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08 fevereiro 2018

Experimento natural

Um dos métodos mais interessantes em utilização por parte dos economistas é o chamado “experimento natural” (ou “experimento acidental”). Basicamente o pesquisador descobre um evento que permite comparar a situação antes e depois deste fato. Com as informações existentes, procura-se determinar se o evento/fato/acidente provocou algum efeito sobre a economia/sociedade. De certa forma, o experimento se aproxima do estudo de caso, pois geralmente trata-se de uma situação única, onde a generalização é mais difícil. Mas a grande quantidade de dados e a possibilidade de comparar o antes e o depois podem trazer conclusões muito mais sólidas que o estudo de caso. Além disto, possui uma grande vantagem sobre o experimento em laboratório, como o questionário (1), onde o pesquisador simplifica a realidade.

O grande problema do experimento acidental é descobrir este evento/fato/acidente. Nem sempre ele está disponível para o pesquisador usar em um determinado assunto.

Eis um caso muito interessante sobre os efeitos da prostituição sobre a sociedade (via aqui). Em um determinado período, a prostituição deixou de ser ilegal em Rhode Island (vide aqui um verbete da Wikipedia). Com isto, dois pesquisadores compararam as estatísticas existentes antes e depois da medida e descobriram que o mercado de trabalho aumentou (isto é uma conclusão fácil, já que não existe mais a figura do crime), mas reduziram as estatísticas de estupro, assim como a incidência de doença sexualmente transmissível. O percentual de redução deste dois últimos pontos foi bastante expressivo: 30% e mais de 40% .

Com o experimento acidental foi possível determinar um benefício para a descriminalização da prostituição para sociedade, algo que talvez não fosse possível com outro método de pesquisa.

(1) No livro Comportamento Inadequado, Richard Thaler faz uma interessante defesa do questionário como método de estudo na área de ciências sociais.

Presidente do conselho da Samsung é suspeito de evasão fiscal de US$ 7,5 mi

Ex-diretor da Samsung e um dos principais líderes empresariais da Coreia do Sul, Lee Kun-hee está sendo acusado de sonegação fiscal pela polícia do país. Ele é apontado como o responsável por liderar um esquema responsável pela evasão de mais de US$ 7,5 milhões em tributos que deveriam ser pagos ao governo.

Além disso, de acordo com a acusação formal registrada pelas autoridades do país nesta quinta-feira (08), o magnata estaria usando contas bancárias de funcionários e parceiros comerciais para escapar das cobranças. Por meio delas, ele teria movimentado mais de US$ 367 milhões de maneira ilícita, evitando o pagamento de impostos.

Esta é, na verdade, a segunda vez que Lee é acusado de um crime deste tipo. Em 2009, ele chegou a ser condenado por sonegação fiscal por motivo semelhante — ele estaria usando contas que pertencem a funcionários “de confiança” para fazer movimentações financeiras e investimentos, sem atrelar tais atos à sua identidade real. Na época, também, ele foi acusado de utilizar fundos da Samsung na reforma de residências próprias e de seus filhos.

O magnata, entretanto, não chegou a ser preso, tendo a sentença perdoada anos mais tarde devido a problemas graves de saúde. Agora, se inicia uma história semelhante, uma vez que Lee, que tem 76 anos de idade, está internado desde 2014 por complicações geradas por um ataque cardíaco. Atualmente, ele está em condição estável, mas sem previsão de quando pode voltar para casa.
O caso atual, inclusive, decorre da investigação que já acontece há nove anos. Após ter acesso a documentos relacionados às obras feitas nas casas da família Lee, a polícia foi capaz de localizar registros de movimentação irregular em 260 contas bancárias pertencentes ao magnata e também a 72 outros executivos, muitos deles da própria Samsung. O grupo teria deixado de agir desta forma em meados do ano passado.

Sua condição física fez com que a polícia sul-coreana, inclusive, iniciasse o processo à revelia, sem que Lee pudesse ser interrogado. O caso deve ser enviado, agora, aos procuradores gerais do país, de forma que os procedimentos legais possam seguir adiante, no que deve levar a mandados, interrogatórios, apreensões de documentos e até novas prisões.

Cenário complicado
As novas acusações, ainda, se unem a um panorama político complicado na Coreia do Sul. Após a deposição da presidente Park Geun-hye sob acusações de tráfico de influência e recebimento de propina, inclusive da família Lee e outros executivos da própria Samsung, o novo presidente, Moon Jae-in, prometeu dar um basta nos escândalos corporativos e pesar a mão sobre os acusados de crimes como lavagem de dinheiro, suborno e evasão fiscal. A ideia seria reduzir a pressão que tais magnatas possuem sobre o governo.

Nesse caso, entretanto, colocar as mãos em Lee pode ser complicado, justamente devido aos problemas de saúde do ex-diretor da Samsung. Além disso, nesta semana, o filho dele, Lee Jae-yong, também deixou a prisão após quase um ano atrás das grades. Ele está em liberdade condicional e teve sua pena de cinco anos reduzida para dois anos e meio pelo envolvimento no escândalo presidencial, além de crimes como evasão fiscal e tráfico de influência.

Apesar de pertencerem à segunda e terceira geração da família que criou a Samsung, nenhum dos dois está envolvido diretamente com a companhia. Lee Kun-hee atuou como presidente da empresa e fez parte de sua diretoria até 2008, quando saiu do posto devido às acusações de sonegação. Ele retornou em 2010, mas está afastado de suas responsabilidades desde que foi hospitalizado.

Já seu filho, Lee Jae-yong, foi vice-presidente de planejamento estratégico e CCO antes de assumir a vice-diretoria da companhia, estando, também, longe de suas atribuições devido às investigações da polícia e o cumprimento de sua sentença de prisão. Existe a possibilidade de que ele retorne ao trabalho, mesmo sob liberdade condicional, mas nem ele nem a própria Samsung confirmaram essa hipótese.

Fonte: Reuters

Foi mesmo a sonegação de impostos que parou Al Capone?

Em inglês, sem legendas

Rir é o melhor remédio


07 fevereiro 2018

Futebol e Fisco

Mais um jogador caiu nas garras do Fisco. Agora é o jogador chileno Sanchez que acordou com as autoridades espanholas 16 meses de prisão por uma fraude de um milhão de euros entre 2012 e 2013. O jogador não declarou as receitas com imagem enquanto era jogador do Barcelona. Obviamente o jogador não será preso, mas se comprometeu não cometer crime nos próximos dois anos.

Dados de e-mail para justiça não necessita de cooperação internacional

Em um caso na justiça, determinou-se que a Yahoo Brasil fornecesse informações de uma conta de e-mail. A empresa alegou que a informação armazenada em outro país, para ser fornecida para a justiça, necessitaria de um acordo de cooperação internacional. Isto parece muito estranho para a realidade do mundo atual, mas a Yahoo Brasil argumentou que era uma entidade distinta da Yahoo Incorporated, o que impediria a cumprimento da decisão judicial.

Agora o STJ decidiu que este argumento não tem validade. Segundo o entendimento do STJ, "a pessoa jurídica multinacional que opera no Brasil submete-se, necessariamente, às leis nacionais, razão pela qual é desnecessária a cooperação internacional para a obtenção dos dados requisitados."

Crime e desempenho de empresa

Um trabalho de três pesquisadores italianos analisou a consequência de se ter o crime organizado dentro da empresa. De uma maneira geral, seria esperado que a presença de diretores “contaminados” pelo crime organizado pudesse tornar a empresa mais lucrativa em razão das vantagens ilegais obtidas pelas ligações com a máfia. Mas os diretores contaminados podem piorar a rentabilidade, em razão do seu comportamento. Os autores usaram uma amostra de empresas, usando dados confidenciais de investigações realizadas no país europeu. Foram usadas informações de 16.382 empresas no período de 2006 a 2013. Se um diretor tivesse seu nome sendo investigado, o mesmo seria considerado “contaminado”. Cerca de 7% destas empresas tinham pelo menos um diretor contaminado, o que mostra um grande número de entidades com a participação (ou a suspeita de participação) de organizações criminosas. Essas empresas tinham menos caixa e eram menos rentáveis.

Oferecemos duas interpretações dessas principais descobertas.
Uma possibilidade é que as empresas utilizem políticas financeiras para reduzir o risco de expropriação, potencialmente promovido por diretores contaminados.
Outra possibilidade é que as empresas sejam completamente capturadas por esses diretores, que usam as empresas para lavrar dinheiro e gerenciar participações de caixa com o objetivo de minimizar o risco de detecção.
Além disso, nossas descobertas também sugerem que a presença de diretores contaminados piora a rentabilidade da empresa.

Uber e seu consumo

Em Uber’s Credit Card Is Bankrupting Restaurants… and It’s All Your Fault, Nick Abouzeid comenta a ofensiva da empresa Uber no ramo de carão de crédito. Aparentemente parece estranho uma empresa como a Uber concorrer em um mercado com diversos participantes. Além disto, as ofertas do cartão do Uber são “desconcertantes”.

a verdadeira intenção do Uber: combinar os dados de gastos com restaurante e o histórico de localização para ter o primeiro império de restaurantes do mundo com base em dados.

O objetivo, segundo Abouzeid, seria saber que restaurante você usa, quais os pratos que gosta, quanto gasta, entre outras informações. A empresa já sabe como você viaja na sua cidade mais do que a prefeitura. E agora vai saber seus padrões de consumo.

A insistência de Uber em superar a taxa de mercado para esses dados de gastos (pagando mais do que todos os outros cartões) empresta credibilidade ao argumento de que Uber realmente deseja os dados do seu cartão de crédito.

Eles realmente já tentaram adquirir este conjunto de dados exclusivo ... duas vezes . No final de 2016, Uber começou a pedir permissão para rastrear sua localização, mesmo quando você não está usando o aplicativo. No entanto, esta iniciativa polêmica acabou em agosto , talvez em antecipação ao anúncio do cartão de crédito Uber.

Além disso, Uber apenas reintroduziu " Ofertas locais " , uma maneira para os usuários obter passeios gratuitos, ligando seu cartão Visa para sua conta Uber. Este novo programa paga transparentemente os consumidores pelos dados da transação: não é por acaso que isso foi trazido apenas dois meses antes do cartão de crédito da Uber.

A empresa negou as intenções. A empresa tem um serviço, Uber Eats, de entregas e seu histórico de polêmicas é extenso. Mas a estratégia da empresa não é nova e é usada pelas administradores de cartão, varejistas, etc.

Narcisismo de estudantes

Um artigo publicado recentemente na RCO analisa a relação entre narcisismo de estudantes e seu desempenho. Um assunto muito importante:

O objetivo dessa pesquisa foi identificar se traços não patológicos de personalidade narcisista em estudantes de graduação de um curso de Ciências Contábeis estariam relacionados com o desempenho desses alunos. Estudantes que superestimam seu desempenho, uma característica de indivíduos narcisistas, vivem uma expectativa não realista que irão ter melhor desempenho que outros em diferentes atividades. Esse comportamento pode ser prejudicial no longo prazo, além de resultar em um constante esforço para que esta expectativa se torne realidade. Os dados foram coletados de uma amostra de 106 alunos de graduação em contabilidade que responderam um questionário contendo questões sobre traços de personalidade narcisista. Os resultados sugerem que quanto maior a presença desses traços narcisitas maiores as chances do desempenho atribuído pelo próprio estudante ser maior. Ao mesmo tempo, o nascisismo não influencia o desempenho real do aluno, o que sugere que esses traços de personalidade incluenciam apenas as expectativas, mas não o processo de aprendizado.

O Texto, uma co-autoria de Gerlando Lima, Bruna Camargos Avelino e Jacqueline Veneroso Alves da Cunha (Universidade de Illinois e UFMG) traz as implicação práticas:

A personalidade narcisista pode superestimar o desempenho acadêmico percebido, e está presente em diferentes níveis na graduação em contabilidade. Conhecer esses traços daria aos estudantes a capacidade de gerenciar suas próprias expectativas de desempenho acadêmico. Futuramente os mesmos traços podem levar a falsas expectativas profissionais, e por vezes violar limites éticos.

Destaque do Itau

Na semana que divulgou suas demonstrações contábeis, o Itau (e não mais Itaú Unibanco) fez a seguinte propaganda em alguns jornais brasileiros:
A base da notícia não foi o lucro da instituição, que seria a melhor medida de desempenho de uma entidade, mas a distribuição dos resultados, o foco do gráfico central. No gráfico, a entidade revela o destino do resultado, tendo por base a DVA. Isto é interessante por três motivos.

O primeiro é que a rigor uma instituição financeira não agrega valor para a economia. Este tipo de entidade tem uma importante função de canalizar os recursos para o setor produtivo.

O segundo aspecto é que a DVA não está entre as demonstrações contábeis obrigatórias exigidas pelo Iasb. Eis o que disse o auditor do Itau no exercício anterior:

As demonstrações consolidadas do valor adicionado (DVA) referentes ao exercício findo em 31 de dezembro de 2016, elaboradas sob a responsabilidade da administração do Consolidado, e apresentadas como informação suplementar para fins de IFRS, foram submetidas a procedimentos de auditoria executados em conjunto com a auditoria das demonstrações contábeis do Consolidado

O terceiro motivo é um juízo de valor e diz respeito ao fato de que nós, brasileiros, não aceitamos que as entidades tenham lucro. O lucro não é visto como resultado da competência e do esforço do empresário. Como eu disse, é um juízo de valor. Assim, em lugar de destacar o brilhante resultado de 2017, com um lucro de 24 bilhões de reais, o Itau prefere enfatizar o que ele adicionou para economia.

Rir é o melhor remédio

Custo perdido, segundo Dilbert:

Fonte: Aqui

06 fevereiro 2018

Falência da GE?

Recentemente a empresa GE anunciou um prejuízo trimestral e informou que estava sendo investigada pela SEC por problemas contábeis. Mais do que um escândalo contábil, o desempenho nos últimos anos da empresa pode induzir a provável falência da empresa. Isto é surpreendente para uma multinacional que figura entre as maiores empresas dos Estados Unidos há anos, com receitas de 124 bilhões de dólares, ativos de 365 bilhões e um patrimônio líquido de 76 bilhões. São quase 300 mil empregados e atuação em diversos setores.

Este blog fez uma análise da empresa da seguinte forma: se retirar o goodwill do ativo, o PL da empresa ficaria em 40 bilhões, negativo. O gráfico do preço das ações da empresa mostra, a partir de 2008, um crescimento até 2016, quando o preço começa a cair. Mas o preço da ação não garante que a empresa pode falir.

Usando este sítio obtive o Altman Z-Score. Este índice mede a chance de falência da empresa a partir de indicadores calculados por Altman. É uma medida controversa, mas muito usada na prática. O Z-Score da GE é de 1,41, estando na “distress zones”. Ou seja, há um risco efetivo de falência da empresa. Entre as empresas concorrentes, a GE é aquela que possui menor Z-Score, ou seja, com mais chances de falência.

Processo pela Auditoria da Steinhoff

Em dezembro postamos aqui sobre a empresa Steinhoff e seus problemas financeiros e contábeis. O caso chamou a atenção do regulador do mercado de capitais da África do Sul, sede da empresa. E agora entram em campo os advogados. Segundo notícia do Accountancy Age, a empresa de advocacia da holanda Barents Krans começou um processo contra a empresa. Mas como tem sido comum nos últimos tempos (e a exemplo do que ocorreu com a Petrobras), o caso também sobra para o auditor, no caso da Deloitte.

Segundo os advogados, a auditoria não informou as irregularidades contábeis que impediram a empresa de varejo de publicar suas demonstrações contábeis de 2016 e 2017. Além disto, o The Independent Regulatory Board for Auditors também está investigando o trabalho da Deloitte.

Apesar do processo ter começado na Holando, os acionistas de qualquer lugar do mundo podem participar. O advogado da BarentsKrans cita, como argumento, a queda nos preços das ações da empresa, de mais de 80% desde dezembro (gráfico acima). Isto demostraria que os problemas da empresa não eram de conhecimento do mercado. Além do processo, a Deloitte sofre com a desconfiança da própria Steinhoff, que contratou a PwC para revisar sua contabilidade.

Interesse de quem?

Como parte do acordo feito pela Petrobras nos Estados Unidos para encerrar a ação coletiva os acionistas, a empresa de auditoria PwC irá pagar 50 milhões de dólares. A PwC é o auditor da empresa. Os acionistas compraram ações da empresa entre 2010 e 2015.

Uma das frases, registrada neste site, é a seguinte:

"O acordo garante a prestação de contas para aqueles cujo dever é proteger os interesses dos acionistas, e não dos seus clientes corporativos" Jeremy Lieberman)

Marketing multinível

Rir é o melhor remédio

05 fevereiro 2018

Ciência e o senso comum

Três pesquisas distintas mostram como a ciência pode ajudar a mudar nossas crenças. Primeira, um alerta da US Department of Health and Human Services' National Toxicology Program informa que o celular não causa mal para saúde das pessoas. Estranhamente, os ratos expostos aos sinais de celular viveram mais que o grupo de controle. Os pesquisadores ainda não sabem a razão disto.

O segundo é a afirmação que existia controle de armas no velho oeste. Algumas cidades proibiam o porte de armas e suas leis eram mais restritivas que as atuais.

Finalmente, e mais surpreendente, apesar da meditação ter a fama de deixar as pessoas calmas, ela não faz com que as pessoas sejam melhores. A meditação corresponde a um efeito placebo.

Depressão na pós

Em dezembro, o jornal Folha de S Paulo publicou um longo texto comentando sobre a depressão dos alunos de mestrado e doutorados (aqui, sendo que o link foi encaminhado pelo prof. Claudio Santana, grato).

O texto é acompanhado por depoimentos de alunos. É muito claro o grande motivo de queixa dos pos-graduandos: o orientador. O texto do jornal relativiza um pouco as queixas do professor, informando da pressão que os docentes sofrem em termos das exigências de ministrar aula, orientar, fazer trabalhos técnicos, participar de congressos e publicar artigos em periódicos de impacto. Mas nos depoimentos encaminhados para o jornal a grande queixa é o orientador. No modelo de pós-graduação este professor tem um papel importante na vida do aluno, determinando suas tarefas, aprovando seus textos, participando de suas pesquisas, entre outras atividades.

Na intersecção da maioria das dificuldades descritas pelos estudantes - pressão exagerada, carga de trabalho frequentemente excessiva, solidão, assédio moral, entre outras - encontra-se a figura do orientador.

Confeso que minha experiência como orientando foi bastante positiva. Não seria uma visão particularizada do jornal? Ou as questões são inerentes a um ambiente de competição excessiva?

Claúdio, que me enviou o texto, questiona: isto também ocorre na nossa área? Minha resposta: sim. Mas confesso não saber em que grau ocorre.

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Segunda

04 fevereiro 2018

Ajude o ambiente, seja vegano

No livro "Quando Roubar um Banco", de Levitt e Dubner (autores de Freakonomics) uma informação realmente impressionante.Antes de mais nada o livro trata de uma coletânea de artigos publicados no blog dos autores. Em um texto, sobre a questão do aquecimento global, McWilliams faz uma crítica aos ambientalistas e suas propostas de combater o aquecimento global. Eis um trecho com o argumento de McWilliams:

o veganismo representa o caminho mais eficaz para conter as mudanças climáticas globais. Os elementos de comprovação nesse sentido são respeitáveis. Segundo o estudo, cultivar uma dieta vegana é sete vezes mais eficiente na redução das emissões do que optar por uma dieta com base em carne de produção local. Uma dieta vegana global (de colheitas convencionais) reduziria as emissões em 87% em comparação com os meros 8% no caso de "carne e laticínios sustentáveis"


O ponto central do argumento é que a dieta vegana reduziria as emissões provocadas pela pecuária, a maior fonte de emissão de gás carbônico metano. Mas por que os ambientalistas não chamam a atenção para este fato? A razão estaria, entre outros pontos, pelo fato deles serem carnívoros e que o combate a um gasoduto tem muito mais repercussão nos meios de comunicação.

02 fevereiro 2018

Atenção e mercado acionário

A literatura acadêmica fornece evidências de que quando a mídia em geral destaca uma ação específica, é bem provável que esse ativo atraia a atenção de investidores, o que pode causar pressão em seus preços. Essa atenção a meios de comunicação não especializados é explicada pelo fato de investidores menos sofisticados dependerem mais fortemente de informações públicas, uma vez que não têm acesso a gama de canais de informação dos investidores profissionais.
Este artigo investiga a relação entre o volume de negociação no mercado de ações brasileiro e a atenção do investidor. Utilizamos as coberturas jornalísticas de cada empresa como medida de atenção dos investidores, divulgadas no jornal de maior circulação e no jornal de negócios líder no Brasil.
Os resultados deste artigo mostram que o volume de negociação é alto no dia de publicação das notícias nos jornais (ou seja, no dia seguinte ao evento). Esse resultado sugere que investidores menos especializados são influenciados pelos jornais de grande circulação.
Contudo, essa relação positiva ocorre apenas em períodos em que o índice de ações está relativamente alto e para notícias ruins em relação à firma. Além disso, as empresas menos visíveis na mídia são mais suscetíveis a esse efeito quando as notícias são divulgadas simultaneamente em ambos os jornais.


Artigo aqui

Reprodutibilidade e Replicabilidade

Há uma diferença sutil entre reprodutibilidade e replicabilidade na ciência, segundo Leek:

Reprodutibilidade = tomar os dados de uma publicação anterior, reve-los e obter os mesmos resultados.
Replicabilidade = executar um experimento e obter resultados "consistentes" com o estudo original usando novos dados.

Eis um exemplo. Uma pesquisa testou a relação entre tamanho do ativo e margem líquida para as empresas abertas no ano de 2014. A reprodutibilidade significa pegar as mesmas empresas, os mesmos valores e recalcular os testes estatísticos. Já a replicabilidade é usar as técnicas do texto original e verificar se o mesmo se aplica aos resultados de 2017.

Segundo Leek, os resultados que não são reprodutíveis são difíceis de verificar e os resultados que não se replicam em novos estudos são mais difíceis de confiar. Mas uma boa ciência se faz com ambos. Para isto, o pesquisador deve guardar os resultados e disponibilizar quando necessário.

Um estudo de alguns anos atrás mostra a importância disto. Dois pesquisadores econômicos conhecidos cometeram um erro ao calcular a média em uma planilha Excel. A fórmula usada não contemplava todos os países. o estudo apontava uma média na taxa de crescimento de diversos países de -0,1% e o valor correto era de 2,2%. O erro só foi descoberto graças a reprodutibilidade.

Os problemas com a reprodutibilidade e a reprodutividade ocorrem, segundo Leek, por falta de treinamento em estatística e computação por parte dos cientistas, aos incentivos financeiros para publicar resultados desejáveis, os incentivos dos periódicos para publicar resultados inovadores, as limitações estatísticas dos estudos (tamanho da amostra, por exemplo), a não consideração de alternativas nas explicações para os resultados, entre outros aspectos. Como parecerista de artigos em periódicos tenho notado um descuido com ambas as questões; muitos textos preferem falar da classificação da pesquisa, do que esclarecer como a pesquisa foi feita.

Há um outro aspecto: o desprezo com a ética por parte de alguns pesquisadores. Tenho notado isso ao longo da vida acadêmica e isto inclui desde usar o “CRTL C CRTL V” até a tentativa de torturar os dados. Quem não segue este padrão é taxado de “preciosista” pelos colegas.

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Via aqui

Oscar, PwC e uma nova atitude

Depois de anos usando o prêmio Oscar, a empresa de auditoria PwC optou, neste ano, pela discrição. A razão foi o vexame que ocorreu no ano passado, na confusão do prêmio de melhor filme. A PwC anunciou mudanças nos procedimentos, para evitar a repetição do ocorrido, e somente isso.

Segundo lembrou o Going Concern, a PwC passou anos vangloriando do seu papel na cerimônia do Oscar, com entrevistas, detalhando os cuidados e promovendo sua participação. Agora, nenhum comunicado à imprensa e a página do sítio da empresa com os detalhes da votação foi retirada.

01 fevereiro 2018

Efeito do Blockchain na contabilidade

Tenho dúvidas de algumas afirmações da figura abaixo, mas achei o material bastante interessante. Ótimo para se usar em sala de aula, com os amigos, nos blogs ... Primeiro, uma versão completa:

A seguir, uma versão em partes:





Adaptado daqui

Contabilidade da Herbalife

Eis um caso interessante, relatado pelo Fraud Files Foresinc Accounting:

Em novembro de 2017, em uma teleconferência, o presidente da Herbalife Des Walsh disse que a empresa tinha cerca de 215.000 distribuidores. Na demonstração publicada em novembro, a empresa disse:

"Em um típico mês entre junho a setembro de 2017, cerca de 45.000 distribuidores dos Estados Unidos pediram produtos para revenda para Herbalife e cerca de 40.000 deles ganharam dinheiro com suas vendas. Aqui está o que eles produziram num típico mês, antes das despesas:"


A empresa ignorou 170 mil distribuidores. 

Quantidade x Qualidade na pesquisa científica

O bom pesquisador deve deixar de lado a quantidade e focar na qualidade? Uma pesquisa mostra que isto depende da área. Mas em geral,

há um retorno de qualidade positivo do aumento da produtividade. Um número maior de documentos resulta em números ainda maiores de artigos citados. Em outras palavras, estimular a produção de artigos importa e parece ser um incentivo positivo e não negativo aos pesquisadores. Sendo assim, os níveis de produção devem ser levados em consideração na avaliação de pesquisadores e organizações. Isso, é claro, não implica que a produção seja o único critério de avaliação relevante; mas que é relevante parece indiscutível.

O gráfico abaixo resume a relação por área:


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Via aqui

31 janeiro 2018

Quando mandar seu e-mail...

Um relatório recente, que examinou centenas de milhões de e-mails, revelou que a melhor estratégia é enviar seus e-mails em um momento em que menos pessoas estão enviando. Estatisticamente, isso significa domingo à noite. Além disso, os e-mails enviados no início da manhã ou no início da noite - mais especificamente, entre as 6 e as 7 da manhã, ou por volta das 8 horas - tiveram taxas de resposta muito sólidas: cerca de 45%.]

Vivendo e aprendendo.

Revendo o passado

Em 2012 o prêmio Anefac foi dado as seguintes empresas:

Braskem = teve que fechar um acordo de mais de R$3 bilhões com a justiça
Embraer = fechou acordo com a justiça dos EUA para escapar de investigação de corrupção
Gerdau = executivos vivaram reus na operação Zelotes
Petrobras = o espaço é pequeno para descrever a ligação entre o nome da empresa e a corrupção no Brasil
CSN = presidente da empresa envolvido com Palocci. Atrasou balanço em 2017.
Cemig = investigada por corrupção

Sobraram Sabesp, Natura, Usiminas (Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais) e Vale.

As melhores, na transparência

Um estudo feito pela ONG Transparência Internacional analisou a divulgação de práticas anticorrupção, a estrutura organizacional (?) e os dados financeiros de empresas brasileiras. O resultado está ao lado.

Além da predominância do setor elétrico, os cinco primeiros do ranking não estão entre as maiores empresas brasileiras. Mas é possível perceber a presença da Petrobras (14o no ranking) (?), do Banco do Brasil (13o.) (?), da Braskem (16o.) (?) entre outras posições.

Já não se fazem japoneses como antigamente...

As recentes fraudes em empresas japonesas mostraram que a imagem Made in Japan de qualidade talvez seja falsa. Os exemplos: a montadora Nissan fez um recall de dois milhões de veículos, a Kobe Steel falsificava dados de qualidade do produto, a Toshiba manipulava os dados contábeis, entre outros exemplos. Um texto do Financial Times (publicado em português aqui) analisa esta imagem construída e estes episódios recentes. Para Peter Wells e Leo Lewis:

A sensação de que os problemas foram frutos de conspirações dentro das empresas aumentou ainda mais depois das admissões de que as fraudes e mentiras existiam há anos e, em alguns casos, há décadas. Há inúmeros casos difíceis de explicar. Os escândalos implicam, segundo especialistas, uma disposição institucionalizada de violar regras dentro de instituições que se orgulham especificamente por segui-las de forma inflexível.


Fotografia: executivos da Sony

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Três memes da internet.

30 janeiro 2018

Receita pública

No início de novembro, o governo da Arábia Saudita prendeu princípes, funcionários públicos e empresários, sob a acusação de corrupção. Um dos interesses do caso foi a prisão: o hotel Ritz, de Riad, cinco estrelas. Divulgamos aqui um comentário do Value Walk que informava que a prisão era uma maneira do governo obter receita pública e uma estimativa de 100 bilhões de dólares de receita (o governo de Riad falava em 800 bilhões).

Agora o governo saudita confirma a estimativa do Value Walk: 106 bilhões dólares, segundo um comunicado divulgado hoje.

Isto pode representar uma grande fonte de receita pública, em um momento que os preços do petróleo estão em baixa.

Efeito no valor de mercado

Junte Amazon, Warren Buffet e JP Morgan e o resultado é: uma nova empresa de saúde. O aspecto curioso foi o efeito disto no mercado: redução da capitalização no valor de 30 bilhões de dólares.

Dos concorrentes.

Experimentos de montadoras alemãs: cheirar diesel

Recentemente a indústria automobilística teve que confessar que manipulava os dados de emissão de gás carbônico. Agora outro escândalo: algumas empresas da Alemanha financiaram estudos “científicos” em seres humanos e macacos sobre a inalação de gases emitidos por veículos à diesel. As empresas queriam conhecer os efeitos da inalação na circulação sanguínea e no sistema respiratório.

O estudo foi financiado por três grandes empresas: Volkswagen, Mercedes e BMW e envolveu 19 homens e 6 mulheres, além de 10 macacos. O local o experimento foi em Aachen, Alemanha, e em Albuquerque, Estados Unidos. Um dos objetivos era contestar uma decisão da Organização Mundial de Saúde, que considerou o diesel como cancerígeno.

A Volks anunciou mudanças nos seus executivos, incluindo o relações públicas do grupo.

Contabilidade das Cias Aéres 2

Conforme apresentado ontem neste blog, a Qatar Airlines estava sendo pressionada pelo governo dos Estados Unidos por uma competição mais justa. O primeiro passo para resolver o problema foi dado hoje, com a divulgação, por parte do secretário de Estado, Rex Tillerson, que abriram um diálogo. Conforme a Reuters, espera-se que a empresa aérea comece a evidenciar suas demonstrações contábeis anuais, auditadas, no próximo ano. E que no futuro divulgue as transações com o governo do Catar.

Tratamento dos prêmios não retirados

Ganhar na loteria não é fácil. Mas ser premiado e não retirar o valor é mais comum do que pode parecer. Somente em 2017, R$ 326 milhões deixaram de ser resgatados por ganhadores de prêmios de loterias no Brasil, segundo a Caixa Econômica Federal. O valor equivale a cerca de 8% dos mais de R$ 4,2 bilhões ofertados em prêmios pelas Loterias Caixa no ano passado.

A princípio
a questão equivale aos vales presentes das librarias, onde uma parte expressiva não é descontado. O prêmio não retirado corresponderia a uma receita. Entretanto,

De acordo com a Caixa, "o dinheiro dos prêmios prescritos (não resgatados no prazo) é repassado integralmente ao Fundo de Financiamento Estudantil (FIES).


Assim, este percentual não deve ser uma receita da Caixa. Isto difere do vale presente.

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Brincando com pinturas famosas:

29 janeiro 2018

Contabilidade de empresas aéreas

Quando um país deseja criar uma ligação aérea com um cidade no exterior, há um acordo de que a linha aérea deve ser explorada por duas empresas, uma de cada país. Assim, uma ligação entre São Paulo e Lisboa feita por uma companhia brasileira também deve ser feita por uma companhia francesa. Esta é uma política conhecida como “open skies”. Mas isto inclui a criação de um ambiente de livre mercado e redução da participação do governo. Como consequência disto, espera-se que os serviços prestados pelas duas empresas sejam razoavelmente equivalentes, uma vez que a estrutura de custo é também equivalente.

Mas isso desaparece quando uma das empresas recebe subsídio de seu governo. Três grandes empresas dos Estados Unidos acusaram empresas da Ásia, como a Emirates, a Etihad e a Qatar Airlines de violarem os termos do “open skies”.

Parece que este aspecto deve mudar com respeito a Qatar. A empresa e o governo do Catar concordaram em melhorar a evidenciação contábil da empresa dentro de um ano ou dois, segundo informou a Reuters. O acordo não se aplica as outras duas empresas, ambas do Emirados Árabes Unidos.

Eis um bom exemplo de como uma informação contábil pode ser útil em uma situação de competição. Neste caso, a divulgação da relação entre empresa e acionista poderá esclarecer a existência ou do subsídio e o tamanho do mesmo.

Carillion e Criptomoedas

Atualização de duas notícias recentemente divulgadas no blog. Primeiro, os problemas financeiras da empresa britânica Carillion. A empresa de auditoria responsável pelo parecer, a KPMG, está sendo investigada pelo Financial Reporting Council do Reino Unido. A investigação irá centrar nos exercícios a partir de 2014. Segundo o jornal The Guardian a investigação irá verificar se a KPMG violou alguma norma ética e/ou técnica e a análise abrangerá desde a estimativa e o reconhecimento de receita até o valor do passivo atuarial. Obviamente, a KPMG disse que irá colaborar com os trabalhos do FRC, mas que conduziu os trabalhos de maneira apropriada. Há uma questão trabalhista que incomoda no caso da Carillion, já que a empresa empregava muitas pessoas.

O segundo assunto diz respeito ao furto ocorrido na empresa japonesa Coinchecks de 530 milhões de dólares em dinheiro digital. O regulador japonês solicitou melhoria nas transações da empresa. A empresa declarou, no domingo, que pagaria 90%, embora existam dúvidas se a empresa possui fundos para isto, e os gestores reconheceram que não se usava um sistema de assinatura múltipla. O Japão tinha uma abordagem muito mais liberal com a moeda digital em comparação com a Coréia do Sul e a China, que recentemente adotaram medidas restritivas.

Aprender programar para ser um jurista

Mais um efeito dos tempos modernos sobre as profissões:

Un smart contract es un código o protocolo informático que permite que se ejecute una orden preestablecida cuando se cumplan una serie de supuestos. Esa orden (o contrato) se activa por sí misma, el software funciona sin necesidad de que medien terceros. Puede sonar enrevesado, pero en el fondo se trata de traducir a fórmulas lógicas lo acordado por las partes. Un ejemplo: si y solo si A recibe la cantidad X de B, entonces B adquiere la titularidad del bien Y que hasta ese momento era de A. Cualquier contrato que incluya alguna condición (y todos lo tienen) es susceptible de ser codificado.

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Rir é o melhor remédio

Adaptado daqui

27 janeiro 2018

PwC apela da expulsão da Índia

Recentemente a empresa de auditoria PwC pegou uma pena de dois anos sem trabalhar na Índia em razão das falhas cometidas com a Satyam. Em 2009 a auditoria não conseguiu captar a manipulação que estava ocorrendo na empresa.

Agora, segundo o Accounting Today, a empresa apelou para a revisão da pena. E parece que a análise será feita de forma bastante ágil, até final de fevereiro.

Literalmente

Um bar, em Nova Iorque, está expulsando os clientes que ... falarem a palavra "Literally":

Quem dizer a palavra, terá cinco minutos para terminar sua bebida e sair. E se a frase começar com "I literally", o cliente deve sair imediatamente. O texto termina com um "Pare de Kardashianismo Já".

Furto de Moeda Digital

Um empresa japonesa chamada Coincheck que trabalha com criptomoedas, sofreu um furto de cerca de R$1 bilhão.

A empresa anunciou que ainda não sabe exatamente o que aconteceu para que esses tokens fossem roubados, mas está estudando a possibilidade de ressarcir seus clientes pelo prejuízo.


Entretanto, o roubo fez reduzir a cotação da criptomoeda, em razão dos problemas de segurança enfrentados no setor. Foi o maior roubo já registrado. Mais informação, aqui

Carillion

Os problemas da empresa britânica Carillion novamente respinga na sua auditoria. Sendo uma companhia multinacional na área da construção, com 43 mil funcionários, a empresa teve um liquidação decretada no início de janeiro deste ano. Geralmente quando ocorre um problema com uma empresa de tal porte, a atenção se volta para os auditores.

Na verdade os problemas começaram em julho de 2017, quando a empresa avisou o mercado sobre um despesa de recuperabilidade de 845 milhões de libras. A seguir a empresa divulgou um prejuízo semestral de 1,15 bilhão em razão, segundo a empresa, de projetos não lucrativos fruto de decisões otimistas. Segundo uma informação do The Times, em janeiro de 2018, os problemas já existiam há quatro anos. No final de 2017, a empresa tentou desfazer de alguns negócios.

Os problemas da Carillion despertaram o interesse do regulador britânico que afirmou, há alguns dias, que estava investigando a divulgação das informações por parte da empresa. A tentativa da gerência de fazer acordos para quitar compromissos fracassou logo a seguir, o que resultou na liquidação. Segundo informação da imprensa, a empresa tinha, então, 29 milhões de libras em caixa, insuficiente para a gestão diária. (veja mais detalhes aqui)

Os problemas da empresas estão sendo investigados, inclusive o papel do auditor, a KPMG. No último relatório, a KPMG afirmava que a empresa tinha condições de sobrevivência por mais três anos. Mas os dados mostraram que a gerência da empresa tinha manipulado as demonstrações contábeis.

A Carillion é mais uma empresa onde os problemas não foram percebidos pelo auditor. Talvez não tenha sido tão humilhante quanto o caso da Deloitte, a Abengoa e Pepe Baltá. Quem é Pepe Baltá? Um estudante de 17 anos que notou os problemas da Abengoa num projeto de economia da escola secundária.

(Diante destes problemas com as empresas de auditoria, faleceu recentemente William McDonough, ex-presidente do Banco Central dos EUA e primeiro presidente do regulador das empresas de auditoria, o PCAOB)

Rir é o melhor remédio

Netflix & chill...

26 janeiro 2018

O Mercado de Trabalho bate vários recordes e isto não é bom

Depois de uma confusão no governo, onde os dados de emprego foram divulgados antes da data agendada, finalmente o Ministério do Trabalho liberou a informação para o mês de dezembro do mercado formal brasileiro. Como tem sido praxe, este blog faz um levantamento do setor contábil. E como previmos, o resultado de dezembro continuou sendo ruim, encerrando um ano em que somente em janeiro o número de admitidos superou os que foram demitidos. Em dezembro foram contratados 5.556 e demitidos 8.042, perfazendo um resultado negativo de 2.486, o pior do ano e o terceiro pior desde que começamos a acompanhar a série, em janeiro de 2014. Em termos acumulados, foram reduzidas 42.683 vagas de trabalho, o que revela o péssimo momento do mercado contábil.

A diferença de salário entre os demitidos e os admitidos subiu para 25%, indicando uma forte economia para as pessoas jurídicas na troca de empregado. Outro recorde negativo foi batido em dezembro: o tempo médio de carteira assinada dos demitidos chegou quase a 40 meses de emprego, indicando que o corte está atingindo inclusive os trabalhadores com mais experiência. E com consonância a este dado, a idade média dos demitidos nunca foi tão elevada: 33,11 anos. O desempenho foi tão ruim, que não poupou gênero, grau de instrução e tipo de emprego: em todas as analises que efetuamos o número de demitidos foi superior.

O consolo é que o desempenho da economia também foi ruim. Mas não é suficiente para ficarmos tranquilos.

12 regras para vida

Tyler Cowen, baseado em Petersons, propôs 12 regras para vida. Confesso que as regras de Cowen são bem mais interessantes que o original.

Destaco:

4. Case bem.

7. Aprenda a aprender com aqueles que o ofendem.

8. Cultive mentores e esteja disposto a servir como mentor para outros. Isso nunca perde a sua importância.

25 janeiro 2018

10 anos de Breaking Bad em 1 minuto

Atenção: Spoiler Via Boing Boing

Risco da extinção da profissão

LOPES, A. Elas vão substituir você. Veja, 31 de jan 2018, p. 80

Alucinações auditadas na Contabilidade

O título desta postagem parece coisa de jornal sensacionalista. Confesso que fiquei na dúvida se deveria ser um “rir é o melhor remédio” (uma postagem diária que fazemos no blog). Mas a notícia é séria.

A Bloomberg informou que no Canadá a adoção das normas de contabilidade internacional, as IFRS, estão trazendo números, para as empresas produtoras de maconha, estranhos. Em alguns casos, margens brutas de mais de 100%. São 84 empresas produtoras listadas com um valor de mercado perto dos 30 bilhões de dólares.

Em 2011 o Canadá passou a adotar as normas internacionais de contabilidade. Por estas normas deve-se utilizar o valor justo para os chamados ativos biológicos. Isto exige que as empresas estimem o valor das mercadorias plantas quando ainda estão crescendo, mas não produzindo.

Isso é parecido com contar suas galinhas antes de serem incubadas, deixando as empresas abertas para grandes amortizações e investidores tentando entender financeiramente [os números].

Segundo Al Rosen, um crítico mordaz das IFRS, é uma “alucionação auditada”. Ele declarou para a Bloomberg que "as demonstrações financeiras da maconha não têm absolutamente nada a ver com a realidade".

Ocorrendo uma valorização estimada no valor justo das plantas de cannabis com o seu crescimento, o resultado afeta o lucro bruto.

A Canopy Growth Corp. , a maior empresa de cannabis do mundo, com um valor de mercado de mais de C $ 7 bilhões, registrou uma margem bruta de 164% com a IFRS no terceiro trimestre (...) A diferença pode ser dramática. A margem bruta das IFRS da Canopy foi de 186% no terceiro trimestre de 2016, mas 60% após a remoção das métricas de valor justo, de acordo com Rosen.

Segundo a Bloomberg, citando um regulador canadense, parece que o IFRS Discussion Group pretende discutir o assunto da “cannabis accounting” (este foi o termo usado) em uma próxima reunião. Um dos problemas da “cannabis accounting” é a questão da estimativa do valor justo, já que o mercado legal do produto não está estabilizado. Além disto, a norma exige várias estimativas, como custos de crescimento, colheita e venda; rendimentos projetados da planta; e o preço pelo qual a droga será vendida, entre outros aspectos.

Em razão das regras, é possível que uma empresa tenha receita, mesmo não tendo vendido uma única grama do produto.