Translate

22 dezembro 2021

Teste de Stress Climático


Testes Stress Climático

Sofia Santos, Professora no ISEG 17 Dezembro 2021, 00:14

Entre Março e julho de 2022 os bancos que pertencem à lista do BCE referente a instituições significantes, terão de realizar o teste de stress climático. Os restantes bancos, sob supervisão direta do Banco de Portugal, poderão também vir a ter de efetivar este teste, se forem convidados e estimulados para tal por parte desta entidade.

Entre Março e julho de 2022 os bancos que pertencem à lista do BCE referente a instituições significantes, terão de realizar o teste de stress climático. Os restantes bancos, sob supervisão direta do Banco de Portugal, poderão também vir a ter de efetivar este teste, se forem convidados e estimulados para tal por parte desta entidade.

Este teste tem como objetivo compreender a vulnerabilidade dos bancos e a sua exposição aos riscos climáticos provenientes dos empréstimos concedidos, uma vez que os bancos centrais a nível mundial reconheceram, em 2019, que o clima constitui uma fonte de risco financeiro e, como tal, deve ser minimizado em prol da estabilidade das instituições financeiras.

É preciso der consciência de que o BCE considera este teste como sendo um exercício de aprendizagem para os bancos e supervisores, tendo como objetivos identificar as vulnerabilidades, melhores práticas e os desafios enfrentados pelos bancos. Os resultados deste exercício ajudará a aumentar a disponibilidade e a qualidade dos dados, permitindo aos supervisores compreender melhor as estruturas que os bancos estão a desenhar para avaliar o risco climático.

Nenhum impacto direto sobre o capital, por via das Orientações para o Pilar 2, está previsto. Um possível impacte a existir será indireto, através das pontuações do Supervisory Review and Evaluation Process (SREP) nos Requisitos do Pilar 2.

Estes testes, não sendo de simples realização, também não são a grande confusão que muitos pensam ser. Na realidade, este teste consiste na resposta ao módulo 1 e módulo 2 de questões, sendo que apenas alguns terão de responder ao módulo 3. O módulo 1 é um questionário qualitativo, com 78 perguntas, que tem como objetivo avaliar como os bancos estão a incorporar o clima na sua gestão de risco. O módulo 2 consiste na quantificação das emissões de CO2 associadas aos empréstimos concedidos pelos bancos a um conjunto especifico de atividades NACE também relacionadas com a taxonomia da EU, o que permitirá compreender a sensibilidade das receitas dos bancos aos riscos de transição. O cálculo das emissões de CO2 dos empréstimos pode ser complexo, e por isso o Crédito Agrícola foi o primeiro banco português a aderir à iniciativa internacional PCAF – Partnership for Carbon Accounting Financials – que disponibiliza uma metodologia usada a nível internacional por 183 bancos que ajuda a calcular essas emissões. Por fim, o módulo 3 requer que alguns bancos (não todos) realizem cenários para as seguintes situações ao nível do risco de transição: um aumento brusco do preço do carbono em 2022 e as consequências que isso trará nos próximos 3 anos; num contexto temporal até 2050 compreender o impacte para o rendimento do banco i) no caso de uma redução suave das emissões de CO2 atingindo-se a neutralidade carbónica em 2050; ii) no caso de uma transição não suave onde as emissões não descem o suficiente até 2030 mantendo-se a ambição da neutralidade carbónica em 2050; e iii) no caso de a neutralidade carbónica não ser atingida e de existir um confronto real com os riscos físicos climáticos que reduzem o PIB. Requer também a realização de cenários com base nos riscos físicos, de forma a calcular o impacte no banco de: i) existir uma situação de grandes inundações e ii) existir uma seca e ondas de calor significativas.

Toda esta abordagem de cenarização é nova para os bancos, mas também ela vai fazer parte do reporte obrigatório que as instituições financeiras e não financeiras terão de realizar em 2024 referente a 2023 no âmbito da Diretiva de Reporte Corporativo de Sustentabilidade, pelo que faz mais sentido todos os bancos, grandes e mais pequenos, iniciarem desde já este exercício, e começarem a preparar a informação que terão de reportar no âmbito da Taxonomia já em 2022.

Fonte: aqui. Foto: Buscher

Nenhuma evidência

No Astral Codex uma crítica ao uso do termo "nenhuma evidência" por parte da comunicação científica (e também do jornalismo). O termo pode significar:

a) algo que é plausível ou provável, mas que ainda não foi verificado e por isto não temos certeza

b) algo onde temos evidências fortes de que é falso e por este motivo deve ser desmascarado como uma mentira.

O problema é que usamos o termo nos dois sentidos. Por exemplo, "não há evidências empíricas de que o uso do paraquedas ajuda a evitar lesões quando pulamos de um avião". Nesta frase, o sentido seria a letra "a", ou seja, sabemos sobre o assunto, mas ninguém fez um experimento científico para comprovar. Seria melhor dizer claramente isto, não? Outro exemplo, não há evidência de que Dom Pedro tinha baço. Este é o caso de algo que é provável, mas que não foi verificado. 

Resumindo, "não há evidência" não significa dizer "falso". 

Já na frase "não há evidência" de que o óleo de cobra funcione é nos termos da segunda alternativa. Aqui seria melhor dizer "é falso que o óleo de cobra funcione". 

As manchetes dos jornais mostram como o termo pode ser perigoso. "Não há evidência de que o Covid-19 pode ser transmitido pelo ar" ou "não há evidência de que o Covid seja transmitido entre humanos" correspondem a dizer que não tínhamos condições de afirmar naquele momento sobre este assunto. Isto deveria ser claro. Como afirma o blog, "sem evidência" é uma bandeira vermelha para a comunicação científica ruim. 

Links


Como Peltzman influenciou a aprovação das vacina em 2020

Benfica e Sporting sob investigação (e se acha pouco, Porto pagou 15 mil euros para uma bruxa)



Rir é o melhor remédio

 

Montando a árvore de natal

21 dezembro 2021

Periódicos predatórios


Lendo sobre periódicos predatórios do blog do Scielo encontro este ponto:

Esta situación tan preocupante en el mundo académico en general, afortunadamente hasta ahora, no se ha manifestado tan intensamente en América Latina, y esto se debe a las varias acciones estratégicas que se han emprendido en la región desde hace por lo menos 20 años.

Las particularidades de las instituciones universitarias en la región (a diferencia de casi todo el resto del mundo) han tenido una tradición de ser públicas, muy abiertas, y que no siguen con tanta intensidad la tendencia de los ránkings, el productivismo del publish or perish, y las otras “modas” que se imponen en las llamadas universidades mainstream. Esto, por una parte, es una presión menos intensa en los académicos para inflar los currículums artificialmente con revistas basura.

Por otra parte, el paradigma de la publicación científica como bien público universal ha impulsado dos programas de publicación científica en acceso abierto, como son SciELO y Redalyc (mencionados por Nature3 como ejemplos) que han publicado más de un millón de artículos en más de dos mil revistas científicas de cerca de 20 países, para los cuales no se cobra APC, o en su defecto son costos muy bajos, gracias a las tecnologías que se explican en el post ¿Cuánto cuesta un artículo? Servicios de publicación académica y sus valores de mercado.4

Por esta razón el mundo académico de América Latina no es una fuente productiva a las editoriales piratas.

Acho que isto está mudando. Talvez a comunicação e a troca com os países da América do Norte e Europa tenha despertado o interesse pelo "publicar ou perecer". 

Pesquisa escrita ou pesquisa falada

Mark Carrigan, no blog da London School Economics, ressalta que a pandemia aumentou a popularidade dos podcasts. Como os acadêmicos possuem uma envolvimento com tendências tecnológicas, isto também afetou a área acadêmica. O ato de ouvir tornou-se uma forma relevante para transmitir do conhecimento. 

Para os pesquisadores qualitativos, a escuta é parte integrante da prática de pesquisa. Mas mesmo os pesquisadores quantitativos estão usando este recurso.

Lá fora destaco o pessoal do Freakonomics e Tim Harford. No Brasil, o trabalho louvável da professora Ducineli em divulgar pesquisas produzidas no PPGCont da UnB é pioneiro, antes mesmo da pandemia. 


É bom lembrar que alguns periódicos, além de publicar o trabalho acadêmico, faz divulgação sob forma de um ensaio para o público leigo ou para o público que não quer entrar nas minúcias do método e quer focar nas conclusões. A associação de economia dos Estados Unidos tem algumas divulgações de pesquisa que seguem esta linha, mas de forma escrita. 

Para finalizar, a comunicação escrita como forma de comunicação científica é algo bem recente na história da humanidade. Somente com a popularização da imprensa isto foi possível. A linguagem falada sempre predominou na transmissão do conhecimento. Estamos recuperando um pouco dessa relevância.  

Links


Musk irá pagar mais de 10 bilhões em impostos

IFAC, CPA Canadá, ICAS da Escócia e IESBA lançam documento sobre tecnologia e contador - "A publicação examina o impacto de rápidas mudanças tecnológicas e a importância da liderança ética das lentes do contador profissional. Também fornece orientação prática para contadores profissionais e organizações de contabilidade profissional."

Professor esconde US$50 dólares e entrega a pista no programa da disciplina - no final do semestre o dinheiro ainda está lá

Dietas contra o envelhecimento funcionam? 

Rir é o melhor remédio

 

Conhece alguém? Fonte: aqui

20 dezembro 2021

PBC: uma série sobre trabalho do contador

A FloQast anunciou que seu estúdio estará lançando, em janeiro, um série chamada PBC. O estilo aproxima-se do The Office e conta, inclusive, com dois personagens da série famosa: Kate Flannery (a Meredith Palmer) e Creed Bratton. Além disto, Danny Trejo, ator mexicano, com rosto de mau, muito conhecido pelo papel de Machete. 

Sendo sobre contabilidade, PBC trata de um departamento de contabilidade. Segundo o produtor, o objetivo é "combater o estereótipo de que contadores são chatos e pouco criativos". Os seis episódios iniciais serão lançados no Youtube e no site FloQastStudios. 

IFRS versus IPSASB

O Institute of Chartered Accountants in England and Wales (ICAEW) divulgou uma análise das principais divergências entre as normas internacionais de contabilidade e as normas do setor público. A primeira, denominada de IFRS, é emitida por uma fundação com idêntico nome; a segunda, emitida pelo IFAC e denominada de IPSASB, deveria estar baseada na primeira. Entretanto, as particularidades do setor público fazem com que as normas emitidas pelo IFAC tenham algumas divergências.

São quatro partes e podem ser acessadas no site do ICAEW. A seguir, a diferença na conceituação de ativo:

Futebol mais previsível?


A resposta parece ser sim, para o futebol inglês e de outros países europeus. Eis o abstract (via aqui):

In recent years, excessive monetization of football and professionalism among the players have been argued to have affected the quality of the match in different ways. On the one hand, playing football has become a high-income profession and the players are highly motivated; on the other hand, stronger teams have higher incomes and therefore afford better players leading to an even stronger appearance in tournaments that can make the game more imbalanced and hence predictable. To quantify and document this observation, in this work, we take a minimalist network science approach to measure the predictability of football over 26 years in major European leagues. We show that over time, the games in major leagues have indeed become more predictable. We provide further support for this observation by showing that inequality between teams has increased and the home-field advantage has been vanishing ubiquitously. We do not include any direct analysis on the effects of monetization on football’s predictability or therefore, lack of excitement; however, we propose several hypotheses which could be tested in future analyses.

(Artigo com estrutura interessante, onde a conclusão aparece antes da seção "dados e métodos")

Links


O que acontece quando um jornal físico fecha? Sobre memórias e o fato de que muitos jornais desapareceram nos últimos anos

Pulseiras de diamante de Maria Antonieta foram vendidas por R$ 45 milhões - custo histórico (em 1776) de 250 mil libras; custo histórico corrigido de US$4,6 milhões; valor estimado antes do leilão de até 4 milhões;  e valor de aquisição de 8 milhões. Veja como é difícil mensurar objetos históricos e que o fato de pertencerem a uma personagem tão conhecida não garante a valorização. 

Nomes mais frequentes no Brasil - Miguel lidera

Keanu Reeves acha NFT uma piada (imagem aqui)

Rir é o melhor remédio

 

Lugar que eu mais visitei no ano

19 dezembro 2021

2021 - O blog

O ano de 2021 foi mais um ano de nosso blog. No início do ano, eu (César) tinha feito uma promessa de tentar postar 3 itens por dia. Neste momento são 1034 postagens, um pouco abaixo de 1080 postagens necessárias para meta (3 x 30 dias x 12 meses). Setembro foi um mês que sumi das postagens (13 somente), enquanto julho rendeu 130 postagens. 

Neste momento, eu estou tocando o blog sozinho; por motivos particulares, Isabel e Pedro tiraram uma licença, que espero ser provisória. Confesso que em muitos momentos pensei em desistir. Mas volta e meia recebo elogios pelo que fazemos aqui desde 2006. Afinal, são mais de 26 mil postagens. 

Foto: Norouzi

Que venha 2022, agora, sem muitas promessas...

18 dezembro 2021

Rir é o melhor remédio

 

Final de ano e muitas empresas resolvem dar um bônus para seus empregados. Em alguns casos, o presente é muito tosco. Em outros é um insulto. Uma empresa, em 2019, deu um bônus para seu empregado poder usar em 2020: um dia de trabalho em casa. 

17 dezembro 2021

Criminoso português pode escapar por falta de tradutor


Em outubro eu fiz uma postagem sobre João Rendeiro. De uma forma bem resumida, Rendeiro foi fundador e gestor do Banco Privado Português. Esta instituição foi descontinuada em 2010 e desde então o judiciário português provou alguns problemas que ocorreram na instituição, incluindo lavagem de dinheiro, falsificação e problemas contábeis.

Em 2020 um tribunal condenou Rendeiro a 5 anos e 8 meses de prisão. Antes disto, Rendeiro fugiu de Portugal e Europa e começou a ser caçado pela Interpol. Recentemente, ele foi capturado na África do Sul. Só que o Ministério Público de Portugal não conseguiu apresentar um pedido formal de extradição dentro do prazo de quarenta dias. Parte do problema é que as autoridades estão com dificuldades de traduzir as decisões judiciais dos processos onde Rendeiro foi condenado. Em um dos processo, onde ele foi condenado a 10 anos de prisão, a decisão do tribunal tem 422 páginas. Parece mentira:

As dificuldades foram assumidas ao jornal pela diretora do Departamento de Cooperação Judiciária e Relações Internacionais (DCJRI) da Procuradoria-Geral da República, Joana Gomes Ferreira, apontando que só existem dois tradutores para todos os processos do país. 

Dupla contagem do carbono


 Geofrrey Heal, da Columbia Business School, discute a compensação do carbono, com críticas e, também, apontando as vantagens. Mas um ponto importante sobre a questão é a possibilidade de contagem em dobro (ou triplo):

há potencial para uma contagem dupla maciça aqui, se somarmos todas as emissões entre as empresas. Se minha empresa compra eletricidade de uma concessionária local, as emissões associadas são o escopo dois para mim e o escopo um para a concessionária. Se a Exxon vende combustível para aviação para a American Airlines, para uso na aeronave Boeing, as emissões serão escopo três para Exxon e Boeing, mas escopo um para American Airlines. Essas emissões são contadas três vezes, o que é um anátema para qualquer sistema contábil competente. Cada emissão de escopo dois ou três é a emissão de escopo um de outra pessoa.

Certo, há uma dupla ou tripla contagem neste sistema. Mas é preciso considerar os seguintes aspectos. Em primeiro lugar, é necessário ver o efeito da mensuração em cada empresa. Sob pressão, a American Airlines, a Exxon e a Boing podem ter agora incentivos para redução da emissão, sob a forma de equipamentos menos poluentes e melhor uso dos aviões. Assim, a divulgação pode conduzir a melhores atitudes por parte das três empresas. 

Em segundo lugar, a filosofia de Heal é querer que a contagem em cada empresa seja usada para ter uma contagem global, de toda uma economia. É algo similar a querer a mensuração do valor adicionado, sendo que para a empresa o importante é a mensuração do lucro. O objetivo da contabilidade, em termos históricos, foi a mensuração de desempenho para o acionista. 

Terceiro, é melhor incentivar grandes empresas a fazer uma mensuração ampla das emissões do que uma mensuração mais tímida. De certa forma, os relatos das grandes empresas podem funcionar com compensação para a não mensuração dos pequenos agentes econômicos. Uma mensuração somente do escopo um, como parece ser a defesa do autor, pode ser otimista demais, pois não leva em consideração a emissão de todas as empresas. 

Foto: Veeterzay

Um tweet de 68 milhões de euros


Em setembro de 2018, o Grupo Santander convidou o banqueiro italiano Andrea Orcel para ser seu CEO. Logo a seguir, o banco espanhol retirou o convite. Orcel entrou com um pedido de compensação pelo ocorrido, mas o banco alegou que não tinha efetivado a contratação, não cabendo nenhum tipo de indenização. Orcel tinha saído do UBS para assumir o cargo.

Agora, um tribunal espanhol entendeu que cabe a indenização. E uma das provas que o tribunal considerou para sua decisão foram os tweets que Ana Botín, a presidente do Grupo (foto), postou em 25 de setembro de 2018, as boas vindas para Orcel no Santander. 

O juiz do caso considera que as mensagens comprovam que Orcel foi, de fato, contratado. A decisão é de primeira instância e o Santander deve recorrer.

Compensação de Risco

A compensação de risco é um aspecto teórico conhecido desde os anos 70. A ideia básica é que as pessoas ajustam seu comportamento diante da percepção de risco. Em outras palavras, elas serão mais cuidadosas quando sentem que uma situação é de maior risco. O principal ponto da compensação de risco ocorre no sentido contrário: as pessoas tendem a ter um comportamento mais arriscado quando percebem que estão mais protegidas.

O exemplo mais citado da compensação de risco ocorre no trânsito. Os motoristas adotam um comportamento mais arriscado quando possuem equipamentos de segurança. O termo "compensação" é relevante: a melhoria no equipamento de segurança, como freio de melhor qualidade ou cinto de segurança, produz um efeito não esperado dos motoristas agirem de maneira mais imprudente.

A compensação de risco ajuda a explicar por que medidas de prevenção podem não atingir o efeito desejado. Como as pessoas se adaptam a uma nova situação, uma política no sentido de diminuir os riscos pode não surgir os efeitos esperados em razão da mudança de comportamento.

O estudo originário foi publicado em 1975 por um economista da Universidade de Chicago, Sam Peltzman. O estudo de Peltzman, que originou o efeito Peltzman ou compensação de risco, era com trânsito. Apesar do estudo original apresentar muitas falhas e seu modelo não ter tido sucesso em prever a mortalidade, sua influência é enorme. Na verdade, alguns acreditam que é inadequada por levar a uma inércia nas políticas públicas. Afinal, existindo a compensação de risco, qual a razão de melhorar o trânsito ou adotar políticas de saúde de prevenção?

Há alguns exemplos práticos onde foi observado a compensação de risco. Em 1967, a Suécia resolveu mudar a direção do trânsito, abandonando o "jeito" inglês. Os especialistas imaginavam que inicialmente a taxa de mortalidade aumentaria, já que ocorreu uma mudança na mão da direção. Entretanto, por 18 meses, a taxa de mortalidade reduziu, mesmo diante de uma mudança tão grande. Os motoristas suecos responderam ao aumento do perigo percebido tomando mais cuidado. Mas um ano e meio depois, a taxa de mortalidade voltou aos padrões normais: os motoristas já não notavam os efeitos da mudança da direção e passaram a agir normalmente. (Eu gosto de usar este exemplo nas minhas aulas)

Outro estudo, realizado em Munique, comparou os taxis com freios ABS e os taxis com freios comuns. Os automóveis eram semelhantes, mas as taxas de acidentes dos automóveis com ABS era um pouco maior. Ou seja, os motoristas com automóveis mais "seguros" percebiam esta diferença e ajustava seu comportamento.

Apesar da formulação da compensação de risco, os estudos mostram que medidas de segurança realmente reduzem as mortes no trânsito. Um artigo da Slate questiona que as consequências da proposição da compensação de risco tem um efeito danoso sobre melhorias para população:

A compensação de risco foi levantada para questionar uma ampla gama de intervenções em saúde pública, inclusive refrigerante diet, cigarros com pouco alcatrão, tampas de segurança para crianças em medicamentos, tratamentos de hipertensão e programas de troca de seringas. Em cada caso, o raciocínio é que a intervenção pode sair pela culatra porque as massas são burras ou indisciplinas demais para agir no que a comunidade médica considera ser do seu interesse.(...)

Isto inclui

(...) a infame hesitação do CDC e da OMS em recomendar máscaras no início da pandemia teve muitas causas ... Mas a causa básica é muito simples: as autoridades não confiavam no público. (...) A questão - para segurança do motorista, atividade sexual ou saúde pública - não é se algumas pessoas mudam seu comportamento em resposta ao risco percebido. É se, no nível da população, uma intervenção torna o mundo um lugar mais seguro e melhor

Rir é o melhor remédio

 

TV a cabo ou streaming?