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19 setembro 2017

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Viés de gênero na atribuição de notas na universidade

Lembrar a existência de viés comportamental no mercado melhora o desempenho dos investidores

Nenhum problema com os envelopes do Emmy

Menina de 9 anos publica seu primeiro artigo: sobre insetos

BNDES resiste em devolver 180 bilhões,  mas Temer já decidiu que vai

Expansão e desempenho da Marcopolo

Morreu o homem que impediu a destruição da Terra

Tecnologia e contabilidade

O potencial de aplicação de inovações tecnológicas na contabilidade continua crescendo. No trecho do artigo a seguir mais alguns exemplos:

(...) A EY Global Artificial Intelligence Lab recentemente aplicou AI (Inteligência Artificial) e tecnologias de aprendizado profundo para o processo de contabilidade de arrendamento. A AI é usada para simplificar a captura de dados de contratos, identificando as cláusulas relevantes para o tratamento contábil, como a data de início de arrendamento, os valores de pagamento e as opções de renovação ou de rescisão. Ao facilitar a captura de dados desses contratos, as equipes EY são capazes de trabalhar de forma muito mais rápida e eficiente.

(....) A aprendizagem de máquina pode ser usada para elaborar um modelo de previsão de fraude contábil para calcular com maior precisão a probabilidade de distorções materiais futuras, melhorando a qualidade da auditoria.

A EY recentemente anunciou a expansão do uso de drones em observações de inventário. A fim de aprimorar a qualidade da auditoria, este extenso projeto piloto está usando a tecnologia pioneira da indústria para melhorar a precisão e a freqüência da coleta de dados de contagem de inventário. Ao inovar o processo de contagem de estoque usando tecnologia inovadora de drone, AI e aprendizagem de máquinas, criará uma capacidade que pode revolucionar áreas de fabricação, cadeia de suprimentos e gerenciamento de inventário. (...)

Felice Persico, da EY. continue lendo aqui

KPMG agiu adequadamente na auditoria do HBOS

O HBOS plc é uma instituição bancária e empresa de seguros com sede no Reino Unido e controlada pelo Lloyds Banking Group. O HBOS foi formado em 2001 pela junção do Halifax e Bank of Scotland (por isto o nome). Naquele ano era a quinta maior instituição bancária inglesa.

Durante a crise de 2008, as ações do HBOS sofreram um grande queda nos preços em razão dos rumores sobre sua situação financeira. Logo depois, a instituição foi incorporada ao grupo Lloyds, mas as autoridades tiveram que reforçar seu capital em 20 bilhões de libras. Na época, criticou-se o auditor, a KPMG, de não ter percebido os problemas da instituição.

Agora, em 2017, o regulador do mercado britânico, o Financial Reporting Council (FRC) concluiu que a KPMG agiu adequadamente, dentro dos padrões esperados por uma auditoria.

Deloitte com receita recorde de US$ 39 bilhões

Saiu no Financial Times: a Deloitte divulgou receitas globais de vendas de US$ 39 bilhões, a EY de US$ 31 bilhões e a PWC ainda não publicou nenhum resultado. A divisão que mais cresceu na Deloitte, com aumento de 13% nas receitas, foi a consultoria de risco, que aconselha as companhias quanto a questões relacionadas a crimes cibernéticos e regulação. A divisão de consultoria da Deloitte, sua maior linha de negócios, apresentou um aumento de 10% das receitas, que a empresa atribuiu a investimentos em áreas incluindo inteligência artificial, robótica, computação em nuvem e tecnologia de protocolo de confiança. As áreas de consultoria estão crescendo mais que as de auditoria.

Na última década as Big Four diversificaram os seus negócios e reduziram a dependência do trabalho de auditoria, em parte por causa do aumento da competitividade para esses contratos e outra pelo aumento do rigor regulatório para as práticas contábeis. Todas as empresas Big4, Deloitte, EY, KPMG e PWC, foram multadas por reguladores de todo o mundo nos últimos 12 meses, destacando a dificuldade da eliminação da má conduta em redes globais de firmas associadas, que empregam centenas de milhares de empregados e abrangem dezenas de países. Essas questões surgiram novamente quando a pressão recaiu recentemente sobre a KPMG em relação a negócios que o escritório sul-africana prestou para a controversa família Gupta.

Rir é o melhor remédio

Frase motivacional do dia:

18 setembro 2017

Ensino de Teoria na Pós-graduação

Um artigo de Iudícibus, Beuren e Santos sobre a disciplina de Teoria na pós-graduação no Brasil:

Este estudo objetiva analisar como o ensino da Teoria da Contabilidade ocorre nos Programas de Pós-Graduação de Ciências Contábeis do Brasil. Pesquisa com abordagem qualitativa foi realizada a partir da análise de conteúdo dos planos de ensino de 27 cursos. Os resultados mostram que 30 docentes lecionam a disciplina nos programas analisados. A maior parte deles possui livros publicados em outras áreas, poucos possuem livros no escopo da disciplina analisada. A disciplina é obrigatória para a maioria dos cursos de mestrado, enquanto que nos cursos de doutorado apenas alguns possuem uma disciplina específica, geralmente denominada de Teoria Avançada da Contabilidade. Em relação aos conteúdos, o núcleo fundamental da teoria contábil, princípios, postulados e evolução histórica são discutidos na maioria dos cursos. Em volume pouco considerável, assuntos distintos são disseminados nos cursos, inclusive alguns de outras áreas, por exemplo, governança corporativa, contabilidade ambiental, auditoria, ensino da contabilidade. Em alguns programas predomina a abordagem macroeconômica, com viés positivista. Em relação às referências, destacam-se as obras dos autores Iudícibus, Hendriksen e Van Breda, convergindo com pesquisas realizadas em cursos de graduação. Contudo, outros autores se sobressaem, como Watts e Zimmerman, Kam, Most e Scot, além dos pronunciamentos contábeis.

Listas: os melhores cursos, segundo RUF

1º) Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
2º) Universidade de São Paulo (USP)
3º) Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
4º) Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP)
5º) Universidade de Brasília (UNB)
6º) Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
7º) Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
8º) Universidade Federal do Paraná (UFPR)
9º) Universidade Federal da Bahia (UFBA)
10º) Universidade Presbiteriana Mackenzie (MACKENZIE)

Ver mais aqui (Dica: profa. Ducineli, grato)

Petrobras e a previsão de queima de caixa

No final de 2014 a empresa Moody´s alertava para a queima de caixa na Petrobras. Isto significava que a empresa poderia reduzir seu volume de recursos existentes no caixa para níveis mínimos. E o alerta que isto iria ocorrer depois de 2016, mantendo a situação existente na empresa. A Moody´s baseou sua previsão na impossibilidade da Petrobras cortar seus investimentos.

Entre 2010 a 2013 o valor de caixa e equivalentes da Petrobras esteve em torno de 40 bilhões de reais. Este valor chegou a 68 bilhões no primeiro trimestre de 2014 e caiu para 50 bilhões dois trimestres depois. Até aquele momento, a média do caixa de investimento era de -20 bilhões de reais por trimestre. Já o caixa das operações médio era de 14 bilhões. Ou seja, por trimestre a empresa necessitava de 5 bilhões de reais, em média.

Admitindo que a empresa, a partir de 2014, não captasse mais dinheiro pelo fluxo de financiamento e que o caixa existente, de 44 bilhões no final de 2014, tivesse sido usado para cobrir o investimento, o caixa da empresa duraria um pouco mais de dois anos:

44 / 5 = 8,8 trimestres.
(No gráfico acima, o azul é o caixa das operações, o vermelho é o caixa de investimento e o amarelo corresponde ao caixa de financiamento. O gráfico mostra o período de 2010 ao segundo trimestre de 2017 e está em R$ milhões)

Entretanto, do final de 2014 até o segundo trimestre de 2017 a empresa conseguiu aumentar seu caixa das operações para 22 bilhões (era 14 bilhões). Ao mesmo tempo, o corte nos investimentos foi expressivo: caiu de 20 bilhões para 9,6 bilhões, em média, entre 2015 ao segundo trimestre de 2017. E o pagamento dos financiamentos foi, em média, de 10,3 bilhões (era positivo em 6,3 bilhões antes). Com base nestes dados temos que a soma dos fluxos perfaz um total médio de 2 bilhões de reais sendo agregado ao caixa e equivalentes (estamos desconsiderando a variação cambial). Ou seja, a queima de caixa foi estancada: o saldo do caixa, no final de 2014, era de 44 bilhões; no final do primeiro semestre de 2017 era de 78 bilhões.

Há uma ressalva neste dado: o desempenho do segundo trimestre de 2015 foi crucial para o resultado. Sem este trimestre, a variação do saldo de caixa médio seria negativa em 2,2 bilhões.
(O gráfico acima mostra o saldo de caixa e equivalentes no final do trimestre. Observe que logo após a projeção, o saldo cresceu substancialmente)

Remuneração de Executivos e medidas não-GAAP

Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos (via aqui) mostrou que os executivos que fizeram grandes ajustes positivos no desempenho fora dos princípios contábeis (medidas Não-GAAP), entre 2010 e 2015, receberam 23% a mais na sua remuneração anual esperada, em relação aos valores utilizando os princípios contábeis.

Em geral a contabilidade das empresas obedece às normas contábeis emanadas dos reguladores. Nos Estados Unidos estas normas seriam emitidas pelo Fasb. Entretanto, as empresas podem divulgar outras medidas de desempenho; esta liberdade poderia ser aproveitada quando as medidas contábeis não expressassem o verdadeiro desempenho da empresa. Entretanto, as medidas que fogem aos princípios contábeis são divulgadas para “manipular” o resultado. Além disto, os executivos tendem a enfatizar a divulgação dos resultados favoráveis, o que se torna um incentivo para o uso das medidas não-GAAP.

Outro aspecto é o fato dos executivos muitas vezes terem o controle do sistema de compensação. Eis um exemplo nacional: comitê de remuneração do Bradesco é composto do presidente do Conselho de Administração, do diretor-presidente, dois membros do Conselho de Administração e um membro não administrador.

Rir é o melhor remédio


17 setembro 2017

Fato da Semana: Reconhecimento da receita

Fato da Semana: Reconhecimento da receita das incorporadoras

Data
: 14 de setembro de 2017

Contextualização
- A decisão do Brasil em adotar as normas internacionais teve uma consequência política. O país decidiu colocar nas mãos de uma entidade sem fins lucrativos, o Iasb, as decisões sobre como fazer a contabilidade. Um dos aspectos pendentes foi o reconhecimento da receita nas incorporadoras. A CVM decidiu considerar a regra do reconhecimento ao longo do tempo, mas existia uma dúvida se este era o critério mais adequado. Este tipo de situação corresponde a uma interpretação da norma, sendo analisado e decidido por um comitê específico do Iasb. Esta semana, este comitê decidiu que o critério usado no Brasil não é adequado. Para este comitê, o mais adequado seria o reconhecimento na entrega das chaves.

Relevância
- Esta decisão irá alterar os resultados de algumas grandes empresas brasileiras. Provavelmente o lucro ficará mais volátil, assim como a receita. Talvez sem um ganho expressivo na qualidade da informação. A discussão que ocorreu nos EUA há anos sobre a convergência pode ser rememorada aqui.

Notícia boa
- Não para as empresas incorporadoras e para CVM, que defendiam o critério do POC. Bom para quem mesmo?

Desdobramento - A CVM pode manter sua orientação de não usar a entrega das chaves como critério de reconhecimento. Haverá pressão neste sentido.

Mas a semana só teve isto? Não. Semana dos reguladores: nova norma de fatos relevantes, discussão sobre materialidade no Iasb e a prisão inédita de uma empresário por manipulação dos mercados.

Links

Coquetéis mais vendidos do mundo

Fotografa brasileira capta imagens de mulheres poderosas com um iphone

Justiça nega abertura de informações sobre o quadro societária da JBS - afinal, qual é o segredo?

Receita da Deloitte internacional aumentou 5,5%

No México, Braskem nega ter relação com a Odebrecht na corrupção

Equipes de futebol mais valiosas


A empresa de consultoria suíça CIES Football Observatory listou as equipes de futebol mais valiosas do mundo. Os valores estão em milhões de euros e corresponde ao valor de mercado dos jogadores. Assim, Ronaldo, com um valor de 102 milhões de euros, tem um valor menor que Hazard, embora isto não signifique dizer que seja pior que o jogador do Chelsea. 

Um aspecto curioso da lista é que o jogador mais valioso para sua equipe é Griezmann. Seu valor é maior que os demais jogadores do seu time, o Atletico de Madrid. O jovem goleiro Gianluigi Donnarumma, de 18 anos, tem um elevado valor de 69 milhões de euros. A idade e a possível qualidade do atleta influencia no seu valor. 

Reconhecimento da receita de incorporadoras

Esta semana, numa série de reportagens, Fernando Torres acompanhou, no jornal Valor Econômico, a decisão do Iasb referente ao reconhecimento da receita por parte das empresas incorporadoras de imóveis (aqui, aqui e aqui)

Com a adoção das normas internacionais de contabilidade, o Brasil deveria passar a reconhecer a receita conforme os critérios estabelecidos pelo Iasb. Entretanto, a CVM optou por permitir que as incorporadoras passassem a usar o critério baseado no andamento da obra, denominado de POC. A partir daí, algumas empresas de auditoria colocaram no relatório que o reconhecimento da receita não obedecia as normas internacionais. O que era, de certa forma, injusto com as empresas. A CVM bem que tentou, encaminhando uma defesa do procedimento adotado no Brasil.

Dois aspectos prévios precisam ser considerados sobre a filosofia do processo de interpretação. Para casos onde a aplicação das normas apresentem dúvidas, como seria este caso, existe um comitê de “interpretação”. De certa forma, a existência de um comitê com este escopo é, de certa forma, uma incoerência. Como o Iasb é baseado em princípios, como a entidade insiste em anunciar, o “espírito” da norma deveria estar claro no seu enunciado. Ao colocar em debate a questão da receita na situação brasileira, o comitê teria o papel de interpretar uma situação prática. Isto pode significar que a norma de reconhecimento da receita não foi clara o suficiente nos seus princípios. Em defesa da entidade reguladora é possível imaginar a grande dificuldade em fazer uma norma que seja suficientemente clara para não existir dúvidas em aplicações específicas, como é o caso da questão das incorporadoras.

Outro aspecto refere-se a quem deveria fazer a interpretação da norma. Sendo específica, os reguladores nacionais não estariam mais aptos a fazerem a interpretação? Em defesa da existência de um comitê de interpretação centralizado no Iasb temos duas desvantagens: a existência de dúvidas sobre a norma é um poderoso feedback para o regulador sobre a qualidade das normas e a necessidade da sua expansão; e a interpretação pode desvirtuar o espírito do padrão.

O caso também conduz a questão política da regulação contábil e um processo de convergência. Este aspecto político foi de grande importância para o recuo dos Estados Unidos em aderir as normas do Iasb, muito embora não seja o único fator. Mas o mercado de capitais desse país é muito mais forte e sua estrutura conceitual certamente é mais tradicional, e talvez de melhor qualidade, que àquela emanada pelo Iasb. Não é o caso do Brasil, onde a opção por usar as normas do Iasb talvez tenha melhorado a qualidade da contabilidade brasileira. Mas um dos preços cobrados pela opção é que o país tem que se sujeitar as normas criadas pelo Iasb. Este seria um dos custos da adoção. Obviamente que a CVM poderia insistir em continuar o critério atual, discordando do regulador internacional. Mas seria coerente e politicamente adequado ir contra o comitê de interpretação, depois de apresentar sua posição? Provavelmente não

A questão contábil decorre do fato do ciclo de produção das empresas serem elevados. O POC permite o reconhecimento ao longo da construção. Pela nova interpretação do Iasb, o reconhecimento da receita será feito na entrega das chaves, num único momento. Isto pode provocar alteração no resultado das empresas no curto e médio prazo. E fazer como que o resultado seja mais volátil.

Rir é o melhor remédio

Antes e depois do tratamento. O comentário: "como biólogo, meu primeiro pensamento é que seu produto faz a pessoa ficar infértil"

16 setembro 2017

Enquanto isto, em Narcos...



Enquanto, no episódio 8, da terceira temporada de Narcos...

Links

Uma economia centralizada na era do Big Data 

Atividade física no mundo (mapa)

Um robô conduziu uma orquestra 

Como o contador é apresentado nos filmes recentes

Quanto mais complexa a empresa, melhor a governança

Relação inversa entre elisão e valor da empresa no Brasil


Ensino de Contabilidade Pública

Silva e Oliveira, em A História da disciplina de Contabilidade Pública no Ensino Contábil Brasileiro traçam um perfil desta disciplina, desde as Aulas do Comércio, com a vinda da família real, até o advento do ensino superior, em 1945. O texto é bastante interessante. Em termos históricos, o foco do ensino contábil era o comércio. Conforme os autores do Centro Universitário Moura Lacerda destacam, existiu muita influencia de ideias estrangeiras neste período.

Entretanto, o controle das finanças do Estado é um assunto muito relevante. Soll, em The Reckoning, relacionou este tema com as ascensão e queda de impérios. Quando Valentim Bouças atuou na área pública seu trabalho era banal: controlar as dívidas do país, já que não existia nenhuma informação sobre o que foi pago ou não. E muitas vezes o Brasil pagou a mesma dívida mais de uma vez.

A pesquisa delimita a questão do ensino em sala de aula. Mas devemos lembrar que o processo de ensino também ocorre no local de trabalho. É bem verdade que isto dificultaria enormemente uma pesquisa deste tipo, mas a lembrança dos encontros dos secretários de fazenda na primeira metade do século XX mostra a relevância deste tema.

Rir é o melhor remédio

Onde tudo começou...