exposição a um mercado cervejeiro que cresce tão pouco quanto o dos EUA, dizem analistas.

Outro possível sócio numa aquisição, a gigante londrina de destilados Diageo PLC, é pouco provável que se interesse pela Anheuser, dizem analistas. A Diageo, apesar de vender a Guinness e outras cervejas, concentra-se principalmente no setor de destilados e está interessada em expandir-se em mercados emergentes.

Enquanto isso, a SABMiller PLC, de Londres, que é a maior cervejaria do mundo em volume, está no meio de uma fusão de sua unidade americana Miller Brewing com a da Molson Coors Brewing Co. Prevê-se que esse negócio seja concluído no fim deste mês.

“Não acho que haja nenhuma cervejaria por aí que seja um cavaleiro branco”, disse Carrie Schloss, um analista de ações da Talon Asset Management em Chicago, que detém ações da Anheuser.

Analistas disseram esperar que a Anheuser vá considerar a oferta da InBev baixa demais e recusá-la, o que poderia levar a InBev a tentar uma aquisição hostil. Analistas dizem que o preço pela Anheuser poderia subir até US$ 70 por ação, mas que um preço assim tão alto exigiria enormes cortes de custos na Anheuser que seriam difíceis de realizar sem prejudicar as marcas da cervejaria e sua fatia de mercado nos EUA.

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