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16 setembro 2012

Nível de cola: especialista

Em uma das postagens sobre o que não foi ensinado na pós-graduação, ressalta-se que alunos colam. Na quarta-feira o professor David Albrecht publicou sobre o assunto:

E acrescentou:
“Não tenho certeza da mensagem que esta imagem quis passar. Quiçá que alguns trapaceiros são incontroláveis. Ou que uma cola de mestre é admirável. Talvez a mensagem seja que, por ser inevitável, não há problema em fazê-lo.”

15 setembro 2012

Trabalho de Conclusão de Curso - TCC


Hoje uma postagem básica para os alunos de graduação que irão escrever o trabalho de conclusão de curso. Temos outras postagens no blog que tratam melhor cada ponto descrito aqui.

Vou utilizar como exemplo o artigo “O Tratamento dos Ativos Não Operacionais na Avaliação de Empresas: Teoria e Prática” de Luciana Miyuki Ikuno, Isabel Cristina Henriques Sales e César Augusto Tibúrcio Silva, publicado em 2011 no volume 6 da revista “Perspectivas Contemporâneas”.

- O seu trabalho, basicamente, terá uma “espinha de seções” assim:
1. Introdução
2. Referencial Teórico
3. Proceder Metodológico
4. Resultados e Análises
5. Considerações Finais

Você pode criar subseções de acordo com o seu estilo (desde que não seja apenas uma, por exemplo, a 2.1 sem haver uma 2.2).

Na “Introdução” você irá contextualizar a sua pesquisa, escrever o objetivo do trabalho, o problema de pesquisa e a justificativa. No “Referencial Teórico” você deve aprofundar o assunto que está sendo pesquisado. No “Proceder Metodológico” você escreverá o desenho do seu trabalho, como ele foi desenvolvido, quais foram as fases, a amostra, o espaço temporal, os outliers... Você deve escrever para me permitir entender cada passo da sua pesquisa de forma que eu possa reproduzi-la. Nos “Resultados e Análises” você irá apresentar os resultados da sua pesquisa e interpretá-los. Não adianta, por exemplo, colocar uma tabela e não fazer inferências do que está sendo apresentado. Se esforce! Nas considerações finais você vai concluir a sua pesquisa e sugerir novos trabalhos que podem ser desenvolvidos com base no seu. Não se empolgue na tentativa de valorizar a sua pesquisa e escreva na conclusão assuntos que não foram tratados no seu trabalho.

Mais ainda, saibam que o que vocês escrevem tem que ser acompanhado das devidas referências. Não é como na escola, quando a professora te pedia para escrever um trabalho sobre, digamos, rinocerontes, e você saia copiando enciclopédias, livros, redigindo um texto sem autores no corpo do trabalho, mas, no momento de listar as referências bibliográficas, saia escrevendo o nome de várias fontes distintas para mostrar que utilizou diversos materiais. Não, não é mais assim.

- Você só cita no referencial o que citou no corpo do trabalho. Isso implica que: para citar nas referências, você deve ter citado a fonte na pesquisa.

Por exemplo:

De acordo com Hitchner (2003), ativos não operacionais são aqueles ativos que não são necessários para as operações em andamento da empresa. Entre os principais ativos que podem ser considerados como não operacionais estão o caixa e equivalentes de caixa; investimentos em ações e títulos de outras empresas; investimentos em outras entidades e; ativos que não geram fluxos de caixa, mas que podem conter valores significativos (DAMODARAN, 2005).

Note que escrevemos citando, de forma indireta, dois autores. Nas referências deverão constar os dois trabalhos (em ordem alfabética), assim:

DAMODARAN, Aswath. Dealing with cash, cross holdings and other non-operating assets: approaches and implications. Social Science Research Network, set. 2005. Disponível em: . Acesso em: 25 maio 2011.

HITCHNER, James R. Financial valuation: Applications and Models. Nova York: John Wiley & Sons, 2003.

Para se sentir mais seguro, antes de escrever leia alguns artigos (procure no Scholar Google, por exemplo), converse com o seu orientador e com o professor de metodologia científica. Sua graduação está quase acabando e não deve ser encerrada com descaso. Além de absorver tudo o que te foi transmitido durante as aulas, é importante que você se esforce em deixar alguma retribuição científica.

Repito que: temos outras postagens no blog que tratam melhor cada ponto descrito aqui.

Dentre outros, consulte:

Rir é o melhor remédio



Fonte: Bizarro Comics

Teste da Semana

Eis um teste para o leitor atento ao que aconteceu na semana:

1 - Uma lista de pessoas influentes nacontabilidade mundial, que circulou esta semana, mostra uma grande presença de:


Britânicos
Homens
Não contadores

2 – Esta empresa tem uma contabilidade bastante discutida,em geral pelas manobras contábeis, em especial na estimativa da receita. Pararestaurar a confiança dos investidores, contratou um ex-partner da KPMG

Facebook
Google
Groupon

3 – O dono da revista pornográfica Hustler ofereceu umprêmio de 1 milhão para quem tivesse alguma informação sólida sobre os tributospagos por:

BarackObama
BillClinton
Mitt Romey

4 – Esta semana os defensores do rodízio de auditoriasofreram uma pesada derrota da

Comunidade Européia
Iasb
PCAOB

5 – Após cinco anos de aprovação do SPED uma pesquisa revelou que o percentual de contabilistas queNUNCA fizeram um curso de capacitação sobre o tema é de

23%
44%
76%

6 – O CFC está estudando, em conjunto com a Fenacon, aaplicação da lei 12683, que trata:

Da prática de lavagem de dinheiro
Das normas de contabilidade para pequenas empresas
Das normas internacionais de contabilidade

7 – Este blog descobriu uma propaganda que dizia: “Contabilidade era minha vida até que eu descobri “

Administração
Futebol
Smirnoff

8 – Após a adoção das normas internacionais, observa-se queas demonstrações contábeis das empresas estão:

Do mesmo tamanho
Maiores
Menores

9 – Uma pesquisa da PwC indicou que os investidores estãopreocupados com:

A agressividade contábil das empresas
A falta de conhecimento dos auditores
O conversadorismo contábil

10 – Um relatório do Cato Institute pesquisou 57experiências de hiperinflação. O conceito de hiperinflação adotado correspondea

100% em três anos
1000% num ano
50% em um mês

Fato da Semana


Fato da Semana: A Renovação das concessões das Empresas Elétricas

Qual a importância disto? Trata-se de um assunto que interessa de perto acontabilidade pela aplicabilidade na área de regulação. Os contratos deconcessão do setor elétrico foram elaborados com um determinado prazo devalidade. Ao final deste prazo, o governo pode (a) renovar os contratos daforma como está; (b) renovar os contratos, com mudanças nas condições dosatuais contratos; ou (c) contratar uma nova empresa para explorar o serviço. Emqualquer um dos casos, é necessário discutir o valor que o governo irá pagarpelos investimentos que ainda estão “no balanço”, ou seja, que não foramamortizados. Isto envolve valores de bilhões de reais e o centro da discussãoserá a mensuração contábil.

Positivo ou negativo – Positivo. A contabilidade de setoresregulados é bastante complexa. A antecipação da renovação das concessões irágerar uma discussão em torno destas normas que pode ser útil para osprofissionais da área.

Desdobramentos – os órgãos reguladores terão um grandetrabalho na discussão com as empresas. A Aneel terá que conduzir a discussõesem torno do ressarcimento devido para as elétricas. Não descarte apossibilidade de processos judiciais contra o governo.

Luz, gasolina e embromação

Editorial O Estado de S.Paulo, 11 de setembro de 2012 | 3h 0

O governo faz uma enorme e perigosa confusão ao misturar combate à inflação, corte das tarifas de eletricidade, aumento do preço dos combustíveis e política de juros. Como disse um pensador petista, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, mas essa obviedade parece inacessível aos formuladores da política econômica. As autoridades podem frear a evolução dos indicadores de preços, no próximo ano, se tornarem mais barata a energia elétrica. Mas a inflação retomará seu curso, em pouco tempo, se as condições propícias à elevação geral de preços continuarem presentes. Para isso, bastará a conjunção de crédito farto, gasto público excessivo e demanda suficiente para sancionar aumentos de preços. A confusão se completa quando a contenção de um índice - evento temporário - é apontada como oportunidade para arrumar as contas da Petrobrás e até para manter os juros baixos.

O governo acertará quando reduzir o peso fiscal sobre as contas de eletricidade e baratear o uso da energia tanto para empresas como para as famílias. A produção brasileira ficará um pouco mais competitiva e, ao mesmo tempo, os consumidores ganharão uma pequena folga no orçamento. Essa decisão contribuirá para o desenvolvimento do setor produtivo, para a preservação de empregos, ou até para sua criação, e para o aumento do bem-estar dos brasileiros. Não será, no entanto, exceto por um equívoco notável, parte de uma política anti-inflacionária.

O governo acertará, também, se deixar a Petrobrás adotar uma política de preços realista e compatível com suas necessidades econômicas e financeiras. Se for necessário um aumento de preços de combustíveis, será esse o procedimento correto. Manter o subsídio ao consumo apenas servirá para disfarçar a inflação, causará desajustes nos preços relativos (prejudicando, por exemplo, a produção de etanol) e privará a Petrobrás de recursos importantes para seus investimentos. Mais do que nunca, a empresa precisa de uma forte geração de caixa, para elevar a produção no curto prazo e avançar na caríssima e complexa exploração das reservas do pré-sal.
O prejuízo da empresa no último trimestre, seus indisfarçáveis problemas de produção e os erros cometidos em seus planos de investimento evidenciam os males de uma administração subordinada a interesses políticos dos governantes, de seus partidos e de seus aliados nacionais e estrangeiros. A correção desses erros, adiada por muito tempo, é agora urgentíssima e sua oportunidade independe do corte de tarifas da energia elétrica.

Mesmo quando acerta, o governo se mostra incapaz de formular com clareza uma boa estratégia de crescimento, com uma ampla e bem articulada bateria de medidas para tornar a economia nacional mais produtiva, menos sujeita a desajustes e mais preparada para a competição global. As novas iniciativas acabam prejudicadas pela confusão de objetivos e pela vocação do governo para as políticas de remendos. Sem disposição para reformar seriamente o sistema tributário, as autoridades preferem remendá-lo. Essa preferência é explicável tanto pelas dificuldades políticas de uma reforma genuína quanto pela incapacidade de cortar despesas e de racionalizar a administração.

A confusão de objetivos acaba resvalando para a mistificação. Disfarçar a inflação é politicamente mais lucrativo e muito menos trabalhoso do que executar uma séria política anti-inflacionária. Com uma política séria, é possível atenuar os efeitos de choques de preços, limitando sua transmissão e, em certos casos, intervindo no mercado com a venda de estoques de segurança. Atenuar, no entanto, é muito diferente de disfarçar.

Uma política honesta e competente cuidará de baixar as contas de eletricidade, de ajustar os preços dos combustíveis e de controlar a inflação sem misturar os objetivos próprios e os processos de cada linha de ação. Se cada parte for bem executada, o resultado geral será uma economia mais eficiente, mais próspera e mais compatível com o bem-estar. Discutir como ficará o índice oficial de inflação, no fim do próximo ano, se houver este ou aquele corte nas tarifas de energia elétrica, é mais que um equívoco. É uma vergonhosa embromação.

Não posso evitar

Nós frequentemente comentamos sobre o blogueiro Rodolfo Araújo, especialmente sobre o “Não Posso Evitar”. Mas vale lembrar que ele ainda escreve em outros blogs:

Pharmacoaching: A evolução do Não Posso Evitar.

O Líder Acidental: “
Nem todo mundo recebe o treinamento e preparo adequados para assumir uma posição de chefia. Grandes empresas têm programas de trainee bem estruturados e processos de sucessão bem definidos. Mas a maioria das companhias por aí não têm nem uma coisa, nem outra. Por este motivo, algumas promoções acontecem do dia para a noite. Você dorme analista e acorda gerente. E agora, o que fazer? Como devo me comportar agora que meu chefe é meu par? E com meus antigos colegas, que agora são meus subordinados? O Líder Acidental pretende responder algumas destas perguntas. Não todas, porque algumas delas você terá que aprender sozinho - o que certamente você conseguirá, afinal, é por isso que foi promovido.”

Auto-Atrapalha: “(...) a autoajuda até tem a sua utilidade, que é reforçar o seu desejo de conseguir algo na vida (se você não quer nada na vida, o que está fazendo aqui?). O problema deste discurso é que ele não te leva à ação, necessariamente.

Vale a pena acompanhar. (Mas claro, concomitantemente ao Contabilidade Financeira.) ^.^

14 setembro 2012

Descadastramento de cursos pelo MEC


Hoje um amigo leu um relatório do MEC com o assunto: “Reconhecimento dos programas de pós-graduação stricto sensu reconhecidos pelo Conselho Técnico-Científico da Educação Superior (CTC-ES) da CAPES, referente à Avaliação Trienal de 2010”. No Anexo II consta um curso de mestrado e doutorado em ciências contábeis da Universidade de Brasília a ser descadastrado.

O Correio Braziliense "leu" o mesmo relatório. E o drama começou.

Segundo o jornal, foi publicado no Diário Oficial do dia 13 de setembro que alguns cursos da UnB estavam descredenciados, dentre eles o de contabilidade. A justificativa? Notas baixas.

Por sorte a blogueira desesperada aqui conversou com o professor Edilson Paulo que observou o problema: na verdade, de acordo com a avaliação do MEC estava ocorrendo o descadastramento do antigo Programa Multi-Institucional e Inter-Regional que incluía a Universidade Federal de Pernambuco. Hoje ela já não faz mais parte da pós-graduação registrada na UnB. A formação é: Universidade de Brasília, Universidade Federal da Paraíba e Universidade Federal do Rio Grande do Norte.



O leitor e mestre já conhecido por aqui, Glauber Barbosa, ligou na redação do Correio para que corrigissem o problema. Clique aqui para a reportagem atualizada.

E todos viveram felizes para sempre... ao menos até o próximo fora jornalístico.

Irônias da vida: essa postagem tem muito a ver com o "Rir é o Melhor Remédio" de hoje.

+=+=+=+=+=+=
Atualização do Glauber: "Minha ligação não surtiu muito efeito de cara não... na verdade eles nem deram muita ideia. Acho que só mudaram depois que o Ivan (coordenador) entrou em contato. O fora jornalístico foi tão grande, que eles já atualizaram a reportagem mais uma vez, agora foi o curso de psicologia. Os jornalistas ficam a procura de pautas interessantes e bater na UnB é sempre uma boa notícia. Olhando por alto, os sete cursos da UnB que foram descredenciados, são casos semelhantes ao da contabilidade, normalmente mudança de nome do curso."

Rir é o melhor remédio



Fonte: Aqui

Tok & Stock

Segundo noticiado ontem, o fundo de investimento Carlyle comprou a empresa Tok & Stok (Fundo Carlyle compra Tok & Stok, Cátia Luz e David Friedlander, Estado de S Paulo, 13 de setembro de 2012, p. B19). O valor do negócio, conforme informações não oficiais, foi de 700 milhões de reais por 60% da empresa. O texto apresenta mais informações sobre a empresa:

Líder do setor, a Tok & Stok tem 35 lojas e faturou pouco mais de R$ 1 bilhão no ano passado. O plano agora é dobrar as vendas da empresa nos próximos cinco anos. Um dos focos é crescer nas regiões Sul e sobretudo, Nordeste – onde a empresa tem hoje a maior concentração de vendas por metro quadrado, mas apenas três lojas para atender essa demanda.

A família Dubrule vendeu o controle da Tok&Stok por duas razões: queria um sócio para investir no crescimento da operação e resolver de uma vez a sucessão familiar. A venda também libera a o patrimônio de Régis, Gislaine e seus cinco filhos, quase todo aplicado na empresa. "Em aproximadamente dois anos, teremos um profissional do mercado no comando e a família estará no conselho", diz Régis. Os Dubrule tentaram abrir o capital da Tok & Stok anos atrás, mas o plano foi atropelado pela crise de 2008.

Neste setor é comum usar como múltiplo para fins de negociação:

No varejo, costuma-se usar como uma referencia para o cálculo do valor de uma rede a metade de seu faturamento anual, mas a formula é jogada por terra por especialistas em aquisições (Luciano Szafir compra a paulista Dominó, Claudia Facchini, Valor)

Usando este múltiplo, o valor da empresa deveria ser de 500 milhões. 60% deste montante representa 300 milhões. Entretanto dois aspectos importantes fazem com que a expressão do múltiplo deva ser vista com ressalva neste caso:

a) Está-se vendendo o controle da empresa; nestes casos, é usual pagar um prêmio;
b) A empresa possui uma parcela significativa do mercado.

Hiperinflação 2

Sobre a postagem de ontem sobre hiperinflação, o Pedro Correia tem o seguinte comentário:

A definição usada por Salomon é a mesma do Mankiw, no entanto, este afirma que "a hiperinflação é, muitas vezes, definida como a inflação que ultrapassa 50% ao mês." Há várias definições como destacado na postagem. Ele usa o termo democracias genuínas, mas também não define o que é. Entendo que democracia genuína é aquela que os representantes são escolhidos por voto direto. Partindo dessa premissa, o raciocínio de Felix , em parte, está correto . O primeiro presidente eleito democraticamente por voto direto na Argentina foi Raúl Alfonsín e no seu governo inciou-se o processo de hiperinflação. Portanto, a meu ver, a hiperinflação em democracias "genuínas", provavelmente só ocorreu na Argentina, no Peru e em Weimar.

Dois leitores do Felix comentaram sobre o caso do Brasil, da definição do IASB, da Argetina e da República de Weimar.

Notas de Risco para os governos

O governo federal vai passar a calcular um "rating" da situação fiscal de Estados e municípios. A classificação, que funciona como uma espécie de nota da capacidade de pagamento, servirá de base para subsidiar a concessão de aval da União nos empréstimos dos governos regionais no Brasil e no exterior. A metodologia antiga levava em consideração o resultado primário (receitas menos despesas para pagamento da dívida), que deixa de ser preponderante na análise do crédito. (...)

Num modelo muito parecido com o que é adotado pelos bancos e até mesmo pelas agências de classificação de risco, as notas vão variar de A+ (nos casos em que situação fiscal é excelente e o risco de crédito quase nulo) até D- (quando há um quadro de desequilíbrio fiscal). Só terá aval da União o Estado e os municípios que receberem de A+ a B- (casos em que a situação fiscal é boa e o risco de crédito é médio).

A análise do crédito será feita pela equipe técnica do Tesouro com base numa complexa metodologia, com várias fórmulas matemáticas, publicadas ontem no Diário Oficial da União. (...)


É uma boa notícia. Mas o ideal é que isto fosse realizado por especialistas ou por terceiros, isentos do processo.

Elétricas

O dia seguinte ao anúncio oficial do governo sobre a redução das tarifas de energia elétrica foi marcado por quedas históricas das ações do setor. Levantamento da empresa de informações financeiras Economática revela que 24 companhias com papéis negociados na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) perderam, em conjunto, R$ 15 bilhões em valor de mercado. Nos últimos dois dias, são R$ 21,3 bilhões.

A perda dessa quarta-feira equivale a um recuo médio de quase 10% nos papéis, mas houve ação que se desvalorizou mais, como a da Cesp, que desabou 27,5%. O mau humor dos investidores foi atribuído, principalmente, à decisão do governo de antecipar para 2013 o término das concessões de algumas companhias. O prazo original era 2015 ou 2017, dependendo do caso.

A grande dúvida é como se dará o ressarcimento de algumas empresas. A compensação será feita às concessionárias que, no prazo de seus contratos, não conseguiram recuperar o que investiram para construir hidrelétricas, linhas de transmissão ou infraestrutura de distribuição. É o cálculo da chamada amortização. Para a consultoria e auditoria Deloitte, o valor para o setor todo é de cerca de R$ 47 bilhões.

"A parte mais negativa foi provavelmente a antecipação da renegociação de concessões para 2013", afirmaram, em relatório, os analistas do banco JP Morgan. "Acreditamos que o mercado não estava esperando essa mudança, o que aumenta a profundidade e a amplitude de ações do governo no setor de serviços públicos."

A corretora Ativa observou que, como as concessões que vencem em 2015 e 2017 serão renovadas já em 2013, as concessionárias terão de adiantar a queda das tarifas já no próximo ano.

Quebra de contrato

Para analistas do HSBC, a antecipação da renovação das concessões representa uma quebra de contratos. "O mercado pode ficar apreensivo com a situação de concessões mais antigas, como as da AES Tietê e da Light Energia", observou o texto, assinado por Eduardo Gomide.

Um relatório do banco Credit Suisse lembrou que o descasamento entre o que o governo propôs como ressarcimento às empresas e o real valor da depreciação dos ativos deve expor muitas companhias a prejuízos contábeis, o que limitará a capacidade de distribuição de dividendos.

O setor elétrico é historicamente um dos que mais pagam dividendos, o que agrada a muitos investidores. Outra característica é ser um segmento da economia menos suscetível a oscilações. Por isso, é incluído no rol das chamadas ações defensivas. Quedas expressivas como a de hoje, portanto, são raras.

A explicação para a queda mais forte dos papéis da Cesp constou de um relatório do banco Itaú BBA. Segundo os analistas, o valor dos ativos não amortizados da empresa pode somar R$ 1,1 bilhão, 45% abaixo das estimativas preliminares.

Significa dizer que, se a Cesp tiver mesmo um valor não amortizado inferior ao estimado antes, terá menos receitas a incorporar nos resultados. Os números oficiais e definitivos serão calculados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

O desempenho das ações do setor elétrico impediu uma alta mais forte do Índice Bovespa. O principal termômetro da bolsa brasileira subiu hoje pelo quinto pregão seguido. Mas a valorização poderia ter sido superior ao 0,84% registrado caso os papéis das empresas de energia não tivessem caído tanto.

Desde o início do mês, quando se consolidaram as informações de que o governo mexeria nas tarifas do setor, os papéis das empresas de energia perderam quase R$ 21 bilhões em valor de mercado. Em 31 de agosto, as 24 companhias valiam, conjuntamente, R$ 177,3 bilhões. Ontem, eram R$ 156,6 bilhões.

Beth Moreira, Claudia Violante, Fátima Laranjeira e Luciana Collet, da Agência Estado
Mercado vê ‘quebra de contrato’ e elétricas perdem R$ 21 bi em dois dias

Assédio moral

Sobre a questão do assédio moral com o funcionário da empresa Brahma, uma excelente (novidade?) postagem do Rodolfo:

Havia, no entanto, outra coisa que me parecia estranha na reportagem: se o funcionário estava tão insatisfeito com as normas da empresa, por que simplesmente não pedia demissão? Ou por que não fazia uma denúncia formal à área de governança corporativa?

A resposta estava um pouco adiante: ele queria ser demitido, mas a companhia não concordava. Ou seja: ele queria receber mais dinheiro, para deixar a empresa por sua livre e espontânea vontade.

A prática - pedir para ser demitido para receber a multa de 40% do FGTS, além do direito de sacar o fundo - é tão disseminada que ninguém questiona sua legitimidade, tampouco sua ética. Por conta disto, o rapaz da reportagem conta que ficou mais dois anos na Ambev, até que sua demissão fosse liberada - e ele pudesse se livrar do ambiente que tanto lhe fazia mal, coitado. E aí, mesmo conseguindo a demissão como queria, entrou na Justiça do Trabalho contra a empresa, por assédio moral.

Informações e CVM

O superintendente de relações com empresas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Fernando Soares Vieira, afirmou hoje que a autarquia vem atuando fortemente na melhora da qualidade das informações divulgadas pelas companhias. (...)

Entre as rotinas implementadas pela autarquia nos últimos anos estão o acompanhamento no envio de e-mails alerta, aplicação de multas para atraso no envio de informações e divulgação semestral da lista das companhias inadimplentes com suas obrigações de entrega por mais de três meses.

A CVM vem atuando também, segundo Vieira, com uma supervisão baseada em quatro riscos. O primeiro diz respeito à entrega das informações; o segundo, ao acompanhamento das informações nos formulários de referência; o terceiro diz respeito à conformidade das demonstrações financeiras às regras contábeis; e o último, ao acompanhamento da conduta das companhias nas operações como fusão, cisão e organizações societárias.

Profissionais da área destacaram no evento que o website de relações com investidores é a principal fonte de informações sobre as companhias de capital aberto. Helio Garcia, do Ibri, afirmou que a ferramenta é fundamental na prestação de contas ao mercado. (...)

Para CVM, melhorar divulgação de informações por empresas é prioridade - 13 de Setembro de 2012 - Valor Online - Daniela Meibak | Valor

Agressividade contábil

Uma pesquisa da Price com investidores trouxe a preocupação deles com a "agressividade" das empresas nas demonstrações contábeis. Uma possível solução seria a auditoria das políticas contábeis e de números que hoje não são editados, segundo informou o The Telegraph. Medidas que são apresentadas pelas empresas, mas que fogem dos valores contábeis tradicionais, como o lucro líquido ajustado, são objeto de preocupação. Mesmo medidas específicas de certos setores, como vendas por loja, para o varejo, foram citadas na pesquisa.

Segundo o resultado da pesquisa, 56% dos entrevistados afirmaram que informações preliminares para o mercado também deveriam ser auditadas.

13 setembro 2012

Rir é o melhor remédio

"Vejo um turista!"
"Formação Nessie"

O segredo do monstro do Lago Ness

Facebook

O gráfico abaixo (do Yahoo Finanças) mostra a evolução, em três meses de negociação, das ações do Facebook. Quando do lançamento das ações desta empresa, o preço inicial foi fixado em 38 dólares. Depois de cair no início de junho, as ações da empresa recuperaram parte do seu preço, ficando um pouco acima de 30 dólares em julho. Em agosto um novo patamar: um pouco acima de 20 dólares, quase metade do preço inicial. No dia 4 de setembro do preço chegou ao mínimo (17,73).

Existem diversos textos que tratam da ascensão e queda do Facebook no mercado de capitais. Um texto de Andrew Sorkin para o New York Times (The Man Behind Facebook’s I.P.O. Debacle. Sorkin é o roteirista da série The Newsroom – fantástica, por sinal – e do filme A Rede Social, sobre o Facebook) inova ao focar sua atenção em David Ebersman. Ebersman é o chief financial officer. Apesar de não ser tão conhecido como Zuckerberg ou Sandberg, Ebersman tem um papel importante no fracasso do Facebook: na época do lançamento das ações o Facebook chegou a ser avaliado em 100 bilhões de dólares. Hoje o valor de mercado é de 50 bilhões.

Foi Ebersman quem forçou o aumento no preço inicial da ação para 38 dólares, depois de estudos terem mostrado um intervalo entre 28 a 35 dólares como sendo o mais adequado. Além de aumentar o preço, ele também aumentou a quantidade de ações oferecidas em 25%.

Mas Sorkin lembra que a queda no preço não representa um problema somente para o investidor que comprou no momento errado. Como muitas empresas de tecnologia, o Facebook atrai e retém talentos através das ações.

Alguns destes funcionários receberam ações com valor de 24,1 dólares. Quando as ações do Facebook começaram a cair, estes empregados começaram a vender suas ações. O resultado: mais queda.

O problema do Facebook foi o oposto do LinkedIn. Esta empresa lançou suas ações por um preço abaixo do valor da empresa. O resultado é que os investidores iniciais ganharam um “presente” de 350 milhões de dólares em razão da subavaliação das ações.

No processo de lançamento de ações, as empresas devem encontrar um preço justo; valores abaixo, como o caso do LinkeIn, transfere dinheiro da empresa para os investidores iniciais; valores elevados, como o Facebook, pode até trazer dinheiro no curto prazo para empresa, mas gera desconfiança no investidor.

Fogo no Barraco

Tudo começou em março, quando a jornalista [Patricia Cornils] resolveu levantar números sobre incêndios em favelas na cidade de São Paulo. (...)

Na semana passada, após o incêndio da Favela do Piolho, ela se lembrou da planilha incompleta, que havia começado a tabular. Postou no Facebook e pediu ajuda. “Muita gente entrou. Não faço ideia de quantas pessoas”, diz. O programador Diego Rabatone organizou os dados por ano; outra pessoa completou com as informações da Defesa Civil. E, então um outro programador, Pedro Ivo Moraes – que Patrícia nem conhece pessoalmente – pegou os dados e cruzou com a valorização por metro quadrado. O código, aberto, foi postado no Github.

Patrícia começou a divulgar. O mapa mostra uma evolução do número de incêndios em favelas nos últimos anos. Em 2004, não houve nenhum incêndio. O número só aumentou até 2012. Ainda é cedo para especular sobre a relação entre os dados, mas há convergência. Em 2008, por exemplo, houve um incêndio na Água Branca no mesmo ponto em que começou, naquele ano, uma das maiores valorizações imobiliárias da cidade.

(...) Segundo ela, o trabalho está só começando. “Falta buscar dados da CPI dos Incêndios, das operações urbanas, dos projetos de parque lineares e mapear. Entender o que o mapa nos diz. Por exemplo, há lugares onde os incêndios são recorrentes (de cabeça me lembro do Jaguaré. Todo ano tem… por que?). Falta ir aos lugares e entender, se a dinâmica de valorização realmente tem relação com os acidentes”, diz.


Fonte: Aqui

Novo iPhone

A Apple anunciou o novo modelo do iPhone, que estará disponível para venda em alguns países amanhã. Os preços variam entre 199 dólares até 849.

Além das mudanças, um aspecto interessante é que a empresa mudou a conexão com o aparelho - mais rápida agora. Mas a alteração significa que os donos dos modelos antigos devem comprar adaptadores - vendidos pela empresa. Estes cabos podem custar 30 dólares!

Outros periféricos também são muito caros. O resultado pode ser um custo adicional para o consumidor que pode variar entre 100 a 200 dólares.

Xadrez em SP

Novamente a cidade de São Paulo irá receber alguns dos melhores jogadores de xadrez do mundo. Entre os participantes do torneio que a primeira etapa será realizada na capital paulista e a segunda em Bilbao teremos o melhor jogador do mundo, o norueguês Magnus Carlsen. Carlsen está se aproximando de bater o recorde mundial de Kasparov em termos de pontos no ranking.

Além da Carlsen, o segundo melhor do mundo hoje, Aronian. Aronian é armênio e campeão olímpico de xadrez (na semana passada a Armênia ganhou a medalha de ouro nas olimpíadas de Xadrez de Istambul). O atual campeão, o indiano Vishy Anand (sexto do mundo) também é um dos participantes. Os outros são: Karjakin, número 7 do mundo e uma das maiores promessas do xadrez, o italiano Caruana (número 8 do mundo e primeiro no ranking Junior) e o espanhol Pons (número 51 do ranking). 

Hedge

IASB publicou a proposta [para contabilidade de hedge] como parte de seu esforço de três itens para reformular toda a contabilidade sob as IFRS para instrumentos financeiros. A diretoria está trabalhando separadamente sobre como melhorar a classificação e mensuração dos ativos e passivos financeiros, e como melhorar os requisitos em torno de mostrar deficiências, ou perdas em valor, para os instrumentos financeiros.

O Financial Accounting Standards Board está com um trajeto semelhante , mas trabalhando num único padrão para instrumentos financeiros que cobrem todas essas questões, incluindo a contabilidade de hedge. FASB emitiu uma proposta maio 2010 (...)

O projeto publicado recentemente, do IASB, aliviaria as exigências atuais para avaliar a eficácia de um hedge(...) . A proposta retira algumas das estritas prescrições normativas para contabilidade de hedge, estabelecendo uma abordagem mais baseada em princípios (...) Os US GAAPs têm sido criticado por ter requisitos altamente prescritivas que são dificeis de aplicar, fazendo a contabilidade de hedge uma das áreas mais complicadas regras americanas. (...)

Adaptado daqui

Hiperinflação

Felix Salmon comenta um relatório do Cato Institute, de autoria de Steve Hanke e Nicholas Krus, sobre a hiperinflação no mundo.

Salmon, que é um bom articulista, comete alguns erros na análise. Em primeiro lugar afirma que a hiperinflação possui uma definição precisa: aumento de preços acima de 50% ao mês. Na realidade a definição de hiperinflação é arbitrária: o Iasb define como sendo 100% de inflação em três anos (vide o capítulo sobre este assunto no livro de Teoria Contábil, da Atlas, de Niyama e este blogueiro).

Com base nesta definição, Hanke e Krus encontraram 57 experiências de hiperinflação na história. Isto inclui casos como a República de Weimar, Grécia (durante a segunda guerra), Hungria, entre outros. A partir deste relato Salmon erra de maneira forte ao perguntar: por que não encontramos hiperinflação em democracias?

Pressupõe Salmon que hiperinflação não ocorre em democracias. Mas esquece de exemplos de democracia onde existiram o aumento elevado nos preços: Weimar, Argentina, Brasil de Sarney, entre outros.

Lembrando, que o Cato Institute tem sido mencionado de maneira negativa em muitos episódios da série The Newsroom em razão do membro fundador David Koch.

Emoção e Mercado

Não adianta tentar transformar o mercado numa equação matemática, porque o fator emocional sempre irá pesar na tomada de decisão. A constatação, aparentemente óbvia, faz sentido num momento que se tenta eliminar os ricos da operação no pós-crise.

"Muitos analistas de bancos vêm me falando que estão próximos de eliminar todos os riscos de seus cálculos, e eu apenas lhes respondo: 'Vocês não entenderam nada'", disse, em entrevista ao Valor Chris Thorne, diretor técnico do Conselho Internacional de Padrões de Avaliação (IVSC), órgão que orienta sobre os métodos de análise de indicadores fundamentalistas, o chamado "valuation". (...)

No caso do Facebook, por exemplo, apesar de alguns analistas alertarem para as dificuldades que a rede social enfrentava para capturar receitas de propaganda móvel, houve uma enorme demanda pelas ações na oferta pública inicial. Quando perceberam, com novos relatórios, que os números não eram tão atrativos, o movimento foi de venda.

"Eles compraram uma marca, agiram emocionalmente", avalia Thorne. Para ele, a abertura de capital da companhia chefiada por Mark Zuckerberg lembrou muito o caso da bolha das empresas de internet, que eram as queridinhas do mercado em 2000 e 2001, mas não conseguiram entregar resultados e foram punidas pelos investidores. "O mercado não é puramente matemático", afirmou.

Quanto ao analista de mercado, ele vê um cenário desfavorável. Thorne tem a opinião de que o "valuation" não é visto como uma profissão, mas uma técnica de agentes de mercado. "Fora dos Estados Unidos, onde não se encontra a mesma quantidade de informações, índices e tudo o mais, ainda é difícil a análise." (...)


Fator emocional impossibilita 'mercado perfeito' - 12 de Setembro de 2012 - Valor Econômico - Renato Rostás | De São Paulo

12 setembro 2012

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Medo 2


Particularmente tenho dúvidas sobre o argumento do artigo (vide postagem "Medo1" a seguir): que o excesso de informação é resultante da cultura da forma, não da essência. Ou que isto seja decorrente do medo. Acho que a explicação é um pouco mais complexa.

Em primeiro lugar, o excesso de informação é decorrente do viés do status quo: deixe como está; ou não se altera o time que está ganhando. Se divulguei uma informação no passado e deu certo, por que não divulgar?

Em segundo, o contador está diante do dilema de escolher o que divulgar. Mas será que ele sabe o que o usuário deseja? Existe no texto acima uma noção implícita de que o responsável pela divulgação conhece (ou deveria conhecer) o conteúdo a ser divulgado. Mas será isto verdade. Talvez o contador não saiba quais as necessidades de informações: diante deste dilema, divulgue o máximo.

Terceiro, a falta de divulgação pode ter um efeito sinalizador negativo para o mercado. Se um assunto não é relevante e a empresa decide não divulgar, o mercado poderá entender, erroneamente, que se esconde a informação por algum motivo.

Quarto, a não informação pode ser ruim para um série histórica futura. Se desejo verificar a evolução no tempo de um fenômeno na empresa, e por não ser relevante não faço a divulgação, isto pode ser ruim para o usuário no longo prazo.

Quinto, existe a aversão a perda. Correr o risco de não divulgar uma informação que no futuro pode-se revelar relevante (e sofrer as consequências disto) ou divulgar, mesmo não sendo relevante. Esta situação é muito parecida com a situação do técnico de futebol que decide recuar o time estando vencendo de 1x0.

São cinco bons motivos que podem ajudar a explicação e que são diferentes da explicação proposta. Particularmente acredito que as explicações apresentadas aqui são muito mais próximas da realizada do que a simplificação do artigo.

Medo 1

Se mudar o hábito de uma única pessoa já é uma tarefa difícil, que dirá a cultura de um país. Quase cinco anos após a edição da Lei 11.638, que marcou o início do processo de migração do padrão contábil brasileiro para o modelo internacional IFRS, ainda se nota entre os agentes locais uma grande dificuldade para que a essência prevaleça sobre a forma nas divulgações de balanços de empresas.

"Ainda não houve a absorção da prática da essência sobre a forma. Prevalece o 'pacto do medo'", sintetizou Marcus Severini, diretor de controladoria da Vale, que participou ontem, em São Paulo, do 2º Encontro de Contabilidade de Auditoria para Companhias Abertas e Sociedades de Grande Porte, organizado pela Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) e pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon).

O diagnóstico é que as empresas acabam cedendo ao que dizem ser pressão dos auditores para aumentar o número de notas explicativas nos balanços, que estariam previstas nas regras. Esses, por sua vez, acabam exigindo mais do que talvez fosse o necessário, com receio de receber alguma reprimenda do órgão regulador.

O resultado é que os balanços estão maiores do que o desejado pelas empresas, e sem necessariamente trazer mais informações úteis aos usuários.

José Carlos Bezerra, superintendente de normas contábeis e auditoria da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), entende que as empresas não têm sabido filtrar adequadamente o que é relevante para ser divulgado no âmbito do IFRS. "A gente percebe o medo de errar entre auditores e empresas", disse Bezerra, que também participou do evento.

Para ele, no entanto, essa não é a postura adequada. "Esse é o momento de errar, por que o regulador ainda está em uma fase educativa e de aprendizado."

De acordo com Severini, da Vale, em algum momento as empresas terão que bater o pé e enfrentar os auditores e, eventualmente, os reguladores. "Tem que chegar alguém e dizer: 'Não vou divulgar porque não é relevante'. Mas para isso é preciso coragem, uma dose de audácia que não é fácil de se ter", disse.

Segundo André Veiga Milanez, diretor financeiro da Cetip, migrar de uma cultura baseada na forma para uma prática sustentada pela essência exige uma mudança cultura que não é trivial. "As próximas gerações devem contribuir para aprimorar esse processo", afirmou ele.

Segundo Bezerra, da CVM, como tudo no IFRS, não existe uma "receita de bolo" que possa ser seguida por todas as empresas para tornar as notas explicativas mais curtas e mais informativas.

Mas ele diz que um caminho é tirar as informações repetitivas (e aquelas que apenas reproduzem as exigências legais e as normas) e se concentrar no que é relevante para o usuário. Nas notas que tratarem de redução ao valor recuperável de ativos ("impairment") ou ajuste a valor presente, por exemplo, ele diz que é fundamental que as empresas divulguem as premissas de taxas e prazos usados para embasar determinada decisão ou resultado.

Para Wanderley Olivetti, sócio da Deloitte, as empresas devem "customizar" os balanços, cortando notas sobre práticas contábeis que não se aplicam ao seu segmento de atuação e evitando a prática de copiar e colar.


Na briga da essência contra a forma, prevalece o 'medo' - 11 de Setembro de 2012 - Valor Econômico - Fernando Torres | De São Paulo

Propaganda

Esta deveria estar no "Rir é o melhor remédio": Contabilidade era minha vida até que eu descobri Smirnoff. Será uma propaganda verdadeira?

Patrulha

As ações criminosas estão na agenda de Brasília. Durante o mês passado, as atenções voltaram-se para o Superior Tribunal Federal (STF) e o julgamento do mensalão. Os ministros da corte decidem se houve compra de votos de parlamentares, uso de recursos públicos nos subornos e crime de lavagem de dinheiro. Poucas semanas antes, foi a vez da Lei 12.683, editada em julho, entrar em vigor. O diploma trata do crime de lavagem de dinheiro e ocultação de recursos e traz consequências diretas para os participantes do mercado de capitais. Dentre elas, inclui, em seu capítulo 5, advogados, auditores, assessores de fusões e aquisições e outros consultores no grupo de profissionais que devem comunicar ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) a incidência de transações suspeitas. Na prática, a lei divide uma responsabilidade que até então estava sob o chapéu das entidades do sistema financeiro, como bancos, bolsas de valores e corretoras, com quase todos os prestadores de serviços do mercado.

A ampliação da lista de profissionais obrigados a notificar as operações passíveis de crime é vista pelo Coaf como uma medida preventiva. "Não adianta ter apenas os bancos envolvidos nesse processo", ressalta Antonio Gustavo Rodrigues, presidente do órgão. A justificativa é que, antes de chegar aos bancos, os recursos passam pelas mãos de outros agentes, como as seguradoras e os participantes do mercado de capitais, que podem ser usados por criminosos para conferir um ar de legalidade ao dinheiro. A expectativa do Coaf é desincentivar os profissionais a serem coniventes com operações fraudulentas. Se provado que eles tiveram acesso a informações suspeitas e não as reportaram, as punições vão de advertência a multa até inabilitação temporária e cassação ou suspensão da autorização para o exercício de atividade.

A aplicação da lei ainda depende de regulamentação pelas entidades que representam cada categoria. No caso dos advogados, é necessário que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se manifeste. Para os contadores, a regulamentação virá do Conselho Federal de Contabilidade (CFC); e, para os auditores, do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon). As entidades enfrentarão um problema em comum: terão que pensar como conciliar as exigências da nova legislação com o sigilo que seus profissionais se comprometem a manter diante das informações de um cliente. A lei prevê que, nas comunicações ao Coaf, eles se abstenham de dar ciência do ato a qualquer pessoa, "inclusive àquela à qual se refira a informação".

A OAB avaliou sua submissão à Lei 12.683 e, no último 21 de agosto, divulgou um entendimento: a nova lei de lavagem "não se aplica aos advogados e às sociedades de advogados em razão dos princípios constitucionais de proteção ao sigilo profissional e da imprescindibilidade do advogado à administração da Justiça". Diante dessa conclusão, é possível que a OAB ingresse com uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF). O Coaf rebate a resistência das entidades. "O sigilo profissional é tão sério quanto o sigilo bancário. E este não é absoluto, tanto que pode ser quebrado. Ou o profissional está do lado do problema ou da solução. O que não pode é ele ser um instrumento de bandidos", defende Rodrigues.

As demais entidades não vão tão longe quanto a OAB. O CFC ainda não estabeleceu um prazo para emitir a regulamentação dos contadores, mas está analisando a nova lei em conjunto com a Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon). "Precisamos nos organizar, disciplinar a questão e, principalmente, saber até onde vai a abrangência da lei", afirma Enory Spinelli, vice-presidente do CFC. Há incertezas, por exemplo, em relação à necessidade de notificação ao Coaf quando houver a prestação de serviços específicos, como o de auditoria externa independente. Conforme Diogo Ruiz, sócio da KPMG, a auditoria de uma demonstração contábil não se encaixa no conceito de "serviço em operação financeira ou societária" mencionado pela lei. "Trata-se de uma revisão de princípios contábeis, ainda que haja operações financeiras no balanço", argumenta. Na visão do Coaf, a questão é mais complexa. "Imagine que uma empresa está abrindo uma filial em um paraíso fiscal. Não há nada de errado nisso. Mas se aparece alguém querendo montar um esquema societário desse tipo para esconder a origem de recursos, é preciso que haja a comunicação", esclarece Rodrigues.

A lei exige que todos os agentes citados no capítulo 5 mantenham registros atualizados da identificação dos clientes e de todas as transações (em dinheiro, títulos, valores mobiliários e créditos) que ultrapassem os limites fixados pelas autoridades do sistema financeiro. Em geral, transações superiores a R$ 100 mil são sempre passíveis de notificação, ainda que não haja indício de lavagem. Aqui, mais uma vez, há dúvidas sobre a aplicação da lei. Prestadores de serviços que assessoram a constituição ou a auditoria de demonstrações financeiras de fundos de investimentos, por exemplo, não têm acesso à identidade do beneficiário final das cotas. Os advogados, que redigem as normas contratuais de um negócio, argumentam não ter acesso aos dados financeiros dos clientes. A proposta é que cada entidade de classe negocie com o Coaf a extensão das normas aplicáveis aos seus profissionais.

A Lei 12.683 também trouxe novidades para as bolsas de valores, os gestores e os administradores de fundos de investimento, veteranos no dever de efetuar notificações. A partir de agora, eles deverão reportar diretamente ao Coaf, e não mais à CVM, as operações que contenham indícios de lavagem de dinheiro. A autarquia do mercado de capitais, porém, não sai totalmente de campo. Caso não sejam identificadas operações passíveis de notificação ao Coaf, esses participantes devem notificar a CVM. Seria uma espécie de certidão negativa.

Todo o zelo do Poder Judiciário pelo mercado de capitais tem explicação. O movimento começou ainda na década de 80, com a Convenção de Viena, da qual o Brasil é signatário. Na época, para inibir o crime organizado, em especial o tráfico de drogas, adotou-se a tática de minar financeiramente o caixa das organizações, e não apenas prender os criminosos. A facilidade para movimentar mercadorias e recursos mundo afora obrigou os bancos a monitorar transações suspeitas. E, agora, a tarefa foi estendida a outros participantes, como os do mercado de capitais, que acabam por dar aval a arranjos societários e financeiros sofisticados que podem ser usados para ações criminosas.

O patrulhamento pode ficar ainda mais intenso se projetos que tramitam no Congresso Nacional saírem do papel. Um deles, o Projeto de Lei 5.696-A, de 2009, propõe a obrigatoriedade da abertura do quadro de sócios de qualquer pessoa jurídica estrangeira que atue no Brasil até o nível da pessoa física. A justificativa é garantir que o Poder Judiciário seja capaz de lhes cobrar a responsabilidade por atos ilegais e não se depare apenas com "laranjas" que atuam como seus representantes no País. De acordo com o texto do projeto, "essa situação (de não identificação do beneficiário final) leva o Coaf (...) a requisitar informações a entidades públicas de outros países, considerados paraísos fiscais. Fácil é presumir que a maioria dessas solicitações fica sem resposta. É uma forma de acobertar os responsáveis pela prática de atos ilícitos amparados pela legislação infralegal brasileira".

Projeto de lei descriminaliza manipulação e suaviza insider

Na contramão da Lei 12.683, segue a reforma do Código Penal brasileiro, em tramitação no Senado. O Projeto de Lei 236/2012 ameniza punições e responsabilidades relativas a crimes cometidos no mercado de capitais. Pela nova redação, a manipulação de mercado deixaria de ser crime — posicionamento oposto ao adotado por outros mercados, como o europeu, que endureceu o tratamento dispensado em tais situações.

Atualmente, a legislação brasileira (Lei 6.385/76) prevê que o ilícito ocorre toda vez que um investidor realiza operações simuladas com a finalidade de alterar artificialmente o funcionamento de bolsas de valores e mercados de balcão para obter vantagem indevida. O mesmo abrandamento foi aplicado à atuação irregular de agentes autônomos, prevista como crime na legislação em vigor, mas revogado pela proposta de reforma.

Outro ilícito que pode ser suavizado é o uso impróprio de informação privilegiada (insider trading). Pela legislação atual, a caracterização desse crime não depende da obtenção concreta de vantagem econômica indevida. A proposta em tramitação, contudo, muda esse entendimento, tornando esse fator essencial para caracterizar o ilícito.

A punição imposta a quem comete esse crime também pode ser abrandada. O projeto retira o pagamento de multa previsto atualmente pela Lei 6.385/76 e mantém apenas a reclusão de um a quatro anos. "Isso é particularmente ruim porque a pena de prisão, na maioria das vezes, acaba sendo transformada em penas alternativas", avalia Julya Wellisch, subprocuradora chefe da procuradoria federal especializada junto à CVM.

De acordo com fontes ouvidas pela reportagem, as chances de o texto da reforma evoluir com a redação atual são muito pequenas. Segundo os críticos, o projeto foi redigido em poucos meses e está repleto de equívocos. A comissão que coordena a reforma do Código Penal é presidida por Gilson Dipp, ministro do Supremo Tribunal de Justiça. Dentre os poucos aspectos elogiados está o mérito de consolidar todos os tipos de crimes previstos na legislação brasileira sob um só guarda-chuva. (Y.Y)

Patrulha reforçada - 11 de Setembro de 2012 - Revista Capital Aberto - Yuki Yokoi

RI

Nem sempre as informações transmitidas pelas companhias nos fatos relevantes e outros comunicados ao mercado são proeminentes como sugerido que fossem. Em 24 de julho, essa situação foi evidenciada pela LLX Logística. Questionada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre a existência de algum fator que justificasse a oscilação das ações, a companhia divulgou um comunicado afirmando que não tinha nada de novo para contar. Informou que "constantemente estuda possibilidades de novos negócios e arranjos societários, sendo certo que, até o presente momento, não há proposta, documento vinculante ou qualquer decisão nesse sentido". No entanto, três dias úteis depois, uma surpresa: a área de relações com investidores (RI) anunciou o fechamento do capital da LLX, conforme oferta do acionista controlador, o empresário Eike Batista.

No dia 19 de julho, foi a vez de a Gol divulgar um fato relevante para anunciar aos acionistas que Leonardo Gomes Pereira, vice-presidente de finanças e estratégia e de RI, havia sido indicado para ocupar a presidência da CVM. No entanto, a escolha de Pereira já tinha sido anunciada dois dias antes.

Na avaliação de Geraldo Soares, coordenador do Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado (Codim), episódios como esses abalam a credibilidade das empresas e, principalmente, das áreas de RI. "As questões que se colocam são: a companhia negou um fato porque achou que o negócio demoraria a ser concretizado? Ou a área de RI não sabia o que estava acontecendo?", questiona. Carlos Alexandre Lobo, sócio do Veirano Advogados, reconhece que, em muitos casos, falta experiência desses profissionais para divulgar fatos relevantes.

De acordo com a CVM, a autarquia julgou, desde 2011, três processos e firmou dois termos de compromisso devido à não divulgação de fato relevante. Um dos mais recentes teve como alvo a própria Gol e o futuro presidente da autarquia. Pereira firmou um termo de compromisso de R$ 200 mil para encerrar o processo que apurava a ausência de divulgação pela companhia, em julho do ano anterior, de mudanças em suas projeções de resultados. Procuradas, as empresas não atenderam aos pedidos de entrevista.


Falhas arranham credibilidade das áreas de RI - 11 de Setembro de 2012 - Revista Capital Aberto - Yuki Yokoi


SPED

Após cinco anos da padronização das normas contábeis e da criação do SPED (Sistema Público de Escrituração Digital), cerca de 76% dos profissionais de contabilidade nunca participaram de cursos ou eventos de capacitação dos temas.

Os dados da pesquisa “Empeendedorismo contábil no mundo pós-SPED” ainda revelam que apenas 22,7% desses profissionais cursaram mais de 40 horas de treinamentos operacionais sobre o NF-e (Nota Fiscal eletrônica), 21,5% o EFD-ICMS/IPI, 16,6% o EFD-Contribuições, e apenas 12,3% cursaram treinamento para o SPED Contábil.

A situação fica ainda pior quando analisados outros tipos de investimentos. De acordo com a pesquisa, a maioria das empresas, 61,3%, não investiu em marketing ou eventos para clientes. Já 60% também não investiu na adequação à IFRS e 58,6% em consultoria organizacional. Além disso, 44% das empresas investiram em infraestrutura tecnológica e 43,4% reverteu recursos em sistemas de informação.

O estudo ainda mostra que quase 70% avaliaram a EFD-Contribuições como difícil ou muito difícil e quase 46% dos entrevistados acreditam que a legislação é a principal dificuldade da profissão.

“A reclamação sobre a complexidade de adaptação ao SPED e as constantes mudanças legislativas é compreensível, mas não justifica toda esta falta de capacitação profissional e desinteresse das empresas contábeis em investir em seus colaboradores”, avalia o coordenador da pesquisa e autor da série de livros “Big Brother Fiscal”, Roberto Dias Duarte.

Carga tributária

Um dos principais objetivos iniciais do SPED, a queda gradual da carga tributária no médio e longo prazo, parece não ter acontecido para os profissionais contábeis. A maioria acredita que o sistema não reduzirá a carga tributária.

Ainda, 58,4% dos participantes acham que o SPED não diminuirá os custos operacionais das empresas, e 55,6%, os custos operacionais dos escritórios contábeis. Entretanto, 53,1% apostam no aumento do valor das consultorias em sistemas; 49,3%, no preço das licenças de software; e 46,4% na remuneração das consultorias tributárias.

Após cinco anos, profissionais contábeis ainda não sabem utilizar SPED. Fonte: infomoney, via aqui

11 setembro 2012

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Teste 583

A General Motors vende um carro elétrico denominado Volt. Para que o automóvel chegasse ao mercado foi necessário investimentos pré-operacionais de 1 a 1,2 bilhão de dólar. O custo de construir uma unidade do Volt deve ficar entre 20 a 32 mil por unidade, segundo estimativas realizadas por consultores independentes. O valor do custo de montagem é maior que um automóvel convencional (entre 12 a 15 mil dólares) dado a complexidade da tecnologia e ao fato de um carro elétrico ter as partes exclusivas.

Em razão da concorrência (inclusive dos automóveis convencionais), o preço inicial do Volt está em 18 mil. Considere um custo de montagem de 20 mil por unidade e que a empresa produziu 21,5 mil unidades do Volt. Além disto, a política energética do governo do EUA concede um beneficio de 7,5 mil por unidade para cada Volt vendido.

a) Com base nos dados, qual o valor do prejuízo por automóvel vendido?
b) Refaça os cálculos anteriores, deixando de lado o custo pré-operacionais.
c) Qual o montante de produção para que a empresa consiga obter o ponto de equilíbrio?

Resposta do Anterior: É a sigla para  International Ethics Standards Board for Accountants, que promove e desenvolve regras profissionais para os contadores. O IESBA sobrevive graças ao IFAC

Aposentadorias da Funpresp


Aposentadorias da Funpresp
Autor: Marcelo A. Caetano, Felipe Vilhena Amaral e Fabio Giambiagi
Valor Econômico - 06/09/2012


Em abril deste ano, o governo federal efetivou importante passo no conjunto das reformas previdenciárias necessárias ao país por meio da aprovação do regime de previdência complementar dos seus novos servidores públicos. A entidade responsável pela gestão da nova previdência receberá o nome de Funpresp e cada um dos poderes da União terá o seu próprio fundo. Apesar da aprovação legal, as três Funpresps ainda estão em fase de criação. Vários detalhes relevantes somente serão conhecidos após publicação dos regulamentos e estatutos.

Os funcionários que já estavam no serviço público federal antes da Funpresp podem optar por manter as regras atuais ou mudar para o novo regime. Já os que ingressarem após a criação do fundo terão suas aposentadorias divididas em duas parcelas. A primeira - limitada ao teto do INSS, hoje em R$ 3.916,20 - segue as regras de cálculo até então vigentes: média atualizada monetariamente dos 80% maiores salários de contribuição de julho de 1994 até a data da aposentadoria. A segunda - aquela que supera o teto do INSS - será calculada com base no que se acumulou de contribuições em sua conta de poupança individual. Como a adesão à previdência complementar é voluntária, o novo servidor pode ficar somente com a primeira parcela.

Trata-se de mudança em busca da harmonização entre a previdência nos setores público e privado. Os novos servidores se aposentarão de modo mais próximo aos seus colegas empregados de estatais ou de empresas particulares que mantêm fundos de pensão.

Valor da aposentadoria deixa de ser pré-definido e será estimado por meio de técnicas matemáticas

Tópico relevante da reforma é o valor esperado dos benefícios da Funpresp. A resposta deve ser clara. A lógica da determinação do valor do benefício se alterou. Não há como definir um valor previamente. O que se receberá será fruto das contribuições do servidor e União assim como da rentabilidade dos recursos acumulados.

Apesar da impossibilidade da determinação prévia do valor da aposentadoria de modo preciso, pode-se estimar seu valor esperado e distribuição por meio de técnicas matemáticas. Há benefícios e custos para o servidor.

Três benefícios merecem destaque. Primeiro, a União acompanha a contribuição do servidor em até 8,5%, ou seja, caso receba R$ 1 mil além do teto e resolva aportar R$ 85 para sua conta, a União depositará o mesmo valor. Segundo, nas regras do regime antigo, o servidor deve pagar 11% de contribuição previdenciária sobre o que excede o teto do INSS. Esse tributo inexiste na previdência complementar. Por fim, é facultado ao servidor um regime tributário regressivo com alíquota de imposto de renda que pode alcançar 10% contra os 27,5% de taxa marginal do regime antigo.

O principal custo para o servidor está na forma de compartilhamento de risco. Na nova aposentadoria, os riscos referentes à rentabilidade do patrimônio acumulado e ao tempo de recebimento da aposentadoria são assumidos pelos servidores. É possível a criação de fundos especiais que mitiguem os riscos, mas o servidor os assume bem mais no novo regime.

É importante nesse ponto diferenciar risco de perda. Assumir mais risco não significa maior perda, mas sim a possibilidade de tanto ganhar quanto perder mais. Há um conjunto de variáveis que influenciam o valor esperado da aposentadoria. Algumas estão sob o poder de controle do participante. São elas o tempo de contribuição ao plano, seu aporte individual e a depender do que se definir no regulamento da Funpresp a composição da carteira entre ativos de grau de risco diferenciado. Há também variáveis fundamentais, como a rentabilidade de mercado dos ativos, sobre as quais o servidor não tem discricionariedade alguma.

Nos cálculos realizados pelos autores, as hipóteses do cenário base se referem a um homem - com esposa três anos mais jovem - com idade de ingresso no serviço público de 25, que contribui à Funpresp com 8,5% do seu salário extrateto. Seu salário inicial é R$ 8 mil com crescimento de 2% ao ano. Há duas categorias de ativos. O primeiro livre de risco, com retorno estimado em 4% ao ano; e o segundo, com rentabilidade estimada em 7,3% e desvio-padrão de 25% ao ano.

Nesse cenário, o servidor terá valor esperado do benefício equivalente a 89% comparado à regra anterior. Cabe notar que, em função da contribuição definida, há dispersão em torno deste valor. O 20º percentil recebe 22% a menos que na regra anterior; o 80º, 8% a mais.

Os cálculos mostram que a alteração da taxa de retorno real de longo prazo de 4% para 6% ao ano aumenta o valor do benefício em 30%, independentemente da hipótese acerca do crescimento salarial, ou seja, o resultado é muito sensível a alterações da rentabilidade. Isso demonstra a necessidade de administração qualificada tanto para maximizar a relação retorno-risco como para minimizar o custo administrativo.

Em relação às variáveis sob o poder de controle do participante, observa-se que caso opte por contribuir com os mesmos 11% cobrados dos servidores na regra antiga, a taxa de reposição esperada é 98% da regra anterior. Por seu turno, a postergação da aposentadoria para os 65 anos, mesmo com a manutenção da contribuição em 8,5% permite reposição esperada 7% superior à antiga regra. Como no cenário base, há dispersão em torno desses valores. A depender do cenário, o 20º percentil perde 32% em relação à regra antiga; o 80º, ganha 38%.

O valor da aposentadoria deixa de ser fórmula pré-definida. Passa a ser função de variáveis sob o controle do participante e de outras sob as quais não há poder de comando. A reposição obtida é agora uma questão tanto de escolha como de risco.

Marcelo Abi-Ramia Caetano é economista.

Felipe Vilhena Amaral é administrador do BNDES.

Fabio Giambiagi é economista do BNDES.

Rodízio

Existe uma pressão de diversos países para implantar o rodízio de auditores nas empresas. A Comunidade Européia estava estudando a possibilidade de usar o rodízio a cada seis anos, além de introduzir cotas para as grandes empresas.

A proposta da área técnica do parlamento europeu sofreu uma grande derrota com o relatório do deputado britânico responsável pela reforma, Saijad Karim. Karim indicou um rodízio de 25 anos (!), sem cotas. Vitória das big four.

Procura-se

Parece cartaz de recompensa, do velho Oeste. O milionário Larry Flynt, dono da revista pornográfica Hustler, está dando um prêmio de US$1 milhão para qualquer informação sobre Mitt Romney e impostos não pagos.

Conselhos após Aracruz

Desde que o escândalo dos derivativos, envolvendo empresas como Sadia e Aracruz, veio à tona em 2008, os conselhos de administração das empresas brasileiras de capital aberto nunca mais foram os mesmos. A preocupação com a transparência aumentou, a gestão de riscos ficou mais sofisticada e os conselheiros estão mais próximos do que, por definição, deveria ser o seu papel. "É um fato: a governança corporativa no Brasil se divide em antes e depois do episódio dos derivativos", diz Rodrigo Zeidan, professor da Fundação Dom Cabral.

Na semana passada, essa discussão ganhou mais um elemento - e gerou controvérsias. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) fez um acordo com os acusados no caso de especulação com derivativos cambiais que levou a Aracruz a um rombo de R$ 4,8 bilhões. Entre os 17 envolvidos, 15 aceitaram pagar R$ 800 mil para dar fim ao processo que já se estende por quatro anos. O ex-presidente da companhia, Carlos Augusto Aguiar, pagará R$ 1,2 milhão. Só o diretor financeiro, Isac Zagury, não aderiu ao acordo - mas, segundo fontes, ainda deve tentar um acerto.

Retrocesso. O desfecho surpreendeu quem esperava um encaminhamento mais rigoroso por parte da CVM. Autor de vários livros sobre governança corporativa e consultor de empresas, Herbert Steinberg é categórico ao dizer que o "acordão" é um retrocesso em relação a tudo que se discutiu desde a origem do episódio com os derivativos. "A autarquia perdeu a oportunidade de dizer o que um conselheiro pode e o que não pode fazer", afirma. "A partir de agora, está tudo liberado. Virou festa."

Para Steinberg, os envolvidos tinham de ser submetidos a um julgamento, correndo o risco de pegarem a pena máxima que, nesses casos, é a proibição de exercer cargos administrativos por um certo período. O próprio comitê técnico da CVM recomendou que o caso fosse levado a julgamento para nortear a atuação dos administradores daqui em diante. Mas os diretores da autarquia ignoraram a sugestão. "O acordo não tem um efeito tão didático para o mercado quanto tem o julgamento em si", diz Norma Parente, ex-diretora da CVM e professora de direito societário da PUC-Rio. "Trata-se de um caso em que os administradores faltaram com os deveres de diligência, entre eles o de vigiar e monitorar as ações dos executivos." (...)

Os conselhos pós-Aracruz - 10 de Setembro de 2012 - O Estado de São Paulo - NAIANA OSCAR

Groupon

O Groupon, empresa de compras coletivas, tem sido notícia negativa em torno de sua contabilidade. Em abril de 2012 anunciou revisão nas receitas, inclusive por problemas nos controles internos. Isto fez a empresa perder valor de mercado. Mas em 2011 já tinha ocorrido uma revisão na receita, incluindo a invenção de termos “novos” para disfarçar o desempenho financeiro ruim.

O modelo de contabilidade da empresa é/era muito complicado.

Agora empresa está tentando conquistar a confiança do mercado. Para isto decidiu contratar um novo contador chefe, na figura de partner da KPMG, com 16 anos de empresa. Será o fim das manipulações contábeis?

AIG Privatizada

Segundo o WSJ (U.S. Plans $18 Billion Sale of AIG Stock, DAMIAN PALETTA, ERIK HOLM and SERENA NG) o governo dos Estados Unidos está planejando privatizar a empresa AIG, vendendo 18 bilhões de ações. Assim, o governo dos Estados Unidos será acionista minoritário da empresa de seguros que, durante a crise financeira em 2008, foi encampada.

Em 2008, através de uma operação controversa, o governo dos Estados Unidos salvou a empresa AIG em razão da possibilidade dos efeitos de uma provável quebrar gerar uma catástrofe financeira. A operação do governo gerou protestos.

O WSJ lembra que o tesouro daquele país tem vendido regularmente ações da AIG desde maio de 2011.

Aprenda Contabilidade

Por indicação do Glauber Barbosa, uma postagem excelente do contador ^.^ Stephen Kanitz.

Não Quer Ser Enganado? Aprenda Contabilidade.

Se eu fosse Ministro da Educação, eu tornaria obrigatório um curso introdutório de Contabilidade para todo curso médio.

Permitiria todos cuidar melhor de suas finanças, e não ser enganados por trapaceiros.

Mas mais importante, quem estuda Contabilidade observa o mundo sempre de dois ângulos, o famoso ângulo do débito e o ângulo do crédito.

A maioria das demais ciências olha o mundo de um único ângulo, da matéria, da economia, do ponto de vista do trabalhador. São ciências unidimensionais.

Depois de ser treinado em Contabilidade, você sempre questionará alguns conceitos que contagiam a mente das pessoas.

Quando alguém me diz que possui um Direito Adquirido, eu sempre respondo "Contra Quem?"
"Como contra quem, contra ninguém, é um direito meu.", como no caso da aposentadoria.

Mas um contador saberá que os aposentados se aposentam retirando dinheiro da nova geração, o famoso pacto entre gerações que vocês nunca assinaram.

O direito de um é a obrigação do outro. Débito e Crédito.

Quando compramos um título público de R$ 100.000,00 sempre questionamos para onde vai este dinheiro, e como o governo vai nos devolver um dia o empréstimo. Compramos um crédito sem saber onde será o débito.

A maioria das pessoas não faz isto, e não sabe que o dinheiro é usado para pagar aposentadorias ou juros de investidores anteriores. Em vez do débito ser um investimento de longo prazo, é uma despesa que desaparecerá para sempre.

Por isto, prefiro comprar ações de empresas sérias, onde o crédito vira um investimento como débito. Os R$ 100.000,00 vão ser investidos em equipamentos produtivos.

Existem inúmeras situações onde é importante você ver estes dois ângulos sem pensar, como reflexo instintivo.

Débito. Onde foi o dinheiro?
Crédito. De onde veio?

Débito. Para quem é?
Crédito. Quem deu?

Débito. Se eu entrei.
Crédito. Como vou sair? (de um investimento, de uma sociedade, de um contrato)

Débito. Direitos.
Crédito. Obrigações.

Débito. Se não paguei.
Crédito. Como será a dívida?

Nenhuma outra ciência faz isto, olhar o mundo de dois ângulos continuamente.

Quando um corretor vem nos vender no lançamento um terreno na praia, nós imediatamente pensamos como iremos vender este mesmo terreno no futuro, sem lançamentos e custosos anúncios que chamaram a nossa atenção.

Quando um Professor da USP me diz que espera ansiosamente se aposentar aos 70 anos, eu logo penso, com o dinheiro de quem?

99% dos brasileiros contribuem com 25% dos seus salários, e não pensam duas vezes para onde este dinheiro vai. Assustador que seus pais que contribuíram por 30 anos, nunca pensaram no Débito, onde aquela dinheirama toda está sendo investida, se é que está.

E acham que tem o direito de se aposentarem, se o dinheiro sumiu.

Nem se preocuparam em averiguar se o débito ia para um fundo financeiro e atuarial, como reza a nossa constituição, ou se os nossos Ministros da Fazenda fizeram uso do dinheiro parado por 30 anos. Será que você tem direito a um crédito ?

Quase todas as minhas críticas aos economistas, gira em torno dos rudimentos de Contabilidade.

Confundem regime de caixa com regime de competência, misturam juros nominais com taxa de desemprego, extraem e exportam minério e não deduzem (o crédito) do nosso patrimônio nacional.

Acham que exportar minério nos faz mais ricos, esquecendo-se que nos faz mais pobres.

Por isto, vou tentar me lembrar de dar algumas aulas aqui. É tudo muito simples, mas precisa treinamento.

Por isto, um curso de quatro meses é essencial.

Não conheço nenhuma pessoa rica que não entenda de Contabilidade. Uma das razões na nossa pobreza endêmica.